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Modelo

Pedagógico
Princípios Educativos
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Modelo
Pedagógico
Princípios Educativos
2
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as bases do Modelo


Pedagógico da Escola da Escolha e seus princípios educativos.
Iniciamos a conversa apresentando o que é o Modelo Pedagó-
gico e detalhamos os seguintes temas:

• Protagonismo
• Os 4 Pilares da Educação
• Pedagogia da Presença
• Educação Interdimensional

Bom estudo!
©iStock.com/lilly3
A concepção do
Modelo Pedagógico

Introdução

O Caderno Introdução às Bases Teóricas e Metodológicas do Modelo da Escola da


Escolha apresenta a sua matriz histórico-conceitual, o cenário no qual foi concebi-
do, sua motivação institucional, suas expectativas e compromissos para a quebra
e a introdução de novos paradigmas na Educação Básica brasileira.
Aqui trataremos de duas estruturas - gestão e pedagogia - tecidas para operar
este Modelo:

ESCOLA DA ESCOLHA

TECNOLOGIA DE GESTÃO
EDUCACIONAL (TGE)

MODELO PEDAGÓGICO

FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
EXCELÊNCIA

O JOVEM E SEU
PROJETO DE VIDA

FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO XXI

A CENTRALIDADE DO MODELO É O JOVEM E O SEU PROJETO DE VIDA


6 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

Apesar de aqui serem consideradas


nas suas particularidades em Cadernos
específicos, essas duas estruturas,
nomeadas como Modelo de Gestão e
Modelo Pedagógico, guardam uma relação AMPLIAÇÃO DA JORNADA ESCOLAR:
de interdependência e se alimentam mu-
REFERÊNCIA OU ESTRATÉGIA?
tuamente por meio dos seus princípios,
conceitos e mecanismos operacionais.
São estruturas indissociáveis e tornam
possível transformar o plano estratégico
da escola em efetiva e cotidiana ação.
Os dois Modelos dão sustentação
para a Escola da Escolha.
O Modelo de Gestão, por meio da
Tecnologia de Gestão Educacional –
TGE, é a base na qual o Modelo Peda-
gógico se alicerça para gerar o trabalho
que transformará a “intenção educati-
va” em “ação efetiva”.
O Modelo Pedagógico é o sistema
que opera um currículo integrado entre
as diretrizes e os parâmetros nacionais
e/ou locais e as inovações concebidas
pelo ICE, fundamentadas na diversifi-
cação e enriquecimento necessários
para apoiar o estudante na elaboração
do seu Projeto de Vida, essência do
Modelo e no qual reside toda a centrali-
dade do currículo desenvolvido.
O sistema é fundamentado em qua-
tro Princípios Educativos: o Protago-
nismo, os Quatro Pilares da Educação,
a Pedagogia da Presença e a Educação
Interdimensional.
O Modelo da Escola da Escolha ope-
ra essas estruturas por meio de uma
estratégia fundamental que se carac-
teriza pela ampliação do tempo de
permanência de toda a comunidade
escolar, equipes de gestão, professores,
corpo técnico-administrativo e os estu-
dantes. Mesmo sendo uma estratégia
essencial, a modificação do tempo de
permanência de todos na escola não é
MODELO PEDAGÓGICO 7

A concepção do Modelo Pedagógico

uma referência para sua a concepção


e, sim, um mecanismo para viabilizar
o projeto escolar fundado nessas duas
estruturas. Esse é um aspecto impor-
tante, pois se trata de compreender
que o ponto de partida é a concepção
dos princípios e premissas do projeto
escolar que se materializa na prática
pedagógica através do currículo e
de estratégias definidas para a sua
operacionalização. Uma lógica inversa,
e não adotada aqui, é a que define pri-
meiramente quanto tempo o estudan-
te permanecerá na escola para depois
definir de que forma esse tempo serve
ao currículo e como ele se articula ao
projeto escolar.
8 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

A materialização do currículo se
realiza por meio de procedimentos
teórico-metodológicos que favorecem
a vivência de atividades dinâmicas,
contextualizadas e significativas nos
diversos campos das ciências, das
artes, das linguagens e da cultura cor-
poral e, exercendo o papel de agente
articulador entre o mundo acadêmico,
as práticas sociais e a realização dos
Projetos de Vida dos estudantes. Para
tanto, o Modelo da Escola da Escolha
lança mão de inovações pedagógicas
(sua Parte Diversificada) que, integra-
das ao desenvolvimento da Base Na-
cional Comum do currículo, favorecem
o pleno desenvolvimento do estudante.
A estruturação da Parte Diversificada
do currículo leva sempre em conside-
ração a identidade local ilustrada em
cada sistema educacional.
MODELO PEDAGÓGICO 9

A concepção do Modelo Pedagógico

INOVAÇÕES EM CONTEÚDO, MÉTODO E GESTÃO


10 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

O Modelo Pedagógico foi concebido claras: um modelo pedagógico eficaz


para responder à formação do jovem no e um modelo de gestão comprometi-
Século XXI, a fim de que ao final da Edu- do com resultados;
cação Básica, ele reúna as condições • dispõe de um conjunto de metodo-
para executar o seu Projeto de Vida, ide- logias que operam esses princípios;
alizado e gestado ao longo dos Ensinos • aciona estratégias para viabilizar o
Fundamental e Médio. desenvolvimento das metodologias;
À luz das questões trazidas e refletidas • demanda instrumentos cuja aplica-
no contexto da sua concepção, o Modelo ção avalia a sua efetividade.
da Escola da Escolha tem como foco: Tendo o JOVEM como foco do pro-
jeto escolar ao final da Educação Bási-
ca e a construção do seu PROJETO DE
O jovem e o seu Projeto de Vida VIDA, o Modelo se efetiva na medida
em que a escola provê, tanto no Ensino
Fundamental quanto no Ensino Médio,
Esse foco é nítido porque se assume três eixos formativos essenciais e
uma sentença: considera o estudante e suas circuns-
tâncias como sendo o alvo a partir do
qual e para o qual o Projeto Escolar se
Apenas um jovem que desenvolve constrói e se estabelece sob a forma
das relações, do currículo, das práticas
uma visão do seu próprio futuro e pedagógicas e da gestão. O foco dos
é capaz de transformá-la em realida- profissionais da escola e, consequente-
mente, de suas práticas, tem que pos-
de reunirá as condições para atuar
suir “nome e sobrenome”. Não pode ser
nas três dimensões da vida humana abstrato, tem que “ser”, tem que “exis-
– pessoal, social e produtiva – dotado tir”, tem que “ocupar espaço”. E isso
só mesmo o estudante e sua forma de
da capacidade de iniciativa (ação), interagir com o mundo podem oferecer.
liberdade (opção) e compromisso Nesse caso, o foco deve ser o estudante

(responsabilidade) para fazer esco- a quem os educadores servem com sua


dedicação, suas competências técni-
lhas, atuando de maneira autônoma, cas, seu tempo, seu talento e seu exem-
solidária e competente sobre os plo. Para atingir tal objetivo, o Modelo
proposto pelo ICE define três eixos por
contextos e desafios, limites e possi- meio dos quais a prática pedagógica
bilidades advindos deste século. se realiza. Eles não concorrem entre si,
mas coexistem, um não se sobrepõe ao
outro porque os três são imprescindí-
Na perspectiva dessa formação veis para a formação do jovem idealiza-
e na modelagem dessa concepção, do na Escola da Escolha.
tem-se claro que a Escola da Escolha:
• fundamenta-se em quatro princí-
pios e se estrutura em duas bases
MODELO PEDAGÓGICO 11

A concepção do Modelo Pedagógico

FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
EXCELÊNCIA

O JOVEM E SEU
PROJETO DE VIDA

FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO XXI

OS TRÊS EIXOS FORMATIVOS DO ESTUDANTE

FORMAÇÃO ACADÊMICA DE EX- dos na intensidade, no tempo e na quali-


CELÊNCIA – A formação que se pro- dade durante os Ensinos Fundamental e
cessa por meio de práticas eficazes de Médio. Não apenas um currículo configura-
ensino e de processos verificáveis de do pela Base Nacional Comum e pelos
aprendizagem e que asseguram o pleno documentos institucionais, mas, tam-
domínio, por parte do estudante, do co- bém, valorizado por uma Parte Diversifi-
nhecimento a ser desenvolvido durante cada que não seja considerada apêndice
a Educação Básica. Não se fala de es- do currículo, e sim parte integrada e vital
tudos para além desse nível de ensino, para assegurar o seu enriquecimento,
mas daqueles que devem ser assegura- aprofundamento e diversificação.
12 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

FORMAÇÃO PARA A VIDA – A for- e Modelo Pedagógico possibilita ainda


mação que busca ampliar as referências que uma nova cultura se instale em cada
do estudante com relação aos valores unidade escolar, baseada em valores,
e princípios que ele constitui ao longo princípios e premissas comuns a todos
de sua vida nos diversos meios com os os seus integrantes. Essa nova cultura
quais interage: famílias, amigos, igrejas, possibilita, via Projeto de Vida dos edu-
templos, clubes, centros de convivência candos, que se reconfigure a forma de
e que contribuirão para a constituição de se fazer educação, em que a tomada de
uma base sólida em sua formação. Uma decisões para todas as ações escolares
base consolidada de conhecimentos e considera seus estudantes como objeto
de valores deverá apoiar o estudante e ação de seu trabalho.
no processo de tomada de decisões e Ao esperar que o jovem atue como
de escolhas que o acompanhará ao fonte de iniciativa, de liberdade e de
longo da construção e da execução do compromisso e que ele responda aos
seu Projeto de Vida. desafios do mundo contemporâneo de
FORMAÇÃO PARA O DESENVOL- maneira autônoma, solidária e com-
VIMENTO DAS COMPETÊNCIAS DO petente, a prática pedagógica deve ser
SÉCULO XXI – A formação integral se reconceitualizada em suas ações.
dá não apenas pela presença de um E nessa reconceitualização da for-
currículo pleno de competências cog- ma de ver e considerar o estudante, a
nitivas, mas também pela presença de definição de Antonio Carlos Gomes da
um conjunto de outras competências Costa fundamenta e orienta as diretri-
essenciais nos domínios da emoção e da zes do Modelo:
natureza social. O desenvolvimento do • Ter o estudante como fonte de
estudante, no conjunto dos outros do- iniciativa: significa considerar que ele
mínios deverá contribuir para a forma- não é mero expectador dos seus pro-
ção de competências que impactam os cessos de aprendizagem e vivências de
diversos domínios da vida humana, no experiências. Ele deve situar-se na raiz
âmbito pessoal, social ou profissional. dos acontecimentos, envolvendo-se na
Nessa perspectiva, o Modelo de sua produção.
Gestão oferece ao Modelo Pedagógico • Considerar o estudante como fonte de
diretrizes objetivas de ação para que a liberdade: trata-se de reconhecer que
equipe escolar possa tomar as decisões devem ser oferecidas ao estudante as
mais assertivas e articular a Base Nacio- oportunidades para aprender a avaliar,
nal Comum e a Parte Diversificada do a decidir e a fazer escolhas. Ele deve ter
currículo (sempre costurada pelos prin- diante de si cursos alternativos de ação
cípios pedagógicos), para garantir que como parte do seu processo de cresci-
a formação de excelência, a formação mento como pessoa e como cidadão.
para a vida e a formação para as compe- • Tratar o estudante como fonte de
tências para o século XXI aconteçam no compromisso: porque ele deve se
dia a dia da escola, da sala de aula aos reconhecer como responsável por suas
espaços para o exercício do Protagonis- decisões e ações. Deve ser conse-
mo de seus estudantes. quente e responder pelo que faz ou
A articulação entre Modelo de Gestão deixa de fazer.
MODELO PEDAGÓGICO 13

A concepção do Modelo Pedagógico

PROJETO DE VIDA O EIXO PRINCIPAL DA ESCOLA

A partir dessa reconceitualização e • competente, porque deverá ser capaz


reorientação, são introduzidas inova- de projetar uma visão de si próprio no
ções em conteúdo (sobre o que ensi- futuro, amadurecendo gradativamente
nar enquanto aquilo que tem sentido e um processo decisório sobre aquilo que
valor), método (sobre como ensinar) deseja para a sua vida.
e gestão (sobre conduzir processos A seguir, apresentaremos o detalha-
de ensino e de aprendizagem tratando mento do Modelo Pedagógico e como
do conhecimento a serviço da vida) e ele está conceitualmente alinhado à
suas respectivas metodologias para visão de sociedade, escola, educa-
reorientar a prática pedagógica e os ção e currículo, infância e juventude,
seus processos educativos. Isso deve como ele se alicerça em seus princí-
assegurar que a escola forme um jovem: pios educativos e, finalmente, como é
• autônomo, porque deverá ser ca- operacionalizado por meio das suas
paz de avaliar e decidir baseado nas diversas metodologias. Isso é reiterado
suas crenças, conhecimentos, valores pelos documentos que fundamentam
e interesses; o alinhamento político e conceitual já
• solidário, porque deverá ser fonte de referenciado no Caderno Introdução
solução, de iniciativa, de ação e de com- às Bases Teóricas e Metodológicas do
promisso associado a responsabilidades; Modelo da Escola da Escolha.
14 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

Transformação

FORMA HISTÓRICA
MODELO PEDAGÓGICO 15

A concepção do Modelo Pedagógico

Cultural da Escola

FORMA NOVA
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Princípios Educativos

O sistema que caracteriza o Modelo Pedagógico está fundamentado em quatro


princípios educativos:

PRINCÍPIOS EDUCATIVOS

Esses princípios servem para o alinhamento conceitual dos referenciais filosófi-


cos às perspectivas de formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica:
autônomo, solidário e competente, capaz de desenvolver uma visão do seu próprio
futuro e transformá-lo em realidade para responder aos contextos e desafios,
limites e possibilidades trazidos pelo novo século e atuar sobre eles.

O Protagonismo

O Protagonismo foi evocado na concepção do Modelo Pedagógico pelo seu ali-


nhamento à perspectiva de educação do Modelo da Escola da Escolha quanto à
formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica.
Ele se apresenta como princípio educativo, mas, também, é tratado como
metodologia, que na escola se materializa por meio de um conjunto de práticas
e vivências.
A palavra Protagonismo, de origem grega, usada no teatro, na literatura e, mais
recentemente, na sociologia e na política para ilustração dos atores sociais como
agentes principais dos seus respectivos movimentos, empresta também à educa-
ção o seu uso. Dessa forma, os educadores passam a chamar de Protagonismo
os processos, movimentos e dinamismos sociais e educativos, nos quais os ado-
lescentes e jovens, apoiados ou não pelos seus educadores, assumem o papel
principal das ações que executam.
18 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Educar pela perspectiva do Protagonismo


“Jovem, Olha! A vida é nova... a vida é nova e anda nua, vestida apenas com o teu desejo.”
- Mario Quintana

Uma resolução aprovada pela Assem- atuando como parte da solução e, não,
bleia Geral da Organização das Nações do problema, no enfrentamento de
Unidas (de 13 de março de 1996, situações reais, na escola, na comuni-
intitulada Programa de Ação Mundial dade e na vida social mais ampla”.
para os Jovens até o ano 2000 e anos
subsequentes) reporta que em todas
A vida aspira a mais vida,
as partes do mundo os jovens desejam
participar plenamente da vida em so- e é esse o recado dos jovens
ciedade. O dado é o que permite passar de todo o mundo quando
das estereotipias às proposições.
Se os jovens querem participar da
declaram que querem
vida em sociedade, mas não o estão participar da vida social
fazendo, significa que não tem havido
de maneira plena.
espaço em que possam se expressar no
vigor de sua vitalidade. Antonio Carlos
Gomes da Costa conceitua Protagonis- Pelo cenário atual, o que o mundo
mo juvenil como sendo a designação vai exigir desses jovens é precisamente
para a “participação de adolescentes que sejam criativos.

De problema à solução

Uma breve análise histórica do século cias entre as casas no ambiente rural dei-
XIX, especificamente quanto ao xaram de existir), não necessariamente
advento da Revolução Industrial e à acompanhada de políticas adequadas
consequente e crescente onda migra- de aproveitamento desse tempo e de
tória do campo para o meio urbano canalizações dessas energias em pro-
gerada na rota desse processo, permi- veito do próprio jovem e da sociedade;
te afirmar que ela modificou profunda- o uso crescente de álcool, fumo e drogas
mente alguns dinamismos típicos do ilícitas; gravidez na adolescência; DST e
universo juvenil e criou o que se passou violência em suas diversas formas são
a chamar de “problemática juvenil” alguns dos indicadores de consequências
nas grandes cidades. A família e a es- observadas junto à população juvenil.
cola passaram a encontrar dificuldades Alguns modelos como resposta do
para lidar com os desafios da juventude mundo adulto a esse quadro surgiram
urbano-industrial em virtude das várias nos diversos âmbitos. Os primeiros,
mudanças sofridas. Por exemplo, o re- chamados programas preventivos,
lacionamento intenso do adolescente atuavam em uma perspectiva corre-
com os seus pares (as grandes distân- cional repressiva ao estilo “vigiar e
MODELO PEDAGÓGICO 19

Princípios Educativos

punir”, objetivando afastar os jovens tratar o jovem como solução do pro-


dos fatores de risco ao apresentar as blema significa extrapolar os mode-
consequências da exposição a esses los então adotados e considerar uma
fatores. Na sequência, em virtude do concepção mais ampla do ser huma-
fracasso da ação “sanitária-pedagógica”, no que abrange o próprio desenvolvi-
investiu-se na adoção de práticas pre- mento do seu potencial.
ventivas com base na afirmação da Essa perspectiva se alinha com os
identidade e da valorização da autoes- fundamentos que nortearam a concep-
tima do adolescente, logo substituídas ção do Modelo e ratifica a afirmação
pelo modelo adotado pela Organização de que todo ser humano nasce com
Mundial da Saúde (OMS), que trabalha um potencial e que tem o direito de
na perspectiva promocional da saúde, desenvolvê-lo. Para isso, é preciso ter
com enfoque no amplo bem-estar físi- oportunidades que, efetivamente, de-
co, mental, emocional e social. senvolvam potencialidades e estas se
Na perspectiva do Protagonismo, encontram nas práticas educativas.

Da potencialidade à potência: para uma juventude criativa,


solidária, autônoma e competente
“O Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, é a criação de espaços
e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à
solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso ”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

Na Escola, é preciso...
Conceber os educandos como fonte e não simplesmente como receptores ou
porta-vozes daquilo que os adultos dizem ou fazem com relação a eles.

Assegurar a criação de espaços e de mecanismos de escuta e participação.

Não conceber Protagonismo enquanto projeto ou ações isoladas, mas como


participação autêntica dos educandos.
20 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O Protagonismo possibilita ao educan- pública. Começa a estabelecer novos


do o exercício de práticas e vivências vínculos de compromisso com aquilo
de situações de aprendizagem por que transcende o seu próprio universo
meio das quais exercitará as condições e passa a constituir um nível mais alto
essenciais para o seu desenvolvimento e mais profundo de ação, inaugurando
pessoal e social, que tem sua base na um novo espaço de descoberta e expe-
própria construção da identidade e no rimentação social, um apelo à consci-
desenvolvimento da autoestima - marcos ência ética e ao compromisso cidadão.
fundamentais do Projeto de Vida. O Protagonismo trata também de
Ao mesmo tempo, ao problema- um dever quando implica as questões
tizar situações e decidir se envolver na ligadas ao bem comum. Tanto quanto
busca de soluções, ele está dando os sujeito que pratica a ação protagonis-
primeiros passos rumo à extrapolação ta, o educando é, ao mesmo tempo, o
do que separa a vida privada da vida objeto desta mesma ação.

Da relação educador-educando
“...eles e suas múltiplas juventudes são essenciais para as nossas vidas, são como uma
tarefa a realizar, são a nossa chance de futuro.”
- Thereza Barreto

A concepção de educação subjacente ao conceito de Protagonismo é aquela


que trata do ato de educar como sendo capaz de transformar o potencial do ser
humano em competências, habilidades e capacidades.

No Protagonismo...
O educador é um organizador, um cocriador de acontecimentos junto aos
educandos. A participação é a base na qual o protagonismo do educando se
estrutura. A cooperação educador-educando é o meio e a autonomia é o fim.

O educando deve ser visto como fonte de iniciativa (ação), de liberdade (ação) e
de compromisso (liberdade).

A presença educativa é a base da relação educador/educando, na qual há


abertura, reciprocidade e compromisso.
Colaboração é principal padrão de
comportamento na adolescência
MODELO PEDAGÓGICO 21
Autonomia não elimina o papel do
Princípios Educativos
educador como facilitador

Da potência à ação: a juventude participativa e atuante

Nas ações de Protagonismo o estudan- situações reais influenciarão no desen-


te se mobiliza em torno de atividades volvimento de sua autonomia, de sua
que extrapolam o âmbito dos seus autodeterminação, que repercutirá ao
interesses individuais e familiares, longo de sua vida familiar, profissional
e podem ter como espaço a escola, e social.
a vida comunitária (igrejas, clubes, Há uma relação direta entre recep-
associações etc), até mesmo a socie- tividade, incentivo, apoio e evolvi-mento
dade em sentido mais amplo. por parte dos adultos ou, ao contrário,
A quantidade e a qualidade das de indiferença, suspeita, censura e
oportunidades de participação que os hostilidade que despertam contra-re-
educandos usufruírem na vivência de ações por parte dos educandos, que
variam da motivação à divergência
Participação autêntica dos e apatia.

educandos é influir, por meio de A escola é lugar privilegiado para


palavras e atos, nos acontecimen- um primeiro exercício dessa partici-
tos que afetam a sua vida e a vida pação, sendo ela a primeira etapa do
de todos aqueles em relação aos ingresso das crianças e adolescentes
quais ele assumiu uma atitude de na dimensão da vida pública.
não-indiferença, uma atitude de
valoração positiva.

O Papel do Educador diante do


protagonista é......
Ajudá-lo a identificar a situação-problema e posicionar-se diante dela.

Empenhar-se para que ele não desanime e nem se desvie dos objetivos do grupo.

Favorecer o estabelecimento de vínculos entre os membros do grupo.

Zelar permanentemente para que a iniciativa dele seja compreendida e aceita


pelos outros e pelos adultos.

Colaborar como seu apoio e incentivo.


22 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

A RELAÇÃO ENTRE OS EDUCADORES E EDUCANDOS NA ESCOLA

ETAPAS DEPENDÊNCIA COLABORAÇÃO AUTONOMIA

Educadores discutem A iniciativa da ação


Iniciativa unilateral
1. A Iniciativa da ação se devem ou não assumir parte dos próprios
dos educadores
uma iniciativa educandos

Educadores planejam
2. O Planejamento Educadores e educandos Educandos planejam
sem a participação
da ação planejam juntos a ação o que será feito
dos educandos

Educadores executam Educadores e educandos


Educandos executam
3. A Execução da ação e os educandos recebem executam juntos a ação
o que foi planejado
a ação planejada

Educadores e educandos
Educadores avaliam os Educandos avaliam a
4. A Avaliação da ação discutem o quê e como
educandos ação realizada
avaliar a ação realizada

Educadores e educandos
5. A Apropriação dos Resultados apropriados Educandos se apropriam
compartilham os resulta-
resultados da ação pelos educadores dos resultados
dos da ação planejada

Os Quatro Pilares da Educação


“Sabemos o que somos, mas ignoramos no que podemos nos tornar”
- Hamlet. 4º ato, cena 5. William Shakespeare

No início da década de 1990, a Comis- Hoje, o conhecimento e a geração de


são Internacional sobre a Educação informações crescem a taxas geomé-
para o Século XXI da UNESCO criou tricas e os meios de comunicação se
uma agenda de debates relacionando tornam a cada dia uma agência de edu-
educação e sociedade. Tinha em vista cação dominante em todo o mundo,
concepções e práticas pedagógicas ainda que por vezes involuntária.
frente ao nascimento do novo sécu- Naquela década, constituiu-se uma
lo, que prenunciava a intensificação comissão composta por educadores
da oferta e meios para circulação de reconhecidos mundialmente, sob a co-
conhecimentos, armazenamento de ordenação do então Ministro da Cultu-
informações e comunicação. O conhe- ra da França, que delinearam as trilhas
cimento será sempre ampliado. Mas, pelas quais a educação deverá avan-
no passado, isso ocorria num processo çar neste início de século, assumindo
gradual e aparentemente controlável. que (a educação) “(...) surge como um
MODELO PEDAGÓGICO 23

Princípios Educativos

trunfo indispensável à humanidade na gem ao longo de toda a vida envolve o


sua construção dos ideais da paz, da desenvolvimento de conhecimentos,
liberdade e da justiça social”. competências e valores em todas as
O relatório da Comissão, intitulado dimensões e em todas as fases da vida
Educação: um tesouro a descobrir, de uma pessoa, desde a infância até a
de 1996, trouxe com força a reflexão idade adulta, em qualquer nível ou es-
e discussão em torno da busca con- paço de ensino e em qualquer cultura.
tínua “de uma concepção e de uma • O reconhecimento de que aprendiza-
prática educacionais que revelem a gem não é apenas um processo inte-
todos o valor do aprendizado ao longo lectual, mas o meio fundamental para o
da vida e possibilitem a emergência de desenvolvimento do indivíduo por meio
todos os nossos talentos, individuais e de todas as dimensões da vida humana,
coletivos”. considerando o seu desenvolvimento
O relatório convida a pensar na edu- pessoal, social e produtivo.
cação ao longo da vida como uma ma- • O indicativo de um ideal antropoló-
neira de lidar e viver no mundo contem- gico em termos de formação humana
porâneo marcado por transformações que, se perseguido com competência
rápidas e profundas, além de apoiar no e persistência, poderá contribuir so-
discernimento de quais informações bremaneira com as futuras gerações.
são relevantes entre tantas que sur- • A perspectiva filosófica e educacional
gem a cada milissegundo e de todos coloca a sociedade diante de uma nova
os cantos do planeta. Essa visão edu- proposição de formação humana edu-
cacional deve ajudar os seres humanos cativa ampliada, em que aqueles que
a usufruírem das oportunidades ao seu aprendem devem fazê-lo de modo que
alcance e ajudar a criar novas oportuni- sintam prazer em aprender, desenvol-
dades para aqueles que vierem depois. vam interesses variados e queiram nu-
Nessa visão prospectiva, a mensa- trir suas mentes para o resto de suas
gem do relatório é clara: vidas, inspirados por um ideal de
• O objetivo da educação não se res- formação a exemplo da Paideia.
tringe a assegurar a transmissão de
conhecimentos, mas a criação de um
desejo de continuar a aprender por
toda a vida a partir do reconhecimento
de que aprender é viver em transforma-
ções de si próprio e dos outros;
• A necessidade de refletir e criar as
condições para se oportunizar a con-
vivência e a gestão de conflitos no
convívio pacífico e de prática cidadã.
• O equívoco sobre a percepção de acu-
mulação de determinada quantidade
de conhecimentos da qual se possa se
abastecer indefinidamente.
• A perfeita noção de que aprendiza-
24 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

A ideia grega de Paideia estava ligada a um OS QUATRO PILARES


ideal de formação educacional, que procura- DA EDUCAÇÃO
va desenvolver o homem em todas as suas
potencialidades, de tal maneira que pudes-
se ser um melhor cidadão. O termo também
significa a própria cultura construída a par-
tir da educação. Era o ideal que os gregos
cultivavam do mundo, para si e para sua APRENDER A
juventude. Uma vez que o governo próprio CONHECER
era muito valorizado pelos gregos, a Paideia
combinava ethos (hábitos) que o fizessem
ser digno e bom tanto como governado
quanto como governante. O objetivo não era
ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade
e a nobreza. Paideia também pode ser enca-
rada como o legado deixado de uma geração
para outra na sociedade. APRENDER A
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia, FAZER
acesso em 21/08/2014

Assim, o relatório indica que à


educação “cabe fornecer, de alguma
forma, os mapas de um mundo com-
plexo e em movimento constante e, ao
mesmo tempo, a bússola que permita APRENDER A
navegar nele.” E ainda, que “é neces-
CONVIVER
sário estar à altura para aproveitar e
explorar, do começo ao fim da vida,
todas as ocasiões de atualizar, apro-
fundar e enriquecer esses primeiros
conhecimentos, e de se adaptar a um
mundo em mudança”.
Para responder à visão e ao desafio
do relatório, a comissão propõe que a
educação deve se organizar em torno APRENDER A
de quatro pilares do conhecimento. SER
Isso é o contrário do que tem sido a
expressão do ensino formal, orientado
prioritariamente pelo desenvolvimento
das capacidades cognitivas.
MODELO PEDAGÓGICO 25

Princípios Educativos

Nenhum pilar se sobrepõe a outro que o primeiro, ‘aprender’, se repete


e deve ser objeto de igual atenção por em todos eles. Ele não propõe ‘apren-
parte do processo estruturado de edu- der o conhecimento’, ‘aprender o feito’,
cação. Só assim ela será uma experiên- nem ‘aprender a convivência’. Ao con-
cia a ser concretizada ao longo da vida, trário, apresenta o segundo termo
em todas as suas dimensões, tanto no também no infinitivo, conferindo-lhe
plano pessoal como no social. um dinamismo, um caráter processual
Uma nova e ampla concepção de não suportado por vocábulos estáti-
educação, passa a ser uma condição es- cos, estruturais e estruturados como
sencial para responder aos desafios do ‘conhecimento’, ‘feito’ e ‘convivência’.
novo século, no qual se supere a visão ‘Aprender o conhecimento” é ‘apren-
instrumental de educação e se passe a der o conhecido’, enquanto ‘aprender
considerá-la como o meio para a reali- a conhecer’ é participar da pesquisa
zação da pessoa em toda a sua plenitu- e do processo de construção do co-
de, ou seja, aquela que “aprende a ser”. nhecimento. ‘Aprender a fazer’ é muito
Essa percepção pode ser ilustrada mais do que aprender como é feito.
pelo fato dos autores considerarem os É também construir os modos e os
“pilares” como “aprendizagens” e não instrumentos da ‘feitura’. Finalmente,
se referirem como “competências” ou ‘aprender a conviver’ não se reduz ao
mesmo “conhecimentos”. Para ilustrar conhecimento das convivências – geral-
essa leitura, José Eustáquio Romão, mente marcadas pela competição e
em O Ensino Médio e a Omnilaterali- pelos conflitos – mas se estende à bus-
dade: Educação Profissional no século ca do conhecimento das diversidades
XXI, destaca o pensamento de Jacques étnicas, econômicas, políticas, sociais,
Delors: “insiste em conjugar – em to- religiosas e culturais e participa das
dos os sentidos da palavra – dois ver- estratégias de reconstrução da convi-
bos em cada um dos ‘pilares’, sendo vência na diferença”.

O ideal formativo do Relatório Educação:


Um tesouro a descobrir

Os Quatro Pilares são as aprendizagens fundamentais para que uma pessoa possa
se desenvolver plenamente, considerando a progressão das suas potencialidades,
ou seja, a capacidade de cada um de fazer crescer algo que traz consigo ou mesmo
que adquire ao longo da vida.
Aqui se entende com mais clareza a metáfora anunciada no título do relatório, a
de que cada pessoa traz em si um tesouro a descobrir desde que submetida a um
processo educativo, seja a Educação Básica, a Educação Profissional, a Educação
Superior, a Educação Empresarial, entre outros âmbitos nos quais se realiza uma
ação educativa.
26 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Pilar do Aprender a Conhecer

Essa aprendizagem vai além do domínio concepções cuja origem remon-


do conhecimento e não se limita à aqui- tam ao século XVIII, “transmitindo”
sição de um acervo de saberes propria- conhecimentos acriticamente só por
mente ditos. Ela se estende ao domínio estarem previamente validados com o
da forma como se adquire o conheci- estatuto científico (como se condições
mento e das diversas maneiras como subjetivas e intuitivas não estivessem
cada um irá lidar por meio do acesso ou implicadas na construção de grandes
da sua produção. Para Jacques Delors: teorias científicas e como se teorias
“aprender a conhecer supõe, antes de científicas não pudessem ser ques-
tudo, aprender a aprender, exercitando tionadas nos termos de suas proposi-
a atenção, a memória e o pensamento.” ções, como Chalmers já discutiu).
A literatura a trata como simulta-
neamente um intermédio e uma fina- “Na prática, podemos dizer que esse pilar
lidade. É meio, porque por meio dele era o centro das descobertas, das novas
se pretende que cada um aprenda a aprendizagens em sala de aula. Isso aconte-
compreender e a lidar com a complexi- cia quando associávamos conteúdos
dade do mundo e do seu entorno sob nas aulas interdisciplinares, quando des-
os seus diversos aspectos, condição
cobríamos como ter um novo olhar sobre
necessária para viver dignamente, para
um determinado assunto mesmo que já o
desenvolver possibilidades pessoais e
conhecêssemos. Além do uso das salas te-
profissionais, para desempenhar um
máticas, nos laboratórios tínhamos grandes
papel muito mais ativo na determina-
ção da verdade, beleza e bondade, que experiências de como aprender a construir

impregnarão suas próprias vidas. novos conceitos, de obtermos novos e varia-


Além da “aquisição” de conheci- dos conhecimentos.”
mento por meio de formas meramente - Olga Lucena, estudante
descritivas, isso pressupõe compre-
ender as bases e as condições em que E é fim, porque o prazer de desco-
se produzem os diferentes tipos de brir, de conhecer e de compreender
conhecimento e de pensamento. o mundo e as suas múltiplas formas
De modo geral, tratando-se de de realidade é um fundamento para a
conhecimentos científicos, por exem- aquisição da autonomia na capacidade
plo, a escola ainda põe em prática de discernir. A produção de conheci-
mento pressupõe um altíssimo traba-
lho criativo. De muitas maneiras, a es-
cola ainda faz opções distantes dessa
perspectiva.
Essa descoberta e compreensão
do mundo se dá a partir do despertar
da curiosidade intelectual e do espí-
rito crítico, da apreciação do ato de
questionar, de investigar, da alegria
MODELO PEDAGÓGICO 27

Princípios Educativos

do pesquisar, conhecer, compreender, O tema metacognição tem sido inves-


descobrir, construir e reconstruir, criar
tigado no Brasil de forma crescente.
e recriar o conhecimento e a qualidade
das relações que se estabelece com ele Tal evolução pode estar relacionada
e as possíveis formas como o conheci- às teorias do desenvolvimento cogni-
mento pode qualificar a vida humana.
Considera-se a importância de uma
tivo que evidenciam os aspectos
educação ampla, com a forte presença qualitativos dos processos e estraté-
de uma cultura geral robusta e sólida,
gias do processamento de informação.
aberta a diversos campos do conheci-
mento e que convoca diferentes visões A literatura afirma que ainda não
e metodologias para se abrirem a uma existe um consenso. Todavia, o referido
perspectiva de relações construtivas
entre as várias disciplinas.
termo é muito abordado em áreas
A Comissão considera que a Edu- como, por exemplo, Psicologia e
cação Básica será bem sucedida se Pedagogia, e neste contexto o
conseguir levar às pessoas as bases
fundamentais e o desejo para conti- conceito tem o sentido de refletir
nuar aprendendo ao longo de sua vida, sobre as experiências cognitivas.
em suas várias dimensões. Manter-se
em dia com o que acontece em distin-
tas áreas de interesse, refletir sobre É também um recurso para se permitir
os seus significados e procurar manter ser afetado pelo inédito e não temer o
atualizada a sua compreensão é funda- desconhecido.
mental. Estar alerta a respeito da pre- b) Ensinar o ensinar: é a capacidade
servação de certos hábitos de pensa- da pessoa em praticar o didatismo a
mento e ação, mesmo que cômodos, partir do domínio de conhecimentos e
e ser permeável a novas linhas de pen- de estratégias capazes de transmiti-los
samento e ação, mesmo que incômo- de forma metódica, clara, objetiva e
dos, requerem novos aprendizados e o acessível a outras pessoas, conside-
questionamento desses aprendizados. rando a sua capacidade de assimilar
Para isso, Aprender para Conhe- e interagir com esse conhecimento.
cer deve integrar os três domínios da É alguém que motiva o outro a conhecer,
metacognição: a querer conhecer e que o compro-
a) Aprender a aprender: é capacidade mete com esse processo, apoiando-o
da pessoa em praticar o autodidatismo, no desenvolvimento e na descoberta
ou seja, compreender, refletir e assimi- de suas capacidades.
lar determinado conhecimento a par- c) Conhecer o conhecer: é a capaci-
tir de si próprio e dos recursos de que dade da pessoa em praticar o cons-
dispõe. É alguém capaz de acionar os trutivismo, transitando pelo caminho
mecanismos para o aprendizado, que da construção do conhecimento, mo-
não é passivo, e que vai ao encontro bilizando a sua condição para analisar,
daquilo que deseja conhecer, desde a sintetizar e interpretar dados, textos,
sua necessidade até a sua aplicação. fatos e situações diversas.
28 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... o método científico é introduzido nos desenhos curriculares, estimulando
a capacidade de observação, a atenção e o exercício da memória associativa;

... são desenvolvidas estratégias que levam os estudantes a observar o seu


entorno e a estabelecer relações entre aqueles que os rodeiam;

...os estudantes são estimulados a questionar sobre o que não conhecem, a


buscar novas informações e aprender a selecionar o que é relevante e o que não
os ajuda a responder seus questionamentos;

... as atividades de monitoria acadêmica são encorajadas e apoiadas junto


aos estudantes.

Pilar do Aprender a Fazer

Os Pilares Aprender a Conhecer e trabalhar em equipe de modo coope-


Aprender a Fazer guardam uma re- rativo, gerenciar e resolver conflitos,
lação importante entre si, ainda que desenvolver espírito contributivo e
Aprender a Fazer esteja mais ligado ao atitude de humildade se tornam valores
âmbito da formação profissional, mas imprescindíveis ao trabalho coletivo.
não restrito a ele. Ou seja, qualidades humanas que se
As mudanças na geografia do mundo manifestam nas relações interpessoais
do trabalho contemporâneo alteram as e que são mantidas no trabalho pas-
qualificações exigidas pelos processos sam a ser mais apreciadas.
produtivos. Caracteriza-se um movi-
mento que a literatura intitula “desma-
terialização do trabalho”.
O fazer deixou de ser puramente
instrumental. Valoriza-se a competên-
cia pessoal, que torna a pessoa apta a
enfrentar novas situações, e não ape-
nas a restrita qualificação profissional.
Não basta se preparar para se inserir
no mundo produtivo. A rápida evolução
pela qual passam as profissões exige
não apenas níveis superiores de ins-
trução, mas que o indivíduo esteja apto
a enfrentar novas situações nas quais
MODELO PEDAGÓGICO 29

Princípios Educativos

“Se tivéssemos de eleger um jargão popular para ilustrar esse pilar, o mais indicado
seria pôr a mão na massa. A todo o momento éramos instigados a fazer nossos
trabalhos de forma diferente. Dentre as características e os exemplos que identificam
esse pilar, podemos destacar que a capacidade de iniciativa, a criatividade
e a autonomia dos jovens são fundamentais no processo de descoberta de como
fazer as atividades de maneira diferente do comum. Trabalhado na TESE, esse pilar
se destaca na vida dos jovens, que assimilam essa forma estruturada de agir e que
contribui nas diversas áreas de sua vida. Mais tarde, isso é refletido no seu diferencial
competitivo no ambiente profissional”
- Olga Lucena, estudante

A flexibilidade é essencial assim pectivas e refazer as próprias opiniões


como a capacidade de ter iniciativa e mediante novos fatos e informações.
de se comunicar, não apenas na reten- Aprender a fazer envolve uma série
ção e transmissão de informação, mas de competências produtivas a serem
também ampliada para a capacidade de desenvolvidas pelo domínio de habili-
interpretar e selecionar a abundância dades básicas, específicas e de gestão,
de informações, muitas vezes contra- que possibilitarão a inserção das pes-
ditórias, de analisar diferentes pers- soas no mundo produtivo.

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... os estudantes são envolvidos em processos que conduzem a resultados,
conclusões e/ou compromissos com a prática cooperativa para a geração de
resultados comuns.

Pilar do Aprender a Conviver

A aprendizagem de que trata esse ca-se cada vez mais o reconhecimento


pilar é a de desenvolver a compreensão da necessidade para fazer valer a
e aceitação de si próprio e do outro e coexistência pacífica e harmoniosa
a percepção da interdependência entre entre as pessoas e entre as pessoas e
os seres humanos, no sentido do conví- os lugares. No entanto, também se é
vio, do trato, da realização de projetos jogado diante da hostilidade gratuita,
comuns, da preparação para aprender da indiferença e da aridez do cotidiano.
a gerir conflitos respeitando valores A Filosofia, a Sociologia e outras áreas
plurais, da compreensão mútua e da do conhecimento chamam a atenção
convivência pacífica. para a natureza humana caraterizada
Nos discursos correntes, identifi- pela construção de vínculos, de laços,
30 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

de relações e pela ideia de que não narrativa. E é nesse reconhecimento


há existência humana sem que haja que se instalam as qualidades da rela-
comunicação, diálogo e que os objetos ção, seja tensa ou integradora, cons-
não existem sem que haja interação trutiva ou predadora, harmônica ou
entre eles. conflituosa, de troca ou usurpação, de
Cada um traz consigo um acervo de crescimento ou aniquilamento, de ódio
experiências, de conhecimentos, de ou compaixão, de respeito ou desprezo.
herança cultural, de valores, de carac- A sociedade partilha de um destino
terísticas e distintas formações. Nas comum. Aprender a viver junto, com
relações que se estabelecem entre as igualdades, semelhanças e diferenças é
pessoas, não são o conhecimento nem vital para que nunca se perca de vista a
os bens materiais que o sujeito carrega referência de que há uma condição que
que instalará o reconhecimento de um torna todos iguais: a consciência da
pelo outro, mas a sua história, a sua incompletude e impermanência.

“Podemos exemplificar de duas formas como aprendíamos a conviver e a trabalhar com o


outro. Conhecer o outro faz parte do processo de identificação, de respeitar as diferenças,
de saber conviver com as singularidades de cada indivíduo, de se colocar no lugar do outro,
reconhecendo a necessidade de entender suas potencialidades e seus limites. Para trabalhar
com o outro é necessário desenvolver a capacidade de reconhecer que o outro jovem é um
parceiro em sala de aula e poderá ser um parceiro profissional no futuro. É preciso aprender
a valorizar as características pessoais que contribuem para a execução de projetos comuns,
a admitir que outras pessoas possuem aptidões que às vezes não possuímos e que se traba-
lharmos em equipe, nossas habilidades se complementarão.”
- Olga Lucena, estudante

Essa aprendizagem está presente


na prática pedagógica quando...
...a escola promove e cultiva um ambiente que trata a diversidade como valor,
praticando e inspirando a tolerância e o respeito;

...as diferenças culturais, étnicas, físicas, sensoriais, intelectuais ou religiosas são


tratadas como oportunidades para aprender a compartilhar outras formas de
pensar, de sentir e de atuar;

...o conflito não é evitado ou negado, mas enfrentado a partir do diálogo que
compromete os envolvidos na sua resolução;

...a solidariedade é um valor e está presente nas relações entre a comunidade


escolar (os educadores, estudantes e suas famílias);

... os estudantes e educadores aprendem a argumentar e a defender ideias se


apoiando em fatos, conceitos, princípios e valores.
MODELO PEDAGÓGICO 31

Princípios Educativos

Pilar do Aprender a Ser


A parte mais importante dessa apren- desenvolvimento se ela for tratada
dizagem é a afirmação de que Apren- numa visão mais ampla do que sim-
der a Ser é dispor de um conjunto de plesmente a transmissão de conhe-
competências que possibilitam alguém cimentos. Fala-se aqui de educação
a se relacionar melhor consigo mesmo como meio para levar o ser humano ao
como condição para se relacionar com que Abraham Maslow considera como
os outros e com as suas circunstâncias sendo autorrealização.
naturais, sociais, econômicas, políticas
e culturais, além de se relacionar com a Em 1971, Edgar Faure presidiu a
dimensão transcendental, de natureza
religiosa ou não.
Comissão Internacional para o
A comissão adere ao postulado Desenvolvimento da Educação, uma
anunciado no relatório coordenado
das primeiras iniciativas da UNESCO
por Edgar Faure: “o desenvolvimento
tem por objeto a realização completa frente ao diagnóstico de crise na
do homem, em toda a sua riqueza e educação mundial. O relatório é con-
na complexidade de suas expressões
e dos seus compromissos: indivíduo,
siderado um marco importantíssimo
membro de uma família e de uma na história do pensamento educacio-
coletividade, cidadão e produtor, inven- nal da Organização.
tor de técnicas e criador de sonhos”.
Essa é a aprendizagem que prepara
o indivíduo para elaborar pensamentos
autônomos e críticos e formular seus
próprios juízos de valor, de modo a
poder decidir por si mesmo perante as
diferentes circunstâncias da vida. Ajuda
a desenvolver a competência pessoal,
que é a capacidade da pessoa para
agir com autonomia, responsabilida-
de e compromisso na relação consigo
próprio, na convivência com os outros
e com os meios nos quais estão e na
construção de um Projeto de Vida que
leve em conta o seu próprio bem estar
e o da comunidade.
Esse pilar conjuga as demais com-
petências na medida em que, se desen-
volvidas, contribuem para o desenvol-
vimento das potencialidades humanas
inscritas nos seus vários domínios.
A educação é o caminho para esse
32 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O que uma pessoa poderá ser, deverá ser.


“Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso
pretendam deixar seu coração em paz.
O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o
nome de autorrealização.”
- Abraham Maslow

Uma das mais altas necessidades do cultiva o sentimento sobre si mesmo e,


ser humano é a de se autorrealizar, por consequência, a base das compe-
que possa desenvolver as suas poten- tências sociais.
cialidades, de se tornar aquilo que tem Autoconceito: conceituar a si próprio
potencial e usufruir ao máximo daqui- pela razão e não pela emoção. Um con-
lo que pode produzir. Não preencher ceito positivo sobre si próprio se rela-
essa necessidade é como limitar a ciona com a aceitação que a pessoa
vida a um conjunto de realizações sem tem de si mesma, sua autoestima.
sentido nem significado. Autoconfiança: a convicção de ser
Nos seus estudos para identificar as capaz de realizar algo e de enfrentar
habilidades relativas a esta competên- os desafios, porque dispõe das forças,
cia, o professor Antonio Carlos Gomes das capacidades, das condições e do
da Costa elencou 12: discernimento para avaliar e decidir. Da
Autoconhecimento: numa perspecti- capacidade, também, de reconhecer
va epistemológica, quer dizer conhe- que, se necessário, saberá dispor do
cer como resultado da capacidade de apoio de outros, o que diferencia essa
pensar sobre si próprio e, numa pers- habilidade da autossuficiência e da
pectiva filosófica, ampliando a leitura prepotência.
para outras dimensões que não ape- Autovisualização: projetar a vida a
nas a razão (o logos) mas também partir de uma visão que se constrói do
a emoção (o pathos), o instinto (o eros) próprio futuro é essencial. As pessoas
e a espiritualidade (o mythos). O auto- que constroem uma imagem afirma-
conhecimento conduz à autocompre- tiva, ampliada e projetada no futuro,
ensão e à autoaceitação, que levam o e atuam sobre ela têm mais possibili-
ser humano a dizer “sim” a si mesmo. dades de realizá-las do que aquelas que
Reconhece suas forças para agir e sonham, mas, pela ausência de um
decidir nos diversos campos da sua vida, plano, não conseguem projetar de forma
fazendo uso dos seus conhecimentos nítida o que pretendem fazer. Aquelas
e das suas capacidades. Consciente que têm uma visão estão comprometi-
das suas limitações, adota a postura de das, direcionadas, fazendo algo de con-
buscar apoio e aprende a realizar junto creto para levá-las na direção dos seus
aos outros. objetivos. Uma visão sem plano para
Autoestima: relaciona-se à aceitação e realizá-la é uma fantasia, uma ficção.
à valoração que a pessoa faz sobre si Autodeterminação: a partir da pró-
próprio. É da capacidade de se aceitar pria vontade e não da vontade de
e de se compreender que nasce e se outros, determinar o rumo dos acon-
MODELO PEDAGÓGICO 33

Princípios Educativos

tecimentos sob o seu controle. A ação pressão de situações adversas e cres-


de uma pessoa que se autodetermina cer por meio delas numa perspectiva
é resultado não apenas da vontade em positiva. É proteger a integridade psi-
realizar algo, mas da capacidade de cológica e moral diante de situações
compreender o que será feito, ou seja, de extrema pressão e ser capaz de
do exercício a partir das dimensões da desenvolver posturas construtivas.
cognição, da emoção e da atitude. É resistir e crescer na adversidade.
Autoproposição: a capacidade de pro- Ela é variável, construída num processo
jetar no futuro os sonhos e ambições de interação do ser humano consigo
e traduzi-los sob a forma de um plano próprio e com o meio ambiente ao
com objetivos, com metas estabele- longo de toda a vida.
cidas, prazos para a sua realização Autorrealização: é a plenitude do de-
e ações. Não é apenas o despertar senvolvimento do ser humano consi-
sobre os sonhos, ambições e aquilo derando as suas potencialidades. É a
que deseja para a sua vida, mas o agir experiência de crescimento que atribui
sobre eles. É experiência da elaboração sentido e significado às ações para a
do Projeto de Vida, de conferir sentido sua autorrealização. É comum a ideia de
e significado para a vida, perante si autorrealização ser identificada apenas
próprio, com quem se relaciona e com como conquista do sucesso e da
os compromissos que assume. fruição do prazer, que muitas vezes se
Autotelia: a capacidade do ser humano confunde com realização profissional e
em definir a própria orientação que de status. Mas aqui se trata da autorre-
deseja afirmar para a sua vida. alização construída durante toda a vida,
Autonomia: a capacidade do ser hu- num movimento dinâmico e contínuo.
mano em tomar as próprias decisões Autotranscedência: para se realizar,
baseadas nos seus conhecimentos, o ser humano deve procurar um
crenças e valores e responder por elas. sentido para a sua vida fora de si
Autopreservação: a resiliência traduz próprio, que o transcenda, que vá
autopreservação como sendo a capa- além, tornando real todo ou parte do
cidade de o ser humano lidar com pro- seu potencial nos diversos âmbitos de
blemas, superar dificuldades, resistir à sua realidade pessoal.

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... os estudantes são estimulados, a partir de situações reais e cotidianas, a desen-
volver a capacidade de reflexão e reconhecimento da existência do outro, de domi-
nar a si próprio pelo autocontrole, de assumir as consequências da ação ou da não
ação, respondendo por aquilo que escolhe e aprende a deliberar entre alternativas.
34 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O deslocamento dessas aprendiza- do nos seus estudos que invocamos os


gens do campo teórico para a sua apli- Quatro Pilares como um dos princípios
cação no campo metodológico ainda é educativos do Modelo Pedagógico.
um grande desafio para os educadores. Baseados nos seus estudos, po-
O professor Antônio Carlos Gomes da demos migrar da teoria e trazer os
Costa realizou esforços desde meados Quatro Pilares da Educação para a
dos anos 1990 nessa direção. É ancora- prática pedagógica.

1º - TRANSFORMAR AS APRENDIZAGENS EM COMPETÊNCIAS;

2º - IDENTIFICAR AS HABILIDADES DE CADA COMPETÊNCIA;

3º - IDENTIFICAR AS CAPACIDADES REQUERIDAS PARA O EXERCÍCIO DE CADA HABILIDADE;

4º - IDENTIFICAR OS COMPORTAMENTOS OBSERVÁVEIS CAPAZES DE PERMITIR O RECONHECI-


MENTO DA AUSÊNCIA OU PRESENÇA DE DETERMINADA CAPACIDADE.

Aprendizagem é concebida como o aprendeu. Alguém competente em al-


modo pelo qual se adquire o conheci- guma coisa é aquele que domina um
mento e como ele passa a fazer parte determinado conjunto de habilidades.
da vida. É o comportamento de entrada Capacidade é o comportamento
do conhecimento. esperado, o objetivo ao desenvolver
Competência é a forma como se uti- determinada habilidade. Alguém que
liza o que foi aprendido e se aplica nas tenha desenvolvido determinada habi-
atividades práticas nos diversos âmbi- lidade é capaz de saber fazer algo, de
tos da vida. É o comportamento de saí- realizar alguma coisa.
da daquilo que se aprende. Comportamentos observáveis cor-
Habilidade é a possibilidade da pes- respondem ao domínio ou não domínio
soa realizar algo a partir daquilo que das capacidades esperadas.
MODELO PEDAGÓGICO 35

Princípios Educativos

A Pedagogia da Presença
“Do início ao fim, a vida de cada um de nós se traduz num desejo constante de presença.”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

A Pedagogia da Presença:
um exercício pessoal, profissional e cidadão

É o terceiro princípio educativo eleito conhecimento, autoestima, autocon-


para fundamentar o Modelo Pedagógico, ceito e autoconfiança, o que possibilita
fortemente influenciado pela teoria de o aprimoramento de competências
Antonio Carlos Gomes da Costa em para relações interpessoais e exercício
sua obra. de cidadania, elementos fundamen-
Esse princípio está presente nas tais para sua formação e construção
ações de toda a equipe escolar por do seu Projeto de Vida.
meio de atitudes participativas e afir- Na prática, a presença pedagógica
mativas, ultrapassando as fronteiras se traduz em compartilhamento de
da sala de aula. Materializa-se por tempo, experiências e exemplos
meio do estabelecimento de víncu- entre educador e educando. No ato de
los de consideração, afeto, respeito e educar, educando e educador se tor-
reciprocidade entre os estudantes e os nam visíveis, perceptíveis, e se fazem
educadores. É o fundamento da relação presentes em seu meio, em seu tempo
entre quem educa e quem é educado e em suas histórias, enquanto indiví-
e traduz a capacidade do educador de duos e enquanto membros de suas
se fazer presente na vida do educando, gerações. O que torna isso possível
satisfazendo uma necessidade vital do para o jovem, como explica Antônio
processo de formação humana. Carlos Gomes da Costa, é o fato de
A essência da Pedagogia da Pre- o jovem perceber que “alguém com-
sença é a reciprocidade. O objetivo preendeu e acolheu suas vivências,
central é a mudança da forma de o sentimentos e aspirações, filtrou-os
educando se relacionar consigo mes- a partir de sua própria experiência e
mo e com os outros, no processo de comunicou-lhe com clareza a solida-
Aprender a Ser, Aprender a Conviver, riedade e a força para agir”.
Aprender a Conhecer e Aprender a
Fazer, conforme norteiam os Quatro
Pilares da Educação propostos pela
UNESCO e outro dos princípios edu-
cativos presentes neste Modelo.
O educador incorpora atitudes
básicas que lhe permitem exercer
uma influência construtiva, criativa e
solidária na vida do educando. Este,
por influência dessa relação com o
educador, amplia e desenvolve auto-
36 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Ajuda e presença para o jovem do século XXI

Sentimento de abandono, de (des)vinculação, de (des)encontro, de solidão, de


isolamento, de (in)comunicabilidade. Quem, já tendo passado pela adolescência,
pode dizer que desconhece? Falta de presença. Falta de experimentar, em algum
momento, a consciência tranquilizadora de que sua vida tem valor para alguém. Na
raiz dos casos mais complicados, aqueles que ultrapassam as fronteiras definidas
para a chamada “normalidade”, invariavelmente, estão a repetição, a intensidade e/
ou a recorrência dessas “faltas”.
É uma questão de resiliência, capacidade de superar a adversidade,
recuperar-se, readaptar-se e levar a vida adiante de maneira significativa.
Na Pedagogia da Presença, o próprio ambiente escolar pode oferecer um clima
forjador de resiliência, para o qual o psiquiatra chileno Jorge Barudy Labrin identi-
fica alguns fatores:
• afetividade e vínculos (sentir-se querido leva a responder melhor em termos de
conduta e cognitivos);
• estrutura (a escola promove a interiorização de limites);
• tomada de consciência da realidade (dar-se conta do que vive e saber que não é
culpado por isso);
• criatividade e humor (sentir-se bem graças à maneira como a escola se organiza
em função dos alunos);
• expectativas elevadas (encontrar afeto e confiança leva a se esforçar para corres-
ponder às expectativas);
• construção de uma história (refletir sobre sua vida).

Os meios da ação educativa

Tudo o que se faz para favorecer o


desenvolvimento pessoal e social do
educando é ação educativa. Isso inclui
todas as atitudes, posturas, gestos e
ações voltadas para o desenvolvimento
pessoal, social, produtivo ou cognitivo
do educando, tanto em atividades edu-
cativas (formais ou informais) como
em atividades de lazer, profissionaliza-
ção ou cultura.
MODELO PEDAGÓGICO 37

Princípios Educativos

Qual é o tempo da presença?

O tempo da presença só pode ser o presente. No entanto, o presente passa


depressa e deixa as pessoas com impressões passadas e esperanças futuras, entre
as quais, constantemente, se desloca para tecer o agora. A qualidade desse deli-
cado movimento de ir-e-vir entre o que já foi e o que será (sem esquecer todas as
diferenças existentes entre as histórias e perspectivas das pessoas envolvidas)
determina a qualidade da presença pedagógica, que não é uma situação estática,
e sim uma atividade dinâmica e incessante realizada na totalidade de um ambiente
dedicado à educação.Segundo Emerson, filósofo e escritor norteamericano do
século XIX, a conversa é um modo de se aproximar tanto de si mesmo quanto
do outro. Muito mais do que um lugar e um tempo, a presença é o resultado de
um alinhamento de disposição, estado de espírito e aprendizagens. Na criança,
uma inteligência intuitiva leva a viver intensamente o momento presente de modo
natural, e a capacidade de plena consciência é espontânea. À medida que se cresce,
as pessoas passam a antecipar e a voltar ao passado. Logo, corre-se o risco de
esquecer essa capacidade de plena consciência de presença.

Presença pedagógica é exercício ativo de


atenção, de diálogo com intensa escuta do
outro e de si próprio.
38 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Mas quais são os tempos da


presença pedagógica?
O presente, em que é preciso estar e agir de maneira plena e inquestionável.

O passado, que é preciso compreender: aprender com a experiência acumulada.

Nos planos individual e social: lembrar, analisar, sintetizar, interpretar, relacionar


dados, fatos e situações do passado e deles extrair lições e princípios para melhor
se conduzir no presente e construir o futuro.

O futuro, que é preciso visualizar e construir: quanto mais a pessoa se conhece


e percebe suas circunstâncias e sua trajetória até aqui, mais será capaz de traçar
um caminho para chegar ao ponto que gostaria de atingir.

O presente, de novo e sempre, ao qual se deve conscientemente retornar para


interagir de maneira plena e inquestionável no exercício da tarefa de educar.

Três tipos de diálogo

Para ser capaz de ir até o outro é indispensável partir de si mesmo, ou seja, estar
em si mesmo e consigo mesmo (em outras palavras, é preciso presença). O diálogo
entre indivíduos é só um esboço. E esse esboço só é preenchido quando há um
diálogo entre pessoas. Martin Buber nos traz três tipos de diálogo:
• Diálogo genuíno (falado ou silencioso): cada participante realmente tem em
mente o outro (ou os outros) em seu ser presente e particular e se volta para ele(s)
na intenção de estabelecer uma relação mútua e viva.
• Diálogo técnico: motivado unicamente pela necessidade de entender objetiva-
mente alguma coisa. Este é o mais comum na vida “moderna”.
• Monólogo disfarçado de diálogo: em que duas ou mais pessoas se encontram
no mesmo espaço e cada uma fala apenas consigo mesma de maneira tortuosa,
seguindo circuitos estranhos, mas têm a ilusão de troca. Nem para aprender algo,
nem para comunicar, nem para convencer, nem para se conectar: apenas para
confirmar ou reforçar a autoconfiança.
MODELO PEDAGÓGICO 39

Princípios Educativos

A relação de ajuda na Pedagogia da Presença:


reciprocidade na reflexão e na ação

O ICE toma por base as referências de Antonio Carlos Gomes da Costa e o modelo
de relação de ajuda desenvolvido por Robert Carkhuff, detalhado e aprofundado
por Clara Feldman e M.L de Miranda (1983).

As fases da ajuda

1. O educador atende e comunica sua 3. O educador personaliza, mostrando


disponibilidade e interesse pela pes- ao educando sua parte de respon-
soa ajudada, de maneira não-verbal. O sabilidade na situação. O educando
educando se envolve e comunica sua compreende e estabelece relações de
entrega ao processo de ajuda com a causa e efeito para definir aonde quer
expressão verbal e corporal. chegar.
2. O educador responde e comunica 4. O educador orienta, avaliando alter-
compreensão à pessoa ajudada, corpo- nativas possíveis juntamente ao edu-
ral e verbalmente. O educando explora cando. O educando age, iniciando o
avaliando a situação real em que está movimento rumo ao ponto ao qual quer
(problemas, dificuldades, insatisfa- chegar, depois de escolher o caminho a
ções) para definir em que ponto está. seguir com a ajuda do educador.

Um perfil para o exercício da Pedagogia da Presença

Presença não é dom, e é possível apren- deixar penetrar sua vida pela vida dos
der a ser/estar presente se houver outros que torna possível captar seus
a disposição interior necessária apelos e responder adequadamente a
para isso. Essa disposição interior torna suas dificuldades e impasses, pré-requi-
possível o envolvimento pleno no ato sitos para a aceitação e a reciprocidade.
de educar, pois não basta cumprir • Reciprocidade em uma interação na
um ritual de presença. Ao mesmo tem- qual os envolvidos se mostram recepti-
po, traz a consciência dos limites des- vos um ao outro, se revelam mutuamen-
se ato porque se entregar de maneira te, se aceitam e comunicam seus conte-
irrefletida e sem limites não é desejável. údos sem abrir mão de sua originalidade.
Antônio Carlos Gomes da Costa identi- • Compromisso do educador perante
fica três componentes essenciais nessa o educando, com seu envolvimento
disposição interior para a presença: integral no ato de educar. O educador
• Abertura para conhecer, compreen- assume um compromisso que vai muito
der, envolver-se de maneira sadia na ex- além da adaptação do educando a uma
periência do outro, ir além dos contatos realidade dada: ele abre espaços e com-
superficiais e da intervenção puramente partilha ferramentas para a construção
objetiva e técnica. É essa capacidade de da presença do educando, na medida
40 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

em que este amplia sua autonomia e suas bases de liberdade, escolha e compro-
misso consigo mesmo e com os outros e se torna mais competente para aproximar
e integrar seu ser (o que é) e seu querer ser/tornar-se (o que quer ser/tornar-se).

Eis alguns requisitos fundamentais


para uma presença pedagógica efetiva e
próspera, que demanda abertura, recipro-
cidade, respeito e compromisso:

Percepção alerta

Calor humano

Simplicidade

Gosto por aprender e disposição para a aprendizagem permanente

Disponibilidade e vontade sincera para o diálogo

Disposição para se fazer presente na vida do educando

Abertura

Empatia (atenção plena à mensagem da outra pessoa)

Empenho/cuidado em expressar-se com franqueza e honestidade

Disposição para compartilhar

Consciência da comunicação

Abertura para sua própria interioridade e capacidade de autoanálise

Resistência à fadiga
MODELO PEDAGÓGICO 41

Princípios Educativos

Presença pedagógica de quem?

O exercício da Pedagogia da Presença se processam práticas educativas,


é tarefa de todas as pessoas envol- todos os profissionais envolvidos
vidas em uma instituição dedicada devem atuar com coesão e cientes
à educação (pessoal técnico, como de sua corresponsabilidade pelos re-
pedagogos, professores, psicólogos, sultados educacionais na perspectiva
assistentes sociais, bibliotecários e de formação do educando. Por isso,
outros, pessoal administrativo e ges- é essencial que todos compartilhem
tores). É importante ter em mente que das mesmas visões quanto às três
não se trata de trabalho restrito a sa- questões fundamentais presentes
las de aula ou a reuniões nem a mesas nas bases do projeto escolar concebi-
de trabalho: cada pessoa presente no do a partir desse Modelo:
ambiente de educação tem também • o tipo de pessoa que se quer formar;
um papel educador, mesmo informal. • o tipo de sociedade para cuja cons-
É fundamental que cada um conheça trução se espera que essa pessoa
e apoie as atividades da comunidade contribua;
educativa. Na Escola da Escolha, em • a utilidade e o valor do conhecimento
que cada ambiente é um lugar onde na vida das pessoas.

A presença na sala de aula e na transmissão de conhecimentos

Não importa apenas a aquisição de co- profundas é tão importante quanto a


nhecimentos, mas também a mudança transmissão de conteúdos intelectuais
de atitude básica do educando diante ou o desenvolvimento de habilidades
da vida. Mesmo que isto pareça ambi- para o futuro exercício de uma ocupa-
cioso demais, quem educa de corpo ção, serviço ou profissão no mundo do
e alma tem que semear utopia, sim – e trabalho. Ao lado da transmissão de
isso é exatamente o que está na origem conhecimentos, o objetivo é trabalhar
da construção do Projeto de Vida. O para assegurar a compreensão do valor
que se espera é, em última análise, que humano do conhecimento e como apli-
a ação educativa torne possível a vida cá-lo nas dimensões da vida humana:
em comunidades que enriqueçam o pessoal, social e produtiva. Na origem
espírito humano (Berman, 1991). A única de toda ciência, havia um homem ou
coisa realmente importante é ajudar uma mulher preocupados em entender
os educandos a compreenderem a si e desvendar a estrutura da realidade.
mesmos, entenderem o mundo que os Cada tema de que um professor vai
rodeia e nele encontrarem seu lugar tratar em uma sala de aula um dia foi
(Esteve, 2003) em busca da sua pleni- investigado e organizado por alguém
tude que, em última instância, é o seu em dúvida com uma pergunta sem
Projeto de Vida. Por isso, trabalhar os resposta. A tarefa do educador em sala
sentimentos, a dimensão da corporei- de aula envolve recriar esse estado
dade, as crenças, valores e convicções de curiosidade, compartilhar com os
42 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

educandos as perguntas e dúvidas na origem dos conhecimentos transmitidos na


e pela escola, para que eles não se limitem a dirigir o olhar às páginas dos livros,
mas abarquem o mundo com seu interesse e seu pensamento crítico.

“A educação deve ensinar o que a vida significa. A escola deve preparar cidadãos urbi et orbi
(para a cidade e para o mundo). Agentes da paz, da cultura, da humanidade. Se objetivo é
educar para a democracia, deve-se educar para a verdade, para a justiça, para o saber, para
a solidariedade. Isso exige educar pessoas, formá-las para viver entre seres humanos e com
eles compartilhar preocupações e sonhos, a partir de pontos de vista diferentes e mesmo
contrários, às vezes. Por isso, é indispensável formar pessoas que aprendam a refletir e a
discordar, a descobrir as virtudes do consenso. Só se consegue isso privilegiando a formação
de espíritos críticos em liberdade. ”
- Cisneros, 2009

Armadilhas que podem minar a presença pedagógica

• A cegueira da rotina ajuda mútua);


• As formas de comunicação que im- • negação da responsabilidade:
pedem o exercício de uma presença “tenho que fazer”, “me mandaram
efetiva (Rosenberg, 2006): fazer”, “recebi ordens”, “é a política da
• julgamentos moralizadores; escola”, “estas são as regras”... Com
• comparações, que são um caminho expressões como essas – e há uma
direto para se sentir infeliz; infinidade de variantes!
• chamadas de atenção constantes, • Os rótulos
insistentes e repetitivas (recurso que • Distanciamento
se desgasta e se mostra inútil, além • Medidas disciplinares mal con-
de provocar deterioração do clima de duzidas

Comportamentos comuns que são obstáculos à


verdadeira conexão empática

O hábito pode levar a adotar alguns comportamentos que parecem empáticos, mas,
na verdade, se usados de maneira irrefletida, por costume, impedem um diálogo
verdadeiro:
• Aconselhar: “Acho que você deveria...”, “Por que é que você não fez assim?”;
• Competir pelo sofrimento: “Isso não é nada. Espere até ouvir o que aconteceu
comigo.”;
• Consolar: “Não foi sua culpa, você fez o melhor que pôde.”;
• Contar uma história: “Isso me lembra uma ocasião...”;
• Encerrar o assunto: “Anime-se. Não se sinta tão mal.”
• Solidarizar-se: “Oh, coitadinho...”.
MODELO PEDAGÓGICO 43

Princípios Educativos

A Pedagogia da Presença na prática:


um exercício de movimento

A presença é o conceito central, o cias, aptidões, capacidades, potenciali-


instrumento-chave e o objetivo maior dades, desejos) e que poderá alimentar
dessa pedagogia baseada em um um processo educativo equilibrado e
relacionamento em que as pessoas criterioso de construção da presença
envolvidas se revelam uma para a ou- do próprio educando no mundo. Mas
tra no compartilhamento de momentos é preciso também aprender a ler por
de alegria ou de tristeza. O segredo do trás das fachadas, e, para isso, o edu-
processo é manifestar a presença cons- cador precisa ganhar acesso ao mundo
trutiva e emancipadora do educador na interior do educando – o que requer o
vida do educando, mostrando que ela é estabelecimento de uma relação de
constante. Torná-la evidente e percep- reciprocidade, abertura, cuidado e
tível em gestos e atitudes simples que respeito mútuo. Um sorriso, um olhar
Antônio Carlos Gomes da Costa chama cúmplice do educando, são indícios
de “pequenos nadas” e que têm o poder para o educador do progresso de seu
de modificar inteiramente o trabalho trabalho. Cada situação de contato,
de educação: um bom-dia, um olhar, cada circunstância, é uma oportuni-
um toque, uma palavra, um incentivo, dade para que o educador comparti-
um gesto, um conselho, um sorriso... lhe com o educando algo que o ajude
Essas manifestações singelas e cálidas a compreender e aceitar melhor a si
por meio das quais, em uma linguagem mesmo e aos outros.
universal que dispensa explicação e
tradução, os humanos dizem uns aos A prática da Pedagogia da Presença
outros: estou aqui, você não está sozinho
é um exercício de movimento incessante
e tem com quem contar.
O método da Pedagogia da Presença de aproximação e distanciamento.
nada tem de misterioso, portanto: con- O educador se aproxima, estabelece
siste na escuta atenta e cuidadosa, na
observação ampla de tudo o que acon-
uma relação calorosa, empática e
tece, a cada momento, num movimento significativa que lhe permita conhecer,
de descoberta. Os comportamentos identificar manifestações, reconhecer
do educando revelam ao educador a
importância que ele atribui às coisas, pedidos de ajuda nem sempre expressos
às pessoas, aos eventos – um dos pri- com palavras e também se deixar
meiros passos para descobrir o que ele
conhecer. Num outro movimento, o
traz como bagagem pessoal (experiên-
educador se distancia criticamente
para poder ver o processo da ação edu-
cativa em sua totalidade, para melhor
refletir, avaliar, planejar, decidir e agir.
44 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Encontrar o melhor ponto de equilíbrio manipulação, chantagem afetiva,


no exercício da Pedagogia da Presença apego desmesurado e excesso de
exige do educador uma noção muito dependência. Nesse sentido, a inte-
clara do processo e agilidade para ração e a troca de experiências e
capturar cada instante (“inteligência ideias entre pares podem ser de
do instante”, nas palavras de Antônio grande ajuda.
Carlos Gomes da Costa). Cabe lembrar Mas há também de se cuidar da linha
também que bons sentimentos e boas que separa cuidadosamente aquilo que
intenções do educador não são suficien- deve ser intimamente preservado, de
tes para garantir que tudo vai dar certo: parte a parte, e que não se estabeleça
há toda uma aprendizagem a construir qualquer sinal de violação do direito
no sentido de não se deixar levar pelas de lá permanecer “silencioso”, se assim
emoções e identificar tentativas de o desejar.

A autoridade e a Pedagogia da Presença

Não cabe discutir a importância e a sociedade, e vale a pena investir energia


necessidade de ter e observar normas e atenção nesse sentido no cotidiano
e limites: é evidente que eles são da educação.
necessários para o bem de cada um O educador presente sabe que pode
e de todos. Mas não tem sentido agitar e deve agir com firmeza sempre que
ameaças e promessas como se fossem isso lhe parecer necessário. Com uma
bandeiras para convencer os educan- atitude franca, direta e clara na inte-
dos a adotarem certos comportamentos ração com os educandos, o educador
e reações e evitar outros. Muito mais do transmite os elementos que servem de
que as palavras do educador, é o modo base para estabelecer confiança – con-
como o trabalho cotidiano transcorre dição para aceitação do exercício da au-
que deve tornar evidentes essa neces- toridade. Quando o educador transmite
sidade e importância. Para que isso de verdade o melhor de si, sem subter-
aconteça, é preciso imaginar situações fúgios (o que é muito diferente de agir
concretas, acontecimentos estrutura- desta ou daquela maneira para se tornar
dores que sirvam para promover com- “popular” ou ser visto como alguém
promisso desinteressado por parte dos “legal”), o educando consegue perceber
alunos, levando-os a escolher em favor que existe algo de bom no fundamento
dos interesses e objetivos comuns. dos limites e regras transmitidos por
Não é um processo rápido, nem defini- esse adulto que lhe fala com clareza,
tivo, nem igual para todos, mas é assim consideração e respeito, e que isso pode
que as coisas se organizam em nossa ser importante para seu crescimento.

Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi


escritor, ensaísta, poeta e filósofo nor-
teamericano. É um dos fundadores do
movimento cultural denominado trans-
cendentalismo.
MODELO PEDAGÓGICO 45

Princípios Educativos

Ordem de prioridades na Pedagogia da Presença

Uma tarefa principal absorve o edu- “tenso, reduzido e espesso”, e no qual


cando em primeiro lugar: equacionar se sentem “amarrados por dentro”.
seus problemas de natureza pessoal, É indiscutível que o educador precisa
sem o que ele se sente subjugado pelo se empenhar para tornar possíveis
isolamento e pela solidão. Cabe ao edu- as aquisições utilitárias indispensá-
cador, portanto, apoiar o educando veis para que o educando se torne um
no sentido de encontrar a si mesmo, cidadão produtivo e aceito (aprender
explorar sua situação, compreendê-la. um trabalho rentável e socialmente
Os aspectos sociais, que viabilizam a útil e aprender boas maneiras, por
inserção e a participação do educando exemplo). Porém, esse trabalho vem
no mundo em que ele deve viver, vêm depois. Antes de viabilizar a inserção
depois. A ação educativa não tem po- e a participação do educando no
der para inverter essas prioridades, mundo em que ele deve viver, é in-
e isso é ainda mais evidente quando dispensável lembrar que ele quer e
o educador encontra educandos que precisa aprender a viver consigo mes-
vivem em um universo que Antônio mo, reconciliar-se, para, então, fazer-
Carlos Gomes da Costa descreve como -se presença.

“A Pedagogia da Presença é parte de um esforço coletivo na direção de um conceito e de


uma prática menos irreais e mais humanos de educação de adolescentes em dificuldades.
Contribuir para o resgate da parcela mais degradada, em termos pessoais e sociais, de
nossa juventude é, sem dúvida alguma – embora apenas um número reduzido de pessoas
realmente acredite nisso – uma das grandes tarefas do nosso tempo.”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

A Educação Interdimensional
“O Século XXI será ético e espiritual ou não será.”
- André Malraux

A perspectiva apontada pela UNESCO, ser preparado, em especial pela edu-


em seu Relatório sobre a Educação cação que recebe na juventude, para
para o Século XXI destaca a necessi- elaborar pensamentos autônomos e
dade de conceber e tratar a educação críticos, bem como para formular seus
na sua dimensão mais ampla: “a edu- próprios juízos de valor, de modo que
cação deve contribuir para o desenvol- possa decidir, por si mesmo, como agir
vimento total da pessoa – espírito, cor- nas diferentes circunstâncias da vida”.
po, inteligência, sensibilidade, sentido Não é diferente no ordenamento da
estético, responsabilidade pessoal e Educação Brasileira, de acordo com o
espiritualidade. Todo ser humano deve Art. 2º da LDB:
46 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

“A educação, dever da família e do iniciando-se no Renascimento, tornan-


Estado, inspirada nos princípios de do-se a força hegemônica a partir do
liberdade e nos ideais de solidariedade Iluminismo, para culminar na moderna
humana, tem por finalidade o pleno Civilização Industrial, emite sinais de
desenvolvimento do educando, seu esgotamento. Esse esgotamento se
preparo para o exercício da cidadania revela na incapacidade da modernida-
e sua qualificação para o trabalho”. de nascida do Iluminismo em cumprir
Para o Professor Antonio Carlos as promessas que marcaram o seu
Gomes da Costa, a relação do ser hu- nascimento: Liberdade, Igualdade e
mano consigo mesmo, com o outro, Fraternidade. A Razão, a Ciência e a
com a natureza e com aquilo que o Técnica foram desenvolvidas e conti-
transcende vive paradoxalmente uma nuam a se desenvolver cada vez mais.
crise e também uma oportunidade: No entanto, basta olhar o noticiário
“A razão analítico-instrumental, que para perceber o quanto nos afastamos
imperou ao longo dos últimos séculos, desses ideais”.

O PARADOXO DA CRISE X OPORTUNIDADE

Na relação consigo mesmo...


• O homem parece cada vez mais marcado pelo solipsismo, a ansiedade e o medo,
entregando-se aos anestésicos da cultura de massas.
• Parece estar emergindo com intensidade inédita na história um desejo humano
de autocompreensão, autoaceitação, autoestima, autoproposição e autodeter-
minação, na busca da autorrealização e da plenitude humana. Este movimento
reflete a busca do encontro do homem consigo mesmo, como condição para
encontrar os demais.

Na relação com os outros…


• Individualismo, a competição, a exploração e o uso instrumental do ser humano
marcam as relações interpessoais, enquanto que, no plano das relações coletivas,
dentro das nações e entre as nações, o cinismo e a força bruta parecem ganhar
cada vez mais espaço.
• Constata-se uma busca de ressignificação dos laços interpessoais na família,
na escola, no trabalho, nas relações afetivo-sexuais. Por outro lado, na vida social
mais ampla, no plano das relações com o bem-comum, a incorporação dos direitos
humanos individuais e coletivos, como novo eixo estruturador dos processos de
desenvolvimento, propicia o surgimento e a ainda incipiente, mas gradual, afirma-
ção do Paradigma do Desenvolvimento Humano como a grande via para a constru-
ção de um progresso com um rosto verdadeiramente humano.
MODELO PEDAGÓGICO 47

Princípios Educativos

Na relação com a natureza…


• A quebra sistemática dos ecossistemas vai desequilibrando as bases dos
dinamismos que sustentam a vida, gerando consequências como a diminuição da
biodiversidade, os buracos na camada de ozônio, comprometendo o direito à vida
das gerações futuras.
• A emergência do conceito de sustentabilidade vai fazendo surgir uma nova ótica
e uma nova ética, que têm como fundamento a noção de que cada geração deve
legar às gerações vindouras um meio-ambiente igual ou melhor do que aquele
recebido das gerações anteriores.

Na relação com o transcendental da vida…


• Verifica-se uma forte crise de sentido, que resulta numa cada vez mais evidente
perda de respeito pela dignidade e a sacralidade da vida em todas as suas mani-
festações naturais e humanas.
• Registra-se uma grande fome de sentido existencial. Pessoas, grupos, comuni-
dades e organizações de todo tipo cada vez mais se empenham na busca de novas
fontes de significado para o seu ser e o seu fazer neste mundo, isto é, para sua
presença entre os homens de seu tempo e de sua circunstância.

No paradigma educacional domi- humanos. Mas não se reduz a isso. Sem a


nante no Brasil e no mundo, a instrução construção/reconstrução de sentidos e
toma com frequência o lugar da educa- de sentimentos, valores e avaliações, ela
ção. Esse paradigma está tão voltado simplesmente se restringe à instrução,
para os meios, as aprendizagens porque deixa de promover aprendiza-
basicamente cognitivas, que as apren- gens indispensáveis à finalidade máxima
dizagens essenciais (existenciais ou da vida, que na Grécia antiga, Aristóteles
metacognitivas) relacionadas com dizia ser a vida em plenitude, a felicidade
a finalidade última da educação sim- ou a sua própria busca. Nessa perspecti-
plesmente não são tratadas na prática va, é necessário pensar numa educação
pedagógica como essenciais. que transcenda o domínio da racionali-
A educação inclui a construção de dade (do logos) e incorpore os domínios
conhecimentos relevantes, significa- da emoção (pathos), da corporeidade
tivos, úteis e duradouros para os seres (eros) e da espiritualidade (mytho).
48 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Logos – a dimensão do pensamento desejo, da corporeidade.


e do conceito ordenador e dominador No Modelo da Escola da Escolha,
da realidade por meio da razão. a Educação Interdimensional se-
Mythos – a dimensão transcendental, ria capaz de equilibrar as relações
da relação do homem com o mistério e entre essas quatro dimensões, o
o sentido da vida. que não significa prescindir da edu-
Pathos - a dimensão do sentimento, cação simbolizada pela dimensão
da relação do homem consigo mesmo e da razão analítico-instrumental (o
com os outros. logos), mas não se sobrepondo às
Eros – a dimensão das pulsões, do demais dimensões.

“ Essas dimensões, nos estudos realizados pelo Prof. Antonio Carlos Gomes da Costa, estão
presentes nos conceitos e práticas que presidiram a construção do ideal do homem grego
que posteriormente se fundiram aos conceitos e práticas do mundo judaico-cristão, dando
origem à civilização ocidental. ”

- http://associacaopelafamilia.org.br/aspf/cat/POR%20UMA%20EDUCA%C7%C3O%20
INTERDIMENSIONAL%20II.pdf , acesso em 25/08/2014

A dimensão prática da Educação Interdimensional

No alinhamento entre essa perspectiva e as aprendizagens dos Quatro Pilares da


Educação, é possível referenciar e fundamentar metodologias capazes de superar
a presença dominante dos aspectos cognitivos e se abrir para práticas e vivências
de natureza social, existencial e produtiva que integrem as quatro dimensões.
A seguir, um quadro sintético dos indicadores relativos a cada uma das dimen-
sões, verificáveis no contexto da prática pedagógica e alinhados com as compe-
tências dos Quatro Pilares.

ESSES INDICADORES SÃO REGISTROS DE


DIVERSAS REUNIÕES COM O PROF. ANTÔNIO
CARLOS GOMES DA COSTA ACRESCIDOS DE
INFORMAÇÕES EM SUAS OBRAS, ADAPTA-
DAS PARA UTILIZAÇÃO NESTE MATERIAL.
MODELO PEDAGÓGICO 49

Princípios Educativos

LOGOS INDICADORES

a) Capacidade • Saber concluir um raciocínio • Classificar, comparar e concluir


de raciocínio • Ordenar suas ideias na exposição oral ideias, materiais e fatos
lógico e escrita • Justificar suas posições de maneira
• Saber construir e resolver situações- fundamentada
problema
• Desenvolver um ponto de vista
ou ideia

b) Habilidades • Explicar com suas palavras o que leu, • Criar hipóteses baseadas em infor-
de compreensão ouviu, estudou e/ou pesquisou mações
e análise • Construir frases, textos e histórias • Realizar a leitura de mapas, locali-
• Retirar do texto informações solici- zando-se neste espaço
tadas • Estabelecer relações entre os
• Pesquisar informações e resumir o fenômenos naturais e elementos da
texto coletivo natureza
• Formular perguntas sobre o assunto • Identificar diferenças entre as pes-
estudado soas, fatos, dados e situações
• Descrever um fato com detalhes
• Expressar frases estruturadas

c) Indicadores • Retirar a ideia central de um texto • Associar as informações para formar


de habilidades • Saber fazer anotações um novo texto, criar histórias e dialógos
de síntese • Saber tirar conclusões acerca de fatos

d) Indicadores • Organizar suas tarefas e materiais • Gostar de auxiliar os colegas


de capacidade • Escrever de forma legível • Contribuir com material de pesquisa
de trabalho para o grupo
metódico • Saber ouvir e respeitar as opiniões
dos colegas

e) Indicadores • Aceitar trabalhar em grupo • Apresentar as suas ideias sem receio


de atividades • Enfrentar as dificuldades sem desanimar • Desenvolver as atividades demons-
favoráveis ao • Incentivar os colegas trando satisfação
desenvolvimento • Criar o espírito de cooperação • Relacionar-se com os colegas e pro-
cognitivo fessores de maneira fraterna
• Mostrar-se persistente nas tarefas
que realiza
50 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

EROS INDICADORES

Corporeidade • Aceitação do próprio corpo • Atende corretamente as suas neces-


• Demonstra capacidade de autocui- sidades de descanso
dado com as suas condições de saúde • Demonstra ritmo e harmonia corpo-
(alimentação, higiene e condiciona- ral em atividades como dança e ativi-
mento físico) dades grupais
• Zela pela sua aparência pessoal • Procura preservar-se dos riscos
• Usa a expressão corporal para comu- relacionados às doenças sexualmente
nicar sentimento e disposição interior transmissíveis, ao cigarro, ao álcool e
• Envolve-se em dinâmicas, jogos e outras drogas
esportes individuais e coletivos. • Mantém-se atento às regras de
• Mantém-se atento e procura corrigir segurança no trânsito
as posturas inadequadas e prejudiciais • Busca conscientemente o equilíbrio
ao próprio corpo entre o corpo, a mente e suas emoções.

MYTHO INDICADORES

Espiritualidade • Respeitar a dignidade e a sacralidade • Valorizar a paz, a justiça e a


da vida em todas as suas manifestações sociedade como bases universais
• Abrir-se para indagação às práticas e do convívio humano
às vivências quanto ao significado e ao • Saber dar e pedir perdão
sentido da vida • Meditar e contemplar as questões
• Realizar atividades que ampliam e relativas à dimensão transcendente
enriquecem a sua interioridade da vida
• Refletir sobre o sentido da missão da • Envolver-se em ritos que expressam
sua presença no mundo suas crenças e valores mais profundos
• Vivenciar, identificar e incorporar • Saber apreciar, admirar, valorizar
valores positivos à sua existência e incorporar à sua vida, as lições e
• Abrir-se e dispor-se para o diálogo exemplos de sabedoria e santidade
com as diversas religiões das diversas tradições religiosas
• Indagar sobre as grandes questões da • Respeitar e valorizar a diversidade
existência humana humana em todas as suas manifes-
• Desenvolver com profundidade tações
sentimento de mundo e de pertenci- • Cultivar a tolerância e saber lidar
mento à família com conflitos, conviver com a dife-
• Procurar manifestar em atos concre- rença de ideias, valores, pontos de
tos a sua relação com o transcendental vista e interesses.
MODELO PEDAGÓGICO 51

Princípios Educativos

PATHOS INDICADORES

Afetividade • Demonstrar autoaceitação, autoestima • Sensibilidade às manifestações


e autoconfiança artísticas
• Sabe dar e receber afeto • Demonstrar interesse em aprimorar
• Demonstrar preocupação com os outros a sua capacidade de fruição das
• Demonstrar capacidade de empatia, obras de arte buscando aprimorar a
mostrando disposição de colocar-se no sua educação estética
lugar do outro • Aceitar envolver-se no fazer
• Expressar de forma equilibrada suas artistico
emoções • Demonstrar o desenvolvimento de
• Ser capaz de assertividade, ou seja, sua capacidade criativa
não ser passivo sem agressivo nos • Reconhecer as atividades em que
seus relacionamentos desempenha melhor e procurar apro-
• Sabe lidar de forma equilibrada com fundar-se nelas
as frustrações na vida familiar, escolar • Valorizar a prática de boas maneiras
e comunitária e da urbanidade na vida familiar,
• Canalizar construtivamente a tendência escolar e comunitária
à agressividade própria dos adolescentes
• Olhar com esperança para o futuro
(visão, projeto de vida)
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EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
Prefeito Nestor de Camargo; Centro de Ensino
Experimental de Arcoverde.

APOIO
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1ª Edição | 2015

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