Sumário
1.
Considerações
iniciais
e
Bibliografia
.........................................................................
3
2.
Roteiro
de
estudos
....................................................................................................
3
3.
Existência,
validade
e
eficácia
das
normas
................................................................
4
3.1.
O
plano
da
existência
da
norma
.........................................................................
4
3.2.
O
plano
da
validade
da
norma
............................................................................
5
3.3.
O
plano
da
eficácia
da
norma
.............................................................................
5
3.3.1.
Período
de
Vacância
(Vacatio
Legis)
...........................................................
6
3.3.2.
Período
de
vigência
......................................................................................
9
4.
Repristinação
...........................................................................................................
10
5.
Antinomias/Conflito
de
normas
..............................................................................
13
6.
Ultratividade
da
norma
revogada
...........................................................................
15
7.
Fontes
supletivas
.....................................................................................................
21
1
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
ERRATA:
Na
página
5,
onde
se
lê:
Outro
exemplo:
o
Código
Civil
foi
publicado
em
11/01/2003.
Houve
divergência
quanto
ao
prazo,
porque
a
lei
foi
publicada
em
11/01/2002
e
vacatio
legis
era
de
um
ano.
Nesse
sentido,
havia
uma
corrente
que
defendia
a
contagem
do
dia
11/01/2002
a
11/01/2003
e,
posteriormente,
a
vigência
em
12/01/2003.
Por
outro
lado,
outra
corrente
defendia
a
contagem
da
vacatio
do
dia
11/01/2002
a
10/01/2003
e
a
vigência
em
11/02/2003.
A
segunda
corrente
prevaleceu.
Leia-‐se:
Outro
exemplo:
o
Código
Civil
foi
publicado
em
11/01/2002.
Houve
divergência
quanto
ao
prazo,
porque
a
lei
foi
publicada
em
11/01/2002
e
vacatio
legis
era
de
um
ano.
Nesse
sentido,
havia
uma
corrente
que
defendia
a
contagem
do
dia
11/01/2002
a
11/01/2003
e,
posteriormente,
a
vigência
em
12/01/2003.
Por
outro
lado,
outra
corrente
defendia
a
contagem
da
vacatio
do
dia
11/01/2002
a
10/01/2003
e
a
vigência
em
11/01/2003.
A
segunda
corrente
prevaleceu.
Na
página
7,
onde
se
lê:
Exemplo
(1):
O
Código
Civil
foi
publicado
em
11/02/2002
e
o
período
de
vacatio
foi
de
1
(um)
ano,
conforme
art.
2.044,
do
CC/02.
Leia-‐se:
Exemplo
(1):
O
Código
Civil
foi
publicado
em
11/01/2002
e
o
período
de
vacatio
foi
de
1
(um)
ano,
conforme
art.
2.044,
do
CC/02.
2
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
1. Considerações
iniciais
e
Bibliografia
O
curso
tem
por
objetivo
o
Estudo
do
Direito
Civil,
com
ênfase
na
preparação
para
os
concursos
das
carreiras
federais.
Dito
isso,
é
necessário
discorrer
sobre
questões
bibliográficas.
Não
há
uma
obra
única,
mas
existem
diferentes
formas
de
abordagens
do
mercado.
No
período
de
preparação
para
provas
objetivas,
é
necessário
realizar
a
leitura
de
maior
conteúdo
possível
da
matéria.
Nesse
contexto,
é
recomendável
o
estudo
de
informativos
do
STF
e
do
STJ,
acompanhado
de
uma
doutrina
objetiva.
O
aprofundamento,
por
meio
de
cursos
mais
complexos,
será
uma
questão
necessária
para
fases
discursivas.
Portanto,
pode-‐se
trabalhar
com
obras
mais
compactas
para
primeira
etapa,
tais
como:
-‐
Direito
Civil
Esquematizado
(Carlos
Roberto
Gonçalves)
-‐
Manual
Direito
Civil
(Flávio
Tartuce)
-‐
Manual
de
Direito
Civil
(César
Fiuza)
2. Roteiro
de
estudos
Antes
de
estudarmos
a
Parte
Geral
do
Código
Civil,
é
importante
pontuar
temas
da
Lei
de
Introdução
às
Normas
do
Direito
Brasileiro.
A
abordagem
é
restrita
a
alguns
dispositivos,
tendo
em
vista
que
muitos
temas
pertencem
ao
ramo
do
Direito
Internacional
Privado.
Portanto,
incialmente
será
analisada
a
Lei
de
Introdução
às
Normas
do
Direito
Brasileiro,
posteriormente
a
Parte
Geral
do
Código
Civil
e,
subsequentemente,
a
Parte
Especial
da
codificação.
Vale
ressaltar
que
a
Lei
de
Introdução
às
Normas
do
Direito
Brasileiro
(LINDB)
é
a
antiga
Lei
de
Introdução
ao
Direito
Civil
Brasileiro
(Decreto
4.657/42),
que
teve
sua
nomenclatura
modificada
por
força
da
Lei
12.376/10.
3
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
3.
Existência,
validade
e
eficácia
das
normas
3.1.
O
plano
da
existência
da
norma
A
Lei
é
um
ato
jurídico
e,
como
tal,
insere-‐se
no
plano
da
existência,
da
validade
e
da
eficácia.
A
existência
da
lei
verifica-‐se
desde
a
sua
promulgação.
Portanto,
desde
o
momento
em
que
a
lei
é
promulgada,
ela
existe,
o
que
não
significa
que
é
válida
e
que
já
produz
efeitos.
O
Código
Civil
de
2002,
por
exemplo,
foi
promulgado
em
10/01/2002,
embora
a
publicação
tenha
se
dado
em
11/01/2002.
Após
a
promulgação,
temos
a
publicidade
da
lei,
que
traz
uma
presunção
absoluta
de
conhecimento
do
ato
normativo
pela
comunidade,
conforme
dispõe
o
art.
3º,
da
LINDB.
LINDB
Art.
3º.
Ninguém
se
escusa
de
cumprir
a
lei,
alegando
que
não
a
conhece.
Observação:
O
art.
3º,
da
LINDB,
não
impede
a
ocorrência
do
denominado
“erro
de
direito”
(art.
139,
III,
CC/02),
porque
esse
instituto
não
existe
para
que
o
agente
se
esquive
de
cumprir
a
lei.
No
erro
de
direito,
pratica-‐se
um
ato
acreditando
que
a
lei
obriga
a
tal,
quando,
em
verdade,
não
há
obrigação
imposta
pelo
ordenamento
jurídico.
Código
Civil
de
2002
Art.
139.
O
erro
é
substancial
quando:
(...)
III
–
sendo
de
direito
e
não
implicando
recusa
à
aplicação
da
lei,
for
o
motivo
único
ou
principal
do
negócio
jurídico.
Nessa
esteira,
o
erro
de
direito
ocorre
quando
o
agente
acredita
existir
uma
norma
cogente
que
determina
um
comportamento.
Também
pode
ocorrer
erro
de
direito
quando
há
prática
de
ato
tendo
como
motivação
uma
lei
que,
em
verdade,
é
inconstitucional.
O
erro
de
direito
não
serve
para
defender
o
agente
do
descumprimento
de
uma
norma
imperativa.
Portanto,
não
serve
para
furtá-‐lo
do
cumprimento
de
leis.
4
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Exemplo:
Não
se
pode
alegar
o
desconhecimento
da
necessidade
de
recolhimento
do
Imposto
de
Renda.
Assim,
alegar
escusa
de
cumprimento
de
lei,
por
falta
de
conhecimento
da
legislação,
não
se
confunde
com
erro
de
direito.
Face
ao
exposto,
conclui-‐se
que
a
lei
existe
desde
a
sua
promulgação
e
torna-‐se
pública
desde
a
sua
publicação.
Dessa
forma,
a
partir
da
publicação,
não
é
possível
alegar
o
desconhecimento
da
legislação.
3.2.
O
plano
da
validade
da
norma
A
validade
da
norma
importa
em
sua
conformidade
com
a
norma
que
lhe
dá
fundamento
e
com
todo
o
ordenamento.
Se
uma
norma
é
inconstitucional,
temos
uma
situação
análoga
ao
ato
jurídico
nulo.
Isso
porque,
falta
à
norma
inconstitucional
o
suporte
de
validade
e,
portanto,
não
deveria
produzir
efeito.
Ocorre
que
mesmo
uma
norma
inconstitucional
pode
acabar
produzindo
efeitos
no
plano
fático.
Nesse
contexto,
destaca-‐se
a
prerrogativa
da
modulação
dos
efeitos
de
uma
norma
declara
inconstitucional,
conforme
será
visto
adiante.
3.3.
O
plano
da
eficácia
da
norma
No
plano
da
eficácia,
deve-‐se
distinguir
a
eficácia
absoluta
da
eficácia
relativa.
A
eficácia
absoluta
da
norma
se
dá
a
partir
do
momento
em
que
a
lei
entra
em
vigor.
Nesse
sentido,
os
efeitos
gerais
da
lei
já
têm
eficácia
a
partir
de
sua
vigência.
No
entanto,
pode
ocorrer
de
a
lei
não
ser
eficaz
relativamente
a
certos
atos,
hipótese
em
que
se
fala
em
eficácia
relativa.
Como
exemplo,
a
lei
nova
não
afetará
o
ato
jurídico
perfeito,
o
direito
adquirido
e
a
coisa
julgada.
Portanto,
há
situações
em
que
se
impede
a
produção
de
efeitos
da
norma
em
relação
a
certo
atos,
casos
em
que
se
fala
em
eficácia
relativa.
Outro
exemplo:
o
Código
Civil
foi
publicado
em
11/01/2002.
Houve
divergência
quanto
ao
prazo,
porque
a
lei
foi
publicada
em
11/01/2002
e
vacatio
legis
era
de
um
ano.
Nesse
sentido,
havia
uma
corrente
que
defendia
a
contagem
do
dia
11/01/2002
a
11/01/2003
e,
posteriormente,
a
vigência
em
12/01/2003.
Por
outro
lado,
outra
corrente
defendia
a
contagem
da
vacatio
do
dia
11/01/2002
a
10/01/2003
e
a
vigência
em
11/01/2003.
A
segunda
corrente
prevaleceu.
Um
exemplo
de
eficácia
relativa
fora
do
Direito
Civil
está
no
art.
16,
da
CF/88.
5
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Art.
16.
A
lei
que
alterar
o
processo
eleitoral
entrará
em
vigor
na
data
de
sua
publicação,
não
se
aplicando
à
eleição
que
ocorra
até
1
(um)
ano
da
data
de
sua
vigência.
Desse
modo,
observa-‐se
que
a
lei
entra
em
vigor
na
data
de
sua
publicação,
mas,
em
certos
casos,
sua
eficácia
não
será
plena,
pois,
para
determinados
atos,
ainda
será
aplicável
a
lei
anterior.
3.3.1.
Período
de
Vacância
(Vacatio
Legis)
O
tema
da
vacância
ganhou
destaque
com
o
novo
Código
de
Processo
Civil.
Pelas
regras
vigentes,
o
período
de
vacatio
legis
observará
o
art.
8º,
da
LC
95/98.
Lei
Complementar
95/98
Art.
8º
A
vigência
da
lei
será
indicada
de
forma
expressa
e
de
modo
a
contemplar
prazo
razoável
para
que
dela
se
tenha
amplo
conhecimento,
reservada
a
cláusula
"entra
em
vigor
na
data
de
sua
publicação"
para
as
leis
de
pequena
repercussão.
§
1º
A
contagem
do
prazo
para
entrada
em
vigor
das
leis
que
estabeleçam
período
de
vacância
far-‐se-‐á
com
a
inclusão
da
data
da
publicação
e
do
último
dia
do
prazo,
entrando
em
vigor
no
dia
subsequente
à
sua
consumação
integral.
(Incluído
pela
Lei
Complementar
nº
107,
de
26.4.2001).
§
2º
As
leis
que
estabeleçam
período
de
vacância
deverão
utilizar
a
cláusula
‘esta
lei
entra
em
vigor
após
decorridos
(o
número
de)
dias
de
sua
publicação
oficial’.
(Incluído
pela
Lei
Complementar
nº
107,
de
26.4.2001)
A
partir
da
leitura
desse
dispositivo
pode-‐se
observar
que
o
art.
8º,
da
LC
95/98,
orienta
o
legislador,
sendo
ideal
que
a
lei
indique
um
período
de
vacância
compatível
com
repercussão
da
norma.
Se
a
norma
é
mais
complexa,
será
necessário
um
período
maior
de
vacância.
Ressalta-‐se
que,
em
princípio,
se
o
legislador
cumprisse
a
determinação
do
art.
8º,
da
LC
95/98,
o
art.
1º
da
LINDB
seria
despiciendo.
Art.
1º.
Salvo
disposição
contrária,
a
lei
começa
a
vigorar
em
todo
o
país
quarenta
e
cinco
dias
depois
de
oficialmente
publicada.
6
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
§
1º.
Nos
Estados,
estrangeiros,
a
obrigatoriedade
da
lei
brasileira,
quando
admitida,
se
inicia
três
meses
depois
de
oficialmente
publicada.
(Vide
Lei
nº
2.807,
de
1956)
§
2º.
(Revogado
pela
Lei
nº
12.036,
de
2009).
§
3º.
Se,
antes
de
entrar
a
lei
em
vigor,
ocorrer
nova
publicação
de
seu
texto,
destinada
a
correção,
o
prazo
deste
artigo
e
dos
parágrafos
anteriores
começará
a
correr
da
nova
publicação.
Há
diversos
exemplo
de
leis
que
não
seguiram
o
disposto
no
art.
8º,
tal
como
uma
diploma
que
alterou
a
Lei
de
Locações
(Lei
12.112/09).
Na
redação
original,
a
lei
entraria
em
vigor
na
data
da
publicação.
Entretanto,
a
Presidência
da
República
entendeu
que
a
lei
não
era
de
pequena
repercussão
e
vetou
o
dispositivo
que
afirmava
que
a
entrada
em
vigor
se
daria
na
data
da
publicação.
Confira
as
razões
do
veto:
Razões
do
Veto
–
Lei
12.112/09
Art.
3o
“Art.
3o
Esta
Lei
entra
em
vigor
na
data
de
sua
publicação.”
Razões
do
veto
“Nos
termos
do
art.
8o,
caput,
da
Lei
Complementar
no
95,
e
26
de
fevereiro
de
1998,
a
entrada
em
vigor
imediata
somente
deve
ser
adotada
em
se
tratando
de
normas
de
pequena
repercussão,
o
que
não
é
o
caso
do
presente
projeto
de
lei.
Assim,
de
modo
a
garantir
tempo
hábil
para
que
os
destinatários
da
norma
examinem
o
seu
conteúdo
e
estudem
os
seus
efeitos,
propor-‐se
que
a
cláusula
de
vigência
seja
vetada,
fazendo-‐se
com
que
o
ato
entre
em
vigor
em
quarenta
e
cinco
dias,
nos
termos
do
art.
1o
do
Decreto-‐Lei
no
4.657,
de
4
de
setembro
de
1942
-‐
Lei
de
Introdução
ao
Código
Civil
Brasileiro.”
Vale
ressaltar
que
nem
sempre
o
legislador
utiliza
o
prazo
em
dias,
mas,
muitas
vezes,
estabelece
um
período
de
vacatio
em
anos.
Exemplo
(1):
O
Código
Civil
foi
publicado
em
11/01/2002
e
o
período
de
vacatio
foi
de
1
(um)
ano,
conforme
art.
2.044,
do
CC/02
7
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Código
Civil
Art.
2.044.
Este
Código
entrará
em
vigor
um
ano
após
sua
publicação.
A
questão
é
saber
como
se
conta
esse
prazo
de
um
ano.
Pelo
próprio
Código
Civil,
o
prazo
de
um
ano
seria
completado
em
11/01/2003,
conforme
art.
132,
§3º.
Código
Civil
Art.
132,
§3º.
Os
prazos
de
meses
e
anos
expiram
no
dia
de
igual
número
do
de
início,
ou
no
imediato,
se
faltar
exata
correspondência.
Por
sua
vez,
conforme
visto
acima,
o
Código
entraria
em
vigor
em
12/01/2003,
pois
o
art.
8º,
§1º,
da
LC
95/98
dispõe
que
a
lei
entrará
em
vigor
no
dia
subsequente
à
consumação
integral
do
prazo
de
vacatio
legis.
No
entanto,
conforme
visto,
não
prevaleceu
essa
tese,
pois
o
Código
entrou
em
vigor
em
11/01/2003.
Exemplo
(2):
O
novo
Código
de
Processo
Civil
foi
publicado
em
17/03/2015.
Contou-‐
se
um
ano,
terminando
em
17/03/2016
(dia
e
mês
do
ano
subsequente),
entrando
em
vigor
no
dia
imediatamente
subsequente,
em
18/03/2016.1
Conforme
visto,
trata-‐se
de
solução
distinta
daquela
adotada
para
a
entrada
em
vigor
do
Código
Civil
de
2002.
Sobre
o
tema,
é
também
necessário
analisar
o
art.
1º,
§3º
e
4º,
da
LINDB.
Art.
1º.
Salvo
disposição
contrária,
a
lei
começa
a
vigorar
em
todo
o
país
quarenta
e
cinco
dias
depois
de
oficialmente
publicada.
(...)
§
3º.
Se,
antes
de
entrar
a
lei
em
vigor,
ocorrer
nova
publicação
de
seu
texto,
destinada
a
correção,
o
prazo
deste
artigo
e
dos
parágrafos
anteriores
começará
a
correr
da
nova
publicação.
§
4º.
As
correções
a
texto
de
lei
já
em
vigor
consideram-‐se
lei
nova.
De
acordo
os
referidos
dispositivos,
se
houver
modificação
da
lei
em
seu
período
de
vacatio
legis,
o
prazo
de
vacância
será
interrompido.
No
caso
do
NCPC,
a
Lei
13.256/16
alterou
o
Código
ainda
no
período
de
vacância.
Nesse
sentido,
surgiu
a
dúvida
se
a
lei
alteradora
teria
produzido
a
interrupção
do
prazo
de
vacatio
legis,
com
o
início
de
uma
recontagem
do
prazo
de
vacatio.
1
Sobre
o
tema,
confira-‐se
interessante
notícia
no
site
CONJUR:
http://www.conjur.com.br/2016-‐mar-‐
02/cpc-‐entrara-‐vigor-‐dia-‐18-‐marco-‐define-‐stj
(acesso
em
22/03/2016).
8
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Para
evitar
questionamentos,
a
própria
lei
alteradora
determinou
que
entraria
em
vigor
no
mesmo
prazo
de
entrada
em
vigor
do
Novo
Código
de
Processo
Civil.
Nesse
sentido,
confira-‐se
o
art.
4º,
da
Lei
13.256/11:
Art.
4º
Esta
Lei
entra
em
vigor
no
início
da
vigência
da
Lei
nº
13.105,
de
16
de
março
de
2015
(Código
de
Processo
Civil).
Por
fim,
vale
lembrar
que
adotamos
o
princípio
da
obrigatoriedade
simultânea,
que
dispõe
que
a
lei
entra
em
vigor
em
todo
o
país
ao
mesmo
tempo.
Só
é
ressalvado
quando
tiver
aplicação
em
Estados
estrangeiros,
conforme
art.
1º,
da
LINDB:
Art.
1º.
Salvo
disposição
contrária,
a
lei
começa
a
vigorar
em
todo
o
país
quarenta
e
cinco
dias
depois
de
oficialmente
publicada.
§
1º.
Nos
Estados,
estrangeiros,
a
obrigatoriedade
da
lei
brasileira,
quando
admitida,
se
inicia
três
meses
depois
de
oficialmente
publicada.
(Vide
Lei
nº
2.807,
de
1956)
Por
exemplo,
se
em
um
contrato
a
ser
cumprido
em
um
Estado
estrangeiro
elegeu-‐se
a
lei
brasileira
como
regente
dos
possíveis
conflitos,
a
incidência
da
nova
legislação
será
diferida
no
tempo.
CUIDADO:
Se
o
legislador
expressamente
tratou
do
período
da
vacância
não
se
utiliza
a
regra
do
art.
1º,
da
LINDB.
3.3.2.
Período
de
vigência
No
âmbito
da
vigência,
questiona-‐se
por
quanto
tempo
uma
norma
começará
a
incidir
sobre
as
relações
jurídicas.
Trata-‐se
do
período
de
vigência.
A
norma
produzirá
os
seus
efeitos
durante
o
período
de
vigência.
A
regra
é
a
vigência
por
prazo
indeterminado,
sendo
exceção
as
leis
temporárias.
Nesse
sentido,
destaca-‐se
o
art.
2º,
da
LINDB.
LINDB
Art.
2º.
Não
se
destinando
à
vigência
temporária,
a
lei
terá
vigor
até
que
outra
a
modifique
ou
revogue.
(Vide
Lei
nº
3.991,
de
1961)
Ressalta-‐se
que,
de
um
modo
geral,
o
impacto
das
leis
temporárias
é
mais
relevante
no
âmbito
do
Direito
Público,
tais
como
as
leis
penais
temporárias.
9
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
No
estudo
da
vigência,
importante
destacar
que
uma
lei
poderá
ser
revogada
expressa
ou
tacitamente,
conforme
art.
2º,
§1º,
da
LINDB.
LINDB
Art.
2º,
§
1º.
A
lei
posterior
revoga
a
anterior
quando
expressamente
o
declare,
quando
seja
com
ela
incompatível
ou
quando
regule
inteiramente
a
matéria
de
que
tratava
a
lei
anterior.
§
2º.
A
lei
nova,
que
estabeleça
disposições
gerais
ou
especiais
a
par
das
já
existentes,
não
revoga
nem
modifica
a
lei
anterior.
Como
exemplo
de
revogação
expressa,
temos
o
art.
2.045,
do
CC/02,
que
ab-‐rogou
o
Código
Civil
de
1916
e
derrogou
o
Código
Comercial.
Art.
2045.
Revogam-‐se
a
Lei
n.
3.017,
de
1º
de
Janeiro
de
1916
–
Código
Civil
e
a
primeira
parte
do
Código
Comercial,
Lei
n.
556,
de
25
de
Junho
de
1850.
A
par
da
revogação
expressa,
a
revogação
tácita
pode
se
dar
em
duas
hipóteses:
(a)
incompatibilidade
com
a
nova
lei
(b)
absorção
da
matéria
pela
lei
nova
A
revogação
tácita
é
mais
problemática,
pois
poderá
haver
dúvida
se
a
lei
anterior
ainda
estaria
produzindo
seus
efeitos.
Nesse
momento,
antinomias
e
dúvidas
por
conflitos
normativos
poderão
surgir.
No
caso
de
revogação
expressa,
esse
problema
fica
mitigado.
Exemplo:
a
Lei
4.591/64
tratava
de
condomínio
e
incorporações.
Com
o
advento
do
Código
Civil
de
2002,
a
parte
de
condomínio
edilício
foi
revogada
pela
lei
nova,
pois
o
Novo
Código
tratou
inteiramente
da
matéria.
Nesse
caso,
houve
revogação
parcial
(derrogação),
pois
a
matéria
de
incorporações
não
foi
atingida.
Apesar
disso,
o
legislador
civilista
não
revogou
expressamente
a
Lei
4.591/64.
Por
sua
vez,
não
houve
revogação
tácita
do
CDC
pelo
CC/02,
pois
o
novel
código
não
tratou
do
tema
de
relação
de
consumo.
4.
Repristinação
A
LINDB
traz
a
previsão
da
repristinação
como
exceção,
devendo
estar
expressa
em
lei.
Nesse
sentido,
confira-‐se
art.
2º,
§3º,
da
LINDB.
10
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Art.
2º,
§3º.
Salvo
disposição
em
contrário,
a
lei
revogada
não
se
restaura
por
ter
a
lei
revogadora
perdido
vigência.
A
repristinação
não
é
regra
no
ordenamento,
mas
pode
ocorrer
de
forma
expressa
e
excepcional.
Nesse
contexto,
é
possível
que
haja
repristinação
de
uma
norma
revogada,
desde
que
haja
expressa
previsão
legal.
Como
exemplo,
se
por
hipótese,
o
NCPC
fosse
revogado
por
uma
outra
norma,
não
haveria,
de
forma
automática,
a
repristinação
do
CPC/73.
Nesse
caso,
a
nova
norma
que
revoga
o
NCPC/15
deveria
restaurar,
expressamente,
a
vigência
do
CPC/73,
a
fim
de
ocorrer
a
repristinação
do
velho
Código
de
Processo
Civil.
Conclui-‐se,
portanto,
que
o
simples
fato
de
a
nova
norma
revogar
o
NCPC/15
não
acarreta,
de
forma
automática,
o
retorno
da
vigência
do
CPC/73.
Desse
modo,
a
repristinação
só
ocorre
por
disposição
expressa
da
lei.
No
entanto,
o
efeito
repristinatório
pode
advir
do
controle
de
constitucionalidade.
Como
exemplo,
se
fosse
declarada
a
inconstitucionalidade
total
do
NCPC,
é
como
se
o
diploma
legal
jamais
tivesse
produzido
efeito,
inclusive
no
tocante
à
revogação
da
lei
anterior.
Nessa
situação,
a
lei
anterior
continua
vigente.
No
caso
de
declaração
de
inconstitucionalidade
com
efeito
ex
tunc,
o
efeito
da
declaração
de
nulidade
retroage
ao
surgimento
da
lei,
extinguindo
sua
eficácia
desde
o
início.
Nessa
concepção,
tendo
em
vista
a
nulidade
absoluta,
a
lei
revogada
terá
eficácia
ininterrupta,
não
havendo,
em
verdade,
efeito
revogatório
pela
lei
declarada
inconstitucional.
É
como
se
lei
anterior
nunca
tivesse
sido
revogada.
No
entanto,
no
caso
de
modulação
de
efeitos
a
situação
é
diferente.
Com
base
no
art.
27,
da
Lei
9.868/99,
o
STF,
ao
declarar
a
inconstitucionalidade
da
norma,
poderá
não
aplicar
o
convencional
efeito
ex
tunc
da
declaração
de
nulidade,
mas
sim
estabelecer
um
outro
marco
para
o
termo
inicial
da
ineficácia
da
lei.
Lei
9868/99
Art.
27.
Ao
declarar
a
inconstitucionalidade
de
lei
ou
ato
normativo,
e
tendo
em
vista
razões
de
segurança
jurídica
ou
de
excepcional
interesse
social,
poderá
o
Supremo
Tribunal
Federal,
por
maioria
de
dois
terços
de
seus
membros,
restringir
os
efeitos
11
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
daquela
declaração
ou
decidir
que
ela
só
tenha
eficácia
a
partir
de
seu
trânsito
em
julgado
ou
de
outro
momento
que
venha
a
ser
fixado.
Como
exemplo,
o
STF
poderia
afirmar
que
o
NCPC
é
inconstitucional,
mas,
tendo
em
vista
sua
aplicação
em
milhares
de
processos
por
um
ano,
e
a
fim
de
evitar
a
declaração
de
nulidade
de
diversos
atos
processuais
praticados,
haverá
modulação
dos
efeitos
para
reconhecer
a
inconstitucionalidade
a
partir
de
um
termo
inicial
estabelecido
pela
Corte,
preservando-‐se
um
lapso
temporal
de
eficácia
da
norma
inconstitucional.
Nesse
caso,
o
efeito
da
decisão,
por
ser
modulado,
é
um
efeito
repristinatório,
porque,
de
fato,
o
antigo
CPC
terá
perdido
a
eficácia
e
ficado
sem
efeito
por
um
período.
Por
seu
turno,
a
partir
de
um
marco
definido
pelo
STF,
a
lei
nova
deixaria
de
ser
eficaz
e
a
lei
anterior
voltaria
a
produzir
efeitos.
De
forma
esquemática,
temos:
Por
conseguinte,
conclui-‐se
que:
(i)
A
repristinação
não
é
regra
no
Direito
Brasileiro;
(ii)
A
repristinação
de
uma
norma
só
ocorre
por
expressa
previsão
legal;
(iii)
O
efeito
repristinatório
pode
ser
verificado
no
controle
de
constitucionalidade,
nos
casos
em
que
o
STF
venha
a
modular
os
efeitos
da
declaração,
nos
moldes
do
art.
27,
da
Lei
9.869/99.
12
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
5.
Antinomias/Conflito
de
normas
Conforme
visto
anteriormente,
no
caso
de
revogação
tácita,
pode
surgir
dúvida
a
respeito
da
revogação
de
uma
norma
por
outra
e,
em
consequência,
surgir
antinomias.
Nessa
senda,
para
a
resolução
do
conflito
de
normas
utiliza-‐se
três
critérios
básicos:
(I)
Lex
superior
derogat
legi
inferiori
(norma
superior
revoga
inferior)
A
edição
de
uma
norma
em
contrariedade
ao
seu
fundamento
de
validade
torna-‐a
ilegal
ou
inconstitucional.
Nesse
sentido,
uma
lei
ordinária
será
inconstitucional
se
incompatível
com
a
Constituição.
Por
sua
vez,
uma
resolução
administrativa
será
ilegal
se
incompatível
com
a
legislação
ordinária
que
a
fundamenta.
(II)
Lex
posterior
derogat
legi
priori
(norma
posterior
revoga
norma
anterior)
A
lei
mais
nova
tende
a
revogar
a
anterior,
desde
que
com
ela
seja
incompatível
ou
quando
tratar
inteiramente
da
matéria.
(III)
Lex
specialis
derogat
legi
generali
(norma
especial
revoga
geral)
A
lei
especial
afasta
a
geral,
mas
a
lei
geral
não
revoga
a
norma
especial.
Deve-‐se
observar
que
não
haverá
revogação
apenas
se
houver
compatibilidade
entre
os
atos
normativos.
Todos
esses
critérios
são
válidos
para
a
resolução
das
chamadas
“antinomias
de
1º
grau”,
em
que
o
conflito
é
resolvido
utilizando-‐se
um
dos
critérios
acima
isoladamente.
No
entanto,
quando
a
antinomia
é
de
2º
grau,
incide,
na
hipótese,
mais
de
um
dos
critérios
elencados
que,
muitas
vezes,
são
contraditórios,
tais
como
quando
a
lei
posterior
é
geral
e
a
lei
anterior
é
especial.
Nesses
casos,
deve-‐se
definir
qual
delas
prevalece
utilizando-‐
se
os
critérios
clássicos
de
forma
simultânea.
Exemplos
de
antinomia
de
2º
grau:
Exemplo
(1):
Art.
14,
CC/02
(lei
nova
geral)
x
Art.
4º,
Lei
9434/97
(lei
anterior
e
especial)
Art. 14, Código Civil de 2002 Art. 4º, Lei 9.434/97
13
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Art.
14.
É
válida,
com
objetivo
científico,
ou
Art.
4º.
A
retirada
de
tecidos,
órgãos
e
partes
altruístico,
a
disposição
gratuita
do
próprio
do
corpo
de
pessoas
falecidas
para
transplantes
corpo,
no
todo
ou
em
parte,
para
depois
da
ou
outra
finalidade
terapêutica,
dependerá
da
morte.
autorização
do
cônjuge
ou
parente,
maior
de
Parágrafo
único.
O
ato
de
disposição
pode
ser
idade,
obedecida
a
linha
sucessória,
reta
ou
livremente
revogado
a
qualquer
tempo.
colateral,
até
o
segundo
grau
inclusive,
firmada
em
documento
subscrito
por
duas
testemunhas
presentes
à
verificação
da
morte.
O
art.
14,
CC/02,
estabelece
a
validade
da
disposição
do
próprio
corpo
para
depois
da
morte,
sendo
válida
essa
declaração
feita
pelo
sujeito
em
vida.
Pelo
texto
do
CC/02,
esse
ato
de
disposição
da
pessoa
humana
pode
ser
livremente
revogado
a
qualquer
tempo.
Por
outro
lado,
o
art.
4º,
da
Lei
9434/97,
estabelece
que
é
o
familiar
que
dispõe
aceca
dos
órgãos
da
pessoa
falecida.
Nesse
contexto,
a
solução
do
art.
14,
do
CC/02
é
diferente
da
solução
dada
pela
Lei
9.434/97.
O
entendimento
que
predomina
é
que
os
dispositivos
são
inconciliáveis.
Diante
disso,
a
lei
nova
teria
revogado
a
lei
anterior,
mesmo
que
a
novel
legislação
seja
geral.
Assim,
a
solução
normalmente
defendida
é
que
prevalece
a
lei
mais
nova,
ainda
que
o
diploma
seja
de
caráter
geral,
se
o
dispositivo
novo
for
inconciliável
com
a
lei
anterior.
Nessa
esteira
de
raciocínio,
cite-‐se
o
Enunciado
277,
do
Conselho
da
Justiça
Federal.
Enunciado
277,
CJF.
O
art.
14
do
CC,
ao
afirmar
a
validade
da
disposição
gratuita
do
próprio
corpo,
com
objetivo
científico
ou
altruístico,
para
depois
da
morte,
determinou
que
a
manifestação
expressa
do
doador
de
órgãos
em
vida
prevalece
sobre
a
vontade
dos
familiares,
portanto,
a
aplicação
do
art.
4º,
da
Lei
9.434/97
ficou
restrita
à
hipótese
de
silêncio
do
potencial
doador.
Art. 1.521, IV, do Código Civil de 2002 Art. 2º, do Decreto-‐Lei 3.200/41
14
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Art.
1.521.
Não
podem
casar:
Art.
2º
Os
colaterais
do
terceiro
grau,
que
IV
–
os
irmãos,
unilaterais
ou
bilaterais,
e
pretendam
casar-‐se,
ou
seus
representantes
demais
colaterais,
até
o
terceiro
grau
inclusive.
legais,
se
forem
menores,
requererão
ao
juiz
competente
para
a
habilitação
que
nomeie
dois
médicos
de
reconhecida
capacidade,
isentos
de
suspensão,
para
examiná-‐los
e
atestar-‐lhes
a
sanidade,
afirmando
não
haver
inconveniente,
sob
o
ponto
de
vista
da
sanidade,
afirmando
não
haver
inconveniente,
sob
o
ponto
de
vista
da
saúde
de
qualquer
deles
e
da
prole,
na
realização
do
matrimônio.
Nesse
caso,
é
possível
conciliar
a
regra
geral
com
a
regra
especial.
É
possível
afirmar,
portanto,
que
o
Código
Civil
tem
um
caráter
geral
de
proibição
e
o
art.
2º,
do
DL
3.200/41
tem
uma
regra
com
caráter
de
exceção.
Nesse
sentido,
confira-‐se
o
Enunciado
98,
do
CJF.
Enunciado
98,
CJF.
Art.
1521,
IV,
do
novo
CC:
O
inciso
IV
do
art.
1521
deve
ser
interpretado
à
luz
do
Decreto-‐Lei
n.
3.200/41
no
que
se
refere
à
possibilidade
de
casamento
entre
colaterais
de
3º
grau.
No
CC/02,
há
um
clássico
exemplo
contido
no
art.
2.038,
que
trata
de
enfiteuses/subenfiteuses
em
bens
particulares.
Art.
2.038.
Fica
proibida
a
constituição
de
enfiteuses
e
subenfiteuses,
subordinando-‐se
as
existentes,
até
sua
extinção,
às
disposições
do
Código
Civil
anterior,
Lei
no
3.071,
de
1o
de
janeiro
de
1916,
e
leis
posteriores.
§
1º.
Nos
aforamentos
a
que
se
refere
este
artigo
é
defeso:
I
-‐
cobrar
laudêmio
ou
prestação
análoga
nas
transmissões
de
bem
aforado,
sobre
o
valor
das
construções
ou
plantações;
II
-‐
constituir
subenfiteuse.
§
2º.
A
enfiteuse
dos
terrenos
de
marinha
e
acrescidos
regula-‐se
por
lei
especial.
O
novel
Código
proibiu
a
instituição
de
novas
enfiteuses,
mas
permitiu
a
aplicação
do
Código
Civil
anterior
para
as
enfiteuses
já
existentes.
Nesse
sentido,
para
situações
já
existentes
envolvendo
enfiteutas
e
senhorios,
aplicar-‐se-‐á
o
Código
Civil
anterior.
Nessa
esteira,
se
for
discutir
a
perda
do
direito
de
enfiteuses
por
falta
de
pagamento
de
foro,
a
situação
será
regulado
pela
CC/16.
Do
mesmo
modo,
discussões
sobre
laudêmio
também
observarão
a
legislação
anterior,
mesmo
que
se
trate
de
fatos
novos.
Outro
exemplo
está
disposto
no
art.
2035,
do
CC/02.
Art.
2.035.
A
validade
dos
negócios
e
demais
atos
jurídicos,
constituídos
antes
da
entrada
em
vigor
deste
Código,
obedece
ao
disposto
nas
leis
anteriores,
referidas
no
art.
2.045,
mas
os
seus
efeitos,
produzidos
após
a
vigência
deste
Código,
aos
preceitos
dele
se
subordinam,
salvo
se
houver
sido
prevista
pelas
partes
determinada
forma
de
execução.
Parágrafo
único.
Nenhuma
convenção
prevalecerá
se
contrariar
preceitos
de
ordem
pública,
tais
como
os
estabelecidos
por
este
Código
para
assegurar
a
função
social
da
propriedade
e
dos
contratos.
O
dispositivo
consagra
a
regra
do
Tempus
Regit
Actum,
que
dispõe
que
a
lei
vigente
irá
regular
a
existência
e
a
validade
do
ato.
Portanto,
se
foi
celebrado
um
contrato
em
1995,
deve-‐se
observar
a
conformidade
de
existência
e
validade
em
consonância
com
o
Código
antigo.
No
entanto,
no
tocante
à
eficácia,
haverá
efeitos
produzidos
na
vigência
da
lei
anterior
e
na
lei
nova.
Nesse
aspecto,
os
efeitos
consumados
na
vigência
da
lei
anterior
deverão
ser
regidos
pela
lei
anterior
e
os
efeitos
consumados
sob
a
égide
da
lei
nova
16
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
deverão
ser
regidos
pela
lei
nova.
Contudo,
como
exceção,
as
partes
podem
ter
eleito
uma
regra
de
caráter
dispositivo
para
reger
os
efeitos
do
negócio
jurídico.
Nesse
caso,
se
não
houver
incompatibilidade
com
a
ordem
pública,
os
efeitos
do
negócio
subordinar-‐se-‐ão
ao
que
foi
determinado
pelas
partes.
Nesse
sentido,
se
um
contrato
é
concluído
sob
a
égide
da
vigência
de
uma
lei
“X”,
os
planos
da
existência
e
validade
devem
também
ser
aferidos
com
base
nessa
legislação.
Se
esse
contrato
for
de
execução
instantânea,
essa
mesma
lei
“X”
regulará
a
eficácia
desse
contrato.
Por
outro
lado,
é
muito
comum
que
os
contratos
sejam
de
cumprimento
diferido
ou
continuado
(contrato
de
execução),
significando
que
a
eficácia
do
negócio
jurídico
será
continuada,
produzindo-‐se
efeitos
ao
longo
de
um
certo
tempo
de
duração.
Nessa
concepção,
se
o
contrato
tiver
duração
de
5
anos
e,
nesse
período,
sobrevier
uma
lei
Y
que
revogue
a
lei
X,
a
existência
e
validade
do
contrato
não
serão
afetadas,
pois
a
lei
Y
não
se
aplicará
nos
elementos
de
existência
e
pressupostos
da
validade.
Nesse
sentido,
se
o
contrato
era
válido
com
base
na
Lei
X,
não
poderá
haver
impacto
da
Lei
Y
nesses
elementos.
Sobre
o
assunto,
cite-‐se
o
art.
6º,
da
LINDB
e
art.
5,
XXXVI,
da
CF/88.
Constituição
da
República
Art.
5,
XXXVI
–
A
lei
não
prejudicará
o
direito
adquirido,
o
ato
jurídico
perfeito
e
a
coisa
julgada.
LINDB
Art.
6º
A
Lei
em
vigor
terá
efeito
imediato
e
geral,
respeitados
o
ato
jurídico
perfeito,
o
direito
adquirido
e
a
coisa
julgada.
(Redação
dada
pela
Lei
nº
3.238,
de
1957)
§
1º
Reputa-‐se
ato
jurídico
perfeito
o
já
consumado
segundo
a
lei
vigente
ao
tempo
em
que
se
efetuou.
(Incluído
pela
Lei
nº
3.238,
de
1957)
§
2º
Consideram-‐se
adquiridos
assim
os
direitos
que
o
seu
titular,
ou
alguém
por
ele,
possa
exercer,
como
aqueles
cujo
começo
do
exercício
tenha
termo
pré-‐fixo,
ou
condição
pré-‐estabelecida
inalterável,
a
arbítrio
de
outrem.
(Incluído
pela
Lei
nº
3.238,
de
1957)
§
3º
Chama-‐se
coisa
julgada
ou
caso
julgado
a
decisão
judicial
de
que
já
não
caiba
recurso.
(Incluído
pela
Lei
nº
3.238,
de
1957)
Por
sua
vez,
conforme
art.
2.035,
do
CC/02,
os
efeitos
de
um
contrato
devem
se
subordinar
aos
preceitos
da
lei
vigente
ao
tempo
da
consumação
do
respectivo
efeito,
salvo
se
houver
sido
prevista
pelas
partes
determinada
forma
de
execução.
Como
exemplo,
as
partes
podem
dispor
a
respeito
da
mora,
a
ser
preenchida
pela
lei
vigente
ao
tempo
em
que
o
efeito
se
consumar,
ou
seja,
no
momento
do
inadimplemento.
Nessa
regra,
não
há
17
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
colisão
com
a
autonomia
das
partes.
Por
outro
lado,
se
estas
acordaram
que,
em
caso
de
mora,
incidirá
juros
de
0,5%,
não
se
aplicará
a
lei
nova,
pois
expressamente
convencionaram
tal
aspecto.
Até
esse
ponto,
não
há
qualquer
discussão.
A
questão
torna-‐se
conflituosa
a
partir
da
dicção
do
parágrafo
único
do
art.
2.035,
do
CC/02.
Art.
2.035.
A
validade
dos
negócios
e
demais
atos
jurídicos,
constituídos
antes
da
entrada
em
vigor
deste
Código,
obedece
ao
disposto
nas
leis
anteriores,
referidas
no
art.
2.045,
mas
os
seus
efeitos,
produzidos
após
a
vigência
deste
Código,
aos
preceitos
dele
se
subordinam,
salvo
se
houver
sido
prevista
pelas
partes
determinada
forma
de
execução.
Parágrafo
único.
Nenhuma
convenção
prevalecerá
se
contrariar
preceitos
de
ordem
pública,
tais
como
os
estabelecidos
por
este
Código
para
assegurar
a
função
social
da
propriedade
e
dos
contratos.
O
referido
dispositivo
estabelece
que
nenhuma
convenção
social
irá
prevalecer
se
for
contrária
à
lei
imperativa/cogente/de
ordem
pública
superveniente.
Nesses
casos,
mesmo
em
caso
de
convenção
das
partes,
a
lei
nova
afastaria
o
modo
de
execução
convencionado.
Em
situações
como
essa,
questiona-‐se
a
ocorrência
de
lesão
ao
ato
jurídico
perfeito.
Para
responder
essa
questão,
deve-‐se
pensar
na
seguinte
situação:
Contratos
do
sistema
financeiro
de
habitação
celebrados
nos
anos
de
1980
previam
que
o
saldo
devedor
seria
reajustado
com
base
em
um
determinado
índice
de
inflação
(INPC).
Por
outro
lado,
outros
contratos
previam
que
o
saldo
devedor
seria
reajustado
pelo
mesmo
índice
da
caderneta
de
poupança.
Ocorre
que
sobreveio
uma
lei
nova
que
estabeleceu
que
a
poupança
seria
reajusta
com
base
na
Taxa
Referencial
(que
não
seria
um
índice
de
inflação,
mas
sim
uma
taxa
de
referência
composta
por
informações
que
não
se
restringem
apenas
à
correção
monetária).
Essa
mesma
norma
também
determinou
que
seus
ditames
seria,
aplicáveis
a
todos
os
contratos
do
SFH
a
partir
de
sua
entrada
em
vigor.
Nesse
sentido,
os
reajustes
ocorridos
após
a
lei
deveriam
ser
feitos
com
base
na
TR.
A
partir
de
então,
duas
situações
surgiram:
(a)
contratos
que
já
tinham
um
índice
específico
de
reajuste
foram
afetados
pela
nova
lei,
que
determinou
que
o
reajuste,
em
verdade,
deveria
ter
como
base
a
TR.
É
essa
a
discussão
da
ADI
493/DF,
julgada
em
1992.
18
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
(b)
contratos
que
já
tinham
como
parâmetro
a
caderneta
de
poupança
–
Para
o
STF,
não
houve
qualquer
problema,
pois
o
reajuste
já
estava
vinculado
à
caderneta
de
poupança,
sujeitando-‐se
às
suas
respectivas
alterações.
Na
ADI
493/DF,
o
STF
entendeu
que
a
lei
não
poderá
prejudicar
o
que
já
foi
devidamente
pactuado
no
passado.
Então,
se
a
lei
alcançar
os
efeitos
futuros
de
contratos
celebrados
anteriormente
a
ela,
será
essa
lei
retroativa
(retroatividade
mínima),
porque
vai
interferir
na
causa,
que
é
um
ato
ou
fato
ocorrido
no
passado.
Nesse
contexto,
o
disposto
no
art.
5,
XXXVI,
da
Constituição
Federal
aplica-‐se
a
toda
e
qualquer
lei
infraconstitucional,
sem
qualquer
distinção
entre
lei
de
direito
público
e
lei
de
direito
privado,
ou
entre
lei
de
ordem
pública
e
lei
dispositiva.
O
STF
entendeu
que
o
ato
jurídico
perfeito
deve
ser
respeitado
tanto
pelas
normas
dispositivas,
quanto
pelas
normas
cogentes.
Note-‐se:
Ação
direta
de
inconstitucionalidade.
-‐
Se
a
lei
alcançar
os
efeitos
futuros
de
contratos
celebrados
anteriormente
a
ela,
será
essa
lei
retroativa
(retroatividade
mínima)
porque
vai
interferir
na
causa,
que
é
um
ato
ou
fato
ocorrido
no
passado.
-‐
O
disposto
no
artigo
5,
XXXVI,
da
Constituição
Federal
se
aplica
a
toda
e
qualquer
lei
infraconstitucional,
sem
qualquer
distinção
entre
lei
de
direito
público
e
lei
de
direito
privado,
ou
entre
lei
de
ordem
pública
e
lei
dispositiva.
Precedente
do
S.T.F..
-‐
Ocorrência,
no
caso,
de
violação
de
direito
adquirido.
A
taxa
referencial
(TR)
não
é
índice
de
correção
monetária,
pois,
refletindo
as
variações
do
custo
primário
da
captação
dos
depósitos
a
prazo
fixo,
não
constitui
índice
que
reflita
a
variação
do
poder
aquisitivo
da
moeda.
Por
isso,
não
há
necessidade
de
se
examinar
a
questão
de
saber
se
as
normas
que
alteram
índice
de
correção
monetária
se
aplicam
imediatamente,
alcançando,
pois,
as
prestações
futuras
de
contratos
celebrados
no
passado,
sem
violarem
o
disposto
no
artigo
5,
XXXVI,
da
Carta
Magna.
-‐
Também
ofendem
o
ato
jurídico
perfeito
os
dispositivos
impugnados
que
alteram
o
critério
de
reajuste
das
prestações
nos
contratos
já
celebrados
pelo
sistema
do
Plano
de
Equivalência
Salarial
por
Categoria
Profissional
(PES/CP).
Ação
direta
de
inconstitucionalidade
julgada
procedente,
para
declarar
a
inconstitucionalidade
dos
artigos
18,
"caput"
e
parágrafos
1
e
4;
20;
21
e
parágrafo
único;
23
e
parágrafos;
e
24
e
parágrafos,
todos
da
Lei
n.
8.177,
de
1
de
maio
de
1991.
(ADI
493,
Relator(a):
Min.
MOREIRA
ALVES,
Tribunal
Pleno,
julgado
em
25/06/1992,
DJ
04-‐09-‐1992
PP-‐14089
EMENT
VOL-‐01674-‐02
PP-‐00260
RTJ
VOL-‐00143-‐03
PP-‐00724).
Portanto,
na
composição
do
STF
em
1992,
esse
foi
o
entendimento
da
corte.
Ocorre
que
houve
mudança
na
composição
do
Tribunal
e
outro
caso
surgiu.
Caso
da
periodicidade
de
reajuste
de
contrato
de
locação
e
o
plano
real:
pela
lei
anterior
ao
plano
real,
os
contratos
de
locação
poderiam
ser
reajustados
semestralmente.
19
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Por
sua
vez,
uma
lei
nova
sobreveio
e
dispôs
que,
por
uma
questão
de
estabilidade
monetária,
seria
imperativo
que
todos
os
contratos
de
locação
tivessem
reajuste
anual,
inclusive
os
contratos
em
curso.
Para
os
contratos
que
dispunham
que
os
reajustes
deveriam
se
dar
na
forma
da
lei,
não
houve
problemas.
Por
sua
vez,
aqueles
contratos
que
previam
expressamente
um
reajuste
semestral
foram
prejudicados
pela
lei
nova.
Nesse
caso,
a
lei
nova
afetou
o
que
já
foi
combinado
no
passado,
tornando-‐a,
em
tese,
inconstitucional,
se
seguirmos
o
entendimento
da
ADI
493/DF.
Sobre
o
tema,
o
STF
manifestou-‐se
no
Informativo
783,
de
2015
(RE
211304/RJ).
Nesse
caso,
entendeu-‐se
que
não
seria
inconstitucional
a
incidência
imediata
sobre
os
contratos
vigentes,
aplicando-‐se
tanto
aos
contratos
novos,
quanto
aos
contratos
em
curso
ainda
pendentes
de
execução.
Ementa:
CONSTITUCIONAL
E
ECONÔMICO.
SISTEMA
MONETÁRIO.
PLANO
REAL.
NORMAS
DE
TRANSPOSIÇÃO
DAS
OBRIGAÇÕES
MONETÁRIAS
ANTERIORES.
INCIDÊNCIA
IMEDIATA,
INCLUSIVE
SOBRE
CONTRATOS
EM
CURSO
DE
EXECUÇÃO.
ART.
21
DA
MP
542/94.
INEXISTÊNCIA
DE
DIREITO
ADQUIRIDO
À
MANUTENÇÃO
DOS
TERMOS
ORIGINAIS
DAS
CLÁUSULAS
DE
CORREÇÃO
MONETÁRIA.
1.
A
aplicação
da
cláusula
constitucional
que
assegura,
em
face
da
lei
nova,
a
preservação
do
direito
adquirido
e
do
ato
jurídico
perfeito
(CF,
art.
5º,
XXXVI)
impõe
distinguir
duas
diferentes
espécies
de
situações
jurídicas:
(a)
as
situações
jurídicas
individuais,
que
são
formadas
por
ato
de
vontade
(especialmente
os
contratos),
cuja
celebração,
quando
legítima,
já
lhes
outorga
a
condição
de
ato
jurídico
perfeito,
inibindo,
desde
então,
a
incidência
de
modificações
legislativas
supervenientes;
e
(b)
as
situações
jurídicas
institucionais
ou
estatutárias,
que
são
formadas
segundo
normas
gerais
e
abstratas,
de
natureza
cogente,
em
cujo
âmbito
os
direitos
somente
podem
ser
considerados
adquiridos
quando
inteiramente
formado
o
suporte
fático
previsto
na
lei
como
necessário
à
sua
incidência.
Nessas
situações,
as
normas
supervenientes,
embora
não
comportem
aplicação
retroativa,
podem
ter
aplicação
imediata.
2.
Segundo
reiterada
jurisprudência
do
Supremo
Tribunal
Federal,
as
normas
que
tratam
do
regime
monetário
-‐
inclusive,
portanto,
as
de
correção
monetária
-‐,
têm
natureza
institucional
e
estatutária,
insuscetíveis
de
disposição
por
ato
de
vontade,
razão
pela
qual
sua
incidência
é
imediata,
alcançando
as
situações
jurídicas
em
curso
de
formação
ou
de
execução.
É
irrelevante,
para
esse
efeito,
que
a
cláusula
estatutária
esteja
reproduzida
em
ato
negocial
(contrato),
eis
que
essa
não
é
circunstância
juridicamente
apta
a
modificar
a
sua
natureza.
3.
As
disposições
do
art.
21
da
Lei
9.069/95,
resultante
da
conversão
da
MP
542/94,
formam
um
dos
mais
importantes
conjuntos
de
preceitos
normativos
do
Plano
REAL,
um
dos
seus
pilares
essenciais,
justamente
o
que
fixa
os
critérios
para
a
transposição
das
obrigações
monetárias,
inclusive
contratuais,
do
antigo
para
o
novo
sistema
monetário.
São,
20
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
portanto,
preceitos
de
ordem
pública
e
seu
conteúdo,
por
não
ser
suscetível
de
disposição
por
atos
de
vontade,
têm
natureza
estatutária,
vinculando
de
forma
necessariamente
semelhante
a
todos
os
destinatários.
Dada
essa
natureza
institucional
(estatutária),
não
há
inconstitucionalidade
na
sua
aplicação
imediata
(que
não
se
confunde
com
aplicação
retroativa)
para
disciplinar
as
cláusulas
de
correção
monetária
de
contratos
em
curso.
4.
Recurso
extraordinário
a
que
se
nega
provimento.
(RE
211304,
Relator(a):
Min.
MARCO
AURÉLIO,
Relator(a)
p/
Acórdão:
Min.
TEORI
ZAVASCKI,
Tribunal
Pleno,
julgado
em
29/04/2015,
DJe-‐151
DIVULG
31-‐07-‐2015
PUBLIC
03-‐08-‐2015
EMENT
VOL-‐03992-‐02
PP-‐00339).
Trata-‐se
de
uma
questão
de
argumentação.
Para
a
Corte,
hoje,
as
normas
de
ordem
pública
são
impostas
a
todos,
para
as
situações
a
serem
consolidadas
posteriormente,
mesmo
que
a
partes
tenham
pactuado
de
forma
distinta.
A
ideia
é
de
não
prevalência
do
interesse
individual
em
detrimento
de
interesses
metaindividuais.
Portanto,
hoje,
na
perspectiva
do
STF,
tem-‐se
uma
interpretação
em
conformidade
com
o
parágrafo
único
do
art.
2.045,
do
Código
Civil.
Se
o
efeito
ainda
está
pendente
de
consumação
e
sobrevier
norma
de
natureza
institucional/cogente,
os
efeitos
do
contrato
subordinar-‐se-‐ão
à
nova
legislação.
No
mesmo
sentido,
o
STJ
já
havia
interpretado
que
a
multa
condominial
do
CC/02
(2%)
se
aplica
inclusive
aos
condomínios
cuja
convenção
fizesse
referência
ao
limite
de
20%
da
legislação
anterior.
Nesse
sentido,
os
inadimplementos
ocorridos
a
partir
do
Novo
Código
Civil
estariam
sujeitos
a
um
limite
de
2%.
Art.
1.336.
São
deveres
do
condômino:
(...)
§1º.
O
condômino
que
não
pagar
a
sua
contribuição
ficará
sujeito
aos
juros
moratórios
convencionados
ou,
não
sendo
previstos,
os
de
um
por
cento
ao
mês
e
multa
de
até
dois
por
cento
sobre
o
débito.
21
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Art.
4º.
Quando
a
lei
for
omissa,
o
juiz
decidirá
o
caso
de
acordo
com
a
analogia,
os
costumes
e
os
princípios
gerais
de
direito.
No
entanto,
valei
ressaltar
que
a
visão
dos
princípios
como
mera
fonte
supletiva
amolda-‐se
a
um
sistema
positivista,
digno
dos
códigos
oitocentistas,
tal
como
o
código
de
1916.
Nessa
época,
a
ideia
era
de
que
os
princípios,
por
serem
de
textura
muito
aberta
e
indeterminada,
deveriam
ser
reservados
apenas
às
situações
em
que
não
se
pudesse
resolver
o
conflito
de
maneira
positiva.
Nesse
sentido,
os
princípios
eram
vistos
como
a
última
opção
para
a
solução
dos
conflitos.
22
www.cursoenfase.com.br
Direito
Civil
I
–
Parte
Geral
O
presente
material
constitui
resumo
elaborado
por
equipe
de
monitores
a
partir
d a
aula
ministrada
pelo
professor
em
sala.
Recomenda-‐se
a
complementação
do
estudo
em
livros
doutrinários
e
na
jurisprudência
dos
Tribunais.
Ocorre
que
essa
visão
do
art.
3º,
da
LINDB,
não
está
em
conformidade
com
a
nova
concepção
que
se
tem
dos
princípios.
Atualmente,
os
princípios
não
são
vistos
como
fonte
supletiva
remota,
mas
sim
como
verdadeira
fonte
normativa
imediata.
Na
atual
concepção,
os
princípios
passam
a
ser
enunciações
normativas
de
valor
genérico.
Nesse
contexto,
dentro
do
conceito
de
norma
jurídico,
teremos
os
princípios
e
a
regras.
Assim,
os
princípios
deixam
ser
mera
fonte
supletiva
e
passam
a
ser
uma
espécie
de
norma.
No
âmbito
do
direito
civil,
os
princípios
passam
a
atuar
como
cláusulas
gerais,
isto
é,
aquelas
cláusulas
que
possuem
conceito
aberto
e
cujos
efeitos
também
são
abertos,
cabendo
ao
intérprete
definir
o
que
são
ditas
normas
e
determinar
os
respectivos
efeitos.
Na
atualidade,
o
julgador
define
o
conteúdo
do
princípio
e
aplica-‐o
ao
caso
concreto,
sem
as
amarras
objetivas
da
lei.
Para
isso,
deve-‐se
observar
os
paradigmas
que
o
CC/02
estabeleceu:
(i)
Operabilidade;
(ii)
Eticidade;
(iii)
Socialidade
–
cláusula
geral
de
função
social.
Portanto,
os
princípios
não
devem
ser
enxergados
como
mera
fonte
supletiva
remota.
Pode
haver,
inclusive,
antinomia
entre
princípio
e
regra,
devendo
o
juiz
decidir
qual
deles
deve
aplicar
no
caso
concreto.
Em
muitos
casos,
determinadas
regras
são
afastas
por
determinados
princípios.
Vale
destacar
que
esse
assunto
será
visto
ao
longo
de
todas
as
aulas
do
curso
de
Direito
Civil.
23
www.cursoenfase.com.br