& LIBERALISMO
Abimael de Jesus Barros Costa
Adriano de Carvalho Paranaiba
Débora Canongia Furtado
Eliezé Bulhões de Carvalho
Graziele Araújo Moura
Marcos Paulo Schlickmann
Rafael Medeiros Hespanhol
Autores
Editora Kelps
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CEP 74.560-460 - Goiânia - GO
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Comissão Técnica
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Revisão:
Priscilla Guerra Guimarães Bernardes
Arte da Capa:
Fhilipe Nathan Silva Arantes
154p.:il
ISBN: 978-85-400-1895-2
CDU: 656.135
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2016
Au t o r e s
A le x a n d re S a n to s H élio B eltrão
A lu ísio A m aral Ie so C o s ta M a rq u e s
A n a m a r ia C a m a rg o Ig o r F erreira P in to
A n d ré C e sa r in o Ja d so n H o n o rato S im õ e s
B ren n er N e p o m u c e n o Jo ã o M a rc o s B atista
D a n ie l C o e lh o M an o e l Jo a q u im D e A r ru d a
D u a r te R o c h a A n tu n es M a rian a G u im a rã e s
E d u a r d o R ib eiro P atrícia M a rg o n
E lain e R ad el P au lo R am ire s
E w erton L im a R an ie r P ereira D e L im a
U
m dos maiores desafios da humanidade nos dias atuais é o de
repensar e redefinir a maneira como as pessoas se locomovem,
localmente ou entre as cidades e os países. Por isso, o setor de
transportes com seus diversos modais, bem como a decorrente demanda
por altos investimentos em infraestrutura, precisa de uma atenção toda
especial da sociedade e das pessoas envolvidas em políticas públicas. Isto
inclui reavaliar os meios, métodos e formatos de se olhar para a questão.
Tamanha é a importância disso, que as grandes manifestações no Brasil
de 2013 começaram justamente por causa da existência de problemas
relacionados ao transporte urbano de passageiros e que, infelizmente,
resultou apenas na adoção de propostas e soluções estapafúrdias, como foi
a ideia do chamado “passe livre”. Milton Friedman já dizia que não existe
almoço grátis e sabemos que o atual modelo de concessões mantidas por
enormes subsídios governamentais não se sustenta no longo prazo.
Quando o Instituto Liberdade e Justiça foi projetado, uma das nossas
principais preocupações era a de que precisamos pegar as excelentes
propostas e princípios do liberalismo, que já são defendidos com maestria
por outros T h in k -T a n k s do Brasil, e fazermos uma conexão desses princípios
com as reais demandas da sociedade em que estamos inseridos. Ou seja,
nossa proposta institucional é atuar tanto na divulgação das idéias, quanto
oferecer propostas práticas para o mundo em que vivemos a partir de uma
perspectiva genuinamente liberal.
O Brasil precisa com muita urgência corrigir os modelos fracassados
que vêm sendo adotados pelos governos, especialmente nas áreas de
transportes e de mobilidade urbana. Infelizmente, parece existir sempre
uma desconexão entre aquilo que a população de cada município
verdadeiramente necessita e a maioria das propostas apresentadas e
adotadas por esses governos. Existem, ainda, dois princípios que sempre
são negligenciados nos atuais modelos de concessões, permissões e
autorizações públicas, que é o do livre mercado e da ordem espontânea.
Com isso os cidadãos são forçados a utilizar sistemas de transporte
planejados, de forma centralizada por burocratas ou técnicos ligados
às empresas que buscam favores do Estado, com modelos de negócio
baseados em monopólios ou oligopólios. Graças a esse formato as tarifas
ou preços cobrados dos consumidores são amplamente regulamentados
pelos governos e não estabelecidos conforme preceitos de mercado, o que
acaba tornando os serviços caros e ineficientes na maioria dos casos.
Outro ponto que este livro busca desmistificar é sobre os verdadeiros
interesses relacionados às enormes forças burocráticas e regulatórias que
impedem a entrada de novos p la y e r s no mercado, forçando a população
a se tornar refém das empresas concessionárias ou permissionárias. A
tentativa realizada no presente constructo é de responder à questão sobre
quem realmente é beneficiado por este modelo, se é o interesse público
ou se ele tem servido apenas para estimular parcerias indevidas entre
autoridades políticas e grupos empresariais. No Brasil, por exemplo, o setor
de transportes aéreos é extremamente fechado, ficando nas mãos de poucas
empresas e sem a possibilidade de entrada de investimentos e companhias
aéreas de outros países e o mesmo ocorre no setor de transportes urbanos,
onde a maioria das cidades possuem apenas uma ou poucas companhias
que detém a concessão para explorar linhas, em um ambiente em que
praticamente inexiste a possibilidade da adoção de meios alternativos
de microtransporte oferecidos pelo mercado, como é o caso do U ber.
Importante lembrar que isso se repete nos outros setores.
É intrínseco entendermos como o Estado escolhe mal os investimentos
e intervém de maneira indevida nesses setores, agindo muito mais de maneira
política do que de em prol de melhorias para a sociedade. Os empresários
acabam investindo muito mais em r e n t se e k in g (vulgarmente conhecido
como lo b b y ) do que em melhorar seus projetos e planos de negócio.
A partir dessas premissas é que surgiu o nosso primeiro e desa
fiador projeto, que é o presente livro sobre Transporte e Liberalismo,
o qual é coordenado por nosso Diretor de Pesquisa e Ensino, Adriano
Paranaiba, e que consiste em uma construção acadêmica e propositiva
para cada modal de transporte feito por especialistas que já trabalham
no setor e que possuem pesquisas sobre cada assunto, sempre dentro
de perspectiva liberal, seja da Escola Austríaca ou do P u b lic C h o ic e . A
leitura deste livro não trará soluções genéricas, que caibam em todas as
cidades, mas servirá para mostrar alguns caminhos para as melhores
soluções já existentes no mundo, quebrando especialmente a ideia da
existência de monopólios naturais.
Giuliano F. Miotto
Advogado e Presidente do Instituto Liberdade e Justiça
Apr esen ta ç ã o
E
m tempos de crise econômica e estatismo exacerbado, quais seriam
algumas alternativas para que pudéssemos lidar da maneira mais
racional possível com os desafios do transporte nacional? De que
maneira pode o liberalismo contribuir para a mobilidade urbana? O
Instituto Liberdade e Justiça, através de sua diretoria de Ensino e Pesquisa,
reuniu neste livro diversos profissionais de áreas específicas de transportes
para propor algumas soluções para estes questionamentos por meio de
alternativas viáveis sob uma perspectiva liberal.
Precisamos do Estado para fornecer as nossas estradas e ruas? O Estado
é de fato eficiente para fornecer este tipo de infraestrutura? Seria possível
em um mundo real financiarmos nossa própria infraestrutura? Essas são as
questões sobre as quais se debruçam os autores Adriano Paranaíba e Graziele
Araújo Moura no capítulo I. Para respondê-las, diferentes alternativas de
investimentos em infraestrutura urbana são avaliadas: Parcerias Público-
privadas, Operações Urbanas Consorciadas, Ganho em valores das
propriedades ou mesmo um modelo de cidade livre, no qual cidadãos
comuns participam como acionistas da infraestrutura construída.
O capítulo II, traz o estudo de Marcos Paulo Schlickmann sobre
transporte coletivo e soluções de mercado para a mobilidade urbana. Nele,
o autor analisa o papel da iniciativa privada no transporte coletivo urbano,
começando com a realidade atual da maioria dos municípios brasileiros
que privilegiam a competição pelo mercado através de concessões públicas.
Em seguida, entra para a análise do quadro, o transporte alternativo
cuja regulação deveria ser mínima, seguindo e/ou adaptando exemplos
de sucesso de outros países. Por fim, Schlickmann discute o papel da
economia compartilhada, que de maneira inovadora, trouxe para a
realidade da mobilidade urbana, o microtransporte. O autor conclui que a
evolução na adoção destes sistemas de transporte coletivo privado influirá
decisivamente na construção de cidades mais convidativas e sustentáveis.
No capítulo III, sobre o transporte aéreo, Rafael Medeiros Hespanhol
faz um histórico sobre o mercado da aviação no Brasil e destaca o impacto
da diminuição da intervenção estatal como propulsora da forte evolução
recente. Com o mercado mais livre para atuar, uma maior concorrência
resultou em mais amplo acesso da população a esse meio de transporte e
na diminuição do seu preço final. No entanto, o estudo aponta também
que, devido à limitação da infraestrutura aeroportuária, da falta de
um planejamento que leve em conta o impacto de novas tecnologias
e das barreiras impostas a possíveis entrantes nesse mercado, apesar da
liberalização já ocorrida, o crescimento da oferta, o aumento da competição
e a queda das tarifas médias, ainda enfrentaram fortes obstáculos.
Adiante, no capítulo IV sobre transporte hidroviário, Eliezé Bulhões
de Carvalho faz um estudo técnico sobre um modelo alternativo para
avaliação de projetos de infraestrutura para hidrovias. Através do modelo
proposto, a Teoria de Opções Reais (TOR), potenciais investidores teriam
mais flexibilidade em seu planejamento de modo a poder alterar o plano
de investimentos de acordo com novas condições econômicas, o que não é
previsto pelos métodos tradicionais de análise financeira. Segundo o autor,
a adoção desse modelo alternativo permitiria ao gestor público aumentar
a atratividade do negócio para parceiros privados, diminuindo assim a
carência de investimentos no setor hidroviário nacional cuja utilização está
muito abaixo de sua capacidade.
No capítulo V, sobre concessões rodoviárias, os autores Abimael de
Jesus Barros Costa e Débora Canongia Furtado partem de um apanhado
histórico e da descrição de experiência internacionais para propor um
modelo conceituai, baseado na Teoria dos Custos de Transação, como
contraponto aos atuais modelos de contratos de concessões. Diante da
perda de autonomia funcional das agências reguladoras, apresenta-se uma
alternativa, menos regulada pelo Estado, que garanta a sustentabilidade
econômico-financeira das novas concessões rodoviárias brasileiras e o
aumento da eficiência de sua exploração.
Para concluir, no capítulo VI, os autores Graziele Araújo Moura e Eliezé
Bulhões de Carvalho fazem um breve estudo sobre a evolução histórica das
ferrovias no Brasil, especialmente sob a perspectiva econômica. O objetivo
deste estudo é o de fornecer subsídios para um melhor entendimento
sobre os principais obstáculos enfrentados por este setor de transportes
e, sob uma ótica liberal, analisar como a falta de eficiência econômica tem
dificultado seu desenvolvimento no Brasil.
Anamaria Camargo
Educadora e Presidente do Conselho de Administração ILJ
Su m á r io
S e m o g o v e r n o , q u e m vai c o n s t r u i r a s r u a s e a s
ESTRADAS?
Adriano Paranaiba / Graziele Araújo Moura.............................................21
U m N o v o m o d e l o p a r a Av a l ia ç ã o d e P r o j e t o s d e
INFRAESTRUTURA PARA AS H IDROVIAS BRASILEIRAS
Eliezé Bulhões de Carvalho........................................................................... 77
Av ia ç ã o p a r a t o d o s : C o m o o l iv r e m e r c a d o t e m
POPULARIZADO O TRANSPORTE AÉREO
Rafael Medeiros Hespanhol..........................................................................97
C o n c e s s õ e s Ro d o v iá r ia s B r a s il e ir a s : r e q u is it o s de
M o d e l o c o n c e i t u a l p a r a A u m e n t o d a Ef i c i ê n c i a d e
Ex p l o r a ç ã o .................................................................................................
Abimael de Jesus Barros Costa / Débora Canongia Furtado.................117
B r a s il f o r a d o s t r i l h o s : a e x p e r i ê n c i a f e r r o v i á r i a
BRASILEIRA
Graziele Araújo Moura / Eliezé Bulhões de Carvalho............................. 139
Sem o g o v e r n o , q u e m vai
CONSTRUIRAS RUAS E AS ESTRADAS?
Adriano Paranaiba
Graziele Araújo Moura
“O s m e r c a d o s im p e r f e ito s s ã o s u p e r io r e s a o p la n e ja m e n to im p e r f e ito ”1
INTRODUÇÃO
1Lal, Deepak, "A Pobreza das Teorias Desenvolvimentistas", Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1987, pág. 131.
-21 -
Desta forma os Estados-nações começaram, a partir dos anos 1990, a
delegar a implantação de infraestrutura (construção, reforma e exploração)
a uma empresa específica ou a um consórcio de empresas. O que ocorreu
foi que graças aos montantes virtuosos de dinheiro investidos nestas obras,
a iniciativa privada se interessou pelos negócios em obras de infraestrutura.
Porém, no Brasil, esta transição foi feita de modo que o investimento em si,
de fato, não saiu das mãos do governo.
Ao analisar as privatizações/concessões que foram passadas para
a iniciativa privada, as garantias oferecidas pelas empresas, em linhas
gerais, eram propostas a partir de financiamentos oferecidos por bancos
públicos. Neste caso, na opção brasileira de privatização o risco e o custo
do investimento na infraestrutura de transporte permaneceram nos cofres
públicos, ou seja, deslocou-se apenas a conta do endividamento de uma
mesa para outra dentro do mesmo governo.
Outro problema no tocante ao gasto público com obras de infraes-
trutura é sinalizado por Flyvbjerg (2013) são as estimativas ex-ante2 dos
custos e benefícios de projetos, ou seja, análises de benefício-custo, avalia
ções de impacto social e ambiental, que são, em diversos casos, tipicamente
diferentes dos custos e benefícios ex-post3 reais.
Os estudos de Flyvbjerg, Bruzelius e Rothengatter (2003) e Flyvbjerg,
Holm e Buhl (2002,2005) apontam como as previsões de custos e benefícios
de grandes projetos são tendenciosas e muito imprecisas. Isso indica que o
gasto público, via de regra, acaba por trazer um endividamento maior do
que o planejado e com benefícios inferiores aos desejados pela população.
A experiência brasileira remete a uma forte dependência d e f u n d i n g
público, que, mesmo demonstrando grandes avanços nas estruturas
financeiras vem a apresentar-se insuficiente para atender a demanda de
investimentos em infraestrutura, entre estes os voltados à mobilidade
urbana (OLIVEIRA FILHO, 2013), rodovias e ferrovias.
Apesar de em 2015 a emenda constitucional n° 90 incluir o transporte
como direito social, o que se vê hoje é uma tentativa fracassada do governo
de oferecer este serviço. Desta forma a inclusão na Constituição Federal
2 Baseado em suposições
³ Baseado em fatos, após a concretização do projeto
-22-
deste direito social em nada influenciou na qualidade da prestação deste
serviço. A população continua sem estas infraestruturas e muitas vezes
não consegue financiar suas próprias condições de mobilidade sem a
intervenção estatal, já que muitas vezes as alternativas são pesadamente
oneradas através de impostos que serviri am para financiar estes serviços.
Diante deste cenário este capítulo tem o objetivo de contextualizar e
questionar o modelo preconizado para o financiamento das infraestruturas
de transporte, destacando os benefícios e malefícios econômicos deste
bem ser oferecido de maneira estatal ou pela iniciativa privada. Ao final, a
intenção é fazer uma proposição de um modelo que considera uma menor
intervenção estatal nestas infraestruturas como mais eficaz para atender à
estas questões.
l. u m e x e m p l o l ú d i c o : O C a s o d o s d o i s f a z e n d e i r o s
e o f r e e -R id e r
-24-
Para tornar o exemplo mais próximo da realidade, basta observar
que, conforme dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em
2015, R$ 3,5 bilhões de reais são perdidos - por ano - no escoamento de
soja e milho, aumentando o custo operacional do agronegócio em 30,5%,
e isso apenas na produção de soja e milho. Estatísticas apontam que, para
construir uma rodovia o gasto estimado é de R$1,3 milhões, ou seja: com
as perdas anuais do escoamento de soja e milho seria possível construir
2,7 mil quilômetros de rodovias por ano. Esses números são grandes o
suficiente para nos levar a uma reflexão importante. Mais do que gerar
economia, o mito do f r e e r id e r pode ser encarado como uma externalidade
positiva - para todos os agentes envolvidos5.
5 Não é o objetivo do texto questionar os impostos pagos pelos produtores de soja e milho, mas imaginem o
tamanho da economia, caso ocorra uma desobrigação de encargos caso os agricultores construíssem as estradas?
Além disso, muita gente iria querer construir estradas, não é verdade?
-25-
A experiência internacional indica a importância de um maior
envolvimento do setor privado. Estes foram grandes protagonistas na
transformação da infraestrutura em países como o Chile e Malásia, e
possivelmente serão no caso do Brasil. O papel destes e de outros agentes,
enquanto investidores em infraestrutura irá depender da qualidade da ação
do Estado, particularmente da percepção das agências reguladoras como
âncoras de estabilidade, competência técnica e transparência. Ao reduzir
as incertezas da ação do Estado e consequentemente facilitar a precificação
de riscos e retornos, o quadro legal e regulatório se torna fundamental na
mobilização dos recursos direcionados para infraestrutura (IPEA, 2008).
É visível a necessidade de uma revisão na forma da participação
dos governos com investimento público, bem como é importante rever a
condução das parcerias público-privadas no Brasil, especificamente para
obras e investimentos em mobilidade urbana, no tocante do financiamento
da infraestrutura dos mesmos.
Frente à tendência mundial de participação do setor privado em
investimentos públicos, se faz necessário a observação de modelos que
de fato estimulem a ocorrência destes investimentos, tornando o cenário
atrativo para estes investidores.
O que se vê atualmente no Brasil é uma tentativa mal sucedida do
governo de minimizar os efeitos de tais falhas. Mesmo após a emenda
constitucional n° 90 de 2015, que inclui o transporte como direito social, a
realidade a qual nos deparamos diariamente é aquela em que mesmo lugares
em que a demanda por infraestruturas de transporte é extremamente alta
como, por exemplo, próximo ao porto de Santos-SP (rodoviário), corredor
Anhanguera em Goiânia-GO (mobilidade urbana), a qualidade do serviço
não atende a demanda de toda a população ou é feita de modo precário e
com qualidade abaixo da necessária/esperada.
Diante deste cenário é fácil perceber que a realidade atual se encaixa
na posição defendida pela Escola Austríaca a respeito das “falhas de
mercado”. Basicamente a Escola Austríaca defende que a maioria dessas
falhas, quando estudadas criteriosamente, revelam-se resultantes de
defeitos extra-mercados, de natureza institucional ou que, quando ocorrem
de fato, e há intervenção governamental, elas tendem a ser amplificadas e
-26-
não eliminadas (IORO, 1997). Isso significa que as intervenções estatais,
na tentativa de minimizar os efeitos negativos destas falhas de mercado,
acabam por potencializá-las.
Um dos argumentos mais utilizados como tentativa de justificar o
intervencionismo do Estado no processo de mercado é a alegação de que se
tornam necessárias as correções, por parte do poder público, das imperfeições
e equívocos apresentados pela economia de livre mercado (IORO, 1997)
Como foi observado na estória dos dois fazendeiros que dependiam
da infraestrutura de transporte fornecido pelo Estado, uma vez que na
“teoria” trata-se de um bem público e direito social, a ineficiência do
fornecimento desta infraestrutura fez com que o próprio mercado se
autorregulasse, financiando a própria infraestrutura.
3. A l t e r n a t i v a s a o s i n v e s t i m e n t o s e m I n f r a e s t r u t u r a :
MODELOS DE PPP E OPÇÕES DE FINANCIAMENTO URBANO
Por sua vez, as Parcerias Público Privadas (PPPs) são apenas um tipo
de concessão, especificamente Concessões Administrativas ou Patrocina
das, estas, por sua vez, podem ser caracterizadas conforme classificação de
Amaro (2004).
-28-
T ip o de PP P D esc riç ã o
3.2. O p e r a ç õ e s U r b a n a s C o n s o r c i a d a s
3.3. G a n h o e m v a l o r e s d a s p r o p r i e d a d e s (L a n d Va l u e
CAPTURE)
-34-
Dentro do escopo do P r o je c t F in a n c e , a SPE assumindo o papel
de Concessionária, busca-se financiamento do investimento tanto no
mercado financeiro emitindo títulos mobiliários, tanto com a participação
de acionistas que integralizam capital no empreendimento, como ocorrem
em projetos de P r o je c t F in a n c e já aplicados em outros setores - água,
energia, petróleo. A novidade está na inserção dos proprietários de imóveis
que adquirem quotas para participar do corpo de acionistas da SPE, visto
que seus imóveis compõe a área de intervenção do empreendimento.
Essa medida possui alguns objetivos, entre eles: aumento de integra-
lização de capital no negócio; participação da sociedade local, podendo
ser representada por uma associação de moradores ou de bairros, trans
formando a gentrificação da condição de problema para uma vertente de
oportunidade para proprietários de imóveis da região e investidores (PA-
RANAIBA; SÁ FORTES, 2015).
As emissões de títulos mobiliários garantem a alavancagem financeira
necessária para início do projeto, e, à medida que ocorre a implantação das
obras, a geração de receitas que estas geram colaboram com a geração de
fluxo de caixa. A valorização dos imóveis, advinda da intervenção, pode
motivar os proprietários de imóveis a contribuir com uma parcela desta
valorização, como uma receita para o próprio empreendimento, tal qual um
reinvestimento de melhorias - B e tte r m e n t T a x (taxas de melhorias) e T a x
In c re m e n t F in a n c in g (financiamento do incremento do imposto). Também
é possível uma parceria entre os proprietários de imóveis promovendo
J oin t D e v e lo p m e n t M e c h a n is m (mecanismo de desenvolvimento conjunto).
A participação dos cidadãos como acionistas retomando a eles o
poder de tomada de decisão sobre como gerir, e delegando esta tarefa a
uma SPE alinhada à iniciativa privada e não a uma empresa pública, pode
garantir melhores possibilidades de captação de recursos, haja vista a baixa
intervenção estatal. Essa baixa intervenção estatal poderá oferecer uma
segurança jurídica aos investidores que não serão acometidos por decisões
políticas que possam retroceder ao sabor dos partidos políticos, e não aos
interesses da sociedade na figura dos indivíduos que representa.
Muitos poderão alegar que esta SPE poderá cobrar altos pedágios dos
transeuntes que atravessam os bairros, tornando-os indesejados para trafegar
nestes e, por conseguinte, inviabilizar economicamente. É neste ponto que
- 35 -
Rothbard (1978) irá abordar uma justificativa para este fato não ocorrer:
será de interesse tanto das empresas tanto dos comerciantes que ocorram o
máximo de pessoas trafegando em frente aos seus estabelecimentos, tal qual
um s h o p p in g c e n ter. Da mesma forma, moradores irão querer que ocorra
valorização imobiliária de suas propriedades e de seus bairros se possuírem
oferta de infraestrutura para transportes. Neste sentido, este incentivo
causa um efeito de ciclo virtuoso dentro do bairro, visto que, em todos os
casos supracitados as receitas da SPE aumentariam sem a necessidade de
existência de pedágios. E se ocorrer a necessidade de cobrar pedágios a oferta
de infraestrutura de qualidade será o grande atrativo para tanto, seja através
da regulação dos congestionamentos, seja incentivando o uso de metrôs,
ciclovias e demais transportes urbanos, conforme a demanda de mercado.
C o n c lu sã o
-36-
essa característica. As Parcerias Público-privadas se destacam frente às
concessões comuns, podendo contribuir para um modelo mais promissor.
Cidades como Sandy Springs, na Geórgia (EUA), já experimentam de
forma positiva a experiência de PPPs em diversos serviços ‘públicos’.
Diante de todo o exposto, este capítulo se encerra com alguns ques
tionamentos: será que de fato precisamos do Estado para fornecer a nossas
estradas e ruas? O Estado é de fato eficiente para fornecer este tipo de in-
fraestrutura? Ou será que realidades como a dos nossos fazendeiros hipo
téticos são corriqueiras em nosso país? Seria possível em um mundo real
financiarmos nossa própria infraestrutura?
BIBLIOGRAFIA
-38-
PARANAIBA, A. C., FORTES, J. A. A. S.; CARVALHO, E.B. Financing
Proposal for Urban Mobility Plans in Brazilian cities. International
Journal of Engineering Research and Management. V.3 issue 8. P.120-
127, 2016.
PARANAIBA, A.C; SÁ FORTES, J.A.A. Financing Suggestion for Urban
Mobility Plans in Brazilian cities. Urban Freight and Behaivor Change
Conference. October, 2015, University of Roma, Roma, Italy. 2015.
PESSOA, L. C. R.; BÓGUS, L. M. M. Operações urbanas-nova forma de
incorporação imobiliária: o caso das Operações Urbanas Consorciadas
Faria Lima e Água Espraiada. Cadernos Metrópole, n.20, p.125-139. 2008.
RESENDE, C. C. Falhas de mercado: uma análise comparativa da escola
do setor público tradicional e da escola austríaca. Dissertação (Mestrado
em Economia). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
da Universidade de Brasília. 2012. 363p.
RIBEIRO, M.P. Concessões e PPPs: Melhores Práticas em Licitações e
Contratos. Ed. Atlas, São Paulo. 2011.
RIBEIRO, M.P. Concessões e PPPs: Melhores Práticas em Licitações e
Contratos. Ed. Atlas, São Paulo. 2011.
ROTHBARD, Murray Newton. For a new liberty: the libertarian manifesto.
Ludwig von Mises Institute, 1978.
-39-
TRANSPORTE COLETIVO E INICIATIVA PRIVADA:
So l u ç õ e s de m er c a d o
INTRODUÇÃO
Metrô/Trem suburbano
VLT
BRT
Microtransporte/Transporte alternativo
Ônibus
• Monopólios naturais
• C r e a m s k im m in g /c h e r r y p ic k in g b e h a v io u r
• Economias de rede
• Integração e coordenação
-44-
• Continuidade e disponibilidade de serviços
• Externalidades
• Bens públicos e meritórios;
• Segurança
1.5. C o n t i n u i d a d e e d i s p o n i b i l i d a d e d e s e r v i ç o s
Uma cidade possui regiões de baixa densidade que são pouco atrativas
para os operadores privados e logo poderíam ser servidas pelo setor público
através da oferta de transporte subsidiada. Além dessa desigualdade espacial
-50-
há a temporal, visto que a maioria das viagens ocorrem nas horas de pico da
manhã e da tarde, logo os horários de baixa demanda também deveríam ter
operação subsidiada. No caso brasileiro este problema é mais gritante pois a
classe baixa, cativa do ônibus, tende a viver na periferia de baixa densidade
onde as casas são mais baratas, diferente das cidades americanas.
Antes de aprofundar este ponto é preciso analisar a questão das baixas
densidades mais criteriosamente. É natural que os terrenos mais distantes do
centro tenham preços menores, a teoria b id re n t de Alonso (1964) explica este
fenômeno (ALONSO, 1964). Porém, os diversos entraves para construção
e desenvolvimento imobiliário impostos por planos diretores tornam
substancialmente mais desigual a ocupação do solo das cidades brasileiras,
sobrando só a periferia ou as favelas como alternativa para que os mais pobres
vivam. Somado a isso, grande parte das construções nas periferias é ilegal e,
portanto, funciona como incentivo para edificações de baixa qualidade e baixa
densidade. Para compreender melhor isso, basta pensar que uma construtora
não tem interesse em construir um prédio de cinquenta apartamentos num
lote ilegal pois corre o risco de perder o valor investido.
Mesmo assim as empresas acabam por servir as zonas de baixa
densidade, porém obrigam que o passageiro caminhe distâncias maiores
até o ponto de ônibus. Uma solução possível para colmatar esta distância
seria o moto-táxi e o transporte alternativo, veículos mais flexíveis e de
menor capacidade.
Sobre a questão temporal importa referir que num sistema em livre
mercado a oferta será naturalmente de menor frequência nestes períodos,
podendo ser inexistente devido à baixa demanda. Caso o mercado não
se interesse minimamente por operar nestes períodos de baixa demanda,
pode-se então justificar a operação subsidiada, porém é preferível oferecer
um subsídio ao passageiro e não ao operador, permitindo assim manter a
concorrência no setor.
1.6. Ex t e r n a l i d a d e s
1.7. B e n s p ú b l i c o s e m e r i t ó r i o s
1.8. S e g u r a n ç a
- 53 -
oferecidos pelas concessionárias. Pesquisa encomendada pela Prefeitura de
Campinas junto dos usuários dos serviços de transporte em julho de 1997
identificou uma ampla aprovação dos perueiros pela população e apoio à
sua regularização (BICALHO, 2003).
A proliferação à margem da lei dos perueiros mostra, ao mesmo
tempo, o grande benefício que o livre mercado e a abertura do Brasil ao
exterior trouxeram ao pequeno empreendedor e a falha do poder municipal
em prover transporte como especificado na Constituição Federal. Estes
pequenos empreendedores, muitos deles em situação de desemprego,
viram uma oportunidade de negócio na compra financiada de veículos
para serviço informal de transporte, ligando bairros da periferia ao centro
da cidade, hospitais, supermercados e serviços públicos de modo geral.
Oferecendo um serviço flexível sem pontos, linhas, horários e baldeações,
com veículos pequenos, preços competitivos e de comportamento no
trânsito similar a um carro de passeio, os perueiros caíram no gosto da
população (BICALHO, 2003), tendo crescido de forma bastante expressiva
em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Salvador, Brasília,
Manaus, Natal, Vitória, entre outras (NTU; ANTP, 1997). Porém, com a
massificação desse modal a situação ficou fora de controle: os perueiros
ultrapassavam os ônibus para pegar passageiros nos pontos (o chamado
c r e a m s k im m in g referido em 2.2), os veículos eram de baixa qualidade, as
condições trabalhistas eram precárias e a competição nas ruas se exacerbou
causando acidentes e violência (NTU & ANTP, 1997). O poder público
então resolveu agir.
Um documento balizador na época foi o “T r a n s p o r te p o r v a n s - o q u e
c o n s id e r a r n o p r o c e s s o d e r e g u la m e n ta ç ã o ? ” de 1996 do professor Ronaldo
Balassiano (1996). Balassiano advogava pela necessidade do poder público
de reconhecer o contributo importante dado pelo sistema alternativo
tanto à mobilidade das populações quanto às oportunidades de trabalho,
devendo-se buscar formas de preservar este sistema ao invés de proibi-
lo completamente. Vários municípios decidiram então regularizar esses
serviços geralmente recorrendo ao mecanismo das permissões, limitadas
a um número determinado pelo regulador e cobertura espacial muito
específica e restrita, com o objetivo de suprimir qualquer competição
-54-
possível com a concessionária, colocando muitas vezes os perueiros como
complementares/alimentadores do sistema concessionado.
Foi louvável a iniciativa de legalização do transporte alternativo,
trazendo assim mais transparência, responsabilidade e segurança para
a indústria. Todavia tal estrutura regulatória desconsidera a parte
disruptiva do transporte alternativo no que toca ao serviço diferenciado
para o cliente, mais parecido com o táxi, e trata-o como uma extensão do
sistema de transporte concessionado. Ao forçar a complementaridade do
sistema alternativo com o sistema concessionado o poder público criou,
invariavelmente, pontos de baldeação. Antes da regulação os perueiros
levavam os passageiros ao centro sem baldeações, hoje, no sistema regulado,
o passageiro é obrigado a baldear num terminal de integração.
A partir destas constatações fica evidente que o regulador ignorou
a componente inovadora intrínseca que difere o transporte alternativo do
transporte concessionado: o primeiro está totalmente orientado ao lucro,
por este motivo busca atender as demandas dos passageiros de forma rápida,
barata e sem baldeações, enquanto o segundo está orientado, pelo poder
municipal, à cobertura espacial e temporal da cidade. Definir as mesmas
regras aplicadas ao segundo (linhas, horários, tarifas, etc.) sobre o primeiro
elimina a componente inovadora daquele serviço. Importa perceber que
a inovação vai sempre acontecer, quer os reguladores queiram quer não.
Cria-se assim um ciclo: o mercado traz inovação disruptiva; o regulador
cerceia o ímpeto inovador; o mercado traz novamente inovação.
Para finalizar este ponto importa comentar que o transporte
alternativo ilegal ainda persiste no Brasil. Um exemplo marcante são os
C a b r itin h o s nas favelas do Rio de Janeiro. As favelas simplesmente não
funcionam sem transporte alternativo e ignorar a necessidade dos mesmos
só piora ainda mais a vida dessas populações.
3. M ICROTRANSPORTE
- 56 -
ira n sp o rta tío n N e t S e rv iç o d e táxi coletivo em U b e rP o o l (M u n d o ); L yftLin e (M u n d o )
Work C o m p a n ie s v e íc u lo s p a rtic u la re s
(T N C ) - coletivo
3.2. E x p e r i ê n c i a a m e r i c a n a
-59-
Figura 1 - Interior luxuoso de um ônibus da Leap (San Francisco). Fonte:
www.rideleap.com
Três áreas de atuação, uma de origem e duas de destino com duas linhas flexíveis; frequência (em média)
B rid j:
de cinco minutos no pico da manhã de dia útil; o aplicativo informa ao passageiro os pontos de embarque e
desembarque; Passe (em média) de quatro dólares.
- 62 -
C h ario t: Linha C a lifó rn ia D r e a m in \ frequência de cinco minutos no pico da manhã de dia útil; seis pontos fixos
de embarque e oito pontos fixos de desembarque; Passe (em média) de cinco dólares.
4. A l t e r n a t iv a s d e r e g u l a ç ã o
-65 -
seção vamos analisar algumas possíveis alternativas de regulação, priva
tização e competição. Estas alternativas restringem menos a iniciativa do
empreendedor, deixando sob responsabilidade do regulador a organização
básica do sistema para mitigar as potenciais externalidades causadas pela
competição. São elas:
• A experiência britânica
• C u r b R ig h ts - Direitos de calçada
• Ponto de ônibus virtual - Microtransporte e TNCs
• Privatização das ruas
- 66 -
5 empresas dominam 70% do mercado (COMPETITION COMMISSION,
2011; VAN DE VELDE; WALLIS, 2013). Porém ao mesmo tempo que
o governo desregulou e desinvestiu no sistema de transporte coletivo de
ônibus, ele subsidiou massivamente o transporte individual e a desregulação
incidiu exclusivamente sobre os sistemas de ônibus urbanos e não sobre os
sistemas sobre trilhos urbanos. Isso fez com que, a longo prazo, as autoridades
interessadas em melhorar o seu sistema de transporte optassem por sistemas
VLT ao invés de BRT (ver Gráfico 1) (EDWARDS; MACKETT, 1996), a
primeira custando muito mais que a última. Somado a isso a demanda do
transporte por ônibus vinha caindo desde antes da desregulação.
No entanto, os custos de operação diminuíram, as frequências au
mentaram e, no fundo, houve pouca competição do p o n to A para o p o n to
B, apesar de várias empresas terem linhas de ônibus sobrepostas, mas com
origens ou destinos diferentes (COMPETITION COMMISSION, 2011;
VAN DE VELDE; WALLIS, 2013), evitando assim a necessidade de balde-
ação. Ainda hoje ocorre em algumas cidades uma certa P e n n y W a r civiliza
da, seguindo o cavalheirismo inglês. No fim das contas quem se beneficia
é o passageiro. Outros países, Japão, Chile, Suécia, Nova Zelândia, Hong
Kong também apostaram nas soluções atomizadas de mercado combina
das com soluções integradas de transporte coletivo de baixa capacidade.
4.3. T e r m i n a l d e ô n i b u s v i r t u a l - M ic r o t r a n s p o r t e e
TNCS
- 68 -
4.4. P r iv a t i z a ç ã o d a s r u a s
Esta solução acaba por ser ao mesmo tempo a melhor, mas com
menores chances de acontecer. Com a privatização das ruas como um todo
ou em partes, os proprietários dessas infraestruturas teriam de competir
entre si para conquistar os clientes, logo iriam, teoricamente, fornecer os
melhores serviços de transporte. A cidade iria também crescer de forma
diferente pois certos bairros seriam mais atrativos que outros, podendo
surgir várias soluções que combinassem o desenvolvimento imobiliário
com a oferta de transportes.
CONCLUSÃO
- 70-
brasileiro, é um verdadeiro flagelo (VASCONCELLOS, 2014). Novamente
o setor público criou um problema tentando resolvê-lo, aumentando assim
o número de acidentes e a mortalidade jovem.
O Estado, novamente, tentando mitigar as externalidades do
mercado, acaba por criar outras: Tanto no Brasil como no exterior, os
empreendedores do transporte alternativo são de classe média baixa e
de baixa escolaridade, com poucas competências profissionais, sendo o
transporte alternativo uma grande oportunidade para o primeiro emprego
ou mesmo para a primeira empresa, visto que muitos dos veículos são
dirigidos pelos proprietários.
No entanto é preciso admitir que cada mercado tem suas especifi-
cidades e não há uma solução igual para todos. Mercados com deman
das menores podem facilmente ser atendidos por sistemas atomizados,
já aqueles que apresentam demandas maiores precisam de sistemas inte
grados e de média/alta capacidade. É também difícil comparar o sistema
desregulado de Lima ou Nairóbi com o sistema regulado e organizado ao
detalhe nas cidades alemãs ou suíças. É igualmente ingênuo achar que o
sistema de Lima é melhor ou pior que o de Zurique quando as duas cidades
são completamente diferentes, a começar por dois fatores que se comple
mentam, a taxa de motorização e renda per capita média. Os habitantes
de Zurique têm alternativas, logo o transporte coletivo estatal precisa ter
certos padrões para convencer a população a deixar o carro em casa, os de
Lima provavelmente não possuem.
Para finalizar, importa destacar uma recente simulação efetuada pelo
I n te r n a tio n a l T r a n s p o r t F o ru m (AMORA, 2016) para a cidade de Lisboa
comprovando que um sistema minimamente coordenado de vans, táxis e
micro-ônibus, muito semelhante a ideia de microtransporte, combinados
com uma rede de metrô subterrânea e trens suburbanos, iria trazer melhores
resultados à população do que as redes atuais de baseadas em troncalização
e baldeação. Conclusões semelhantes foram apresentadas por Apta (2016),
mostrando que os novos sistemas compartilhados contribuem para o uso
do transporte coletivo em geral ao invés de concorrer com ele, diminuindo
assim os custos com transporte e uso do automóvel.
- 71 -
Bib l io g r a f ia
- 74 -
Disponível em: <http://caosplanejado.com/como-conciliar-transporte-
publico-e-micro-transporte/>. Acesso em: 12 jul 2016.
SENNA, L. A. DOS S. Economia e Planejamento dos Transportes.
Elsevier Brasil, 2014.
SHAHEEN, S„ CHAN, N„ BANSAL, A., & COHEN, A. Shared Mobility:
A sustainability and technologies workshop - Definitions, Industry
Developments, and Early Understanding. UC Berkeley, 2015.
TRB. Between Public and Private Mobility: Examining the Rise of
Technology-Enabled Transportation Services. Special Report 319.
Washington, D.C, 2016.
VAN DE VELDE, D., & WALLIS, I. “Regulated deregulation” of local
bus Services—An appraisal of International developments. Research in
Transportation Economies, 391, p.21-33, 2013.
VASCONCELLOS, E. A. Políticas de transporte no Brasil: a construção
da mobilidade excludente. Barueri: Manole, 2014.
VUCHIC, V. Deregulation: A return to the primitive. City Transport,
1986.
VUCHIC, V. Urban Transit Systems and Technology. John Wiley & Sons,
2007.
-75-
■
UM NOVO MODELO PARA AVALIAÇÃO DE
PROJETOS DE INFRAESTRUTURA PARA AS
h id r o v ia s B r a s il e ir a s
INTRODUÇÃO
1. A At u a l f o r m a d e Av a l i a r a V i a b i l i d a d e d o s
INVESTIMENTOS HIDROVIÁRIOS NO BRASIL
- 80 -
Portanto, as opções reais permitem valorar a flexibilidade para reagir
a eventos incertos. Dessa forma, a possibilidade de rever a estratégia inicial
e alterar o plano de investimentos de acordo com as novas condições
econômicas traz um ganho gerencial não previsto pelos métodos tradicionais.
Essa flexibilidade gerencial é uma possibilidade, mas não uma obrigação de
alteração do plano ou projeto (MINARDI; SAITO; et. a l , 2008).
Levy (2009) considera que as opções reais integrafn a dimensão
estratégica aos retornos financeiros sempre considerados nas avaliações
de projetos. Dessa forma, a Teoria das Opções Reais inserem, dentro do
binômio de valoração de um ativo real (retorno/risco), um novo conjunto
de fatores presentes na flexibilidade, criando-se assim, o trinômio retorno/
risco/flexibilidade como norte para as avaliações.
In d ú stria en ergética,
C o n sid e ra n d o as c o n d iç õ e s d e m e rc a d o
em p reiteiras, m in e ração ,
A lterar a e sc a la fav o ráv eis é p o ssív e l a ex p a n sã o . E m
in d ú stria d e b e n s de
(expan d ir, contrair, c a so s re stritiv o s (m e n o s fav o ráv eis) qu e
co n su m o , in v estim en to s de
in terro m p er e o e sp e ra d o , p o d e -se red u zir a o p e r a ç ã o /
lo n g o p raz o e re a liz ad o s em
retom ar) in v estim en to , o u até p a ra lisa r p a ra
e ta p a s su c e ssiv a s, e x p a n sã o
re to m a r n o futuro.
viária.
-81 -
In d ú stria d e cap ital
Se c o n d iç õ e s d e m e rc a d o d e c lin a m
in ten sivo, lin h as aéreas,
d rastic am en te , e x iste a o p ç ã o de
A bandono lin h a s férreas, n o v o s
a b a n d o n a r o p ro jeto p e rm an e n te m e n te
p r o d u to s em m e rc a d o s
e v e n d e r ativ o s, e q u ip a m e n to s.
in certos.
A s alte ra çõ es n o s p re ç o s o u d e m a n d a s
m u d a m ra p id a m en te n o m e rc a d o ,
o g e sto r p o d e m u d a r o p o r tfó lio d a S e to r en érgico , q u ím ic o , de
C o n v e rsã o
fáb rica, o u alte rar o s in su m o s p a ra a e le trô n ico s, d e m a q u in ário s.
p r o d u ç ã o (p o r alto c u sto d o m e sm o , p o r
ex em p lo ).
E m in v estim en to q u e s ã o re a liz ad o s em
In d ú stria d e c ap ital
etap a, ex iste a o p ç ã o d e a b a n d o n a r o u
in ten sivo, in v e stim e n to s em
se g u ir p a ra a fase ad ian te, c o n sid e ra n d o
P e sq u isa e D esen v o lv im en to
C o m p o sta o s re su lta d o s já a lc a n ç a d o s e as
(P & D ) d e n o v o s p ro d u to s,
c o n d iç õ e s e sp e c ífica s d o m o m en to .
p ro je to s d e lo n g o p r a z o co m
N este caso , c a d a e ta p a p o d e ser
u so d e c ap ital in ten sivo.
c o n sid e ra d a u m a op ção.
Q u a n d o u m in v estim en to é pré- In d ú strias d e alta tecn o lo g ia,
re q u isito p a ra u m a c ad e ia d e p ro jeto s in d ú stria s d e in o v aç ã o e
C re sc im e n to c o m m ú ltip las in te raçõ e s e fu tu ras in v estim en to em P & D ,
co m m ú ltip las o p o rtu n id a d e s d e c re sc im e n to e o p e r a ç õ e s m u ltin acio n ais,
in te ra çõ e s d esen v o lv im en to . P ro je to s q u e e n volvam a q u isiç õ e s e stratég icas,
a c o m b in a ç ã o d e v á ria s o p ç õ e s ac im a p ro je to e n e g ó c io s d e sc rito s
d escritas. n a s o p ç õ e s an terio res.
(3)
ln ^ / X ) + (Rf + 0,5tr2) x r
d2 = d.^Jyfr (4)
3. A F l e x i b i l i d a d e G e r e n c i a l e m u m P r o j e t o d e
In v e s t i m e n t o G o v e r n a m e n t a l
3.1. O P r o c e s s o d e e s c o l h a d o t i p o d e O p ç ã o p a r a o
Se t o r p ú b l ic o
T ip o d e O p ç ã o P ú blico P riv ad o
D ife rir/A d ia r Sim Sim
A ltera r a e sc ala Sim Sim
A bandono N ão Sim
C o n v e rsã o N ão Sim
3.2. D a D e f i n i ç ã o d o m o d e l o a s e r u t i l i z a d o p a r a o
c á l c u l o d a O p ç ã o R ea l
3.3. A P r o p o s t a d e u m n o v o m o d e l o d e a v a l ia ç ã o
DOS INVESTIMENTOS
- 90 -
das mercadoria por caminhões pelas embarcações não foi quantificada por
ausência de dados sobre o tema.
Considerando então os três fatores: frete, poluição e acidentes, como
possíveis fontes de receita a serem apropriadas pelo Governo para o cálculo
do retorno do investimento, é proposta a Equação 5:
-91 -
em q u eD ; , D , e D }: d istân cia p ercorrida pelo m o d o rodoviário, ferroviário e
hidroviário respectivam ente p ara tran spo rtar a carga (em km ),
Q: quan tidade de carga a ser tran sp o rtad a (em t),
a w d ' a fere a h id : val ° r da em issão do poluente (em R $/1000tkm ).
,.
A acid = Aroa. x ü x C act. (11)
x 7
W Ô /K J (12)
- 92 -
Quadro 3: P roposta p ara análise e avaliação de projetos governam entais em
infraestrutura de tran sportes hidroviários
A tualm en te P ro p o sta
A n á lise E c o n ô m ic a (tríad e e c o n ô m ic a)
A n á lise F in an ce ira • E m issã o de P olu entes (M eio A m b ien te)
• R e d u ç ã o d o Frete (c u sto ) • R e d u ç ão d e A cid en tes (F a to r H u m an o )
• R e d u ç ão d o Frete (cu sto )
C á lc u lo d e F C C álc u lo d o F C
• D e m a n d a e stim a d a e m re la çã o a • D e m a n d a e stim a d a em relação a tría d e
re d u çã o d o frete e c o n ô m ic a
T ax a d e d e sc o n to
• T JL P (p a ra o s a n o s d e in v estim en to d o
T axa de D esc o n to g o v e rn o )e
• T JL P • T ax a d e fin an ciam e n to p a ra c o n str u ç ã o o u
re fo rm a d e e m b a rc a ç õ e s (p a ra o s a n o s p ó s
o b ra s)
A n álise d e C e n á r io s se p a r a d o s
A n á lise d e C e n á r io s em co n ju n to d a d e m a n d a de
de d e m a n d a de carga: P e ssim ista,
c arg a, c o m av aliaç ão d a v a riâ n c ia d o s trê s c e n ário s
C o n se rv a d o r e O tim ista.
Co n clu sã o
Re f e r ê n c ia s
- 96 -
Av ia ç ã o para t o d o s :
“O r e s u lta d o d o P r o te c io n is m o s e r á s e m p r e a r e d u ç ã o
d a p r o d u t i v i d a d e d o tr a b a lh o h u m a n o ”
L .v .M is e s
In t r o d u ç ã o
l. H i s t ó r i a i n s t i t u c i o n a l d a Av i a ç ã o C iv i l B r a s i l e i r a
- 100-
crescimento do PIB, proporcionaram maior dinamização ao setor aéreo e
deu início a possibilidade de se manterem diferentes posicionamentos das
empresas aéreas no mercado. O resultado foi o crescimento da demanda
e da oferta, maior concorrência, e consequente queda do valor médio das
tarifas aéreas (BRASIL, 2012).
Em janeiro do mesmo ano, a empresa “GOL Linhas Aéreas Inteligentes”
iniciou suas operações. Na época, a mesma chegou a ser considerada como
pioneira na utilização do modelo de negócio lo w co st, lo w f a r e (baixo custo,
baixa tarifa), especialmente por ter conseguido índices de crescimento mais
altos do que as principais líderes desse modelo de negócio nos Estados
Unidos. Esses resultados foram conseguidos com investimentos em
publicidade, fornecimento de preços de passagens mais acessíveis do que as
dos concorrentes, extinção das operações da Transbrasil no final de 2001 e
a vantagem de ter garantido o acesso aos aeroportos de Congonhas (SP) e
Santos Dumont (RJ) desde no início das suas operações.
Nesse novo contexto, em 2005, foi realizada uma série de reformas
na administração pública federal que incluiu a adoção de organizações
públicas, independentes do poder executivo central, com a finalidade
de regular e fiscalizar a prestação de serviços públicos por organizações
privadas e públicas, até mesmo de atividades econômicas monopolizadas
pela União. É nessa conjuntura que foi criada Agência Nacional de Aviação
Civil (ANAC) (BRASIL, 2005).
Esse novo órgão foi instituído da mesma forma que as primeiras agências
reguladoras brasileiras e recebeu o encargo de, nos termos das políticas
estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo, regular e fiscalizar as
atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária.
Ele passou a substituir, portanto, o DAC, caracterizando assim o início de um
processo de desmilitarização do principal órgão regulador do setor aéreo.
A concepção e a proposta de atuação da ANAC seguiram os princípios
básicos de conduta de um Estado regulador, que são, segundo Aragão (2009):
independência, que permita equilibrar os interesses envolvidos na prestação
dos serviços entre suas partes interessadas (governo, consumidores, sociedade
e prestadores do serviço); incentivos, visando operações mais eficazes e
eficientes, incluindo a adoção de mecanismos que estimulem a competição
- 101 -
entre os prestadores de serviços; ações que possibilitem controlar as metas
das prestadoras de serviços, tanto definidas em contrato quanto pelas normas
vigentes; práticas de tarifas que representem o custo real dos serviços prestados;
transparência, visando fornecimento constante de informações sobre padrões
dos serviços como por exemplo o cumprimento de metas dos prestadores de
serviços, e os direitos e deveres dos usuários dos serviços e para a sociedade em
geral, que devem ser tornados públicos por parte do agente regulador; e ainda,
legitimidade, para exercício ativo entre os representantes das prestadoras de
serviços, dos agentes governamentais, dos consumidores e da sociedade civil.
A ANAC passou a assegurar às empresas concessionárias de serviços
aéreos domésticos a exploração de quaisquer linhas aéreas, desde que
previamente registradas, se atentando apenas à capacidade operacional
dos aeroportos e a normas regulamentares quanto à prestação de serviços
(BRASIL, 2006). Com isso, a prestação de serviços aéreos regulares começou
a ter como característica inovadora o regime de liberdade tarifária.
Com o estabelecimento da ANAC, o planejamento e o controle do setor
passaram a ser exercidos de forma compartilhada entre uma organização
civil e outras organizações militares integrantes do Ministério da Defesa,
mais especificamente do Comando da Aeronáutica (Força Aérea Brasileira).
Dentre essas organizações, destacam-se o Departamento de Controle do
Espaço Aéreo (DECEA) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (CENIPA). No meio acadêmico, há diversas discussões sobre
a necessidade de manter essas atividades - controle do espaço aéreo e
investigação de acidentes - sob responsabilidade de uma organização militar,
mas ainda não existem maiores discussões práticas ou políticas sobre o tema.
Em dezembro de 2008, ingressou no mercado a “Azul Linhas Aéreas
Brasileiras” que, diferentemente da “GOL Linhas Aéreas Inteligentes”,
não obteve, na época, acesso aos dois principais aeroportos do país, o de
Santos Dumont (RJ) e de Congonhas (SP). Prova da versatilidade que a
liberdade econômica pode proporcionar, a empresa escolheu como base
para as suas operações o aeroporto de Viracopos (SP), distante a menos
de 100 quilômetros de São Paulo, no município de Campinas. Buscando
criar vantagem competitiva por meio da diferenciação na prestação de seus
serviços, com voos de ligação direta e preços condizentes com os praticados
- 102-
no mercado. Foi assim que a empresa conseguiu ganhar m a r k e ts h a r e em
relação a seus concorrentes.
Em 2009 entrou em vigor a Política Nacional de Aviação Civil, abrangendo
um conjunto de diretrizes e estratégias para nortear o planejamento das
instituições responsáveis pelo desenvolvimento da aviação civil brasileira. Como
resultado disso, da desmilitarização do órgão regulador central da aviação civil e
da necessidade de planej amento das políticas setoriais, bem como da coordenação
entre as diversas organizações públicas ligadas à aviação civil, foi criada, em 2011,
a Secretaria de Aviação Civil (SAC). A SAC passou a ter sta tu s de ministério e
subordinação direta à Presidência da República tendo a INFRAERO e a ANAC
como vinculadas. A SAC também ficou responsável por acompanhar o controle
do espaço aéreo junto ao DECEA e por conduzir o processo de concessão do
direito de explorar aeroportos à iniciativa privada, iniciado em 2012.
Também foram implementadas algumas ações setoriais importantes,
durante os anos de 2011 e 2012, quando o governo realizou uma reestruturação
da SAC, vinculando-a diretamente à Presidência da República. Isso se deu, em
um primeiro momento, por força de medida provisória que foi, posteriormente,
convertida em permanente, por meio da Lei 12.462, de 04 de agosto de 2011.
Com esta reorganização institucional, a SAC passou a exercer algumas
competências ligadas ao planejamento, financiamento e políticas públicas,
anteriormente de responsabilidade de ANAC. Entre essas competências,
pode-se destacar a aprovação de planos aeroviários estaduais; a arrecadação,
administração e emprego de recursos financeiros para funcionamento e
modernização de aeródromos; e a promoção de estudos sobre a logística do
transporte aéreo e do transporte intermodal, ao longo de eixos e fluxos de
produção, em articulação com os demais órgãos governamentais competentes.
Foi nesse contexto que se iniciaram os primeiros sinais de mudança
no que diz respeito à infraestrutura aeroportuária, com a primeira
autorização de concessão à iniciativa privada para construção, operação
e exploração comercial de um aeroporto, no caso, o Aeroporto de São
Gonçalo do Amarante (ASGA), no estado do Rio Grande do Norte. Pouco
tempo depois, dando continuidade às ações em direção à desconstrução do
monopólio de administração de aeroportos exercido pela Infraero, iniciam-
se os processos de concessão de outros grandes aeroportos brasileiros,
como os de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF).
- 103 -
Um dos maiores aumentos anuais nesse período aconteceu no ano
de criação da ANAC (BRASIL, 2005), com crescimento de 20,7% em
relação a 2004. Percebe-se, no Gráfico 1, que desde o início desse período,
o crescimento médio do setor foi 19,6% maior que o crescimento médio da
população brasileira no mesmo período, sendo que a população brasileira
passou de 178,7 milhões em 2003 para 196,5 milhões em 2012, algo em
torno de 10%, enquanto a quantidade de passageiros domésticos passou
de 29,1 milhões em 2003 para 88,7 milhões em 2012, num total de 204,8%.
2.2. C a r a c t e r í s t i c a s d a s r o t a s
■ Passageiro/aeronave
(pessoas)
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
- 107 -
2.3. Ta r i f a s
- 110 -
Acredita-se que, uma vez que se aumente as possibilidades de
participação de investimentos privados na instalação de equipamentos de
radiogoniometria e de navegação aérea utilizando GPS nos aeroportos, esse
percentual de atrasos e cancelamentos também poderia ser minimizado,
visto que a tecnologia é capaz de diminuir as restrições de visibilidade
e teto para as operações em diferentes aeroportos, sem deixar de lado,
obviamente, a segurança - em seu sentido de s a fe ty , ou seja, de diminuição
da probabilidade de ocorrência de acidentes.
3. 1NFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA
- 111 -
Salgado (2009) destaca a importância de se rever esse modelo
centralizado em uma estatal sem planejamento estratégico de longo prazo,
visando beneficiar os operadores e usuários do sistema. Nesse sentido a
autora destaca a necessidade de expansão de infraestrutura aeroportuária
para que não se repita a crise aérea de 2008 e para que essa infraestrutura
venha a condizer com as necessidades de expansão econômica do país. Para
isso, ela afirma que é necessário “rever o regime de operação e controle dos
aeroportos brasileiros” (SALGADO, 2009, p.15).
Para entender os desafios futuros da indústria aeronáutica e
aeroportuária e, consequentemente, estabelecer projetos e políticas que
possibilitem o funcionamento efetivo dessa indústria para os próximos
anos, é preciso analisar o contexto em que estes estão inseridos, suas
principais tendências, como o crescimento a longo prazo, o crescimento
econômico, a globalização e as mudanças tecnológicas.
Com relação ao crescimento de longo prazo, tem-se que a média
anual de crescimento dos serviços de transporte aéreo, desde começo do
século XXI, é de 5% no mundo inteiro. Isto implica dizer que, no Brasil, o
tráfego aéreo deve dobrar até 2030. Esta progressão pressiona a necessidade
de investimentos contínuos na expansão e em melhoria de infraestrutura
e nível de serviço. Esse fator acaba por levar também ao desenvolvimento
de sistemas aeroportuários múltiplos em áreas metropolitanas e nichos
aeroportuários para serviços específicos, de maneira integrada a operações
de lazer e atividade logística.
Com o crescimento das economias de mercado e aumento no
volume de negociações empresariais, a pressão pela saída de um Estado
centralizador para um Estado que seja no máximo regulador passou a
impor grandes mudanças nas políticas de investimento e planejamento do
setor. O resultado acaba sendo a busca por critérios de eficiência econômica
como critério fundamental nos planos de desenvolvimento da indústria
aeronáutica e aeroportuária. O fator crescimento econômico também vem
levando o mundo a contar com maior participação de capital privado
nos terminais aeroportuários, visando investimentos mais rápidos em
infraestrutura de modo que possibilite o acompanhamento de um mercado
que demanda cada vez mais celeridade e qualidade dos serviços prestados.
- 112 -
Outro fator importante de ser levado em conta ao se tratar o tema é
a globalização, pois o século XXI não pode ser concebido sem a figura das
empresas aéreas transnacionais e das alianças globais entre organizações,
o que pressiona a implementação de melhores práticas de provimento
de serviços aeroportuários. As mudanças tecnológicas que o setor vem
agregando, como as práticas de comércio eletrônico, têm impulsionado o
rápido crescimento de operadores de transporte de carga.
A globalização também agilizou o realojamento de passageiros pelas
facilidades aeroportuárias e a tendência à informatização continua cada vez
mais forte. O setor não pode mais ser planejado sem se entender o impacto
de novas tecnologias. Tendências futuras incluem a rastreabilidade de um
passageiro em qualquer lugar do globo, por meio de sistemas cada vez mais
avançados de satélites e redes de comunicação. No Brasil, o Estado não tem
se provado rápido o suficiente para promover facilidades que comportem
uma demanda cada vez maior de transporte de passageiros.
Outro desafio para o setor aéreo brasileiro é o desenvolvimento
natural da aviação regional. Quanto menos barreiras foram impostas
a possíveis entrantes nesse mercado, maior a probabilidade de surgirem
operadores aéreos dispostos a operar em localidades com menor quantidade
de habitantes e regiões mais afastadas do eixo sul-sudeste do país.
Co n c lu sã o
Bib l io g r a f ia
- 116 -
C o n c e s s õ e s r o d o v i á r i a s B r a s il e i r a s :
REQUISITOS DE MODELO CONCEITUAL PARA
A u m e n t o d a Ef i c i ê n c i a d e e x p l o r a ç ã o
INTRODUÇÃO
- 118 -
Na América do Sul, três países merecem destaque: Argentina, Chile
e Brasil. O Brasil, em 2012 implementou o Programa de Investimentos
em Logística (PIL), contando assim com um novo modelo de concessão.
No intuito de atrair investidores privados, o Governo Federal brasileiro
elevou a Taxa Interna de Retorno (TIR) de, aproximadamente, 5%a.a para
8%a.a. Tendo em vista o exposto, o que se busca responder é o seguinte
questionamento: quais requisitos devem ser observados na construção de
um modelo conceituai que possibilite a redução da regulação estatal, que
viabilize a sustentabilidade econômico-financeira nos novos contratos de
concessão rodoviária e o aumento da eficiência de exploração?
Considerando que uma vez que o Estado adote modelo híbrido de
governança, tal modelo implica em maior regulação estatal e na redução
dos custos de transação, a Teoria dos Custos de Transação, construída
pelos economistas Coase (1937) e Williamson (1975), vem para explicar a
constante busca do agente público no Brasil como garantidor da excelência
do serviço prestado, da sustentabilidade financeira e da disciplina da
transferência de riscos no contrato de concessão.
A partir da metodologia adotada pela ANTT em 2013, o presente
estudo se estruturou de forma a oferecer subsídios para elaboração de um
modelo alternativo. Sendo assim, os procedimentos metodológicos foram
divididos em três fases: (i) análise de conteúdo do edital de concessão
das rodoviais BR 262 e BR 050 licitadas; (ii) apresentação dos requisitos
indispensáveis para a construção do modelo; e (iii) indicação da utilidade
do modelo conceituai proposto. A representação lógica do modelo
conceituai está representado na Figura 1.
- 119 -
Figura 1 Representação Lógica do Modelo Conceituai
Fonte: elaborado pelos autores
2. C o n c e s s õ e s R o d o v i á r i a s : C o n c e i t o s , h i s t ó r i c o e
PERSPECTIVAS.
2.1. M a r c o s R e g u l a t ó r i o s d a s C o n c e s s õ e s
RODOVIÁRIAS NO BRASIL
- 120 -
Entre os anos de 1994 e 1998 foram licitados 1482 km de rodovias
federais, consagrando a primeira etapa do Programa de Concessões de
Rodovias Federais, como pode ser observado no Quadro 1. Em 2007,
primeira fase da segunda etapa do programa, foi então realizada pela
Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT, que fora criada seis
anos antes com a finalidade de regulamentar, fiscalizar e licitar os serviços
de exploração de infraestruturas de transporte. Nesta primeira fase foram
licitados sete lotes de rodovias federais, representando 2600 km de malha
viária, como apresentado no Quadro 2. A segunda e última fase da segunda
etapa do programa teve início em 2008 e representou apenas a licitação de
um lote, mostrado no Quadro 3 (ANTT, 2013).
R o d o v ia s T recho E x te n sã o (K m )
TO TAL 06 T R E C H O S 1.482,4
- 121 -
Quadro 2 Segunda Etapa do Programa de Concessões de Rodovias Federais
Fonte: http://w w w.antt.gov.br (2013)
- 123 -
2.2. Ex p e r i ê n c i a I n t e r n a c i o n a l
- 124-
o critério de julgamento é o menor prazo para que o projeto retorne ao
Estado e o menor valor de subsídio solicitado. Desta forma, nas concessões
mexicanas há a previsão de oferta de garantias sobre o volume de tráfego, ou
seja, quando este está abaixo do estimado, a concessão é estendida e estando
acima, a renda extra é dividida com o Estado (PUC, 2013).
Os Estados Unidos é um país peculiar, pois de toda sua malha apenas
6,5% está concedida e mesmo com este percentual reduzido, o Governo
oferece subsídios para as concessionárias, não sendo, portanto, um
parâmetro de comparação para as outras concessões existentes no mundo
(MACHADO, 2005).
Seguindo para a América do Sul, dois países merecem destaque:
Argentina e Chile. O primeiro por apresentar malha rodoviária concedida
de quase lO.OOOkm e pedágios relativamente baixos, algo por volta US$
1.50 por lOOkm, por um período de 12 anos. Além disto, o processo de
fiscalização da Argentina é muito rígido e considera níveis de desempenho
e de serviço elevados, verificando níveis de regularidade, afundamento,
trincas, coeficiente de atrito do asfalto e existência de buracos no mesmo
(SOUZA, 1997).
Já o Chile, de acordo com Machado (2005), possui prazo de concessão
variável, tendo seu máximo em 50 anos, o maior entre todos os países
pesquisados. Outra particularidade é o critério de julgamento do leilão que
é o menor valor presente, o que faz com que o tipo de concessão preveja
oferta de garantias de receita mínimas com base na flutuação do volume do
tráfego, porém tendo como base a máxima taxa interna de retorno (TIR)
permitida no projeto básico da concessão.
2.3. M o d e l a g e m n o S e t o r d e t r a n s p o r t e s
• Julgador:
Comissão de Outorga formada por agentes da ANTT, porém podendo ser
auxiliada por funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes, da Advocacia Geral
da União (AGU) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES);
• Proponentes:
Representadas por um Representante Credenciado responsável pela orga
nização e entrega da documentação necessária à BM&FBOVESPA e uma
Corretora Credenciada responsável por agir a favor de sua cliente no leilão.
J
Projeções de Matrizes OD Calibração do
crescimento futuras modelo (ano base)
J
*r
Percentuais Alocação das Volume
de fuga matrizes futuras pedagiado Receitas
- 126-
O modelo apresentado observa as etapas do modelo clássico de quatro
etapas, onde há primeiramente o levantamento de dados, com consequente
cálculo para geração, distribuição e divisão modal das viagens, culminando
na montagem da matriz de origem e destino. Em paralelo à estas etapas
foi realizada a montagem da rede georreferenciada em T r a n s C a d , onde os
levantamentos realizados em campo foram inseridos como atributos de
custo de tempo em minutos (ANTT, 2013).
Em seguida à elaboração da matriz, origem e destino e com base no
modelo L o g it de utilidades para escolha das rotas dos veículos, foi realizada
a primeira simulação para calibração do modelo e obtenção dos volumes
do ano base, 2010. De posse deste volume e do modelo calibrado, outras
simulações foram feitas com novas matrizes de origem e destino. Tais matrizes
foram elaboradas por meio de projeções do tráfego calculadas considerando
a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e da elasticidade da frota veicular
ao longo de todos os 25 anos de concessão. Desta forma foi possível obter o
volume pedagiado e a porcentagem de fuga, este último por meio da diferença
entre o volume base, sem impedâncias de custo de tempo, e o volume obtido
com a simulação utilizando as impedâncias de custo de tempo (ANTT, 2013).
2.4. C u s t o s d e T r a n s a ç ã o r e l a c i o n a d o s c o m a
GOVERNANÇA DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO
E stim a ç ã o d a s
v a riá v e is d ire t a s
Tamanho do
Investimento
R e ce ita
Fluxo de tráfego
(demanda) Risco Político
Risco Regulação
| Não
Risco de
E stim a ç ã o d a s
- Á Demanda
im ^r v a riá v e is in d ire ta s
■T Equilíbrio
Financeiro?
_____, Segurança
V a lid a ç ã o Institucional Risco Externo
Prorrogação de
Prazo
Indicadores de
Desempenho C o e fic ie n te s
Atingimento de
de
i^ l
1 Metas P o n d e ra ç ã o
- 130 -
Ao mensurar os níveis de incertezas, ou seja, mitigar como cada risco
impacta as variáveis mensuráveis, se obtém como produto os coeficientes
de ponderação, aplicando-os às variáveis e possibilitando verificar a
sustentabilidade econômica e financeira da concessão, corroborando
para a criação de requisitos mais amplos e independentes aos contratos
propostos. Tais requisitos, por perpassarem em risco político e de regulação,
vislumbram a redução do envolvimento do viés governamental e político
às escolhas públicas de licitação (COSTA e t.a l, 2014).
3.1. Va r i á v e i s d i r e t a s e I n d i r e t a s
- 131 -
esta legislação, e menor a periodicidade de alterações nesta, maior a
garantia de um índice de melhor Segurança Institucional. Também, busca-
se apontar a existência de estabilidade nas políticas macroeconômicas que
asseguram a manutenção de taxa de juros que incidem nos financiamentos,
bem como evolução inflacionária, e suas perspectivas.
A variável prorrogação de prazos assume o caráter de variável d u m m y
que irá representar a possiblidade de existência de prorrogação da concessão
ou não. O atingimento de metas irá referenciar as possíveis implicações de não
atingimento das mesmas. Visto que, juridicamente, os riscos compreendem
em risco de demanda, de construção e risco de disponibilidade, por sua vez,
o modelo proposto pretende agregar a este rol de riscos os que apresentam
interferência às variáveis apresentadas, que são inerentes aos custos de transações
sendo: Risco político, risco na regulação, risco de demanda, risco de conjuntura
econômica e risco externo. Estes riscos poderão impactar em várias variáveis e o
modelo permite que mais de um risco impacte em mais de uma variável.
3.2. C o e f i c i e n t e s d e p o n d e r a ç ã o
4. S i m u l a ç ã o d a S u s t e n t a b i l i d a d e e c o n ô m i c a e
FINANCEIRA
4.1. Va l i d a ç ã o d o m o d e l o C o n c e i t u a l p r o p o s t o
C o n c lu sã o
- 134-
Por fim, se espera que, quando da utilização do modelo proposto seja
possível gerar mais transparência para o processo de concessão, deflagrando
uma menor interferência do Estado brasileiro, causando maior atração de
investimento privado, e, por conseguinte, reduzindo a dependência de
financiamento público - via empréstimos do BNDES, bem como garantias.
No modelo atual não somente o usuário paga direto, como todos pagam
com os juros abaixo do mercado, além das contrapartidas devido a grande
insegurança institucional nacional.
BIBLIOGRAFIA
- 137-
B r a s il fo ra d o s t r il h o s :
INTRODUÇÃO
1. Ev o l u ç ã o H i s t ó r i c a d a s f e r r o v i a s
- 142 -
de Açailândia (MA) - Porto Franco (MA), obra esta que durou nove anos
para executar 215 km dos 1.550 km previstos inicialmente. A ideia inicial
da Ferrovia Norte-Sul (FNS) era ter sua saída para o mar aproveitando a
Estrada de Ferro Carajás com a sua interligação na cidade de Açailândia
(MA) indo em direção ao Porto de Itaqui (MA).
Em 1990, a Lei n° 8.031 institui o Plano Nacional de Desestatização -
PND. Com isto, em 1992, a RFFSA é incluída no PND. Nos anos seguintes
as receitas operacionais da RFFSA eram inferiores às despesas operacionais
em mais de R$ 150 milhões. A lei n° 8.987 e a lei 9.074 de 1995 favoreceram
as desestatizações por disporem sobre o regime de concessão e permissão
dos serviços públicos.
A desestatização da RFFSA teve início diferente por ter grande
volume de pendências e restrições técnicas e jurídicas. O modelo adotado
iniciou-se com a licitação, no mesmo leilão, da concessão do serviço de
transporte ferroviário de cargas; arrendamento dos ativos operacionais
e a venda de bens de pequeno valor de propriedade da RFFSA; houve a
manutenção da empresa como estatal encarregada de administrar seus
ativos não-operacionais, visando ainda amortizar o seu endividamento.
Em 2008 com a publicação da Lei n° 11.772, de 17 de setembro
de 2008, foram incorporados ao traçado original da FNS os trechos de
Barcarena (PA) a Açailândia (MA) e de Ouro Verde (GO) a Panorama
(SP). A inclusão do trecho até o porto de Barcarena (PA) se justifica pela
necessidade de criação de uma ferrovia que não fique dependente da
Estrada de Ferro Carajás (EFC) de propriedade da empresa privada da
Vale, que a utiliza para o escoamento de sua produção de minério de ferro
até o porto de Itaqui (MA). Sem a alternativa de saída da FNS pelo porto
de Barcarena (PA) essa ficaria sem opção para o escoamento das cargas do
Centro-Oeste, uma vez que a Vale não tem previsão de concluir as obras de
duplicação da EFC.
Atualmente a FNS tem previsão de literalmente ligar o Brasil de Norte
(Porto de Barcarena (PA)) até o Sul (Porto de Rio Grande (RS)), e para isso,
contratou uma série de estudos de viabilidade econômica e iniciou as obras
para continuar rumo ao sul na direção da cidade de Panorama (SP). A
figura 1 apresenta um esquemático da FNS.
- 143 -
Em operaçio
K S EVTEA concluído
- 144-
Figura 2 - Mapa de Ferrovias de responsabilidade da VALEC
Fonte: Valec, 2016
2. Ev o l u ç ã o d a s F e r r o v i a s n o B r a s i l :
Pe r s p e c t i v a e c o n ô m i c a
- 146-
de duas locomotivas, e exige uma maior quantidade de pessoal na operação,
para realizar o processo de troca e operação dos equipamentos.
Além disso, para ocorrer o tráfego mútuo ou o direito de passagem
é necessário que sejam adquiridas janelas de tráfego para utilização da via
férrea. Essas janelas garantem a passagem do comboio ferroviário sem neces
sidade de parada para aguardar o uso da via pelo concessionário do trecho.
Entretanto, a disponibilidade de capacidade ociosa em vias férreas são
bens escassos, pois diversas ferrovias possuem baixa disponibilidade de ja
nelas de tráfego. A solução para essa situação seria o investimento para am
pliação da capacidade da via, cuja expansão significa, em vários casos, a reali
zação de obras como a retificação, duplicação e modernização da tecnologia
de comunicação utilizada, em especial pelo fato de grande parte da malha
brasileira ter sido construída na primeira metade do século XX. Atualmente,
não existem grandes incentivos econômicos para alterar essa situação.
Ademais, o desenho contratual adotado quando da concessão ferroviária
ocorrida nos anos de 1990 não incentivou o concessionário a ampliar a oferta
e as condições operacionais na malha por este administrada. Procurou-se na
época estimular o investimento do concessionário por meio da imposição de
três obrigações contratuais: meta anual de redução do volume de acidentes;
meta de produção de transportes; manutenção da infraestrutura ferroviária
nas mesmas condições recebidas. Os investimentos extras feitos pelos
concessionários, ao advento do prazo contratual, não ensejariam amortização
em prol do concessionário, salvo mediante autorização expressa do ente
regulador. Situação última que, em razão do elevado tempo de amortização
dos investimentos, contribuiu para desestimular a ampliação da capacidade e a
modernização da malha férrea brasileira.
Apesar das ineficiências inerentes ao processo, houve interessados
em realizar o processo de tráfego mútuo e direito de passagem em vias
férreas brasileiras, especialmente naqueles trechos que permitem acesso às
áreas portuárias.
O modelo de concessão adotado não estimulava a concorrência inter-
regional, pois impossibilitava a captação de cargas em áreas de exploração
sob a administração de outra concessionária de ferrovias.
Foram leiloados 25.599 km de ferrovias entre 1995 e 1999, quase
a totalidade da malha brasileira, que é de aproximadamente 28.000 km
- 147-
(ANTT, 2009). Duas estradas de ferro, a Estrada de Ferro Carajás (EFC)
e a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), foram repassadas em 1997
à companhia mineradora Vale (então chamada Vale do Rio Doce), por
serem essenciais para o desempenho de suas atividades produtivas (ANTT,
2013). As malhas foram divididas regionalmente e foram concedidas para
sete empresas:
Fonte: A N T T (2013)
C o n c lu sã o
b ib l io g r a f ia
- 153 -
Em apoio à sustentabilidade, à
preservação ambiental, Pronto Editora
Gráfica/ Kelps, declara que este livro foi
impresso com papel produzido de floresta
cultivada em áreas não degradadas e que
é inteiramente reciclável.
PATROCÍNIOS INSTITUCIONAIS:
ISBN: 9 7 8 -8 5 -4 0 0 - 895-2
EDITORA
KELPS 9 7 8 8 5 4 0 0 1 8 9 5 2