Lição 5
4 de agosto de 2019
A mordomia da Igreja Local
TEXTO ÁUREO
“Escrevo-te estas coisas […] para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.14,15).
VERDADE PRÁTICA
O cristão deve valorizar a igreja local como ambiente de adoração, comunhão e serviço ao
Reino de Deus.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A igreja local é formada por pessoas que se reúnem para adorar, congregar e servir a Deus.
Nesta lição, refletiremos sobre as nossas responsabilidades quanto ao lugar no qual
desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os irmãos em Cristo. Que o Espírito
Santo nos guie neste estudo!
- Temos estudado até a última lição sobre a mordomia do Ser do homem— corpo, alma e espírito
— bem como seu primeiro habitat social, isto é, a família. Desta em diante, estudaremos as
relações humanas do cristão fora do eixo de sua família: a igreja local. A expressão ‘igreja
local’ não é encontrada nas Escrituras, mas veio a ter largo uso de modo a distinguir os
diferentes significados da palavra igreja (ekklesia) como aparece no Novo Testamento. O Novo
Testamento toma essa palavra, comum no mundo grego daqueles dias para descrever um
ajuntamento de cidadãos convocados a se reunirem para fazer o negócio do Estado, e passam
a aplicar a pessoas convocadas por Deus para fazerem o negócio do céu. Essa idéia de um povo
‘convocado’ ou ‘chamado para fora’ servia perfeitamente ao conceito bíblico de um povo a
quem Deus ‘chamou das trevas, para a sua maravilhosa luz’ (1Pd 2.9). O uso mais adequado da
palavra igreja em nossa Bíblia tem referência com todos os que responderam ao chamado do
evangelho (2Ts 2.14) e entraram numa nova relação com Deus. O movimento que eles fizeram
não é espacial, mas espiritual. Eles, pela fé, deixaram o mundo de valores tenebrosos e vieram
para a luz do Filho de Deus (Cl 1.13). É neste sentido que Jesus fala da igreja em Mateus 16.18
e também Paulo em Atos 20.28 e Efésios 5.25. É muito importante entender que o chamado de
Deus é um chamado individual e pessoal. O povo chamado pode ser ‘de toda tribo, língua, povo
e nação’ (Ap 5.9) mas não vem a Cristo em grupos. A escolha de deixar as trevas e caminhar na
luz é muito pessoal. Temos que chegar ao Senhor individualmente. Não há ninguém mais que
seja parte do pacto que fazemos com ele. Se nenhuma outra alma na terra reconhecer Jesus
Cristo como Senhor, nosso compromisso com ele permanece o mesmo. Isto então é onde a igreja
de Deus (o povo convocado que pertence a Deus) começa, com o compromisso pessoal de
indivíduos por toda a parte que respondem em fé ao chamado de Deus no evangelho (Ef 1.13).
Assim, eles foram chamados no Pentecostes, quando o evangelho foi pregado inicialmente, um
por um, arrependendo-se de seus pecados e sendo batizados em nome de Jesus para a remissão
dos mesmos (At 2.38,41). E assim sempre foi, desde então, um por um, comprometendo-se com
Cristo e sendo chamados ‘cristãos’ segundo aquele que é o centro de suas vidas (At 11.20-26).
Esta grande família de todo o povo de Deus nunca está destinada nesta vida a ser reunida em
um lugar ou a conhecer uns aos outros como um todo, mas todos foram ‘batizados em um corpo’
(1Co 12.13). Eles são a ‘universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus’ (Hb
12.22-23). Para este corpo universal de crentes não há sede terrestre (Cl 1.18) para arrastá-los
para entidades nacionais ou internacionais para que possam funcionar como uma unidade. No
entanto, eles eram e são filhos do mesmo Pai, irmãos e irmãs em Cristo. – Dito isto, vamos
pensar maduramente a fé cristã?
3. A mordomia no uso dos dons espirituais. Os dons espirituais são concedidos por Deus para
dar poder e unção à Igreja. Eles confirmam a pregação da Palavra, a fim de glorificar a Cristo.
A Bíblia mostra que os dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja, ou seja, aos salvos:
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme
graça de Deus” (1Pe 4.10 — grifo meu). Na Bíblia há orientação para o uso correto dos dons
espirituais (1Co 14.40). Por esse motivo, certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal
não devem ser estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar
ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer “aviõezinhos” etc. Segundo a
Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela apenas carnalidade e infantilidade
(1Co 3.1). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 5, 4 Agosto,
2019]
- Os dons espirituais eram usados não para a exaltação de quem os tinha, mas no interesse
amoroso para o benefício de outros na igreja (1Co 12.7.13). O dom espiritual é uma habilidade
sobrenatural que Deus concede por sua graça a cada cristão por meio da qual o Espírito Santo
ministra ao corpo de Cristo. A palavra grega (charisma) enfatiza o aspecto gratuito do dom. As
categorias de dons espirituais são apresentadas em textos como Rm 12.3-8; 1Co 12.4-10. É
interessante que Pedro enfatiza o fato de que o crente é um despenseiro da multiforme graça.
O despenseiro é responsável pelos recursos de outra pessoa. O crente não é dono de seus dons,
mas Deus lhe tem dado dons para edificar a Igreja e render-lhe glória. Em 1 Co 14.33, Paulo dá
a chave: A igreja em adoração a Deus deve refletir o caráter e a natureza dele porque ele é um
Deus de paz e harmonia, ordem e clareza, não de briga e confusão (Rm 15.33; 2Ts 3.16; Hb
13.20). Temos acompanhado uma avalanche de Igrejas pentecostais que estão se
“neopentecostalizando”. Isso é uma decorrência da falta de sólida formação bíblico-teológica.
Assim, algumas igrejas estão reproduzindo as práticas estranhas à Bíblia e à tradição do
pentecostalismo histórico.
3. Agindo para glória de Deus e o alívio do próximo. Não precisamos, portanto, do Socialismo,
ou do Marxismo, ou da Teologia da Libertação (braço auxiliar do marxismo que dessacraliza o
evangelho e politiza o Reino de Deus) para acolher e cuidar dos necessitados. Os representantes
dessas ideologias usam um ideal supostamente nobre para escravizar pessoas e perpetuarem-
se no poder. Infelizmente, o nosso país, bem como toda a América Latina, é vítima dessa
ideologia nefasta. O fundamento da igreja local para a prática social está nos salmistas, nos
profetas, em Cristo e nos apóstolos, ou seja, em toda a Bíblia. A Igreja de Cristo deve socorrer
os menos favorecidos porque o amor de Deus está em nós, e, portanto, devemos amar o nosso
semelhante (Mc 12.30,31; cf. Gl 2.10). Que estrutura as igrejas locais têm para atender os
novos convertidos que se acham entre certos grupos: prostitutas, moradores de rua, drogados,
famintos, deficientes e deprimidos? É preciso, à luz do exemplo do nosso Salvador, e dentro
das nossas possibilidades (Ec 9.10), estruturar o mínimo de condições para resgatar tais
segmentos. Sejamos zelosos na mordomia da ação social! [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 5, 4 Agosto, 2019]
- “A Bíblia diz que ajudar o próximo é uma parte muito importante da vida do crente. Ajudar
o próximo é expressar o amor de Deus. Existem muitas formas de ajudar o próximo. Jesus disse
que o segundo maior mandamento, depois de amar a Deus, é amar ao próximo como a si mesmo
(Mateus 22:37-39). O amor verdadeiro se expressa em ações. Quem não ajuda seu próximo nas
necessidades não o ama de verdade (1 João 3:16-17).” (RESPOSTAS)
- “A contribuição com a obra de Deus e a oferta aos pobres e necessitados é uma prática bíblica
inegável. Infelizmente, vivemos hoje dois extremos nesta questão: aqueles que, alimentados
pela ganância, ultrapassam os limites das Escrituras e astuciosamente arrancam o último
vintém dos incautos, e aqueles que amam mais o dinheiro do que a Deus e fecham o coração e
o bolso, negligenciando a graça da contribuição, sendo infiéis na mordomia dos bens. A
devolução dos dízimos é um claro ensino bíblico, presente antes da lei, durante a lei e depois
da lei. A contribuição pessoal, voluntária, generosa, sistemática e alegre está presente tanto
no Antigo como no Novo Testamento. O rei Davi oferece-nos alguns princípios importantes
sobre a contribuição que glorifica a Deus, quando se preparava para construir o templo de
Jerusalém. Esses princípios podem ser vistos no texto de 1Crônicas 29.1-22. Em primeiro lugar,
devemos contribuir porque a obra de Deus a ser realizada é muito grande (1Cr 29.1). Davi
disse: “… esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o Senhor Deus”.
Davi estava construindo o templo e o palácio. Queria fazer o melhor e dar o melhor para Deus.
Tudo o que fazia não era pensando nos homens, mas em Deus. Igualmente, a igreja está
realizando uma grande obra. Há templos a serem construídos, igrejas a serem plantadas,
pessoas necessitadas a serem assistidas, missionários a serem enviados, muito terreno a ser
conquistado aqui e além fronteira. Em segundo lugar, devemos contribuir com liberalidade
porque Deus merece o melhor (1Cr 29.2). Davi, com todas as suas forças preparou para a Casa
de Deus, em abundância, aquilo que existia de melhor. Deus é o dono de tudo. Tudo o que
temos vem das suas mãos. Tudo o que damos, também procede de suas dadivosas mãos. Ele é
Deus de primícias. Merece o melhor e não as sobras. As coisas de Deus precisam ser feitas com
excelência. Não podemos ofertar a Deus com usura, pois ele não nos dá suas bênçãos por
medida. Ao ofertar ao Senhor, devemos colocar aí o nosso coração e a nossa força. Em terceiro
lugar, devemos contribuir movidos por grande amor a Deus e à sua obra (1Cr 29.3). Davi não
apenas recolheu ofertas dos outros, mas ele pessoalmente deu para a Casa do seu Deus o ouro
e a prata particulares que tinha. E fez isso, porque amava a Casa do seu Deus. Quem ama dá.
Quem ama é pródigo em ofertar. Nosso amor por Deus não passa de palavrório vazio se não
ofertamos ao Senhor com generosidade. Nossa contribuição, ainda que sacrificial, não tem
valor diante de Deus, se não é motivada pelo nosso amor ao Senhor e a sua obra. O apóstolo
Paulo diz que ainda que entreguemos todos os nossos bens para os pobres, se não tivermos
amor, nada disso aproveitará. Em quarto lugar, devemos contribuir espontaneamente
motivados pela alegria de Deus (1Cr 29.5-9). A contribuição é uma graça que Deus nos dá. É
um privilégio ser cooperador com Deus na sua obra. O ato de contribuir é uma expressão de
culto e adoração. Deus ama a quem dá com alegria. A voluntariedade e a alegria são
ingredientes indispensáveis no ato de contribuir. Davi perguntou ao povo: “Quem está
disposto, hoje, a trazer ofertas liberalmente ao Senhor? O povo se alegrou com tudo o que se
fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao Senhor; também
o rei Davi se alegrou com grande júbilo” (1Cr 19.5,9). Devemos vir ao gazofilácio para ofertar,
exultando de alegria e não com tristeza. Em quinto lugar, devemos contribuir conscientes de
que Deus é dono de tudo e que tudo deve ser feito para a sua glória (1Cr 29.10-22). O resultado
da alegre, generosa e abundante oferta do rei e do povo foi a manifestação da glória de Deus.
Davi louvou a Deus pela sua glória, poder e riqueza, reconhecendo que as ofertas que deram
tinham vindo do próprio Deus. O povo adorou a Deus e houve grande regozijo. O maior
propósito da nossa contribuição deve ser a manifestação da glória de Deus. John Piper tem
razão em dizer que o Senhor é mais glorificado em nós quanto mais nos deleitamos nele. Que
tudo o que somos e temos esteja a serviço de Deus e seja um tributo de glória a Deus. Que os
bens que Deus nos deu estejam no altar de Deus, a serviço a Deus.” (HERNANDESDIASLOPES)
2. Líderes cristãos como mordomos. Os pastores das igrejas locais, como mordomos cristãos,
têm grande responsabilidade diante de Deus pelas almas que lhe são confiadas. Essa
responsabilidade está amparada no próprio exemplo de Jesus. Nosso Senhor ensina-nos como
cuidar das almas que o Pai nos confiou. Ele lavou os pés aos discípulos, e ensinou: “Entendeis
o que vos tenho feito? […] Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também” (Jo 13.12,15 — grifo meu). Aqui, está claro que nenhum líder deve comportar-se como
“maior que os outros”, inacessíveis aos humildes servos do Senhor, mas todos devem fazer parte
da “irmandade da bacia e da toalha”. Essa perspectiva consciente da liderança evangélica é o
mais eficaz antídoto contra o orgulho. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre
2019. Lição 5, 4 Agosto, 2019]
- Não deixar um legado é como roubar o futuro da próxima geração. Líderes sem legado são
líderes sem história. “O cristão é um escravo (doulos) de Deus, propriedade exclusiva de seu
Rei e Senhor ( I Pe 2. 9,10 cf Dt 7.6; 14.2). Ele e seus dons, habilidades, bens de produção e de
consumo, pertencem ao Criador do qual e para o qual é toda natureza: mineral, animal e
vegetal. Somente o cristão verdadeiro e fiel pode ser escravo consciente, capaz de
compreender e aceitar o direito de propriedade do Criador sobre sua obra criada e sobre o
homem, reconhecendo, na teoria e na prática, sua condição de servo, mas com a dignidade
social, moral e espiritual de mordomo. O eleito escolhido na economia da graça é “escravo
consciente.” Todos os seres humanos, porém, uns mais, outros menos, conforme a capacidade,
o poder e a responsabilidade de cada um, podem ser, e efetivamente são, usados por Deus,
tudo conforme os objetivos da criação. “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio ( poder de governar)sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda terra e sobre todos os repteis
que rastejam pela terra” ( Gn 1.26). “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no
Jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15). Eis as missões delegadas à criatura
humana pelo Criador: governar, produzir e preservar. Sempre que o homem age em
cumprimento a tais princípios, seja crente ou ateu, cumpre o desiderato original e serve a
Deus. Quando, porém, procede contrariamente, desgovernando, malbaratando o tempo e
depredando os bens naturais, torna-se anti-servo, comportando-se como “adversário” do
Criador.” (EBENEZER)
3. A mordomia dos membros e congregados. Numa igreja local, além dos líderes terem uma
responsabilidade específica, o membro do Corpo de Cristo deve ser útil à Obra do Senhor,
exercendo a mordomia do Reino de Deus conforme a sua capacidade. Orando, louvando,
testemunhando, evangelizando, visitando enfermos e afastados, liderando departamentos e
realizando outras atividades. É preciso trabalhar “enquanto é dia” (Jo 9.4). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 5, 4 Agosto, 2019]
- Tenhamos em mente o que foi discutido nos pontos anteriores sobre a Doutrina da Mordomia:
tudo pertence a Deus; nós somos apenas mordomos ou administradores; isso inclui corpo,
mente, talentos, oportunidades, relacionamentos, dinheiro, bens, tudo mesmo; um dia,
teremos que prestar contas a Deus da nossa mordomia.
CONCLUSÃO
A mordomia na igreja local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa vocação e
perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. É um grande privilégio servir a
Deus com os dons que Ele nos deu. Portanto, seja um mordomo fiel na igreja em que você
congrega. Ame a Deus, ame ao próximo, ame à igreja e congregue com alegria. Valorize a igreja
local. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 5, 4 Agosto, 2019]
- Deus, em sua soberania, jamais desprezou sua Criação, mas a cada dia, através do seu Espírito,
Ele renova a face da terra: "Envias o teu Espírito e são criados, e assim renovas a face da terra"
(Sl 104.30). Dessa maneira o Senhor nos ensina princípios divinos com relação à mordomia dos
bens espirituais, morais e materiais (Lc 16.2). Tudo o que recebemos na vida espiritual vem do
Senhor (Cl 1.16), Ele é o doador dos bens espirituais (Tg 1.17) e da nossa salvação (Jo 3.16), de
maneira que nossa vida espiritual deve ser administrada com sabedoria (2 Jo 8). Não podemos
desprezar a nossa salvação (Hb 2.3), nem nossa confiança no Senhor (Hb 10.35), pois um dia
iremos prestar contas a Ele pela maneira como administramos os bens espirituais (Ap 22.12).
Compreender a mordomia cristã como uma oportunidade de melhor servir ao Senhor é uma
grande bênção (Jo 12.26). Tudo sucede quando entendemos que o Senhor é dono de todas as
coisas (Jo 1.3) e que somos apenas serviçais para cumprir o propósito divino (Jo 2.5). Quando
agimos assim as bênçãos divinas nos alcançarão (Dt 28.2).