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FANORPI – Faculdade do Norte Pioneiro

Curso: Administração de Empresas


GOVERNANÇA CORPORATIVA - 7º Período 2010
Profª Maria das Graças Zurlo

1. CONCEITO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas,


envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria,
auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a
finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a
sua perenidade".

Esse é o atual conceito de governança, amplamente divulgado pelo IBGC, após revisão no
seguinte texto elaborado na sua fundação, em 1995:

"Governança corporativa é o sistema que assegura aos sócios-proprietários o governo


estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A relação entre
propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, a auditoria independente e o
conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle. A boa governança
corporativa garante eqüidade aos sócios, transparência e responsabilidade pelos resultados
(accountability)."

2. ORIGEM DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

Na primeira metade dos anos 90, em um movimento iniciado principalmente nos Estados Unidos,
acionistas despertaram para a necessidade de novas regras que os protegessem dos abusos da
diretoria executiva das empresas, da inércia de conselhos de administração inoperantes e das
omissões das auditorias externas.

Conceitualmente, a governança corporativa surgiu para superar o "conflito de agência",


decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Nesta situação, o proprietário
(acionista) delega a um agente especializado (executivo) o poder de decisão sobre sua
propriedade. No entanto, os interesses do gestor nem sempre estarão alinhados com os do
proprietário, resultando em um conflito de agência ou conflito agente-principal.

A preocupação da governança corporativa é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de


incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos
esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas.

A boa governança corporativa proporciona aos proprietários (acionistas ou cotistas) a gestão


estratégica de sua empresa e a monitoração da direção executiva. As principais ferramentas que
asseguram o controle da propriedade sobre a gestão são o Conselho de Administração, a Auditoria
Independente e o Conselho Fiscal.

A empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota como linhas mestras a
transparência, a prestação de contas (accountability), a eqüidade e a responsabilidade corporativa.
Para tanto, o Conselho de Administração, representante dos acionistas, deve exercer seu papel,
estabelecendo estratégias para a empresa, elegendo e destituindo o principal executivo,
fiscalizando e avaliando o desempenho da gestão e escolhendo a auditoria independente.

A ausência de conselheiros qualificados e de bons sistemas de governança corporativa tem levado


empresas a fracassos decorrentes de:

- Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da diretoria sobre o acionista e
dos administradores sobre terceiros);
- Erros estratégicos (resultado de muito poder concentrado no executivo principal);
- Fraudes (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de
interesses).

3. Governança Corporativa no Mundo

Nos últimos anos, a adoção das melhores práticas de governança corporativa tem se expandido
tanto nos mercados desenvolvidos quanto em desenvolvimento. No entanto, mesmo em países de
similares idioma e sistemas legais, como EUA e Reino Unido, o emprego das boas práticas de
governança apresenta diferenças quanto ao estilo, estrutura e enfoque.

Não há uma completa convergência sobre a correta aplicação das práticas de governança nos
mercados, entretanto, pode-se afirmar que todos se baseiam nos princípios da transparência,
independência e prestação de contas (accountability) como meio para atrair investimentos aos
negócios e ao país.

E a fim de ganharem a confiança dos investidores, empresas e países notaram a necessidade de


incorporar algumas regras fundamentais, como sistemas regulatórios e leis de proteção aos
acionistas; conselho de administração atentos aos interesses e valores dos shareholders; auditoria
independente; processo justo de votação em assembléias; e maior transparência nas informações.

A partir da criação dos códigos de governança corporativa locais, as diferenças culturais e


históricas têm sido adaptadas. Como ponto de convergência, os documentos pretendem aumentar
os padrões de governança nos mercados como forma de atrair e reduzir os custos dos
investimentos.

As particularidades e práticas locais mantiveram sua força. Enquanto algumas nações apresentam
o modelo familiar como dominante, outras têm no capital difuso sua maior expressão.

Nos EUA e Reino Unido, onde estão as raízes da governança, os mercados de capitais atingiram
grande pulverização do controle acionário das empresas. Já na Alemanha e no Japão, as
instituições financeiras participam de forma importante no capital social das empresas industriais,
sendo, portanto, ativas na administração dos negócios.

De maneira geral, na Europa Continental, chegou-se a um modelo de evolução no relacionamento


entre as empresas e o capital de terceiros: a organização de blocos de controle para que os
acionistas exerçam, de fato, o poder nas companhias.
4. Governança Corporativa no Brasil

No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes surgiram em resposta ao movimento


pelas boas práticas de governança corporativa e à necessidade das empresas modernizarem sua
alta gestão, visando tornarem-se mais atraentes para o mercado. O fenômeno foi acelerado pelos
processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia, que resultaram em um
ambiente corporativo mais competitivo.

Oligopólios, empresas exclusivamente de controle e gestão familiar com alta concentração do


capital, acionistas minoritários passivos e conselhos de administração figurativos passaram a dar
lugar a investidores institucionais mais ativos, maior dispersão do controle acionário, maior foco
na eficiência econômica e transparência da gestão.

As privatizações ensejaram as primeiras experiências de controle compartilhado no Brasil,


formalizado por meio de acordo de acionistas. Nessas empresas, os investidores integrantes do
bloco de controle passaram a dividir o comando da empresa, estabelecendo contratualmente
regras.

Os investidores institucionais - seguradoras, fundos de pensão e fundos de investimentos, entre


outros - assumiram uma postura ativa, passando a comparecer nas assembléias gerais, a exercer os
direitos de voto de suas ações e a fiscalizar de modo mais próximo a gestão das companhias
investidas.

A abertura e conseqüente modificação na estrutura societária das empresas também ocorreu no


mercado financeiro. Houve aumento de investimentos de estrangeiros no mercado de capitais, o
que reforçou a necessidade das empresas se adaptarem às exigências e padrões internacionais. Em
resumo, as práticas da governança corporativa tornaram-se prioridade e fonte de pressão por parte
dos investidores.

Como resultado da necessidade de adoção das boas práticas de governança, foi publicado em
1999 o primeiro código sobre governança corporativa, elaborado pelo IBGC. O código trouxe
inicialmente informações sobre o Conselho de Administração e sua conduta esperada. Em versões
posteriores, os quatro princípios básicos da boa governança foram detalhados e aprofundados.

Em 2001, foi reformulada a Lei das Sociedades Anônimas, e, em 2002, a Comissão de Valores
Imobiliários (CVM) lançou sua cartilha sobre o tema governança. Documento focado nos
administradores, conselheiros, acionistas controladores e minoritários e auditores independentes, a
Cartilha visa orientar sobre as questões que afetam o relacionamento entre os já citados.

Outra contribuição à aplicabilidade das práticas de governança corporativa partiu da Bolsa de


Valores de São Paulo, ao criar segmentos especiais de listagem destinados a empresas com
padrões superiores de governança corporativa. Além do mercado tradicional, passaram a existir
três segmentos diferenciados de governança: Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. O objetivo,
segundo informativo da Bovespa, foi "estimular o interesse dos investidores e a valorização das
empresas listadas".

Basicamente, o segmento de Nível 1 caracteriza-se por exigir práticas adicionais de liquidez das
ações e disclosure. Enquanto o Nível 2 tem por obrigação práticas adicionais relativas aos direitos
dos acionistas e Conselho de Administração. O Novo Mercado, por fim, diferencia-se do Nível 2
pela exigência para emissão exclusiva de ações com direito a voto.
Estes dois últimos apresentam como resultado esperado a redução das incertezas no processo de
avaliação, investimento e de risco; o aumento de investidores interessados; e, conseqüentemente,
o fortalecimento do mercado acionário. Resultados que trazem benefícios para investidores,
empresa, mercado e Brasil.

A fim de estimular a disseminação das melhores práticas de governança, entre 2005 e 2006, o
IBGC desenvolveu três premiações: monografias, matéria jornalística e governança corporativa.
Os prêmios promovem o debate nos meios acadêmico, empresarial e de comunicação, além de
reconhecer empresas e pessoas atentas à temática.

Apesar do aprofundamento dos debates sobre governança e da crescente pressão para a adoção
das boas práticas de governança corporativa, o Brasil ainda se caracteriza pela alta concentração
do controle acionário, pela baixa efetividade dos conselhos de administração e pela alta
sobreposição entre propriedade e gestão. O que demonstra vasto campo para o conhecimento,
ações e divulgação dos preceitos da governança corporativa.

5. Modelos de Governança Corporativa

De modo geral, pode-se dividir os sistemas de governança corporativa no mundo em :

Outsider System (acionistas pulverizados e tipicamente fora do comando diário das operações da
companhia)

Sistema de governança anglo-saxão (Estados Unidos e Reino Unido):

- Estrutura de propriedade dispersa nas grandes empresas;


- Papel importante do mercado de ações na economia;
- Ativismo e grande porte dos investidores institucionais;
- Foco na maximização do retorno para os acionistas (shareholder oriented).

Insider System (grandes acionistas tipicamente no comando das operações diárias, diretamente ou
via pessoas de sua indicação)

Sistema de governança da Europa Continental e Japão:

- Estrutura de propriedade mais concentrada;


- Presença de conglomerados industriais-financeiros;
- Baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais;
- Reconhecimento mais explícito e sistemático de outros stakeholders não financeiros,
principalmente funcionários (stakeholder oriented).

Prioridade Internacional
Hoje, a comunidade internacional prioriza a governança corporativa, relacionando-a a um
ambiente institucional equilibrado e à política macroeconômica de boa qualidade.

- O G8, grupo das nações mais ricas do mundo, considera a governança corporativa um pilar da
arquitetura econômica global.
- A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) desenvolveu uma lista
de princípios de governança corporativa e promove periodicamente, em diversos países, mesas de
discussão e avaliação dessas práticas.

- Banco Mundial e FMI consideram a adoção de boas práticas de governança corporativa como
parte da recuperação dos mercados mundiais, fragilizados por sucessivas crises em seus mercados
de capitais.

- Em praticamente todos os países surgiram instituições dedicadas a promover debates em torno


da governança corporativa.

Linha do Tempo da Governança Corporativa

Ano de 1999
Governança no Mundo
O grupo de governança corporativa da OCDE abre caminho para a consolidação dos Principles of
Corporate Governance, divulgado em maio, contendo diretrizes e recomendações sobre as boas
práticas de governança.

Governança no Brasil
O Instituto - IBCA - passa a se denominar IBGC (Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa).
Lançado o primeiro código brasileiro sobre governança corporativa, o "Código das Melhores
Práticas de Governança Corporativa", de autoria do IBGC.

Ano de 2000
Governança no Mundo
Banco Mundial e Mckinsey concluem em estudo que investidores estão dispostos a pagar entre
18% a 28% a mais por empresas com governança.
Em São Paulo, acontece a primeira mesa redonda na América Latina, cujo resultado foi a
produção de um relatório com as conclusões da realidade de cada região.

Governança no Brasil
Em novembro, o IBGC realiza o 1° Congresso Brasileiro de Governança Corporativa, em
comemoração ao 5° aniversário do Instituto, com a intenção de divulgar os conceitos e práticas de
governança.
Em dezembro, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) lança oficialmente os segmentos
diferenciados de governança corporativa: Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado.

Ano de 2001
Governança no Mundo
Em novembro, é divulgado ao mundo os problemas de fraude contábil na Enron. Na seqüência,
diversas empresas norte-americanas são obrigadas a refazer suas demonstrações financeiras.Como
uma das conseqüências, a empresa de auditoria norte-americana Arthur Andersen cessa suas
operações, após ser acusada de obstruir os trabalhos da justiça.
O código produzido pela OCDE é revisado e incorpora o resultado de debates internacionais.

Governança no Brasil
Bovespa cria o Índice de Governança Corporativa (IGC) cujo objetivo é medir o desempenho de
uma carteira composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança.
A Lei das SAs é reformada, sendo promulgada a Lei 10.303/2001, apresentando avanços, embora
tímidos em relação ao projeto inicial.

Ano de 2002
Governança no Mundo
O congresso norte-americano aprova a Lei Sarbanes-Oxley (SOX) em julho, como resposta aos
escândalos corporativos envolvendo grandes empresas do país, como Enron, Worldcom e Tyco,
entre outras.
No mês seguinte, a SEC (Securities and Exchange Commission) edita algumas normas
complementares e a Bolsa de Valores de Nova York aprova novos requisitos de governança
corporativa como condição para listagem de empresas.

Governança no Brasil
Em junho, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lança sua cartilha sobre governança:
"Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa", voltada para as companhias abertas.
CCR e Sabesp ingressam pioneiramente no Novo Mercado.

Ano de 2003
Governança no Mundo
Em maio, a Nasdaq anuncia normas semelhantes à Bolsa de Nova York.
Em dezembro, ocorre um escândalo corporativo na Parmalat, sendo o primeiro de muitos
problemas de governança corporativa com grandes empresas da Europa Continental.
Na Inglaterra, é lançado o Higgs Report, contendo recomendações sobre o papel dos conselheiros
externos. É lançado o Revised Combined Code, uma revisão do código de governança britânico.
As empresas do país passam a ser sujeitas à regra do "comply or explain" (pratique ou explique),
sendo obrigadas a divulgar de forma clara as eventuais práticas de governança não adequadas às
recomendações do código do país.
Na Alemanha, é lançado o código de governança alemão, seguindo de forma similar a abordagem
do "comply or explain".

Governança no Brasil
1ª edição do Prêmio IBGC de Monografias.
Lançada a pesquisa Panorama Atual da Governança Corporativa no Brasil, objeto de parceria
entre o IBGC e a Booz Allen Hamilton.

Ano de 2004
Governança no Mundo
A partir de recomendação da quinta Mesa Redonda de Governança Corporativa da América
Latina, a OCDE cria o Círculo de Companhias.

Governança no Brasil
Retomada do movimento de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil com listagem da Natura no
Novo Mercado. A grande maioria das empresas listadas ingressa diretamente no Novo Mercado,
segmento mais avançado de governança corporativa da Bovespa.
O IBGC lança, em edição revista e ampliada, a 3ª terceira versão do "Código das Melhores
Práticas de Governança Corporativa", abordando de forma didática e detalhada o papel dos
diferentes públicos-alvo da governança.
Ano de 2005
Governança no Mundo
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lança documento
contendo diretrizes de boa governança para empresas de controle estatal.

Governança no Brasil
É realizada a oferta de ações da primeira companhia brasileira de capital amplamente disperso
(Lojas Renner), uma inovação no modelo brasileiro de governança corporativa.
O IBGC completa 10 anos e lança o livro "Uma década de Governança Corporativa - História do
IBGC, marcos e lições da experiência".
1ª edição do Prêmio IBGC de Governança Corporativa.

Ano de 2006
Governança no Mundo
Mais um problema de governança corporativa é anunciado no mercado norte-americano: mais de
130 empresas são acusadas de manipular as datas de concessão dos planos de opções de ações dos
seus executivos, visando aumentar seus ganhos pessoais. O escândalo, conhecido como options
backdating, causa a demissão de mais de 50 CEOs e conselheiros.

Governança no Brasil
1ª edição do Prêmio IBGC/Itaú de Jornalismo.
Bovespa amplia regras para os níveis diferenciados de listagem.
Neste mesmo ano, um caso de insider trading ocorrido durante a tentativa pioneira de aquisição
hostil da Perdigão pela Sadia causa grande repercussão no mercado, aumentando a atenção do
órgão regulador em operações similares.

6. Glossário de Governança Corporativa

Ação ordinária: ação que confere a seu titular os direitos de voto nas instâncias decisórias da
sociedade, além do direito de participar dos resultados da companhia. A cada ação ordinária
corresponde um voto nas deliberações da Assembléia Geral.

Ação preferencial: classe de ações que confere aos seus detentores determinadas vantagens de
natureza financeira ou política em troca de restrições parciais ou totais no exercício do poder de
voto. As vantagens podem incluir prioridades na distribuição de dividendo e/ou reembolso de
capital, tag along, dividendos 10% superiores aos das ações ordinárias, dentre outros. O estatuto
deve definir as situações nas quais as ações preferenciais têm direito de voto.

Acionista majoritário: pessoa física ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de
voto, ou sob controle comum, que: a) seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem a maioria
dos votos nas deliberações da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores
da companhia; b) use efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia.

Acionista minoritário: proprietário de ações, cujo total não lhe permite participar do controle da
companhia.

Auditoria independente: órgão externo à organização e isento de conflito de interesses, que tem
a atribuição básica de verificar se as demonstrações financeiras refletem adequadamente a
realidade da organização.
Código de conduta: manual elaborado pela Diretoria de acordo com os princípios e políticas
definidos pelo Conselho de Administração, visando orientar administradores e funcionários na sua
forma de conduta profissional cotidiana. O código de conduta deve também definir
responsabilidades sociais e ambientais.

Comitê de Auditoria: órgão estatutário formado por conselheiros de administração, e que se


reporta ao colegiado integral do Conselho de Administração, para tratar dos assuntos relacionados
às normas a serem cumpridas pelos auditores independentes contratados por essas instituições. O
Comitê é instituído para analisar as demonstrações financeiras, promover a supervisão e a
responsabilização da área financeira, garantir que a diretoria desenvolva controles internos
confiáveis e que a auditoria interna desempenhe a contento o seu papel, selecionar, fixar a
remuneração, acompanhar o trabalho e, sendo o caso, decidir pela destituição dos auditores
independentes, zelando para que estes façam uma correta revisão das práticas da diretoria e da
auditoria interna.

Conflito de interesses: há conflito de interesses quando alguém não é independente em relação à


matéria em discussão e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses distintos
daqueles da organização.

Free float (Ações em Circulação): quantidade de ações de uma empresa disponível para
negociação livre em mercado de capitais, ou seja, são todas as ações de emissão da companhia
exceto aquelas: (i) de titularidade do acionista controlador, de seu cônjuge, companheiro(a) e
dependentes incluídos na declaração anual de imposto de renda; (ii) em tesouraria; (iii) de
titularidade de controladas e coligadas da companhia, assim como de outras sociedades que com
qualquer dessas integre um mesmo grupo de fato ou de direito; (iv) de titularidade de controladas
e coligadas do acionista controlador, assim como de outras sociedades que com qualquer dessas
integre um mesmo grupo de fato ou de direito; e (v) preferenciais de classe especial que tenham
por fim garantir direitos políticos diferenciados, sejam intransferíveis e de propriedade exclusiva
do ente desestatizante.

Regimento interno do Conselho: conjunto de normas e regras que explicita as


responsabilidades, atribuições, funcionamento, rotinas de trabalho e interação entre os principais
órgãos da empresa, entre eles o Conselho de Administração, seus Comitês, Diretoria, Conselho
Fiscal e Conselho Consultivo, se existente, prevenindo situações de conflito, notadamente com o
executivo principal (CEO).
Sessão Executiva: parte da reunião do Conselho de Administração na qual o executivo principal
ou integrantes da Diretoria não participam.

Stakeholders (Partes interessadas): indivíduos ou entidades que assumam algum tipo de risco,
direto ou indireto, em face da sociedade. São elas, além dos acionistas, os empregados, clientes,
fornecedores, credores, governos, entre outros.

Tag along: é a extensão parcial ou total, a todos os demais sócios das empresas, das mesmas
condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle de uma sociedade.

Fonte : http://www.ibgc.org.br/Home.aspx - Instituto Brasileiro de Governança


Corporativa

TERREMOTO GLOBAL - Revista Época – Julho 2002 - Edição 215


Falta de confiança nos balanços de grandes empresas dos EUA abala mercados e afasta
investidor estrangeiro do Brasil
ANA MAGDALENA HORTA
Não se trata apenas da maior fraude da história corporativa dos Estados Unidos nem do espectro
da falência da segunda maior operadora de chamadas de longa distância do país. A divulgação de
um rombo de cerca de US$ 4 bilhões nas contas da americana WorldCom, na quarta-feira, fez
tremer a terra porque tocou em algo além dos números – mexeu na fé em relação ao que eles
representam. Bolsas de valores nos quatro continentes arriaram sob o peso da desconfiança em
um sistema de contabilidade que, por longos anos, assinou atestados de saúde para gigantes do
mundo empresarial. Para os investidores, deter ações de multinacionais deixou nos últimos dias
de ser um negócio com lucro certo e virou um arriscado jogo de roleta-russa.

“O sistema parecia realmente um cassino de vez em quando, mas pelo menos era um cassino
honesto”, disse o estrategista do banco de investimentos Merril Lynch, Barton Biggs. “Agora as
pessoas estão questionando essa premissa básica.”

O caso WorldCom, imbatível no tamanho do buraco financeiro, é o mais recente de uma série de
escândalos envolvendo verdadeiros mitos capitalistas. Empresas recheadas de lucros e
consideradas exemplos de administração moderna ruíram ou estão com a reputação para sempre
comprometida por causa de manobras ilegais. Quem aplicou dinheiro nelas e acreditou em
balanços auditados segundo regras amplamente aceitas possui hoje apenas um punhado de pó nas
mãos.

Neste mês, os
investidores
estrangeiros já
reduziram em 30 % o
volume de dinheiro
colocado na
economia brasileira

A WorldCom tem quase US$ 30 bilhões em dívidas com bancos. As instituições mais penduradas
– como Citigroup, Bank of America e Chase, que emprestaram mais de US$ 4,5 bilhões aos
executivos da companhia – viram o preço de seus papéis despencar junto com os índices das
bolsas. A recuperação do dinheiro, afinal, é incerta, mesmo com o anúncio de que, para escapar
da forca, a WorldCom vai demitir um quinto da força de trabalho, ou 17 mil pessoas. As ações da
empresa já valeram mais de US$ 60. Hoje viraram trocado: estão cotadas em cerca de US$ 0,20.

No Brasil, os efeitos do terremoto somaram-se a um já terrível humor do mercado financeiro,


refém de especulações pré-eleições presidenciais e dos temores sobre a dívida interna. Na quarta-
feira, o dólar voltou a bater cotação recorde no Real – R$ 2,88 –, enquanto as ações da Embratel,
controlada pela WorldCom, foram ao chão, perdendo até 25% do valor. Embora funcione de
forma independente da matriz, a Embratel está à venda, revelou o jornal Valor. O banco de
investimento Goldman Sachs foi contratado para cuidar do negócio. Mas não há pressa, segundo
a direção da empresa, pois o caixa é suficiente para suportar as necessidades do ano. Desde a
privatização, a Embratel não recebe dinheiro novo da controladora.
O DINHEIRO FOGE
Os investimentos estrangeiros no Brasil vêm
caindo* - em US$ bilhões

Janeiro/2001 31,4
Maio/2001 31,6
Janeiro/2002 22,5
Maio/2002 21,9

* Acumulado em 12 meses
Fonte:BC

A confusão internacional vem num mau momento para os países emergentes. Nas últimas
semanas, a crescente instabilidade da economia americana já afastava os investidores até dos
próprios EUA. Os capitais estão sendo transferidos para pontos do planeta um pouco menos
suscetíveis à histeria atual, como a Europa. O movimento provocou uma desvalorização do dólar
de cerca de 10% e uma subida histórica do euro, que desde sua criação, em 1999, não conseguia
brigar de igual para igual com o concorrente americano.

Segurar capital externo, portanto, tem ficado cada vez mais complicado. Segundo o Banco
Central, o fluxo de investimento estrangeiro direto no Brasil (para investimentos produtivos,
como fábricas, por exemplo) em de junho deverá ser de US$ 1 bilhão, cerca de 30% menos que
no mês anterior. A fuga repetiu-se nas bolsas. Até 20 de junho, os estrangeiros tiraram de
circulação das mesas de apostas nacionais cerca de R$ 769 milhões, um volume de saques quatro
vezes maior que a média registrada no mês anterior.

WorldCom
Bernie Ebbers, fundador

A WorldCom, presente em 65
países, admitiu ter inflado em
cerca de US$ 4 bilhões seus
lucros entre janeiro de 2001 e
março de 2002. A companhia
já estava envolvida em outro
escândalo. Em abril, seu
fundador e ex-presidente,
Bernie Ebbers, renunciou ao
cargo depois de ter pego
'emprestados' da empresa
US$ 360 milhões para comprar ações da própria
WorldCom. Ebbers fez da companhia um império.
Comprou mais de 75 empresas nos anos 90, entre elas a
gigante MCI.

A onda de pânico global demoniza ainda mais os papéis da dívida brasileira. A preocupação em
relação à capacidade de o Brasil honrar a dívida pública – cuja proporção ultrapassa hoje mais da
metade de tudo o que o país produz em um ano – faz os bancos estrangeiros deixarem de lado os
títulos públicos federais. Calcula-se que a procura por esse tipo de papel tenha caído 20% entre
janeiro e maio.

O governo e o Banco Central correm atrás do prejuízo, na árdua tarefa de convencer a banca
internacional a deixar a carteira por aqui. Porém, tudo ficou mais complicado agora que a
WorldCom espalhou no ar o medo da cilada. Os investidores estão dormindo com o fantasma da
mentira. Nem ao menos sabem até onde empresas que julgavam saudáveis realmente o são. “É
uma crise de confiança que não se via desde a Grande Depressão”, espantou-se Joseph Nocera,
em artigo na revista Fortune. Algo importante se quebrou. “Temo que a psicologia dos
investidores tenha sofrido um sério abalo”, diz Bill Lerach, advogado que defende os acionistas
da falida Enron, do setor de energia – o primeiro grande caso de balanço fraudado entre as
estrelas surgidas na última década.

ImClone SYSTEMS
Samuel Waksal, co-fundador

Samuel Waksal, co-fundador


e ex-presidente da ImClone
Systems, foi preso no início
de junho acusado de passar
informações privilegiadas
para membros da família e
amigos, que também estão
sob investigação. O governo
americano recusou um pedido
da ImClone para aprovar uma
droga para o tratamento de
câncer, o Erbitux. A recusa fez os papéis da empresa
despencar, mas antes disso muitos conhecidos de Waksal
conseguiram vender suas ações a bons preços.

A renda dos
executivos dos
EUA aumentou
cerca de 7 vezes
desde 1985

A seqüência de casos de contabilidade fajuta entre notáveis iniciou-se em outubro do ano


passado. A até então rentável Enron teve de fechar as portas depois de bolar uma complicada
operação para inflar as receitas e esconder prejuízos. A auditoria Arthur Andersen,
responsável pelas contas da empresa, está sendo processada por haver deixado passar os erros
e destruído provas. A mesma auditoria, uma das cinco maiores do mundo, respondia pelos
balanços da WorldCom.

Outros grandes nomes juntam-se às duas empresas. A Adelphia, sexta maior operadora de
cabo nos EUA, admitiu que há dois anos vinha multiplicando aleatoriamente as receitas. A
Xerox também teria inventado lucros e está sendo processada pela Securities and Exchange
Commission (SEC), o órgão responsável pela supervisão do mercado. A Global Crossing, de
telecomunicações, armou um intrincado sistema para fingir receber dinheiro pelo transporte
de dados, quando na realidade não havia dinheiro circulando. Na semana passada, a Rite Aid,
terceira maior rede de farmácias nos EUA, mudou os balanços e admitiu ter forjado lucros. A
lista de empresas sob holofotes por procedimentos irregulares segue: Computer Associates,
Duke Energy, Dynegy, Kmart, Lucent Technologies, Network Associates, Qwest. São casos
demais para um sistema orgulhoso de seus controles, reverenciado como padrão internacional
de transparência.

ENRON
Kenneth Lay, fundador

O balanço de outubro do ano


passado mostrou um buraco
nas contas da Enron, empresa
do setor de energia
considerada por muitos um
exemplo de gestão
revolucionária e competente.
Ela era a sétima maior
companhia dos EUA e
transformou-se na maior
falência da história do país.
Através de técnicas de maquiagem contábil, a Enron inflou
os lucros. Investiga-se se o governo dos EUA sabia de
antemão da crise que estava por estourar. Lay é amigo
íntimo da família Bush.

TYCO INTERNATIONAL
Dennis Kozlowski, ex-presidente

No início de junho, a Justiça


americana abriu uma
investigação contra o ex-
presidente da Tyco Dennis
Kozlowski. Ele é acusado de
fraudar US$ 1 milhão em
impostos, numa transação que
envolveu a compra de obras
de arte no valor de US$ 13
milhões. Além disso, um
inquérito da SEC, órgão
regulador do mercado, apura irregularidades nos balanços
da companhia. Fundos teriam sido desviados ilegalmente
para a aquisição de apartamentos e casas para executivos da
empresa.

A prática de refazer balanços para acertar números, que parecia coisa de reles sonegadores,
virou moda de grandes corporações. Desde 1997, cerca de 1.000 companhias americanas
confessaram ter publicado cifras falsas. Isso significa que não passava de fumaça boa parte
dos lucros que propulsaram o mercado de ações em níveis jamais vistos e transformaram em
heróis nacionais uma constelação de executivos americanos. Na esteira da alta das cotações,
astros das finanças empresariais jamais ganharam tanto dinheiro e fama. Em 1985, a renda de
cada um dos principais diretores e presidentes das maiores empresas dos EUA beirava os US$
1,5 milhão por ano. Em 2001, a bolada já ultrapassava os US$ 10 milhões.

O último ícone dessa linhagem de executivos-heróis, símbolos da prosperidade e da


hegemonia americanas, era o ex-presidente da General Electric Jack Welch. Mas, com status
de superstar, ele aposentou-se em 2001. Seu trono passou, então, a ser disputado
principalmente por dois nomes: Kenneth Lay, fundador da Enron, e Bernie Ebbers,
responsável por fazer da WorldCom uma potência no setor. Hoje, sabe-se que ambos subiram
à custa da fraude. O impacto dessas maracutaias é dramático para a população americana.
Numa recente pesquisa do Pew Research Center for the People and the Press, de Washington,
a maioria dos entrevistados disse que já acredita mais em políticos que em líderes
empresariais. O mundo dos executivos nunca pensou em ouvir coisa semelhante.

A crise de confiança anda de mãos dadas com a recuperação lenta da economia americana. O
Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, manteve na quarta-feira a taxa de juro
básica inalterada, em 1,75%, pela quarta vez consecutiva. O preço do dinheiro é o mais baixo
em 40 anos, mas ainda assim as bolsas patinam. A situação aponta a necessidade de uma
reforma profunda no sistema, como todas as que sucederam a estouros de bolhas
especulativas ao longo da história americana, diz o professor de Direito da Universidade
Columbia John Coffee. “O momento é grave”, concorda o venerado Paul Volcker, ex-
presidente do Fed. “A eficária dos mercados de capitais está realmente ameaçada.”
Entenda o caso Enron da Folha de S.Paulo 27/05/2003 - 02h48

A Enron, gigante americana do setor de energia, pediu concordata em


dezembro de 2001, após ter sido alvo de uma série denúncias de fraudes
contábeis e fiscais. Com uma dívida de US$ 13 bilhões, o grupo arrastou
consigo a Arthur Andersen, que fazia a sua auditoria.

Segundo investigadores federais, a Enron criara parcerias com empresas e


bancos que permitiram manipular o balanço financeiro e esconder débitos de
até US$ 25 bilhões nos últimos dois anos.

O lucro e os contratos da Enron foram inflados artificialmente. A investigação


indicou que ex-executivos, contadores, instituições financeiras e escritórios
de advocacia foram responsáveis direta ou indiretamente pelo colapso da
empresa.

O governo americano abriu dezenas de investigações criminais contra


executivos da Enron e da Andersen. Além disso, pessoas lesadas pela Enron
também moveram processos.

Na semana passada, foi revelada a participação da Enron em um suposto


acordo com a Light, controlada pela AES, para a manipulação no leilão de
privatização da Eletropaulo, em 1998. Pelo acordo, a Enron não ofereceria
propostas, abrindo espaço para a Light. Em troca, a Enron venderia gás para a
Eletropaulo privatizada. O governo de São Paulo recebeu preço mínimo, sem
ágio, pela venda da empresa.

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