1- Apesar de defender o cristianismo como a “verdadeira filosofia”,
que importância dá Justino à filosofia pagã ou como ele justifica a
necessidade da filosofia?
R: Flavius Justinus, Justino – O Mártir – Foi um dos mais influentes
filósofos cristãos do Período Patrístico. Ele defendia a supremacia da Religião Cristã – O cristianismo era a verdadeira e "a única filosofia segura e útil" e que esse é o resultado último e definitivo que a razão pode alcançar na sua pesquisa, uma vez que a razão não é mais do que o Verbo de Deus, ou seja, Cristo, do qual participa todo o gênero humano”. Foi responsável pela elaboração do Sistema denominado Logos Espermatikos (“palavra geradora”) onde o autor afirmar que Deus havia preparado o caminho para sua revelação final em Cristo por intermédio dos indícios de sua verdade, que estavam presentes na filosofia pagã. Justino acreditava que mesmo aqueles que viveram segundo a razão também eram considerados cristãos, mesmo estes tendo sido chamados de ateus. Ele também sustenta a tese de que aqueles que ora tenham vivido na irracionabilidade eram maus e inimigos de Cristo, além de homicidas daqueles que viveram segundo a razão. Aqueles que viviam segundo a razão eram cristãos impávidos e tranquilos, porém não conheciam toda a verdade, mas neles existia a semente da verdade que não puderam entender completamente. Nessa perspectiva há uma adaptação da doutrina estoica das razões seminais. Justino nos fornece um importante exemplo inicial da tentativa de um teólogo em relacionar o evangelho à perspectiva da filosofia grega, tendência particularmente associada à igreja oriental. 2- Qual o posicionamento de Tertuliano frente à Filosofia?
R: Quintus Septimius Florens Tertullianus - Tertuliano, em relatos
históricos, foi o primeiro escritor cristão a escrever uma obra sistemática sobre o problema da trindade cristã. Também é considerado o maior teólogo da igreja ortodoxa primitiva, foi o responsável por reconhecer a Teologia não como um simples satélite girando entorno da filosofia, mais sobre tudo também, como uma “ciência” in-depedente e autônoma, capaz de formular suas próprias ferramentas terminológicas. Tertuliano era considerado um Fideísta Religioso, sendo fideísmo religioso a crença que nos afirma que todos os assuntos de fé e crenças religiosas não podem ser misturados ou apoiados pela razão. É justamento por esse motivo que Tertuliano foi credenciado por comentadores contemporâneos ao Fideísmo Religioso, pois se existe um pressuposto argumentativo no pensamento de Tertuliano que não é esquecido pelo tempo e, por isso, se tornou alvo de críticos é sem sombra de duvida seu repudio a filosofia. O próprio Tertuliano nos fala ”O que Atenas tem haver como Jerusalém” [...] “O que associação tem a Academia como a Igreja” (Adversus Praxeas) sua critica se acentua ao tratar de Platão, o mesmo chega o intitula-lo de “patriarca das heresias”. Não devemos a priori confundir as criticas de Tertuliano a filosofia, como uma critica à razão em sentido amplo como se o autor estivesse fazendo uma apologia a uma forma de irracionalismo, pois a critica de Tertuliano não esta firmada no ceticismo-filosófico, mais sim nos métodos-filosóficos.
3- Explique como a teoria da “corporeidade do Ser” dos estóicos
adotada por Tertuliano acaba por torná-lo um pensador materialista.
4- Como Tertuliano explica a transmissão do pecado original e quais
as implicações de sua teoria para o cristianismo?
Tertuliano concebia uma visão realista dos seres humanos. Segundo o
Autor, toda a raça humana estava potencial e numericamente em Adão (ora, compara Tertuliano que o pecado se assemelha a concupiscência (libido sexual)) e que, por herança, Adão transmitiu a todos os seus descendentes. Tertuliano concebia, numa doutrina tradicional da gênesis da alma, que todas as almas, como já fora citado anteriormente, estavam contidas no primeiro Homem do qual elas derivavam em derradeira premência. Por cometer o pecado, Adão infectou a raça humana por completo com a sua semente, fazendo dela um canal (traducem) da condenação. Ora nos diz Tertuliano: Cada alma, então, por razão de seu nascimento, tem sua natureza em Adão até nascer de novo em Cristo; Mais ainda, é impura todo o tempo em que ela continua sem essa regeneração; e por ser impura, é ativamente pecaminosa, e cobre mesmo a carne com sua própria vergonha.
5- O que é uma gnose e por que esta foi o grande problema a ser combatido pelos Padres da Igreja nos primeiros séculos do cristianismo? (ver nos Dicionários a definição de gnose)
R: Gnose, literalmente significa “conhecimento” , isso porque deriva-se
do termo grego gnosis, trata-se de um rol de conhecimento amparado pelos gnosticistas – cristão adeptos do gnosticismo. Para os ditos gnósticos, a gnose nada mais é que uma sapiência que faz parte do ser humano; um conhecimento fundamentado pela intuição, diferente do conhecimento cientifico ou racional. A gnose é, em termos práticos, uma via que poder desembocar na iluminação mística através do conhecimento pessoal que implica na salvação. A existência de uma Deidade transcendente não é negada pelos gnósticos, pelo contrário, os adeptos do gnosticismo veem no conhecimento divino um forma de chegar a um conhecimento supremo da realidade do cosmos. A gnose se tornou um problema no meio da igreja medieval por esse motivo, os gnósticos fizeram do conhecimento uma forma de salvação da condição do homem. Inúmeros seguidores dessas seitas heréticas usavam textos bíblicos para fundamentar seus ideais filosóficos. Um dos mais influentes gnósticos do período medieval foi Valentino, cuja fundamentação filosófica teve influência da sistematização das emanações descritas pela filosofia de Plotino.
6- O que significa gnose cristã ou como se dá a passagem da fé ao
conhecimento em Clemente de Alexandria?
Gnose cristã, em grosso modo, é um conhecimento referente ao Deus
Judaico-Cristão. Clemente de Alexandria foi o precursor do sistema denominado gnose cristã. Segundo Clemente a Gnose é o mais alto nível de sapiência, na qual culminam a fé a filosofia. Chegar à gnose sem qualquer vestígio de dialética, filosófica ou estudo natural, sendo clemente, é querer cultivar uvas em um vinha sem ter sido cultivada. Para ter o acesso a esse conhecimento haverá que ter a ascendência, está mediante a fé. Mediante a essa condição o individuo irá penetrar os segredos contidos nas Escrituras Sagradas que se encontram em oculto, debaixo de alegorias divinas e, não obstante conhecer os mais puros segredos do Senhor, transmitidos pela tradição dos apóstolos. Essa Gnose tem por fundamento o conhecimento máximo de Deus, e de Seus Logos divino, que a Verdade em Essência. Nessa problemática, Clemente usa a filosofia como uma escrava literal da fé como Agar foi de Sara. 7- Explique o método que permite Orígenes fazer a passagem da fé ao conhecimento (gnose cristã).
R: Origines foi o responsável pelo primeiro grande sistema filosófico do
período medieval, segundo o Autor, aqueles que eram dotados de uma condição espiritual superior, especialmente da Palavra e de uma ciência perspicaz, tinham a obrigação de interpretar as Escrituras Sagradas para procurar o fundamento racional de suas afirmações. Fazendo isso, Orígenes nos apresenta duas concepções doutrinarias: as essenciais e as acessórias do cristianismo. O cristão recebeu graça da ciência e da palavra, tem como fora dito, a obrigação de desvendar seus segredos em primeira etapa, e de expô-la em segunda etapa. A primeira etapa é condição essencial e a segunda uma condição supletória; instigada pelo amor ao saber, uma condição baseada no exercício da razão. Porém, esse sistema, em sentido amplo, contrapõe ao significado corpóreo ou literal o significado espiritual ou alegórico e sacrifica resolutamente o primeiro ao segundo sempre que o considera necessário. Dá-se então a passagem do significado literal ao significado alegórico das Escrituras Sagradas; a passagem da Fé ao conhecimento (Gnose Cristã) Orígenes, destaca consideravelmente a diferença real entre uma e outra e sustenta a superioridade do conhecimento que compreende em si a fé. Mergulhando em seu próprio arcabouço, a fé tornar-se-á conhecimento. Este processo verificou-se nos próprios Apóstolos que, primeiramente, atingiram pela fé os elementos do conhecimento, depois progrediram no conhecimento e tornaram-se capazes de conhecer o Pai. A própria fé, por uma exigência intrínseca, procura, pois, as suas razões e torna-se conhecimento. 8- Quem é Deus para Orígenes e por que sua doutrina da Trindade fere o cristianismo?
R: Orígenes se preocupou ao máximo a relatar a sua visão ontológica
da essência da Deus, para ele Deus não é um corpo literal e não subsiste em um; A Natureza do Divino é espiritual e simplicíssima. Sua Essência não pode ser ora considerada como todo, nem como parte do corpo, tendo a tese de que, Orígenes considerava Deus como um Ser homogêneo, indivisível e absoluto. Para indicar a unidade de Deus, Orígenes serve-se do termo pitagórico mónada, ao lado do qual emprega o termo neoplatónico de énada, que expressa ainda mais nitidamente à singularidade absoluta de Deus . Orígenes afirmava ser Deus superior a própria substancia, essa teoria assemelha-se a concepção ontologia elaborada pelo rabino judeu Fílon, que considerava Deus como um ser que esta além da condição do Ser, sendo assim a essência participa de Deus, todavia Deus não participa de nada. Sendo assim Do Logos pode dizer-se que é o ser dos seres, a substância das substâncias, a ideia das ideias; Deus está para lá de todas estas coisas. Apesar de todo esforço de Orígenes para expor uma doutrina solida sobre a trindade, seus discurso, tomaram uma gama herética, na concepção da formulação da unidade trinitariana, Orígenes sustentava a tese que a fonte e o fim de toda a existência é o Deus o Pai. Somente Ele é Deus no sentido estrito, apenas Ele sendo não gerado. Apenas e unicamente ele é absoluto, criador de todas as coisas e de tudo. Para criar uma ponte mediadora entre a unicidade absoluta e as múltiplas almas, o Deus pai cria seu Filho, sua imagem concreta, dessa forma o filho possui uma díade relacional com o mundo e com o Pai. O Pai gera o Filho por um ato eterno, fora da categoria do tempo, de modo que não se pode dizer que (Ele) existia quando (o Filho) não existia. Além disso, o Filho é Deus, embora sua deidade seja derivada, e, portanto Ele é um Deus Secundário, ou, na expressão grega original, `Deuteros Teos'. Em terceiro lugar há o Espírito Santo, "o mais honorável de todos os seres trazidos à existência através do Verbo, o primeiro da série de todos os seres originados pelo Pai através de Cristo". Com essa concepção, ainda que perigoso dizer, Orígenes constrói uma tríade de seres independentes ao invés de uma trindade una. Porém a verdade é que uma condição fortemente pluralista no seu trinitarianismo é uma sua característica saliente. Em sua análise, as três pessoas da Trindade são real e eternamente distintos. Para satisfazer as exigências do monoteísmo, Orígenes insiste que a plenitude da Divindade inoriginada está concentrada no Pai, o qual só Ele é a "fonte da deidade". O Filho e o Espírito Santo são divinos, mas a divindade que Eles possuem e que constitui sua essência jorra e deriva do ser do Pai. 9- Qual o destino do homem para Orígenes e o que tem de problemático em sua doutrina?
Segundo Orígenes, o destino do homem faz parte integrante do
movimento conjunto do mundo, o qual ele pertence. A alma é algo de intermédio entre a inteligência e os corpos: a inteligência como pura vida espiritual, é retrataria ao mal; a alma, pelo contrário, é susceptível do bem e do mal. Como a queda do homem foi um ato de liberdade, assim será um ato de liberdade à redenção e o retorno a Deus. Comentando o prólogo do IV Evangelho, Orígenes interpreta a ação iluminadora do Logos, não como uma revelação súbita, mas como a penetração progressiva da luz nos homens, como a chamada incessante do homem para que queira livremente voltar a Deus. O caminho para este retorno pode ser longuíssimo. Se a existência num mundo não basta, o homem renascerá no mundo seguinte e depois noutros ainda até que tenha expiado a sua culpa e tenha retornado à perfeição primitiva. Precisamente a necessidade da educação progressiva do homem justifica a pluralidade sucessiva dos mundos que Orígenes tomou do Estoicismo. Os mundos são outras tantas escolas nas quais se reeducam os seres que caíram.
10- Qual a relação entre fé e razão em Basílio?
Para Basílio a fé, antes de tudo, precede o entendimento: "Nas
discussões em torno de Deus deve ser tomada como guia a fé, a fé que leva mais fortemente ao assentimento do que a demonstração, a fé que não é causada pela necessidade geométrica, mas pela ação do Espírito Santo" Todo sistema difundido pela fé é determinado pela tradição eclesiástica, como sita Basílio: "Nós não aceitamos nenhuma nova fé que nos seja prescrita por outros, nem pretendemos expor os resultados da nossa reflexão para não dar como regra de religião aquilo que é só sabedoria humana. Nós comunicamos a quem nos pergunta só àquilo que os Santos Padres nos ensinaram”.
11- Como Basílio explica a Trindade (contra quem)?
Mais precisamente, Basílio tecer sua defesa contra Eunómio, um ariano de grande expressividade no contexto herético. Para refutar as heresias proposta pelo seu rival, o Santo de Magno levanta o fundamento indissociável sobre o problema da trindade: uma só substância ou essência (ousía), três pessoas (hypostaseis). Em Deus, cita Basílio, há certa e incompreensível comunidade o juntamente uma diversidade: a distinção das pessoas não elimina a unidade de natureza e a comunidade de natureza não exclui a particularidade dos caracteres distintivos. Contra Euriómio de Cizico, o Basílio sustenta que a essência de Deus consiste em ser ingénito e que, por isso, tal essência não pode ser participada pelo Filho, que é gerado pelo Pai. Basílio opõe que a essência divina é ingénita enquanto não depende de outra coisa senão de si própria e, em tal sentido, quer o Pai quer o Filho são ingénitos porque participam da mesma essência. Mas, na essência divina, o Pai é o único que recebe o seu ser de pessoa por si próprio, enquanto o Filho o recebe do Pai. O Filho é, portanto, gerado como pessoa, não como essência e, portanto só como pessoa se distingue do Pai. Por sua vez, o Espírito Santo recebe o ser do Filho e tem, portanto, o seu lugar depois dele. Contra a afirmação de Eunómio, o Santo de Cesárea opõe que podemos conhecer Deus através das suas obras, mas a sua essência permanece inacessível para nós. Ora nos cita Basílio “Mesmo depois da revelação, o conhecimento de Deus só nos é dado de modo que o infinito pode ser conhecido pelo finito e até na vida futura a essência de Deus nos será incompreensível”. A conclusão é uma bela e profunda frase que Basílio coloca como corolário da sua doutrina: "o conhecimento da essência divina consiste apenas na percepção da sua incompreensibilidade”. Desta forma, o Santo Magno estabelece uma incomensurável defesa contra as formulações de Eunômio, sustentando em si as características que mantém o estatuto privilegiado da trindade sem cair no mesmo mar herético que ora caiu Orígenes.
12- Como Gregório Nazianzeno explica a Trindade?
Semelhantemente a Basílio, o principal adversário herético do Santo
de Nazianzeno era Eunômio, todavia exitiram outros hereges que também fora confrontados por Gregório, o que é o caso do semi- ariano Macedônio e Apolonário, sendo esse ultimo opositor ao caráter humano de Cristo. Contra os arianos e semi-arianos, Gregório ao mesmo tempo em que afirmava a estreita semelhança de essência de Jesus e do Pai, fazia do Espírito Santo uma natureza subordinada ao Pai e ao Filho e em tudo semelhante aos anjos. Gregório afirmava que poderíamos conhecer, unicamente pela razão, a existência de Deus considerando o fator perfeito e ordenante do cosmo visível, porem não teríamos acesso ao conhecimento da essência Divina. Essa sustenta o Santo, que é superior a qualquer outra. Ora nos diz Nazianzeno "um oceano infinito, indeterminado de essências" (Or., 38), mas foge à nossa possibilidade determinar-lhe a natureza. Ao mistério da essência divina acrescenta-se o mistério da trindade. "Esta profissão de fé, diz Gregório, eu te dou como companheiro o guia de toda a vida: uma única divindade e poder que se encontra unida em Três e Três diversas compreende; que não é diferente por essência nem por natureza; que não se aumenta por acrescento nem diminui por subtrações; que é totalmente igual, mais ainda totalmente a mesma, como a beleza e grandeza única, do céu, que é a infinita conjunção de três infinitos; e cada um destes, considerado separadamente, é Deus, o Pai como o Filho, o Filho como o Espírito Santo, e cada um conserva a sua propriedade, ao mesmo tempo em que, considerados os três conjuntamente, são ainda Deus o uno pela unidade da essência, o outro pela unidade do comando” 13- Qual a relação entre fé e razão em Gregário de Nisa?