Os direitos trabalhistas, no Brasil, surgiram a partir de grandes ações e mobilizações
sociais, principalmente no início do século XX com o desenvolvimento industrial no país, com intuito principal de regulamentar a relação entre empregado e empregador. Nesse contexto de transformação social que surgem os primeiros direitos trabalhistas e que vem sofrendo grandes alterações ao longo dos anos. Atualmente, há diversos dispositivos legais tratando sobre os direitos dos trabalhadores, sendo os principais a Constituição Federal de 1988, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e algumas leis esparsas, como a lei das domésticas, lei do FGTS, lei do trabalho temporário, entre outras. Vale ressaltar, que além das leis, os direitos trabalhistas também são regulamentados pelas Convenções e Acordos coletivos de trabalho, negociações realizadas entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato dos empregadores ou o próprio empregador, respectivamente, que possuem as mesmas características de norma estatal. A Constituição Federal, lei máxima do país, elenca os direitos trabalhistas no capítulo referente aos direitos sociais, ou seja, prestações do Estado para proteção daqueles que são considerados hipossuficientes, no caso, os mais necessitados. Com isso, a Constituição estabelece em seu artigo 7º inúmeros direitos individuais dos trabalhadores, dentre eles horas extras acrescida do adicional de, no mínimo 50%, férias com 1/3, 13º salário, proteção ao trabalho da mulher, entre outros. Com isso, percebe-se que as leis trabalhistas brasileiras visam dar maior proteção ao trabalhador, o mais fraco da relação trabalhista, tendo em vista que o empregador possui o poder econômico em suas mãos. Diante dessa situação legislativa atual de proteção ao trabalhador que surge a discussão sobre o processo de terceirização no país, e se o mesmo acarreta mais benefícios ou malefícios para o trabalhador. A terceirização é, em essência, a possibilidade de intermediação de mão-de-obra entre o trabalhador e o empregador ou aquele que deseja contratar seus serviços. Esse processo ocorre através de um contrato de prestação de serviço celebrado entre a empresa tomadora de serviços, que vai usufruir dos serviços do trabalhador terceirizado, e o prestador de serviço, a empresa que oferece a mão-de-obra. Já entre a empresa prestadora de serviço e o empregado terceirizado há uma relação de emprego. Esse processo ocorre, pois, para as empresas tomadoras de serviços há uma redução nos custos operacionais do empreendimento, com consequente aumento dos lucros, tendo em vista a transferência da responsabilidade com contratação e manutenção da mão-de-obra para a prestadora de serviços. A partir desse ponto vale mencionar que no Brasil não há uma legislação específica, ainda, tratando sobre a terceirização, sendo referência do assunto a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que estabelece os critérios e requisitos para sua utilização. Sendo apresentado no Congresso Nacional recentemente um projeto de lei visando sua regulamentação, o que motivou inúmeras discussões na sociedade. Segundo a Súmula do TST, não é permitida a terceirização de qualquer serviço, a súmula mencionada elenca os requisitos, bem como as atividades permitidas para que a terceirização seja legal, quais sejam: prestação de serviço por parte do empregado terceirizado na atividade-meio do tomador de serviços, ou seja, não pode ser para trabalhar na atividade principal da empresa; inexistência de subordinação direta entre o tomador de serviços e o empregado terceirizado; e ausência de pessoalidade entre o tomador de serviços e o empregado terceirizado. Caso não sejam cumpridos esses requisitos o tomador de serviços pode responder pelos créditos do empregado, caso o mesmo venha ingressar na justiça com uma reclamação trabalhista. Para os empresários são inúmeros os benefícios da terceirização como redução dos custos, otimização de serviços, aumento da produtividade, melhor qualidade dos produtos, diminuição do desperdício, eliminação de ações trabalhistas, entre outros. Em contrapartida, os trabalhadores elencam uma série de malefícios acarretados pelo processo de terceirização, dentre eles aumento do risco de acidente de trabalho, precarização da relação de trabalho, salários mais baixos com relação aos contratados diretos que realizam a mesma função, conflito com os sindicatos, entre outros. Sendo assim, existem diferentes posicionamentos e pesquisas acerca do processo de terceirização e sua interferência nos direitos trabalhistas conquistados ao longo dos anos por meio de lutas e movimentos sociais. E o que deve prevalecer sempre é a proteção aos direitos do trabalhar, principalmente àqueles resguardados pela Constituição Federal.