Batismo e Fé segundo os Espírito Santo acompanha o batismo.
O Espírito Santo
Catecismos de Lutero e outros Escritos
Uuras Saarnivaara1
Ao analisarmos os ensinos de Lutero sobre batismo e fé,
precisamos prestar atenção a três pontos: 1. A essência do
batismo, ou batismo como instituição divina; 2. As bênçãos
do batismo, como o batismo é apropriado por aquele que é
batizado; 3. O cuidado após o batismo, o que a igreja
precisa fazer para manter o sentido e o propósito do batismo
nos batizados.
1. Os luteranos ensinam no Catecismo Menor: “O Batismo
não é apenas água simples, mas é a água compreendida no
mandamento divino e ligada à palavra de Deus. Qual é esta
palavra de Deus? É a que Cristo Senhor nosso diz no último
capítulo de Mateus [28.19]: ‘Ide por todo o mundo, ensinai a
todos os gentios e batizai-os em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo’”.2
Esta citação do Catecismo Menor é ampliada no Catecismo
Maior de Lutero: “... o batismo é coisa divina, que não é
excogitada e inventada por homens. Pois assim como posso
dizer que nenhum homem urdiu em sua cabeça os Dez
Mandamentos, o Credo e o Pai Nosso, que ao contrário
Deus revelou e deu, da mesma forma também posso exaltar
o fato de que o batismo não e brincadeira de homens, senão
que é instituído pelo próprio Deus. Ademais, é ordenado
séria e rigorosamente que devemos ser batizados sob pena
de não sermos salvos. ... Porque o mais importante é que se
considere o batismo coisa excelente, gloriosa e excelsa. ...
Ora, o que Deus instituiu e ordena não pode ser coisas vã,
senão que se deve ser coisa cabalmente preciosa, ainda
que segundo a aparência fosse de menos valor que uma
palhinha”.3 Como instituído e ordenado por Cristo, o batismo
é válido por si só quando administrado conforme a ordem de
Cristo. Este é a primeiro e mais importante ponto a respeito
do batismo.
2. O segundo ponto é o propósito e bênção do batismo. No
primeiro Pentecostes, Pedro ensinou ao povo quando estes
o perguntaram a respeito do que fazer para ser batizado:
“Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em
nome de Jesus para que os pecados sejam perdoados, e
vocês receberão de Deus o Espírito Santo”. [At 2.18]. A
dádiva do batismo é o perdão dos pecados e a dádiva do
1
Publicado em Scaer, David. Luther’s Catechism – 450
Years. Essays Commemorating the Small and Large
Catechism of Dr. Martin Luther. Fort Wayne, Concordia
Theologia Seminary Press, 1979. Tradução Clóvis Jair
Prunzel, janeiro 2007.
2 5
Catecismo Menor IV, 1-4.
3 6
Catecismo Maior IV, 6-9.
produz fé no coração, cria o novo homem e produz bons
frutos e a santificação no novo homem. O Credo Niceno,
que está no Livro de Concórdia, afirma: “Creio em um só
batismo para a remissão dos pecados”.
Lutero afirma em seu Catecismo Menor: “O Batismo opera a
remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a
salvação eterna a quantos crêem, conforme rezam as
palavras e promessas de Deus. Quais são estas palavras?
São as que Cristo Senhor nosso diz no último capítulo de
Marcos [16.16]: ‘Quem crer e for batizado será salvo; quem,
porém, não crer será condenado’. Mas a água não as faz,
mas a palavra de Deus que está unida à água, e a fé que
confia nesta palavra de Deus unida com a água. Pois sem a
palavra de Deus a água é simples água e não batismo. Mas
com a palavra de Deus a água é batismo, isto é, água de
vida, cheia de graça, e um lavar de renascimento no Espírito
Santo”.4
A diferença básica entre os Batistas [no século XVI eram
conhecidos como Anabatistas] e os Luteranos
sumariamente consiste em que os Batistas são batizados
por causa da fé da pessoa e, por outro lado, os Luteranos
batizam primeiro para que depois dele haja a fé.
Naturalmente, pode ocorrer no âmbito luterano de que a
pessoa venha à fé antes do batismo [como aconteceu com a
família de Cornélius em At 10.44s], mas o normal é que a
pessoa será batizada primeiro e depois ela irá crer. Lutero
diz: “levamos a criança ao batismo com o ânimo e na
esperança de que ela creia, e rogamos que Deus lhe dê a
fé. Não é à vista disso que a batizamos, mas unicamente
porque Deus o ordenou”.5
Nós não batizamos uma criança porque ela crê baseado na
fé dela, mas com o propósito de ter fé oramos pelo
batizado. Sempre que uma pessoa, criança ou adulto, tendo
fé ou não quando é batizado, o batismo permanece válido.
Lutero apela a um velho princípio “o abuso não suprime a
substância, senão que a confirma”. O batismo não é
anulado pela falta de fé visto que quando “a palavra está
presente, conforme o ordenou Deus, então é sacramento e
se chama batismo de Cristo”.6
A validade do batismo não depende da fé, mas seu efeito,
isto é, as bênçãos conferidas pelo batismo, essas
dependem da fé. Lutera aponta os efeitos do batismo no
Catecismo Menor: “opera a remissão dos pecados, livra da
4
Catecismo Menor IV, 5-10.
Catecismo Maior IV, 56,57.
Catecismo Maior IV, 22.
morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos crêem,
conforme rezam as palavras e promessas de Deus”.7
Lutero comenta no Catecismo Maior: “Em terceiro lugar:
conhecidas a grande utilidade e força do Batismo, vejamos
agora quem é a pessoa que recebe o que o Batismo dá e
qual o seu proveito. Isso uma vez mais está expresso da
maneira mais bela e clara nestas exatas palavras: “Quem
crer e for batizado será salvo.” Isto é, somente a fé torna a
pessoa digna de receber com proveito a salutar e divina
água. Pois, já que isso é oferecido e prometido aqui nas
palavras na água e com a água, não pode ser recebido de
outro modo senão o de crê-lo de coração. De nada aproveita
sem a fé, ainda que em si mesmo é tesouro divino
inestimável. Razão por que a só palavra “quem crê” tanto
pode, que exclui e rejeita todas as obras que possamos
fazer com a intenção de, mediante elas, alcançar e merecer
a salvação. Porque isso é coisa certa: o que não é fé nada
contribui e nada recebe.Caso, porém, disserem, como soem
fazer: Ora, o próprio Batismo é uma obra; agora tu dizes que
as obras nada valem para a salvação. Onde fica então a fé?
A resposta é: Sim, as nossas obras, na verdade, nada
fazem para a salvação; acontece, porém, que o Batismo não
é obra nossa, mas de Deus (pois, conforme dito, terás de
fazer diferença muito grande entre o Batismo de Cristo e o
batismo do banheiro). As obras de Deus, entretanto, são
salvadoras e necessárias para a salvação, e não excluem a
fé, senão que a exigem, pois que sem a fé não poderiam ser
apreendidas. Porque com permitires que te deitem água,
não recebeste e cumpriste o batismo de modo que te seja
de alguma valia. Torna-se ele, entretanto, proveitoso para ti
quando te fazes batizar na persuasão de que se trata de
mandamento e ordenação de Deus, sendo feito, além disso,
em nome de Deus, com a finalidade de, na água, receberes
a prometida salvação. Agora isso não o pode realizar nem o
punho nem o corpo; deve, isto sim, crê-lo o coração. Vês,
portanto, claramente, que aí não há obra feita por nós,
senão um tesouro que Deus nos dá e do qual se apossa a
fé, assim como o Cristo SENHOR na cruz não é obra, mas
tesouro compreendido na palavra e apresentado a nós e
recebido pela fé. Por conseguinte, fazem-nos violência ao
clamarem contra nós como se pregássemos contra a fé,
quando a verdade é que insistimos somente na fé, como de
necessidade tal, que sem ela nada pode ser recebido e
fruído”.8
Como se observa, o batismo é apropriado na fé, tornando-a
necessária para o usufruto das dádivas dadas no batismo.
A Confissão de Augsburgo afirma sobre o batismo: “Do
batismo ensinam que é necessário para a salvação, que
7 10
Catecismo Menor IV, 5,6.
8
Catecismo Maior IV, 32-37.
pelo batismo é oferecida a graça de Deus, e que devem ser
batizadas as crianças, as quais, oferecidas a Deus pelo
batismo, são recebidas na graça de Deus”.9
A necessidade do batismo de crianças está baseado no fato
de eles serem pecadoras através do pecado original e por
isso precisam da redenção e salvação preparada por Cristo.
Como prova de que o batismo infantil é agradável a Deus,
Lutero aponta para o fato de que Deus tem dado a fé e o
Espírito Santo a muitos que foram batizados na sua infância.
No batismo a pessoa é unida a Cristo e sua Igreja. Esta
união é solidificada quando a pessoa cresce junto com
Cristo, unida a Ele, através de Sua vida e Sua graça
recebido em fé pessoal. Paulo escreve: “Com certeza vocês
sabem que, quando fomos batizados para ficarmos unidos
com Cristo Jesus, fomos batizados para ficarmos unidos
também com a sua morte. Assim quando fomos batizados,
fomos sepultados com ele por termos morrido junto com ele.
E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo
poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma nova
vida” [Rm 6.3,4]. Uma pessoa batizada precisa crescer junto
com Cristo através do arrependimento e fé pessoais. Com
isso acontece, o propósito básico do batismo é completado.
Lutero escreve: [...] O Batismo não justifica a ninguém, nem
é útil a pessoa alguma, mas a fé na palavra da promessa, à
qual se agrega o Batismo, essa, sim, justifica e cumpre o
que o Batismo significa, pois a fé é a submersão do velho
ser humano e a emersão do novo ser humano. [...]
Aprendamos a observar mais a palavra que o sinal e mais a
fé que a obra ou o uso do sinal, sabendo que onde quer que
exista a promessa divina, ali se requer fé. Ambas as coisas
são tão necessárias que nenhuma pode ser eficaz sem a
outra. Pois não se pode crer se não há promessa, e a
promessa não é confirmada se não se crê; se, porém,
ambas estão presentes, dão aos sacramentos a verdadeira
e certíssima eficácia. Por isso, buscar a eficácia do
sacramento fora da promessa e da fé significa empenhar-se
em vão e leva à condenação. Assim diz Cristo: “Quem crer e
for batizado será salvo, quem, porém, não crer será
condenado”. [Mc 16.16] [...] O Batismo significa duas coisas:
morte e ressurreição, isto é, a justificação plena e
consumada. [...] Quando começamos a crer, começamos,
ao mesmo tempo, a morrer para este mundo e a viver para
Deus, em uma vida futura, para que a fé seja
verdadeiramente morte e ressurreição, isto é, aquele
batismo espiritual no qual somos submergidos e do qual
emergimos “10.
9
Confissão de Augsburgo IX, 1-2.
Lutero, Martinho. “Do Cativeiro Babilônico da Igreja” in
Obras Selecionadas 2, 382-383.
O que Lutero está querendo dizer está de acordo com as
palavras de Cristo: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus
se não nascer da água e do Espírito”. [Jo 3.5]. “Nascer da
água” acontece no batismo. “Nascer do Espírito” torna o
descrente em crente, e de desobediente em obediente.
Lutero assim escreve sobre o nascer espiritual: “A lei nos
prepara para um novo nascimento, que acontece através da
fé em Cristo... É a fé que nos torna filhos de Deus”.11
O batismo significa remissão dos pecados no sangue de
Jesus e um novo nascimento pelo Espírito de Deus ou
morrer para o pecado e ressurgir para uma nova vida em
Deus; mas o sentido e propósito do batismo são completos
e o batismo torna-se verdadeiro através do arrependimento
pessoal e da fé. Para a uma pessoa que foi batizada mas
não crê, Lutero afirma: “Se não creste, então crê agora e
dize assim: ‘O batismo, sem dúvida, foi verdadeiro, mas eu,
infelizmente, não o recebi de maneira devida’”.12
Uma pessoa batizada, que já está na graça mas que peca e
cai da graça, torna-se pródigo assim como o filho da
parábola contada por Jesus; mas assim como o filho, o que
caiu pode se arrepender e retornar para Cristo. A este
Lutero diz: “o Batismo sempre permanece, e posto alguém
dele caia e peque, todavia sempre temos acesso a ele, para
de novo submeter o velho homem. Mas não é preciso que
se torne a derramar água em nós. Pois, muito embora
fôssemos imersos cem vezes em água, contudo não seria
mais que um só Batismo. O efeito e a significação, todavia,
continuam e permanecem. Assim, o arrependimento outra
coisa não é que um retorno ao Batismo e aproximação dele,
repetindo e praticando-se o que anteriormente se começou,
havendo-o, porém, abandonado. Digo isso para que não se
chegue à opinião que por tempo dilatado nutrimos,
imaginando que, depois de novamente caídos em pecado, o
Batismo estava invalidado, de modo que já não se podia
fazer uso dele. Provém isso do fato de não se atentar na
coisa senão segundo a obra que se realizou uma única vez.
E isso, na verdade, se originou do fato de São Jerônimo
haver escrito “ser a penitência a segunda tábua com que
devemos nadar para fora e alcançar a praia depois de
rachado o navio” no qual embarcamos e fazemos a
travessia quando entramos na cristandade. Com isso fica
abolido o uso do Batismo, de forma que já de nada nos pode
aproveitar. Razão por que é incorreta a sentença. Pois o
barco não se rompe, visto que, conforme dito , é ordenação
de Deus, não coisa nossa. Acontece, porém, na verdade,
que nós escorregamos e caímos para fora do barco. Mas se
alguém cai para fora, trate de nadar para o barco e apegar-
11
Comentário a Gálatas 3.26.
12
Catecismo Maior IV, 56.
se com ele, até que consiga voltar a bordo e prosseguir nele
conforme antes começara.”13
Sobre este retorno, o testemunho da Confissão de
Augsburgo: “Do arrependimento se ensina que os que
pecaram depois do batismo, recebem perdão dos pecados a
qualquer tempo em que cheguem ao arrependimento, não
lhes devendo a igreja negar a absolvição. Agora,
arrependimento verdadeiro, autêntico, propriamente outra
coisa não é que sentir contrição e pesar ou terror por causa
do pecado e, todavia crer ao mesmo tempo no evangelho e
na absolvição, isto é, crer que o pecado foi perdoado e que
por Cristo foi obtida a graça, fé essa que volta a consolar e
serenar o coração. Deve seguir-se a melhora de vida e o
abandono do pecado; pois esses devem ser os frutos do
arrependimento, como di João em Mt 3: “Produzi, pois,
frutos digno do arrependimento”.14
3. Vamos enfatizar o terceiro ponto enfatizado nos
Catecismos de Lutero que é caracterizado pelo cuidado que
se tem e que segue após o batismo. No Catecismo Maior,
Lutero enfatiza a mesma coisa que a Confissão de
Augsburgo faz quando trata do arrependimento. Pessoas
que foram batizadas mas não estão mais na fé não devem
ser tratadas como cristãs mesmo após o batismo,
especialmente se demonstrarem que não vivem mais da
graça. Elas devem ser conduzidas ao arrependimento e à fé;
isto é, retornarem ao barco do reino de Deus. Devem ser
convencidas de seus pecados e, quando novamente na
graça, absolvidas dos pecados pelos meios da graça do
Evangelho do perdão oferecido no sangue de Cristo,
seguindo-o novamente em obediência de fé.
No caso de cristãos, o propósito dos Dez Mandamentos é
servir como Terceiro Uso da Lei, como um guia para a nova
vida e conduta dos cristãos e no caso de batizados
descrentes, no Segundo Uso da Lei, conduzindo-os a
conhecer e serem convencidos de seus pecados. Lutero
deixa claro que ele não usa o Decálogo como parte da Lei
de Moisés, mas como parte da Lei Natural, a eterna lei de
Deus, a qual na nova aliança assume a forma da lei de
Cristo, seus mandamentos, presente nos ensinamentos
éticos do Novo Testamento. Lutero coloca o Decálogo na lei
de Cristo e é neste sentido que ele os utiliza nos Catecismo.
Nesta lei, como Terceiro Uso da Lei, a lei é norma e guia
para os cristãos e, no Segundo Uso, ela funciona para
convencer e conhecer os pecados tanto aos incrédulos bem
como as crentes que precisam de arrependimento e voltar à
graça.
13
Catecismo Maior IV, 74-82.
14
Confissão de Augsburgo XII, 1-6.
Esta simples e básica verdade parece ter sido esquecida por
muitos pastores. Muitos deles simplesmente batizam mas
não ajudam seus membros, deixando-os espiritualmente
mortos, esperando que cumpram os mandamentos de Cristo
e que vivam uma vida cristã, isto é, aplicam o Terceiro Uso
da Lei para descrentes. Este tipo de confusão de lei e
evangelho cria fariseus luteranos ou que se auto-justificam,
tornando-se membros nominais na igreja, pensando que são
de fato membros. Lutero e Melachthon se preocuparam
muito com isto e escrevam a Instrução aos Visitadores em
1528. Afirmaram que sem a verdadeira pregação da palavra
de Deus de arrependimento, o povo não poderia ser
conduzido à experiência do conforto e da alegria do perdão
dos pecados e da salvação, tornando-se assim um grande
erro a prática do batismo sem a verdadeira fé no
Evangelho.15
Santificação e boas ações são frutos da ação do Espírito
Santo no batizado e nos membros do corpo de Cristo, a
comunhão dos crentes. Mas, por causa da velha natureza,
há a luta no ser humano. Lutero afirma que a vida do cristão
é crescer na fé e na santidade através da mortificação das
tentações e desejos da carne. De acordo com o Catecismo
Menor, o batismo implica “que o velho homem em nós, por
contrição e arrependimento diários, deve ser afogado e
morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua
vez, sair e ressurgir diariamente um novo homem, que viva
em justiça e pureza diante de Deus eternamente”.16
Por isso o batismo significa perdão e nova vida, justificação
e santificação. Somente quando isso se torna real na vida
do batizado, o verdadeiro propósito do batismo se torna
realizado.

A verdadeira fé é obra do Espírito Santo. Lutero diz no Sumarizando:

Catecismo Menor que por nossa própria razão ou força não 1. Instituído por Cristo, o batismo é uma bênção
podemos ir a Cristo nem crer nEle. O Espírito Santo precisa divina, válida quando administrada de acordo com
nos chamar pelos meios da graça do Evangelho, iluminar e a instituição de Cristo e nunca deve ser repetido.
manter a verdadeira fé em nossos corações. No Catecismo 2. O sentido e propósito do batismo é completado e
Maior Lutero escreve: ““Creio que o Espírito Santo me torna-se real quando aplicado à pessoa através do
santifica, como o seu nome indica.” Mas com que ele o faz, arrependimento e da fé em Cristo, o qual entregou
ou qual é sua maneira e seu meio para tanto? Resposta:
sua vida e ressuscitou para nos dar vida.
“Por intermédio da Igreja cristã, da remissão dos pecados, 3. A tarefa do pastor e de toda a igreja é cuidar para
da ressurreição da carne e da vida eterna.” Pois, em que o batismo seja realmente vivido pelos crentes
primeiro lugar, ele tem uma congregação peculiar no mundo, através de instrução, evangelismo, intercessão –
congregação esta que é a mãe que gera e carrega a cada
tornando os crentes santificados e frutíferos
cristão mediante a Palavra de Deus, que ele revela e prega. membros da Igreja de Cristo.
Ilumina e incende os corações, para que a entendam,
aceitem, a ela se prendam e nela permaneçam.Pois, onde
ele não faz que seja pregada e não a desperta no coração,
para que a captemos, aí está perdida, como aconteceu sob
o papado, onde se negligenciava e obscurecia inteiramente
a fé e ninguém reconheceu a Cristo como Senhor, nem ao
Espírito Santo como aquele que santifica. Isto é, ninguém
cria que Cristo é nosso Senhor no sentido de que nos
obteve esse tesouro sem obra e mérito nossos, e que nos
tornou aceitáveis ao Pai. Em que é que então consistia a
falta? Nisso que lá não estava o Espírito Santo, que o
tivesse revelado e feito com que se pregasse tal. Lá
estiveram, ao contrário, homens e espíritos malignos que
nos ensinaram a obter a salvação e alcançar a graça por
nossas obras. Por isso também não é igreja cristã . [189]
Pois onde não se prega de Cristo, aí não há Espírito Santo,
que cria, chama e congrega a Igreja cristã, fora da qual
ninguém pode vir ao Cristo Senhor . Baste isso quanto à
suma desse artigo. Visto, porém, que os pontos nele
enumerados não são lá bem claros para pessoas singelas,
vamos passar também rapidamente por eles.”

15 16
Catecismo Maior II, 40-46. Catecismo Menor IV, 12.