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DIREITO EMPRESARIAL – AULA 2

Em hipótese alguma podemos confundir a figura do empresário individual, pessoa


física/pessoa natural, que preenchidos alguns requisitos desenvolva atividade de produção de
bens, circulação de bens ou prestação de serviços com a figura de sócio. Embora, recentemente,
três ou quatro dias atrás houve uma mudança no CC em que o próprio legislador cometeu
princípio de equívoco. Inseriu no art. 974, CC um §3º, onde o legislador, aparentemente, faz
essa confusão. Já fica aí o registro. A lei 12.399/11 inseriu o parágrafo terceiro no art. 974 onde o
legislador aparentemente cometeu esse equívoco. Não me surpreendi com a interpretação, mas
a meu ver o parágrafo deveria ter sido inserido em outro capítulo propriamente no capítulo da
sociedade limitada. O que fez o legislador inseriu esse parágrafo e aparentemente comete um
equívoco. Confunde a figura do sócio que integra uma determinada sociedade com a figura do
empresário.
No nosso último encontro começamos a abordagem da seguinte maneira pessoa
natural adquire personalidade com o nascimento com vida. A figura do empresário individual
que é definido no artigo 966 do CC

Art. 966, CC define empresário individual – aquela pessoa que exerce


atividade econômica, voltada a produção de bens, serviços...

Ao passo que o sujeito que exerce atividade econômica predominantemente


intelectual de cunho artístico, científico ou literário, nos termos do parágrafo único do art. 966,
não se identifica com a figura do empresário, pelo menos no Brasil ele não é considerado
empresário. Outra observação, para a imensa maioria da doutrina, o sujeito que exerça
atividade econômica, ainda que seja de circulação/produção de bens e prestação de serviços,
mas que exerce atividade econômica isoladamente, ele não é considerado empresário. No Brasil,
para ser considerado empresário, o sujeito deve exercer atividade econômica de forma
organizada. O que a maioria da doutrina entende por organizada? Organizado envolve a
organização de fatores de produção, dentre os fatores de produção, a organização de trabalho
alheio. O trabalho só, exclusivo isolado para a imensa maioria da doutrina não configura
atividade empresária. Por quê? A doutrina faz uma interpretação a contrario senso do
parágrafo único do artigo 966, CC. Entende a doutrina: se o profissional liberal, que não é
empresário, exige o concurso de auxiliares e colaboradores, a interpretação que se dá ao
empresário é a mesma, tem que ter a presença de auxiliares ou colaboradores, seja qual for o
vinculo dessa colaboração. Mas para ser considerado empresário o sujeito tem que ter alguém
colaborando, auxiliando o exercício de sua atividade econômica.
O empresário individual exerce atividade econômica vinculado a uma ou mais
pessoas, mas quem exerce atividade econômica é o empresário. Logo é ele que assume a
responsabilidade pela atividade. O nível de responsabilidade do empresário individual é, em
regra, ilimitada nas obrigações decorrentes da sua atividade econômica. A responsabilidade se
insere nos termos do Art. 391, CC bem como Art. 591, CPC. Val lembrar Esse empresário
também precisa e é obrigatória a realização do registro (art. 967, CC). É obrigatória a realização
do registro no direito brasileiro? Sim, o artigo 967 do CC consagra essa obrigatoriedade.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de


Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Que o registro é obrigatório não se discute. A questão que agora a gente passa a
abordar: afinal de contas, quais são os requisitos de identificação do empresário individual?
Requisitos de identificação do empresário:
O tema é mencionado no artigo 972, CC. Nos termos deste artigo o sujeito para ser considerado
empresário tem que ter:

a) Plena capacidade
b) Exercício efetivo da empresa
c) Ausência de impedimento/proibição legal

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em


pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Primeira observação: O registro não é, em regra, requisito de identificação do


empresário, mas é obrigatório. O sujeito deve se dirigir à Junta Comercial. Qual a natureza
desse registro, quais são seus efeitos?
O registro é realizado na Junta Comercial, que é um órgão de natureza híbrida (em
parte vinculada aos estados federados, mas na sua organização e definição de norma, também
vinculada ao Departamento de Registro de Comércio, que é órgão federal). Ambas os
departamentos ou estruturas da junta comercial estão vinculados à estrutura pública. Quem
realiza o registro, portanto, é um órgão público. O agente público que realiza determinado ato,
esse ato tem que natureza? Ato administrativo. A natureza do ato de registro é de um ato
administrativo vinculado. Porque se o sujeito preencher os requisitos para o registro, o servidor
público tem que registrar.
Quais são os efeitos desse registro? Um dos efeitos da edição de um ato
administrativo vinculado é tornar pública a pretensão de um indivíduo, no caso aqui do
empresário. Dar publicidade ao exercício de uma atividade econômica ou de uma atividade
econômica já começada. Um outro efeito é de tornar regular a figura do empresário. Uma vez
efetuado no máximo o empresário se torna um empresário regular, se ele já estiver exercendo
sua atividade econômica ele será considerado regular. Se ele não realizar o registro ele
continuará sendo empresário. O registro não é requisito da condição de empresário, mas é sim
requisito do empresário regular, pois um de seus efeitos é tornar regular o empresário. A
contrario senso, o registro não constitui/não tem efeito constitutivo. Não confundam natureza
do ato com efeitos do ato. Muitos autores fazem essa confusão. Um dos efeitos do ato
administrativo vinculado do registro é declarar – efeito declaratório - a condição de empresário.
O registro não constitui, em regra, a figura do empresário. Não tem efeito constitutivo! Não é
ele que transforma o sujeito em empresário. No máximo o registro transforma o empresário em
empresário regular. De onde a doutrina historicamente extrai essa conclusão? Primeiro da
própria atual redação do artigo 966 c/c art. 972, nenhum deles faz alusão ao registro. A dúvida
que persiste é o art. 967?? Daí durante algum tempo alguns autores defendiam que o registro
conferia a condição de empresário ao sujeito. Essa conclusão de que o registro tem natureza
meramente declaratória se extraía da antiga lei de falências e concordatas e hoje se extrai
também da nova lei de falências.
A atual lei e falências no seu artigo 1º, aliás já deixem registrado isso, esse artigo
consagra um sistema restritivo pertinente à falência e recuperações. Isso significa que no Brasil
só podem, em regra, ter a falência ou ter acesso às recuperações, as pessoas que ostentem a
qualidade de empresário ou sociedade empresária. Não é qualquer agente econômico que pode
falir ou ter acesso às recuperações.
Na atual lei de falência, tanto o art.97, I quanto o art. 105 estabelecem a
possibilidade de o empresário ingressar em juízo e pedir a autofalência. Diz o artigo 97, I

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:

I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta


Lei;

II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o


inventariante;

III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato


constitutivo da sociedade;

IV – qualquer credor.

Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não


atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá
requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes
documentos: (...)
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em
vigor ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e
a relação de seus bens pessoais;

E se não houver?? O que a doutrina sempre entendeu... mesmo se não houver


prova de sua regularidade o empresário pode ingressar em juízo e poderia requerer a própria
falência, logo o registro não é condição para a qualidade de empresário, tanto não é que mesmo
sem registro ele pode falir e só pode falir quem é empresário ou sociedade empresária.
Só que existem duas situações excepcionais em que quase a integralidade da doutrina entende
que o registro terá efeito constitutivo:
1) agente econômico que exerce atividade rural. Esse sujeito ele é qualificado como tal por
exercer atividade econômica que envolva entes biologicamente vivos em pelo menos
uma das etapas da atividade econômica. Esse agente econômico não é considerado
empresário no direito brasileiro. Esses agentes também são obrigados a realizar o
registro, só que não é na Junta Comercial, o registro desse agente é no Ministério da
Agricultura, do Comércio e da Pesca. Esses agente se quiserem (faculdade) também
podem realizar o registro na Junta Comercial. Para esses agentes econômicos o registro
na Junta é facultativo. Após o registro na Junta Comercial esses agentes econômicos,
para a maioria da doutrina, se equiparam, se transformam em empresário, daí a
natureza constitutiva. No entanto essa matéria é disciplinado no art. 971, CC que faz
uma bagunça no uso das expressões. A redação não ajuda.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal


profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e
seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Afinal de contas ele era empresário antes ou não?? Doutrina


majoritária/dominante: não é considerado empresário, só é equiparado ou constituído
empresário após o registro na junta. Para esse agente econômico o registro na Junta Comercial
tem efeito constitutivo.
Alguns autores, minoritariamente, sustentam que esse agente econômico que
exerce atividade rural, só pode realizar o registro na Junta Comercial se a sua atividade
econômica for empresarial (produção e circulação de bens, ou prestação de serviços). Ele só
pode ter o registro na junta se a atividade dele for empresarial. Esse sujeito, para essa corrente,
ele é empresário, pois está desenvolvendo atividade empresária, apenas a sua atividade envolve
entes biologicamente vivos em uma das etapas da cadeia de produção. O fato é que a
jurisprudência vem negando a essas pessoas a decretação da falência. Daí o entendimento
dominante de que esses agentes não são empresários, porque se fossem eles poderiam ter a
falência decretada.

2) Uma segunda exceção diz respeito a determinadas categorias que se submetem à


realização do arquivamento da matrícula na junta comercial. Segunda exceção é
disciplinada pela Lei 8934/94, art. 32, I. Os agentes econômicos que podem realizar o
registro na junta comercial através do ato de matrícula. A lei disciplina o registro da
atividade empresarial nas juntas comerciais. Diz lá o artigo 32, I

Art. 32. O registro compreende:

I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e


intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-
gerais;

Diz a doutrina: esse profissional não é empresário, mas como a lei faculta a
realização da matrícula, uma vez registrado na junta comercial esses profissionais passam a ser
empresários em razão do que dispõe o artigo 32, I. Esse é o entendimento amplamente
dominante, caratê esses profissionais que se transformam em empresário após a averbação ou
realização do registro através da matrícula. Tecnicamente não são empresários, mas após a
matrícula na Junta Comercial esses agentes se transformariam em empresário. Então para esses
sujeitos o registro através da matrícula teria efeito constitutivo, ainda que a atividade
econômica não envolva produção/circulação de bens ou prestação de serviços.

Tirando essas exceções, regra: registro não tem efeito constitutivo, no máximo
caracteriza o empresário regular. Para ser considerado empresário regular, assim como
sociedade empresária, necessário registro.

Vamos passar à abordagem do primeiro requisito para a caracterização do


empresário.

1) Plena capacidade
Essencialmente quando uma pessoa natural adquire a plena capacidade?? Os principais
fenômenos que podem atribui a plena capacidade: maioridade e emancipação. A plena
capacidade, em regra, ocorre com a maioridade (18 anos) ou com a emancipação (a partir dos 16
anos), de forma excepcional. Ambos os assuntos são disciplinados no artigo 5º, caput e
parágrafo único, do NCC.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa


fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação


de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

Em regra para ser empresário individual o sujeito tem que ter plena capacidade,
tendo plena capacidade ele pode essencialmente iniciar uma atividade econômica empresária.
Em regra antes dos 16 anos o sujeito não pode ou não pode produzir efeitos uma atividade
econômica realizada por um adolescente. Excepcionalmente é possível que um incapaz possa
também ser identificado como tal, mesmo sem ser emancipado mesmo sem ser maior, possa ser
identificado como empresário individual. Essa exceção está estabelecida lá no artigo 974, NCC.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente


assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.

Esse dispositivo trata de duas situações excepcionais, duas hipóteses. Uma


decorrente da morte do empresário e sucessão mortis causa. E a outra se dá pelo que a doutrina
chama de incapacidade superveniente.

1.a) Empresário individual plenamente capaz exerce sua atividade econômica e morre.
Essencialmente em razão de sua morte o patrimônio e, claro, o estabelecimento desse
empresário são transferidos a título de herança ao seu herdeiro. O que diz o artigo 974? Que a
criança, p. ex., de três anos de idade pode continuar a atividade econômica antes exercida pelo
seu pai, responsável, ou seja quem for. O incapaz ele não pode iniciar um atividade econômica
como empresário individual. Se o incapaz inicia uma atividade econômica se interpreta que
essa atividade ou os atos praticados por esse incapaz são presumidamente praticados por seu
responsável, isso é uma presunção de representação. Aqui a hipótese é bem delicada. Primeira
observação, o artigo 974 parágrafo 1º vai estabelecer que para haver essa continuidade o
incapaz necessita de uma autorização judicial.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente


assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame


das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência
em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os
pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

Aí vem outra observação: essa continuidade excepcional da empresa é um dos


efeitos/dos instrumentos de incidência da função social da empresa. A continuidade pelo
incapaz só pode ocorrer quando for vantajoso, claro, para o incapaz e vantajosa para o meio
social. Não é porque o empresário morreu ou porque o herdeiro é um incapaz que a atividade
deverá ser bruscamente cessada, sob pena, de gravosos impactos sociais e tributários. É claro
que esse incapaz vai ser representado mas quem vai exercer a atividade econômica é o incapaz.
O seu representante aqui assume a função de administrador, semelhante ao administrador de
uma sociedade, não é idêntico. Quem exerce atividade econômica é o incapaz. Para alguns
doutrinadores aqui no RJ, nessas hipóteses, a atividade seria acéfala. Mas já está superada.

Outra observação: essa autorização judicial – art. 974, §1º -, não se confunde com
emancipação, eis que é precária. Pode ser revogada diante da alteração de circunstâncias fáticas.
A emancipação não se revoga, tem causas próprias para sua concessão, essa autorização judicial
ela é precária.
Cuidado: Alguns autores (p. ex. Ricardo Negrão) sustentam que essa autorização
judicial seria um dos exemplos de administração pública de interesses privados. Lá no processo
se dá um nome específico, qual seja, jurisdição voluntária. A atividade econômica empresarial
envolve interesse privado? Até antes de 88, em razão do sistema econômico, a atividade
econômica é exercida com o fim de atender às necessidades do interesse público.
Em relação a este aspecto, vale ressaltar a postura do professor Araken de Assis diz
que essa autorização judicial se identifica como um ato administrativo-judicial
excepcionalmente praticado pelo juiz. É uma função anômala.
No direito empresarial quase todo mundo defende a primeira posição.
Tem que ser visto com cuidado, com reservas. E a função social da empresa onde fica?? Não há
apenas interesse privado na continuidade da empresa pelo incapaz. Pelo contrário, a
autorização judicial só será concedida caso verificada a conveniência, circunstância fáticas e etc.
(tal como dispões o artigo 974, parágrafo 1º), é bem a idéia de conveniência e oportunidade dos
para a manutenção da atividade econômica não somente em função do incapaz, mas
essencialmente em razão das pessoas que colaboram que circundam aquela atividade
econômica.
Pergunta: Nessa autorização o MP participa??
Sim, acrescente aí (no artigo 974) também a oitiva do MP. O MP de acordo com o artigo 82 e 83
do CPC o MP deve ser ouvido em todos os casos que envolvam interesse de incapaz.

Pergunta: O menor pode alienar um bem que é dele?


O empresário plenamente capaz exercia a atividade econômica, morreu, os seus bens reunidos
em universalidade de direito, são transferidos ao incapaz no momento da morte (droit de
saisine). O incapaz torna-se proprietário, o proprietário possui algumas faculdades, dentre elas,
a faculdade de dispor de seus bens, o que não vai ser possível é o representante comprar um
bem do tutelado. E aí você não vai falar em continuidade empresa, tendo em vista que ela foi
“vendida”.
Nesse caso aqui o incapaz está herdando todo o patrimônio de seu responsável.
Dentro desse patrimônio existem os bens pessoais e um conjunto de bens usado como
instrumento da atividade econômica que é o estabelecimento. O estabelecimento é um
complexo, um conjunto de bens. Essa expressão fundo de empresa é um bem que integra o
estabelecimento, não necessariamente o estabelecimento com um todo. Alguns autores
associavam a idéia de fundo de comércio com o estabelecimento, isso já está superado. Ex:. Uma
coisa é você pegar todas as cadeiras desta sala e somar o valor individual de cada uma delas, p
ex. 30.000 reais. Outra coisa é você considerar o conjunto de cadeiras como um bem, esse
conjunto pode ter um valor superior que o somatório dos valores individuais. O fundo é o todo,
não só o somatório de todos os bens mas o valor agregado aos bens reunidos. O estabelecimento
é só o conjunto, o fundo é o conjunto mais o valor agregado a maior ou pode ser menor também
dependendo do desempenho do empresário.
Esse empresário, qual é a regra? Empresário plenamente capaz para o
cumprimento de suas obrigações responde com quantos bens?? Qual e o nível de
responsabilidade do empresário capaz?? Responsabilidade ilimitada. Mas aqui estamos em uma
situação excepcional... quando o legislador estabelece essa distinção de nível e efeitos de
responsabilidade, essa organização é denominada pelo professor Barbosa Moreira como um
sistema protetivo das incapacidades. Isso só foi inventado para proteger os bens e os interesses
dos incapazes, partindo da premissa de que essas pessoas não tem maturidade suficiente. Se o
incapaz for autorizado a continuar a empresa, essa autorização vai estabelecer uma restrição no
nível de responsabilidade do incapaz, é o que está estabelecido no parágrafo 2º, do art. 974.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do
alvará que conceder a autorização.
Se essa criança, se ela já tinha, por exemplo, uma conta poupança, esse bens
pessoais anteriores à continuidade da empresa não estão sujeitos ao pagamento de credores,
não ficam sujeitos aos resultados da empresa. E uma restrição, isso é consequência do sistema
protetivo. Mas porque consequência?? Dois autores (Nathalia Cristina e Gustavo Oliva)
estabeleceram que esta é a primeira e única hipótese de responsabilidade limitada, ou seja,
restringida, do empresário individual. Regra é que a responsabilidade é ilimitada,
excepcionalmente, essa exceção se dá em razão da incapacidade, o incapaz responderá de forma
limitada, em razão do que estabelece o parágrafo 2º, art. 974. Esses bens estão protegidos desde
que sejam estranhos ao acervo porque se ele usar os bens anteriores para a manutenção ou
auxílio da atividade econômica, esses bens passam a fazer parte do estabelecimento e passam a
ser suscetíveis ao pagamento de obrigações.

1.b) Incapacidade superveniente

O artigo 974 traz duas situações em que um incapaz possa vir a continuar a
atividade empresarial. O sujeito é empresário individual plenamente capaz e por um infortúnio
do destino tem um AVC. Enquanto capaz, empresário individual, responde com todos os bens
disponíveis. Uma vez ocorrendo o AVC, o sujeito foi interditado um ano depois, considerando
que a sentença tem efeito declaratório e retroage à data do fato. Esse sujeito passou a ser
considerado incapaz e em razão disso foi autorizado a continuar a empresa. Agora a situação
ficou mais delicada porque o patrimônio é o mesmo. Aqui não há morte. O patrimônio do
empresário capaz é o mesmo do empresário incapaz. A literalidade do art. 974, parágrafo 2º, diz
que os bens que o incapaz já possuía ao tempo da interdição não estão suscetíveis ao pagamento
de obrigações. O empresário que exercia atividade econômica tinha bens pessoais e os bens que
integravam o estabelecimento, quando interditado continua com todos esses bens, e ficam
estranhos ao acervo, não são utilizados na atividade econômica, estariam excluídos do
pagamento de credores. Os bens pessoais desvinculados da atividade econômica estariam
protegidos. Vejam que esse sujeito passaria a ter responsabilidade limitada, a propósito dos
bens estranhos ao acervo, estranhos ao estabelecimento.
Aí e que entra a ponderação, a razoabilidade, fudamentalmente para a
procuradoria. A Fazenda Pública não vê assim. Por quê? A interpretação adequada para PGE
sustenta o seguinte: que deve ser agregado ao art. 974, parágrafo 2º, CPC uma ponderação de
cunho cronológico para evitar uma redução na garantia de credores, notadamente fazenda
pública. Que valor cronológico é esse?? Quando o empresário era plenamente capaz dispunha
de responsabilidade ilimitada, para os credores do empresário plenamente capaz à época de sua
plena capacidade, para esses credores anteriores à interdição, e claro, anteriores à autorização
judicial, esses credores para garantia da satisfação de seus créditos dispõem de todo o
patrimônio do devedor, mesmo que esse devedor esteja interditado. Porque a constituição do
crédito se deu em face do empresário capaz, essa incapacidade superveniente não retira a
pretensão de satisfação desses credores. Ao passo que após a autorização judicial, após a
interdição, os novos credores, a relação jurídica estabelecida nessa hipótese não se deu com o
empresário plenamente capaz, a relação jurídica seu deu com o empresário incapaz autorizado
judicialmente. Nesse momento o patrimônio já estava protegido, os bens pessoais que ele tinha
antes não estão sujeitos ao pagamento de credores posteriores à interdição. A responsabilidade
limitada é restrita aos credores novos, aos credores do incapaz. Os credores anteriores à
interdição não podem ter a sua garantia reduzida em razão de um fato externo.
Só que essa interpretação não é dominante, essa interpretação é minoritária.
Outra observação: no que concerne ao incapaz criança/adolescente, o incapaz tem
três anos de idade, esse incapaz pode ter a falência decretada. O empresário incapaz pode
falir?? Quem pode falir em regra no Brasil?? Empresário e sociedade empresária. A nova lei de
falências não faz qualquer restrição quanto à decretação da falência em razão da maioridade.
Empresário incapaz pode falir. Esse incapaz pode responder por crime falimentar?? Não,
somente poderá responder por ato infracional do ECA, artigo 112 e 116, esses artigos viabilizam
a definição de ato infracional e imputação de medidas sócio-educativas. Quem pode responder
por crime falimentar dependendo do fato típico é o representante na qualidade de
administrador.
Outra observação: Possibilidade do empresário incapaz ter acesso à recuperação judicial.
A lei de falências, tanto no seu art. 48, quanto no art. 51, trata dos principais requisitos para o
pedido (da petição inicial) e para a concessão da própria recuperação. Praticamente pacífico, ele
pode ter acesso à recuperação desde que preencha os requisitos.

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento


do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos
e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença


transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;

II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de


recuperação judicial;

III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de


recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V
deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta
Lei.

Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser


requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante
ou sócio remanescente.

Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do


devedor e das razões da crise econômico-financeira;

II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos


exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido,
confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável
e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por


obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a
natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando
sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos
registros contábeis de cada transação pendente;

IV – a relação integral dos empregados, em que constem as


respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm
direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos
valores pendentes de pagamento;

V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de


Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais
administradores;

VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos


administradores do devedor;

VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de


suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive
em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas
respectivas instituições financeiras;

VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do


domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em
que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a
estimativa dos respectivos valores demandados.

O que significa dizer que está superada uma corrente de pensamento que negava
ao incapaz o acesso a concordata. Ela estava lastreada no enunciado 197 do Conselho de Justiça
Federal que vedava a concordata para o empresário incapaz.

Enunciado 197 – Arts. 966, 967 e 972: A pessoa natural, maior de 16 e


menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer os
requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata
preventiva, por não exercer regularmente a atividade por mais de dois
anos. [Este enunciado foi anterior à nova lei de falências n. 11.101 de
2005, que extinguiu a concordata]

Assim como a manutenção da empresa, a recuperação judicial é o mais incisivo


instrumento da função social, sendo lícita a manutenção da atividade, a recuperação deve ser
concedida.
Esse incapaz ao exercer atividade econômica até os 16 anos, aos 16 anos de idade
ele se emancipa. O art. 5º,§ único, V, CC, estabelece como uma das hipóteses de emancipação o
sujeito que com 16 anos, reunindo estabelecimento empresarial, disponha de economia própria.
Isso é automático?? Não. Precisa solicitar a emancipação e averbá-la na Junta Comercial.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa


fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de


emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

Vamos à aparente confusão do legislador com a inserção do parágrafo 3º, do artigo


974. O artigo... traz a seguinte redação:

§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas


Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de
sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma
conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da


sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei
nº 12.399, de 2011)

III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente


incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído
pela Lei nº 12.399, de 2011)

Esse artigo está tratando de outro assunto, daí a aparente confusão. Uma coisa é a
identificação do empresário e outra situação, completamente diferente, diz respeito à
possibilidade de um contrato de sociedade, o sócio tenha três anos de idade. A doutrina faz
alusão... menor pode ser sócio de uma sociedade?? Esse assunto já está praticamente
consolidado. A dúvida que persiste é a seguinte. O ordenamento jurídico ao estabelecer esse
sistema de incapacidade criou o sistema protetivo. O incapaz ao participar de uma sociedade
ele não exerce atividade econômica, aliás o sócio não exerce atividade econômica. Quem realiza
é a sociedade. Ela responde pelas obrigações, sempre em primeiro lugar e de forma ilimitada.
Os sócios podem ter sues bens pessoais atingidos por dívidas oriundas da sociedade?? Regra,
notadamente em razão do padrão de sociedade adotada pelo CC que é a sociedade simples, os
sócios podem ter seu patrimônio pessoal atingido, conforme disposto no artigo 1024, do CC.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Regra é a responsabilidade subsidiária. Se o sócio, em regra, tem responsabilidade,


o incapaz não pode integrar sociedade na qual seu patrimônio esteja em risco, daí porque em
regra o incapaz poderia integrar uma sociedade na qual os sócios dispusessem de proteção ao
seu patrimônio pessoal. E que espécie? As sociedades nas quais os sócios disponham de um
escudo protetor da responsabilidade limitada. Nas seguintes espécies: sociedade em comandita
simples, na figura de sócio comanditário; na sociedade limitada e nas sociedades por ações,
notadamente, sociedade anônima. Nesse tipo de sociedade os incapazes podem ser sócios já que
os sócios em regra não respondem por seus bens pessoais. O inciso II fala desde que tenha
havido a integralização do capital social, é preciso cuidado aqui. Esse dispositivo deveria ter
sido acrescentado não aqui, no capítulo sobre empresário individual, mas sim na parte
societária, mais especificamente, na sociedade limitada, esse era o local adequado à inserção.
Existem sociedade em que mesmo o capital social estando totalmente integralizado o sócio
responde subsidiária e solidariamente, o parágrafo 3º não menciona isso, incapaz poder ser
sócio?? Sim, primeiro desde que se trate de uma sociedade de responsabilidade limitada, e se
for caso de sociedade limitada que o capital esteja totalmente integralizado. Já fica aí a
referência, na limitada se o capital não estiver totalmente integralizado o sócio responde, de
acordo com o art. 1052, CC. Se se trata de Sociedade Anônima o que deve estar integralizado
são as ações dele. Sugestão de remissão do parágrafo 3º, II c/c art. 1052, CC c/c art. 1º, da lei
6.404/76.

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é


restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente
pela integralização do capital social.
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em
ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

Outro requisito – o incapaz não pode ser o administrador, inciso I, parágrafo 3º.
Por que não pode ser administrador?? Porque os administradores todos, sem exceção,
respondem subsidiariamente e, para alguns autores, solidariamente pelas obrigações sociais.
Sugestão de remissão art. 1016 c/c parágrafo 3º, I.

Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a


sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas
funções.

E claro, o inciso III exige representação ou assistência.


Pequena ponderação, o professor Rubens Requião e muitos procuradores têm uma
postura diferente do entendimento doutrinário dominante que contraria a redação desse
parágrafo 3º. Sustentam que o incapaz não poderia ser sócio de sociedade nenhuma, pois
mesmo na sociedade limitada o sócio corre risco de ter seus bens pessoais atingidos em caso de
desconsideração da personalidade jurídica. Outros autores ainda agregam que, em razão da
redação do art. 1080, CC, os sócios podem vir a ter responsabilidade ilimitada se deliberarem
contrariamente ao contrato social ou texto de lei. Essa interpretação foi um pouco mitigada pelo
STJ. Seria mais uma razão para fundamentar a tese de que o incapaz não pode ser sócio.

Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam


ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram.

FIM!!!

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