*****
Rowan Morris parou seu carro próximo ao meio-fio, na frente da
grande casa de tijolos de seus pais. Não percebeu que tinha conduzido para lá
até que saiu e olhou para a grande casa velha. Cresceu ali, ele e Fredrick.
Tantas lembranças, boas e más, passaram diante de seus olhos.
Tinha sido um longo dia. Rowan tinha acabado de sair de uma
reunião com seus superiores no hospital, onde trabalhava no como obstetra. A
reunião não correu como esperava. Algumas semanas antes tinha perdido a
paciência com um paciente, de uma maneira muito pública. Rowan estava sob
um monte de estresse e quebrou. Na época, não estava pensando claramente.
Mas, para ser justo, nos últimos cinco anos, não tinha pensado claramente
sobre qualquer coisa. O buraco em seu coração, que costumava ser preenchido
por seu irmão, estava comendo-o lentamente. Se não obtivesse um controle
sobre suas emoções, sua depressão iria consumi-lo e não haveria mais nada
dele.
As luzes estavam apagadas e a porta da frente trancada. Rowan usou
sua chave e entrou. O cheiro familiar de baunilha encheu seu nariz e Rowan
sorriu. Estar nesta casa velha era reconfortante. Subiu as escadas e passou
por seu quarto de infância, para entrar no de Fredrick. Tudo era o mesmo.
Seus pais não tinham redecorado seus quartos quando se mudaram e agora,
com a morte de Frederick, não esperava fossem alterá-lo.
Rowan se sentou na cama, pegou um dos travesseiros macios e
inalou o aroma fresco do sabão em pó e uma pitada de loção pós-barba de seu
irmão. Depois de todos esses anos, ainda podia sentir o cheiro.
Após a morte de Fredrick, seus pais esvaziaram seu apartamento e
trouxeram seus pertences de volta. Alguns recipientes de armazenamento
estavam contra a parede oposta e a jaqueta de couro preto, favorita de
Fredrick, pairava sobre o encosto da cadeira. Em todos os anos desde sua
morte, Rowan nunca tinha se dado ao trabalho de ir aquele quarto ou olhar
através de coisas de seu irmão. A morte de Fredrick ainda estava muito fresca
em sua mente e não podia fazê-lo. Olhar os pertences pessoais de Fredrick e
saber que nunca veria o rosto, que era idêntico ao seu, era demais e Rowan
temia que o buraco no peito fosse expandir em seu corpo, até que caísse no
nada, que lentamente permitiu assumir toda sua vida.
Rowan se lembrava de receber a chamada, há cinco anos, de sua
mãe, dizendo-lhe que Fredrick estava morto. Mutilado, o carro incendiado de
seu irmão foi descoberto no norte do estado de Nova York, nos arredores de
uma cidade chamada Silver Creek. Fredrick tinha deixado a cidade para
encontrar alguma paz e sossego, ou, era o que tinha dito a sua mãe. Rowan
nunca o questionou.
— Sinto sua falta. — Rowan sussurrou para si mesmo. Limpou a
lágrima solitária que escapou de seu olho e se levantou. Caminhou até a mesa
de Fredrick e pegou a jaqueta de couro desgastado e respirou fundo. Podia
sentir o cheiro de couro e colônia bosque de seu irmão.
— Rowan, querido, você está aqui?
Rowan empurrou a cadeira rolando para trás do balcão e gritou:
— Aqui, mãe.
Poucos minutos depois, sua mãe estava na porta.
— Aí está você. — Rowan sorriu para sua mãe, quando ela entrou no
quarto. Rebekah Morris ainda era uma mulher muito bonita com a idade de
sessenta anos. Ela tinha cabelos longos e negros, assim como seus filhos, e
um corpo magro e delicado. Sua pele, levemente bronzeada, era alinhada com
rugas suaves, mas Rowan não achou que tirasse sua beleza, mas só a
aumentasse.
— O que está fazendo aqui? — Perguntou ela.
— Não tenho certeza.
Rebeca colocou uma mão macia e quente em seu ombro e Rowan
cobriu com a sua.
— As coisas não correram bem no hospital hoje? — Sua mãe havia
trabalhado por anos em Park Geral, de parteira, e ainda tinha muitos amigos
lá. Não seria surpresa Rowan se já soubesse como foi seu encontro.
— Sim e não. — Rowan deu de ombros. — Rodger queria que eu
tirasse algum tempo e limpasse minha cabeça.
— Isso não parece tão ruim. — Sua mãe apertou seu ombro.
— Não, mas escolhi sair.
— Você o quê? — Sua mãe bateu com a mão em seu ombro. — Por
que você faria isso?
— Porque não concordo com a forma como o hospital estava lidando
com a situação. Sei que não deveria ter perdido a paciência com um paciente,
mas é difícil ver o que vejo no dia a dia. Acho que só preciso de uma pausa de
tudo isso, mamãe.
Rowan estava saindo de um turno de dezesseis horas, quando uma
mulher foi trazida. Ela estava em trabalho de parto e alta com algum tipo de
droga. O bebê não resistiu. Era como se aquela fosse a última gota. Rowan
perdeu. Estava cansado de ver pessoas morrerem, especialmente um bebê
inocente, que não pediu para ser trazido a este mundo. Era apenas muito e
Rowan quebrou.
Rebekah soltou um suspiro pesado e se inclinou contra a mesa.
— Não posso dizer que culpo você, meu doce menino. Foi bastante
desagradável o que o hospital fez, mas, no mundo em que vivemos, há tantas
pessoas dispostas a processar um médico e o hospital só estava cobrindo seu
próprio traseiro.
— Sim, entendo, mas ainda assim... — Rowan sacudiu a cabeça.
Rebeca olhou ao redor do quarto escuro e para baixo, para as mãos de Rowan.
Ele ainda tinha a jaqueta apertada contra seu peito.
— O que estava fazendo aqui, querido?
— Mais uma vez, não tenho certeza. — Rowan riu. — Marla me disse
hoje que não tenho lidado com a morte de Fredrick e que durante os últimos
cinco anos tenho me afundado num buraco escuro e solitário.
— Bem, ela tem um ponto sobre você não lidar com a morte do seu
irmão. — Rebeca deu-lhe um sorriso caloroso. — Você já foi ao cemitério?
Rowan não olhou para sua mãe quando balançou a cabeça.
— Sei que é difícil, meu doce menino, mas a morte é uma parte da
vida. Nunca sabemos quando isso vai acontecer, mas não podemos nos
recusar a reconhecê-la.
— Eu sei, mãe, mas é como... — Rowan lambeu os lábios secos,
enquanto procurava as palavras certas. — É como se ir para o cemitério e ver
sua lápide, tornará tudo real.
— É real, querido. — Sua mãe mudou-se para o seu lado e abaixou-se
para envolver os braços ao redor de seus ombros. — Fará cinco anos no
próximo mês e, não importa o quanto desejemos, não irá mudar nada.
— Eu sei, mãe. — Rowan se inclinou para o lado de sua mãe e passou
os braços em torno de sua cintura fina. Sentiu-se seguro em seu abraço, como
se nada pudesse machucá-lo. — Só não sei se posso dizer adeus.
— Confie em mim, eu entendo. — Rebeca se levantou e olhou ao
redor do quarto. — Sabe, querido, pode ter alguma coisa aqui que você queira.
Ele era seu irmão. Tenho certeza de que não se importaria se você mantivesse
isso. — Ela apontou para o casaco nas mãos de Rowan. — Na verdade, deve
olhar por suas coisas. Tenha algumas lembranças da vida de seu irmão.
Rowan acenou com a cabeça.
— Eu acho que poderia.
— Bom. — Rebeca concordou. — Só mantivemos seus pertences
pessoais quando esvaziamos seu apartamento, mas está tudo aqui, nessas
caixas. — Rowan olhou para cima quando sua mãe parou de falar. Podia ver
seus olhos cheios de lágrimas. — É triste pensar que isto é tudo o que resta de
sua vida, algumas caixas.
— Mãe, não chore. — Rowan levantou-se e abraçou-a com força.
— Alguns dias são apenas mais difíceis do que outros, mas isso
passará, também, Rowan. — Rebeca se afastou e descansou suas mãos
pequenas quentes em seu rosto. — Dizem que tudo cura com o tempo.
— Eu te amo, mãe. — Rowan sorriu.
—Eu também te amo, meu doce menino. Gostaria de ficar para o
jantar? Seu pai estará em casa logo e tenho certeza que gostaria de ver você.
— Claro, adoraria.
Rowan observou quando sua mãe saiu do quarto. Ficou lá por alguns
minutos tentando obter a sua respiração sob controle. Odiava ver sua mãe
chorar e, pior, odiava a si mesmo por chorar. Não era justo. Fredrick era
jovem demais para estar morto.
Passou a mão em seus olhos e olhou para as caixas que revestiam a
parede oposta. A dor em seu peito ainda era muito grande. Não estava pronto
para peneirar os pertences de seu irmão ainda. Isso teria que esperar um
pouco mais. Em seu caminho para fora da sala, Rowan pegou jaqueta de couro
de Fredrick. Tudo o que restava de Fredrick eram coisas como esta e era hora
de Rowan começar o processo de cicatrização, e a jaqueta desbotada e velha
era um bom começo. Só esperava que fosse suficiente para aliviar a dor em
sua alma.
Capítulo Dois
*****
― Esteve praticando os exercícios bucais que sugeri? ― Perguntou
Aiden.
Dix acenou com a cabeça, segurando a vontade de revirar os olhos.
Amava Aiden e tudo o que o homem estava fazendo por ele, mas beber chá
quente com mel, praticando abrir e fechar a boca não ia fazê-lo falar.
Era estranho e difícil para Dix explicar, mas desejava que pudesse.
Não gostava que as pessoas pensassem que estava quebrado de alguma forma
só porque não queria falar. Era sua escolha não falar, não alguma coisa
mental, fodida. Bem, talvez um pouco de merda mental. Mas, mesmo assim,
se quisesse falar, poderia, mas tinha as suas razões para não querer.
Os seus pais tinham sido assassinados 17 anos atrás. Dix e seu irmão
Dax tinham acabado de completar quatro anos quando isso aconteceu. Viviam
em Dakota do Sul, num grande pedaço de terra onde seu pai tinha construído
uma casa. Sua casa estava perto de uma reserva natural que não permitia
qualquer tipo de caça, então os pais de Dix pensaram ter encontrado o lugar
certo para criar os seus filhos jovens. E tinham mesmo, até caçadores os
encontrarem.
Dix podia ouvir Aiden falar, mas parecia vir de longe. Seus olhos
perderam o foco quando caiu de volta em suas memórias.
― Mamãe, mamãe! ― Dix gritou enquanto a sua mãe em forma de
lobo o perseguia em torno de seu quintal. Tropeçou em uma pedra, caiu no
chão e começou a chorar.
― Oh, bebê, não chore. ― Sua mãe tinha deslocado de volta à sua
forma humana e o pegou do chão. Beijou suas pequenas palmas gordinhas e
lhe sorriu. ― Viu? Está tudo bem.
― Obrigado, mamãe. ― Dix passou os braços em volta do seu
pescoço e apertou com força.
― Oh, tão forte. ― A mãe dele fez cócegas em suas costelas.
― Ei, bebê, pode vir aqui por um momento? ― O pai de Dix gritou da
varanda da frente da casa.
― Sim, só um minuto. ― Sua mãe sentou-se e virou em um círculo.
― Daxon Garrett, onde está você?
― Estou aqui, mamãe. ― O gêmeo de Dix, Dax, saiu da parte de trás
da casa. Levantou um caminhão de brinquedo na mão. ― Precisava buscar o
meu brinquedo.
― Tudo bem, querido. ― Sua mãe ajoelhou-se na frente dos meninos
e estendeu a mão para segurar as suas. ― Preciso ir e ajudar o papai por um
minuto. Se prometerem ficar por perto, vou deixá-los brincar aqui fora. Certo?
― Tudo bem, mamãe. ― Disseram os dois em uníssono.
Depois dela sair, Dix bateu no braço de seu irmão.
― Quer brincar de esconde-esconde?
― Não, mamãe disse que precisávamos ficar perto. ― Respondeu Dax
de costas, olhando para o seu caminhão de brinquedo.
― Vamos, Dax, por favor. ― Implorou.
Depois de choramingar por mais alguns minutos, seu irmão cedeu.
― Me escondo primeiro. ― Dix fugiu antes de seu irmão poder
argumentar.
Dix correu em direção à parte de trás da propriedade e se escondeu
atrás de uma árvore caída. O som das folhas esmagando sob umas patas
fizeram Dix se virar para ver um coelho pequeno marrom e branco. Uma vez
que o animal o viu, pulou na direção oposta. Dix se levantou e correu atrás da
pequena criatura. Não sabia o quão longe tinha corrido, até que parou e
percebeu que já não via a clareira entre as árvores. Girou em um círculo e
pulou quando ouviu uma coruja piando a partir de um galho de árvore acima
dele.
― Dax! Mama! Papa! ― Dix começou a ficar com medo. Correu em
outra direção, o vento frio soprando em seu rosto e enxugando as lágrimas.
Gritou para seus pais novamente, mas foi inútil. Agachou-se no chão, passou
os braços ao redor de seus pés, deixando cair a cabeça sobre os joelhos e
chorou.
― Está perdido? ― Perguntou uma voz atrás dele e Dix saltou para os
seus pés. Um homem alto, com cabelo preto curto e olhos castanhos escuros
ajoelhou-se na frente dele alguns pés de distância. ― Não vou te machucar. ―
O homem estendeu a mão.
Dix hesitou por um momento. Estava com medo. O homem sorriu e
estendeu a mão firme. Nunca tinha visto este homem antes e suas roupas
pretas pareciam estranhas para se estar vestindo tarde da noite.
― Pode me ajudar a encontrar minha mamãe e papai? ― Perguntou
Dix. Seus olhos se encheram de lágrimas.
― Pode apostar que posso. ― O homem deu um sorriso grande e se
levantou. ― Pegue a minha mão e vamos encontrar os seus pais. ― Não
sabendo mais o que fazer, segurou a mão do homem. ― Agora que tenho
você, encontrá-los será moleza.
― Dix, está me ouvindo? ― Aiden estalou os dedos na frente do seu
rosto.
Dix balançou a cabeça e soltou um grunhido profundo, enquanto se
endireitava em sua cadeira. Acenou com a cabeça e a sacudiu.
― Onde você foi? ― Perguntou Aiden.
Dix sugou o seu lábio superior e afundou seus dentes inferiores nele.
Estava vendo Aiden por alguns meses agora, mas ainda não ficou mais fácil
fazer qualquer revelação sobre o que tinha acontecido em seu passado. Falar
sobre o seu tempo com o Dr. Granberg era mais fácil do que falar de seus pais
e como morreram.
Dix pegou o iPad que sempre levava consigo e digitou: Estava me
lembrando da morte dos meus pais. Virou a tela na direção de Aiden.
― Dix, sei que já discutimos isso antes, mas sabe que não foi culpa
sua, certo? ― Aiden deslizou em direção à borda da cadeira, inclinando-se
mais perto dele. ― Você era apenas um garotinho. Não tinha ideia de que o
homem que o encontrou estivesse lhe usando para encontrar os seus pais.
Como poderia saber que o cara ia matá-los? Estava perdido e com medo. Só
fez o que qualquer um de nós teria feito.
Realmente odiava quando Aiden era condescendente com ele.
Entendia que este era o trabalho do homem, mas ainda ignorava quando Aiden
tentava fazê-lo sentir-se melhor por algo que tinha, em última análise,
causado.
― Conheço esse olhar. ― O homem apontou um dedo em sua
direção. ― Culpar a si mesmo é normal. É parte da sua natureza humana,
mas, no fundo, tem que saber que o fato de terem sido mortos não foi sua
culpa, Dix. Esses caçadores teriam encontrado seus pais, com ou sem você.
Eu sei! Dix escreveu as palavras tão forte que a ponta do seu dedo
doeu.
― Então, também sabe que não é culpa sua. ― Aiden rebateu.
Sim, mas não muda o fato de que isso aconteceu. Talvez se não
tivesse corrido, meus pais não teriam entrado na floresta naquela noite. Talvez
pudessem ter fugido.
A sua respiração saia em arquejos duros, enquanto digitava as
palavras. Toda vez que fechava os olhos, ainda podia ver os olhares sem vida
nos rostos de sua mãe e seu pai.
― Talvez, mas talvez não. ― Aiden escreveu algo na prancheta
depositada em seu colo. ― É natural para todas as pessoas, seja meros seres
humanos ou shifters, ter essa atitude do “e se...”. E se virar a esquerda em
vez da direita? E se comprar esse caminhão em vez do carro? E se me casar
com ele e não ela? Viu? É um ciclo sem fim.
Qual é o seu ponto, Aiden? Virou a tela de novo.
― Meu ponto é que sempre vai querer saber o que poderia ter
acontecido. Esse sentimento nunca vai embora. Precisa encontrar uma
maneira de deixar essa culpa ir embora, para que possa ser livre, Dix. Não
estou dizendo que tem que esquecer, mas precisa deixá-la ir.
Dix pensou que era fácil para Aiden dizer isso. O homem não tinha
visto seus pais serem mortos a tiros por três caçadores. Não teve que ver
quando eles riam e chutavam os corpos de seus pais mortos, como se não
fossem nada além de lixo.
― Dix, quero ajudá-lo e acho que se trabalhar comigo, pode
encontrar um pouco de paz. ― Aiden pegou a mão dele. ― Só quero te ver
feliz.
Sabia que Aiden tinha boas intenções. Todos os membros do bando
de Nehalem tinham. Estes homens, shifters e humanos, eram sua família e não
foram nada além de agradáveis e compreensivos com Dix, desde que ele e seu
irmão vieram para a cidade.
Quero ser feliz, também, e acho que estou chegando lá. Dix digitou
na tela de seu tablet, depois deu de ombros.
― Você está. Às vezes, é preciso de um tempo para curar, mas isso
acontecerá. ― Aiden olhou para o relógio. ― Bem, nosso tempo acabou e
precisa chegar ao café em dez minutos. Quer que te dê uma carona?
Dix balançou a cabeça e sorriu. Levantou e estendeu a mão para
Aiden sacudir.
Caminhou até a recepção para marcar outra consulta com Avery e,
em seguida, saiu do escritório e desceu a rua em direção ao café. Era final de
fevereiro e o clima ainda estava um pouco frio, mas Dix gostava. O ar frio
parecia ajudar a limpar o seu corpo de toda a merda ruim enchendo o seu
cérebro.
O telefone no bolso de Dix vibrou, indicando a entrada de um texto.
Sorriu para a tela quando viu o nome de seu irmão. Dix puxou a luva e
deslizou o dedo na tela para abrir a mensagem.
Estou enorme! Acho que poderia explodir antes de chegar à data do
parto.
Dix riu da mensagem de seu irmão e digitou de volta: Pare de
reclamar e seja bom para o meu sobrinho.
Fácil para você dizer. Não é você que está tão grande quanto uma
casa. Dizia o texto de resposta de Dax.
Tudo vai valer a pena em algumas semanas, quando estiver
segurando aquele pequeno bebê em seus braços.
Dix olhou para os lados, em seguida, atravessou a rua. Parou na
porta do café.
Tenho que começar a trabalhar, mas vou te ver quando chegar em
casa. Te amo.
Também te amo!
Embolsou o seu telefone, abriu a porta e entrou. Os aromas
familiares de café e biscoitos recém-assados encheram o seu nariz e Dix
sorriu. Em menos de um ano, esta cidade e as pessoas nela se tornaram a sua
família. Estava finalmente em casa. Agora só tinha que encontrar o seu próprio
lugar feliz no mundo como seu irmão tinha, mas querer e receber eram duas
coisas completamente diferentes.
Capítulo Três
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
— Você tem certeza que está tudo bem se eu sair? — Dix ficou
olhando para o espelho do banheiro. Dax estava atrás dele e Dix pegou o olhar
de seu irmão. — É nosso aniversário. Não quero deixá-lo sozinho.
— Ele não estará sozinho. — Colt caminhou para o banheiro e cutucou
Dix na orelha. — Estou aqui e tenho algo divertido planejado para meu
pequeno companheiro. — Inclinou-se para beijar Dax no pescoço e seu irmão
irrompeu em um ataque de risos.
— Sim, não tenho vontade de ouvir ou ver essa merda. — Dix
levantou as mãos para cobrir os olhos.
— Então, é melhor ir. Viktor, Shane, Erik e Brandon estão esperando
por você no Club Sin. Estão animados para comemorar seu vigésimo primeiro
aniversário. Você é maior de idade agora, irmão. Vá pegar sua bebida e
transar. — Colt ergueu a mão para um “toca aqui”
— Às vezes, esqueço que você é mais velho do que eu. — Dix
balançou a cabeça, enquanto ria.
— Sim, e sinto falta dos dias em que você não falava. — Brincou Colt,
enquanto puxava Dix para um abraço.
Quando Dax começou a namorar Colt, Dix não gostava do homem.
Estava com medo de que Colt levaria Dax longe dele, mas não poderia estar
mais errado. Colt amava Dax e até desistiu de viajar a trabalho para ficar em
casa todas as noites. Não demorou muito antes de Dix, de certa forma, se
apaixonar por Colt, também. Ele tornou-se o irmão mais velho que nunca teve.
Colt tratava Dix como uma pessoa normal, mesmo quando não falava. Eram
uma família.
Colt pegou Dix pelo pulso e puxou-o para fora do banheiro.
— Agora vá. Seu irmão e eu precisamos de algum tempo sozinhos. —
Colt balançou as sobrancelhas. — Se entendeu o que estou dizendo.
— Por favor, pare. — Dix deixou cair a cabeça para trás em seus
ombros. Ele fez o seu melhor para tentar apagar essas imagens de sua mente.
— Vá e se divirta, Dix. — Dax envolveu seus braços ao redor de Dix e
abraçou-o apertado. — Feliz aniversário, irmão.
— Feliz aniversário para você, também. — Dix se inclinou e beijou a
cabeça de Dax.
— Agora vá e tome uma bebida por mim, já que ainda tenho que
esperar mais alguns meses. — Dax revirou os olhos.
— Isso acontecerá antes que perceba. — Dix deu um tapinha em sua
barriga.
— E não posso esperar. — Dax sorriu para ele.
Dix disse adeus a Colt e Dax, saiu e entrou em seu caminhão. Dirigiu
até a cidade, em direção a casa noturna em que estaria encontrando seus
amigos: Viktor, Shane, Brandon e Erik, todos membros da matilha Nehalem.
Brandon também era um caçador e um ser humano. Dix realmente gostava da
diversidade dentro desta matilha. Não importava o quão diferente todos
fossem, eram considerados iguais por seu alfa.
A noite já tinha caído e havia uma dor aguda no ar frio. Quando Dix
parou no estacionamento, imediatamente viu seus amigos pela janela do
grande caminhão preto de Brandon.
Brandon e Erik eram acasalados, assim como Viktor e Shane. Dix era
a quinta roda, mas não podia negar que estava ansioso para comemorar. Vinte
e um era uma grande idade para comemorar. Desejou que seus pais
estivessem vivos para vê-lo e a Dax agora, mas não estavam. Os sentimentos
de tristeza e saudade tentaram amortecer o bom humor de Dix, mas se
recusou a ceder. Perdeu seus pais, mas não podia viver no passado.
— Está pronto para comemorar seu aniversário? — Perguntou Viktor.
— Tão pronto quanto poderia estar. — Dix enfiou as mãos nos bolsos.
— Vamos?
Caminharam até a porta da frente e o segurança deixou-os entrar,
depois de verificar todas as suas identificações e dar-lhes pulseiras indicando
que tinham idade legal para beber. Dix tinha vindo a este clube antes com
Viktor e Shane, mas parecia diferente agora. Era como se agora fizesse parte
da multidão adulta. Claro, poderia beber uma bebida ou duas agora. O álcool
não afetava shifters, mas ainda podia participar deste rito de passagem, pelo
qual todos os jovens de vinte e um anos passavam.
Dix olhou para a multidão de pessoas dançando e animou-se. A
música era alta e as luzes suaves. As pessoas moviam-se em torno do bar e
para a pista de dança. A forma como homens e mulheres dançavam lembrou a
Dix de uma onda quebrando na costa, enquanto se moviam para acompanhar
a batida da música.
Brandon abriu o caminho para a parte traseira, onde havia uma mesa
vazia. Viktor acenou para uma garçonete e pediu drinques para todos. Dix
bateu o pé ao ritmo da música. Sorriu e acenou para seus amigos, enquanto
eles lhe contaram como ficaram felizes que tivesse se decidido a começar a
falar novamente.
Todo mundo agiu como se fosse algum tipo de grande realização,
mas não era. Dix sempre pode falar. Só não queria. Depois que seus pais
haviam morrido e viveu com o Dr. Granberg, como seu rato de laboratório,
perdeu toda a necessidade de falar. Isso realmente enervava Granberg, por
isso tornou-se um jogo para Dix. De todas as coisas que Dr. Granberg poderia
fazer, fazê-lo falar não era uma delas.
— Gostaria de dançar? — Um pequeno homem loiro, com um rosto
em forma de coração perguntou-lhe.
— Umm. — Dix olhou para seus amigos. Viktor deu-lhe um aceno e
Dix se levantou de sua cadeira e seguiu o homem esguio para a pista de
dança.
— Sou Finn, a propósito. — Disse o homem com um sorriso, enquanto
pegava a mão de Dix e abria caminho para a pista de dança.
A canção tinha mudado para algo um pouco mais lento e sensual.
Finn aproximou-se de Dix e colocou um braço em volta de sua cintura e o
outro em cima de seu ombro. Dix envolveu os braços na cintura de Finn e
começaram a balançar com a música.
— Dix é meu nome. — Sussurrou próximo ao ouvido de Finn. O
homem loiro se inclinou para trás e sorriu.
Eles se concentraram na música, Finn movendo seu corpo magro,
raspando os quadris em Dix. Finn estava vestindo calça jeans preta e justa e
uma camiseta branca que tinha as mangas arrancadas. Os lados estavam
abertos, expondo seu pequeno corpo apertado para que todos pudessem ver, e
tinha que admitir que o cara era atraente, mas não estava fazendo muito por
sua libido.
Não importava o quão duro tentou sacudir todos os pensamentos de
Rowan de sua mente, não podia. O que tinham feito na biblioteca, há dois dias,
ainda passava por sua mente como um filme em câmera lenta, cada vez que
fechava os olhos. Rowan tinha um grande corpo, pelo que poderia dizer
sentindo o homem, mas realmente queria ver como ele era nu. Apostava que
tinha um corpo firme e esculpido. Dix se perguntou se teria cabelo no peito.
Suas mãos formigavam com o pensamento de correr os dedos por ele.
Apostava que seria da mesma cor do cabelo que cercava o pênis de Rowan.
Sorriu para si mesmo quando se lembrou de como o pênis de Rowan
parecia. Pelo menos, tinha sido capaz de ver e tocar essa parte do seu corpo.
O pênis de Rowan não era tão longo quanto o dele, mas era grosso e parecia
tão certo no aperto de Dix. Sua mão envolveu em torno do membro pulsando
e queria empurrar Rowan de volta, colocá-lo sobre a mesa e provar seu gosto.
Finn fez um ruído ofegante e jogou a cabeça para trás para descansar
no ombro de Dix, que tinha estado tão preso em seu próprio devaneio que não
tinha percebido que tinha ficado duro e apertado as mãos na cintura de Finn,
puxando-o mais perto de seu corpo. A sensação de Finn esfregando seu corpo
contra ele era agradável, mas faltava alguma coisa. Assim que olhou em Finn,
sua ereção murchou e seu pênis ficou mole em seus jeans. Aparentemente, só
poderia ficar duro com seus pensamentos em Rowan. Um homem com o qual
não deveria se envolver.
A música mudou novamente e Dix se inclinou para sussurrar no
ouvido de Finn. Agradeceu-lhe pela dança e rapidamente pediu licença para
voltar e sentar-se com seus amigos.
Dix lembrou das palavras de Colt, dizendo-lhe para ficar com alguém,
mas não tinha certeza de como fazer isso funcionar se só podia ter uma ereção
quando pensava em Rowan. Não se sentia bem em pensar num homem,
enquanto estava transando com outro.
O clube tinha ficado mais lotado desde que tinha começado a dançar
com Finn. Levou um tempo para sair para a borda da pista de dança. Teve que
se esquivar de algumas mãos bobas e recusou mais de uma vez uma oferta
para dançar.
Estava prestes a virar à direita e seguir de volta em direção à sua
mesa quando o cheirou. O cheiro de verão envolveu-o e não podia se mover.
Fechou os olhos e se concentrou em de onde aquele cheiro estava vindo. Olhou
para trás na direção de onde seus amigos estavam sentados, mas estavam
todos envolvidos em alguma conversa e não o tinham notado. Dix se virou e
voltou para a pista de dança.
Moveu-se com passos sólidos e empurrou as pessoas para fora do
seu caminho, enquanto seguia seu nariz na direção de onde sabia que iria
encontrar Rowan. Num canto escuro, Dix o viu. Rowan estava usando calças
apertadas e uma camisa de botão preta, de mangas compridas. As mangas
arregaçadas e à frente de sua camisa estava aberta, expondo sua pele pálida,
cremosa e ondulando seus músculos abdominais.
— Puta merda... — Dix resmungou quando viu o pouquinho de cabelo
entre o peito de Rowan e da trilha de pelos finos que desciam, após a cintura
da calça jeans.
Rowan tinha os olhos fechados, enquanto dançava ao som da música.
Um homem maior estava atrás dele, suas grandes mãos tateando por todo o
peito de Rowan. Um grunhido baixo retumbou na garganta de Dix e fora de
sua boca. Uma mulher que estava perto dele deu a Dix um olhar engraçado e
rapidamente se afastou dele.
Dix ficou lá apenas um momento, antes que estivesse se movendo.
Caminhou até o homem dançando atrás de Rowan e se inclinou mais perto de
seu ouvido.
— Meu. — Sua voz era baixa e áspera e pelo olhar no rosto do outro
cara Dix deve ter parecido muito sério. O cara levantou as mãos e se afastou
de Rowan.
Dix tomou o lugar do outro cara, envolvendo seus braços firmemente
ao redor da cintura de Rowan, deixando suas mãos deslizam sobre seu corpo
encharcado de suor. Raspou a unha sobre um mamilo atrevido, puxando um
suspiro dos lábios de Rowan. Inclinou-se mais perto para passar a língua pelo
pescoço de Rowan até chegar a seu ouvido. Deixou uma mão no mamilo de
Rowan e abaixou a outra para esfregar o bojo atrás de seu zíper.
Rowan suspirou e virou-se para encará-lo. Seus olhos se arregalaram
e sua boca abriu e fechou. Finalmente, foi capaz de dizer:
— O que está fazendo aqui?
— Dançando. — Moveu suas mãos para baixo para apertar as
nádegas de Rowan, que gemeu e suas pálpebras ficaram pesadas. — O que
está fazendo aqui? — Dix jogou a pergunta de Rowan de volta para ele.
— Eu precisava de um divertimento. — Rowan abriu os olhos e ergueu
os braços, envolvendo-os em torno do pescoço de Dix, puxando-o perto de
seus lábios. — Acha que pode me ajudar com isso?
— Depende. — Dix roçou os lábios de Rowan e trouxe a língua para
fora para cutucar no tecido gordo.
— Do que? — Rowan apertou sua mão sobre os ombros de Dix.
— Quão perto é o seu hotel? Quanto mais cedo chegarmos lá, mais
cedo posso esvaziar sua mente. — Levantou os braços para puxar as mãos de
Rowan de seus ombros. Agarrando-as, levou-o para a saída. Dix pegou seu
telefone e disparou um texto para Shane, deixando-o saber que conheceu
alguém e não precisavam esperar por ele.
— Não é muito longe. — disse Rowan, enquanto caminhavam para
fora do clube. Dix observou, enquanto abotoava a camisa. — Siga-me.
Dix esperou para entrar em seu carro até que viu Rowan alcançar o
seu. Seguiu o outro homem na estrada em direção ao mais novo hotel de luxo
que fora construído pouco antes que Dix e Dax se mudarem para a cidade. O
edifício tinha grandes janelas e o exterior consistia de painéis de aço
inoxidável. Era bonito e diferente. Para Dix mais parecia uma obra de arte do
que um hotel.
Rowan parou dentro do parque de estacionamento e Dix estacionou a
seu lado. Caminharam em direção à entrada da frente sem dizer uma só
palavra. Rowan caminhou até o elevador e apertou o botão para cima.
Esperaram alguns segundos antes que as portas se abrissem. Uma vez que as
portas estavam fechadas, Dix se lançou para Rowan.
Segurou-o preso à parede e forçou sua língua na boca disposta de
Rowan, que gemeu e apertou seu punho na camisa de Dix, puxando e
esticando o tecido, mas Dix não se importava. Rowan poderia rasgar a maldita
coisa de seu corpo e ficaria chateado. Seu pênis pulsava em sua calça,
crescendo maior e mais grosso.
— Deus, sonhei com isso durante os últimos dois dias. — Rowan disse
entre beijos. — Você é gostoso pra caralho.
— Assim como você. — Dix mordiscou o lábio inferior de Rowan. —
Tudo em que estive pensando era transar com você e vê-lo completamente nu.
— Agarrou cada lado da camisa de Rowan e abriu-a. Botões caíram no chão.
Só tinha obtido um vislumbre do corpo de Rowan antes que o elevador parasse
e as portas se abrissem.
Rowan não se mexeu. Seu peito subia e descia, sua respiração
pesada e as mãos agarraram a grade atrás dele. Dix agarrou um lado das
portas do elevador quando começou a fechar. Resmungou e fez um gesto com
o queixo para Rowan se mover. Rowan afastou-se da parede e saiu do
elevador. Dix andou atrás dele.
Uma vez em sua porta, Rowan usou o cartão-chave para abri-la e
entrou. Dix se aproximou por trás dele e chutou a porta fechada quando girou
em torno de Rowan. Puxou-o apertado em seu peito e mergulhou num beijo.
Rowan demorou apenas um segundo antes de empurrar Dix de costas contra a
porta e puxar sua camisa para cima e fora de seu corpo.
Dix sabia que isso era errado. O irmão de Rowan tinha feito algumas
coisas realmente terríveis para os membros do bando Nehalem e sua morte
não foi um acidente. Não sabia como Rowan reagiria se soubesse a verdade
sobre o que realmente aconteceu com seu irmão. O irmão de Rowan não era
um bom homem. Mas será que Rowan veria isso dessa forma?
— Oh, Deus, me fode, Dix. — Disse contra o pescoço de Dix. Rowan
lambeu e chupou ao longo da pele sensível, fazendo com que o pênis de Dix
ficasse mais duro, se isso fosse possível.
— Quer que eu te foda? — Perguntou Dix entre os dentes cerrados.
Agarrou Rowan pela cintura e levantou-o, levando-o para a cama, e colocando-
o sobre o colchão. Começou a desabotoar sua calça jeans. — Nu, agora! —
Ordenou e Rowan moveu-se rapidamente para remover seu jeans.
Dix ficou ao pé da cama, correndo o punho levemente sobre seu
pênis duro. Rowan finalmente conseguiu seu jeans fora e chutou para o lado.
Ele jazia apoiado em seus cotovelos, olhando para Dix, que levou o seu tempo
deixando seu olhar vagar sobre o corpo de Rowan, gravando cada pequeno
detalhe.
Rowan não era um homem pequeno, mas não era tão grande quanto
Dix também. Tinha o corpo de um nadador. Era magro e esculpido, mas não
enorme. Era óbvio que Rowan cuidava de seu corpo e tinha orgulho em como
era esculpido. Mesmo quando relaxado, os músculos de Rowan eram visíveis
através de sua pele. A carne pálida praticamente brilhava na fraca iluminação
do quarto. Nenhum deles se preocupou em acender a luz. A única iluminação
vinha das luzes da rua brilhando fora da janela.
— Gosta do que vê? — Perguntou Rowan e arrastou os dedos pelo
peito, sobre seu pênis duro, então abaixou para pegar suas bolas.
— O que você acha? — Dix soltou seu pênis e deixou-o cair pesado
para baixo entre as coxas.
Os olhos de Rowan observaram o pênis de Dix. Lambeu os lábios e
sentou-se ainda mais na cama. Dix empurrou seus quadris para frente,
deixando seu pênis saltar para cima e para baixo. Os olhos de Rowan se
moviam para frente e para trás, observando cada movimento que o eixo rígido
de Dix fazia.
— Acho que ele precisa de um beijo. — Disse Rowan quando olhou
para cima, para encontrar os olhos de Dix, e cobriu com sua boca lentamente
a cabeça do pênis de Dix. Sua língua girava em torno da ponta alargada,
chupando e lambendo cada pedaço que podia.
— Deus, isso é bom. — Dix colocou a mão na parte de trás da cabeça
de Rowan pedindo-lhe para levar mais para baixo em sua garganta. — Foda-
se! — Gemeu quando Rowan abriu mais a boca e levou seu comprimento longo
e grosso em sua garganta.
Rowan sacudiu a cabeça para cima e para baixo, cantarolando em
torno do pênis de Dix. A mão de Dix apertou no cabelo de Rowan e começou a
balançar os quadris para frente, mais rápido. Suas bolas pressionando contra o
queixo de Rowan com cada impulso para dentro. Rowan sugou mais difícil e
Dix sabia que se não parassem iria gozar muito cedo. Deu um passo para trás.
— O que há de errado? — Perguntou Rowan, com a testa franzida.
— Nada. — Dix se inclinou e beijou Rowan, empurrando-o para baixo
na cama. — É a minha vez de jogar.
Todas as experiências sexuais de Dix eram de encontros de uma
noite. Tinha aprendido muito nos últimos meses e queria ter certeza de que
fazia tudo certo com Rowan. Por alguma estranha razão, estar ali, nu, com
Rowan, parecia mais emocionante do que quando teve relações sexuais pela
primeira vez. Queria Rowan mais do que jamais quis algo em sua vida. Queria
mostrar a Rowan o respeito que ele merecia e adorar o seu corpo.
Beijou o arco interior do pé direito de Rowan. Fez o seu caminho
lentamente até atrás de seu joelho, então a sua parte interna da coxa. Os
quadris de Rowan arquearam-se para fora da cama e ele choramingou quando
Dix empurrou sua perna direita para cima, em direção ao seu peito, e se
inclinou para lamber a área logo atrás de suas bolas. Dix inalou o cheiro
almiscarado de Rowan. O cheiro de verão era mais forte ali e enterrou o nariz
contra as bolas de Rowan.
Rowan levantou a perna esquerda e deixou-a cair aberta para o lado,
expondo sua pequena abertura aninhada entre suas bochechas firmes. Dix
alcançou até esfregar o polegar contra ela, circulando-a algumas vezes antes
de, gentilmente, pressionar para frente. Foi recebido com resistência e
esfregou suavemente na abertura, puxou o polegar e lambeu-o, em seguida,
enfiou de volta na entrada apertada de Rowan.
— Oh, merda. — Rowan gemeu.
Olhou para cima no corpo tenso de Rowan e viu seu amante
agarrando o travesseiro sob a cabeça. Lentamente Rowan começou a empurrar
sua bunda de volta para o dedo de Dix, que riu baixinho quando voltou a
chupar o pênis de Rowan.
O doce sabor do pré-sêmen de Rowan era leve e suave. Usou a outra
mão para bombear a base do pênis de Rowan, fazendo o seu melhor para
empurrar mais dos sucos doces do corpo de Rowan.
Mudou sua atenção de pênis de Rowan até suas bolas, e ainda mais
para trás, para passar rapidamente por cima de sua entrada. Continuou a
trabalhar o polegar dentro e fora do corpo de Rowan. As paredes de seda
apertadas abraçaram seu dedo e Dix estava desesperado para sentir esse calor
envolvido em torno de seu pênis nu.
— Está pronto para mim? — Perguntou quando se sentou. Cutucou o
polegar mais profundamente, fazendo Rowan gritar.
— Estava pronto há cinco minutos. — Disse Rowan, com um sorriso,
mas nunca abriu os olhos.
Dix riu quando se abaixou e pegou Rowan por seus quadris e virou-o.
Usou seu aperto forte para puxar Rowan de joelhos. Avançou e esfregou sua
dureza entre os globos musculosos firmes. Rowan gemeu e balançou de volta
para o toque de Dix, que se inclinou e beliscou em cada bochecha antes de
empurrar o rosto entre elas, lambendo profundamente a entrada de Rowan. O
músculo apertado estremeceu debaixo da sua língua, rapidamente abrindo-se.
Sentou-se longe o suficiente para cuspir na abertura, empurrando dois dedos
profundamente, espalhando a umidade dentro de Rowan. Cuspiu novamente
na mão e esfregou-a ao longo de sua dureza, enquanto olhava para bunda
perfeita de Rowan.
— Vamos, Dix. Eu preciso de você. — Rowan implorou e balançou os
quadris lentamente de um lado para o outro, provocando Dix com seu corpo.
Dix agarrou a base do seu pênis e apontou a ponta redonda na
abertura de Rowan e avançou. Rowan gritou, enquanto Dix afundava
profundamente em seu canal apertado. Dix ainda se segurava, lutando contra
a necessidade do seu corpo para bater no corpo de Rowan. Esfregou as mãos
para cima e para baixo nas costas de Rowan, distraindo seu amante da dor.
Levou apenas mais alguns instantes antes de Rowan estar balançando os
quadris para trás em Dix.
Começou devagar, com golpes longos, fáceis, enterrando todo o seu
comprimento de cada vez e puxando para trás e para fora, até que apenas a
ponta permanecesse. Fez isso por um tempo, apreciando a força suave das
paredes internas de Rowan contra seu membro latejante. Sexo nunca foi tão
bom antes.
— Dê-me mais duro. — Rowan exigiu, empurrando seus quadris de
volta para o pênis de Dix.
— Acha que pode lidar com isso? — Dix fechou os dedos nos quadris
de Rowan, segurando-o ainda. As pontas dos dedos de Dix formigavam,
enquanto suas garras pressionavam em sua pele. Respirou fundo para manter
seu lobo em cheque. Nas poucas vezes em que tinha tido relações sexuais,
nunca teve um problema em manter a besta sob controle. Isso o fez se
perguntar o que havia de tão especial sobre Rowan.
— Sei que posso. — Rowan virou a cabeça para olhar por cima do
ombro para Dix e sorriu.
O olhar brilhando nos olhos de Rowan roubou a respiração dos
pulmões de Dix. O homem estava lindo, com sua pele encharcada de suor e
com o pênis de Dix em sua bunda. Não conseguia segurar por mais tempo.
Puxou os quadris para trás e bateu seu pênis profundamente na entrada
esticada de Rowan.
O ruído combinado de pele a pele estalando e os agudos gemidos de
Rowan, junto com os grunhidos profundos de Dix, encheram o quarto. A cama
balançou, enquanto Dix empurrava seu comprimento duro no corpo de Rowan.
Seu pré-sêmen tinha preenchido o canal apertado, tornando mais fácil para
ambos.
— Dix, estou perto. — Rowan deixou seus ombros caírem na cama e
estava com a cabeça virada para o lado, expondo um lado de seu pescoço.
O lobo dentro de Dix uivou com a visão da submissão de Rowan. Dix
moveu seus quadris mais duro e mais rápido, então se inclinou para agarrar
Rowan e trazê-lo junto a seu peito. Uma sensação quente de formigamento
espalhou-se sobre sua pele e sua visão tornou-se mais clara, quando sentiu
seu corpo se preparando para mudar. Seus dentes saíram e Dix enfiou a cara
no pescoço de Rowan, respirando pesadamente. Mordeu duro seu lábio inferior
para evitar morder o musculoso ombro.
Tomou respirações profundas e estáveis, enquanto batia seu pênis
em Rowan. Deixou seus dentes voltarem ao normal e moveu-se para trancar o
ombro de Rowan e sugar uma contusão. Moveu a mão direita para baixo sob
Rowan e começou a empurrar seu pênis. Rowan ofegava e seu cabelo
umedecido pelo suor estava preso à pele de Dix. Uma onda de calor tomou
conta de seu corpo e com um último impulso para dentro, gozou. Seu pênis
explodiu profundamente, como um vulcão, dentro do corpo de Rowan e levou
apenas um segundo para Rowan segui-lo em seu gozo. Creme quente e
espesso encheu a mão de Dix, enquanto bombeava o gozo de Rowan do seu
corpo, com seu pênis alimentando sua entrada abusada.
Quando abrandou seus quadris, empurrando mais lento, respirou o
perfume inebriante de Rowan. Uma voz em sua cabeça não parava de gritar
meu, meu, meu, uma e outra vez.
Dix sabia imediatamente o que seu lobo estava tentando dizer a ele:
Rowan Morris era seu companheiro.
Capítulo Nove
Encontrar Dix no clube naquela noite não era o que Rowan esperava.
Não estava chateado de qualquer forma, mas estaria mentindo se dissesse que
não o pegou desprevenido. Depois de seu encontro na biblioteca, não pensava
em outra coisa, senão em Dix. Tinha começado a ofuscar sua necessidade de
descobrir o que realmente aconteceu com seu irmão. Uma parte de Rowan se
sentia culpada e egoísta por deixar seus próprios desejos ignorarem sua
obrigação com seu irmão, mas não podia evitar isto. Era como se Dix fosse
uma droga do qual não conseguia ter o suficiente.
— Você está bem? — Dix perguntou quando virou suas costas, se
aproximando de Rowan.
Rowan ainda estava deitado de bruços e virou a cabeça para
descansar em seus braços e olhar para Dix. O homem realmente lhe tirava o
fôlego. Seu corpo musculoso, cabelo loiro curto e aqueles olhos azuis claros,
desarmavam Rowan. Era como se não conseguisse pensar direito. Mesmo
agora, o perfume amadeirado e forte de seu suor fazia coisas para o pênis de
Rowan. Acabou de amolecer e já estava se mexendo para a segunda rodada.
— Estou ótimo. — Rowan suspirou, enquanto se virava e deitava de
lado. Seu corpo doía em certos lugares. Quando se virou sentiu algo molhado
escorrendo de seu traseiro indo para sua coxa.
Os olhos de Rowan se arregalaram, chegou por trás dele para sentir
seu traseiro dolorido. Seus dedos ficaram molhados. Olhou a mão e viu a
evidência do orgasmo de Dix revestindo os dedos. Rowan olhou para Dix, que
tinha os olhos fechados e um sorriso preguiçoso em seu rosto.
Porra! Sou um médico. Deveria me cuidar melhor. Silenciosamente
repreendeu a si mesmo. Nunca em sua vida fez sexo sem proteção. Sabia o
risco envolvido num comportamento imprudente como este. Doença era o
grande fator, mas pelo menos dormir com Dix não iria deixá-lo grávido.
— Ei, Dix. — Rowan moveu a mão pegajosa para limpá-la no edredom
entre eles. Dix mexeu e virou-se para olhar para ele. — Sei que agora é um
pouco tarde demais para discutir isso, mas você está limpo? — Diante da
expressão confusa de Dix, Rowan explicou. — Você tem alguma doença com a
qual preciso me preocupar?
A testa de Dix franziu e ele balançou a cabeça de um modo que
Rowan sabia que ele não tinha ideia do que estava falando.
— Não usamos preservativo. Então, deveria me preocupar com
alguma coisa?
— Não. — Dix se apoiou para olhar nos olhos de Rowan. — Você não
tem absolutamente nada com o que se preocupar.
Dix estendeu a mão para colocar suavemente a mão sobre o rosto de
Rowan.
— Nunca iria colocá-lo em risco de qualquer coisa. Juro. Não iria
mentir sobre algo assim.
Rowan deixou escapar a respiração que estava segurando. Dix
poderia estar mentindo para ele, mas não iria mentir como uma pessoa
desonesta. Se havia alguma coisa que Dix demonstrava eram as emoções em
seu rosto. Rowan poderia dizer quando o homem estava louco, feliz e excitado.
— Acredito em você e só quero que saiba que não tem nada com o
que se preocupar. — Rowan estendeu a mão para esfregar o dedo em torno de
um dos mamilos bronzeados de Dix. Sorriu quando Dix respirou fundo e fez
um som rosnando no fundo de sua garganta. Rowan notou que Dix fazia muito
isso. — É engraçado, mas esta é a primeira vez em meus 32 anos que não uso
um preservativo. — Rowan riu.
— Você tem trinta e dois anos? — Dix perguntou, seus olhos
percorriam o rosto de Rowan. — Parece muito mais jovem do que isso.
— Obrigado. — Rowan puxou sua mão de volta para pousar sobre a
mão de Dix que estava em seu peito. — E você? Quantos anos tem?
— Vinte e um, hoje, na verdade. — Dix rolou para deitar de costas,
puxando Rowan com ele. Rowan estava esparramado sobre o peito enorme.
— Hoje é seu aniversário? — Perguntou Rowan e Dix assentiu. — Feliz
aniversário. Foram ao clube para comemorar?
— Sim. Meus amigos me levaram. — Dix passou os dedos pelo cabelo
de Rowan enquanto falava.
— Espero que não o tenha tirado de sua festa ou algo assim. —
Rowan deveria ter se sentido culpado por isso, mas não se sentiu. Gostava de
ter Dix em sua cama. Estar perto de Dix ajudava-o a pensar com clareza.
Fazia-o se sentir como se o mundo não estivesse desabando sobre ele e
anestesiava a tristeza que sentia com a perda de seu irmão.
— Não. Comemorei mais cedo com meu irmão e seu namorado. — Dix
deu de ombros. — Meus amigos só queriam me levar, porque fazer vinte e um
é um grande marco na vida de uma pessoa e queriam que me divertisse um
pouco.
— Lembro-me de meu vigésimo primeiro aniversário. — Rowan sorriu
com a memória. — Meu irmão, Fred, e eu, junto com os nossos amigos, fomos
de bar em bar a procura de novas experiências. Ficamos tão bêbados naquela
noite que não sei como chegamos em casa. — A memória feliz fez os olhos de
Rowan queimar com lágrimas não derramadas. — Então você tem um irmão,
também? — Perguntou Rowan, mudando de assunto.
— Sim, nós somos gêmeos fraternos. — Respondeu Dix, seus dedos
ainda vasculhando o cabelo de Rowan.
— Isso é estranho. — Rowan esfregou os dedos, passando levemente
sobre o peito de Dix.
— O quê? — A mão de Dix apertou em seus cabelos, puxando a
cabeça de Rowan para cima para que pudesse olhar para ele.
— Bem, temos irmãos, irmãos gêmeos poderia acrescentar. E somos
todos gays. — Rowan começou a rir. Riu tanto que suas bochechas começaram
a doer. Em pouco tempo Dix estava rindo também. — Falando de uma
estranha coincidência...
— Sim, isso é alguma coisa. — Dix se inclinou e beijou Rowan na
testa.
Rowan se aconchegou mais perto para o lado de Dix. Calor saía de
Dix em ondas e Rowan não podia chegar perto o suficiente. Gostava da
sensação de estar nos braços de Dix. Sentia como se nada pudesse machucá-
lo enquanto Dix estivesse ao seu lado. Nem mesmo as memórias de Fredrick
umedeciam seu humor. Dix era como um cobertor de conforto e proteção, o
que era muito estranho, uma vez que se conheciam há pouco tempo.
— Qual o nome do seu irmão? — Perguntou Rowan.
— Daxon, mas o chamamos de Dax.
— Dax e Dix? — Rowan sorriu. — Isso é original.
— Haha, ria o quanto quiser, agora não ligo mais para a provocação
sobre os nossos nomes. Nossos pais colocaram esses nomes e, como
morreram quando éramos crianças, nunca tive a chance de perguntar o porquê
desses nomes.
— Sinto muito. Não quis ser grosseiro. — Rowan se inclinou e beijou o
lado do pescoço de Dix. — Gosto dos seus nomes. A maioria dos gêmeos tem
nomes semelhantes ou, pelo menos, nomes que rimam. Fredrick é o nome do
nosso pai e eu sou... — Rowan não queria dizer isso. Era um pouco
embaraçoso. Gostava de seu nome, mas a maioria das pessoas dava risada de
como o nome surgiu.
— O quê? — Dix cutucou seu braço. — De quem recebeu seu nome?
— Da minha mãe. — Rowan beliscou o lado de Dix quando começou a
sorrir. — O primeiro nome da minha mãe é Rebekah e seu nome do meio é
Rowan. Achava justo um de seus filhos usarem o seu nome, e agradeço a Deus
todos os dias por ter sido Rowan e não Rebekah. Isso teria feito a minha
infância muito difícil.
— Concordo. — Dix apertou os braços em torno de Rowan. — Mas
você seria o Rebekah mais bonito que já vi.
— Obrigado. — Rowan bocejou e puxou Dix mais perto dele. — Conte-
me algo sobre você. Já nos encontramos três vezes e ainda não sei nada a seu
respeito. E, depois do nosso pequeno encontro na biblioteca e agora este,
penso que devemos, pelo menos, conhecer um ao outro.
— Oh, menino. — Dix soltou um suspiro profundo. — Vamos ver, meu
irmão e eu somos novos em Silver Creek. Trabalho no Café e sou um
estudante na Hemsworth. Meus pais morreram quando eu era criança e, até
três dias atrás, não tinha falado uma única palavra em mais de dezessete
anos.
— Huh? — Rowan se sentou e olhou para Dix. — Você deixou de falar
por dezessete anos? Por quê? — Dix levantou a mão para esfregar os olhos.
Rowan pegou a mão dele para descobrir os olhos de Dix. — Você pode falar
comigo. Não irei julgá-lo.
— Depois que meus pais morreram, não vi necessidade de falar, e
com o tempo tornou-se mais fácil não dizer nada. — A voz de Dix soou tão
triste e distante. Rowan não gostou. — As pessoas simplesmente achavam que
eu era autista ou tinha problemas mentais, e os deixei pensar assim.
— Ah, Dix. — Rowan envolveu seus braços o melhor que pôde em
torno de Dix, enquanto estavam deitados juntos na cama. — Você se importa
se perguntar como morreram?
— Foram assassinados e vamos apenas dizer que o lar adotivo onde
meu irmão e eu morávamos não era o ideal.
Rowan abriu a boca para fazer mais perguntas, mas Dix pressionou o
dedo aos lábios de Rowan, silenciando-o.
— Vamos falar sobre você. Diga-me por que está aqui, realmente.
— Meu irmão morreu aqui. — Rowan colocou sua bochecha contra o
peito de Dix. — Já se passaram cinco anos. Muitos acham que lidei bem com
isso e segui em frente, mas não. Sinto que se disser adeus, ele vai embora.
Mas se não reconhecer sua morte, seria como se estivesse fora da cidade em
férias ou algo assim. Louco, né?
— Não, não é. — Dix esfregou a mão levemente sobre o dorso nu de
Rowan. — Se vocês dois eram próximos?
— Éramos, mas depois não éramos mais. Meu irmão era um policial
em Nova York. Tinha sido o seu sonho desde que era um menino. Quando se
formou na academia, foi trabalhar em uma delegacia não muito longe da casa
dos nossos pais. Não era uma área ruim, mas acho que nenhum lugar é
realmente seguro. Fred e seu parceiro responderam a uma chamada de uma
confusão em um bar. Quando chegaram lá havia uma briga e meu irmão foi
baleado no estômago e seu parceiro levou dois tiros, um no peito e outro no
pescoço. Morreu nos braços do meu irmão.
Rowan ainda lembrava de ter visto seu irmão no hospital depois de
tudo o que tinha acontecido. Sabia que Fred nunca mais seria o mesmo. Havia
algo sobre ver a morte de perto que mudava a pessoa.
Dix não disse nada. Ficava esfregando as costas de Rowan, dando-lhe
conforto em silêncio.
— Estou aqui atrás do motivo. Porque encontrei uma foto de um
homem chamado Avery no bolso do casaco do meu irmão. Seu endereço era
daqui de Silver Creek. Não tenho certeza de quão amigos Fred e Avery eram,
ou se Avery sabe o que aconteceu com meu irmão. Sinto como se devesse
fazer isso a ambos e vim para cá, mas agora que estou aqui... — Rowan
fechou a boca, sem saber o que poderia dizer para Dix. Por alguma razão
desconhecida, confiava em Dix, mas não tinha certeza até onde podia confiar.
— O quê? — Dix cutucou Rowan no ombro.
— Nada. — Rowan sorriu para Dix e balançou a cabeça. Não estava
pronto para compartilhar suas especulações sobre como seu irmão morreu. Dix
poderia pensar que era um lunático delirante ou dizer a seus amigos na cidade
o que ele pensava e não tinha certeza de como as pessoas iriam reagir. Desde
a sua reunião com o chefe de polícia no outro dia, não tinha um bom
pressentimento. Alguma coisa estava acontecendo nesta cidade. Apenas não
tinha certeza do que era. — Então, por que está indo para a faculdade? —
Rowan mudou de assunto novamente e Dix o deixou.
— Quero me tornar um obstetra. — Um pequeno sorriso formou-se
nos lábios de Dix. — Quero ajudar a trazer bebês ao mundo.
— Oh, meu Deus. — Os olhos de Rowan se arregalaram. — Acho que
você e eu estávamos destinados a ficarmos juntos. — Rowan estava brincando,
mas não totalmente. Ele e Dix tinham muito em comum. Era como se o mundo
fosse responsável por uni-los.
— Concordo totalmente. — Dix sorriu e fez cócegas ao lado direito de
Rowan sob sua axila. — Mas como chegou a essa conclusão?
— Sou um obstetra. — Rowan viu os olhos de Dix se arregalaram. —
Quais são as probabilidades? Nascemos com um irmão gêmeo, somos gays,
nossos irmãos são gays. Sou um obstetra e você está indo para a faculdade
para se tornar um. Se isso não é o destino, não sei o que é.
— É definitivamente algo. — Dix rolou em cima de Rowan e o beijou
suavemente nos lábios. — Acho que gosto disso. — Dix o beijou novamente. —
E gosto de você, Rowan.
— Gosto de você, também. — Rowan sussurrou contra os lábios de
Dix.
O beijo ficou mais forte e mais ardente e Rowan abriu as pernas para
dar lugar a Dix. O seu comprimento duro esfregou ao lado do outro até que
Dix agarrou o próprio pau e apontou-o para o traseiro molhado de Rowan e
deslizou para dentro. Rowan suspirou e cravou os dedos nos músculos duros
dos ombros de Dix, que fez amor com ele sem pressa e calmamente, até
Rowan implorar para gozar. Então, pegou em torno do pênis de Rowan ao
mesmo tempo em que batia mais forte dentro de seu corpo. Seu pênis
impulsionava mais e mais, até que ambos estavam gozando. O cérebro de
Rowan foi distorcido quando cores brilhantes pareciam explodir tudo à sua
volta. Em todos os seus 32 anos não poderia se lembrar de estar tão feliz ou
satisfeito. Havia definitivamente algo especial sobre Dix.
Capítulo Dez
*****
Rowan encontrou Dix no restaurante que havia sugerido, The
Watering Hole. Era um bar e churrascaria e, para surpresa de Rowan, o lugar
tinha realmente boa comida. Um homem chamado Tenny os serviu e estava
claramente evidente que ele e Dix eram amigos. Eles riram e brincaram,
Rowan começou a ficar irritado, queria gritar para o rapaz, que tinha algumas
mechas cor de rosa em seu cabelo escuro para ir embora, mas não o fez. Isso
teria sido rude.
— O que tem planejado para o resto do dia? — Perguntou Dix num
tom de sussurro rouco que ele sempre usava.
— Não muita coisa. — Rowan pegou uma batata frita e mergulhou-a
em seu ketchup. — Pensei em dirigir em torno da cidade por um tempo.
Conferir os pontos turísticos. — Deu de ombros.
Terminaram o almoço e Dix teve que correr de volta ao trabalho.
Rowan se sentou à mesa e terminou seu chá gelado e conferiu e-mails em seu
telefone.
— Posso te trazer alguma coisa? — Tenny perguntou com um grande
sorriso.
— Não, acho que estou satisfeito. — Rowan pegou sua carteira. —
Posso ter a conta, por favor?
— Você é um amigo de Dix, então não há nenhuma conta. — Tenny
disse e começou a limpar a mesa.
— O quê? — Rowan o encarou com olhos arregalados, quando Tenny
se movia ao redor da mesa recolhendo seus pratos. — Dix e eu acabamos de
nos conhecer. Não precisa ser tão generoso. E não me importo de pagar. —
Rowan era de Nova Iorque. Nada era grátis lá, a não ser que lhe custasse um
favor como pagamento.
— Deixe-me lhe contar algo, Rowan. Bom nome, por sinal. — Tenny
mostrou seus dentes brancos brilhantes para ele. — Você e Dix podem ter
acabado de se conhecer, mas ele gosta muito de você, isso posso dizer.
Portanto, o seu dinheiro não vai ser recebido aqui. — Tenny pegou a pilha de
pratos e começou a se virar, então parou. — Espero vê-lo com Dix novamente
aqui, em breve.
Que diabos? Rowan observou, enquanto Tenny se afastava. A
maneira como Tenny o tratou era um contraste, com a forma como toda a
gente de Silver Creek o tratava. Era quase mais assustador do que quando
Dominic teve um ataque de pânico o vendo. Mas foi bom ver que nem todo
mundo nesta cidade achava que era algum tipo de demônio. Tenny e Noel da
livraria tinham sido bons para ele. Talvez Rowan estivesse sendo muito duro
com esta cidade.
Rowan deixou uma nota de vinte sobre a mesa. Tenny não iria deixá-
lo pagar por seu almoço, mas não disse nada sobre deixar uma gorjeta.
Uma vez do lado de fora, entrou em seu carro, acionou o aquecedor e
se encostou no assento quente. Procurou no mapa em seu GPS a área onde
Fredrick tinha destruído seu carro.
A chuva caiu e Rowan ligou o para-brisa, limpando as gotas de água
no vidro do carro em poucos segundos. Quanto mais Rowan saia da cidade,
mais silencioso ficava. Praticamente nenhum carro passava por ele. Estava
dirigindo por cerca de quinze minutos, quando viu que tinha percorrido 11 km
pelo marcador. Diminuiu a velocidade do carro e o encostou ao lado da
estrada.
Saiu de seu carro e olhou em volta. Era uma curva acentuada que
cortava para a esquerda, como se estivesse indo direto para floresta. Se
alguém não estivesse prestando atenção, podia sofrer um acidente. Caminhou
perto da mureta e olhou para baixo, na vala estreita. Um fluxo de água rasa e
algumas árvores eram tudo o que estava lá embaixo.
— Por que, Freddy? — Rowan enfiou as mãos nos bolsos. Olhou para
vala de aparência taciturna, fria e vazia. Essa era a maneira que Rowan se
sentia quando pensava em seu irmão. Uma vez tinham estado tão próximos,
compartilhavam tudo. Então, um dia, tudo desapareceu. A vida assumiu que
ele e Fredrick tinham seguido caminhos separados.
— Não entendo nada disso, irmão. — Disse Rowan. — Desde o
momento em que cheguei a esta cidade as pessoas têm me tratado de uma
maneira estranha. É como se estivessem vendo um fantasma, o seu fantasma,
e não com uma reação agradável, Freddy. O que aconteceu aqui?
O vento frio soprou, atingindo-o no rosto, mas Rowan não podia
sentir o frescor. Ficou ali paralisado enquanto olhava para baixo, onde seu
irmão havia passado seus últimos momentos na Terra. Não tinha certeza de
quanto tempo ficou lá, antes de um carro indo na direção oposta ter passado
por ele. Rowan olhou para cima e a água escorreu pelo seu rosto e pescoço.
Passou a mão sobre os olhos e respirou fundo, em seguida, voltou para o
carro. Não havia respostas no fundo daquela vala.
Rowan dirigiu pela estrada um pouco mais à frente, para que
pudesse fazer o retorno com segurança, em seguida, voltou para Silver Creek.
Olhou para seu reflexo no espelho e viu como sua pele estava pálida e seus
lábios estavam tingidos de azul claro. Parecia terrível.
A visão de alguém andando sozinho na beira da estrada chamou a
atenção de Rowan. Foi uma distração bem-vinda. Dirigiu lentamente passando
pelo homem, não tinha certeza se deveria parar e oferecer uma carona, ou
não. Quando chegou ao lado do homem, o reconheceu. Era o filho do chefe de
polícia, Ryan. Outro morador de Silver Creek que tinha medo dele.
Rowan sabia que não deveria parar, mas Ryan era apenas um garoto.
Ele não podia deixá-lo ali fora, na chuva, para caminhar 12 Km de volta até a
cidade. Rowan encostou o carro ao lado da estrada e saiu.
— Ryan, certo? — Rowan perguntou, enquanto andava mais perto do
rapaz.
— Oh merda. — Murmurou Ryan e parou em seu caminho. Olhou para
trás, em seguida, virou-se para olhar para Rowan. — O que você quer?
Rowan assistiu o menino procurar no bolso por alguma coisa.
— Vi você andando pela estrada e pensei que poderia lhe oferecer
uma carona. — Rowan virou o rosto para a chuva que caia.
— Por quê? — Ryan perguntou, seus olhos se estreitaram como se
achasse que havia algo por trás da oferta.
Rowan riu. Teria reagido da mesma maneira.
— Porque é a coisa mais polida a se fazer. — Rowan deu de ombros.
— Não vou fazer você entrar no meu carro, mas uma carona comigo é muito
melhor do que uma caminhada de 12 Km, na chuva fria. — Ryan mordiscava o
lábio inferior. Parecia incerto sobre o que fazer. Rowan não sabia do que ele
estava com medo. O cara era muito grande para um colegial, e poderia
facilmente se defender contra Rowan, se precisasse. — Faça como quiser,
garoto. — Rowan se virou e voltou para seu carro. Não tinha o dia todo para
esperar esse garoto se resolver.
— Espere um minuto! — Ryan gritou para ele. Rowan se virou para
ver o menino abrindo e fechando as mãos. — Vou aceitar sua carona.
Rowan acenou com a cabeça, entrou no carro e esperou Ryan. Ligou
o aquecedor do carro no máximo e levantou as mãos em frente ao ar quente.
— Obrigado. — Disse Ryan quando entrou no carro. Afivelou o cinto
de segurança e manteve uma das mãos na maçaneta da porta, como se
achasse que talvez fosse necessário fazer uma fuga.
— Não tem de que. — Rowan voltou para a estrada. — Onde posso
levá-lo?
— A delegacia de polícia. — O rosto de Ryan enrugou numa careta. —
Tranquei minhas chaves no meu carro novamente. Meu pai vai me matar.
— Você fez isso de novo? — Rowan riu. Lembrou-se do outro dia na
delegacia quando o adolescente tinha vindo porque tinha trancado suas chaves
dentro do carro. — Garoto, você realmente precisa prestar atenção nisso.
— Sim. — Ryan gemeu. — Então por que está aqui, de qualquer
maneira? — Ryan perguntou depois de alguns minutos de silêncio.
— Estava verificando o local em que meu irmão sofreu o acidente. —
Rowan olhou para Ryan pelo canto do olho para avaliar sua reação.
— Oh, sim. — Disse Ryan, enquanto olhava para suas mãos.
— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntou Rowan.
— O quê?
— Você conhecia meu irmão?
— Se conhecia seu irmão? — A respiração de Ryan acelerou. — Não,
não conhecia. — Disse ele muito rapidamente.
— Você tem certeza? — Rowan desacelerou o carro para dar-lhe mais
tempo com Ryan, que agiu como se estivesse com medo de Rowan, mas por
quê? Tinham acabado de se conhecer a alguns dias atrás, e não tinha sido
nada mais que agradável. Isso fez Rowan acreditar que tinha algo a ver com
seu irmão. Mas o que? — Você age como se eu fosse machucá-lo a qualquer
momento, Ryan. Por que? Você é assim com todo mundo ou só comigo?
— Ouça, Sr. Morris. — Ryan fez uma pausa para tomar uma
respiração profunda. — Não conhecia seu irmão, mas tenho uma pergunta.
Quero dizer, inferno, cara, ele já está morto há cinco anos, e só agora você
vem à cidade. Parece um pouco estranho para mim.
— Você está certo. Meu irmão e eu ficamos distantes bem antes de
sua morte. Talvez seja por isso que estou aqui agora. — Rowan ligou a seta
para entrar a esquerda e manobrou até a porta da frente da delegacia.
— Obrigado, Sr. Morris.
— Me chame de Rowan, garoto. — Rowan riu. — Me chamar de
senhor, me faz sentir como velho.
— Isso é o que meu outro pai diz. — Ryan sorriu pela primeira vez.
Ele abriu a porta e parou. — Ouça, Rowan. Sinto muito sobre o que eu disse.
Aquele homem era seu irmão. Tenho um irmão mais novo e estaria perdido se
alguma coisa acontecesse com ele, mas tinha que perguntar. Quão bem você
conheceu o seu irmão?
— O que quer dizer? — Rowan se mexeu no banco para olhar melhor
para Ryan.
— Tudo o que estou dizendo é que as pessoas mudam e são
diferentes do que poderíamos realmente acreditar. — Ryan deu de ombros. —
Odiaria que estivesse perdendo seu tempo com alguém que não valesse a
pena. — Antes que Rowan pudesse dizer outra palavra Ryan saiu do carro e foi
para dentro da delegacia.
Rowan ficou lá paralisado pelas palavras do garoto. Desperdiçando
seu tempo? Não valesse a pena? O que diabos tudo isso significava?
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Dix fez a coisa certa e deu a Rowan seu espaço. Ele teve o dia de
folga e passou-o com Dax. Seu irmão parecia saber que ele não estava nos
melhores espíritos e o manteve ocupado ajudando Colt a arrumar a mobília do
bebê.
Cada segundo que Dix não estava ocupado ele pegou o telefone para
ligar para Rowan. Seu dedo pairou sobre o contato do homem, mas não podia
clicar em enviar. Precisava falar com o resto do bando, antes que pudesse
dizer qualquer coisa a Rowan. Dix não vivia ali há cinco anos, quando o irmão
de Rowan causou problemas em sua cidade, mas viu o medo real no rosto de
Dominic. Tanto quanto tinha que cuidar de Rowan, não podia virar as costas
para seu bando. Sentiu-se dividido entre sua lealdade.
Quando chegou à casa de Carsten, puxou Devon de lado.
— O que está acontecendo, Dix? — Perguntou Devon.
Dix gostava de Devon. Ele era o alfa de sua matilha, mas agia mais
como um irmão mais velho para Dix. Tratava todos de forma justa. Não
importava se a pessoa era um shifter ou humano. Devon olhava para todos
como iguais.
— Preciso falar com você sobre algo. — Disse Dix, enquanto seguia
Devon em seu escritório. Devon fechou a porta atrás de si.
— Ok. — Devon inclinou seu quadril contra a borda da sua mesa. —
Sou todos ouvidos.
— Bem, você vê... — Dix passou as mãos ao rosto e esfregou as
palmas sobre os olhos. Aquilo era mais difícil do que esperava. — Conheci
alguém. Meu companheiro, na verdade.
— Ah, é? — Devon sorriu. — Isso é ótimo. — Devon inclinou-se para
dar um tapinha no ombro Dix.
— Pode não pensar assim quando lhe disser quem é. — Levantou a
cabeça para olhar para Devon. — Rowan Morris é meu companheiro.
— Oh. — Devon cruzou os braços sobre o peito grande e bateu os
dedos no braço oposto. — Ok, posso ver onde isso pode ser um problema com
alguns dos membros do bando, mas não vou recusar-lhe o direito de estar com
ele, se é o que lhe preocupa.
— Não, não é isso, Devon. — Dix limpou as mãos úmidas sobre as
coxas. — Sei tudo sobre Fredrick Morris e o que fez para Dominic, Avery e
Ryan. Sei como morreu e não estou dizendo que não merecia isso, mas...
— Mas o quê? — Perguntou Devon.
— Rowan está começando a ficar desconfiado e está fazendo
perguntas sobre o que aconteceu com seu irmão. — Dix explicou sobre a
reação de Dominic no café, a conversa que Rowan tinha ouvido na casa de
Avery e Landen, e o que Ryan lhe dissera. Dix podia ver por que Rowan estava
questionando as circunstâncias da morte de seu irmão.
— Roderick tinha falado comigo sobre a forma como Dominic reagiu,
mas não estava ciente dos outros dois incidentes. — Devon pegou seu telefone
celular e fez uma chamada. Uma vez que foi feito, ele o pôs sobre a mesa. —
Roderick está a caminho. Deve estar aqui em poucos minutos. Creio que
precisa estar envolvido nesta conversa.
Eles não esperaram muito antes de ouvir uma batida na porta,
seguida por Roderick entrando no escritório. Ele fechou a porta atrás de si.
— Está tudo bem? — Perguntou Roderick.
— Sim e não. — Respondeu Devon e informou a Roderick sobre o que
Dix lhe dissera. Dix estava grato que Devon fez toda a conversa. Precisava de
uma pausa.
— Porra, é uma situação difícil em que nos encontramos. — Roderick
se sentou na cadeira ao lado de Dix. — E tem certeza que ele é seu
companheiro?
— Toda.
— Bem, merda! — Roderick passou a mão sobre sua boca. — Isto vai
ser difícil de qualquer maneira. Se Rowan não sabe sobre shifters e não estava
ciente das ações de seu irmão. Tudo isso será um choque para ele.
— Isso é o que me preocupa. — Dix olhou para Roderick. — Rowan é
um cara legal e tenho medo de dizer-lhe sobre a nossa espécie. Mas, acima de
tudo, estou com medo de lhe contar todas as coisas ruins que seu irmão fez.
Vai quebrar seu coração.
— Verdade. — Devon acenou com a cabeça. — Mas não vejo qualquer
maneira de contornar isso.
— Só estou preocupado em contar a esse homem como seu irmão
realmente morreu. Se Rowan não acreditar no que lhe dissermos, pode tentar
apresentar queixa criminal contra Silas, por rasgar a garganta de seu irmão. —
Roderick levantou-se e bateu com o punho na mesa de Devon. — Tudo isto
ficaria melhor se Rowan simplesmente desaparecesse.
— Ei! — Dix levantou. Ele rosnou para o outro homem.
— Calma, vocês dois. — Devon se moveu entre os dois, guiando Dix
de volta a sua cadeira. — Roderick, preciso lembrá-lo que o caminho mais fácil
nem sempre é o caminho certo?
— Eu sei, e sinto muito, Dix. Não quis dizer isso. — Os olhos de
Roderick suavizaram. — Preocupo-me como o seu companheiro vai reagir a
tudo isso.
— Confie em mim, estou preocupado também. — Dix confessou. —
Mas sei que se não contarmos a verdade, ele nunca vai encontrar paz e pode
causar mais problemas para a matilha.
— Ele está certo, Roderick. — Devon se levantou. — Dix, acho que
seria melhor você trazer Rowan amanhã à noite e podemos explicar tudo para
ele. Esperemos que o seu vínculo de acasalamento seja forte o suficiente para
que não vá querer colocá-lo em qualquer risco de exposição.
Dix acenou com a cabeça. Não quis dizer com certeza que Rowan
tinha fortes sentimentos por ele, mas no fundo podia sentir a força que tinham
entre eles. Não havia como Rowan não sentir isso. Era forte. Sabia que era
tolice colocar toda sua esperança nisso, mas era tudo o que tinha no
momento.
Eles saíram juntos da sala e foram até a cozinha para jantar. Dax
deu-lhe um olhar engraçado, quando voltou para a sala e Dix apenas sorriu
para aliviar as preocupações de seu irmão. Dax não precisava de qualquer
esforço extra agora.
Depois do jantar, todos saíram. Viktor tinha começado uma fogueira
mais cedo naquela noite e agora o fogo rugia, irradiando uma boa quantidade
de calor. Dax e os companheiros humanos que não poderiam mudar estariam
quentes, enquanto esperassem os shifters voltarem de sua corrida ao luar.
Dix estava ao lado das cadeiras de Colt e Dax quando tirou a roupa.
Podia ver a inveja nos olhos de Dax quando todos se prepararam para as suas
mudanças. Estando grávido de sete meses, não poderia se deslocar até depois
que o bebê nascesse. Shifters fêmeas conseguiam mudar até o sexto mês,
depois esperavam até depois de que seus filhotes nascessem, assim Phillip
sugeriu a Dax seguir a mesma regra. Seu irmão odiava não ser capaz de
mudar, mas sabia que era o que tinha que fazer para o seu bebê.
— Basta pensar, Dax. — Dix apertou sua mão no ombro de Dax. —
Em poucos meses, estará de volta na floresta correndo e caçando ao meu lado
e Colt vai ficar aqui de plantão com o bebê.
— Mal posso esperar! — Os olhos de Dax iluminaram.
Dix fechou os olhos e, lentamente, deixou a mudança vir sobre o seu
corpo. Caiu de joelhos, enquanto seus ossos começaram a mudar. Suas costas
arquearam e sua pele se arrepiou quando seu pelo se levantou, para cobrir sua
pele. O pop e rachadura de osso era uma parte desagradável da mudança,
mas o resultado final era emocionante. A visão de Dix era clara e sua audição
impecável. Para ele, não havia nada melhor do que estar em forma de lobo.
Devon soltou um grito e Dix moveu-se para seguir seus
companheiros de matilha para a floresta, quando ouviu alguma coisa cair no
chão. O vento mudou e soprou em sua direção e algo familiar encheu seu
focinho. Dix colocou sua longa língua para fora para provar o ar e seu coração
quase deixou de bater. Olhou na direção do que barulho tinha vindo para ver
as costas de um homem fugindo.
Os outros lobos notaram, também, e foram naquela direção. Dix
olhou para Colt e balançou a cabeça. Levou apenas uma fração de segundo
para Colt descobrir o que Dix estava tentando dizer.
— Todo mundo pare! — Colt gritou acima dos lobos uivando e latidos.
— É Rowan Morris. — Olhou para Dix. — É o companheiro de Dix.
Os outros lobos olharam para ele, suas cabeças peludas inclinadas
para o lado como se estivesse olhando para algo estranho. Dix ignorou seus
olhares curiosos e foi atrás de seu companheiro. Se Rowan testemunhou todos
se transformando, provavelmente estava entrando em choque.
Dix assumiu a liderança e abriu o caminho através da floresta densa,
seguindo o cheiro de Rowan. O cheiro ficou mais forte quanto mais se
aproximava. Os sons de Rowan ofegando por ar, enquanto corria em meio à
escuridão, ficou mais alto também. Dix conteve-se de uivar ou latir na
esperança de não assustar ainda mais Rowan. Não era seguro para um
humano correr através de bosques como este. Rowan não tinha a pele
reforçada de um lobo. Poderia se machucar aqui.
Não demorou muito para isso acontecer. Dix ouviu o estrondo feio
quando Rowan correu em direção a uma árvore. Seu corpo ricocheteou na
superfície dura e foi arremessado para o chão. Caminhou para frente e sentiu o
cheiro do sangue de Rowan fortemente suspenso no ar.
Trotou mais perto de seu companheiro e cutucou seu rosto
suavemente. Rowan abriu os olhos, mas não disse nada. Suas pupilas eram
grandes e sua pele pálida brilhava na noite escura. Dix começou a mudar de
volta para o corpo humano quando Rowan desmaiou.
Capítulo Quatorze
Dix correu. Ele correu até agora e por tanto tempo que estava com
medo que faltaria floresta para ele correr. Uma coruja piou na distância e a
escuridão o rodeava, a cena tão familiar e tão diferente. Empurrou as pernas
mais duramente, até que seu lobo foi vencido pela exaustão. Caiu para o lado
e se deitou no chão frio e duro, olhando por entre os galhos de árvores
estéreis.
Dezessete anos atrás, perdeu muito e agora ali estava ele, sozinho e
com medo na mata novamente, sofrendo por outro tipo de perda. Agora, de
seu companheiro. As palavras de Rowan ficavam se repetindo em sua cabeça.
Não posso estar perto de você agora, ou nunca. A voz de Rowan ficava mais e
mais alta em sua cabeça, ao ponto de Dix querer arrancar seu coração, para
parar a dor que sentia correndo através de seu corpo.
Dix sentia tudo. Cada terminação nervosa doía, como se sua pele
tivesse sido queimada. Ficaria feliz com a dormência que sentira depois que
seus pais morreram, mas ela nunca veio.
Quanto mais tempo ficava lá fora, sob as estrelas, mais sozinho se
sentia. O olhar no rosto de Rowan, a dor e a raiva, o assombrava toda vez que
fechava os olhos. Não sabia o que fazer para tornar isso melhor. Rowan não
era apenas seu companheiro, mas o primeiro homem com quem já teve um
relacionamento. Tudo isto era novo para Dix e não sabia as regras do jogo do
amor. Tudo dentro dele lhe dizia para correr atrás de Rowan, persegui-lo e
fazer o homem ver a razão, mas Rowan era um humano e vivia por um
conjunto diferente de instintos de um shifter.
Eu o amo, a voz de Dix sussurrou através de sua cabeça dolorida.
Rowan era seu companheiro, significava tudo para ele. Como Rowan disse
outro dia, estavam destinados a ficar juntos, mas como isso era possível
agora? O olhar no rosto de Rowan fora claro o suficiente, mesmo sem as
palavras que lhe disse. Rowan não o queria e Dix não poderia culpá-lo. Mentiu
para seu companheiro. Mesmo que fosse para proteger seus amigos, ainda
estava errado. Rowan merecia saber a verdade sobre seu irmão, não
importava o quão difícil seria para ele ouvir.
Mas tudo isso não importava agora. Era tarde demais. O que foi feito
estava feito. Curvou o corpo em uma bola, descansou a cabeça branca em
suas patas dianteiras e olhou para o nada, rezando para o sono para levá-lo
em breve.
*****
— Você vai falar comigo? —Perguntou Aiden.
Fazia três dias desde que se sentou em seu carro, em frente do hotel
de Rowan, enquanto observava seu companheiro arrumar suas coisas e deixar
Silver Creek. Nenhuma chamada para dizer adeus, nenhuma nota, nada. Se
Dix pensou que poderia mudar a mente de seu companheiro, sabia melhor
agora.
— Dix. — A voz de Aiden aumentou em volume. — Você está me
ouvindo?
Dix resmungou e se mexeu no sofá, sentando-se. Não tinha falado
uma palavra desde que voltou da floresta, na manhã após Rowan sair da casa
Carsten. Era mais fácil não ter de formar qualquer palavra em voz alta para
todos ouvirem. E sabia que se começasse a falar, começaria a chorar, e o que
adiantaria?
— Eu entendo. — Aiden sentou-se, segurando uma pasta na mão. —
Rowan é seu companheiro e se sente como se ele o abandonou.
Sinto? Dix estreitou os olhos para Aiden. Ele me abandonou!
— Posso dizer, pelo olhar em seu rosto, que acredita que está tudo
acabado entre vocês dois. — Aiden teve a coragem de rir. — Dix, não é assim
que ser companheiros funciona. Claro, pode ficar bravo um com o outro e não
chegar a acordo sobre uma questão particular, mas não pode simplesmente se
afastar um do outro. — Aiden soltou um suspiro irritado. — Seria como tentar
sobreviver sem oxigênio. Simplesmente não pode fazê-lo e, em breve, Rowan
vai perceber isso.
Dix balançou a cabeça e pegou seu iPad.
Ele disse que não queria me ver nunca mais. Acho que é bastante
conclusivo, não acha?
Digitou as palavras e virou o tablet para Aiden ver.
— Dix, dizemos coisas no calor do momento que não queremos dizer.
Coloque-se no lugar de Rowan. Não só soube a verdade sobre seu irmão, mas
também que shifters existem. Isso é muito para qualquer um.
Dix bateu os dedos na tela do iPad. As palavras não vieram e sua
mente ficou em branco. Entendia o que Rowan devia estar passando e queria
estar lá para seu companheiro, mas Rowan não o queria. Deixou a cidade na
primeira chance que teve e nunca olhou para trás. Ele não dava a mínima para
o que Dix estava passando. Talvez, com Rowan sendo humano, não sentisse a
mesma conexão que Dix, que era um shifter.
— Dix, a vida não é fácil e você, de todas as pessoas, sabe disso. —
Aiden bateu sua caneta contra o lado de sua cadeira, o som irritante para os
ouvidos de Dix. — Obstáculos são jogados no nosso caminho, que nunca
esperamos. Alguns bons, alguns não tão bons, mas de qualquer forma é
preciso um tempo para lidar com eles. Não conheço Rowan, mas te conheço.
Você é um bom homem, Dixon Garrett. Entendo que quer dar tempo a Rowan,
mas estar separado de você só vai machucá-lo. Não desista do seu
companheiro. Rowan pode não perceber isso agora, mas precisa de você mais
do que nunca.
Não tinha tanta certeza. Se Rowan se sentisse tão ruim quanto Dix,
nunca teria deixado a cidade. Sabia que estava sendo tão teimoso quanto seu
companheiro, mas que outra opção tinha? Não podia fazer Rowan amá-lo ou
querer estar com ele. Às vezes, a vida apenas sugava.
No final de sua sessão com Aiden, Dix caminhava pela rua para o
café. Foi para o trabalho e depois teve que ir à biblioteca, para estudar para
um teste em química. Esperava que quanto mais ocupado ficasse, menos
pensaria em Rowan, mas sabia que era uma mentira. Rowan nunca estava
longe de seus pensamentos, tornando cada pensamento e cada respiração
dolorosos.
Nunca em sua vida tinha Dix quis desistir, mas... Agora? Daria
qualquer coisa para ser insensível e esquecer a dor.
*****
A persistente batida à sua porta estava deixando Rowan insano. Ele
rolou de cima de seu sofá, onde estava dormindo nos últimos cinco dias, para
atender a porta.
Rowan usava um calção folgado e uma de suas blusas do hospital. No
dia em que chegou de volta ao seu apartamento, de sua viagem a Silver
Creek, Rowan deitou no sofá e não se mexeu durante dois dias. Mas no
terceiro dia, levou seu corpo dolorido para o banheiro, para um banho rápido,
e pegou a primeira roupa que alcançou. Seu cabelo apontava em todas as
direções e uma barba tinha começado a sombrear os lados do seu rosto e
queixo. Sabia que não estava com um resfriado, mas seu coração estava
doente. Desde que saiu dos limites da cidade de Silver Creek, estava à beira
das lágrimas. Quando chegou ao seu apartamento, tarde da noite, perdeu a
luta e chorou por horas. Gritou por seu irmão e Dix, mas se Rowan fosse
honesto consigo mesmo, foi mais por Dix.
Na noite que deixou Dix, em pé naquela varanda da frente, estava
tão irritado... Louco por Diz esconder algo tão importante dele. Bravo com o
homem, o lobo, o que quer diabos ele fosse, por matarem seu irmão e, acima
de tudo, estava com raiva de Fred. Não queria acreditar que seu irmão fosse
capaz de tais coisas, mas não conseguia afastar de sua mente quão assustado
Dominic e Ryan ficaram quando o viram pela primeira vez. As pessoas
poderiam não forjar aquele tipo de reação e aquilo foi o que o impediu de
chamar a polícia para investigar mais o acidente de Fred. Não iria trazer Fred
de volta, e só iria causar a sua mãe e o pai mais sofrimento.
Uma vez que chegou a sua porta da frente, abriu-a, preparado para
gritar com a pessoa por perturbá-lo. As palavras morreram em seus lábios
quando viu Avery parado do outro lado da porta.
— Avery? — Rowan pôs a cabeça para fora da porta para olhar,
primeiro à esquerda, depois à direita, em seguida, no corredor. — O que está
fazendo aqui?
— Não vim para a cidade por um tempo e pensei em dar uma olhada.
— Avery encolheu os ombros. — Talvez até mesmo parar para ver meus pais.
Se estivessem na cidade, claro. — Passou por Rowan e entrou em seu
apartamento. — Lugar legal. Um pouco escuro e precisa de uma limpeza, mas
não é ruim. — Avery virou olhando o apartamento de Rowan.
Rowan fechou a porta da frente e deu a volta por Avery, para voltar
ao seu lugar no sofá. Não estava com vontade de falar.
— Não quero ser rude. — Avery sentou-se na cadeira ao lado do sofá
e olhou para Rowan. — Mas você parece uma merda e está começando a
cheirar mal. — Avery acenou com a mão na frente do rosto.
— Não me lembro de lhe convidar, então fique à vontade para sair. —
Rowan não queria ser rude, mas podia ser falsamente educado. Olhou para
Avery sentado lá, vivo e bem, ao contrário de Fred, que estava morto, e nunca
mais voltaria. Queria odiá-lo, mas como poderia? Se Avery estava dizendo a
verdade, seu irmão tinha atormentado este homem, a ponto de fazê-lo sair da
cidade. Gemeu. Não sabia mais em que acreditar.
— Eu poderia, mas que iria contra o objetivo de toda a minha viagem.
— Avery se levantou e deu um passo em volta da mesa que separava a cadeira
do sofá e cutucou as pernas de Rowan, até que ele se sentou.
— Qual é o seu objetivo aqui? — Rowan largado no sofá. Ele levantou
uma mão para esfregar os olhos doloridos.
— Vê-lo. — Avery começou a brincar com a bainha de sua jaqueta. —
Senti que lhe devia isso, para explicar mais sobre o que aconteceu com seu
irmão.
— Avery... — Rowan sacudiu a cabeça. Tinha ouvido o suficiente.
— Não, preciso que me ouça. — Avery se moveu no sofá, colocando
uma perna debaixo dele. — Quando conheci o seu irmão, eu não estava bem.
Bebia muito e experimentava drogas, mas preferia encontrar minha liberdade
no fundo de uma garrafa. Como não me matei, nunca vou saber. — Seus
lábios se curvaram num sorriso. — Festejei o tempo todo com os meus amigos
e, metade do tempo, acordava na cama de um estranho, sem a menor ideia de
como cheguei lá e foi assim que conheci o seu irmão. — Avery olhou para
longe de Rowan, para suas mãos. — Quando comecei a receber cartas, não
sabia de quem estavam vindo. No começo, gostava delas. Fizeram-me sentir
especial. Meus pais nunca foram próximos e meu irmão saiu da cidade na
primeira chance que teve, então eu estava sozinho.
— Então, meu irmão foi apenas um entretenimento para você. —
Rowan acenou com a cabeça, a vergonha clara em seus olhos. — Você sequer
se preocupava com ele.
— Não foi assim. — Os olhos de Avery se encheram de lágrimas. —
Pensei que era tudo uma diversão inofensiva, até que percebi Fredrick tinha
arrombado meu apartamento. Isso me assustou demais, arrumei minhas
coisas e sai da cidade. Mas isso não importava. Ele me seguiu. As cartas que
me deixou. — O rosto de Avery ficou tenso e uma única lágrima caiu dos seus
olhos. Enfiou a mão no bolso e tirou alguns pedaços de papel dobrados e
entregou para Rowan. — Ele ficava dizendo como estaríamos juntos em breve.
— Ele recolheu a lágrima. — O que realmente me assustou foi quando ele se
aproximou da filha adotiva do meu irmão, enquanto estávamos comprando
bicicletas e deu-lhe um bilhete para me dar. Estava colocando todos em perigo
por causa do que eu tinha feito. Ficava pensando que talvez se não fosse como
eu era, a porra de um bêbado e uma puta, seu irmão não teria se fixado em
mim. Que ainda estaria vivo e eu não estaria preso com toda essa culpa e
estas memórias. — Avery começou a soluçar incontrolavelmente.
Rowan sentou-se congelado, olhou para as cartas que Avery lhe dera.
Como você pode? Precisará ser punido por sua exposição pública esta
manhã. Ninguém tem permissão para tocá-lo, apenas eu. Você é meu e não
vou compartilhar. Não me deixe irritado ou alguém vai se machucar. Até
breve, meu amor.
Rowan queria acreditar que seu irmão não tinha feito nada do que
aquelas pessoas alegavam que tinha. Queria permanecer fiel a Fred, mas era
duro quando via a caligrafia familiar. Folheou as cartas, na esperança de
encontrar algo que mostrasse que Fred não as escreveu, mas eram todas
iguais.
— Ele não foi sempre assim. — Disse Rowan, sem saber por que
sentiu a necessidade justificar. — Antes do acidente, era um cara bom,
normal. — Rowan coçou a testa. — Ele... ele... — A garganta de Rowan fechou
e nenhuma palavra sair, após o caroço se alojar em sua garganta.
— Acredito em você. — Avery pegou a mão de Rowan na sua.
— Sinto muito, Avery. — Rowan apertou mais a mão de Avery,
precisando de alguma coisa para mantê-lo inteiro. — Landen estava certo. Se
eu, ou os meus pais, tivéssemos pressionado Fred mais duramente para
conseguir ajuda, talvez nada disso tivesse acontecido.
— Não é culpa sua, Rowan. Todos cometemos erros. — Avery
inclinou-se para o lado de Rowan e descansou a cabeça em seu ombro.
Nenhum dos dois falou uma palavra durante alguns minutos e, finalmente,
Avery perguntou: — Você está pronto para voltar para casa?
— Casa? —Rowan se virou para olhar para Avery.
— Casa, Silver Creek e Dix. — Avery deu um sorriso esperançoso e
ainda triste.
Rowan queria mais do que qualquer coisa estar com Dix, mas tinha
fodido isso. Culpou Dix por não ser honesto com ele sobre a morte de Fred e
deixou a cidade, sem sequer dizer adeus. O peito de Rowan se apertou quando
tentou respirar através da dor.
— Eu não posso voltar. — Rowan sacudiu a cabeça. — Dix merece
mais do que eu. Tratei-o como uma merda e culpei-o por algo que não tinha
controle. — Rowan olhou nos olhos de Avery. — Como ele poderia me perdoar?
— Porque vocês são companheiros, e no mundo dos shifter isto é tão
bom como ser casado. — Avery sorriu ao ver a expressão confusa no rosto de
Rowan. — Mas só que melhor, porque não há nenhuma possibilidade pararem
de amar um ao outro, assim não precisa se preocupar em passar por um
divórcio desagradável.
Capítulo Dezesseis
*****
Dix sentiu como se tivesse ganhado na loteria quando estava ali em
sua cama, segurando Rowan em seus braços. Ainda melhor foi que Avery tinha
ido para Nova York para falar com Rowan, em nome de Dix. Nunca iria poder
retribuir a bondade desta matilha. Nunca foi muito confiante em humanos
antes, mas a matilha Nehalem mudou sua opinião sobre o que pensava que
era verdade sobre sua espécie.
— Você não está zangado porque Avery veio me encontrar, não é? —
Perguntou Rowan. Seu companheiro estava caído sobre o seu corpo, traçando
linhas sobre o peito de Dix.
— Não, sou muito grato que pelo que ele fez. — Dix esfregou o nariz
no cabelo escuro de Rowan, respirando seu perfume doce. — Ia dar-lhe mais
alguns dias, depois iria encontrá-lo eu mesmo. Não podia suportar estar
separado de você.
— Sinto muito, Dix. — Rowan apoiado em um cotovelo. — Tudo
aconteceu de uma vez. A verdade sobre o que aconteceu com Fred e vê-lo se
transformar em um lobo. — Rowan soltou um suspiro profundo. — Isso foi
muito para lidar em uma noite. — Pôs a mão contra a bochecha de Dix. — E,
você sabe, não quis dizer o que disse naquela noite, sobre não querer vê-lo
novamente. Fiquei magoado, chateado e ataquei você, o que não foi certo.
Sinto muito.
— Está tudo bem, Rowan. — Dix o puxou de volta para descansar a
cabeça no peito dele. — Entendi. Não vou mentir e dizer que não doeu, mas
entendi. É por isso que queria dar-lhe algum tempo e espaço. Mas só para
você saber, tinha toda a intenção de acampar fora da sua porta até que me
aceitasse de volta.
— Hum, poderia ter sido divertido. — Rowan riu.
Eles se aninharam, entrelaçados, até que caíram no sono. Dix não
sabia quanto tempo tinha passado quando ouviu a porta ranger, seguida pela
voz de Dax.
— Dix, pode me emprestar uma camisa? Nenhuma das minhas cabem
e Colt usa suas roupas muito apertadas. Estou tentando esconder minha
gravidez, não exibi-la. — Dix sentou-se e viu Dax de pé na porta, com as mãos
descansando em seu estômago dilatado. Sua boca estava aberta, enquanto
seus olhos corriam de Dix para Rowan. — Sinto muito. Não sabia que tinha
companhia. — Dax olhou para trás, em seguida, para seu estômago. — Acabei
de voltar de ver Phillip e preciso de um banho. Merda!
— Ele está grávido? — Rowan sentou-se ao lado de Dix, a cabeça
inclinada para o lado, enquanto olhava para Dax. Então levantou as mãos para
esfregar os olhos.
— É. — Dix balançou a cabeça e sorriu para seu irmão, em seguida,
virou-se para seu companheiro. — Acho que temos mais algumas coisas a
discutir.
— Aparentemente. — Rowan riu.
Dax pediu desculpas e os felicitou por seu acasalamento, saindo do
quarto. Dix se sentiu mal pelo irmão. Dax era muito tímido e não gostava de
ostentar sua gravidez. Dax estava feliz com o bebê, mas também sabia que o
fazia diferente e não queria que as pessoas o olhassem. Não poderia culpa
Rowan por olhar. Era uma visão bastante incomum ver um homem grávido de
sete meses.
Dix sugeriu que colocassem suas roupas de volta. Uma vez que
ambos estavam vestidos, sentaram-se na cama de Dix, as pernas estendidas
diante deles. Rowan não pressionou Dix a explicar e deu-lhe tempo para reunir
seus pensamentos.
— Você se lembra quando disse a você sobre os meus pais morrerem
e que termos que morar com uma família adotiva?
Rowan acenou com a cabeça.
— Bem, há mais nesta história do que te levei a acreditar. — Dix
cruzou os braços sobre o peito e apertou com força. — Veja, shifters e
caçadores nem sempre viveram amigavelmente. Não até alguns anos atrás,
quando o conselho dos caçadores mudou seus pontos de vista sobre shifters.
No passado, os caçadores matariam shifters sem nenhuma razão. Tinham a
crença que éramos mal. Foi essa crença que fez meus pais serem
assassinados. — As lembranças daquela noite passaram diante dele, como um
filme em câmara lenta. — Dax e eu tínhamos apenas quatro anos quando isso
aconteceu. Estávamos brincando em nosso quintal, quando me perdi na
floresta. Meu choro atraiu um caçador, que havia sido de rastreado minha
família. Ele ouviu meus gritos e me usou para atrair os meus pais para o
campo aberto e os matou, na minha frente e de Dax. — A picada familiar de
lágrimas ardentes queimou em seus olhos.
— E é por isso que parou de falar, não foi? — Rowan estendeu a mão
e colocou a mão na coxa de Dix, que um aceno afiado de sua cabeça. — Ah,
bebê. — Rowan se aproximou e colocou o braço sobre os ombros de Dix.
O aroma reconfortante de Rowan e seu corpo quente acalmaram Dix.
Impediu-o de cair aos pedaços.
— Os caçadores deram Dax e eu um médico. —Dix passou a mão sob
seu olho direito. — Dr. Granberg tinha um fascínio incomum com shifters.
Shifters curam mais rápido do que os humanos e queria empurrar os limites do
que nossos corpos, para saber o que éramos capazes de fazer, daí o meu
irmão grávido.
— Um médico fez isto com ele? — O rosto de Rowan endureceu. —
Isso é inacreditável. Claro, vejo o fascínio médico com o seu tipo, mas shifters
ainda são as pessoas. Não é direito experimentar com eles.
— Não é, mas é difícil ficar com raiva quando o meu irmão está
grávido do meu sobrinho. — Dix sorriu para Rowan. O bebê era a única coisa
boa a sair daquela casa de horrores.
— Então, você gosta de seu irmão grávido? — A testa de Rowan
franziu. — Você pode ficar grávido também?
— Não. — Dix balançou a cabeça. — O dr. Granberg tentou outras
coisas em mim. — Dix riscou nervosamente para seu braço. — Ele queria ver
se nossos cérebros eram capazes de aprender mais e a um ritmo mais rápido
do que os humanos. Costumava me amarrar a uma cadeira. Lembrava uma
cadeira de dentista. Ele me forçava a assistir vídeos. Era quase como se me
fizesse lavagem cerebral. Se fosse bem em seus testes, ele me recompensava
e se não o fizesse, ia me punir.
— Como ele punia? — A voz de Rowan era quase um sussurro e
apertou seu braço em seu ombro.
— Ele se recusava a me deixar ver Dax, negava-me alimento e, o pior
de tudo, foi quando me trancou num quarto escuro e me deixou lá por horas.
Sua crença era que poderia me condicionar a aprender.
— Oh, meu Deus... — Rowan beijou-o de leve no rosto. — Este
homem, Granberg, ainda está vivo?
— Não. — Dix se virou para olhar nos olhos de Rowan. — Dax o
matou quando Granberg lhe contou seu plano de experimentar em mais
shifters e fazer com eles o que tinha feito para nós.
— Bom. — O rosto de Rowan endureceu. — Estou feliz que está
morto. Não era um médico. Os médicos fazem um juramento para cuidar de
seus pacientes, não torturá-los. Caso aquele homem ainda estivesse vivo, eu
teria que caçá-lo e matá-lo.
— Você faria isso por mim? — Dix foi pego de surpresa pela reação de
Rowan.
— Eu faria qualquer coisa por você, Dix. — Rowan chutou uma perna
sobre os quadris de Dix e sentou-se, montando seu colo. — Eu te amo, Dixon
Garrett. — Rowan deu um suspiro de alívio e riu. — Eu realmente faria
qualquer coisa por você. Nos últimos cinco anos, apenas fui passando as
estações. Amo e sinto falta do meu irmão, mas essa tristeza quase me
consumiu. — Rowan se inclinou para descansar a testa na Dix do. — Mas,
saber da verdade sobre o que aconteceu com Fred e fazer as pazes com ele,
tirou um peso de meus ombros. — Rowan pressionou os lábios de Dix. — E
encontrar você, tão inesperado quanto foi, é a melhor coisa que me aconteceu.
Mesmo com seja um shifter lobo e tenha um irmão muito grávido. Estou
apaixonado por você, Dix, e isso nunca vai mudar.
— Bom. — Os olhos de Dix encheram de água e ele sorriu em meio às
lágrimas. — Porque somos uma família agora. Você é uma parte de minha
matilha.
— Eu não iria querer isso de nenhuma outra maneira.
Dix puxou Rowan mais perto e cobriu a boca com a sua. Tantas
coisas estavam prestes a mudar, não só na sua vida, mas na de Rowan, e era
tudo para melhor.
Epílogo
*****
Dix caminhava para frente e para trás, uma e outra vez. Estava
animado, nervoso e preocupado. A matilha Nehalem toda estava em sua casa,
esperando a chegada de seu sobrinho.
— Dix, relaxe, homem. — Viktor se levantou para caminhar com ele.
— Seu companheiro é como um médico louco e inteligente de Nova York. Ele
tem isso, homem.
— Sim, eu sei, mas ainda estou preocupado com o meu irmão. — Dix
fechava e abria seu punho.
A vida nos últimos dois meses fora grande. Seu companheiro mudou-
se para Silver Creek, deixando sua vida em Nova York para trás, só para estar
com Dix.
Dix não tinha lhe pedido, mas Rowan disse que estava pronto para
um novo começo em algum lugar novo. Dois meses depois, lá estavam eles.
Seu companheiro estava se preparando para entregar o bebê de seu irmão.
— Ele vai ficar bem. — Viktor colocou a mão no ombro de Dix para
detê-lo. — Isto é, até que o garoto comece a falar e andar. Então, Colt e Dax
terão uma nova apreciação do sexo seguro.
Neste momento, dois dos membros mais jovens do bando, Lucas e
Boston, derrubaram uma lâmpada e começaram a lutar no chão. Os meninos
tinham apenas seis anos de idade, mas eram um punhado.
— Você, provavelmente, está certo. — Dix olhou para Viktor, que
estava balançando a cabeça, enquanto olhava para os meninos e a lâmpada
quebrada no chão.
O som de um bebê chorando fez Dix virar para a porta fechada, onde
seu irmão e seu companheiro estavam. O grito era alto e soava mais como um
animal ferido do que um pequeno bebê.
Uma lágrima caiu dos olhos de Dix. Sequer percebeu que começou a
chorar. Seu sobrinho estava ali, finalmente. Seus companheiros de matilha se
animaram com o som estranho e minúsculo.
Não demorou muito até que a porta se abriu e Rowan estava diante
dele, sorrindo. Ele acenou para Dix entrar na sala. Dax estava encostado na
cama, Colt sentado ao seu lado, com um pequeno embrulho em seus braços.
— Está pronto para conhecer nosso sobrinho? — Perguntou Rowan e
Dix acenou com a cabeça.
Aproximou-se do lado da cama e Dax sorriu para ele. Estendeu os
braços para Dix pegar o bebê. Dix não conseguia tirar o sorriso de seu rosto
quando puxou o bebê dormindo perto de seu peito. Seus punhos minúsculos
pequenos enrolados ao lado de seu rosto cor de rosa.
— Dix, diga Olá a Garrett Colten Perry. — Disse Colt antes de tirar
uma foto de Dix e o bebê Garrett.
— Você deu nosso nome a ele. — Dix olhou para Colt. — E o seu!
— Claro. — Os olhos de Dax brilharam com lágrimas. — Então, o que
acha?
— Ele é tão pequeno. — Dix olhou para Dax. — Ele é perfeito. Mamãe
e papai teriam adorado e o estragariam.
As lágrimas que Dax estava segurando escorriam pelo seu rosto e ele
disse um silencioso um ‘obrigado’ com seus lábios a Dix. Seus pais foram
embora, mas nunca foram esquecidos.
— Ele é lindo. — Rowan pôs o braço em volta da cintura de Dix e
chegou até a tocar o rosto do bebê. — O mais bonito bebê que já vi.
— Estou feliz que pensem assim. — Disse Dax pegando a mão de
Colt. — Porque Colt e eu queremos sejam seus padrinhos.
— Você está falando sério? — Perguntou Rowan, os olhos arregalados
quando olhou entre o bebê Garrett e Dax.
— Claro, Rowan. — Dax acenou com a cabeça. — Vocês são tios de
Garrett e sei que ambos irão amá-lo tanto quanto Colt e eu. Somos uma
família.
— O que diz, Rowan? — Dix cutucou seu companheiro no lado com
seu quadril. As mãos do bebê balançaram com a movimentação brusca. — Está
pronto para essa responsabilidade?
Dix inclinou-se e beijou Rowan nos lábios. Amava muito seu
companheiro e um dia esperava ter um filho seu, mas, até então, estava feliz
de ser o melhor tio do mundo para Garrett.
— Mais do que você jamais saberá. — Rowan se inclinou e deu um
beijo rápido em Dix, depois beijou a cabeça do bebê.
Após cerca de 30 minutos de Dix e Rowan segurarem o bebê,
acharam melhor deixar que os outros dessem uma olhada para ver o bebê
milagre. Com o quarto cheio, Dix levou Rowan pela mão e o levou para fora da
sala.
— Que dia. — Dix pôs os braços ao redor da cintura de Rowan e
puxou-o para perto.
— Diz isto para mim? — Rowan levantou-se para beijar Dix. — Mas foi
um grande dia.
— Sim, foi. — Dix esfregou o nariz no rosto de Rowan. — Mal posso
esperar até o dia em que seguraremos nosso bebê. — Dix recostou-se longe o
suficiente para ver o rosto de Rowan e avaliar sua reação. — O que pensa
sobre isso?
Rowan parecia um pouco chocado e sua boca abriu e fechou algumas
vezes. Suas mãos apertaram nos ombros de Dix e, então, finalmente um
sorriso dividiu seu rosto.
— Se há alguém no planeta com quem eu gostaria de ter um bebê, é
você. Então, se está me perguntando se quero ter filhos algum dia, então, sim,
eu quero. — Rowan fez uma careta para ele. — Só não da maneira que Dax
acabou de fazer.
— Concordo. — Um calafrio percorreu as costas de Dix com o
pensamento de passar por aquilo que seu irmão teve de suportar durante nove
longos meses. Estava perfeitamente bem adotando ou mesmo usando uma
substituta.
— Como é que tive tanta sorte de encontrá-lo? — Rowan perguntou
enquanto seus dedos brincavam com o cabelo de Dix.
— Eu sou o sortudo, Rowan. Eu te amo.
— Não tanto quanto te amo, mas sinta-se livre para me dizer uma e
outra vez. — Rowan riu. — Nunca vou cansar de ouvir essas palavras vindo de
você.
Dix silenciou a risada de Rowan com outro beijo. Sorriu quando caiu
no calor familiar do amor de seu companheiro. Dix nunca acreditou que iria
encontrar essa felicidade, mas encontrou. Dei um monte de trabalho e teve
que passar por tempos difíceis para chegar até ali, mas faria tudo de novo só
para ter Rowan em seus braços. A vida nunca foi perfeita, mas quando algo
bom caia no colo de uma pessoa, era melhor não questionar.
FIM