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USUCAPIÃO

1) Introdução
Usucapião é um modo de aquisição originária da propriedade e ou de qualquer direito real
que se dá pela posse prolongada da coisa, de acordo com os requisitos legais, sendo também
denominada de prescrição aquisitiva.
Também chamada de prescrição aquisitiva (modo originário de aquisição da propriedade
e de outros direitos reais suscetível de exercício continuado (servidão e usufruto) pela posse
prolongada no tempo) ao lado da prescrição extintiva (perda da pretensão, da ação atribuída a
um direito durante determinado espaço de tempo), disciplinada nos arts. 205 e 206 do CC, em
ambos aparece o elemento tempo, influindo na aquisição e na extinção de direitos.

2) Espécies
Há usucapião de bens móveis (2) e imóveis (10):

Bens móveis:
• Bens móveis ordinário (art. 1260, CC/02)
o Posse mansa, pacífica, ad usucapionem
o 3 anos
o Justo título e boa-fé
• Bens móveis extraordinário (art. 1261, CC/02)
o Posse mansa, pacífica, ad usucapionem
o 5 anos
o Independe de justo título e boa-fé

Bens imóveis:
• Bens imóveis ordinário (art. 1242, CC/02): comum (caput) e por posse-trabalho
(parágrafo único)
o (caput) Posse ad usucapionem por 10 anos
o (caput) Justo título e boa-fé subjetiva (art. 1.201)
o (Parágrafo único) Requisito material: Prazo pode ser reduzido para 5 anos, se o
usucapiente fez do imóvel sua morada ou fez obras de caráter relevante
o (Parágrafo único) Requisito formal: um justo título especial, que é a aquisição
onerosa que foi cancelada (usucapião tabular).
o (Parágrafo único) Posse ad usucapionem por 5 anos
• Bens imóveis extraordinário (art. 1238, CC/02): comum (caput) e por posse-trabalho/pro-
labote/habitacional (parágrafo único)
o (caput) Posse ad usucapionem por 15 anos
o (caput) Justo título e boa-fé presumem-se
o (Parágrafo único) Fez do local moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo
o (Parágrafo único) Posse ad usucapionem por 10 anos.
o (Parágrafo único) Não precisa de justo título e boa-fé
• Bens imóveis especial/constitucional urbano coletivo (art. 10, Lei 10.257/2001 - Estatuto
da Cidade)
o Posse ad usucapionem por 5 anos

Valéria Fernandes
o População de baixa renda. O conceito é vago, mas de acordo com alguns
julgados há alguns critérios objetivos: a) renda familiar de até 03 Salários
mínimos; b) bolsa-família, quando a renda per capita máxima seja de R$100,00.
o Finalidade: Morada
o O juiz atribuirá uma fração ideal a cada possuidor. A área usucapida passa a ser
um condomínio entre os moradores.
o Limitação de área: Tamanho de área inferior a 250m² por possuidor1
o Não exige justo título e boa-fé.
o Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural
• Bens imóveis especial/constitucional rural individual (arts. 1239, CC/02; art. 191; Lei nº
6969/1981)
o Posse ad usucapionem por 5 anos
o Não pode ser dono de outro imóvel (nem rural, nem urbano)
o A CF/88 não repete a exigência de que só pode fazer uso dessa usucapião uma
única vez, então acredita-se que pode usar novamente esse tipo de usucapião.
o Limitação de área: Até 50 hectares (Lei nº 6.969/81 trata de 25 hectares, mas não
foi recepcionada pela Constituição Federal, prevalecendo a regra de 50 hectares)
o Posse direta – morada habitual ou tornou a área produtiva com seu trabalho ou
de sua família
o Não exige justo título e boa-fé.
• Bens imóveis especial/constitucional urbana individual (arts. 1240, CC/02; arts. 183 e
191)
o Posse ad usucapionem por 5 anos
o Não pode ser dono de outro imóvel (nem rural, nem urbano)
o Só pode fazer uso dessa usucapião uma única vez
o Limitação de área: Tamanho de área não superior a 250m²
o Deve utilizar para sua moradia ou de sua família
• Bens imóveis especial/constitucional urbano familiar (art. 1240-A, CC/02)
o 2 anos, contando-se a partir da separação de fato, corpos, divórcio ou separação
judicial
o Não pode ser dono de outro imóvel (nem rural, nem urbano)
o Propriedade que dividia com o ex-conjuge ou ex-companheiro que abandonou o
lar (copropriedade)
o Se a saída do lar tiver sido determinadas judicialmente (exemplo: uso de medidas
previstas no art. 22 da Lei Maria da Penha) não está caracterizado o abandono
o Limitação de área: Até 250m²
o Competência: na vara cível e não na de família.
o Só pode fazer uso dessa usucapião uma única vez
1A Lei nº. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) em seu art. 10 disciplinava que as áreas urbanas com mais de 250 m²,
ocupada por população de baixa renda para sua moradia, por 5 (cinco) anos, ininterruptamente e sem oposição, onde
não for possível identificar os terrenos ocupados por cada um dos possuidores, são suscetíveis de serem usucapidas
coletivamente desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017: Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre
a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito
da Amazônia Legal; institui mecanismos para aprimorar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da
União; e dá outras providências.
[...]
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo
número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem
usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
(Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)

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• Bens imóveis urbana administrativa (Lei 11.977/2009 - Programa Minha Casa, Minha Vida
– PMCMV)
o Ocupação pacífica por mais de 5 anos;
o Só se aplica em casos de regularização fundiária para interesse social (ZEIS) ou
interesse específico, prevista em lei municipal ou no plano diretor;
o As áreas de interesse específico devem envolver o mesmo sentido, prestigiando
a população carente ou situações necessárias para a regularização da cidade.
Serão peculiaridades constatadas pelas autoridades Municipais, Estaduais ou
Federais que determinarão o interesse específico, ato que poderá ser
materializado por simples “ato administrativo”;
o Limitação de área: Até 250m²
o Utilizadas como única moradia;
o Não pode ser dono de outro imóvel (nem rural, nem urbano)
o Administração Pública, mediante impulso próprio, assim como de interessados e
entidades privadas (art. 50), prerrogativas para, através da demarcação e
da legitimação de posse – instrumentos voltados à outorga da titulação dominial
– , declarar o direito de propriedade privada beneficiando população de baixa
renda.
o A área a ser demarcada esteja situada em zona de interesse social – ZEIS, assim
prevista em lei municipal ou no plano diretor.
o Áreas declaradas pelo Poder Público (ato administrativo) de interesse para
implantação de projetos de regularização fundiária de interesse social.
• Bens imóveis urbana extrajudicial (art. 1.071, NCPC; art. 216-A, Lei 6.015/73 – lei de
registros públicos)
o Depende da espécie (imóvel) aplicável, com exceção da regularização fundiária
de interesse social, que segue rito próprio
o É o Oficial de Registro de Imóveis que irá presidir o procedimento, bem como
formar sua convicção para decidir se defere ou não o pedido de reconhecimento
da aquisição pela usucapião extrajudicial.
o É possível optar pela via extrajudicial da usucapião quando o requerente reúne
todos os documentos elencados nos incisos do art. 216-A, com exceção do inciso
IV, que trata do justo título.
o De acordo com o § 15 do art. 216-A da Lei de Registros Públicos (incluído pela
Lei 13.465/2017), caso não exista justo título, a posse e os demais dados
necessários poderão ser comprovados por meio de um procedimento de
Justificação Administrativa perante o próprio Cartório
• Bens imóveis rural indígena (art. 33, Lei 6001/73 – Estatuto do índio)
o 10 anos
o Tem que ser índio ou silvícola, integrado ou não. Os índios ficam sujeitos a tutela
da União até se adaptarem a civilização. Eles são incapazes desde o nascimento
até que preencha os requisitos do art. 9º e seja liberado por ato judicial ou ato da
Funai homologado pelo órgão judicial.
o A Fundação Nacional do Índio exerce a tutela dos índios em nome da União.
o Limitação de área: inferior a 50 hectares
• Bens imóveis especial de quilombolas (art. 68, ADCT; Decreto nº 4.887/03)
o Não há prazo. Se, em 5 de outubro de 1988, existia a posse dos remanescentes
sobre as terras que na época imperial constituíam quilombos, o constituinte
considerou aquela posse centenária, pacífica e transmitida ininterruptamente de
geração em geração até aquele momento.

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o Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins do
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com
trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com
presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
histórica sofrida.
o Já a palavra quilombo tem o significado de comunidade existente na época
escravagista formada por escravos fugidos. Pode-se dizer, a princípio, que
remanescentes das comunidades dos quilombos são os moradores das
comunidades formadas por escravos fugidos ao tempo da escravidão que
subsistiram após a promulgação da Lei Áurea.
o Não há limitação de área.
o Diferentemente do que acontece com as terras de reservas indígenas, que
pertencem à União, mas são ocupadas pelos índios, os terrenos ocupados pelos
quilombolas são de sua titularidade.

Observação importante! Há diversos autores que colocam como sinônimos usucapião


administrativa e a extrajudicial. Entendo que são diferentes, embora a primeira siga também um
procedimento administrativo extrajudicial pelo Poder Público. É importante diferenciar porque a
extrajudicial se aplica a todos as espécies modificando o CPC e a Lei de Registros Públicos, exceto
a do rito da Lei 11.977/2009 (a administrativa, de regularização e interesse social). Na extrajudicial,
vale ressaltar, criou-se a possibilidade do reconhecimento extrajudicial da usucapião, ou seja, sem
precisar de um processo judicial. Saliento que este procedimento é opcional e, se a parte quiser,
pode optar pela via judicial. No caso da administrativa (Minha Casa, Minha Vida), não existe a
opção judicial.

3) Requisitos
• Coisa hábil
Atenção! Se forem bens naturalmente indisponíveis, legalmente indisponíveis e indisponíveis por
vontade humana então não podem ser usucapidos.
- Bens naturalmente indisponíveis: são aqueles insuscetíveis de apropriação pelo homem (ex.: a
totalidade do ar atmosférico, as águas dos mares, o sol, etc.).
- Bens legalmente indisponíveis – são aqueles que normalmente poderiam ser alienados, mas a
lei proíbe (ex.: bens públicos de uso comum do povo, os bens públicos de uso especial, os bens
de incapazes, etc.).
- Bens indisponíveis pela vontade humana – são aqueles bens aos quais se apõe a cláusula de
inalienabilidade, em virtude de doações ou testamentos.

• Posse
Atenção! Ânimo de dono, posse mansa e pacífica, sem oposição, posse contínua (sucessio
possessionis) e soma de posses (acessio possessionis) serão considerados para fins de
usucapião.
- Ânimo de dono: não tem animo o locatário, comodatário, arrendatário e todos aqueles que
exercem posse direta sobre a coisa, sabendo que não lhe pertence e com reconhecimento do
direito dominial de outrem, obrigando-se a devolve-la.
- Posse mansa/pacífica/sem oposição: Exercida sem oposição. Todavia, se este tomou alguma
providência na área judicial visando a quebrar a continuidade, fica descaracterizada. Providencias
extrajudiciais e judiciais improcedentes não significam oposição. Citação não interrompe a
prescrição aquisitiva.

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- Posse contínua: é a continuidade do exercício da mesma posse por pessoas diferentes, não
temos aqui somas de posses, mas a continuidade do exercício de uma posse por uma pessoa
cujo exercício fora iniciado por outra.
- Soma de posses: é a possibilidades de somar o tempo de posses diferentes, mas essas posses
precisam ser semelhantes exercidas por pessoas diferentes. (Art. 1.243)

• Justo título e Boa-fé


Atenção! São considerados para algumas espécies de usucapião.
- Justo título: conceito de justo título é empregado não como documento ou instrumento, mas como
fato gerador do qual a posse deriva. Configura estado de aparência que permite concluir estar o
sujeito gozando de boa posse. Justo título é o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse
se não contivesse nenhum vício. Ex.: Escritura de compra e venda devidamente registrada é um
título hábil para transmissão de imóvel, embora possa ser anulada se o vendedor não era o
verdadeiro dono.
- Boa-fé: quando o possuidor ignora um obstáculo para aquisição da propriedade (Boa fé real) ou
tem o justo título (boa fé presumida).

• Ação de Usucapião
- A ação de usucapião é uma ação declaratória que tem por finalidade o reconhecimento judicial
da aquisição de um direito real por usucapião. A depender da natureza do bem usucapido a ação
pode ser mobiliária ou imobiliária.
- Competência internacional exclusiva: art. 23, CPC
- Competência territorial: regra geral no art. 46 e foro especial no art. 47
- Competência da Justiça Federal: art. 109, I, II e VIII, CF (pessoa); art. 109, V-A, CF (matéria);
art. 109, XI, CF (indígenas); art. 109, §1º, CF e 51, CPC // art. 109, §2º, CF e art. 51, parágrafo
único, CPC (territorial).

Informações importantes (Doutrina + Dizer o Direito):

Pode ser realizada usucapião de área que a União alega que é terreno de marinha, mas que ainda não
passou pelo processo de demarcação?
Sim. A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha sido
realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da União, não
obsta o reconhecimento de usucapião.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.090.847-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/4/2013.
A demarcação da faixa de marinha depende de complexo procedimento administrativo prévio de
atribuição do Poder Executivo, com notificação pessoal de todos os interessados, sempre que
identificados pela União e de domicílio certo, com observância à garantia do contraditório e da ampla
defesa.
Enquanto não houver esse procedimento não se pode ter certeza de que a área encontra-se
efetivamente situada em terreno de marinha.
Tendo-se em conta a complexidade e onerosidade do procedimento demarcatório, sua realização
submete-se a um juízo de oportunidade e conveniência por parte da Administração Pública.
Ocorre que não é razoável que o jurisdicionado, para que possa usucapir um terreno que ocupa há mais
de 30 anos, fique esperando que o Poder Executivo realize a demarcação da área, sem qualquer
previsão de que isso vá ocorrer. Assim, é possível o reconhecimento da usucapião nesse caso, devendo,
contudo, o juiz, fazer uma ressalva na sentença de que a União poderá fazer uma eventual e futura
demarcação no terreno. Se ficar constatando, efetivamente, que o imóvel está localizado em terreno de
marinha, a União será declarada proprietária da área, não havendo preclusão sobre o tema.
Enunciado 317 da Jornada de Direito Civil: A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira
parte, do Código Civil não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo

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diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191,
respectivamente.
Apelação cível - Usucapião extraordinário - Requisitos - Configuração - Procedência da demanda -
Medida que se impõe. - Para a concessão da usucapião, devem estar presentes os requisitos: tempo,
posse mansa, ininterrupta e com animus domini, e objeto hábil. - Para efeito de usucapião a accessio
possessionis ou posse do antecessor, acresce a do sucessor, e é admitida a soma de posses, não
havendo falar em improcedência da demanda, se a parte autora comprovou a configuração dos
requisitos que autorizam o reconhecimento da prescrição aquisitiva" (Numeração única: 0009389-
60.2007.8.13.0249. Processo: 1.0249.07.000938-9/003. Rel. Luciano Pinto. Publicação: 06.07.2010).
Os bens públicos são insuscetíveis de usucapião, já os bens de sociedades de economia mista e
empresas públicas são usucapíveis. O STF (RE 220.906) faz distinção entre as paraestatais prestadoras
de serviço público e exploradoras de atividade econômica, incluindo os bens afetados à finalidade
pública como submetidos ao regime jurídico de Direito Público.
Bem com cláusula de inalienabilidade só pode sofrer usucapião extraordinário
Bem de família, voluntário ou legal, pode ser usucapido
Também é possível a usucapião de propriedade resolúvel
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de
usucapião.
Nos condomínios horizontais, o uso da coisa comum, ainda que de forma exclusiva, não gera posse ad
usucapionem. Vaga de garagem, por sua vez, se for autônoma em relação ao imóvel, com matrícula
individual e designação numérica própria é suscetível de usucapião.
É obrigatória a presença do MP em qualquer ação de usucapião.
Presença da União ou de qualquer de seus entes na ação de usucapião especial não afasta a
competência do foro da situação do imóvel (Súm.11, STJ).
Observação sobre Usucapião quilombola:
- Essa espécie é uma exceção ao art. 191 da Constituição, que estabelece que em regra os bens
públicos não são passiveis de usucapião, esses dispositivos em comento são uma exceção,
possibilitando a aquisição pela usucapião em relação aos quilombolas.
- Esclareça-se que não foi esquecida a existência de casos em que a posse dos remanescentes sofreu,
no correr dos cem anos, perturbações temporárias. Entretanto, esses fatos não podem ser levados em
conta para descaracterizar a continuidade da posse. Isso porque, na grande maioria das vezes as
perturbações foram provocadas por pessoas que não detinham o domínio dos imóveis, mas por
invasores que, mediante violências ilegais e ilegítimas, objetivavam explorar as parcelas mais produtivas
das terras ocupadas pelos antigos moradores dos quilombos ou pelos seus descendentes. Assim, para
os efeitos do art. 68 do ADCT, tais eventos não têm relevância e, se fossem considerados, inviabilizariam
o cumprimento da finalidade social desse dispositivo da Constituição. (Artigo de Cláudio Teixeira da
Silva)
- Firma-se o ano de 1888 e não o dia 13 de maio de 1888 , data precisa da abolição da escravidão, em
razão da precariedade dos meios de comunicação dos atos oficiais existentes no século passado, que
dificultavam sobremaneira a publicidade das leis nas diferentes partes do território brasileiro. Tal
dificuldade era reconhecida até mesmo na legislação, cujos dispositivos estabeleciam momentos
distintos para a vigência das leis em todo o império, conforme a distância da localidade relativamente à
capital. (Artigo de Cláudio Teixeira da Silva)
- A norma estampada no art. 68 do ADCT é norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, uma vez
que não exige nenhuma lei ulterior para sua efetividade e não há lei que contenha sua eficácia. Sendo
assim, ela, de plano, já garante a propriedade das terras ocupadas pelas comunidades quilombolas.
Desta feita, todas as atividades do Estado no intuito de concretizar o comando constitucional são de
natureza declaratória, e não constitutiva, porque a propriedade, nesses casos, era um direito subjetivo
preexistente à promulgação do Texto Constitucional. (Artigo de Alcides Moreira da Gama).
- E se for bem público? A questão é controvertida, porque não cabe desapropriação e sim a atribuição
do título já reconhecido pelo Decreto. O Partido Democratas, em 25/06/2004, requereu junto ao STF a
análise da constitucionalidade do Decreto 4.887 de 2003. A desapropriação consistira, nas palavras do
ministro Cezar Peluso, “a mais flagrante das inconstitucionalidades,” pois, em decorrência da posse
secular das terras, os remanescentes dos quilombolas já as tem usucapidas, sendo desnecessário o

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procedimento de desapropriação, cabendo ao Estado apenas a emissão dos títulos respectivos.
Ressalta, no entanto, que não se trata de desapropriação por interesse social, vez que não consta no
rol legal de possibilidades. Desta feita, o relator Ministro Cezar Peluso declarou a incondicionalidade do
Decreto n° 4.887 de 2003, em voto proferido em 18/04/2012, modulando seus efeitos a fim de
reconhecer os títulos já concedidos como “bons, firmes e valiosos”. A sessão de julgamento foi suspensa
após pedido de vista da Ministra Rosa Weber, não retomado até a presente data. (Artigo de Simone
Murta Cardoso do Nascimento).
Observação sobre competência:
- Justiça Federal é competente para tratar de usucapião de índios e quilombolas. Se o índio possuir
capacidade, pode propor diretamente a ação de usucapião, se não será representado pela Funai. No
casos dos quilombos/descendentes, serão representados pelo Incra.
Somente o possuidor justo (pode ter se tornado justo depois de um ano e um dia) pode obter propriedade
por usucapião.
Posse ad usucapionem – Usucapível: Mansa e pacífica (sem oposição), Animus domini (segundo
Savigny), determinado tempo (varia de 2 a 15 anos) e ininterrupta.
Impossibilidade de aquisição de imóveis públicos por usucapião, a teor do disposto no § 3º, do art. 183,
da CF/88.
Influência da função social na usucapião: diminuição do prazo de usucapião considerando a fixação, no
imóvel, de moradia habitual ou a realização de obras ou serviços de caráter produtivo (parágrafo único
do art. 1.238);
Não confundir usucapião coletiva com a desapropriação judicial (Art. 1228, §§ 4º e 5º CC), nos dizeres
de Jones Figueiredo Alves e Mário Luiz Delgado:
- Na usucapião coletiva urbana, os ocupantes devem ser de baixa renda; na desapropriação, não há
essa necessidade.
- Na usucapião coletiva urbana, a área deve ter, no mínimo 250m², exigência que não está presente na
desapropriação, bastando “extensa área”.
- Na usucapião coletiva urbana somente se aplica aos imóveis urbanos enquanto a desapropriação pode
ser aplicada aos urbanos ou rurais.
- Na usucapião coletiva urbana não há direito à indenização, ao contrário da desapropriação.
- Na usucapião coletiva urbana, não há esse requisito de boa-fé. Na desapropriação é posse ininterrupta
e de boa fé por mais de 5 anos.
Lei nº 6.969/81: estão excluídos da legislação agrária de usucapião as áreas indispensáveis à segurança
nacional, as terras habitadas por indígenas e áreas de interesse ecológico (art. 3º).
Enunciado nº 313, IV Jornada de Direito Civil – se a área for superior aos limites legais, não é possível
a aquisição, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir (pedido de usucapião
parcial).
Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião especial rural, prevista no
art. 191 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido alegando que a área usucapienda era muito inferior
ao mínimo legal permitido para desmembramento ou divisão de gleba rural. Em outras palavras, o
magistrado juiz argumentou, que apesar de o autor preencher os requisitos constitucionais, a legislação
não permite que uma área tão pequena seja desmembrada e se torne um imóvel com matrícula própria.
A decisão do magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na legislação infraconstitucional
impede que a pessoa tenha direito à usucapião especial rural? NÃO. Presentes os requisitos exigidos
no art. 191 da CF/88, o imóvel rural cuja área seja inferior ao "módulo rural" estabelecido para a região
poderá ser adquirido por meio de usucapião especial rural. A CF/88, ao instituir a usucapião rural,
prescreveu um limite máximo de área a ser usucapida, sem impor um tamanho mínimo. Assim, estando
presentes todos os requisitos exigidos pelo texto constitucional, não se pode negar a usucapião
alegando que o imóvel é inferior ao módulo rural previsto para a região. STJ. 4ª Turma. REsp 1.040.296-
ES, Rel. originário Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015
(Info 566).
Enunciado 85 do CJF: “Art. 1240: Para efeitos do art. 1240, caput, do NCC, entende-se por ‘área urbana’
o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios”. Ou seja,
apartamentos e vagas de garagem com matrícula própria podem ser usucapidos, mas não áreas
comuns.

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O Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapião especial urbana, prevê que "o autor terá os
benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de
imóveis." Isso significa que o autor da ação de usucapião especial urbana gozará sempre da gratuidade
da justiça? Há uma presunção absoluta de que este autor não tem recursos suficientes para pagar as
custas? NÃO. O art. 12, § 2º da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção
relativa de que o autor da ação de usucapião especial urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa
presunção pode ser ilidida (refutada) a partir da comprovação inequívoca de que o autor não é
considerado "necessitado". STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 21/2/2017 (Info 599).
Enunciado 498 da V Jornada de Direito Civil: A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art.
1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da
Lei n. 12.424/2011.
Não há necessidade de que o imóvel esteja na posse direta do ex-cônjuge ou ex-companheiro, podendo
ele estar locado a terceiro, sendo viável do mesmo modo a nova usucapião pelo exercício de posse
indireta. (Enunciado 502 - O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não
coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código).
Enunciado 499 da V Jornada de Direito Civil: A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião
prevista no art. 1.240-A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos
anteriormente ao divórcio. O requisito "abandono do lar" deve ser interpretado de maneira cautelosa,
mediante a verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de
outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente
aquele que se manteve na residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas
oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a
alteração do regime de bens quanto ao imóvel objeto de usucapião.
Enunciado 500 da V Jornada de Direito Civil: A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do
Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou
entidades familiares, inclusive homoafetivas.
Súmula 193, STJ – o direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião. Os bens objeto
de furto podem ser adquiridos por usucapião extraordinária pelo próprio autor do furto.
O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um
terceiro no DETRAN, possui interesse de agir para propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261
do CC) já que, com a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.582.177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

Valéria Fernandes
Usucapião de bens imóveis – Espécies – Tabela
Imóvel Imóvel Especial Especial Especial Urbano Urbana Urbana Rural Especial
Extraordinário Ordinário Urbana Urbana Rural Familiar Administrativa Extrajudicial Indígena/ Quilombolas
Coletivo Individual Individual Silvícola
art. 1238, CC/02 art. 1242, CC/02 art. 10, Lei arts. 1240, arts. 1239, CC/02; art. 1240-A, CC/02 Art. 78, V, t, u, Lei art. 1.071, NCPC; art. 33, Lei 6001/73 art. 68, ADCT; Decreto
10.257/2001 CC/02; arts. 183 arts. 183 e 191 11.977/2009 - art. 216-A, Lei nº 4.887/03
e 191 Programa Minha Casa, 6.015/73
Minha Vida – PMCMV
15 anos 10 anos 5 anos 5 anos 5 anos 2 anos, contando- 5 anos Depende da 10 anos Não há prazo, basta o
se a partir da espécie aplicável, reconhecimento de
separação de fato, com exceção da quilombo na posse.
corpos, divórcio ou regularização
separação judicial. fundiária de
interesse social,
que segue rito
próprio
Prazo pode ser Prazo pode ser Para população de Não pode ser Não pode ser Não pode ser dono Não pode ser dono de É o Oficial de Tem que ser índio
reduzido para 10 anos, reduzido para 5 baixa renda dono de outro dono de outro de outro imóvel outro imóvel (nem rural, Registro de Imóveis ou silvícola,
se o possuidor (que vai anos, se o Finalidade de imóvel (nem imóvel (nem rural, (nem rural, nem nem urbano) que irá presidir o integrado ou não.
usucapir) fez do imóvel usucapiente fez do morada rural, nem nem urbano) urbano) procedimento, bem
sua morada ou fez imóvel sua morada O juiz atribuirá uma urbano) como formar sua
obra de caráter ou fez obras de fração ideal a cada convicção para
produtivo caráter relevante possuidor. A área decidir se defere ou
usucapida passa a não o pedido de
ser um condomínio reconhecimento da
entre os aquisição pela
moradores. usucapião
extrajudicial.

Não precisa de justo Precisa de justo título Só pode fazer A CF/88 não Propriedade que Só se aplica em casos O procedimento da A Fundação Instituto Nacional de
título ou boa-fé ou boa-fé uso dessa repete a exigência dividia com o ex- de regularização usucapião Nacional do Índio Colonização e Reforma
usucapião uma de que só pode conjuge ou ex- fundiária para interesse extrajudicial se exerce a tutela dos Agrária (Incra), que
única vez fazer uso dessa companheiro que social em que haja difere do índios em nome da representa como
usucapião uma abandonou o lar concessão de posse procedimento União. substituto processual.
única vez, então Se a saída do lar judicial, visto que
acredita-se que tiver sido A área a ser dispensa a
pode usar determinadas demarcada esteja intervenção judicial
novamente esse judicialmente situada em zona de do Ministério
tipo de usucapião. (exemplo: uso de interesse social – ZEIS, Público. Contudo,
medidas previstas assim prevista em lei casos em que uma
no art. 22 da Lei municipal ou no plano das partes seja
Maria da Penha) diretor. incapaz, haverá a
não está necessidade de

Valéria Fernandes
caracterizado o Áreas declaradas pelo alvará judicial para
abandono Poder Público (ato que possa
administrativo) de manifestar a
interesse para vontade
implantação de
projetos de
regularização fundiária
de interesse social.
Imóvel Imóvel Especial Especial Especial Urbano Urbana Urbana Rural Especial
Extraordinário Ordinário Urbana Urbana Rural Familiar Administrativa Extrajudicial Indígena/ Quilombolas
Coletivo Individual Individual Silvícola
Posse direta – Posse direta – Utilizadas como única
morada habitual morada habitual moradia
(nas outras ou tornou a área
espécies de produtiva com seu
usucapião o trabalho ou de
usucapiente sua família
pode, por
exemplo,
arrendar ou
alugar o imóvel,
nesta espécie
de usucapião
não pode!)
Não há limitação de Não há limitação de Limitação de área: Limitação de Limitação de Limitação de área: Limitação de área: Até Depende do Limitação de área: Não há limitação de
área. área. Tamanho de área área: Tamanho área: Até 50 Até 250m² 250m² usucapião pleiteado inferior a 50 área.
inferior a 250m² de área de até hectares hectares
250m²

Valéria Fernandes

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