As divisões por idade encontradas em seus trabalhos foram apenas uma forma
de indicar uma aproximação entre a fase de maturação e a idade das crianças
pertencentes a região estudada (Genebra). Segundo ele, as faixas poderiam variar de
uma região a outra, no entanto as comparações feitas na época, com outros grupos
de pesquisa em países diferentes, demonstraram certas proximidades com perfis
diferentes de crianças.
𝑙
3 Na notação de Piaget ficaria da seguinte forma: 𝐴 ← 𝐿
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pontos de vista. Isso não acontece apenas nas quantidades discretas de objetos, mas
também ocorre nas quantidades contínuas. Podemos dizer que a equivalência nas
quantidades contínuas poderia ser explicada a partir de razões físicas como, por
exemplo, a dilatação ou a contração. No entanto, a enumeração traz mais detalhes
sobre as transições de fases da criança.
Com essas duas formas de análise, Piaget declara que construir equivalências
por correspondências qualitativas já é uma operação multiplicativa, sem que o número
intervenha para isso (PIAGET; SZEMINSKA, 1975. p.299), concluindo através de
relatos que não existe distinção entre as fases de desenvolvimento para a noção de
número e para as operações aditivas ou multiplicativas, uma vez que a composição
de correspondências qualitativas leva a multiplicação numérica e a multiplicação
numérica leva às correspondências.
Dentro disso, Piaget tratou seus experimentos sob uma perspectiva de classes
ou grupos de objetos para que fossem analisadas as associações diretas com as
quantidades intensivas, uma vez que a integração dos elementos de um conjunto com
o seu todo é feita com base em associações qualitativas.
Enfim, ações feitas pelas crianças, sem uma orientação, as leva para
resultados quaisquer, mas quando essas ações são orientadas de maneira a conduzir
a uma ação reversível, ou seja, uma ação direta e inversa, representa a própria
operação lógico-matemática e física guiando a criança para um raciocínio indutivo e,
a seguir, ao dedutivo, fechando o ciclo de um determinado conhecimento
apresentado.
Em uma análise mais ampla das obras de Piaget feita por Moreira (1999), pode-
se sintetizar as fases e etapas das obras que aqui foram consideradas, em quatro
estágios ou períodos:
1º) sensório-motor (+/- 0 a 2 anos) – nesse estágio a criança age em prol dos
seus sentidos, por exemplo, se for dado algo à criança, ela pega e tende a levá-lo à
boca para succioná-lo, sua visualização, em geral, se restringe ao que está em sua
frente ou por reflexos e dessa forma vai construindo o mundo ao seu redor;
2º) pré-operatório (+/- 2 ao 7 anos) – aqui a criança já entra na fase dos “por
quês”, inicia-se a interiorização do aprendizado da fase anterior, já consegue
simbolizar mentalmente alguns fatos é a fase do “faz de conta que”, não consegue se
apegar aos detalhes das coisas, deixa se levar pelas aparências e não consegue se
colocar no lugar do outro, assumindo, dessa forma, uma posição egocêntrica, exemplo
ilustrativo pode ser encontrado na conservação das massas em massinhas de
modelar;
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Apesar desses estágios serem mais explorados por especialistas, o cerne das
obras de Piaget se encontra em três conceitos mais amplos: assimilação,
acomodação e equilibração.