a ler e decifrar os sinais hodiernos na narrativa Ocidental, e exorta-nos a dialogar com a sociedade a partir do Evangelho. Os cristãos, em geral, não podem, jamais, furtar-se de tal dever. É sobre a igreja – quer na qualidade de indivíduos-igreja, sobretudo no papel de agentes educativos; quer na qualidade de comunidade-igreja, sobretudo no papel formativo – que recaí o ónus sagrado de ser sal e luz, numa sociedade mascarrada pelo pecado.
Este artigo, é “apenas” um dos numerosos sintomas da enfermidade pós-
moderna, que alguns preferem, e bem, cunhar de “modernidade líquida” (Zygmunt Bauman e Gilles Lipovetsky). Estes autores, entre outros, não se compadecem com análises sociológicas epidérmicas, como é apanágio das igrejas cristãs (pelo menos na sua maioria), que falham tanto na análise quanto na Sociedade líquida, cultura do efêmero "sociedade líquida" e na "cultura do efêmero" 'usa e descarta' «bens de consumo»
Somos seres eróticos.
Nossos encontros como comunidade? Pedagogias do desejo.
Pudor - agora Liberdade imposta
Restrições adâmicas – obrigação de se mostrar livre Sentir máximo de prazer Embora beneficie do afrouxamento das restrições tradicionais, o sujeito libidinal moderno é, ao mesmo tempo, movido por novos modelos estandardizados, tais como a obrigação de se mostrar livre, de atingir o máximo de prazer possível, de se mostrar à altura dos padrões do desempenho erótico. No passado, predominava a norma do pudor; agora, estamos a braços com uma «liberdade imposta», uma «perseguição» inédita: a sexualidade «obrigatória». Julgava ter conquistado a liberdade? Erro completo, já que a nossa cultura nos força metodicamente a experimentar de tudo, a libertar-nos dos nossos bloqueios e inibições, a usufruir ao máximo, a tornarmo-nos numa espécie de atletas da libido. Sob a capa da permissividade esconde-se, afinal, a ferocidade das normas da excelência mensurável, um hedonismo quantitativo e obrigatório, mais capaz de gerar complexos nos indivíduos do que de desinibi- los.
Depois do tempo da transgressão, o tempo da mercantilização de Eros; depois
da era do pecado, a era do sexo eficaz, hipertécnico e operacional.
Neste cenário, que resta da delicadeza e da autenticidade do amor? Segundo
declaram os críticos da permissividade, nesta era da pornografia e da sexologia, não existe nada para além de um erotismo hiper-realista e obsessivo, desumanizado, em que a dimensão relacional face ao outro está ausente. A logorreia emancipadora e o hedonismo cultural conjugaram-se para minar o conteúdo afectivo da sexualidade, reduzindo esta última a um procedimento técnico, a relações contratuais, pobres e despoetizadas, desprovidas de imaginação e de afecto. À medida que se difundem a «deserotização do mundo» e a impessoalidade da relação com o outro, os indivíduos, «carenciados de amor», tornam-se sujeitos calculistas, incapazes de construir ligações afectivas autênticas entre si.