Ele a ajudava em coisas eventuais, e ela também o ajudava no que ele precisava. Os
dois haviam se tornado bons colegas de trabalho, ela havia se acostumado com a
presença do outro. Mae deu graças a Deus por não ter encontrado Adam em nenhum
momento, e também nem queria! Aquilo iria deixá-la mais irritada do que tudo! Já
bastava participar da Marshall Parfum na área de marketing há quase dois meses.
– Por que fica olhando pela janela o tempo todo? O que tem ali? – ele indagou
de forma confusa. Mae piscou várias vezes até conseguir voltar à linha de
pensamento normal e viu o rosto preocupado de Evan. Naquele dia, o rapaz não
vestia roupas terrosas suaves, mas sim uma calça marrom avermelhada, quase cor
de beterraba, camisa social branca e um suéter preto por cima – Parecia que havia
entrado em um tipo de modo avião. Te chamei que nem um maluco, Mae.
– Ah, – ela sorriu de canto, meio desconcertada por ter sido pega enquanto
divagava sobre nada vezes nada – só estava pensando em algumas coisas aleatórias.
Me desculpe. O que quer que eu faça mesmo? Você estava me chamando antes.
Patético.
Mae soltou uma risadinha soprada. O nome do perfume era Clé de l'amour
[chave do amor].
– Amor – murmurou baixinho, segurando-se para não rir da piada interna –...
Como se ele sentisse isso. Com aquele coração de gelo, deve ser mais morto do que
um defunto, se é que isso é possível.
– Perdão, mas o que você disse? – Evan indagou. Ela balançou a cabeça e
pegou a paleta de vermelhos claros, escuros e rosas para a campanha gráfica do
perfume. O design do recipiente era curioso. O líquido em si era avermelhado em um
frasco transparente, em forma de coração, com uma tampa dourada e com uma
chave pequena gravada sobre a mesma. Parecia um pouco como um veneno
também, mas às vezes o amor era como um remédio ou um veneno. No caso de
Adam, era mais um veneno e Mae sabia muito bem daquilo – Ah! Também
mencionaram que haverá uma festa de lançamento do perfume. Será aqui mesmo
em Vancouver, daqui um mês. O presidente Marshall também vai.