UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
BELÉM
2010
2
BELÉM
2010
3
Banca Examinadora:
_________________________________________
Prof. Dr. José Gilberto Quintero Torres
Orientador
________________________________________________
Membro
________________________________________________
Membro
A meus pais.
5
AGRADECIMENTOS
RESUMO
RESUMEN
Este trabajo trata de la Organización del Tratado de Cooperación Amazónica desde la firma
del mismo tratado en 1978, por Bolivia, Brasil, Colombia, Ecuador, Guyana, Perú, Surinam y
Venezuela, con el fín de analizar la importancia del organismo para la promoción del
Desarrollo regional, discutiendo la relación: Paises Miembros – OTCA - Cooperación
internacional, para construir los factores que ayudan y/ó dificulta el logro de este objetivo,
basado en las perspectivas de los principales actores involucrados en el desarrollo sostenible
de Amazonia, más cerca. Interpretada por revisión bibliográfica del TCA, considera la
evolución histórica del acuerdo institucional hasta su transformación en organización
internacional. Apresenta también una caracterización general del contexto de las
potencialidades y problemas de las realidades amazônicas, em su heterogeneidad. Expone
hechos que muestran algunos intereses y mecanismos de actores internacionales, explica el
aspecto teórico del desarrollo sostenible en el nivel académico y la demanda para conocer la
política de estado brasileño para la región, para establecer un vínculo referencial sobre las
propuestas para la región, comparándolas con la acción de OTCA. Finalmente si analizan los
programas desarrollados por la organización, para evaluar em qué nivel OTCA está realizando
una gobernanza regional de acción afirmativa para el desarrollo sostenible. La investigación
revela la participación de actores internacionales en las políticas regionales como um hecho
de la globalización y demuestra la necesidad de la institución lograr mejor articulación para
cumprir um modelo de desarrollo propio, multi-dimensional para lograr la premisa de 1978:
colaborar para mejorar la calidad de vida de la población amazónica.
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE MAPAS
ÍNDICE DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
1. O PROJETO.....................................................................................................................14
1.1. ABORDAGEM DO PROBLEMA....................................................................................14
1.2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA..................................................................................17
1.3. OBJETIVOS......................................................................................................................17
1.3.1. Objetivo geral................................................................................................................17
1.3.2. Objetivos específicos....................................................................................................17
1.4. METODOLOGIA..............................................................................................................18
1.5. JUSTIFICATIVA...............................................................................................................18
1.6. LIMITAÇÕES DA PESQUISA.........................................................................................20
2. MARCO CONCEITUAL..................................................................................................21
2.1 AMAZÔNIA: CARACTERIZAÇÃO GERAL..................................................................21
2.1.1. Extensão territorial.......................................................................................................21
2.1.2. Biodiversidade e potencial econômico.........................................................................25
2.1.3. População e políticas de ocupação...............................................................................30
2.1.4. Geopolítica e ameaças comuns.....................................................................................34
2.1.4.1. Geopolítica internacional.............................................................................................35
2.1.4.2. Geopolítica regional.....................................................................................................41
2.1.4.2.1. Baixa densidade demográfica e debilidade estrutural.........................................41
2.1.4.2.2. Narcotráfico e Crime Organizado.........................................................................42
2.1.4.2.3. Conflitos internos....................................................................................................43
2.1.4.2.4. Militarismo estrangeiro na região.........................................................................44
2.1.4.2.5. Reservas indígenas em zonas de fronteira...........................................................45
2.1.4.2.6. Insuficiente presença Estatal e débeis instituições políticas locais.....................47
2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: DEFINIÇÃO E ESTRATÉGIAS.............48
2.3. A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO BRASILEIRO PARA
A AMAZÔNIA.........................................................................................................................59
3. MARCO HISTÓRICO CONTEXTUAL: DE TRATADO À ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL................................................................................................................63
3.1. RETROSPECTIVA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE OS PAÍSES
AMAZÔNICOS........................................................................................................................63
3.2. NEGOCIAÇÃO E FORMAÇÃO DO TCA......................................................................66
12
INTRODUÇÃO
Para alcançar o objetivo geral de responder quais são os fatores e condições que
dificultam a promoção do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia pela OTCA, buscou-se
realizar: uma caracterização da região, em toda sua heterogeneidade, potencialidade e
vulnerabilidades; um apanhado histórico desde a formação do Tratado em 1978 até sua
transformação em Organização do Tratado de Cooperação Amazônica; e, aprofundar as
definições e estratégias consideradas para o Desenvolvimento Sustentável, em três esferas: da
sociedade civil, do Estado brasileiro e pela OTCA, de modo a estabelecer um elo comparativo
e referencial para análise dos trabalhos e intentos da Organização. Para a realização deste
estudo, utilizou-se o método analítico-crítico a partir de uma pesquisa qualitativa.
CAPÍTULO I
1 O PROBLEMA
Embora seja inerente a relutância dos Estados Nacionais (sobretudo dos países
centrais) em acatar compromissos ambientais que viriam a afetar suas economias em curto
prazo, na virada do século o debate jurídico na ONU acerca da questão ambiental recebe o
teor teórico e científico de urgência em garantir condições de sobrevivência no planeta. As
mudanças climáticas levariam a uma série de questões de segurança, de caráter
interdependente e com esta justificativa, é inviável não pensar na Amazônia sem considerar a
o tema e o cenário global que a envolvem.
1
Dado referente ao conceito de Amazônia Legal brasileira (ALB), cuja área é de 5.109.812 km2 (fonte:
www.ibama.gov.br).
2
Conceito político criado em 1953 e reinventado em 1966, ampliando o território. Hoje caracterizado pelos
estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do estado do
Maranhão (localizada a oeste do meridiano 44) fonte: www.ada.gov.br e ARAGÓN, 2002.
16
Apesar disso, o TCA rendeu décadas sem ações efetivas até propriamente o início do
século XXI, com a criação de uma Secretaria Permanente, em 2004, como mecanismo
facilitador da cooperação e governança das questões comuns.
Didaticamente, a implantação deste acordo passou por quatro fases: (a) de inatividade
até 1989, que terminou com o início da gestação de ferramentas operacionais do Tratado
como o estabelecimento da UNAMAZ, (b) incentivo e fortalecimento político, de 1989 a
1994, em que foram renovados os compromissos do TCA, e que contou com a participação
coordenada dos países membros na CNUMAD e a ativação das Comissões Especiais do
Tratado, (c) a fase de consolidação (1994-2002), quando foi criada a Secretaria Permanente, e
(d) por fim, de institucionalização da Secretaria Permanente, como mecanismo operacional,
quando foi aprovado o Plano Estratégico em 2004, cujo planejamento e execução foi/é
orientado por mandatos específicos dos Ministros das Relações Exteriores (QUIROGA, 2003
et KILCA, 2007).
De maneira ampla, a situação-objeto deste estudo se enquadra sob uma complexa rede
geopolítica internacional, articulada sob interesses diversos, desde o preservacionismo
extremo e a aquisição dos bens naturais para conformação de commotidies até a discussão
sobre as condições de habitabilidade no planeta, porém, qualquer proposta toma como
imperativo a preservação e manutenção do bioma.
internacionais e o melhor respaldo às soberanias dos países signatários sobre sua imensa
17
riqueza natural. Sob este aspecto, compreender os fatores que levaram à formação, estagnação
e em seguida à retomada e atuação do Pacto Amazônico por meio da OTCA, no que concerne
1.3. OBJETIVOS
1.4. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado em dois momentos: o primeiro, pela revisão bibliográfica e
documental da literatura relacionada, utilizando o método dedutivo; e, tão logo, pela produção
empírica, fruto da observação e análise qualitativa – crítica- dos dados obtidos (históricos,
teóricos e fatos político-estratégicos) como método de procedimento: atuação e dinâmica dos
atores; análise das ações concretas da organização; inserção de dados sobre os resultados
alcançados ou pendentes; as prioridades da agenda temática; análise dos fundamentos legais
que a constituem; entre outros, os fatos que norteiem o foco desta pesquisa, dentro de um
cronograma esperado.
1.5. JUSTIFICATIVA
É de acordo a esta síntese que se afirma que, deve-se pensar dentro desta Era de
transição para a Idade do Conhecimento, em como produzir um modelo de Desenvolvimento
que contemple: preservação ambiental, incremento de renda, crescimento econômico e, justiça
19
social. Este é um foco para o qual a Sociedade ainda não está devidamente amadurecida para
compreender. O problema é que as Mudanças Climáticas no planeta e a própria opinião
pública internacional não permitirão mais cem anos de crescimento desenfreado ou
exploração predatória, como foi do século XIX ao XX, sem anterior racionalização dos
impactos sócio-econômicos.
Com a análise deste objeto de pesquisa espera-se obter um estudo pontuado, que sirva
como fonte para avaliação e continuidade revisada da atuação da instituição, em um momento
em que se discute internamente a elaboração do próximo plano estratégico que orientará as
ações da OTCA.
20
CAPÍTULO 2
2. MARCO CONCEITUAL
Porém, cada país escolheu critérios e variáveis diversas para delimitar a extensão e as
características de sua área amazônica e, com estatísticas não convergentes é difícil formular
propostas comuns. Inclusive dentro de cada país é possível encontrar divergências nos dados.
No Brasil, que é o país mais influente na cooperação entre os vizinhos em questão, “os dados
sobre a Amazônia não são de fácil acesso e muitas vezes, incompatíveis” (ANTIQUERA,
2006, p.137). Ainda mais preocupante é saber que a zona rural de seis dentre os oito estados
da Amazônia Legal Brasileira foi excluída em grande parte da avaliação de indicadores sobre
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM‟s) no país, porque não se dispunha de
dados4.
Ter em vista fatos como este leva o leitor à maior compreensão sobre as dificuldades
da cooperação intra-regional a serem tratadas mais adiante, pois já se torna evidente que o
valor de importância atribuído a cada parcela da região não é uniforme, em função da
3
Embora exista extensão de selva amazônica na Guiana Francesa, este território não pôde incorporar o TCA,
pois não é um país soberano e sim, um território ultramarino francês e, portanto, participa como observador na
instituição. A frança foi convidada a incorportar o acordo, mas não aceitou firmá-lo. (Informe verbal – Prof. Raul
Sarmento
4
Os estados, cujas zonas rurais foram excluídas da avaliação foram: Acre, Roraima, Rondônia, Amazonas, Pará
e Amapá. Em seminário de apresentação do relatório, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA)
informou que a partir de 2011, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizaria as referidas
zonas no Censo base do país. Ver: BRASIL, Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - Relatório Nacional de
Acompanhamento. Brasília: Ipea, 2010.
5
Ibid (ARAGÓN, 2002)
23
Com o objetivo de conformar uma rede de dados mais harmônica sobre a Amazônia, a
OTCA estabeleceu convênio com o Centro Comum de Investigação da Comissão Européia
(CCI) em 2005, que por sua vez solicitou ao Instituto do Ambiente e do Desenvolvimento
Sustentável, um estudo sobre a dimensão geográfica da região6. O resultado foi baseado em
três critérios: (1) o hidrográfico - extensão total das bacias do Rio Amazonas e Tocantins; (2)
o ecológico - que agrega várias sub-regiões e diferente eco-regiões ao critério anterior; (3) o
biogreográfico, que complementaria os outros dois. Por esta análise a área total da região
Chegou à área total de 7.590.083 km².
Entenda-se, porém, que “não existe uma definição universal para a Amazônia”, é o
fato ressaltado no relatório „GEO Amazônia‟ apresentado em 2008, que baseado em
informações geoespaciais, referente a critérios físicos, ecológicos e legais ou político-
administrativos, gerou um mapa composto da região: a Amazônia Maior (8.187.965 km2) e a
Amazônia Menor (5.147.970 km2)7. Mas estar ciente tanto desta impossibilidade quanto da
divergência entre os indicadores é importante para nortear ações globais para a região.
6
Embora importante, a definição da pesquisa do CCI, não possui caráter jurídico, na medida em que não
substitui as definições nacionais existentes. O acordo também abarcava questões como indicativos populacionais
e, estimativa do balanço de carbono da Amazônia, para ter em conta nos estudos sobre mudanças climáticas. Ver
mais em: Comissão Européia institui parceria científica com Organização do Tratado de Cooperação Amazônica
(10 mai 2006). Disponível em: <http://www.carloscoelho.eu/ed/files/IP-06-598%20amazon%20PT.pdf>.
Acessado em: 15 de mar 2010.
7
Matéria: Minc destaca ações do governo brasileiro contra o desmatamento na Amazônia (19/02/2009).
Disponível em: <http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=301334>. Acesso em: 02 abr 2010.
24
Bacia
Hiléia TCA
Hidrográfica
País Área total
do país %/ %/ Área da % área % área
Critério
Total total Amazônia amazônica amazônica
país país usado
nacional no TCA /país
Brasil 8.514.876 4.984.361 59% 3.540.000 42% 5.217.423 Legal 69% 61%
A Guiana Francesa, embora não faça parte do Tratado de Cooperação Amazônica é um território 100% amazônico,
com dimensão de hiléia (91.000 km²) equivalente à própria dimensão territorial do país.
Fonte: RIBEIRO (2006) et FILHO (2006) apud PIEDRA-CALDERÓN (2007). Elaborado por Anne Gabriella
Mota
25
Embora os mitos sobre a região a tenham caracterizado por muito tempo, como um
grande e homogêneo „inferno verde‟ de „vazio demográfico‟, diversidade é a palavra-chave
para dar início a uma apresentação acertada sobre a Amazônia.
Deve-se perceber que a região é composta por nove Amazônias distintas, organizadas
em uma infinidade de ecossistemas, devido ao gradiente Altitudinal da Cordilheira Andina, da
26
qual se forma a cabeceira do rio Amazonas8. As águas lançadas ao oceano Atlântico, até que
cheguem à foz convivem com uma mudança geomorfológica que cria condições excepcionais
de biodiversidade. A análise do Ecólogo Dr. Antonio Brack Egg9, dá-nos idéia desse
apontamento:
Há uma grande variedade de formações geológicas de leste a oeste, dos Andes à foz
do [rio] Amazonas e de Norte a Sul, desde o maciço guyanense até o Grande
Chaco. Variedade de tipos de clima, desde os picos andinos até o Vale Central; das
chapadas do Norte até as savanas ao Sul, com enorme influência sobre os solos, a
flora, a fauna e as atividades humanas. Os solos são tremendamente variados a
nivel local e geral pelas precipitações, assim como as flutuações e condições de
navegabilidade dos rios, os processos geológicos e a topografia da região.
Variedade de tipos de água desde as negras, muito pobres em nutrientes e ácidas, as
cristalinas, variáveis em nutrientes e acidez, até as turvas, carregadas de nutrientes e
que fluem dos Andes, cheias de sedimentos. Variedade de formações vegetais como
os bosques tropicais chuvosos densos; as savanas; os cerrados; as várzeas ou zonas
inundáveis; os bosques de neblina das encostas orientais andinas; as ilhas de
chapadas - cheias de endemismos e totalmente isolados do entorno, etc. Milhares de
espécies de plantas e animais dos bosques, savanas, dos rios, lagos, pântanos,
mangues, cerrados e chaparrais, entre outros.
8
O rio Amazonas propriamente dito, forma-se na confluencia do rio Marañón com o rio Ucayali, no territorio
peruano. Atravessa o Brasil (onde se denomina Solimões ao tramo compreendido entre dita confluencia até
Manaus) e desemboca no Atlântico, formando um Estuário. Seus principais afluentes são os rios: Juruá, Purús,
Madeira, Tapajós e Xingú, pela margem direita. Napo, Japurá e Negro, pela esquerda. (OCEANO UNO
Diccionario Enciclopédico Ilustrado. EDITORIAL OCEANO, S.L, 1993)
9
BRACK Egg, Antonio. Medio Ambiente, Economia y Vialidad en la Amazonia Peruana: Panorama
General de la Cuenca Amazónica. Disponível em:
<http://archive.idrc.ca/library/document/101488/chap2_s.html>. Acesso em: 10 jan 2010.
10
Recém descoberto por pesquisadores da Universidade federal do Pará, o aqüífero Alter do Chão (nome ainda
provisório) é inteiramente brasileiro. Ver: www.ufpa.br/noticias
11
Informação disponível em: <http://www.museudomarajo.com.br>. Acesso em: 1 mar 2010.
27
Por esses e dentre outros tantos registros que, cinco dentre os 17 países megadiversos14
do mundo são amazônicos e “para que não restem dúvidas quanto à importância dessa
biodiversidade, um quarto de todos os medicamentos modernos tem sua origem nas florestas
tropicais” (TILIO, 2003, p.85). Dentre outros exemplos, é o último lugar do mundo, onde
novas espécies de mamíferos ainda são descobertas.
12
Matta, Milton. A crise da água e dos recursos hídricos da Grande Belém, LAHRIMA/UFPA, 2007.
Disponível em: www.ufpa.br/lahrima Acesso em: 14 abril 2010.
13
“Serviços ambientais são as atividades, produtos e processos que a natureza nos fornece e que possibilitam que
a vida como conhecemos possa ocorrer sem maiores custos para a humanidade” (INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL - www.socioambiental.org/).
14
O centro de monitoramento da conservação ambiental, agência do Programa das Nações Unidas para o Meio
ambiente (UNEP-WCMC) definiu uma lista com 17 países megadiversos, que juntos detêm 70 % de toda a soma
de diversidade de vida existente no planeta, entre os critérios para avaliação estão o numero de especies
endemicas em geral e os numeros totais de mamiferos, passaros, repteis e anfibios. Na América do Sul compõem
este grupo: Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Ver mais em www.conservation.org.br e
www.pnuma.org
28
altitudinal, entre 500 a 3500 m15. A Comunidade Andina concentra 95% das cadeias trópico-
glaciais da Terra, deste total, 71% estão no Peru e são bastante sensíveis às variações de
temperatura e umidade da atmosfera sobre si16. Sua localização, entre o Pacífico, a Costa
desértica e a Amazônia, os tornam estratégicos para estudar as mudanças climáticas e são por
isto, conhecidos como „termômetro do mundo‟ (TILIO, 2003:86).
Desde os anos 80, cientistas têm verificado um acelerado retrocesso nos glaciais
andinos, cujas montanhas possuem importante usos sociais, econômicos e ambientais: suas
águas de desgelo aportam como água potável e industrial às principais capitais (La Paz, Quito,
Lima) e delas provêm ainda grande parte da energia consumida pelos países andinos e a água
de irrigação, indispensável para a zona árida da cordilheira. Esta situação (de desgelo) tende,
em médio prazo, a refletir problemáticas em todo nível regional andino-amazônico.
15
Ver mais em www.pnug.org.br
16
No levantamento da situação de retrocesso dos glaciais andinos e do avanço do volume de água alimentados
por este processo, INRENA e IRD têm chegado a conclusões preocupantes; na Cordilheira Branca, a mais
importante entre as 18 cadeias nevadas existentes no Peru, a cada ano, as massas de gelo baixam 50m ao estado
líquido – um dado perigoso de prospecção para as sociedades andinas.
29
Verifica-se que a região é grandiosa não somente por sua extensão, mas
principalmente pelas possibilidades de serviços ambientais da biodiversidade, pela variedade
e quantidade de recursos minerais, hídricos, energéticos e genéticos existentes, um grande
potencial econômico ainda mal gerido pelos Estados membros e ameaçado constantemente
pela realidade de degradação sócio-ambiental, pela inserção eficiente de atores com interesses
alheios, particulares, e, problemas relacionados à gestão destes recursos17:
17
Fonte: Luis Eduardo Aragón em entrevista à CIEZs /UFPa. Projeto estuda meio ambiente e populaçõa na
Amazônia. Disponível em: http://www.ciecz.com.br/?pg=txtq&id=35&idc=2. Acesso em: 3 abri 2010. E, Tilio
Neto (2003)
30
Fonte: Organización de las Naciones Unidas para La Agricultura y La Alimentación. El estado mundial de La
agricultura y La alimentación. Roma, 2007. p.4.
18
Os dados variam entre 20 e 40 milhões de habitantes e por isso deve-se considerar estes números com
flexibilidade, pelas mesmas razões citadas para as variações de números da extenssão territorial amazônica.
Censos demográficos de anos diferentes e estimativas que não contemplam toda a região são fatores a
considerar. No entanto, no esforço científico de se aproximar de um númeor real, Aragon chegou a 28 milhões
de habitantes, distribuídos em 1.214 municípios (Ver: ARAGÓN, Luis (org.).População e Meio-Ambiente na
Pan-Amazônia. Universidade Federal do Pará, 2007). Planchart (2002) cita 40 milhões de habitantes e Becker
(2004) trabalha com a estimativa de 20 milhões. A OTCA atribui à população também mais 30 milhões (OTCA,
Relatório de gestão 2007-2008)
31
19
RUIZ, Francisco. OTCA, Informe de Gestión: 2007 - 2008. Brasília, 2010. Disponível em: www.otca.info.
Acesso em: 2 mai 2010
20
Fontaine 2006b, p.26 apud Calderón, 2007, p.68.
21
Ver boletim eletrônico OTCA, nº V.
22
Ou floresta urbanizada, como Bertha Becker se refere à Amazônia brasileira desde a década de 1980, chamo
(BECKER, 2005, p.78).
23
Segundo a estimativa do IBGE para 2009: Manaus teria 1.838.641 milhões de hab.; E Belém, 1.437.600. Ver:
http://www.ibge.gov.br/cidades
24
O censo de 2000 do IBGE estima que quase 70% da população na Região Norte vive em núcleos urbanos com
uma das piores distribuições de renda do País. A falta de infra-estrutura e de serviços condena o reconhecimento
32
regiões mais pobres e ou pelo incentivo dado durante os períodos de colonização para
integração, na segunda metade do século XX. O Equador é um país em que ainda não há um
processo de urbanização evidente, já que 64% da população amazônica é formada por
habitantes da área rural.
A Amazônia [brasileira] teve a maior taxa de crescimento urbano no país nas últimas
décadas. No censo de 2000, 70% da população na região Norte estavam localizados
em núcleos urbanos, embora carentes dos serviços básicos [...] 26. A grande aceleração
da urbanização sem planejamento tem levado as cidades da Amazônia a terem índices
muito parecidos com alguns lugares da África, onde não se tem saneamento básico,
acesso à água potável, etc. Há também os temas da terra, da regulamentação
fundiária, toda questão da violência no campo. Todos são problemas extremamente
sérios, mas que, de certa maneira, são conseqüências de toda a história de ocupação
da região27.
desses núcleos como pequenas cidades, apontadas ainda como aglomerados meio rural, meio urbanos. Fonte:
www.ibge.gov.br e BECKER, 2004.
25
Ver boletim eletrônico OTCA, nº IV.
26
BECKER, 2005, p.78
27
Luis Eduardo Aragon em entrevista à CIECZ/UFPA (http://www.ciecz.com.br/?pg=txtq&id=35&idc=2)
33
É na última metade do século que os países signatários dão início aos projetos internos
de ocupação e integração da Amazônia aos contextos nacionais. Projetos quais, responsáveis
pela densidade demográfica na região, mas também pela criação de uma nova zona de
complexidades sócio-ambientais.
Nos Andes, o fluxo migratório serra – selva é ancestral, mas no período em questão,
foi fortemente incentivado pela expansão da fronteira agrícola, em países como Bolívia,
Colômbia e Peru, que tinha dentre seus objetivos aliviar a pobreza nas periferias andinas. No
Brasil, os imigrantes vieram do Nordeste e Sul do país. Pensava-se em solucionar as questões
da Amazônia, utilizando-a como válvula de escape de zonas já problemáticas, o que permitiu
sobretudo, o deslocamento e a multiplicação das qeustões sociais.
Com o apoio de Becker (2005) e Calderón (2007) entendemos que, em linhas gerais,
como fruto deste processo desordenado de povoamento, os novos colonos sofreram com a
ausência de técnica, a falta de capital, a dificuldade de acesso aos serviços básicos e adequados
meios de comunicação para comercialização de seus produtos, refletindo numa agricultura de
baixo rendimento, na falta de condições que sustentassem uma produção em escala, o que
levou entre outros fatores à conseqüente situação de subsistência econômica e maior
28
O tema das migrações internacionais na Amazônia ainda é pouquíssimo estudado, embora seja importante à
medida que ganham relevância iniciativas de integração física como a IIRSA e tendo em vista, a porosidade de
nossas fronteiras (ARAGÓN, entrevista a CIECz – ver ano). É sem dúvida um assunto atual e que merece ser
adiantado, previsto no âmbito do Desenvolvimento Regional Sustentável, ou, novamente, a falta de planejamento
conjunto poderá intensificar a transnacionalização dos problemas comuns.
34
degradação ambiental, fomentada pela presença humana e pela atividade econômica baseada na
falta de manejo racional dos recursos, bem como estando presentes grandes empresas para
explorar o potencial energético e mineral da região.
Segundo a geógrafa, (i) o projeto internacional “até recentemente [era dominado] pela
concepção da Amazônia como uma imensa unidade de conservação a ser preservada, tendo
29
TCA, Amazônia sin mitos, 1992.
30
BECKER, 2004
31
ibid
32
ibid
35
Enquanto que (ii) o segundo projeto internacional de nível regional diz respeito à
integração da Amazônia transnacional no continente sul-americano. É uma perspectiva
importante por incluir – em tese - o território amazônico na dinâmica dos organismos de
integração vigente (MERCOSUL e CAN, principalmente) e fundamental para direcionar o
desenvolvimento regional sustentável, com base nas necessidades e fragilidades internas. Este
projeto, “estruturou-se pelo resgate do Tratado de Cooperação Amazônica (por meio da
OTCA) e também a partir da iniciativa do planejamento físico da integração por meio de
transporte multimodal, difusão da internet nos países vizinhos e intercâmbio energético”.
33
RIBEIRO, 2006 e KILCA, 2006.
36
34
ibid
35
Ponto este ratificado no mesmo Relatório de 1987, que diz que “a pobreza é causa e efeito dos problemas
ambientais” (apud RIBEIRO, 2006:223)
36
Estratégia chamada „coerção velada‟, que consistem em “pressões de todo tipo para influir na decisão dos
Estados sobre o uso de seus territórios” (BECKER, 2004)
37
“Para o presidente, uma proposta „realmente ambiciosa‟ seria 40% de redução de gases-estufa, em comparação
com 1990. Além disso, ele disse que as metas devem ser constantemente reavaliadas, de acordo com as
descobertas científicas sobre o aquecimento global”. “Fonte: Em discurso na COP15, Lula cobra ações dos
países desenvolvidos” (17/12/2009). <http://noticias.uol.com.br/ >.
37
países signatários - em favor dos “custos globais de longo prazo” que acarretariam a
exploração dos recursos naturais da região. Não é o que se percebe, no entanto.
38
Ibid.
39
Para ler mais sobre o caso, acessar a matéria: Amazônia: pode ser um bom negócio? (In: Universia, 20 de abril
de 2006. Disponível em: http://www.universia.com.br/. Acessado em: 10 mai 2010) e ver KILCA, 2006: 105 – A
compra de terras por estrangeiros.
40
ibid
41
ibid
42
Ver KILCA, 2006:116 (grifo meu)
38
43
ibid
44
As mais importantes são: Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (proposta em 1945); Projeto do Grande
Lago Amazônico (1967); A proposta da Cúpula de Haia (1989). Para saber mais, buscar: MATTOS, 1991. e
RIBEIRO, 2006.
39
Como se vê, os principais atores nas propostas internacionais para a Amazônia são
representados por Organismos Internacionais de Cooperação e Organizações não
Governamentais, cuja presença intensa na região, converte-se em motivo de preocupação
para os estrategistas em nível doméstico, principalmente pelo descontrole e rarefeita
fiscalização. No Brasil, para que houvesse maior transparência e segurança seria necessária
uma reforma constitucional era o que afirmava o General Maynard Marques Santa Rosa, à
época do caso citado, Secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do
Ministério da Defesa, bradando contra o governo que suas preocupações eram como “vozes
no deserto”.
Acobertadas por essa proteção [constitucional], defendem interesses ocultos das suas
fontes de financiamento. Sabemos que existem ONGs prolíficas e com atuação
45
“USAID reforçava financeiramente as intensas atividades de ONGs como o Fundo Mundial para a Natureza
(WWF), Survival International, Conservation International, The Nature Conservancy e outras, financiadas tanto
pela USAID como por agências governamentais do Canadá, Reino Unido, Holanda e outros países europeus,
além de fundações familiares do Establishment”.
46
Entenda-se por Governança Ambiental, a totalidade de maneiras pelas quais, os Estados Amazônicos, com a
participação dos atores envolvidos (sociedade organizada e cooperação multilateral) administram suas
problemáticas comuns na região sob a necessidade de uma visão sistêmica. Um conceito policêntrico que
implica fundamentalmente na democratização das iniciativas públicas, multiplicidade de agendas e ambiente
multifaçacetado de atores (stakeholders) e pelo prórpio conceito relativização da Soberania Nacional.
47
CARRASCO, Lorenzo. In: Amazônia em perigo, Correio braziliense (27/05/2007). Disponível em:
http://www.forumseculo21.com.br/. Acessado em: 10 mai 2010
40
48
Declaração do General Maynard Marques Santa Rosa - ibid
49
Fazem parte do projeto geopolítico internacional para a Amazônia (segundo Bertha Becker): Os movimentos
ambientalistas (destaque para as ONGs nacionais e internacionais), a cooperação internacional técnica,
financeira, científica em grandes projetos (PPG7, LBA, PROBEM), organizações religiosas de todo tipo,
agências de desenvolvimento de governos estrangeiros e empresas voltadas para o seqüestro de carbono e/ ou
madeira certificada) .
50
Fundada na opinião pública internacional, a ingerência aparece como uma necessidade de cooperação
internacional, que necessariamente não destrói a soberania, mas a reorganiza faca a novas exigências externas,
destinadas a corrigir efeitos perversos de um abuso Estatal, e assim funciona com a Ingerência humanitária, por
exemplo. Quanto à possibilidade de uma ingerência ecológica deveria em última instância beneficiar à
coletividade social, de maneira global, daí sua importância. Não esqueçamos, porém, que também sob ela,
podem vir articulados interesses exógenos e que nem sempre se traduzem em benefício à população local. O fato
é que tende a se tornar um novo elemento de negociação nas Relações Internacionais, embora por definição a
ingerência contradiga o princípio de não-intervenção, ferindo em tese, a soberania. (TILIO NETO, 2003, cap.2)
51
Ibid. Becker explica que “Há três grandes eldorados naturais no mundo contemporâneo: a Antártida, que é um
espaço dividido entre as grandes potências; os fundos marinhos, riquíssimos em minerais e vegetais, que são
espaços não regulamentados juridicamente; e a Amazônia, região que está sob a soberania de [nove]* Estados
Nacionais” *(nota minha: como o território da Guiana francesa pertence à França, o país europeu também é
soberano sobre esta pequena parcela do bioma amazônico)
52
CARRASCO, Lorenzo. In: Amazônia em perigo, Correio braziliense (27/05/2007). Disponível em:
http://www.forumseculo21.com.br/. Acessado em: 10 mai 2010.
41
Dispersa por toda a região, a população rural fica ainda mais isolada e carente das
necessidades básicas, devido à precariedade infra-estrutural. Por isso, suprir esta deficiência
(transporte e telecomunicações) e tornar esse o eixo central para a integração amazônica é a
iniciativa a ser tomada como prioridade.
Neste processo, Becker destaca a valorização das cidades gêmeas53 como um elemento
fundamental no desenvolvimento e planejamento da Amazônia por que: “nela [na cidade de
53
Zonas urbanas conurbadas* em pontos de fronteira política** / *do termo „conurbação‟, pelo qual a geografia
designa a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, confundindo o limite de ambas.
(www.ibge.gov.br) / São exemplos: **Pacaraima (Roraima) e Santa Helena(Venezuela); Tabatinga(Amazonas) e
42
modo geral] a população está concentrada, e pode, inclusive, impedir a expansão demográfica
na floresta”.
A paisagem porosa nas fronteiras propicia a ação ilícita representada por atividades de
contrabando (recursos naturais, biodiversidade e mercadorias propriamente ditas); crimes
Letícia (Colômbia) e a área MAP - Madre de Dios(Peru), Acre(Brasil) e Pando(Bolívia), que se estrutura como
um embrião mais concreto de intercâmbio organizado e integração.
54
O programa IIRSA foi apresentado em dezembro de 2000, pelo BID, CAF e FONPLATA. Uma reedição do
estudo realizado, em 1996, por Eliézer Batista Silva. Por meio da integração física o programa pretende
consolidar as cadeias produtivas, integrar mercados intra-regionais e reduzir os custos de inserção no Comércio
Internacional.
43
O garimpo ilegal (com destaque para o escudo guianês) e os conflitos de terra (um
problema ainda grave no Brasil, marcado por conflitos sociais – principalmente pela
ineficiência da reforma agrária - e crimes como grilagem55) também são questões a
considerar.
55
Termo que designa no Brasil a venda de terras públicas da União e dos estados federados por meio de falsas
escrituras de propriedade. No país, “em 2006, 46 mil cadastros de imóveis foram vetados devido a suspeitas de
ocupação ilegal da terra (cerca de 21 milhões km² /4,3% da ALB). A grilagem, está usualmente conexa com
outras atividades ilícitas como o desmatamento, a biopirataria,o trabalho escravo e a destruição de reservas
indígenas”(KILCA,2006:105)
56 UNODC. World Drug Report 2005, apud WISCHANSKY, Edileuza.2009
44
todo o século XX57 e que tiveram seus problemas superados por fim, com a criação de um
„Plano binacional de Desenvolvimento‟.
Nos últimos anos, porém, mais do que conflitos por demarcação de linhas de fronteira,
o eixo Equador, Colômbia, Venezuela tem sido palco de tensões de cunho fortemente político,
atrelado ao populismo personalista de seus chefes de Estado e, atiçados por eventuais
„incidentes diplomáticos‟, como o ocorrido entre Equador e Colômbia em 200858, em parte,
resultado da transnacionalidade do narcotráfico. Geralmente culminam em ameaça ou
efetivação temporária de corte de relações diplomáticas. É importante notar, porém, que se
têm logrado a resolução pacífica de crises diplomáticas e o Brasil tem sido um ator
importante, na eventual mediação destes.
57
Existente desde 1901, as indefinições na zona de fronteira entre o Peru e o Equador levaram a conflitos
armados, dos quais o mais grave ocorreu entre 1941 e 1942, do que decorreu o protocolo do Rio de Janeiro, cuja
descrição da linha de fronteira não se validava na realidade geográfica da zona, resutlando em novos conflitos
em 1981 e 1995. Consolidando por fim, em 1998, um acordo de paz. Ver mais em
http://www.planbinacional.gov.ec/
58
Referente à invasão do território equarotiano, pelo exército colombiano para desmontar uma base das FARC
em território vizinho.
59
Criado e instalado em 2000, destina-se oficialmente a combater a produção e o tráfico de cocaína na
Colômbia, bem como auxiliar na desestruturação das FARC.
45
Por iniciativas dos países membros, a região é considerada uma das áreas mais
desmilitarizadas do mundo, ao se projetar os efetivos militares totais existentes na sua grande
área física total. Com exceção do Brasil, Colômbia e Venezuela há parcos investimentos em
atividades nacionais de defesa. Ainda que – com exceção a Guiana e Suriname - os demais
países possuam um Ministério da Defesa, o que em tese, poderia facilitar as ligações para a
cooperação militar60.
Diz-se em tese porque nas duas instâncias regionais que tratam sobre defesa e
segurança, a „Comissão de Segurança Hemisférica da OEA‟ e a „Reunião dos Ministros da
Defesa das Américas‟(atuante desde 1995), não há unanimidade (nos âmbitos militar e
estratégico) quanto às questões comuns que ameaçam o continente sul-americano entravando
planos de ação efetivas, e nelas, “a questão amazônica tem sido alvo de atenção limitada”61.
60
ESPÍNOLA et OKAMURA, 2008.
61
MYIAMOTO, Shiguenoli. In: NASCIMENTO, Durbens (org.), Relações Internacionais e Defesa na
Amazônia, Belém, PA: NAEA; UFPA,2008.
62
SILVA, Marcelle. 2007.
46
Um território de riquíssimo valor mineral (ouro, diamante e nióbio) e considerado ideal para
a atividade agropecuária, crucial para a economia roraimense”, estado em que os territórios
inídegenas representam praticamente a metade do total (104 mil de 204
O tema encaixa com a indagação levantada por Bertha Becker sobre o que fazer depois
de demarcada a terra indígena: “apenas deixar o índio lá?” (BECKER, 2005). Concorda-se
com a qualificação do ex-General da Amazônia (brasileira) Augusto Heleno Ribeiro Pereira,
que atribuiu à política indigenista do governo Lula o título “lamentável para não dizer
caótica”, afirmando que os índios "[gravitam] no entorno dos nossos pelotões porque estão
completamente abandonados"64.
63
ONU quer a Amazônia, matéria do jornal BandNews, 13 jun 2008. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=VUJHK-bMi6k&feature=player_embedded. Acessado em: 02 fev 2010
64
Matéria: Política indigenista é lamentável e caótica, diz general. Folha Online, 17 de abril de 2008
47
Uma vez que, sem educação, saúde e trabalho digno é difícil cobrar esclarecimento em
termos de cidadania, ou exigir que os atores sociais atuem como agentes de sua própria
história pressionando a esfera pública e, novamente, não somando forças na persuasão e
dissuasão de valores coletivos favoráveis ao desenvolvimento.
Bertha Becker (2005) sustenta que se faz urgente rever o modelo pelo qual toda a
América Latina foi colonizada e construída. A economia de fronteira, baseada na contínua
incorporação de terra e de recursos naturais67 deve ser substituída. E este é um imperativo
internacional, nacional e também regional, na medida em que os atores locais organizados já
oferecem resistências ao uso predatório dos recursos.
Desde a década de 70, o debate mundial tem avançado na criação de uma nova Teoria
do Desenvolvimento; cujo padrão Sustentável, ao receber esta adjetivação, desdobra-se em
três vertentes, de tratamento equitativo: socialmente includente (que tem por objetivo central a
erradicação da pobreza e a justiça social, bem como a participação social no processo de
desenvolvimento), ambientalmente sustentável (baseada nos três „R‟: reduzir, reciclar,
reutilizar, mas também inovar – para reduzir os impactos da vida humana sobre o meio
ambiente) e economicamente sustentado no tempo (quando atribui ao crescimento econômico
65
Nota do Relatório Nosso Futuro Comum citado por Nelson de Figueiredo Ribeiro em Geopolítica da
Amazônia, da soberania difusa à soberania restrita.
66
MELO, Alex Fiúza de. In: RIBEIRO, 2006 – apresentação do livro.
67
Economia de fronteira: termo atribuído ao paradigma de relação sociedade-natureza de Kenneth Boulding que
traduz o crescimento econômico, como linear e infinito, a partir da incorporação de recursos naturais, também
infinitos. Este padrão obteve seu auge nas décadas de 1960 a 1980. (BECKER,2005)
49
uma condição fundamental, como um meio que vislumbre as esferas anteriores e não um fim
em si mesmo). Assim que, o conceito em si é baseado:
68
“Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os
consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de
mercado do bem em questão” (SAMPAIO DE SOUZA, 2008. p. 1).
69
SACHS, 2006
70
Ibid. Ver também: BARBIERI, José C. e LAGE, Allene C. Avaliação de Projetos para o Desenvolvimento
Sustentável: Uma análise do Projeto de Energia Eólica do Estado do Ceará com base nas dimensões da
sustentabilidade. Disponível em:
http://www.fiec.org.br/artigos/energia/avaliacao_projetos_desenvolvimento_sustentavel_energia_eolica_ce.htm
50
Além destes pilares citados pelo autor, a face tecnológica também merece destaque,
dado que sem pesquisa e inovação científica não há como conciliar e convergir as múltiplas
dimensões no âmbito do desenvolvimento. Inclui a promoção do desenvolvimento científico e
tecnológico local, o fomento de parcerias entre órgãos governamentais e não governamentais,
universidades, mercado e sociedade civil, promovendo o intercâmbio, a cooperação técnica e
investindo no desenvolvimento de recursos humanos locais para conformar uma rede
integrada de ciência e tecnologia.
Para direcionar estes pilares de Desenvolvimento, o autor toma por base a reunião de
Joanesburgo (2002), a partir da qual, visualizam-se quais as mudanças necessárias a serem
adotadas pelos países do Norte e do Sul para a promoção do Desenvolvimento Sustentável no
51
globo. Recomendações que bem podem ser transportadas ao âmbito da OTCA. Destacamos as
seguintes:
Transplantando estes pilares de ação para o nível regional da OTCA, temos por hipótese
que:
71
Ingresso econômico qualificado, segurança jurídica, demandas sociais, educação, cultura e meio ambiente
equilibrado e defesa.
52
O autor admite que em nível global, “as perspectivas imediatas são sombrias”
(SACHS, 2006: 16), mas que também o gerenciamento das urgências de curto prazo deve
estar vinculado ao mesmo marco conceitual do Desenvolvimento Sustentável, que se
aplicariam às estratégias de médio e longo prazo. Ou seja, a promoção deste padrão requer
uma „mudança imediata de paradigma‟, com o crescimento econômico, baseado na
mobilização de recursos internos (humanos e naturais) e capacitação local de planejamento.
72
A autora se refere com exclusividade à Amazônia brasileira, mas as propostas podem ser repensadas em nível
regional.
73
“Porque o Brasil já fez umas boas e importantes, como a exploração do petróleo em águas profundas,
transformação da cana em álcool e a revolução do cerrado”. (Ver matéria „Bertha Becker propõe uma revolução
para salvar a Amazônia‟, entrevista concedida à Ângelus Figueira, em 24 de maio de 2008. Disponível em:
http://blogdofigueira.blogspot.com/2008/05/bertha-becker-prope-uma-revoluo-para.html. Acessado em 01 mai
2010)
53
Assim como foram criados mecanismos para evitar o abuso do capital sobre a força de
trabalho (sindicatos, leis trabalhistas e de direitos civis e humanos), no início da
industrialização; o momento atual demanda a regulação dos mercados de biodiversidade 75, de
modo negociado a fim de garantir benefícios para as populações locais. Nesse cenário o papel
do Estado é fundamental, assim como a pressão da sociedade civil, ainda não atenta e bem
informada sobre o tema (BECKER, 2005). Observa-se que negociações bem feitas quanto ao
uso e apropriação de recursos naturais na Amazônia é fato ainda desconhecido, basta ver o
entorno dos grandes pólos minerais (na porção brasileira, por exemplo), que deixam em
termos de compensações quase nada à população local.
74
Bertha Becker em entrevista concedida à FIGUEIRA, Ângelus.
75
“Existem iniciativas encaminhadas como a Prototipe Carbon Fund, do Banco Mundial, sistema difícil de
implantar, visto que as patentes e a distribuição de benefícios para as populações locais não foram ainda
regulamentadas no país” (BECKER, 2005)
76
Bertha Becker em entrevista concedida à FIGUEIRA, Ângelus.
54
Valor de uso direto Valor de uso indireto Valor de opção Valor de existência
77
Fonte: Organización de las Naciones Unidas para La Agricultura y La Alimentación. El estado mundial de
La agricultura y La alimentación. Roma, 2007. p.40
55
Serviços do
Beneficiados Compradores
Ecossistema
Fonte: Organización de las Naciones Unidas para La Agricultura y La Alimentación. El estado mundial de La
agricultura y La alimentación. Roma, 2007. p.40
Alfredo Homma78 trabalha como idéia central, a utilização integral das áreas já
desmatadas e a atribuição de valor de não uso para manutenção das florestas em pé: toda
política pública para a Amazônia deve estar voltada para a utilização de mais de 67 milhões
de hectares (2004) que já foram desmatados e que constituem a “segunda natureza”. Área,
cujo potencial poderia ser convertido com o uso adequado de práticas agrícolas e pecuárias; e
com a adesão de outos projetos para as áreas que “não deveriam ter sido desmatadas”: como
reflorestamento de madeiras nobres (produção de madeiras nobres, compensados, carvão
vegetal, celulose, energia e cavacos) de modo a criar atividade econômica nas áreas
78
ibid
56
impróprias para a agricultura; projetos MDL para atender uma demanda crescente por
Mercado de Crédito de Carbono.
Nas cidades amazônicas (do Brasil), o custo da cesta básica é um dos mais altos do
país, porque grande parte do alimento consumido diariamente é importada de outros estados.
A região precisa de investimento interno para atender as demandas internas. Tendo também
em vista que a soja é um produto de monocultura cíclica, como tantos outros o país vivenciou
desde o período colonial, e por isso, pelas razões históricas não é conveniente incentivar a
inserção do grão na Amazônia.
Ambos, porém, estão de acordo, quando se fala em uma forma inovadora de produzir
desenvolvimento regional, cujas estratégias, qualquer que sejam, dependerão de maiores
investimentos em ciência e tecnologia, assistência técnica, infra-estrutura social para vencer o
atraso que, aos poucos, torna-se irreversível. A Amazônia Legal Brasileira recebe apenas 2%
dos recursos da União para Ciência e Tecnolocia – número que deve ser “quadruplicado nos
próximos dez anos”80.
79
ibid
80
ibid
81
ARAGÓN, 2008. Em entrevista à CIECz (Ciência e Comunicação na Amazônia/ UFPa) o professor destaca a
parceria do programa de pesquisa com a OTCA “para saber que políticas e que medidas devem ser tomadas em
nível de Amazônia como um todo”. Ainda, que tem recebido contrapartida do organismo: “é importante é ligar-
nos cada vez mais com a OTCA, que nos tem consultado regularmente, tem analisado nossas publicações que
são citadas e discutidas, e isso é extremamente interessante”. Disponível em: http://www.ciecz.com.br/.
Acessado em 02 mai 2010
57
visualizando a Amazônia como uma unidade: “Hoje, nós vemos que é extremamente
complicado desenvolver ações individualizadas [...], não adianta muito um país ter uma
excelente legislação ambiental, quando o outro não tem”. A pesquisa científica não pode ser
assimétrica e desordenada, criar e integrar as redes de C&T, sejam de instituições ou de
pessoas, é um primeiro passo, pois estas redes são precursoras da integração regional: “não só
os colombianos analisando a Amazônia colombiana, os bolivianos a Amazônia boliviana, os
brasileiros a Amazônia brasileira, mas integrar as ações de pesquisa”. Desenvolver
conhecimento e pesquisa, orientados para a proposição de dados e para construção de
políticas públicas macro, de nível regional, segundo ele.
E mais, essa pesquisa deve ser capaz de inovar, pois as particularidades regionais
(dimensão territorial, multiplicidade de ecossistemas e população dispersa, entre outros) não
são encontradas em outras áreas do mundo, de forma que se torna inivável replicar projetos de
desenvolvimento. É necessário articular as particularidades nacionais, sempre visulizando a
região da forma continental como é, integrando e consolidando dados cada vez mais
confiáveis e convergentes.
82
MAPAZ - Grupo de Pesquisa Meio Ambiente, População e Desenvolvimento da Amazônia (MAPAZ),
formalmente cadastrado no CNPq no ano 2000. Integra um grupo macro de pesquisa formado por pesquisadores
de toda a região amazônica.
83
Dados do INPA apud ARAGON, 2007. In: AMAZÔNIA: COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E O PAPEL
DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA DO BRASIL Anais da 59ª Reunião Anual da SBPC - Belém,
PA - Julho/2007.
58
capacitar a população a pensar sua região fomenta o sentido de lugar, de identidade, uma
característica ainda carente, mas vital para promover envolvimento político e organização
social nas demandas públicas. Ou seja, somar forças na elaboração de planos e estudos,
aportando idéias, conhecimentos tradicionais, cultura, ou seja, propostas concretas e reais que
possam levar a novas atitudes em relação à Amazônia e sua gente. E dentre tantos os
problemas, os intelectuais apontam como unanimidade, a ausência do Estado e das
instituições responsáveis por fazer cumprir a lei.
84
Ver OTCA Boletim Informativo Nº I, p. 6 - Disponível em: <www.otca.info>
59
Ratificada na Carta Magna de 1988 (RIBEIRO, 2006), a questão ambiental foi tratada
no capítulo VI, do Título VIII (Da Ordem Social), que preconiza para o poder público, a
promoção de um meio ambiente equilibrado como um direito coletivo. Sobre a Amazônia,
estabelece a soberania nacional e pressupõe o manejo ambiental adequedo da Floresta,
compartilhando a responsabilidade sobre o trato ambiental, entre as três esferas de poder
federado.
85
SOUSA, Ana Cristina. A evolução da Política Ambiental no Brasil do século XXI. Disponível em:
<http://www.achegas.net/numero/vinteeseis/ana_sousa_26.htm>. Acesso em: 02 abril 2010.
60
Por exemplo, não atrelava sequer as áreas de saúde e saneamento, áreas alvo de
políticas setoriais próprias, que exercem e sofrem impactos extremamente visíveis
sobre o meio ambiente. Para se ter uma idéia, o lançamento de esgoto a céu aberto é,
segundo o IBGE, hoje, a degradação ambiental mais freqüente nas cidades brasileiras,
o que gera, por conseqüência, um impacto negativo na saúde coletiva, especialmente
a infantil88.
Quando não estava isolada, a política ambiental conflita(va) com as políticas de
desenvolvimento, um impasse que marca toda a década de 90 e adentra o próximo século (a
um só tempo, expressão e indução do conflito [social])89.Com o intento de superar esse
conflito, a união e os estados parte da Amazônia brasileira fecharam, em 2008, o Plano
Amazônia Sustentável (PAS), que detalha em 16 pontos, diretrizes estratégicas para o alcance
do Desenvolvimento Sustentável Regional, a partir de operações de planos sub-regionais.
86
Documento resultante da ECO-92 que trabalha diretrizes para promoção do Desenvolvimento Sustentável em
nível global.
87
SOUSA, Ana; RIBEIRO, 2006.
88
SOUSA, Ana;
89
BECKER, 2005.
61
Por outro lado, o intento de construção de Belo Monte, por exemplo, tem provocado
reação social local e global, com todas as prerrogativas ambientais, o BNDES se dispõe a
financiar 80% dos 19 bilhões de reais orçados para a obra (pelo menos R$ 30 bilhões,
90
Presidente Lula em entrevista Cooperação Amazônica: (Teoria e Debate nº 80 - janeiro/fevereiro 2009)
http://www.fpabramo.org.br/conteudo/entrevista-luiz-inacio-lula-da-silva-cooperacao-amazonica
62
O que se nota pela obervação da realidade local é que o país não alcançou ainda a
compatibilização (econômico, social, ambiental) e, não há na negociação dos âmbitos público
e privado, o retorno adequado à população local pelas riquezas produzidas na região, em
parte, falta de uma política propositiva dos governantes locais. Assim é com Tucuruí e com os
grandes projetos de mineração, isentos de imposto de exportação dos minérios e semi-
elaborados. Há conflitos sociais e lentidão na implantação de métodos adequados.
91
Ver BECKER, 2005. Ver matéria O Frankenstein de água, por Lúcio Flávio Pinto. Disponível em:
<http://colunistas.yahoo.net/posts/1797.html>. Acessado em: 13 de mai 2010.
63
CAPÍTULO 3
92
RICÚPERO, 1984:194 apud ANTIQUERA, 2006: 140
93
VIZENTINI, 1998:51
64
d‟ O Globo de 1/8/1970 faz referência a uma reunião ocorrida em Letícia, com representantes
de Brasil, Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador, onde “o delegado brasileiro,
Danton Deamon, afirmou que é preciso buscar esses objetivos através de „soluções conjuntas
que integrem a área amazônica sul-americana e beneficiem cada país em particular‟” 94.
De certo modo, este receio era um mito, já que o Brasil havia definido seu território –
praticamente todo por vias diplomáticas - durante a gestão do Barão do Rio Branco no
Itamaraty e, apesar da condição priori de Estado territorialmente satisfeito, persistia-lhe um ar
de “país geófago”, conforme observado no relato de Nelson de Figueiredo96.
Mais consistente afirmar que o temor dos países vizinhos quanto às pretensões
brasileiras, estivesse relacionado à possibilidade de que a integração física e o incremento do
comércio ao norte conferissem ao Brasil uma maior expansão de suas influências geopolíticas
e econômicas. Por outro lado, é de se notar que um acordo multilateral não é a melhor
alternativa para um país interessado nos recursos de outro; acordos bilaterais,
complementados com acordos privados (entre empresas), seriam mais concretos neste
sentido97.
94
Apud PEREIRA, 1971: 402,403
95
ANTIQUERA, 2006:44
96
O autor (RIBEIRO, 2006:208) narra que, em participação durante uma reunião em Manaus – 1966 - entre os
embaixadores do Brasil junto aos países amazônicos, um embaixador lhe teria advertido em segredo: “Cuidado,
esses países têm o Brasil como um país geófago”. “Embora não conceituado fica claro que o termo designaria
um país que se apropria de outros territórios que inicialmente, não faziam parte de seu „corpo‟ territorial” (Nota
de Vargas Kilca, 2006:21).
97
ANTIQUERA, 2006.
65
os Estados Unidos parecia bem mais estratégico ao governo brasileiro. Assim que, os países
amazônicos não corresponderam às iniciativas propostas em discurso pelo Brasil, para
inserção e ocupação geopolítica da região em toda sua unidade.
Este temor pelo TCA devia-se também à coincidência de este ter sido proposto em
1976, quando o Pacto Andino passava por uma crise interna99, de modo que o primeiro
pudesse representar concorrência, fragmentação ou disputa de influência sub-regional. Mas
como um todo na América Latina, “os grandes esquemas de integração latino americana
(ALALC e SELA) já mostravam suas dificuldades, o que explica a tendência a acordos sub
regionais, menos pretensiosos, de que são exemplos o Tratado da Bacia do Prata, o Pacto
Andino e o próprio TCA” (ANTIQUERA, 2006, p.45).
98
“O termo foi utilizado por CARRASCO, op. cit., p.19” – apud KILCA,2006:51
99
Foi originalmente formado por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Em 1973, a Venezuela ingressou no
Pacto e, em 1976, o Chile se retira em razão do governado Pinochet ter sido contrário aos projetos de integração
regional.
67
Assim se deu que na reunião seguinte, ocorrida em Brasília a 31 de março de 78, “sob
reservas e apreensões, em intensidade menor do que aquelas que marcaram a primeira
rodada” (KILCA, 2006:52) foi acertado o mecanismo de unanimidade nas decisões, a fim de
evitar formação de blocos internos, tendo também sido feita a revisão do anteprojeto. O
anterior artigo oitavo foi reformulado com a expressão „desenvolvimento harmônico‟
alterando o termo „integração regional‟.
Neste sentido, das controversas bilaterais vale lembrar que, com exceção ao Brasil, os
países pretensos ao TCA mantinham entre si conflitos territoriais, um fator que tendia a
tensionar a cooperação. Em especial, este ponto se convertia em temor para Venezuela (em
100
“A intenção brasileira era criar um macrocomércio, visando um Mercado Comum Amazônico, em termos de
cooperação e de integração. Esse objetivo, porém, não foi alcançado, pois as outras partes contratantes temeram
um expansionismo do Brasil.” (MATTOS, 1991:26)
68
disputa territorial com a Guiana) e Peru (em conflito com o Equador)101. De modo que para
superá-lo, optou-se que o Tratado se abstivesse explicitamente dessas questões, conforme
redigido no artigo XIX.
101
A questão limítrofe (159 km² do Essequibo) entre Venezuela e Guiana, data de 1899, quando o segundo era
ainda colônia inglesa. Em relação à questão Peru/ Equador, o tema foi trabalhlado no capítulo 2.
102
KILCA, 2006:55 - 61
103
In: Amazônia Sin Mitos, Wasuington D.C: BID, PNUD, TCA,1992,P38.
104
MEDINA E CAUBET, apud KILCA, 2006: 62
69
Daniel Antiquera julga a solução diplomática contida no Pacto Amazônico sob três
perspectivas objetivas: (i) o debate internacional e a posição do Brasil no mundo, (ii) o
contexto regional e, (iii) as questões específicas da Amazônia.
105
Armando Gallo Yahn Filho, apud KILCA, 2006: 62
106
Carrasco, Juan Pablo. El Tratado de Cooperación Amazónica. NUEVA SOCIEDAD NRO. 37 JULIO-
AGOSTO 1978, PP. 19-25. Disponível em: <http://www.nuso.org/upload/articulos/446_1.pdf>. Acesso em:
12mar 2010.
107
In: KUCINSKI, Bernardo. La Amazônia y La Geopolítica del Brasil. NUEVA SOCIEDAD, num.37, Julio –
agosto, 1978, P.29 apud Daniel Antiquera, 2006
70
Por base do acordo assinado, entende-se que o Brasil tendo tomado a fronte das
negociações, tenha priorizado o contexto regional. Conseguindo o aval dos oito países, logrou
a aproximação dos vizinhos setentrionais (um elemento da política externa geral do país para
o período) mitigando os receios e resistências dos mesmos, uma necessidade que prevaleceu
sobre o desafio micro regional proposto pelo Brasil, em nível amazônico. E no plano mundial
a resposta foi clara, os países amazônicos demonstravam – em tese- capacidade diplomática
para agir organizada e concertadamente contra a inteferência estrangeira108.
Composto por 28 artigos, a redação do Pacto Amazônico não dispõe sobre qual seria a
natureza jurídica do acordo. E para equacionar tal questão, Emilio Planchart aborda a
exclusão, ou seja, o TCA não se trata de (i) acordo entre bacias hidrográficas; nem se constitui
n‟um (ii) programa de integração física, nem n‟um (iii) modelo de integração econômica. Mas
sim, de um “acordo-quadro flexível, capaz de nortear matrizes coerentes para o
108
ANTIQUERA, 2006
71
Por fim, Adherbal Meira Mattos(1991) é mais pragmático, segundo quem o TCA é um
“Tratado Inter-regional de Cooperação econômico-social” baseado nos seguintes princípios de
acordo com o preâmbulo do documento: a cooperação, o desenvolvimento, o respeito à
soberania e a preservação do meio ambiente.
E como objetivos, Kilca (2006:57) cita oito pontos macro interdependentes: afirmação
da soberania sobre suas respectivas áreas amazônicas e o desenvolvimento da região,
considerados particularmente importantes. Em sequência, a conservação/preservação de
recursos naturais, a pesquisa científica e o intercâmbio de informações, o comércio, as
comunicações transportes (infra-estrutura), as fito-sanitárias e, por fim, o objetivo da
cooperação entre as partes.
109
Citado por KILCA, 2005: 72
110
ANTIQUERA, 2006.
111
MEIRA MATTOS, 1991:19
72
Transportes e Comunicações (art.art. III, V,VI e X); Pesquisa e Equilíbrio Ecológico (art. VII
e IW); Saúde (art. VIII) ; Recursos Humanos e Naturais (XI,XV,XVI,XVII,XVIII e XIX);
Comércio e Varejo; Turismo e Conservação de Riquezas Enológicas e Arqueológicas (art.
XIII e XIV) 112.
112
Note-se que o documento tenta dar conta das amplitudes setoriais que abarcam as necessidades do território
amazônico, mas não incorpora ao mesmo a questão da defesa e segurança e não enfatiza a integração física.
73
Alcançar uma participação efetiva das populações indígenas de cada país a fim de
promover questões com respeito aos conhecimentos tradicionais, de propriedade
intelectual e industrial.
(iii) Os aspectos formais dizem respeito aos aspectos jurídicos propriamente ditos, dos
quais, destacam-se: a admissão do veto e do voto por unanimidade (como garantia aos
princípios de soberania igualdade jurídica, autodeterminação e não intervenção) e, a não
admissão de reservas pelas partes integrantes e de novas adesões113.
113
Ver mais em MATTOS, Aderbhal de Meira. 1982.
74
Elaborada tal análise, Mattos (1991) atribui como hipótese ao insucesso do TCA, o
fato de este configurar-se como um Acordo-Quadro de cooperação econômico-social e por
isso não possuir faculdades de um projeto de integração político-econômica, como a
existência de um poder executivo ou poder judiciário, tornando frágeis os sistemas internos
criados paralelamente neste sentido – a RMRE e o CCA. Destaca também no documento, o
não consentimento de poderes à iniciativa privada, a ausência de cuidados com a questão
bélica e a ausência de sanções contra inadimplemento ou desrespeito ao Tratado.
(i) Defensiva – protecionista (1978 a 1989): como já foi trabalhado, um dos pontos
objetivos do TCA estava caracterizado pela necessidade e vontade conjunta de reafirmar a
soberania nacional ante as pressões externas. “Uma postura „defensiva‟ que parece ter ficado
restrita ao documento, uma vez que a primeira década de vigência do Pacto conscidiu com
uma inatividade política.
114
ANTIQUERA, 2006:81
115
ARANIBAR QUIROGA, 2003 apud Plano Estratégico OTCA 2004-2012
75
116
Ver OTCA, Base jurídica, 2002: 53.
117
Ver TCA, Base Jurídica, 2002.
118
Saúde, Infra-estrutura, Educação e Turismo, Ciência e Tecnologia – Verificar TCA, Base Juríria, 2002
(confirmar quais são estas comissões que existiam até 1989)
119
Para a Comissão Especial do Meio Ambiente foram atribuídas as seguintes funções: a) estruturar no marco do
TCA, ações e medidas conjuntas de manejo ambiental, que favoreça a realização de projetos de desenvolvimento
sustentável; b) definir e promover os estudos e investigações concordantes com suas finalidades de acordo com
as prioridades determinadas pelo Conselho; c) considerar a unificação e/ou inter-relação de metodologias para
avaliação dos impactos ambientais; d) elaborar programas conjuntos na área; e) analisar a possível
compatibilização de legislações ambientais na região.
76
Esta revalorização política, novamente estava incutida sob o continuismo das pressões
internacionais referentes ao meio ambiente e, sob as transformações políticas internas no
Brasil que lhe permitiam, junto aos países membros, aproveitar o debate ecológico para captar
recursos internacionais, por intermédio da utilização do conceito do desenvolvimento
sustentável121. Nesta reunião, os países reconheceram pela primeira vez, a necessidade da
ajuda financeira internacional para que pudessem “cumprir a obrigação de proteger o meio
ambiente e promover o desenvolvimento”122, uma orientação diferente do mecanismo
fechado, aportado em 78 e que persistia ainda nos primeiros anos da década de 80. Originava-
se daí, a proposta feita em 1993 pelo Itamaraty, de transformação da Secretaria “Pro
Tempore” em Secretaria Permanente123.
120
Excerto da Declaração dos presidentes de 1989 (ANTIQUERA, 2006 91)
121
Referente ao parágrafo 8, da Declaração da Amazônia, na íntegra: “RESSALTAMOS a necessidade das
preocupações expressas pelos países desenvolvidos, quanto a conservação do meio ambiente amazônico se
traduzam em medidas de cooperação nos planos financeiro e tecnológico [...].”
122
Parágrafo 4 da Declaração da Amazônia. Ver: TCA, Base jurídica, 2002.
123
O tema do fortalecimento institucional do TCA aparece pela primeira vez na III Reunião de Ministros das
Relações Exteriores, em 1989 - Quito. No entanto, formalizado em 1993 foi levado à discussão na I reunião
extraordinária do CCA (realizada em Quito, entre 19 a 22 de julho do mesmo ano. Para saber mais ver:
QUIROGA, 2003 e ANTIQUERA, 2006
124
Parágrafo 4 da Declaração da Amazônia. Ver: TCA, Base jurídica, 2002.
77
Relações Exteriores125, quando estes já tinham em mãos os estudos realizados pela CCA em
94, sobre as implicações técnicas, administrativas, jurídicas e financeiras da instalação de uma
secretaria permanente126. Desta reunião, resultou a Declaração de Lima127 que firmava entre
outras: a criação de uma Secretaria Permanente do TCA, com sede em Brasília128; o
estabelecimento de um mecanismo financeiro para o tratado; a aprovação de modificações e
emendas ao regulamento da secretaria pro tempore; entre outros.
125
Note-se que já haviam decorrido dois anos desde a proposição para alterar os mecanismos do Tratado,
realizada pelo Itamaray até a reunião de 1995 ou então, seis anos desde a primeira cúpula de presidentes. A
lentidão nas decisões e concertações é um ponto a ser considerado adiante na análise da atuação do organismo.
126
Na VI reunião do Conselho de Cooperação Amazônica, o Brasil reiterou a proposta e foi encaminhada uma
comissão para estudar as implicações para a criação de uma secretaria permanente. Ver ANTIQUERA,2006:147.
127
Ver TCA: Base jurídica, 2003:74
129
VARGAS KILCA, 2006: 75
78
A criação deste órgão permite maior operacionalidade a SP, à medida que se encarrega
de temas específicos para o funcionamento e manutenção da mesma, como propostas e
organização de candidaturas aos cargos (perfis e salários), política financeira, apoio à
organização de reuniões e eventos, formulação e discussão de minutas para as RMRE e
reuniões do CCA e acompanhamento do pagamento das cotas131.
130
Convocada na VII RMRE - Santa Cruz de la Sierra, 22/11/2002.
131
Ver OTVA? Base Juridica, 2002
132
Ver OTCA: Base Jurídica, 2002.
79
133
ANTIQUERA, 2006:170
134
Art.III protocolo de Emenda. Ver OTCA: base jurídica, 2002.
135
Art. II, protocolo de emenda. Ver OTCA: base jurídica, 2002.
136
ALTMANN Jossete. Facultad Latinoamericana de Ciências Sociales (Secretaría General). Dossier OTCA. 1º
ed. – San José, C.R.: FLACSO, 2008.
80
c) Staff administrativo, liderado por uma Secretaria Geral é caracterizado por ser
totalmente autônomo em relação à possibilidade de receber instruções na formulação
da política da organização. Notemos também que a SP/OTCA não possui total
independência na formulação de suas políticas.
137
Apud CALDERÓN, 2007 p. 91.
81
e) Assembleia Parlamentar; embora este órgão não esteja incluso no TCA de 1978, pode
ser representado pelo Parlamento Amazônico, exixtente de 1989, porém pouco
atuante, também em razão da não formalização deste mecanismo no âmbito do
Tratado.
CAPÍTULO 4
A OTCA busca, através de seu programa estratégico, alcançar uma visão pan-
amazônica com o intuito de superar a visão fragmentada atual. Somente assim será possível
implementar ações sustentáveis de cooperação138.
A idéia da chancelaria brasileira era de que “este novo organismo fosse tão
desburocratizado quanto o possível, estabelecendo-se como um interlocutor estável,
facilitando o acesso [sic] a fontes internacionais de financiamento de mais longo prazo
reservadas a projetos de maior envergadura”140, de forma mais eficiente, sistemática e
organizada141.
138
ARAGÓN,2007
139
Art.I, Protocolo de emenda. Ver: OTCA: base jurídica, 2002.
140
VARGAS KILCA, 2006:77
141
ANTIQUERA, 2006
84
142
Conforme as três perspectivas de solução do TCA, explicadas no capítulo 3
143
ANTIQUERA, 2006
144
ibid
145
Em discurso sobre o final de seu mandato na OTCA, no Senado Federal brasileiro, Rosália Arteaga afirmou
que foi necessário "forçar a barra" para que a organização fosse ouvida, da mesma forma que o são o Mercosul, a
Comunidade Andina de Nações (CAN) e a Associação Latino-americana de Integração (ALADI) no inicio do
processo de construção da União de Nações do Sul (Unasul, inicialmente CASA). Fonte:
http://www.acordapara.com.br/.
85
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer, reforçou este sentido [de
articulação regional] da OTCA:
Em relação à defesa, o tema foi pauta de uma reunião inédita, realizada em 2006 na
Colômbia, entre os devidos ministros nacionais para a defesa e segurança integral, num
esforço de revisão parcial do plano estratégico. Apesar do encontro não se obteve avanços no
planejamento de ações concretas. Tampouco, intuito de cobrança de ações dos outros
organismos regionais competentes.
Quando foi criado conforme visto, o TCA firmava seu caráter pioneiro, “mas não
obteve o impulso esperado”147. Logo seria ingênuo aguardar grandes resultados. Mas e hoje
146
Texto de apresentação do Plano Estratégico. Ver OTCA: Plano Estratégico. Brasília, 2004.
147
MATTOS, 1991
86
Para encerrar este item, um excerto do Plano Estratégico que se faz pertinente:
embaixadores dos países membros no Brasil, o que também significa um contato mais
próximo com esses representantes148.
A Amazônia brasileira é o núcleo da região, uma vez que representa a maior extensão
territorial e por fazer fronteira com praticamente todas as nações amazônicas (com exceção ao
Equador). O Brasil é o país mais rico (em termos de PIB) e o de maior força política dentre os
oito integrantes. Logo, a liderança do Brasil pode exerce um duplo sentido no caminho da
OTCA, à medida que os chefes de Estado e o Itamaraty desejarem o avanço dos mecanismos
intra-regionais, a OTCA terá mais chances de avançar.
Entenda-se aqui, que a influência atribuída ao Brasil ante o organismo não denota
hegemonismo já que a operacionalidade via voto unânime prevalece, mas se trata de revelar
que as intenções da habilidade diplomática e política do Itamaraty dentro da organização
possuem uma responsabilidade adicional, em função do próprio histórico da Política Externa
brasileira. A óbvia conclusão da Ex-secretária dá conta desta responsabilidade conjunta dos
países membros: “a OTCA pode chegar até onde permitirem os governos”149.
148
ANTIQUERA, 2006
149
OTCA, Informe de Gestión: Síntese 2004 - 2007
88
O orçamento saltou de cerca de US$ 1 milhão para mais de U$$ 30 milhões, graças à
captação de recursos da Cooperação Internacional. Internamente, 90% das cotas de
participação foram arrecadadas “em uma demonstração de compromisso dos países
membros”151, ainda que a própria Secrataria já considerasse em 2006, a captação de recursos
internos insuficiente para a dimensão dos trabalhos.
150
O secretário Francisco Ruiz MArmolejo foi eleito para ocupar cargo interino por período de dois meses (02
de julho de 2007 a 29 de agosto de 2007), período em que se concluiriam as consultas nacionais para eleger –
por unanimidade – o novo Secretário-Geral150, porém esteve à frente da OTCA por quase dois anos.
151
SERRANO, Rosália. OTCA, Informe de Gestión: Síntesis 2004-2007. Brasília, 2007. Disponível em:
www.otca.info. Acesso em: 1 abril 2008.
89
lembrado a Ex- Secretária – Artega: a decisão sobre celebração de convênios fica a cargo dos
países amazônicos152.
Sobre os enlaces institucionais, Rosália Arteaga, havida declarado várias vezes que,
para o cumprimento de seus objetivos, a OTCA necessitava estreitar relações com as três
instituições de criação paralela ao Tratado: “temos defendido que a OTCA possui um tripé
formado pela UNAMAZ, PARLAMAZ e a COICA”153. Alude ao fato de que a OTCA
necessita da parceria de outras instâncias regionais capazes de direcionar ações, onde „ainda‟
não compete à Secretaria Permanente como foro internacional, essencialmente político e
diplomático das Chancelarias dos países amazônicos. Tendo em vista que o Desenvolvimento
Sustentável é multisetorial, a conformação de redes articuladas de cooperação entre os países
membros, elucidando ao que afirma Aragón é o que melhor se pode esperar por um esforço
conjunto.
152
Relatório de Gestão: síntese 2004- 2007
153
ibid
154
Criado em 1989, por iniciativa do Congresso peruano, sob objetivo formal de harmonizar a legislação
ambiental e favorecer a cooperação e integração no âmbito amazônico.
155
RUIZ, Francisco. OTCA, Informe de Gestión: 2007 - 2008. Brasília, 2010. Disponível em: www.otca.info.
Acesso em: 2 mai 2010.
90
A Iniciativa Amazônica (IA) é outro órgão regional, criado dentro do marco político
da OTCA, e com a qual se tem buscado aproximação, inclusive com a participação de
representantes da OTCA em reuniões da IA. Criada em 2004, para prevenção, redução e
recuperação de áreas degradadas do bosque amazônico, a partir da elaboração e execução de
programas colaborativos que identifiquem e promovam sistemas sustentáveis de uso da terra.
Sua criação marcava um esforço a fim de evitar
156
ARAGÓN, 2007
157
RUIZ, Francisco. OTCA, Informe de Gestión: 2007 - 2008. Brasília, 2010. Disponível em: www.otca.info
Acesso em: 2 mai 2010
158
CGIAR - Somando Forças na Iniciativa Amazônica. Disponível em:
http://www.asb.cgiar.org/pdfwebdocs/IniciativaAmazonica_Port06292004.pdf. Acesso em: 02 mai 2010
91
É formada por seis empresas de pesquisa agrícola dos países amazônicos, quatro
centros de pesquisa do grupo Consultivo em presquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e o
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura-IICA, através do Programa
Procitrópicos159.
Processo que até 2008 precisava ser formalizado e ampliado para todos os setores de
interesse. Entitulado por Conselhos de Altas Autoridades, reuniões periódicas ministeriais
precedidas por uma reunião de técnicos, a exemplo dos fóruns multilaterais da ONU e da
CAN160. O resultado das negociações técnico-diplomáticas seria apresentado ao segmento
ministerial, que ratificaria e adotaria o texto acordado no mais alto nível setorial dos
governos, outorgando-lhe a visibilidade política que requer. A iniciativa pretende acelerar os
processos e projetos regionais amazônicos, nos âmbitos nacionais.
159
Programa Cooperativo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agrícola para os trópicos sudamericanos.
Ver mais: http://www.procitropicos.org.br/
160
Ver OTCA: Relatório de Gestão 2007-2008, p.58.
92
161
OTCA, Relatório de Gestão 2007-2008
93
apesar dos esforços realizados, [a OTCA] não tem conseguido uma maior
aproximação com os atores regionais; também, porque existem diferenças importantes
no que se refere à importância da Amazônia nos respectivos países, ou seja, não estão
na mesma sintonia porque há assimetrias entre eles e entre as regiões internas aos
países, a julgar pelos recursos õesdestinados pelos governos dos países contratantes, a
OTCA ainda não alcançou a importância suficiente que as ações na região demandam
162
.
162
ARAGÓN, 2007
163
Ver matéria: Rosalía Arteaga anuncia saída da Secretaria-Geral da OTCA (04/05/2007). Disponível em:
<http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/05/04/ult1808u91334.jhtm> Acesso em: 14 abril 2010
164
Ver Audiência Pública sobre a OTCA no Senado Federal - Preservação da Amazônia exige trabalho conjunto
(28/06/07). Disponível em: http://www.acordapara.com.br/
94
Fonte: OTCA, Relatório de Gestão 2007 – 2008. Brasília, Secretaria Permanente , 2010.
96
Mesmo assim, o discurso deste novo paradigma foi incorporado tacitamente à prática
das reuniões e, com a criação da OTCA não podia haver outra estratégia de Desenvolvimento
que não esta. Teoricamente, enquanto definição não há divergências quanto ao que é
apresentado pela OTCA e o que foi preconizado pelos teóricos do „novo‟ desenvolvimento,
conforme explanado no capítulo anterior. Citamos os excertos a seguir como exemplo:
DECLARAÇÃO DA Firmou o desenvolvimento sustentável como interesse comum, reiterando que “o patrimônio
AMAZÔNIA amazônico deve ser conservado por meio da utilização racional dos recursos da região para
(1989) que as gerações atuais e futuras possam aproveitar os benefícios desse legado da natureza”.
A preocupação mundial com o desenvolvimento sustentável, bem como a importância que a região
tem para a humanidade, faz da OTCA um instrumento contemporâneo para a sustentabilidade
global e um espaço concreto para a cooperação entre nossas nações e, em um contexto mais
OTCA/SP amplo, para o fortalecimento das relações internacionais Sul-Sul, à luz de sua especial
singularidade amazônica (Rosália Arteaga). [...]
PLAN
ESTRATÉGICO No contexto do paradigma de desenvolvimento sustentável, a SP/OTCA tem o compromisso
social de aumentar a capacidade das populações locais de usufruir os benefícios oferecidos
(2004 – 2012) pelas iniciativas desenvolvidas, na forma de geração de emprego e renda, como parte das
metas governamentais de luta contra a pobreza, em consonância com os Objetivos e Metas do
Milênio das Nações Unidas e o Programa 21, estabelecidos na Cúpula Mundial de
Desenvolvimento Sustentável.
97
Assim, o discurso não mudou a letra, mas mudou de tom em relação à pergunta:
„Como fazer?‟. Vimos que o TCA não foi dotado de mecanismos eficientes de execução de
propostas. Hoje, a OTCA conta com quantidade de recursos internacionais e um quadro
interno de recursos humanos articulados para este fim. E sobre a „forma‟ há algumas
considerações a fazer, antes analisar o plano estratégco propriamente.
uma grande parte dos fundos internacionais para a Amazônia [de modo geral não
somente ou necessariamente no nível da OTCA] está sendo destinada para as reservas
extrativistas, grupos indígenas, manejo florestal, comunidades, zoneamento agrícola,
ciclo do carbono, manejo da várzea, que apresentam grande simpatia externa e [...]
Apesar do forte apelo internacional, esses programas de ajuda externa refletem
muito pouco para a maioria da população, como solução global, assumindo ações
de natureza unilateral166.
Não há cooperação neutra! Como uma ação de mão dupla, portanto deve ter um
conteúdo claro. Ao final deve-se perguntar cooperar para quê e sobre tudo para quem?
Esse conteúdo tem que estar ligado à realidade, e no caso da Amazônia, a
cooperação deve centrar-se então na sua realidade rodeada de pobreza e
destruição ambiental. Ter em mente que a Amazônia é uma região periférica que
165
OTCA - Relatório de gestão 2007-2008.
166
HOMMA,2005 (grifo meu)
98
ainda não conseguiu demonstrar sua verdadeira vocação econômica, na base dos
serviços ambientais que presta e das vantagens de manter a floresta em pé167.
Esta é uma proposição de Aragón a respeito e sobre o tema, Rosália Arteaga partilhava
da mesma idéia, quando disse que a OTCA devia ser a melhor ferramenta para considerar os
processos de integração regional, preservação sustentável da Amazônia e de melhorar a
qualidade de vida de suas populações e não apenas mero instrumento da burocracia
internacional. Saberemos adiante, se esta proposição vem sendo alcançada.
167
ARAGÓN, 2007 (grifo meu)
168
OOSTEM, Cora Von. Desde „Cambios climáticos‟ hacia „Sociedades locales, diseñando soluciones locales‟ -
La formación de um espacio de gobernanza transfronteriza em la Amazônia Suroccidental. 2007
169
ARTEAGA, (revista DEP)
170
PROCOPIO, 2005
99
Em 2004, por ocasião da VIII RMRE, em Manaus, foi aprovado o Plano Estratégico
da OTCA173, que seria o mecanismo a dar o tom, sobre como promover e fazer
Desenvolvimento Sustentável, segundo os mandatos dos países membros para a Organização.
Instrumento de orientação do trabalho de médio prazo, no qual foram inclusos os resultados
dos mandatos dos países signatários, estabelecendo em quais áreas a OTCA tem competência
de auação como órgão executivo, para orientar a formulação, a execução e o
acompanhamento de projetos, programas e iniciativas viáveis de alcance regional, visando
avançar em seus propósitos.
Foi elaborado com base na consultoria aos especialistas Antonio Aranibar Quiroga,
Jacques Marcovich e Luis Carrera de la Torre, além de consultas aos países membros, assim
como por meio de aportes da 1º Reunião Internacional das Comissões Nacionais Permanentes
(ocorrida em Brasília, 2004)174. Convém detalhar, que a Venezuela aprova o Plano com
ressalvas, “devido a disposições constitucionais relativas à participação dos povos indígenas
nas decisões que envolvem seu entorno vital” 175.
Foi formulado com o objetivo de “construir consensos, tomar deciões estratégicas com
visão regional e atuar coordenadamente em função do objetivo comum do desenvolvimento
sustentável da Amazônia”(OTCA, 2004, p.37).
Para sua execução, propõe os seguintes mecanismos: „Planos bianuais de ação‟ para
implantação e execução dos programas; Sistema de informações georeferenciadas, para
171
Dados colhidos até 2008. Para ver mais: www.otca.info, relatórios de gestão: síntese 2004-2007 e 2007-2008.
Consultar: ARTEAGA, Rosalía. A OTCA: um desafio permanente. IN: Revista Diplomacia Estratégia e Política
abril/junho 2006.
172
OTCA Boletim Ano I – Nº 1 0 junho/agosto 2004.
173
Ver figura Fluxograma no Plano Estratégico
174
Participaram mais de 150 pessoas, entre delegados de governo, especialistas, representantes de organismos
internacionais, de cooperação e ONG‟s. Funcionou como consultivo a sociedade onde foram ratificados e
incorporados itens e questões ao Plano Estratégico. os eixos estratégicos a serem incorporados no Plano. Ver:
CAPRILES, René. OTCA: amazonizar o mundo, universalizar a florestania. In: Revista ECO 21 – Ed.92.
Disponível em:
175
ANTIQUERA, 2006:168
100
176
Único país entre los os oito a possuir este tipo de monitoramento por satélite.
177
A OTCA lança periodicamente notas a respeito do andamento dos programas em sua página de noticias,
“web”, por meio do “Boletim Informativo OTCA”, relatórios anuais de gestão as SP/OTCA, assim como a
maiorira dos documentos oficiais.
101
178
OTCA, Relatório de Gestão: síntese 2004 – 2007.
179
Fonte: http://www.otca.info/biodiversidade/index.php?idioma=pt
180
Fonte: http://www.otca.info/gefam/
181
Fonte: http://www.otca.org.br/programaregional/
182
Fonte: http://www.otca.org.br/programaregional/
183
Fonte: http://panamazonica.bvsalud.org/php/index.php
104
Conhecido também por Projeto GEF AMAZONAS possuía entre seus objetivos:
fortalecer o marco institucional para planificar e executar atividades de proteção e manejo
sustentável dos recursos hídricos da Bacia do Rio Amazonas, ante os impactos causados pela
ação humana e as variações climáticas. E entre algumas das metas específicas: (i) definir os
objetivos e diagnósticos estratégicos comuns dos países membros da OTCA em relação aos
105
recursos hídricos e ao uso do solo; (ii) a produção de um mapa digital da Bacia, para
capacitação do gerenciamento integrado dos recursos hídricos; (iii) a produção de um quadro
prognóstico dos impactos hidrológicos decorrentes da variação climática e adaptação às
mudanças climática; (iv) avaliar a vulnerabilidade de ecossistemas e comunidades humanas
em relação às variações climáticas (particularmente as secas e enchentes) e avaliar a
influência das geleiras andinas sobre o regime hídrico do Rio Amazonas. (v) Construir um
projeto de harmonização dos aspectos jurídico-ambientais dos recursos naturais na Bacia
amazônica. (vi) promover propostas de educação ambiental e programas de informação,
envolvendo a participação pública no manejo dos recursos hídricos. (vii) criar os instrumentos
econômicos para o fortalecimento de capacidades técnicas e institucionais e a participação
pública no gerenciamento dos recursos hídricos Bacia.
O programa teve início em 2005, administrado pela OEA, com parceria técnica-
financeira do GEF/PNUMA. E terminou em junho de 2008. Entre os resultados alcançados
têm-se: Elaboração e execução de ações de educação ambiental; Elaboração de estratégias de
gerenciamento integrado e plano para a proteção da biodiversidade e de ecossistemas
aquáticos em áreas críticas (hot spots) da Bacia; Determinação dos impactos e reações
potenciais de ecossistemas e comunidades humanas atingidas pelas mudanças climáticas na
Bacia; Identificação e seleção de projetos pilotos demonstrativos a serem executados durante
o período de formulação do PMAE; Programa de Participação Pública – PPP e um Plano de
Envolvimento Público – PEP.
dos países amazônicos no diversos foros internacionais sobre esse tema. Administrado pela
BMZ/ GTZ, da Agencia de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento, em parceria com a
OTCA, recebeu financiamento da DGIS (Cooperação Internacional dos Países Baixos) no
valor de US$ 12,5 milhões para a primeira etapa de cinco anos, finalizada em dezembro de
2009.
10. Proporção das áreas de proteção ambiental em comparação com as áreas de produção
permanente;
11. Existência de medidas preventivas para a proteção dos cursos de água contra os impactos
resultantes da atividade de extração florestal;
12. Número de empregos diretos e indiretos e nível de admissões;
13. Contribuição à conservação da diversidade biológica;
14. Contribuição à manutenção, resgate e proteção da diversidade das populações indígenas
locais;
15. Contribuição à economia, à saúde, à cultura, à ciência e a recreação.
184
O processo GEO pode ser aplicado a diferentes espaços geográficos, sejam definidos por limites naturais -
como biomas, ecorregiões e continentes - ou pelas sociedades - cidades, estados, países e regiões. A metodologia
é participativa, multissetorial e multidisciplinar e adota o enfoque estado-pressão-impacto-resposta, seguido da
projeção de cenários futuros e de propostas e recomendações. Algumas perguntas orientam cada um desses
quatro componentes do processo de análise: O que está ocorrendo com o meio ambiente? (estado); Por que está
ocorrendo? (pressão); Qual é o impacto disto? (impacto); Quais as políticas adotadas para solucionar os
problemas ambientais? (respostas); O que acontecerá no futuro se não atuarmos hoje? (cenários futuros); e O
que fazer para reverter os problemas atuais? (propostas e recomendações).
108
iii) ALFA (Aplicação da Legislação Florestal Ambiental): Tem por objetivo construir
uma agenda comum para melhorar a aplicação das leis florestais em âmbito regional dentro da
perspectiva do desenvolvimento sustentável. O ponto de referência dessa iniciativa foi o
Seminário de Guararema, um espaço de interação regional ocorrido em agosto de 2006 que
discutiu o mesmo tema.
185
Fonte: http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=301334
109
186
A Convenção Sobre Diversidade Biológica (CBD) já foi assinada durante a ECO 92, por 175 paises, número
que subiu para 190 até dezembro de 2007. Os EUA não participa da Convenção.
110
A Sala Andes Amazônia envolve quatro setores: alimentação, saúde e bem estar;
ornato e moda; beleza; e, recreação. Como objetivos específicos, têm-se os seguintes: (1)
promover e desenvolver oportunidades de negócios e de investimentos; (2) criar uma
identidade regional do Biocomércio andino-amazônico; (3) oferecer um espaço de
intercâmbio e de discussão de questões-chave para o Biocomércio.
CAPÍTULO 5
sobre o âmbito tecnológico, ainda insuficiente; e pouca ou rara iniciativa para a fortificação
dos aspectos social, econômico e territorial, dando prevalência às questões ambientais.
As iniciativas propostas são sem obviamente importantes, mas não bastam para
alcançar o fim macro de promover desenvolvimento, os esforços nos diferentes pilares do
Desenvolvimento Sustetável devem receber atenção conjunta e simultânea, em
proporcionalidade de recursos e programas.
crescimento econômico. Este modelo não condiz com as necessidades amazônicas, assim que,
justifica-se a intervenção Estatal e a necessidade da cooperação multilateral para controlar e
combater as condições que desqualificam o desenvolvimento.
Se antes, o Tratado era pioneiro em seu concerto de assinatura em 1978, não o é mais.
Enquanto Organização Internacional há necessidade de atualizar os mecanismos inseridos,
aplicá-los com força de lei em nível nacional, nas estratégias comuns, de modo que a OTCA
pudesse ser estabelecida como Organismo de controle e averiguação multilateral dos próprios
países membros, para os avanços e deficiências no concerto amazônico dos mesmos países
membros, em nível doméstico.
A OTCA ainda não conquistou o papel que lhe deveria caber, ou seja, ser o principal
articulador de políticas públicas em nível regional para a Amazônia, afirmando o
direcionamento das propostas a serem implantadas. Mas sim, atua mais como um facilitador
de captação e financiamento e, encaminhamento de programas relacionados.
Um ator coadjuvante frente a tantos outros, que quizá movimentem muito mais a
dinâmica sócio-econômica, que a própria OTCA: ONG‟s, Agências de Cooperação,
Multinacionais, grupos de pressão e missões religiosas. Todos estes atores sociais possuem
propostas de intervenção regional, que nem sempre condizem com o senso multidimensional
do Desenvolvimento Sustentável, o que significa afirmar que persistirão conflitos políticos e
sociais desta natureza, enquanto um dos atores não fizer prevalecer seus projetos, ambições e
interesses sobre os outros. A proposta para este caso é que a OTCA tivesse condições de
representar esta prevalência.
intento antigo de harmonizar as legislações internas. Intenção que vem sendo discutida, em
relação às questões indígenas, quanto à biodiversidade e o manejo florestal. Direcionamentos
necessários, mas que não são únicos.
Aliás, há questões importantes sobre as quais à OTCA não foi atribuída competência.
Defesa e Segurança, por exemplo. Neste tema, a não ser pela retórica de defesa da Soberania,
não há avanços quanto à promoção de programas que contemplem a segurança regional,
tampouco ações que valham no intuito de cobrar referida atenção aos Organismos Regionais
competentes, o que poderia ser mais conveniente à OTCA.
Em relação à integração regional, a parceria efetiva entre OTCA e IIRSA serviria para
complementar esforços de mesmo fim, enquanto a IIRSA vem a suprir a necessidade de infra-
estrutura física, a OTCA deveria se encarregar da conectividade regional sobretudo das
telecomunicações, porque permite articulações locais/ nacionais, bem como locais/ globais, a
falta de definição da função da OTCA neste âmbito é uma debilidade.
A questão da Amazônia urbana também não é trabalhada com a devida atenção. Nas
cidades, sabemos, há demandas diferentes quanto ao Desenvolvimento Sustentável, e
direcionar atenção a esta questão é também indispensável, tendo em vista que é nas cidades
onde se concentram o maior número de pessoas, de modo a permitir maior vazão de alcance
para retorno populacional.
ONU ir à público dizer que o Brasil sofreria conseqüências devidas. Ao Secretário Geral da
OTCA não cabe tal função: negociar, abrandar, tampouco lhe coube gerar um posicionamento
conjunto a respeito do caso. A instituição tem validade para recomendar questões e executar o
que lhe é solicitado, apenas.
Observamos que por mais eficiente que seja uma instiuição de caráter internacional na
promoção de seus objetivos, por mais atuante que possa ser a Cooperação internacional na
concretização do desenvolvimento, sozinhas estas esferas não têm como promover
desenvolvimento regional, se, as esferas políticas locais (equivalentes goernos municipais e
nacioanis) se encontram debilitadas democraticamente, se agem por interesses próprios antes
do interesse social, se estão corrompidas e não apresentam sintonia e diálogo, quanto ao
esforço regional e internacional para o Desenvolvimento. A sociedade deve ser inserida e se
engajar no processo de pressão e articulação por este fim.
117
CONCLUSÕES
Em relação aos resultados obtidos, por meios de análise e interpretação empírica das
informações obtidas, considerando o problema proposto e os objetivos planejados, derivam-se
as seguintes conclusões:
possibilidade não é cogitada nem pelos países membros, nem pela diretoria da OTCA.
- Cada país possui uma urgência de curto prazo, responsável pela degradação sócio-ambiental,
urgências tais não consideradas necessariamente na atuação da OTCA. Como por exemplo, a
questão da Coca e do tráfico na zona andina.
- Há necessidade de pensar o aspecto sócio- cultural, com vistas a fortalecer o sentido de lugar
e o sentimento de identidade amazônica.
118
- Ausência de lideranças locais capazes de interferir nos âmbitos nacioanis para vencer a
vulgarização do discurso em torno do desenvolvimento sustentável da Amazônia.
REFERÊNCIAS
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a Amazônia. Disponível em: <http://blogdofigueira.blogspot.com/2008/05/bertha-becker-
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MEIRA MATTOS, Adherbal. Amazônia e outros estudos. Belém, CEJUP, 1991, p. 13 a 103.
121
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questões internacionais na Amazônia Brasileira. Segurança Internacional – 1° Encontro
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internacionais na Amazônia brasileira. 2007. I Simpósio de Relações Internacionais San Tiago
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OTCA. OTCA: Base jurídica. Brasília, Secretaria Permanente 2003. Disponível em:
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______. Informe de Gestión: Síntese 2004 - 2007. Brasília, Secretaria Permanente, 2008.
Disponível em: www.otca.info. Acesso em: 2 mai 2010
______. Informe de Gestión: 2007 - 2008. Brasília, Secretaria Permanente, 2010. Disponível
em: www.otca.info. Acesso em: 2 mai 2010
CONSCIENTES da importância que para cada uma das Partes têm suas respectivas regiões
amazônicas como parte integrante do seu território;
a que essas ações conjuntas produzam resultados eqüitativos e mutuamente proveitosos, assim
como para a preservação do meio ambiente e a conservação e utilização racional dos recursos
naturais desses territórios.
Parágrafo único Para tal fim, trocarão informações e concertarão acordos e entendimentos
operativos, assim como os instrumentos jurídicos pertinentes que permitam o cumprimento
das finalidades do presente Tratado.
Artigo II O presente Tratado se aplicará nos territórios das Partes Contratantes na Bacia
Amazônica, assim como, também, em qualquer território de uma Parte Contratante que, pelas
suas características geográficas, ecológicas ou econômicas, se considere estreitamente
vinculado a mesma.
Artigo III De acordo com e sem detrimento dos direitos outorgados por atos unilaterais, do
estabelecido nos tratados bilaterais entre as Partes e dos princípios e normas do Direito
Internacional, as Partes Contratantes asseguram-se, mutuamente, na base da reciprocidade, a
mais ampla liberdade de navegação comercial no curso do Amazonas e demais rios
amazônicos internacionais, observando os regulamentos fiscais e de polícia estabelecidos ou
que se estabelecerem no território de cada uma delas. Tais regulamentos deverão, na medida
do possível, favorecer essa navegação e o comércio e guardar entre si uniformidade.
Parágrafo único Para tal efeito, estudar-se-ão as formas de eliminar os obstáculos físicos que
dificultam ou impedem a referida navegação, assim com os aspectos econômicos e financeiros
correspondentes, a fim de concretizar os meios operativos mais adequados.
126
Artigo VIII As Partes Contratantes decidem promover a coordenação dos atuais serviços de
saúde de seus respectivos territórios amazônicos e tomar outras medidas que sejam
aconselháveis com vistas à melhoria das condições sanitárias da região e ao aperfeiçoamento
dos métodos tendentes a prevenir e combater as epidemias.
Parágrafo primeiro Para os fins do presente Tratado, a cooperação técnica e científica a ser
desenvolvida entre as Partes Contratantes poderá assumir as seguintes formas;
telecomunicações, tendo em conta os planos e programas de cada país para lograr o objetivo
prioritário de integrar plenamente seus territórios amazônicos às suas respectivas economias
nacionais.
Artigo XIV As Partes Contratantes cooperação no sentido de lograr a eficácia das medidas
que se adotem para a conservação das riquezas etnológicas e arqueológicas da área
amazônica.
Artigo XVII As Partes Contratantes poderão apresentar iniciativa para realização de estudos
destinados à concretização de projetos de interesse comum, para o desenvolvimento de seus
territórios amazônicos e, em geral, que permitam o cumprimento das ações contempladas no
presente Tratado.
Artigo XVIII O estabelecido no presente Tratado não significará qualquer limitação a que as
Partes Contratantes celebrem acordos bilaterais ou multilaterais sobre temas específicos ou
genéricos, desde que não sejam contrários à consecução dos objetivos comuns de cooperação
na Amazônia consagrados neste instrumento.
Artigo XIX Nem a celebração do presente Tratado, nem a sua execução terão algum efeito
sobre quaisquer outros tratados ou atos internacionais vigentes entre as Partes, nem sobre
quaisquer divergências sobre limites ou direitos territoriais existentes entre as Partes, nem
poderá interpretar-se ou invocar-se a celebração deste Tratado ou sua execução para alegar
aceitação ou renúncia, afirmação ou modificação, direta ou indireta, expressa ou tácita, das
posições e interpretações que sobre estes assuntos sustente cada Parte Contratante.
Parágrafo primeiro Celebrar-se-ão reuniões dos Ministros das Relações exteriores por
iniciativa de qualquer das Partes Contratantes sempre que conte como apoio de pelo menos
outros quatro Estados Membros.
Parágrafo terceiro A designação do país sede das reuniões obedecerá ao critério de rodízio
por ordem alfabética.
Artigo XXI Representantes diplomáticos de alto nível das Partes Contratantes, reunir-se-ão,
anualmente, integrando o Conselho de Cooperação Amazônica, com as seguintes atribuições:
Parágrafo segundo A sede das reuniões ordinárias obedecerá ao critério de rodízio, por
ordem alfabética, entre as Partes Contratantes.
Artigo XXII As funções de Secretaria serão exercidas, pro tempore, pela Parte Contratante
em cujo território deva celebrar-se a seguinte reunião ordinária do Conselho de Cooperação
Amazônica.
Artigo XXIV Sempre que necessário, as Partes Contratantes poderão constituir comissões
especiais destinadas ao estudo de problemas ou temas específicos relacionados com os fins
deste Tratado.
Artigo XXVI As Partes Contratantes acordam que o presente Tratado não será susceptível de
reservas ou declarações interpretativas.
Artigo XXVII O presente Tratado terá duração ilimitada e não estará aberto a adesões.
Artigo XXVIII O presente Tratado será ratificado pelas Partes Contratantes e os instrumentos
de ratificação serão depositados junto ao Governo da República Federativa do Brasil.
130
Parágrafo primeiro O presente Tratado entrará em vigor trinta dias depois de depositado o
último instrumento de ratificação das Partes Contratantes.
Parágrafo segundo A intenção de denunciar o presente Tratado será comunicado por uma
das Partes Contratantes às demais Partes Contratantes, pelo menos noventa dias antes da
entrega formal do instrumento de denúncia do Governo da República Federativa do Brasil.
Formalizada a denúncia, os efeitos do Tratado cessarão para a Parte Contratante denunciante,
no prazo de um ano.
Parágrafo terceiro O presente Tratado será redigido nos idiomas português, espanhol,
holandês, e inglês, fazendo todos igualmente fé.
FEITO na cidade de Brasília, aos 3 de julho de 1978, o qual ficará depositado nos arquivos
do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que fornecerá cópias autênticas aos demais
países signatários.
131
III) Esta emenda estará sujeita ao cumprimento dos requisitos constitucionais internos por
parte de todas as Partes Contratantes, e entrará em vigor na data do recebimento, pelo governo
da República Federativa do Brasil, da última nota em que seja comunicado haverem sido
cumpridos esses requisitos constitucionais.
Firmado em Caracas, aos 14 dias do mês dezembro de mil novecentos e noventa e oito, em
oito (8) exemplares originais, nos idiomas espanhol, inglês, português e holandês, todos
igualmente autênticos.