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LUIS DE CAMOES, RIMAS


Luís de Camões, • Contextualização histórico-literária.
Rimas • A representação da amada.
• A representação da Natureza.
<( • A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.
X Redondilhas • A reflexão sobre a vida pessoal.
<( [escolher 4) • O tema do desconcerto.
o::
(!)
o • O tema da mudanca.
o:: Sonetos • Linguagem, estilo 'e estrutura:
0..
[escolher 8) - discurso pessoal e marcas de subjetividade;
- a lírica tradicional; a inspiração clássica;
- métrica [redondilha e decassílabo). rima e esquema rimático; soneto: características;
- recursos expressivos: a aliteração, a anáfora, a antítese, a apóstrofe, a metáfora.
t"'""'""""'"'"'"'"'""""""""""""~
~~ eon t ext o h.1storico-
, · ~~ TEMA DA MUDANCA EXPERIÊNCIA AMOROSA
./ OAmor é um dos temas recorren-
./ Tema humanista: o poeta vê a
~ -literário ~ permanente mudança na Nature- tes na lírica de Camões que, como
~ ~ za provocada pela passagem do Petrarca, cantou o amor platónico, es-
~~ ./ Tendo vivido entre c. 1525 e 1z tempo e reflete sobre a sua pró- piritual, que ignora o desejo e não exi-
~ 1580, Camões acompanhou de pria mudança. ge a presença física da amada. É um
~ perto a grandeza do Império e i ./ Conclui que, enquanto a Natu- Amor ideal, uma contemplação espi-
~ a sua derrocada. ~ reza se renova com as estacões ritual, que exclui a sensualidade.
~ ./ No reinado de O. João Ili, du- z no homem e nele próprio o témp~ ./ Mas as contradições que esta
~ rante o qual viveu grande parte ~ é in1m1go e a mudança é sem es- filosofia amorosa desperta no ser
humano - alegria e dor, prazer e
~ da sua vida adulta, assistiu ao i perança nem remédio.
~ desenvolvimento da cultura e ~ sofrimento - encaradas por Petrar-
~ ~
ca com serenidade, pois integradas
~
~
das artes, mas também à en-
Irada da Inquisição em Portu-
gal. Conheceu a grandeza e as
j
z
DESCONCERTO DO MUNDO
./ Tema humanista: reflexão pes-
num percurso purificador, são para
Camões fonte de inquietação e de-
simista sobre a vida e o mundo,
~ 1nveJas da corte e a força inimi- ~ vistos «às avessas», com a reali -
sespero . ~
~ ga nas fortalezas de Marrocos. i dade contrária à lógica do bem e :==::::===:::t2
~ ./ No Oriente, conheceu ou- z da virtude. REPRESENTACÃO DA AMADA
~ tras culturas, que acrescenta- ~ Influência do petrarguismo .
~ ram saber à sua vasta cultura ~ ./ O poeta Julga-se incompreendi-
do e vítima do destino, a viver num ./ A amada é a personificação de
~ clássica e trouxeram expe- ~
mundo que premeia os maus, en- um ideal de beleza e perfeição:
i
~
~
riência ao saber acumulado.
./ No regresso à Pátria,
acompanhou o sonho louco de
1
z

~
quanto ele, praticante do bem, só
recebe infelicidade e tormento.
longos e ondulados cabelos «de
ouro», pele branca e delicada,
boca e dentes como rubi e pérolas,
z D. Sebastião, ainda viveu o su- l VIDA PESSOAL olhos claros e luminosos.
~ ficiente para sofrer com a der- ~ ./ Tudo nela é reflexo de bondade,
z rota em Alcácer Quibir e mor- i ./ É lendária a vida amorosa de

i~ ~ ~ ~z Camões. Ao contrário de Petrarca, sensatez, serenidade, discreta


reu, precisamente, em 1880, ele vive a experiência e, por isso, alegria, suavidade.
no ano em que Portugal per- ~
deu a independência. nem sempre segue o seu modelo ./ Ela é a Beleza, a Perfeicão into-
1tal1ano. cável e inatingível, cópia d~ mode-
~~ ./ Camões é o grande poeta ~ ./ Sobretudo nos poemas marca- lo divino . Alma predestinada para
~ do RENASCIMENTO portu- i dos pela experiência vivida , o ser amada pelo poeta, que, através
i guês, aquele que traz para a z poeta manifesta cansaço, perple- ~ d=e=lª=·=ª=t=
in=g=ir=á=a=pe=r=f=
e ·1=ç=ã=
º=
· ===~~
l poesia toda a inovação temát1- xidade, frustração e revolta, pois:
~ ca e formal do Renascimento. ~ - o Amor dá-lhe esperanças que REPRESENTACÃO DA NATUREZA
~ Simultaneamente, incorpora ~
1 com genialidade a tradição
~ poética palaciana.
1
~
não se concretizam;
- o Ideal sonhado é inalcancável·
- o Destino condena-o à i~feli~i-
dade.
./ A beleza da Natureza funciona
como o reflexo da beleza da mu-
lher, cuja presença tudo ilumina.
~ ./ Finalmente, vivendo num
~z período de ocaso do Renasci- iiz ./ A experiência ensina-lhe que: ./ Na sua ausência, de nada serve
i menta, mostra também sinais i - a mulher amada pode afastar-se a paisagem ser bela e amena, pois
~ evidentes de instabilidade ~ do ideal feminino renascentista; até essa beleza se torna hostil ao
~ existencial maneirista. ~ - o amor nem sempre está isento poeta por lhe lembrar a saudade
~ i de sensualidade. de quem já ali esteve e já não está. ~
,\.'""""'""'""'""'"""""""""""'"""~
.---------------------~ ;:;,---------------------~
LÍRICA TRADICIONAL - formas poéticas da poesia palaciana: redond1lha maior e menor; composicões com mote
e voltas; alguns temas da poesia tradicional. ·
LÍRICA DE INSPIRAÇÃO CLÁSSICA - o «estilo novo» de influência italiana; novas formas poéticas: soneto verso
decassilábico; temas de influência petrarqu1sta. '
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
Luís de Camões, Os Lusíadas • Imaginário épico:
• Visão global. - matéria épica: feitos históricos e viagem;
- sub lim idade do canto;
• A constituição da matéria épica: - mit ificação do heró i.
can to 1, ests. 1 a 18;
<( can to IX, ests. 52 , 53, 66 a 70 , 89 • Reflexões do poeta.
~ a 95; • Linguagem, estilo e estrutura:
<(
o:: can to X, ests. 75 a 91. - a epopeia : na tureza e estrutura da obra;
(!)
o • Reflexões do Poeta: - o con teúdo de ca da can to;
o:: can to 1, ests. 105 e 106; - os qua t ro planos: viagem, mitologia, História de Portugal e refle-
D.
can to V, ests. 92 a 100 ; xões do poeta; sua interdepen dênc ia;
canto VII , ests. 78 a 87; - estrofe e métrica ;
canto VIII , ests. 96 a 99 ; - recursos ex pressivos: a anáfora, a anástro fe, a apóstrofe, a com-
canto IX, ests. 88 a 95 ; pa ração, a enumeração, a hi pér bole, a in terrogação re tórica, a
can to X, ests. 145 a 156. metáfo ra , a me tonímia e a pe rson ificação.

IMAGINARIO EPICO ESTRUTURA


• Obra composta por 1Ocantos.
MATÉRIA ÉPICA • Estrofes: oitavas com esquema rimát1co
À semelhança das epopeias da Antiguidade, Os Lusíadas con s- abababcc .
troem-se em torno da narrativa de uma ação extraordinária le- • Decassílabos predominantemente heroi-
vada a cabo por um herói, que enfrenta e ven ce tod os os obstá- cos (acentos na 6.ª e 10.ª sílabas!.
culos com que se depara no caminh o para at1ng1r o seu obJet1vo.
Os Lusíadas narram a difícil viagem de Va sco da Gama de des-
coberta do caminho marítimo para a [nd1a . Essa aventura é tão PROPOSICÃO [e 1, est 1-31
temerária, que os Deuses do Olimpo tomam partid o so bre o Apresentacão do herói e dos seus fe itos :
sucesso, se1a a favor, seia contra. Por outro lado, para dar di- «o pe ito ilustre lusitano»,
mensão e representatividade aos heróis de tal empreendimen- os Lusíadas = os Portu gueses,
to, em determinados momentos da viagem é contada a História que realizaram grandes fe itos.
de Portugal. Para que tal seja possível sem quebrar a un idade, (herói coletivo) ~
o poeta criou uma construção narrativa perfeita, verdadeiro
edifício de arqu itetura renascentista colocada ao serviço da
matéria épica narrada.
r - - - - - - - ,r;;
INVOCACÃO [e . 1, est. 4- 5)
Pedido de inspiração às Tág ides .

. . . - - - - - - - - - ,~
DEDICATÓRIA [e. 1, est 6- 18)
Na Proposição, o poeta apresenta o protagon ista da epopeia, «Q Oferecimento do poema ao Rei D. Sebas-
peito ilustre lusitano», herói coletivo composto por heróis 1nd1- tião.
vidua1s (Vasco da Gama e os marinheiros, no plano da Viagem,
os Reis e os heróis no plano da História de Portugal!.
Comandados por Vasco da Gama, os Portugueses enfrentam e . . . - - - - - - - - - ,~
vencem os medos e os perigos com audácia, ousando navegar NARRACÃO [e. 1, est. 19. l
por «mares nunca dantes navegados», guardados pelo terrível Quando a narração começa, na estrofe 19
Adamastor. do canto 1, a Viagem - ação central - está
A viagem que empreendem é a do cam inho marítimo para a numa fase adiantada, pois a armada de
[nd1a, mas representa muito mais do que uma viagem geográ- Vasco da Gama Já está no oceano Índico,
fica. É a viagem do confronto com os lim ites, do desvendamen - perto da costa de Moçambique. Esta op-
to dos segredos escondidos, a viagem da superação. Ultrapas- ção narrativa segue as regras da epopeia
sando todos os obstáculos, os nautas ultrapassaram- se a si clássica, que determinam que a narração
mesmos e à sua cond ição de «bichos da Terra tão pequenos», deve in iciar-se in medias res . Ass im, a
concretizando o lema renascentista da crença nas capacidades maior parte do percurso da Viagem, de
do Homem. Lisboa até à costa oriental de África, será
Merecem, pois, o prém io devido ao herói épico, a imortalidade, narrada retrospetivamente, em analepse,
simbolizada na coroa de louros recebida na Ilha dos Amores, por Va sco da Gama ao Rei de Melinde.
onde eles são m1t1ficados, igualados aos deuses, através da Também de acordo com as regras da
união com as ninfas, que lhes transmitem o conhecimento do epopeia clássica, a narrativa inclu i d1ver-
universo. . sos episódios.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS

ESTRUTURA
NARRAÇÃO

História de Portugal Viagem de Vasco da Gama


(plano encaixado! {plano centrall

Narração histórica Narração mitológica

3 PLANOS NARRATIVOS + 1 PLANO DE REFLEXÃO

A narração de Os Lusíadas organiza-se em três planos narrativos articulados sem quebrar a unidade de ação.
• O plano da Viagem de Vasco da Gama à Índia é o plano central, po is é com ele que os restantes se arti culam.
• O plano mitológico da intervencão dos deuses do Olimpo na Viagem, acompanhando sempre o seu desenvolvi -
mento. Esta intervenção é narrada em alternância com a narrativa da Viagem.
• O plano da História de Portugal, que surge encaixado no plano central. Durante a Viagem, os navegad ores são
acolhidos em Melinde e Vasco da Gama, satisfazendo o pedido do rei daquela cidade africana, conta - lhe a História
de Portugal. Já na Índia, a armada portuguesa recebe a visita do Catual e, perante a sua curiosidade, Paulo da
Gama conta- lhe facto s da História representados nas bandeiras. Finalmente, acontecimentos históricos posterio-
res à Viagem de Vasco da Gama são narrados por uma ninfa e por Tét1s, na Ilha dos Amores.
• O plano das reflexões do poeta - além dos três planos narrativos, há ainda o plano das reflexões do poeta, maiori -
tariamente situadas nos finais dos cantos , e que constituem críticas, lamentações, desabafos, exortações aos
Portugueses.

REFLEXÕES DO POETA

Canto 1- Reflexão sobre a fragilidade da condição humana


ests. 105 As traições e os perigos a que os navegadores estão sujeitos justificam o desabafo do poeta sobre a
e 106 fragilidade da condição humana. Esta reflexão surge no final do canto 1, quando o herói ainda tem um
lon o caminho a percorrer, para superar a sua condição de «bicho da terra tão pequeno» .
canto V, Canto V - Crítica à falta de cultura e de apreço pelos poetas que os Portugueses revelam
ests. Depois de mostrar o papel exemplar do canto na motivação para a realização de feitos heroicos, o
92 a 100 poeta lamenta o facto de os Portugueses, contrariamente aos povos da Antiguidade, desprezarem os
seus poetas. A falta de cultura dos Portugueses é responsável pela indiferença que manifestam pela
divulgação dos seus feitos que, se não tiverem poetas que os cantem, serão esquecidos. Apesar
disso, o poeta, movido pelo amor da pátria, reitera o seu propósito de continuar a engrandecer, com
os seus versos, as« randes obras».
i------1===
canto VII ,
ests. 78 Numa reflexão autobiográfica , o poeta exprime desânimo no prosseguimento da sua obra, depois de
a 87 uma vida de pobreza, desilusões, perigos do mar e da guerra, «Nua mão sempre a espada e noutra
a pena;». Lamenta que em troca só tenha recebido ingratidão dos seus contemporâneos e alerta
para a inevitável inibição do surgimento de outros poetas, em consequência de tais maus exemplos.
Aos seus contemporâneos acusa ainda de serem ambiciosos, dissimulados e exploradores do povo.
canto VIII , Canto VIII - Crítica ao poder do dinheiro
ests. 96 O poeta critica os seus contemporâneos subjugados ao poder do ouro e enumera os seus efeitos
a 99 perniciosos : provoca derrotas, faz dos amigos traidores, mancha o que há de mais puro, deturpa o
conhecimento e a consciência, condiciona as leis, dá origem a difamações e à tirania de reis, corrom-
pe os sacerdotes.
canto IX , Canto IX - Reflexões sobre o caminho para merecer a fama
ests. 88 Na sequência da entrega simbólica das coroas de louros aos marinheiros e a Vasco da Gama, na Ilha
a 95 dos Amores , o poeta aconselha os que querem alcançar a fama, exortando-os a despertar do adorme-
cimento e do ócio, a pôr de lado a cobiça e a tirania, a serem justos e a lutarem pela pátria e pelo rei.
Só assim serão eternizados como os marinheiros (serão também «nesta Ilha de Vénus recebidos»].
canto X, Canto X - Crítica aos Portugueses seus contemporâneos/ Apelo ao Rei
ests. 145 «No mais, Musa, no mais ... » Nos últimos versos de Os Lusíadas, o poeta manifesta desânimo na
a 156 prossecução do seu canto. O desalento advém de constatar que canta para «gente surda e endureci-
da», mergulhada «no gosto da cobiça e na rudeza/ duma austera, apagada e vil tristeza». Assim é o
Portugal do seu tempo.
No entanto, o poeta revela orgulho nos que estão dispostos a reavivar a grandeza do passado e espe -
rança de que o Rei os estimule para dar continuidade à glorificação do «peito ilustre lusitano» e dar
matéria a novo canto. O poema encerra com uma mensagem: a glória do passado deverá ser enca-
rada como exemplo presente para construir um futuro grandioso.
, - ,,,.
P.ª ANTONIO VIEIRA, SERMAO DE SANTO ANTON/0
Padre António Vieira, «Sermão • Contextualizacão histórico-literária.
de Santo António. • Objetivos da eÍoquência (docere, delectare, moverei.
<I: • Intenção persuasiva e exemplaridade.
:J: Pregado na cidade de São Luís do
<I: Maranhão, ano de 1654»: • Crítica social e alegoria.
o:: • Linguagem, estilo e estrutura :
(!)
o - visão globa l do sermã o e estrutura argumentativa;
o:: Capítulos I e V (integral)
Q, - o disc urso figurat ivo: a aleg oria, a co mpara ção, a metá fo ra;
excertos dos restante s cap ítu los - outros re cursos expressivos : a anáfora , a antítese, a apóstrofe , a
enumera ção, a grada ção.

~"'""""'"'''''"''"''"'"""""''"'"'"'''~
~ e h' , · ~ OBJETIVOS DA ELOQUÊNCIA ldocere, delectare, moverei
~ ontexto 1stor1co- ~
Os objetivos do sermão barroco estã o na fórmula:
~ -literário ~ docere - delectare - movere.

1
~
~
1
~
~
Docere [ensinar] - En si nar através de argumentos lógicos.
Delectare [de leitar] - Agradar e captar a atenção do auditório.

~ ,/ Tendo vivido entre 1608 e ~


Movere !comover] - Persuad ir o aud itór io, através da capta ção da sua
ade são e emoção
~ 1697, António Vieira foi protago- ~
~ nista e testemunha de um sé- ~

i
~ culo conturbado da História de ~
Portugal: dominação espanho-
i la, recuperação da independên- i
i Docere O pregador pretende perturbar o auditório, ensinando-o a olhar
os seus próprios defeitos e mostrando-lhe caminhos do bem .
Delectare O sermão é construído de forma a deleitar o auditório, para
i eia, colonização do Brasil, po- i que a mensagem não seja rejeitada. Assim, usa os recursos
i der crescente da Inquisição, i
1 importância dos Jesuítas.
~ ,/ Fez toda a formação no ~
1 da oratória :
• estrutura lógica do discurso, que deve ser coerente e coeso;
• ligação ao auditório, com frequentes aproximações atra -
~ Brasil, na Companhia de Je- ~ vés de chamadas de atenção, interrogações, exclamações ;
~ sus, onde a sua grande inteli - ~
ii ,/
gência se revelou.
Como missionário, teve um
ii • discurso figurativo, assente na alegoria e recorrendo à
metáfora e à comparação;
• outros recursos expressivos criativos e sedutores: anáfo -
ra, antítese, apóstrofe, enumeração, gradação, interroga -
i~ papel muito relevante na defe - i~ ão retórica ...
i i
ii ,/ sa dos direitos dos índios es-
cravizados pelos colonos.
O «Sermão de Santo Antó-
ii Movere As críticas apresentadas têm como objetivo mudar os ouvin-
tes, corrigi - los, levá - los a seguir o caminho 1nd1cado pela
palavra de Deus.
~ nio aos Peixes», pregado em ~
~ 1654, em S. Luís do Maranhão, ~ INTENÇÃO PERSUASIVA, EXEMPLARIDADE E ELOQUÊNCIA
i antes de partir para Lisboa, i
~ numa missão de defesa dos ~
~ ~
1 índios, é um testemunho des-
sa ação.
~ ,/ Dedicou-se também à cau-
1
~
INTENÇÃO
PERSUASIVA
,/ Crítica à corrupção que afeta a Humarndade, arras-
tando consigo males e vícios prevalentes: a exploração , a
cegueira, a vaidade , a arrogância , o oportunismo, a ga-
~ sa da Restauração da inde- ~ nância, a hipocrisia, a traição .
~ pendência, participou em em - ~ ,/ A crítica, dirigida aos colonos do Maranhão, traz implí-
i baixadas pela Europa, i cita a defesa dos índios que aqueles colonos escravizam ,
~ defendeu os cristãos-novos. ~ ,/ Ao denunciar esses males !usando o artifício da pre -
i Acabou detido pela Inquisição. i
i
z
Libertado, voltou ao Brasil.
,/ A sua notoriedade como z
i gação aos peixes]. o pregador procura persuadir o audi-
tório a olhar para o mal que anda praticando.
,/ Os argumentos apresentados ao longo do sermão são
i~ pregador começou no Brasil, i~ de natureza diversa, de acordo com aquilo que melhor
~ estendeu-se a Portugal e che - ~ serve o rac1ocín10 desenvolvido e o obJetivo que o prega-
~ gou a Roma. ~ dor pretende alcançar.
i ,/
z
António Vieira é o mais no-
tável escritor do BARROCO
i
z
EXEMPLA-
RIDADE
,/ O exemplo tomado desde o cap. 1 é o de Santo António
que, não sendo ouvido pelos homens, foi pregar aos pei-
~z português, aquele que trouxe à ~z xes . Santo António e a sua vida exemplar é a figura reto-
~ prosa o esplendor de uma ~ mada em todos os capítulos.
~ época em que o estilo foi culti- ~ ,/ Há também uma clara identificação entre o pregador
i~ d . , .
va o com m1nuc1a e encanta - i~ e o Santo, que aquele toma como exemplo, constituindo -
~ menta. ~ -se, assim, ele também em exemplo para os Homens

~"""'""'"""""'"""'"""""'""""""~
P.ª ANTÓNIO VIEIRA, SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO

, CRÍTICA SOCIAL

,/ Vieira critica os colonos do Maranhão, usando a alegoria dos peixes. Acusa - os de ignorância, cegue ira, vaida-
de, arrogância, oportunismo, ganânc ia, hipocrisia, traição.
,/ O pregador recorre a processos frequentes na sátira: tipos como figuração dos defe itos observáveis na socie-
dade que Vieira quer ating ir.
,/ No cap. V, apontando os defeitos particulares, constrói uma galeria de tipos representa tivos dos defeitos in-
temporais do ser humano: o arrogante, o oportunista, o ambicioso, o hipócrita, que são de ontem e são de hoje.
,/ Vieira recorre também à caricatura de figuras e de situações, pelo exagero dos traços.
,/ A ironia sub til, também usada, abriga o orador por detrás da ambiguidade da crítica aos peixes / crítica aos
homens.

ESTRUTURA/ VISÃO GLOBAL

O «Sermão de Santo António aos Peixes» é construído de acordo com o modelo ora tór io instituído pela re t órica
clássica e renovado pelos pregadores barrocos.
Assim, o exórdio corresponde a uma introdução, a exposição e a confirmação constituem o desenvolvimento e a
peroração contém a conclusão .

Capítulo 1 Conceito Predicável ~ «Vós sois o sal da terra»


há muitos pregadores Isa/)
o e no entanto a terra está corrupta
e porque o sal não salga C'U a terra não se deixa salgar
a::
·O
X
w Santo António , exemplo de pregador
- os homens não o ouviam, pregou aos peixes,
- o padre António Vieira, seguindo o exemplo de Santo Antón io, vai pregar aos peixes.

Capítulo li Louvores aos peixes em geral


bons ouvintes e obedientes

{ primeiros animais da criação


livres e puros, longe dos homens
não se domam nem domesticam

o
1<( Capítulo Ili em particular
(.)-,
Peixe de Tobias !cura a cegueira)

{
<(
~ Rémora lgu1a no bom caminho)
a:: Torpedo !faz tremer!
u:::
z Quatro olhos lvê a Terra e o Céu)
o
(.)
CII
o Capítulo IV Repreensões aos em geral
1<(
(.)-, peixes comem-se uns aos outros e os

{
Vl grandes comem os pequenos
o
0..
X deixam-se enganar pela cegueira,
w a ignorância e a vaidade

Capítulo V em particular
Roncadoreslarrogância)

{ Pegadores !parasitismo, oportuni smo)


Voadores !ambiçã o)
Polvo lh1pocns1a, traição)

o Capítulo VI Conclusão
1<(
(.)-, • Síntese da crítica le autocrítica).
<(
a:: !Elogio dos peixes, em contraste com os homens, incluindo o pregador)
o • Exortação ao louvor a Deus.
a::
w
0..
ALMEIDA GARRETT, FREI LUÍS DE SOUSA
• Co ntextualizacão histórico-literária.
• A dimensão pátriótica e a sua exp ressão sim bólica.
~ • O Se bastian ismo: Histór ia e ficção .
<t • Recorte da s person ag ens princi pais.
ffi • A dimensão trág ica.
~ • Lin gua gem , estilo e estrutura:
a. - carac terísticas do texto dramá tico ;
- a estru tura da obra;
- carac terísticas do drama romântico .

ESTRUTURA/ESPACO RECORTE DAS PERSONAGENS


ATO 1 D. MADALENA
ESPAÇO - Sala decorada com luxo e cor Duas enormes Janelas Vive apavorada com o possível regresso
com vista para o no e para Lisboa . Ambiente acolhedor. de D. João de Portugal. Sensível, supers-
D. MADALENA recorda apreensiva o passado . Depois do desa- ticiosa, insegura, fragilizada pelo peso do
parecimento de D. João de Portugal na batalha de Alcácer Qu i- passado, D. Madalena não consegue viver
bir, e após sete anos de buscas, D. Madalena casara com Ma - feliz , apesar do amor que a liga a D. Ma-
nuel de Sousa Coutinho. Apaixonada pelo marido e mãe nuel e à filha de ambos.
extremosa de MARIA, a poss1b1lidade do regresso do primei ro As suas características, os seus medos e
mando, que v1na destruir o seu núcleo fam iliar, fá-la viver an - a 1ntens1dade com que vive as emoções
gustiada . conferem-lhe o perfil da mulher român-
Os governadores, que representam o domínio de Espanha, tica .
anunciam vir morar para o palácio de D. Manuel para fugir da
peste que atingiu Lisboa .
D. MANUEL, para desespero da mulher, decide 1r para a casa
que fora de D. João e põe fogo ao seu próprio palácio, com o MARIA
retaliação contra o poder espanhol. No 1ncênd10, não foi possí- Jovem de treze anos, bondosa, sensível e
vel salvar o retrato de D. Manuel, vestido de cavaleiro de Malta. perspicaz, man ifesta interesses invulga-
O sofrimento de D. Madalena é cada vez maior e mais evidente res na sua idade. A curiosidade e 1ntu1ção
e os indícios trágicos avolumam-se . precoces preJud1cam a sua tão débil saú-
de !tuberculosa!.
ATO li Delicadeza, sensibilidade, espírito so-
ESPAÇO - Retratos nas paredes. Portas tapada s co m repostei - nhador são alguns dos traços que a defi-
ros. Não há saídas visíveis para o exterior Ambiente pesado. nem como personagem romântica.
!adensa-se a dimensão trágica)
MARIA pede a TELMO esclarecimentos sobre o retrato de
D JOÃO, ilum inado por uma tocha na noite em que foram para TELMO
o novo palácio. Telmo não a esclarece e é o próprio D. Manue l
quem o faz. Fiel aio de D. João de Portugal e agora de
Maria, acred ita que o seu amo um dia vol-
Maria vai a Lisboa com o pai e D. Madalena fica com Fre i Jorge,
tará , ma s, quando isso de facto acontece,
seu cunhado, a quem não esconde o pânico das sextas-feiras e
Telmo viverá o conflito mais doloroso da
da coincidência de datas. Um Romeiro pede para ser recebido
por D. Madalena . Arrogante e agressivo , torna evidente, pelo sua vida .
desenrolar da conversa, que D. João está vivo . D. Madalena
foge, apavorada , e Frei Jorge confirma que o ROMEIRO é o pró-
prio D. João, que regressa de 21 anos de cat1ve1ro . MANUEL DE SOUSA COUTINHO
Racional, seguro, ponderado, é, ainda,
ATO Ili
senhor de vasta cultura e elevados princí-
ESPAÇO - Parte baixa do palácio, com acesso à capela Não há pios. Controla as situações mais doloro-
saídas para o exterior. Luz de tocha e vela. sas com grande dignidade.
Depois de saber, por TELMO, tudo quanto fo i feito para o en -
contrar e tomando consciênc ia da desgraça que o seu regres-
so vai causar na família de sua mulher, D. JOÃO, num gesto de
grande nobreza, pretende que Telmo afirme que o Romeiro é D. JOÃO DE PORTUGAL
um impostor. Telmo sofre, divid ido entre proteger o seu amo Nobre de linhagem e de caráter Sente-se
de sempre ou a frágil Maria, a quem quer como a uma filha . revoltado quando, ao regressar do cati-
De qualquer modo, Frei Jorge não lhe dá possibilidade de veiro , constata que Já não é bem-vindo .
ment ir, e Maria reconhece a voz de D. João que ouvia em so - Para que ninguém sofra por sua causa,
nhos. Antes que os pais professem, na capela, MARIA morre- propõe-se abdicar dos seus d1re1tos e da
- lhes nos braços. sua identidade. Era tarde demais.
ALMEIDA GARRETT, FREI LUÍS DE SOUSA

zJ-""''"''"'"''"~~""'"""~"~""""""""~""'~'"'"''"""""~"~''""~'"""~'~"""'""~""'"''""'""'"'"'~'~"'""'6~
~ Contexto histórico ~
i 1
; O Frei Luís de Sousa !nome de Manuel de Sousa Coutinho, depois de professar! situa-se 21 anos após o de- ;
~ saparec1mento do rei O. Sebastião em Alcácer Quibir. Sem descendentes diretos, o trono acabou sob domínio z
~ espanhol, apesar da resistência popular. ~
~ O contexto histórico interliga-se com o contexto literário, já que o ideário romântico está presente ao longo ~
~ da peça, nomeadamente pela afirmacão da liberdade nacional. ~

~""""""'""""'""~"~""O """""~"'""""""""""""""""""'"""""'"""""""""'""''"'"""""""""""""""""~
J-""""""""'~""""""~"""'11 11-."""""~"~""""""""'""'""""'6 J-"""'""""""""""'""~ """'""""""""""""'"'6
~z i~ i
z i~
z~ Telmo e, por sua influência, Mana, são a expressão do pa- z zz
~
~
A família pode representar, nesta peça, o z
~ triotismo e da voz popular. Não aceitam o domínio f1l1pino ~ ~ próprio PORTUGAL. ~
~ e é com grande orgulho que veem O. Manuel concretizar ~ ~ ~
1 o ato heroico de incendiar o seu palácio, para impedir a ~ 1 O regresso de D. João poderá ser interpre- ~
z ~ z
tado como o regresso simbólico de O. Se- ~
~ ocupação dos governantes. ~ ~ ~
z bastião ou como o regresso do passado.
z z z
~i O retrato de O. Manuel devorado pelas chamas e o de i 1 i
Esse regresso não solucionou problemas, 1
~ O. João, no seu palácio e em grande plano, iluminado pelo z zantes destruiu o presente ID. Manuel, que z
~ fogo, pressagiam o futuro trágico: dois patriotas derrota- ~ ~
luta por um Portugal novo] e o futuro !sim- ~
~ dos pelo destino. i ~
balizado por Mana, doente e frágil para 1
~ Os retratos de Camões e de O. Sebastião são também ~ ~~ res1st1rl.
z z ~~
~ símbolos da Pátria. Camões, o expoente máximo das le- ~ ~ Sem esquecer os valores do passado, é no ~
~ tras e do orgulho nacionais, D. Sebastião, o esperado li- ~ ~ presente que se tem de construir o futuro . ~
~ bertador do domínio espanhol. ~ ~ ~
~""""""~"~"""~"~"~'~"~'~"""'~"""~"'""""""'"""~ ~~"""""""""""~""""""""'"""""""'""~""'~
PASSADO
D. João de Portugal - heroísmo,
grandeza .
D. Sebastião - rei português, inde-
pendência, o salvador da Pátria .
. - - .
PRESENTE
D. João - Ninguém. Telmo - acredita no regresso de O. João.
D. Manuel - patriota, corajoso, admira- Sebastianista convicto.
dor da grandeza do passado, não espera
o regresso do salva dor. Reconhece, tarde demais, que o regres-
D. Madalena teme o regresso do passa- so do passado não é a solução para Por-
do por sim ples motivos sentimentais. tugal.

D. Maria - patri ota, sonha-


dora, doente, sebastianista

DIMENSÃO TRÁGICA DRAMA ROMÂNTICO


O desafio de O. Madalena ao apaixonar-se por Manuel de Escrito em prosa.
Sousa ainda antes da partida de O. João, e o posterior casa-
mento com ele, com a consequente culpa, sofrimento e ter- As personagens apresentam traços do herói ro-
ror crescente de que um dia o primeiro marido regressasse,
mântico :
a peripécia da vinda do Romeiro e quase simultâneo reco- ,/ pelo patriotismo,
nhecimento de O. João de Portugal, o desenlace fatal com a ,/ pela valorização da liberdade,
morte de Maria dão à peça uma DIMENSÃO TRÁGICA. ,/ pela frag ilidade feminina,
O destino encarregou-se de destruir quem não o merecia. ,/ pelo domínio do sentimento.
EÇA DE QUEIRÓS, OS MAIAS
EÇA DE QUEIRÓS • Contextualização histórico-literária.
• A representação de espaços sociais e a crítica de costumes.
• Espaços e seu valor simbólico e emotivo.
Os Maias
• A descrição do real e o papel das sensações.
!integral) • Representações do sentimento e da paixão: diversificação da intriga amorosa !Pe-
<t dro da Maia, Carlos da Maia e Egal.
%
<t • Características trágicas dos protagonistas !Afonso da Maia, Carlos da Maia e Ma-
o:: ria Eduarda).
(!)
o • Linguagem, estilo e estrutura:
o::
D.. - o romance: pluralidade de ações; complexidade do tempo, do espaço e dos pro-
tagonistas; extensão;
- visão global da obra e estruturação: título e subtítulo;
- recursos expressivos: a comparação, a ironia, a metáfora, a personificação, a
sinestesia e o uso expressivo do adjetivo e do advérbio;
- reproducão do discurso no discurso .

Ã'''"'""'""''"""''''''"'"""""""'""'''"'""'"'"'""'"'''""'"''""'""''''''""""''"'""""'''""''"''"''""'''"'''"''"''""'""''''"'''~i~
~
~z Contextualizacão histórico-literária do romance, publicado em 1888
. z
~ + REGENERACÃO : instaurada em 1851, após prolongada agitação política. ~
z - Objetivos políticos e mudanças económicas : conciliação entre fações; harmonização das classes; revisão z
i constitucional; rotativismo; obras públicas; evolução tecnológica; desenvolvimento do comércio e da indústria. ~
j - Fatores de insucesso e consequências: falta de matérias-primas, de população ativa não agrícola, de for- i
~z
z mação de operários e patrões; investimento na especulação e no imobiliário; dependência do estrangeiro; ~z z
j 1892, bancarrota.
~ - DE 70 » i~
~ + «GERACAO i
! - Objetivo de mudar as consciências e o poder, com a divulgação das «novas ideias» que agitavam a Europa, ~
1 na política, religião, filosofia, educação, literatura, arte !Socialismo; Positivismo; Idealismo; Realismo). i
i - O Realismo : objetivo principal, representar a realidade contemporânea; observação e análise dos costumes, ~
i enformada pelas modernas correntes do pensamento, com vista a intervir na sociedade; preferência por temas i
i de alcance coletivo [educação, política, economia, Jornalismo, miséria social, vida familiar, adultério, etc.). i
i O romance é o género preferido na Literatura, com personagens-tipo representativas de grupos sociais, e ~
~ personagens nas quais a hereditariedade, a educação e o meio determinam traços de carácter e comporta- ~
i mentas. i
~ + «Vencidos da Vida» : autodenominação 1rón1ca do grupo, na maturidade [adesão de Eça, em 1889). ~

v~ ~"""""""""""""""'""""'""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""'""""~
O ROMANCE - subgénero narrativo, distingue-se pela extensão, pela pluralidade de ações, a complexidade do tempo, do
espaço e dos protagonistas.

VISÃO GLOBAL DA OBRA E ESTRUTURAÇÃO: TÍTULO E SUBTÍTULO (PLURALIDADE DE AÇÕES)

Título -+ Os Maias -+ Intriga romanesca Subtítulo -+ Episódios da Vida Romântica -+ Crítica de costumes
()' ()'
História de três gerações da família Maia : REPRESENTAÇÃO DE ESPAÇOS SOCIAIS
• Afonso, contemporâneo da s lutas l1bera1s ; ()'
• Pedro, o Romantismo da Regenera ção,
Em episódios como:
• Carlos, contemporâneo da «Geração de./ o serão em Santa Oláv1a - a educação [Carlos/ Euse b1ozinho, a
70». viscondessa, o abade, Vilaça];
_ _ ./ jantar no Hotel Central - política, economia, literatura [Ega /
1------r-,.- - - - - . - - - -- ----1 Alencar; Dâmaso, Craft, Cohen) ;
./ o Jantar dos Gouvarinho - política, educação, cultura, o adultério
[os Gouvarinho, Sousa Neto) ;
Intriga princi pal - Intriga secundária
relação Carlos/ - relação Pedro/ ./ as corridas no Hipódromo de Belém - prov1ncian1s mo (Dâmaso);
Maria Eduarda Maria Monforte ./ Jornais «Corneta do Diabo» e «A Tarde» - Jornalis mo corrupto e
sensacionalista, política !Palma Cavalão, Neves] ;
./ sarau no Teatro da Trindade - atraso cultural, h1pocns1a [Crugesl.
EÇA DE QUEIRÓS, OS MAIAS

CARACTERÍSTICAS TRÁGICAS DOS PROTAGONISTAS ESPACOS E SEU VALOR


SIMBÓLICO E EMOTIVO
./ Herói trágico - segundo Aristóteles, personagem de caráter ele-
vado. Espaços generalizantes
./ Afonso da Maia, Carlos e Maria Eduarda, os protagonistas: des- ./ Lisboa
tacam-se dos que os rodeiam pela grandeza do seu caráter exce- Reduzida aos espaços frequentados pela
cional e superior. Esta supenondade é várias vezes sublinhada e burguesia e a aristocracia , ev1denc1ando a
confirmada pelas atitudes nobres que os três Maias têm ao longo da subordinação, no romance, do espaço físi-
narrativa, o que, de resto, os faz merecedores da admiração geral. co ao espaço social. No epílogo, as ima-
./ Erro trágico: cometido consciente ou inconscientemente pelo gens da cidade são s1mból1cas da visão de
herói, conduz à catástrofe . um país estagnado.
- Afonso : 1ncapac1dade de influenciar o caráter de Pedro; intransi- ./ Sta. Olávia
gência perante a relação deste com Maria Monforte. O contacto saudável com a Natureza e com
- Carlos: incesto inconsciente e, no final, consciente . as raízes familiares, lugar escolhido por
- Maria Eduarda : incesto inconsciente. Afonso para educar o neto .
./ Coimbra
REPRESENTACÕES DO SENTIMENTO E DA PAIXÃO:
O meio universitário onde Carlos e o amigo
diversificação da intriga amorosa
Ega descobriram entusiasticamente o pen-
./ PEDRO DA MAIA- MARIA MONFORTE samento europeu, tal como acontecera
Pedro, um ser frágil, melancólico e sentimental, é dominado por com Eça e os seus companheiros de Gera-
uma paixão avassaladora, que o leva a enfrentar a pressão social e ção.
a rejei ção do pai, a aceitar passivamente todos os caprichos da mu-
./ Sintra
lher, a cometer suicídio, quando abandonado por ela.
Espaço poetizado e romântico, onde Carlos
O temperamento arrebatado, excessivo e caprichoso de Maria ma-
nifesta-se na rápida passagem da paixão por Pedro à paixão pelo procura Mana Eduarda, acompanhado por
napolitano com quem acabou por fugir. Cruges, e onde encontra o poeta Alencar.
A história de ambos constitui o antecedente imprescindível para a Espaço também de encontros como o de
intriga principal, uma vez que a separação dos irmãos e o desco- Palma Cavalão e Euseb1ozinho com as
nhecimento da sobrevivência de Maria Eduarda !cuja morte foi con- prostitutas espanholas.
fundida com a de uma irmã) conduzem às circunstâncias em que As casas
se dará o futuro encontro . ./ O Ramalhete
./ CARLOS - MARIA EDUARDA Em ruína durante anos, recuperado pela
Carlos da Maia, após experiência s sent1menta1s tão ardentes quan - energia promissora de Carlos e reabitado
to efémeras, vive com Maria Eduarda um amor pleno, feito de des- no outono de 1875, é novamente abando -
lumbramento e sensualidade, a par da comunhão de gostos, sofis- nado. Revisitado no regresso de Carlos a
ticação e cosmopolitismo. O ciúme e desilusão, após as revelações Lisboa, dez anos após a tragédia, apresen -
de Castro Gomes, dão lugar à compaixão e admiração redobrada . ta marcas de decadência e morte: é o sím -
A fraqueza da sua vontade torna -o incapaz de se afastar de Maria bolo da glóna e da queda da família Maia.
Eduarda, logo que é revelada a 1dent1dade dela.
,/ A Toca
Maria Eduarda, vítima dos desvarios maternos, ama pela primeira
vez. O nome conota uma dimensão animales-
ca e de esconderijo; vários elementos da
./ EGA - RAQUEL COHEN decoração, no quarto de Maria Eduarda,
João da Ega, o opositor radical do sentimenta lismo romântico, vive prenunciam a condenação do amor clan -
uma paixão obsessiva e intensa, romântica . Vive aquele período da
destino que ali acontece · a tapeçaria, com
sua vida em função de Raquel, como é ev1denc1ado : pelo capítulo
Marte e Vénus, os irmãos incestuosos, a
escrito de As Memórias de um Átomo, pela realização do jantar no
Hotel Central, em honra do banqueiro Cohen, pela decoração da pintura de S. João Batista, vítima da pai-
Vila Balzac, pelo entusiasmo na preparação para o baile de másca- xão de Salomé, a coruJa
ras, pelo impulso que o levou a publicar a carta de Dâmaso.
Raquel, uma das personagens representativas do adultério femi-
nino, frequentemente vivido como compensação para frustrantes A DESCRICÃO DO REAL E
casamentos de conveniência, após uma «sova », continua a sua re- O PAPEL DAS SENSACÕES
lação conjugal e não hesita em substituir Ega por Dâmaso .
As descrições são fortemente sensoriais,
O TEMPO da narrativa revelando a influência da estética impres-
./ Início da ação : outono de 1875. sionista; frequentemente, sublinham a
./ Longa e importante analepse inicial: Juventude de Afonso, casa- perspetiva da personagem pelos olhos da
mento e exílio em Inglaterra, 1nfânc1a e Juventude de Pedro, casa- qual são apreciados seres ou lugares. Exs.:
mento, suicídio, infância e anos de formacão de Carlos . ./ a descncão de Mana Eduarda e da casa
./ Retomar da ação . · da Rua de ·s. Francisco, feita pelos olhos
./ Segunda analepse: revelações de Maria Eduarda . de Carlos,
./ Duração da intriga principal : cerca de dois anos. ./ a descrição da Vila Balzac;
./ Epílogo: dez anos ma is tarde.
./ a descrição do hipódromo.

1t
CESÁRIO VERDE, CÂNTICOS DO REALISMO
Cesário Verde, Cânticos do • A re presen ta ção da ci dade e dos tipos soci ais.
Realismo (O Livro de • Deambu lação e imag in ação : o observad or aci den ta l.
Cesário Verde} • Perceção senso rial e tran sfigura ção do real.
«O Sentimen to dum Ociden tal» • O imag inário ép ico [em «O Sentime nto dum Oci de nta l»]:
<( - o poema long o;
~
[lei tura obrigatória]
<( - a estruturaçã o do poema;
a:: Escolhe r mais 3 poemas, de - subversã o da mem ória épica: o Poeta , a vi ag em e as perso nag ens.
C)
o entre os segu intes: • Li nguagem, est ilo e estrutura:
a::
a. «Num Ba irro Modern o» - estrofe, metro e rima;
«Cristalizações» - re cursos expressivos : a co mpara ção, a enumera ção, a hipérbole, a me -
«De Tarde» táfora, a sinestesia, o uso expressivo do adjetivo e do advérb io.
«De Verã o»
«A Débil»

A REPRESENTACÃO DA CIDADE
E DOS TIPOS SOCIAIS
./ A cidade é o lugar onde se acumula a multidão, quer em
casas apalaçadas e burguesas, quer em bairros insalubres
e becos m1seráve1s .
./ A cidade é povoada de tipos sociais das diversas clas-
ses: aristocracia, burguesia, artífices, operários, vendedo-
res ...
./ A cidade «desperta um desejo absurdo de sofrer» no su-
jeito poético que a vê como um lugar de atração e de repul-
O poema está organizado em 4 partes perfeita-
sa, de futilidade, da moda, de corrupção e de doença, de
mente simétricas:
aprisionamento da «dor humana» , Por isso,
- 11 quadras com o primeiro verso decassilá-
./ Os males da cidade interpelam o sujeito poético e esti - bico e os três restantes alexandrinos (12 síla-
mulam o seu olhar comovido e solidário com os trabalha - bas] ;
dores. - cada uma das partes corre sponde à etapa de
uma deambulação espácio-temporal e emo-
DEAMBULACÃO E IMAGINACÃO: cional levada a cabo pelo sujeito poético:
O OBSERVAÓOR ACIDENTAL - Ave- Marias:
./ O poeta deambula pelas ruas da cidade, sem roteiro de- - Noite fechada;
finido e, nessa deambulação, observa a realidade. lugares - Ao gás;
e pessoas com as quais, acidentalmente, se cruza . - Horas mortas.
./ O real captado estimula as sensações, as emoções, as Subversão da memória épica,
reflexões e a imag inação do sujeito poético . a viagem e as personagens
PERCECÃO SENSORIAL E ./ A estátua de Camões, que o sujeito encon-
TRANSFIGURACÃO DO REAL tra na deambulação pela cidade, é o símbolo
dessa memória passada, apenas estátua num
./ Captação impressionista da realidade: o real apreendido
«recinto público e vulgar».
através de impressões [a cor, a luz, o movimento, os seres
e as coisas fugazes] que estimulam o sujeito poético. ./ A deambulação do Poeta é uma epopeia às
avessas, uma viagem pela miséria nacional. O
./ O real percecionado através das sensações, muitas ve-
«épico doutrora» é apenas um símbolo e os
zes misturadas em sinestesias.
herdeiros dos marinheiros portugueses mo-
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA ram em bairros infectas, são os filhos que as
varinas embalam nas canastras e irão naufra-
./ Busca da perfeição formal : a regularidade estrófica e gar nas tormentas.
métrica [uso preferencial do verso decassilábico e do ale- ./ O mar, que no passado foi descoberta, é «si -
xandrino]; uso da rima. nistro», no presente .
./ Valorização poética do vocabulário quotidiano e colo- ./ O futuro é um sonho impossível para os
quial (prosaísmo]; uso de estrangeirismos de época. «emparedados» do Ocidente .
./ Utilização do adjetivo e do advérbio em combinações de
palavras semanticamente desajustadas .
./ Uso original de comparações e metáforas transfigura -
doras; hipálages, sinestesias, enumerações .

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