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liga orangina notoriedade para a marca e incremento nas vendas

» PRÉMIO
NOVEMBRO DE 2010 • ANO VII • DIRECTOR ÁLVARO MENDONÇA
NOVEMBRO 2010

bpa

A nova marca
ATLANTICO
Entrevista
ENTREVISTA
ALBERTO CV&A BRASIL
David
DA PONTE
O CEO DA CENTRAL DE CERVEJAS E
Seromenho
perfil
BEBIDAS EXPLICA COMO A SAGRES
RECUPEROU A LIDERANÇA E REVELA
A ESTRATÉGIA PARA O FUTURO Carlos Costa

COMEMORAÇÃO DOS 35 ANOS DE INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA

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SUMÁRIO
NOVEMBRO

2010

CAPA
Entrevista a Alberto da Ponte, CEO
da Central de Cervejas e Bebidas

6 A ABRIR 44 COMEMORAÇÕES 52 NEGÓCIOS 66 CIÊNCIA 82 INTERNACIONAL 100 LUXOS


10 ENTREVISTA 35 Anos da Transporte Rodoviário: Prémio Gulbenkian Atelier Nnini Andrade Cabazes de Natal José
Alberto da ponte Independência de um sectorestratégico 68 PERFIL da Silva premiado Avillez
18 DESTAQUE Angola 54 OPINIÃO Nuno de Sousa Pereira 84 ARTE 98 INOVAÇÃO
Liga Orangina 46 MARKETING Sam Mahtani – F&C 70 NEGÓCIOS Paula Rego: Uma nova vida para
22 CENTENÁRIO BPA muda para Investments Bordallo Pinheiro: personalidade do ano cortiça
Viva a República ATLANTICO 56 PERFIL Fénix renascida 2009 104 TECNOLOGIA
28 ESPECIAL 48 PERFIL Carlos Costa 74 NEGÓCIOS 86 MOÇAMBIQUE Prémio Apritel
Brasil Paulo de Sousa 58 ENTREVISTA Vista Alegre by Joana Polana Serena Hotel 106 TECNOLOGIA
40 ENTREVISTA Pereira Maldonado Gonelha Vasconcelos 92 VINHOS Cisco Cius
David Seromenho 50 NEGÓCIOS 62 SAÚDE 76 PATRIMÓNIO Paulo Saturnino Cunha 108 AUTOMÓVEIS
Mota-Engil reforça Investigação e Reabilitação do 94 CHIADO Mercedes SLS AMG
actividade em Angola Desenvolvimento Palácio da Bolsa Rota ‘gourmet’ da 114 OPINIÃO
capital Ricardo Galuppo

FICHA DIRECTOR
Álvaro Mendonça
CONTRIBUINTE
506 567 516
TÉCNICA IMPRESSÃO CRC LISBOA
SIG- Sociedade Indústrial 13538-01
Gráfica, Lda REGISTO ICS
PROPRIEDADE 124 353
Just Leader, SA

Novembro 2010 » PRÉMIO » 3

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Editorial

Álvaro Mendonça

MORRER DA CURA
O
Orçamento de Estado para 2011 está nem a sua dívida externa, mas a falta de crescimento. “As
aprovado, com os votos favoráveis do partido economias modernas não são feitas para estagnar, até porque
do Governo, a abstenção do maior partido o Estado Social só se poderá manter se houver crescimento
da oposição e os votos contra de todos os económico”, garante João Ferreira do Amaral, um dos
restantes. Chega. Mas será este o Orçamento economistas presentes no colóquio da AR. “Crescimento não
de que precisamos? apenas do PIB, mas também da produtividade, e sem ser à
Em meados de Outubro, num colóquio sobre dívida custa de um aumento do desemprego”, acrescenta.
pública organizado pela Comissão de Orçamento e Finanças Sem crescimento económico também não será possível
da Assembleia de República, alguns dos mais independentes pagar dívida”, acrescenta João Sousa Andrade, da Faculdade
economistas portugueses juntaram-se para discutir o estado de Economia da Universidade de Coimbra. “Sem crescimento
da Nação. e com taxas de juro a subir, Portugal caminhará para a
Das discussões deste encontro resultaram conclusões insolvência”, garante.
interessantes. O tal Orçamento aprovado, com foco único na contenção
A primeira, é que a economia portuguesa não tem um do défice e da despesa pública, parece afinal não ser o mais
problema orçamental, mas um problema de endividamento indicado para o momento. O aumento dos impostos das
externo que deriva do défice estrutural das nossas contas famílias e das empresas afecta fortemente o crescimento de
externas. Importamos mais do que exportamos e por isso uma economia já débil. E a falta de investimento público,
temos de financiar a diferença com créditos do exterior. E numa altura de grave crise, agrava ainda o problema. É o
essa é a razão que levou ao acumular de uma dívida externa Orçamento possível? Talvez, mas não o mais indicado. Com
de proporções gigantesca. esta obsessão pelo défice podemos curar a doença, mas
A segunda constatação é que a dívida externa é pública e arriscamos morrer da cura.
privada. Ou seja, o problema não está limitado ao Estado, mas
envolve também empresas públicas e privadas, as famílias e
o sistema financeiro. Uma dívida externa que resulta também
da fraca taxa de poupança nacional. Sem aforro interno, a
solução é ir buscar os financiamentos lá fora.
Há depois o problema do crescimento. Entre 1960 e 1970,
a economia portuguesa mais do que duplicou de tamanho. Na
década de setenta, e apesar de duas graves crises petrolíferas
mundiais, o PIB cresceu 53%. Nas duas décadas entre 1980 e
2000, o crescimento manteve-se acima dos 30%. Mas desde O Orçamento aprovado parece
2000 e até 2005, o PIB progrediu apenas 2,6%. Os cálculos
do economista Medina Carreira falam por si. afinal não ser o mais indicado
O problema de Portugal - e esta é talvez a conclusão
mais importante de todas -, não é o seu défice público, para o momento.
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Afc_RevPrémio_220x275.ai 1 9/17/10 12:23 PM

JUNTA A SEDER
À VO N TA D E D E V E E

Seja responsável, beba com moderação.

Pela primeira vez no mundo, o melhor de dois mundos:


a cerveja e a televisão.
Um brinde ao futebol espectáculo!

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Millennium bcp
BREVES
Fic Luanda relança CELEBRA 25 ANOS COM OFERTAS
produção

E
cinematográfica m 2010 o Millennium bcp comemora com a mensagem “Descubra aqui o que te-
nacional os seus 25 anos e para celebrar este mos para si”. Para oferecer aos seus Clientes,
“Mostra Cinema Moçambica- marco criou uma logomarca específi- as sucursais irão também receber brindes
no” foi o tema do III Festival ca, alusiva aos 25 anos, que irá ser utilizada com a imagem alusiva aos 25 anos do banco.
Internacional de Cinema (Fic) até ao final de 2010 em todos os suportes Nos primeiros nove meses do ano, o re-
de Luanda, que decorreu entre de comunicação e em todas campanhas sultado líquido consolidado totalizou 217,4
os dias 8 e 11 de Novembro. comerciais, as quais terão associadas ofertas milhões de euros nos primeiros nove meses
Promovido pelo Ministério da relacionadas com as comemorações. de 2010, que compara com os 178,1 milhões
Cultura angolano, o objectivo A campanha Cliente Frequente inclui a oferta de euros apurados no período homólogo de
deste Festival é a de 25% sobre a comissão aos clientes regula- 2009. Um resultado recorde, não obstante
exibição pública de filmes de res do banco. A campanha Institucional dos o reforço das dotações por imparidade do
todo o mundo não distribuí- 25 Anos, garante descontos e vantagens ofere- crédito.
dos nem exibidos nas salas cidos pelos parceiros do Millennium bcp . A O rácio de eficiência consolidada situou-se
campanha Recursos. D.P. 25 anos, promove em 55,1%, uma melhoria de 9,3 pontos per-
um Depósito a prazo a 180 dias, remunerado centuais (p.p.), face aos 64,4% registados em
por uma taxa base de 1%, acrescida de 0,1% igual período de 2009. O rácio de eficiência
por cada ano de relação do cliente com o ban- melhorou, quer na actividade em Portugal
co, até ao máximo de 2,5%, correspondente (baixando de 60,7% para 48,7%), quer na
aos 25 anos de vida do Millennium bcp. Por actividade internacional, ao reduzir-se em 2,9
último, a campanha Cartões de Crédito, ofere- p.p., beneficiando dos desempenhos favorá-
ce a anuidade do cartão e o ‘cash-back’ de 25 veis na maioria das operações no exterior.
euros em novos cartões de crédito Os recursos totais de clientes aumentaram
de cinema do país, bem como Toda a comunicação foi concebida de modo a 1,9%, em base comparável, ascendendo a
ajudar no desenvolvimento e enfatizar esta celebração. Além dos habituais 66.971 milhões de euros em 30 de Setembro.
promoção do cinema nacional. suportes de comunicação, as sucursais irão Este crescimento foi resultado do dinamismo
Para além disto, visa ainda receber peças de ‘merchandising’ específicas: comercial na captação de recursos, traduzido
contribuir para a educação e Electrostáticos para as portas das sucursais no aumento de 8,4% dos recursos fora de
sensibilização de diferentes pú- com a mensagem “Entre e descubra o que balanço e no acréscimo de 1,7% dos depósitos
blicos, permitindo uma reflexão temos para si”e orelhas para os porta-folhetos de clientes.
sobre outras formas de pensar,
olhar e comunicar, colaborando
assim num maior desenvolvi-
mento cultural.
Nesta edição do Fic estiveram
ISQ atinge milésimo colaborador
em exibição cerca de 47 filmes,
O NÚMERO

sendo 37 em Sessões Competi- O Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) criou 25 novos


tivas e 10 em Sessões Extra- empregos no decurso do ano de 2010, contando actual-
Competição. O Fic Luanda mente com mil colaboradores. O reforço do quadro de
selecciona para as diversas colaboradores segue em linha com a estratégia levada a
sessões que compõem o cabo no ISQ em especial nos últimos 10 anos, tendo, desde
evento uma mostra equilibrada 2009, criado um total de 70 novos empregos. Com 80
e representativa do melhor que milhões de euros de receitas em 2009, dos quais 44% provêm de actividade desenvolvi-
se vai produzindo nas distintas da no estrangeiro, o Grupo ISQ é constituído pelo próprio ISQ, que registou um volume
regiões do mundo, reflectindo de negócios de 62,4 milhões, um aumento acima dos 9% face a período homólogo, e
a diversidade temática e de por mais 21 entidades. Com sede no Taguspark, Oeiras, tem representações em Angola,
propostas estéticas. Argélia Brasil, China, Cuba, Espanha, Guiana Francesa, Irão, México, Moçambique,
Noruega e Turquia e mais de 20 países de diferentes continentes.

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O crédito a clientes atingiu 76.638 milhões reforço da presença do Banco no triângulo TV CABO ANGOLA
de euros, registando uma ligeira contracção, Europa-África-Ásia. O Millennium bcp visa
em base comparável, face aos 76.854 milhões assim estabelecer-se como uma plataforma
LANÇA VIVA
relevados em 30 de Setembro de 2009. O internacional de negócios entre a China, a
comportamento do crédito a clientes foi Europa e os países africanos de expressão A TV Cabo, pioneira em Angola na TV
sobretudo condicionado pelo crédito a empre- portuguesa. Esta estratégia levou, a 15 de por cabo e internet (Dualtlay) lançou,
sas, visto que o crédito a particulares registou Outubro, à alienação da totalidade da rede do
no início de Setembro, a revista Viva. A
um crescimento de 3,1%, suportado pelo Millennium bcpbank nos EUA, da respectiva
aumento de 4,3% do crédito à habitação. base de depósitos e de parte da carteira de revista, gratuita para os clientes da TV
A margem financeira manteve a tendência de crédito e à assinatura, na primeira semana de Cabo, chega mensalmente a todos os
crescimento iniciada no segundo trimestre Novembro de um memorando de entendi- subscritores de televisão e de internet,
de 2009, aumentando 9,4%, motivado pelos mento com o Industrial and Commercial tem uma tiragem de 10 mil
esforços de ‘repricing’ do crédito empreen- Bank of China (ICBC), que se estende a exemplares
didos, e beneficiando do outros países e regiões, para além de Portugal
e cerca de 52
contributo favorável das e China, visando cobrir o triângulo China/
Macau, Angola e Moçambique e páginas. Além
Portugal. da programação
Ambos os Bancos darão pre- de televisão, inclui
ferência à utilização das redes informações sobre
globais recíprocas na prosse- os produtos e
operações internacionais, cução da respectiva actividade em áreas de
serviços da TV Cabo,
onde se registou um acréscimo de 32,5% face negócio como ‘trade finance’, tesouraria,
ao trimestre homólogo. abrangendo o mercado monetário, cambial reportagens exclusivas
O Millennium bcp confirmou entretanto os e ‘swaps’, ‘cash management’ e pagamentos com artistas angolanos
seus planos de expansão em Angola e Mo- internacionais em euros e ‘renminbi’ (moeda e sobre os mais importantes eventos
çambique, com o Banco Millennium Angola oficial da China), ‘corporate lending’, ‘project culturais e sociais. A primeira edição
a aumentar, no início de Outubro, a sua rede finance’, empréstimos sindicados e banca da Viva teve como tema de capa uma
para 33 Sucursais. No seu conjunto, estas ope- de investimento.Também está contemplada
entrevista com a prestigiada cantora
rações apresentaram um resultado líquido de cooperação em negócios relacionados com
60,4 milhões de euros, nos primeiros nove potenciais fusões e aquisições transfrontei- angolana Yola Semedo. Destaque ainda
meses do ano, o que significa um acréscimo riças, financiamentos com ‘equity’ e dívida e para a entrevista com Paulo Varela
de 21,0% face ao período homólogo. De regis- serviços de consultoria financeira. Ambos os CEO da Visabeira Global e para um
tar ainda a inauguração da Sucursal Onshore bancos promoverão a comunicação e a coope- artigo sobre a expansão do serviço da
em Macau materializando a estratégia de ração entre as subsidiárias e sucursais. TV Cabo para Benguela, Catumbela e
Lobito.

A revista Exame distinguiu a Santos, administrador-delegado


Recheio é a cadeia grossista Recheio, do do grupo. Auditado pela consul-
grupo Jerónimo Martins, como tora Deloitte, este estudo avalia
melhor na a melhor empresa de Distribui- diversos indicadores financeiros,
das vendas aos resultados líqui-
Distribuição ção Alimentar em Portugal, no
âmbito do Estudo anual sobre as dos, passando pela rentabilidade

Alimentar 500 maiores e melhores empresas


de Portugal. “O prémio é o reco-
de activos, capital próprio, valor
acrescentado bruto, solvabilida-
nhecimento público da qualidade de e liquidez geral. Trata-se da
do desempenho e da gestão da segunda vez consecutiva que o
companhia, no difícil ano de Recheio conquista este troféu.
2009 “, refeiu Pedro Soares dos

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Casa da Ínsua
BREVES
Rui Leão Martinho
candidato único a Bas-
EXPERIÊNCIA DE VINDIMA
tonário da Ordem dos
Economistas
Rui Leão Martinho encabeça
a única lista candidata aos
órgãos nacionais da Ordem
dos Economistas para o triénio
2011/2011, cujas eleições
decorrerão no próximo 26 de
Novembro. O programa de
acção da lista candidata visa
“Fortalecer e Rejuvenescer a
Ordem, Prestigiar a Profissão
de Economista”, pretende
reforçar a prestação de serviços
aos membros e incrementar

O
os benefícios e parcerias; criar a casa da ínsua Hotel Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, promoveu, entre 15 de
bolsas de emprego, de primeiro vai lançar dois Setembro e 5 de Outubro, o programa Vindimas 2010, uma oportu-
emprego e estágios; reforçar novos vinhos nidade única de conhecer os segredos de produção de um dos mais
a aproximação às Universi- brancos: prestigiados vinhos do Dão, tendo por cenário toda a envolvente que o hotel de
dades; cooperar com institui- vinho branco charme de cinco estrelas tem para oferecer. Os visitantes puderam participar
ções e entidades nacionais e semillon nas vindimas, com apanha das uvas, pisa e vinificação, e usufruir de um almoço
internacionais; modernizar os 2009 e vinho ao ar livre na Quinta e de uma prova de vinhos.
serviços, prosseguir o processo branco O pacote “Vindimas 2010” incluía duas noites de alojamento com pequeno-
de regionalização da Ordem; reserva 2009 -almoço, um almoço, uma prova de vinhos Casa da Ínsua acompanhada de
promover o empreendedorismo queijos da região e todas as actividades associadas. Os hóspedes da Casa da
e a inovação e desenvolver a Ínsua podiam ainda usufruir de descontos em restaurantes e actividades extra
dinâmica desportiva e cultural. da Visabeira Turismo.
A lista conta com Adriano A Casa da Ínsua vai lançar, entretanto, dois novos vinhos brancos: Vinho
Pimpão, Raul Marques, Helena Branco Semillon 2009 e Vinho Branco Reserva 2009.
Adegas, Mário Abreu, Ricardo O monocasta Semillon 2009 é um vinho regional com aromas de fruta
Valles e Luís Sitima na Direc- madura, damasco e flor de laranjeira, que se pode beber como aperitivo ou para
ção. Francisco Murteira Nabo, acompanhar carnes brancas, peixes e todo o tipo de saladas. O Banco Reserva
o actual Bastonário, aparece 2009 tem uma classificação DOC Dão e combina as castas Encruzado, Malvasia
como Presidente da Mesa da Fina e Semillon. Tem um aroma floral e de madeira muito discreta. À mesa é
Assembleia Geral. ideal para acompanhar com pratos de peixes gordos e fumados.
O futuro Bastonário da Ordem,
Rui Leão Martinho, integrou já
vários Conselhos da Ordem, e
é Membro da Direcção do ac-
SALOIO, UMA SAGA DE SUCESSO
tual Bastonário. A sua carreira Se em cada ano cada um dos portu- Ambiental que aposta na diferencia-
profissional iniciou-se há cerca gueses tivesse comido um queijo tra- ção e confiança dos seus produtos, e
de 40 anos e a sua actividade dicional poderia ter sido um Saloio. É na criação de inovação, conveniência
tem sido desenvolvida, quer na que das linhas de produção da Saloio e valor acrescentado para o consu-
Banca, quer na actividade segu- saíram, em 2009, mais de 19 milhões midor. Ocupa o terceiro lugar do C

radora, sendo hoje o presidente de queijos. Exemplo de revitalização ‘ranking’ das empresas de lacticínios M

das companhias de seguros dos negócios tradicionais, a Saloio do país, uma posição consolidada
Y

BES-Vida e Tranquilidade. Rui é hoje uma empresa moderna (de em Setembro de 2001 através da
CM
Leão Martinho desempenhou Qualidade Certificada desde 200) e aquisição da Baral, a quarta maior
também funções públicas. também detentora de Certificação empresa industrial do sector. MY

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Parceria
HPP Saúde e Grupo Visabeira CENTRAL DE CERVEJAS
E A MALÓ TOJO CRIAM
Novo Hospital Privado em Viseu MARCA “VINHÓCOPO”
A Sociedade Central
A HPP Saúde, em parceria com o Grupo de saúde, com cerca de 18 especialidades de Cervejas e Bebidas
Visabeira, vai avançar para a construção médicas e cirúrgicas, bem como os princi- (SCC) e a Maló Tojo
e implementação de uma nova unidade pais meios complementares de diagnósti- (MT), empresa do Maló
hospitalar em Viseu. O HPP Hospital da co, incluindo ressonância magnética. Group vocacionada para
capital beirã, do Grupo A nova unidade hospitalar, a produção e comercialização vinícola,
HPP Saúde, será um que deverá entrar em estabeleceram uma nova parceria para
centro assistencial de funcionamento em Janeiro a venda e distribuição, em regime de
referência na região, dis- de 2012, será integrada na exclusividade, de vinho à pressão sob a
ponibilizando uma oferta Quinta da Alagoa, junto ao marca Vinhócopo, e de vinho engarra-
integrada em cuidados Palácio do Gelo Shopping. fado, sob as marcas malored, malorosé
e malowhite. A nova marca Vinhócopo,

JOÃO PECEGUEIRO
NOVO CEO
GRUPO URBANOS TEM
disponível nas variantes Tinto, Rosé
Brisa – Operações e
eiro , 46 ano s, ex- presidente executivo da e Branco, resulta da junção de siner-
João Pec egu rtugal, é o novo CEO
ção e adm inis tra do r-d elegado da Via Verde Po gias entre as duas empresas. A SCC
Manuten cnica, o gestor e antigo
em engenharia electroté
da Urbanos. Licenciado ra a liderar a Urbanos,
contribuirá com a sua rede comercial e
perior Técnico passa ago
docente do Instituto Su como a Marconi, a
de distribuição e com os equipamentos
ter exe rcid o fun çõe s executivas em grupos e assistência técnica, enquanto a MT
depois de Urbanos, “O novo
a Bri sa. Par a Alf red o Casimiro, presidente da contribuirá com o seu ‘know-how’ na
Optimus e rança e uma maior
a e de am biç ão do Grupo exige uma nova lide produção vinícola. Quanto aos vinhos
ciclo de vid mercado nacional,
do s seu s qua dro s”. Depois da afirmação no engarrafados da MT, a distribuição será
qualificação e exigência
ao nív el ão domésticas e
eta pa de con sol ida ção das operações de aquisiç realizada numa primeira fase nos ca-
o grupo entra agora um
a nova ca e de entregas
ade . A Urb ano s é um operador de logísti nais Horeca (Hotelaria, cafés e restau-
de internacionalização da
sua act ivid por cinco plataformas
ma is de 40 0 col aboradores distribuídos radores), via operadores da pré-venda
expresso e conta actualme
nte com nacional de entregas
pas sad o, adq uir iu à CP a TEX, um operador de Lisboa, Setúbal e Porto, podendo
No ano rrocos.
logísticas em Portugal. ento internacional, em Ma
e, em Junho, anu nci ou o seu primeiro investim num segundo momento estender-se
expresso aos canais da distribuição moderna e
Cash&Carrys.

af_rodapé.pdf 1 7/28/10 6:22 PM

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Reflexão Estratégica
BREVES
IX SEMINÁRIO DA CENTROMARCA
BrokersLink nomeia
novo CEO
A BrokersLink, uma das maiores
redes mundiais de corretores de
seguros independentes, nomeou
Leonard J. Battifarano como
novo Chief of Executive Office
(CEO). O novo CEO passará a
ser responsável pela gestão e
pelo desenvolvimento inter-
nacional da BrokersLink. Len
Battifarano transita da Chartis In-
ternational, onde acumulava os
cargos de vice-presidente sénior,
com o pelouro de corretagem e
redes de corretagem e de presi-
dente do Chartis International’s
Office of the Customer. É
também responsável de Marke-

O
ting da Commercial Insurance IX Seminário de Reflexão Estraté-
Company. Foi co-presidente do o primeiro gica da Centromarca, Associação
Comité de Desenvolvimento Es- painel de Portuguesa de Empresas de Produ-
tratégico da Chartis e fundador e convidados, tos de Marca, reuniu no passado dia 27 de
administrador da área de micro- moderado por Outubro no Centro Cultural de Belém (CCB),
seguros do grupo. Antes de antónio lobo um conjunto de figuras reconhecidas do
ingressar na Chartis, em 1999, xavier panorama socioeconómico nacional.
foi presidente e administrador Para além do tema da importância das Mar-
do broker Alexander & Alexander cas e dada a conjuntura socioeconómica actual,
International (actual AON) e várias personalidades marcante da nossa
ocupou cargos de topos na Ame- sociedade, de onde se destacam o Governador
rican International Underwriters
(AIG). Paralelamente à área dos
seguros, foi assessor de política
externa do Presidente do House “Receio que se não houver
of Representatives Committee
para os Negócios Estrangeiros soluções rápidas de
(1993-1995) e membro do con-
selho editorial da Infraestructure
crescimento do país, será
A FRASE

Finance Magazine (1995-1997).


A BrokersLink foi constituída
cada vez mais difícil exportar
há cinco anos, em Portugal, e
está hoje sedeada em Londres.
serviços e bens na área da
Entre os membros da Brokers- construção”
Link, a MDS portuguesa conta
com três associados, através
das empresas do Grupo MDS António Mota, Chairman da Mota-Engil
Portugal, MDS Brasil e Cooper (no decurso da inauguração
Gay.
da Concreta 2001, 4 de Novembro 2010)

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MDS LANÇA NOVOS
SEGUROS PARA A
EDUCAÇÃO E MÚSICA
A MDS – Consultores de Seguros e
do Banco de Portugal, Carlos Costa, o CEO do ensinamentos que recebi em pequeno, quer Risco lançou no mercado dois novos
BPI, D. Carlos de Azevedo, Bispo Auxiliar de em casa, na escola ou na Igreja.”
produtos. O Seguro Escolaridade
Lisboa, Fernando Ulrich, BPI, e Pedro Rebelo No segundo painel, constituído pelo presi-
de Sousa, Instituto Português de Corporate dente da ZON, Rodrigo Costa, pelo presiden- Garantida é um produto totalmente
Governance, debruçaram-se sobre a organiza- te da EDP, António Mexia, pelo presidente inovador destinado à protecção da
ção empresarial, a sua responsabilidade na so- da Unicer, António Pires de Lima, e pelo Educação, que suporta as despesas de
ciedade Portuguesa, perspectivas para o futuro presidente da Inapa, José Morgado, foram Educação e proporciona a possibilidade
e novos caminhos. Este foi o tema central do discutidas as consequências das alterações so- da continuidade nas Instituições de
primeiro painel. ciais na organização das empresas, nas suas
Ensino escolhidas pelos Encarregados
Entre as várias mensagens deixadas por Car- respostas à sociedade e ao mercado.
los Costa sobre a articulação da responsabilida- Para José Morgado, “as empresas são o de Educação, em caso de falecimento
de social e a actuação das empresas e funções principal criador de emprego nas sociedades ou invalidez dos mesmos.
de Estado, o Governador do BP lembra que, “o modernas, funcionam como integradoras Numa primeira fase o novo seguro será
Estado deve assumir as suas responsabilidades sociais”. comercializado junto das Instituições de
e as empresas devem fazer aquilo que lhes No que diz respeito há problemática das Ensino.
compete”. “Não há modelo de inclusão que marcas, os intervenientes são unânimes na
O segundo produto lançado é o
resista se não houver um modelo de sustenta- importância das marcas como âncora de uma
bilidade que a suporte”, acrescenta. relação de curto, médio e longo prazo com os Conserto, um seguro para instrumentos
D. Carlos Azevedo, frisa que as empresas consumidores. É importante passar às pesso- e equipamentos musicais, concebido
e economia não são o centro da vida humana as as vantagens dos produtos de marca relati- a pensar nas necessidades dos
e deu uma outra visão a esta matéria, não tão vamente a outros de diferentes naturezas. músicos e que garante a reparação ou
técnica, mas mais humana. Gracejando ao António Pires de Lima diz que, “o segredo a substituição dos instrumentos ou
dizer que, “se convidam um homem de Deus está nos instrumentos para chegar ao con-
equipamentos musicais novos, em caso
para falar nestas coisas é porque isto está sumidor, num trabalho mais exigente, num
muito mau”. marketing ‘one-to-one’”. de quebra, queda, choque ou roubo
Para Fernando Ulrich, o tema da responsa- Na sessão de encerramento, António quando em uso, trânsito ou depósito.
bilidade social não deveria ser discutido, nem Saraiva da CIP chama a atenção para a impor- Elaborado em parceria com a Liberty
muito menos deveria ser um tema de gestão, tância de acabar com discursos de pessimis- Seguros, o Conserto pode ser adquirido
“é para mim um cumprimento, sou fiel aos mo e confiar nos recursos das empresas. nas lojas de música aderentes, no
momento da compra do instrumento.

A marca Renova entrou no plano exaustiva o percurso de uma marca


Renova é curricular do MBA do INSEAD, que rompeu cânones, inovando
uma das maiores e mais pres- continuamente produtos, processos
case-study tigiadas escolas de negócios do e metodologias de trabalho. A estra-
tégia de marketing irreverente, ao
no INSEAD Mundo. “Avant-garde Marketing
in a Commoditized Category” é longo de sucessivas campanhas de
o título do estudo de caso sobre a comunicação e o posicionamento
empresa, o primeiro dedicado a diferenciador dos produtos Renova
uma marca portuguesa. O caso foram identificados na investigação
Renova foi preparado durante um como factores de crescimento de
ano por professores e investigadores negócio e expansão da marca para
do INSEAD e analisa de forma novos mercados.

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Entrevista Alberto da Ponte

CENTRAL DE CERVEJAS

A Vitória do Senhor Futebol


Inovação e futebol ajudaram a
Sagres a crescer e a recuperar
o primeiro lugar no muito
competitivo mercado das
cervejas. Alberto da Ponte,
presidente da Central de Cervejas,
explica a estratégia passada e
antecipa os próximos passos.

S
e a ligação ao futebol ajudou ao crescimento da marca Sagres, Foi esse princípio que o levou a não equacionar o patrocínio ao futebol,
a aposta em inovação foi o alicerce que cimentou esse mesmo quando assumiu a gestão da Central de Cervejas?
crescimento. Depois de reconquistar a liderança de cervejas Foi. O que temos vindo a fazer é a reafirmar essa posição. Se em 2003 apoi-
à sua arqui-rival Unicer - que respondia pela maior quota de ámos a construção do Estádio da Luz e do Estádio de Alvalade, já em 2004,
mercado desde há 20 anos -, o CEO da Central de Cervejas, Al- o ano do Euro em Portugal, reafirmámos o apoio à Selecção num momen-
berto da Ponte, não cruza os braços. “Já lideramos o mercado há 18 meses. to em que todo o País estava vestido de vermelho e verde. Começámos a
Esperamos que se transformem em 18 anos”, afirma categórico. Para isso, investir mais, nessa altura. Já não era só o ‘naming’ mas, também, todo
prepara já um mega lançamento para o próximo ano. Até lá, espera em um programa de activação conjunto sob o mote da portugalidade. Porque
2010 conseguir crescer 1% depois de dois anos que foram de decréscimo constatámos, também, que a Sagres era percepcionada como a marca de
para o mercado de cervejas. Ao nível de exportação, os maiores números cervejas mais portuguesa. Pelo nome, pela antiguidade e porque até antes
chegam de Angola onde Sagres verá o seu volume aumentar 110% este ano. do 25 de Abril era a marca líder…

Desde 1993 que Sagres patrocina a Selecção Nacional de futebol. Que Mas a associação ao futebol nem sempre trouxe os melhores atributos
evolução sofreu até hoje? para a marca!
A relação da Sagres com futebol reside, hoje, ao nível do próprio ADN. O O que se podia ter feito melhor e de forma mais estruturada, dentro de um
futebol transformou-se em algo genético. Recuando um pouco, ainda antes planeamento a longo prazo, era o trabalho de activação.
de 1993 já patrocinávamos o futebol de forma pontual. Esse ano foi de facto Em 2007, abre-se uma oportunidade nova: a Liga anuncia a disponibilidade
um marco, com a Sagres a ser a primeira marca a apoiar a Selecção Nacio- de ter um novo patrocinador. Concorremos, porque entendemos que não
nal de Futebol e uma das primeiras marcas no mundo a fazê-lo, apoio este podíamos deixar de estar no futebol e de reforçar a nossa presença.
que permanece de forma constante, nos bons e maus momentos da Selec- Depois da Liga Sagres, que é um sucesso – não só pelo ‘naming’ mas por-
ção. E essa é uma regra. Quem quiser fazer um patrocínio, ser ‘sponsor’ que demos uma nova proximidade ao futebol através da marca Sagres, com
ou investir no ‘naming’, tem que pensar nesse trabalho como sendo um a comunicação, as promoções, eventos… -, assinámos ainda um contrato
projecto de longo prazo. com a Liga Portuguesa de Futebol não Profissional.

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Fotos Paulo Alexandrino

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Entrevista Alberto da Ponte
Em 2008, o BES desiste das camisolas do FC Porto, Sporting e Benfica.
Nessa altura, e pela primeira vez desde há 20 anos, a marca Sagres volta a
conseguir a liderança do mercado. E o futebol foi uma das razões por que se
terá conseguido essa mesma liderança! Apesar de não termos ficado com o
Sporting - que perdemos para a nossa concorrência -, conseguimos chegar
a bom termo com o Benfica.
Neste momento estamos com a Selecção Nacional, com a Liga, o Benfica,
a Académica, o Braga, o Olhanense e o Portimonense.

A Central de Cervejas, através da Sagres, investe anualmente 4,25 milhões


de euros na sponsorização do campeonato da 1.ª Liga. Como se reparte
este valor entre o patrocínio em si e a activação?
Investimos entre 12 e 14 milhões de euros, por ano, em futebol. Se admi-
tirmos que é alocado cerca de metade para ‘naming’, tudo o resto será para
a activação. Regra de ouro, quando se tem um ‘sponsorship’, é que o valor
igual ao patrocínio seja utilizado em activação. Não se deve ir abaixo desse
valor.

Já este ano assinou uma parceria inédita a nível mundial, ao partilhar com
a ZON o nome e o patrocínio da mais importante competição de futebol
do País!
É uma parceria que surge por duas razões: primeiro, porque sentíamos
que este patrocínio da Liga é uma espécie de subida do Evereste. Ou seja, à
medida que vamos conseguindo uma vitória de comunicação com o consu-
midor, torna-se fundamental subir a outro pico ainda mais alto. Chegámos
à conclusão que o ideal para o fazer seria entrar com um parceiro muito
forte na comunicação televisiva, muito forte em conteúdos de futebol e na
internet. Havia dois parceiros possíveis, a Meo e a Zon. A Meo nunca mos-
trou interesse, ao contrário da Zon. Se este projecto já era um trabalho a
dois, agora passa a ser tripartido. Não é um trabalho fácil, mas não o sendo
apenas exige bom planeamento.

Significa isto um reforço de investimento na Liga ou, antes, uma diminui-


ção de custos para a Central?
O bolo total de investimento é sensivelmente igual. Mas, com este contra-
to, consegue-se um desígnio estratégico que é fundamental para a Liga: a

perfil
sustentabilidade.
O orçamento de 4,25 milhões de euros é equitativamente distribuído en-
tre a Zon e a Sagres, mas não haverá uma redução de custos para a Central.
Este ano vamos investir de novo entre 12 e 14 milhões, no apoio à Liga mas
com mais acções de activação. Ou seja, acções que a associação à Zon torna
possível.
O maestro do Marketing
É o CEO que há mais anos se mantém à frente da Central de Cervejas. E
Como por exemplo? desde logo imprimiu forte dinâmica a uma casa até então ‘low profile’.
Como seja a exploração de conteúdos que não fizemos até agora, ou um Redifiniu equipas, reorientou estratégias e conseguiu trazer de novo a
trabalho ainda mais ‘one-to-one’ com o nosso consumidor. A Zon é uma liderança para Sagres, perdida há 20 anos.
marca com que todas as empresas gostavam de ter parcerias. Porque é uma Formado pelo ISEG em 1975, Alberto da Ponte começaria a trabalhar na
empresa de tecnologia, de ponta, com bons resultados, com uma equipa Lever (Unilever/JM) ainda dois antes antes de concluir o curso. Nessa
dinâmica, com presença em Angola… casa se manteve mais de uma década, sempre ligado ao Marketing e
Vendas. Fez carreira internacional na Bélgica, Espanha e Malásia. Em
Na prática, que mais-valias traz para a Central? 1989 assume o cargo de administrador delegado da Jerónimo Martins
Ajuda a dinamizar a nossa imagem, vai ajudar a relacionarmo-nos com o Distribuição. Foi ainda administrador-delegado da Cadbury Schweppes
consumidor através das novas tecnologias, vai-nos permitir encontrar pistas Potugal e director-geral da Lever-Elida, função que acumulou com a
e ideias novas… direcção-geral da Unilever BestFoods, durante dois anos. Desde 2004 que
O mercado das cervejas, em Portugal, está estagnado. Se a indústria tra- responde pela presidência executiva da Sociedade Central de Cervejas.

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balhar bem, no seu conjunto, e se cada um dos operadores for um concor- Bohemia que traz uma contribuição activa a Sagres, e de Sagres Zero. Em
rente de pensamentos estratégicos, podemos fazer crescer o mercado. Em 2006, continuámos a inovação e lançámos alguns produtos que serviram
Portugal, não há um ‘pitch drinking’ que seja um problema. A penetração para dinamizar um pouco a marca, como os lançamentos ocasionais ou
do mercado não é muito elevada. Só 40% dos lares é que declaram beber comemorativos.
cerveja. Temos que transformar a cerveja numa bebida mais apetecível. Desde a Bohemia que, neste mercado, não há nenhuma inovação verda-
Há muito a fazer pelo mercado de cerveja. E todas as cervejeiras, sem deiramente sustentada.
excepção, estão a procurar como saída o mercado de exportação. Mas não
podemos deixar de olhar para o mercado nacional. É evidente que a expor- A Central está a preparar o lançamento de alguma?
tação é um vector fundamental de crescimento, mas não podemos deixar Está a ser preparado profunda e activamente. Espero lançar esse projecto,
de olhar para o mercado nacional e tentar ver o que podemos fazer ao nível com grande fôlego, em 2011, e será o resultado de uma profunda investiga-
de inovação, o que podemos fazer para que o consumo de cerveja cresça. ção ao consumidor. A nossa compra pela Heineken também nos permitiu
aceder a um mundo de consumo completamente diferente do que tínha-
Mas é um facto que o número de consumidores de cerveja não tem crescido. mos com a Scottish & Newcastle. A Heineken é hoje uma empresa global,
Não tem crescido mas, entre 2004 e 2008, o mercado cresceu 2-3%, que é com presença nos EUA, Brasil, índia, China, Europa…
um crescimento recorde para um mercado de cerveja na Europa. Em 2008
enfrentámos uma crise e o mercado decresceu entre 1 e 2%; em 2009, caiu Esse lançamento será para um ‘target’ de consumidores em particular,
cerca de 4%. Este ano já não vai ser a mesma coisa. Em 2010, o mercado vai para um momento de consumo…?
ficar nos 1,5% de crescimento. Não posso revelar. Mas vai ser grande. Porque é preciso dar de novo uma
machadada no mercado. É preciso voltar a fazer o que tínhamos feito em
2005, ou seja, lançar uma inovação consistente, com toda a capacidade de
agradar ao consumidor, com toda a comunicação dirigida ao ‘target’ que se
É preciso lançar uma pretende atingir. Essa pedrada no charco é fundamental.
Nunca mais o mercado português de cerveja foi igual, desde 2005.
inovação consistente, Defende que é preciso mudar hábitos, aumentando o consumo de cerveja.
com toda a capacidade Com o estigma que ainda existe no mercado português, como é que o vai
conseguir fazer?
de agradar ao É um trabalho a duas mãos, da indústria e dos cervejeiros. Temos que nos
juntar para mostrar que a cerveja é dos produtos com menos álcool de todas
consumidor. as bebidas com álcool. Assim como temos que acabar com o estigma que
a cerveja engorda.
O que é preciso é saber beber com moderação. Mas se conseguirmos que
a cerveja entre no léxico gustativo do português, pode ser determinante para
o consumo. Agora, esse é um trabalho que tem que ser feito de forma inte-
ligente. Até porque os hábitos dos consumidores portugueses, assim como
Mesmo quando o mercado decresceu, a Central esteve em contra-ciclo e o dos europeus, estão a mudar. A falta de segurança face ao dia de amanhã faz
próprio Alberto da Ponte fez questão de brindar com os portugueses quan- com que queiram consumir hoje aquilo que não sabem se vão conseguir
do reconquistou a liderança… Este crescimento só foi possível roubando consumir no futuro. O que resulta numa maior exigência de qualidade. As
quota à concorrência, ou não? marcas têm que criar uma empatia mais forte para conseguirem lealdade, o
Ganhámos quota e conseguimos ser líderes. Agora já lideramos o mercado que leva a que o marketing tenha que ser ainda mais inteligente.
há 18 meses. Esperamos que se transformem em 18 anos.
Este crescimento foi de quota, de facto, mas o que aconteceu, até 2008, Poderá ditar uma redução de preços?
foi que a quota de Sagres foi subindo mas não à custa do seu concorrente Não se põe de parte, nunca, a hipótese de baixar os preços em situações
principal que se manteve ‘flat’. O grande problema para o nosso concorren- temporárias...
te principal iniciou-se em 2008, quando a sua quota começou a decrescer e
nós continuámos a subir… à sua custa. Foi um facto novo! ... se bem que tinha assumido que nunca iria baixar os preços!
Por isso, defendo que a atitude a tomar é olhar para o mercado nacional e O que houve foi períodos em que tive que baixar, ditado por uma forte pressão
ver como é que é possível crescer à custa de inovação e de maior penetração da concorrência. E sempre que o meu concorrente baixar o preço, eu acompa-
da cerveja, transformando o seu consumo num acto mais regular. Em mé- nho-o. Mas se a minha concorrência for inteligente perceberá que não tem qual-
dia, um consumidor português bebe cerca de 700 litros por ano de cerveja. quer interesse nem traz valor para os accionistas alinhar numa descida das suas
Se for buscar 10% aos restantes líquidos, já é uma grande vitória. marcas mas, antes, praticar o preço justo e tentar fazer com que o consumidor
perceba valor nesse preço justo. Essa é que é uma medida inteligente.
Os resultados de 2008 tiveram muito sabor a Bohemia…
Começámos em 2004 com uma grande subida ditada, muito, pela forte li- Quais os objectivos para Sagres, em 2010?
gação ao Campeonato Europeu de futebol. Em 2005, dá-se o lançamento de Este ano vamos crescer cerca de 1% face ao ano passado.

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Entrevista Alberto da Ponte
O ANO
DA CONQUISTA
O volume de negócios da Central de
Cervejas, que detém as marcas Sagres,
Heineken e Água de Luso, aumentou 3,7%
em 2009, para 446 milhões de euros,
apesar do recuo no mercado cervejeiro.
Segundo informações da própria empresa,
o ganho de quota de mercado foi suportado
pelo crescimento da Heineken (0,7% contra
0,4 em 2008) e da Sagres (45,7% contra
43,8 em 2008).
Também o valor das exportações aumentou
5,2% face a 2008, com destaque para o
mercado angolano.
A Central de Cervejas e Bebidas ultrapassou
a sua concorrente Unicer, em quota de
Este ano vamos crescer a duplo dígito na mercado – quando analisado o conjunto
de todas as suas marcas de cerveja – no
exportação, entre 10 e 15%, devido, em bimestre Dezembro 2009/Janeiro 2010.
Os dados públicos, da responsabilidade da
grande parte, ao crescimento em Angola e AC Nielsen, apontam para uma quota de
mercado em valor, de 49,5% para a SCC,
na entrada em mercados como as Caraíbas. contra 48,5% da Unicer.

... se bem que os vinhos Malo não são Central de Cervejas!


Não vai, portanto, acompanhar o mercado? Não são, mas a verdade é que existe um mercado para este tipo de produto,
Andará perto. Vamos crescer um pouco menos que o mercado, cujo crescimen- onde há operadores que querem entrar, e nós já estamos a fazê-lo. Obvia-
to vai também ser da responsabilidade da Heineken. A Heineken é uma marca mente que vamos distribuir o vinho Malo junto dos nossos clientes.
“premium” que, do ponto de vista do conceito, pode ser trabalhada como uma Entendemos que estamos a tapar uma porta de entrada à nossa concor-
Coca-Cola... Quem é que não gosta de ser visto a beber uma Heineken? rência. Além de que o vamos fazer de forma inteligente, chamando o con-
ceito de Vinhó Copo... que é uma grande marca!
E uma Sagres? Vamos não só distribuir o produto como apoiá-lo no ponto de venda.
Da Sagres são já 60% dos portugueses que gostam.
Este pode ser um produto para exportar para mercados onde a Central já
Um aumento do consumo de cerveja implica, inevitavelmente, uma redu- está, nomeadamente Angola?
ção do consumo de vinho? Pode. Não está fora dos nossos horizontes.
Neste momento, o que se constata no mercado de bebidas é que o consumo
de refrigerantes está a descer, a cerveja está a descer desde há dois anos e a A nível de exportação, em que mercados gostava ainda de entrar com
água lisa está a crescer (muito à custa de marcas próprias). Sagres?
Recentemente, assinámos uma parceria com o Grupo Malo na área de vi- Este ano, estamos a crescer 110% em Angola. Além disso, continuaremos a
nhos e que resultou de um encontro de vontades. Paulo Malo tem connosco investir em dois tipos de mercado, e um deles será o da saudade que é um
uma excelente relação desde a exploração do Spa Malo Clinic no Luso. Nós mercado bastante apetecível para as marcas portuguesas. Já fui emigrante,
temos uma necessidade desse negócio - do vinho - que permite rentabilizar estive em dois países europeus e na Malásia. Quando estava lá fora, tam-
duas coisas: os custos fixos de distribuição e os próprios activos, ou seja, o bém procurava marcas portuguesas.
barril. Fazia todo o sentido fecharmos esta parceria com alguém com quem O outro, é o dos PALOP. Não podemos esquecer tudo o que está para lá do
sabemos haver a possibilidade de uma boa e duradoura relação. Atlântico, mesmo não voltando costas à Europa. Este ano vamos crescer a
duplo dígito na exportação, entre 10-15%, muito derivado do crescimento
Mas o vinho à pressão, como o estão a comercializar com a Malo, não pode em Angola e da entrada em mercados como as Caraíbas onde há uma gran-
canibalizar o consumo de cerveja? de comunidade de portugueses. A nossa preferência vai ser para locais onde
Pode e vai canibalizar. Mas prefiro que a canibalização ocorra dentro da mi- haja distribuidores portugueses. Nos restantes, procuramos perceber se a
nha companhia... estrutura da Heineken nos pode ajudar.

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Destaque liga orangina
Com o naming sponsor à Liga de Honra,
a Orangina quer gerar notoriedade para a
marca e potenciar o número de vendas.
Carlos Santos, country manager da
Orangina Schweppes Portugal,
acredita que o patrocínio ao
futebol é a forma mais célere
para o conseguir, depois de ter
entrado no mercado português
há um ano.
Por Susana Baptista Dias

ESTRATÉGIA
AGITAR EMOÇÕES
A
Orangina quer agitar o mercado de refrigerantes de fru- da Liga de Honra (referido pelo presidente da Liga, Fernando Gomes,
ta em Portugal. Com 74 anos, a marca entrou na compe- semelhante ao anteriormente celebrado com a Vitalis, mas com um
tição nacional no segundo semestre de 2009. Para este incremento de 25% a 30% em termos financeiros), Carlos Santos avan-
ano, a estratégia de comunicação veicula-se na associa- ça que corresponde à “metade do orçamento de marketing disponível
ção ao futebol com o naming sponsor à Liga de Honra – para a marca”. Um investimento, que pretende um retorno ao nível de
Liga Orangina. Os objectivos estratégicos da associação definem-se na quota de mercado, que o responsável também não especifica em valor.
conquista de notoriedade para a marca, na experimentação do produto No arranque da competição, no final de Agosto, a marca equi-
de uma forma mais célere e, consequentemente, no incremento do nú- pou com o novo logo Liga Orangina as camisolas de todas as equipas
mero de vendas. Por isso, Carlos Santos, country manager da Orangina da Liga de Honra, assim como marcou presença nos relvados e nos
Schweppes Portugal, justifica que o patrocínio ao futebol é o veículo eventos organizados pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional. A
mais rápido para o atingir, além de garantir uma visibilidade inigualá- imagem e identidade visual da Liga Orangina é assinada pela agência
vel, potenciando a fase de lançamento da marca em Portugal - que no Santa Fé.
seu primeiro semestre já registou vendas na ordem dos 600 mil litros. A marca, que é referida como uma referência a nível internacional
A marca, do portefólio Orangina Schweppes Portugal, garante que, e considerada “Sabor do Ano 2010” em Portugal, comemora o seu 75.º
à data, este patrocínio está assegurado para a temporada 2010/2011. aniversário no próximo ano.
Contudo, deixa em aberto a possibilidade de continuidade por mais Conheça melhor a estratégia da marca em Portugal na entrevista com
épocas. Embora não seja revelado o valor de investimento ao patrocínio Carlos Santos, country manager da Orangina Schweppes Portugal.

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carlos santos, country manager da
orangina schweppes portugal

“Queremos aumentar
quota de mercado
todos os anos”
Que contexto dita a associação da marca Orangina à Liga de Honra de
Futebol?
A associação ao futebol encontra-se inserida numa estratégia delinea-
da para rapidamente conquistar notoriedade e gerar experimentação da
marca nesta sua fase de lançamento. O futebol é uma paixão nacional
que agita multidões e que proporciona uma visibilidade inigualável.
Também muito importante é a associação aos valores do futebol que
este patrocínio proporciona e que reforçam a personalidade da marca: nível da responsabilidade social da marca, o que passará por facilitar a
emoção, convívio e a promoção de um estilo de vida saudável, sobretudo muitas pessoas a experiência de assistir ao vivo a um competitivo jogo
entre os mais jovens. de futebol.
Para a Liga de Honra, patrocínios como o nosso são extremamente
O naming sponsor à Liga de Honra é válido por quantas temporadas? importantes na medida em que contribuem de forma significativa para
O actual acordo foi realizado para a temporada a viabilidade económica da competição e dos clu-
2010/2011, mas inserido numa óptica de conti- bes que nela participam. É também nosso objec-
nuidade por várias épocas. tivo proporcionar a visibilidade e dinamismo que
esta Liga merece e atrair mais adeptos, juventude
Trata-se de uma estratégia seguida noutros e entusiasmo para os estádios.
mercados?
É uma estratégia definida localmente para satis- O patrocínio Sendo a Orangina uma marca comercializada e
fazer as nossas necessidades específicas resul- distribuída pela Sociedade Central de Cervejas
tantes desta etapa de lançamento, ou seja, con- reflecte-se no (SCC) no mercado português, e sendo a Sagres
quista de distribuição, notoriedade e construção patrocinadora da Primeira Liga, porquê este
de uma imagem de marca associada aos valores naming da enfoque no Futebol?
positivos do futebol. A SCC, como nossa parceira de distribuição
competição e na e como empresa com uma forte ligação com o
Em termos práticos, em que consiste o naming futebol, foi facilitadora neste processo, mas a
sponsor? E que mais-valias para a marca? visibilidade da estratégia, negociação e decisão é da inteira res-
O patrocínio reflecte-se no naming da competi- ponsabilidade na Orangina Schweppes Portugal.
ção e na visibilidade da marca nos vários suportes marca. As marcas Sagres e a Orangina seguem as suas
comunicacionais da mesma, como por exemplo, estratégias próprias e independentes. Aposta-
nas mangas das camisolas dos 16 clubes, nos flash-interviews, nas con- mos neste território na procura de uma grande visibilidade e de uma
ferências de imprensa, nos bilhetes, etc. Em termos mais abrangentes, associação com valores positivos deste desporto universal.
ao patrocínio corresponde um ambicioso plano de activação da marca
que passa por publicidade em variados meios como a televisão, impren- Qual o orçamento alocado ao naming sponsor? E que retorno terá para
sa e outdoor, presença em jornais e rádios locais, acções de animação a marca?
nos estádios, estratégia on-line, activação no ponto de venda com oferta Não é prática da nossa empresa a divulgação de valores de contratos
de bilhetes, entre outras actividades. Também estão previstas acções ao deste tipo, mas posso adiantar que alocámos cerca de metade do orça-

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» Destaque liga orangina
mento de marketing disponível para a marca, o que atesta a nossa forte Quem são os consumidores da Orangina? Haverá mudanças a este
aposta neste patrocínio. Em termos de retorno temos metas traçadas bas- nível?
tante ambiciosas e culminarão na obtenção de uma quota de mercado Tal como aqueles que são adeptos de futebol, também os consumido-
relevante na categoria de bebidas refrigerantes de fruta com gás. res de Orangina atravessam todas as faixas etárias, classes sociais e
tipos de perfis. Quer a paixão ao futebol, quer o consumo de Orangina,
Com este novo enfoque, qual a estratégia de comunicação definida para o possui um carácter transversal a toda a população.
mercado português?
A Orangina possui um conjunto de atributos que a tornam numa mar- A Orangina foi lançada no mercado português no final do primeiro
ca única em todo o mundo. A sua fórmula original é inigualável, resul- semestre de 2009. Qual evolução da marca em termos de volume de
tado de uma mistura perfeita entre o sumo de vários cítricos e a polpa, vendas?
e que obteve desde logo o reconhecimento em Portugal do “Sabor do No seu primeiro semestre, a marca atingiu um volume de vendas su-
Ano 2010”. Também a sua garrafa icónica em forma de bolha, ima- perior a 600 mil litros correspondendo às expectativas que havíamos
gem de marca desde a sua origem, e o ritual de agitar a garrafa, gesto traçado para o lançamento.
indissociável do produto, surgem como atributos únicos da Orangina.
O enfoque da estratégia de comunicação é o de realçar estes atri- Com a associação ao futebol, perspectivam um incremento de vendas até
butos e o de transmitir o facto de Orangina reunir o melhor de dois ao final do corrente ano. E de quanto, em 2011?
mundos: o sabor da fruta e o poder refrescante, tornando-a na melhor O nosso objectivo é aumentar a quota de mercado todos os anos, tor-
proposta do mercado. nando Orangina numa marca de referência no mercado português de
Sumos & Refrigerantes.
Qual é a agência responsável pela imagem e assinatura da Liga Orangina
no âmbito desta nova estratégia? A Orangina é a marca mais importante do grupo Orangina Schweppes
A Santa Fé é a agência responsável pela identidade visual da Liga Orangina. a nível internacional. Há um ano em Portugal, já atingiu esse patamar
no mercado português?
À data, que valores fazem parte do território Orangina? Com a associação O grupo possui um conjunto de importantes marcas consideradas
ao futebol pretendem acrescer novos valores à marca? insubstituíveis pelos consumidores, sendo Orangina uma delas. Em
Os valores da nossa marca estão em perfeita sintonia com os valores do Portugal, a nossa companhia conta com marcas de grande prestígio
futebol. Orangina é uma marca espontânea, divertida, jovem e positiva e fortemente implantadas como TriNa, Joi, Schweppes e Champomy.
que pretende “agitar” o dia-a-dia do consumidor através de uma experiên- Contamos que Orangina constitua mais uma estrela do nosso rico
cia refrescante e revigorante. O convívio e a emoção proporcionados pelo portefólio e que conquistará rapidamente uma posição de relevância.
futebol encaixam perfeitamente na personalidade da marca, a par de uma
cada vez maior preocupação em promover a prática do desporto entre os
mais jovens num contexto de um estilo de vida saudável.

A ORANGINA O SABOR
Criada em 1936, a Orangina assume-se A Orangina entrou no mercado por-
como uma das marcas mais importan- tuguês com a sua icónica garrafa de
tes do portefólio da Orangina Schwe- vidro 25cl. em forma de bolha. Este ano
ppes e uma referência a nível mundial lançou o formato Pet com 1,5L.
no segmento de refrigerantes de frutas, Para poder ser saboreada, a marca
com 500 milhões de consumidores aconselha o ritual Orangina
espalhados por mais de 60 países. agitando a garrafa, unindo a
A Orangina Schweppes Portugal polpa ao sumo, despertando
integra o Grupo Orangina Schweppes, o sabor a fruta. Levemente
uma empresa da Suntory Group. O seu gaseificada, Orangina
portefólio conta com uma gama com- reúne numa receita
pleta de marcas líderes e insubstituíveis exclusiva uma mistura
no mercado de sumos e refrigerantes de vários citrinos em
com referências como o TriNa, Joi, que a laranja é o sabor
Schweppes, Orangina, Champomy e La principal.
Casera.

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Centenário

VIVA A REPÚBLICA!

HÁ 100 ANOS
A IMPLANTAÇÃO
DA REPÚBLICA

A
implantação da Repú- tos do País, feitos de testemunhos de
blica, em 5 de Outubro Dois especialistas na matéria desencanto, manifestos do espírito
de 1910, culminou um descrente e pessimista que entriste-
processo que remonta contam como tudo aconteceu... ceu a Pátria. A par do tom negativista
ao final do século XIX e derrotista, surgia, de forma cada vez
e, em especial, aos seus últimos anos; mais estridente, a crítica incisiva da
período de condensação de um con- sociedade burguesa finissecular que
texto de crise multifacetada em que se inscreveu o colapso da Monar- Abel Botelho denunciava em “Amanhã” (1901) ou, noutro palco, a ca-
quia constitucional e o rasgo do caminho, de certa forma inexorável, racterização feita por Oliveira Martins em “Portugal Contemporâneo”.
que conduziu à República. Recordem-se os acontecimentos em torno Combinando com o tom de pessimismo decadentista, o contexto era
do ‘Ultimatum’ britânico, a onda de agitação que provocou e as seque- propício ao descrédito, indelevelmente marcado pelo carácter inusita-
las que desencadeou, e a revolta republicana no Porto, a 31 de Janeiro do e dramático do ‘Ultimatum’ apresentado pelo Governo inglês de
de 1891, marcando o percurso que, a prazo, pôs termo ao primeiro li- Lord Salisbury, fazendo jus à sonoridade trágica de “A Portuguesa” ou,
beralismo português. Cenário de crise global, em que os republicanos entre outros textos, ao ritmo comovente de “Finis Patriae” de Junquei-
encontraram a recta final do trajecto que conduziu à tomada do poder. ro. Tudo isso animava a vontade regeneradora e as aspirações republi-
A par da instante crise política, o generalizado mal-estar social, a crise canas, procurando a interrupção e a alternativa ao percurso decaden-
económica e, com grande fragor, a derrocada financeira, compuseram tista de que a monarquia surgia indissociável. Ao recém-criado Partido
esse quadro de catástrofe que os escritores finisseculares pressentiam Republicano Português (1876), entre os demais defensores de uma so-
e denunciavam impiedosamente. Tempo de passagem do século, tom lução política republicana, aliavam-se cada vez mais descontentes, en-
propício à dramatização da ideia de crise e decadência, tal como ficou grossando as fileiras do movimento republicano, num tom de crescen-
imortalizada na ficção de Eça de Queirós, que morreu precisamente te nacionalismo, aglutinando um conjunto alargado de pretensões,
em 1900, Teixeira de Queirós e Fialho de Almeida, ou na poesia de almejando, entre outras, a libertação da tutela estrangeira, a democra-
Guerra Junqueiro e António Nobre (também morto em 1900). Retra- tização política, a generalização do sistema escolar, a modernização

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constante ao aumento da dívida pública interna e externa e ao défice
orçamental, o que, associando-se à deficitária balança comercial portu-
guesa, acabou por arrastar a economia para uma difícil situação finan-
ceira, colocando-a sob a perspectiva de uma falência generalizada. É
certo, porém, que o período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial
registou um crescimento razoável do sector industrial, tal como acon-
teceu com a maioria das economias europeias mais atrasadas, mas
circunscrito e longe de conseguir catapultar Portugal para o nível dos
países industrializados da Europa. Globalmente, o País falhou em en-
cetar um processo de industrialização e modernização económica e
social semelhante ao que caracterizava os países europeus mais desen-
volvidos, mantendo taxas de crescimento muitíssimo modestas, ao
nível das mais baixas registadas pelos países europeus ao longo de
todo o período entre 1870 e 1913. A verdade é que os vários governos
da fase final da Monarquia, a braços com sucessivas crises políticas e
financeiras, estavam praticamente paralisados: não tinham condições,
nem meios, para definir uma estratégia de desenvolvimento económi-
co nacional, nem conseguiam reunir, por isso, os meios indispensá-
veis à sua concretização. A tudo isso somavam os efeitos da indefini-
ção quanto ao percurso que devia presidir à condução dos destinos do
desenvolvimento económico do País, e ampliava-se o debate que opu-
nha, em termos de ideias, duas concepções contraditórias, que defen-
diam caminhos diferentes, assentes na promoção da industrialização
ou na primazia do quadro agrícola. O final de Oitocentos mostraria os
limites do percurso desenhado. A difícil situação financeira em que o
fontismo tinha deixado o País agravou-se num cenário de crise a que
não foi estranha a situação internacional e, em particular, a crise cam-
bial brasileira e a decorrente contracção das remessas dos emigrantes
que permitiam compensar significativamente o quadro tradicional-
mente deficitário das trocas portuguesas e, assim, ajudar a compor a
situação financeira do País. Em Maio de 1891 foi decretada a suspen-
são da convertibilidade, a que, em breve, em Junho, se seguiu o aban-
dono do padrão-ouro. Falou-se de bancarrota e o público reagiu em
económica e social. Na verdade, para lá do impasse político, o modelo pânico: entre Maio e Setembro de 1891 acorreu aos depósitos bancá-
de desenvolvimento económico da Regeneração vinha revelando si- rios e à conversão de notas. O Banco de Portugal ficou sem reservas e
nais de esgotamento, desembocando na profunda crise económica e outros bancos acabaram por suspender pagamentos. Os tempos eram
financeira que assolou o país em 1890/1891. O modelo económico da de acentuada instabilidade e de grande agitação política e social. As
Regeneração, face às limitações do seu próprio enunciado, confronta- tentativas de regeneração do regime monárquico, as humilhações ex-
va-se com as hesitações e as inércias da actividade económica de um ternas e, sobretudo, a bancarrota do Estado constituíam o prenúncio
País que, afinal, tardava em dar resposta aos desafios e às possibilida- da queda inexorável do regime. Em 31 de Janeiro de 1891 deu-se, no
Porto, a primeira revolta armada
contra a Monarquia. A revolta

A revolta teve o apoio de alguns teve o apoio de alguns militares


e de muitos populares. Mas a

militares e de muitos populares. guarda municipal, fiel à monar-


quia, venceu os revoltosos. O
número de mortos foi grande. A
tendência revolucionária insta-
lara-se; a agitação política e as
des da moderna expansão industrial e, em comparação com a situação manifestações populares contra a Monarquia prosseguiram e aumen-
internacional, entrara claramente em derrapagem. Portugal debatia-se taram durante o governo chefiado pelo regenerador dissidente João
à procura do seu ressurgimento, confrontado com as expectativas fa- Franco, sobretudo desde que, em Abril de 1907, D. Manuel lhe conce-
lhadas e sob o trauma e a ameaça da bancarrota. O dinamismo que a deu a ditadura. No dia 1 de Fevereiro de 1908, em Lisboa, deu-se então
política fontista imprimiu à construção de grandes infra-estruturas, o atentado à família real, tendo sido mortos o rei D. Carlos e o príncipe
embora tendo efeitos positivos, mas insuficientes até para a unificação herdeiro, D. Luís Filipe. D. Manuel II, o outro filho de D. Carlos, tinha
do mercado interno, foi feito em grande medida através do recurso apenas 18 anos quando recebeu a coroa portuguesa. O jovem rei pro-

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Centenário
guns dirigentes civis e grande
número de populares arma-
dos. A revolução apoiava-se na
revolta dos principais quartéis
de marinheiros da capital (o
Quartel de Marinheiros em Al-
cântara e o Arsenal de Mari-
nha, à Praça do Município), de
três vasos de guerra fundeados
no Tejo (Adamastor, São Rafael
e, posteriormente, o cruzador
Dom Carlos, navio almirante)
de duas unidades do Exército
(Infantaria 16 em Campo de
Ourique e Artilharia 1 em
Campolide) e na acção de mi-
lhares de civis das “choças” car-
bonárias indispensáveis ao
controlo da cidade de Lisboa,
sabotando as comunicações
dos comandos monárquicos,
cortando acessos por estradas e
caminhos-de-ferro, emboscan-
visão do regicídio pelo diário francês le petit journal.
do as tropas fiéis nas ruas. Os
dirigentes republicanos na câmara de Lisboa ao ser proclamada a república
acontecimentos revolucioná-
rios concentraram-se, assim,
em três teatros principais. Na
curou o apoio de todos os partidos monárquicos, mas ser-lhe-ia impos- Rotunda, onde, após vários confrontos com a Guarda Municipal, os
sível travar a onda republicana, até porque os próprios partidos monár- revoltosos se barricaram na madrugada de 4 de Outubro, a que, sob o
quicos dificilmente se entendiam, enquanto os republicanos se uniam fogo de Artilharia I e das cargas da Guarda Municipal, se foram jun-
e conspiravam…contra o rei e contra o derrube da Monarquia. Assim tando milhares de civis e de militares desertores sob o comando do
seria em 1910. Sob a pressão decisiva da Carbonária e o apoio da ala do membro da Alta Venda da Cabonária, comissário naval Machado dos
Partido Republicano Português defensora do recurso às armas, os re- Santos. Os revoltosos resistiram às tropas fiéis à monarquia, comanda-
publicanos lançaram-se finalmente, após dois anos de controvérsias e das a partir do Quartel do Carmo, aonde, no dia 5 de manhã, Machado
hesitações, ao assalto do poder em Lisboa. O presidente do Conselho dos Santos se dirigiu para aceitar a rendição do Alto-Comando monár-
quico. O segundo teatro foi o da linha do Tejo,

Na manhã do dia 5 de Outubro em articulação com o Quartel de Marinhei-


ros, e mais tarde com o Arsenal de Marinha.

de 1910 foi proclamada a Não tendo conseguido, no dia 4, ocupar o Pa-


lácio das Necessidades, os revoltosos, com o

República em Portugal. apoio da artilharia civil da carbonária nas


ruas do bairro, combateram as forças milita-
res fiéis à monarquia até que os navios Ada-
de Ministros, Teixeira de Sousa, tinha sido avisado de que a Revolução mastor e São Rafael bombardearam o Palácio Real das Necessidades,
estava à espreita. Havia perigo. Por toda a cidade de Lisboa as tropas pondo em fuga a família real, primeiro para Mafra, depois, no dia 5 de
estavam alerta. A 4 de Outubro de 1910, depois de jantar com o Presi- Outubro, com destino a Gibraltar, embarcando na praia da Ericeira. Por
dente do Brasil, o rei, D. Manuel II, partiu para o Palácio das Necessi- fim, a rua, desde Alcântara até à zona oriental de Lisboa, onde os grupos
dades, enquanto o seu tio e herdeiro da coroa, D. Afonso, seguia para carbonários combateram as forças fiéis. Apesar de alguma resistência e
a Cidadela de Cascais. Na véspera, dia 3, os chefes republicanos ti- dos vários confrontos militares, o exército fiel à Monarquia não conseguiu
nham reunido com urgência. Alguns temiam as tropas em alerta e, organizar-se de modo a derrotar os revoltosos. A Revolução saiu vitoriosa.
por isso, preferiam adiar a Revolução, mas o almirante Cândido dos Na manhã do dia 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República em
Reis insistiu para que a Revolução prosseguisse. A revolução republi- Portugal, a segunda na Europa, e anunciado o Governo Provisório das
cana iniciou-se em Lisboa na madrugada do dia 4 de Outubro de 1910. varandas da Câmara Municipal de Lisboa pela voz de José Relvas.
O movimento revolucionário partiu de pequenos grupos de conspira- Historiadora, Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
dores – membros do exército e da marinha (oficiais e sargentos), al- Universidade Nova de Lisboa

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(c. 1095) (c. 1139/1143) 1185 1248

1495 1580-1640 1816 1890


período filipino

CENTENÁRIO DA REPÚBLICA PORTUGUESA


DO AZUL E BRANCO
AO VERDE RUBRO
Para os Assírios, a romã simbolizava a vida. Os fenícios, os cartagineses,
os romanos e os gregos tinham a romã, também, como fruto sagrado. A
romã é desde a formação das maçonarias o símbolo da união maçónica.
Cada romã representa uma loja e as sementes os maçons. Tem uma casca
lisa numa coloração mista entre o vermelho e o verde, com manchas
amareladas. As cores da bandeira nacional.

F
oi a forte presença maçónica na revolução republicana, verde e vermelha.
e influência nos anos que se seguiram, que marcaram A polémica das bandeiras levou a artigos inflamados do próprio Pre-
a escolha das cores da bandeira verde-rubra. A polémica sidente da República, Teófilo Braga, que defendia o verde-rubro, e de
estalou nos primeiros anos da República, com as cores partidários do azul e branco como o poeta Guerra Junqueiro. Não por-
azul e branca conotadas com a monarquia, por oposição que defendesse a monarquia, mas porque considerava que “o Campo
ao vermelho e verde. A comissão que iria decidir as cores da nova ban- azul e branco permanece indelével. É o firmamento o mar o luar, o
deira, formada a 15 de Outubro de 1910, integrou o pintor Columbano sonho dos nossos olhos o êxtase eterno das nossas almas”. De resto,
Bordalo Pinheiro – que viria a ser o autor do desenho – o romancista conclui, “a coroa do Rei, coroa de vergonhas, já o não envilece, o não
Abel Botelho, o jornalista João Chagas e dois destacados combatentes vislumbra. No brasão dos sete castelos e das quinas erga-se de novo a
da revolução de 5 de Outubro. Os antecedentes históricos recordam a esfera armilar da nossa glória...”.
presença de bandeiras vermelhas e verdes na Guerra da Independên- Teófilo Braga, por seu lado, insistiu, com sucesso, que “para justifi-
cia, nos Descobrimentos Marítimos ou na Guerra da Restauração, mas car as cores republicanas, temos a cor vermelha da conquista do Algar-
o que se sabe é que a bandeira içada na Câmara Municipal do Porto na ve, em que se integrou o território português, e a cor verde do pendão
manhã de 31 de Janeiro de 1891, símbolo da revolta republicana, era vencedor em Aljubarrota, que reivindicou a autonomia de Portugal”.

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Centenário

O directório do partido republicano preparando-se para proclamar o novo regime


afonso costa discursando num comício republicano no porto (1908)

Consta que a aprovação do novo símbolo da nação, a 29 de Novem- cançou no peito”.


bro de 1910 na Assembleia Nacional Constituinte, passou com a maio- O regicídio descrito por Esculápio, a subjugação de Portugal aos inte-
ria de um voto. Lapidar, no que respeita ao fraccionamento da vida resses britânicos, a instabilidade política e social, os gastos relatados pu-
política portuguesa à época. blicamente da família real, o poder da igreja e a ditadura de João Franco,
precipitaram a proclamação da República às 9 horas da manhã do dia 5
A resposta republicana de Outubro de 1910 na varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
Apesar das sublevações no final do século XIX, foi o assassinato do Rei Entre os desacatos e greves, assassinatos e tentativas de revolta do
D. Carlos a 1 de Fevereiro de 1908 que marcou o final da monarquia e primeiro ano da República, Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e
a instauração da República dois anos depois. Eduardo Fernandes (com Peyrelongue, assumiu a primeira presidência constitucional de Portu-
o pseudónimo Esculápio) escrevia no jornal ‘O Século’ que “testemu- gal a 24 de Agosto de 1911. Joaquim Madureira, jornalista do “Intran-
sigente”, descrevia o momento da tomada de

Algumas das reformas e posse no Parlamento que “o entusiasmo cres-


ce. Há o delírio: os olhos que se marejam de

alterações marcaram até aos lágrimas, gargantas que enrouquecem e nas


galerias as damas de pé, esgarçando as luvas,

dias de hoje o rosto de Portugal. como que feridas também pela insânia colec-
tiva do vivório nacional, ali levado ao rubro,
gesticulam e berram, com os esganiçamentos
nhas presenciais da ocorrência vimos, quando a carruagem real avan- da voz alfacinha, dando as notas altas e estrídulas da triunfal aclama-
çava, no passo regular dos cavalos, em frente do último arco da arcada ção…”.
do ministério da fazenda, onde há um quiosque e costuma estar um
engraxador, sair de entre a turba, armado com uma revólver, um rapaz Religião e Estado
bem vestido, tipo de operário, trajando um pouco à Marialva. Esse in- A instabilidade política e social não abrandou e a I Grande Guerra
divíduo avançou para a carruagem, subiu-lhe às traseiras e disparou ajudou aos anos turbulentos da jovem República. Todavia, algumas
contra o senhor D. Carlos um tiro que o alcançou no lado esquerdo das reformas e alterações profundas na sociedade portuguesa que se
do tórax. Ao mesmo tempo, a rainha ergueu-se soltando, com os dois seguiram marcaram até aos dias de hoje o rosto de Portugal da moder-
filhos, um enorme grito de dor, e, levantando a mão direita, começou, nidade. Num país onde a taxa de analfabetismo chegava aos 75%, não
com o ramo de que atrás falámos, a brandi-lo sobre o agressor, que dis- se estranhou que uma das primeiras iniciativas fosse a criação de um
parou segundo tiro, indo alcançar o monarca pelas costas. O senhor D. Ministério da Instrução Pública que reunia a educação moral e física,
Carlos levou as mãos à cabeça e tombou imediatamente sobre o lado o ensino primário, ensino secundário, ensino superior, ensino técni-
direito, enquanto várias pessoas caíram sobre o regicida. Este tombou co, belas artes e investigação científica e relações culturais. A primeira
no chão e ainda disparou um terceiro tiro, que se perdeu, ficando de- tentativa da criação deste ministério, ainda durante a monarquia, foi
pois morto por uma bala com que o alvejaram. em 1870, onde esteve D. António da Costa apenas 69 dias. Foi extinto
Enquanto isto se passava, um indivíduo alto, de bigode e barbas ne- e voltou a surgir em 1890, mas durou apenas dois anos para finalmen-
gras, que se achava postado junto ao ministério do reino, tirou debaixo te ser reactivado em 1913. Anteriormente, todas as escolas, do ensino
do capote uma carabina e, avançando para a carruagem, cujo cocheiro, primário ao ensino superior, estavam sob a alçada do Ministério do
desvairado, tocava os cavalos, disparou um tiro sobre o príncipe real, Interior, com excepção da Escola de Medicina Veterinária e do Insti-
atingindo-o na face, tiro que foi logo seguido de um outro, que o al- tuto Superior de Agronomia, dependentes do Ministério do Fomen-

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to. Havia ainda outras instituições na dependência dos ministérios da tituíram o direito à assistência clínica, medicamentos e indemnização
Guerra e da Marinha. para os operários e os empregados vítimas de acidentes no trabalho. A
Numa altura de guerra aberta entre laicidade e cristianismo, o go- Lei que fixou o período máximo de trabalho diário e semanal nas em-
verno provisório fez publicar a 20 de Abril de 1911 a Lei da Separação presas e indústria, respectivamente em dez e sessenta horas, entrou em
das Igrejas do Estado que determinava que “a religião católica apos- vigor, assim como a Lei eleitoral que incluiu o voto das mulheres. Tudo
tólica romana deixa de ser a religião do Estado e todas as igrejas ou isto a par da criação do Ministério do Trabalho e Previdência Social, da
confissões religiosas são igualmente autorizadas, como legítimas agre- publicação das cartas orgânicas das colónias portuguesas e da criação do
miações particulares, desde que não ofendam a moral pública nem os Ministério das Subsistências e Transportes.
princípios do direito político português”. Foi assim que a lógica polí-
tica levou, a 23 de Outubro de 1910, à abolição do ensino da religião Palco mundial
católica nas escolas. A par da reformulação das leis, a primeira Grande Guerra transfor-
Segue-se a lei do divórcio publicada por decreto a 3 de Novembro mou-se no palco internacional da I República em Março de 1914, al-
de 1910, onde se escreve que o casamento se dissolve “pela morte de tura em que a Alemanha declara a guerra a Portugal. O governo bri-
tânico convidou Portugal a integrar os aliados
e é formado em Tancos, sob o comando do
Novas leis, alterações e aditamentos general Norton de Matos, o Corpo Expedi-
cionário Português, composto por 30 mil ho-
às anteriores marcaram os primeiros mens. Apesar de ter sido dos primeiros países
a abolir a pena de morte, durante este período
anos da república. foi votada esta medida de execução penal em
situação de guerra.
A 11 de Novembro de 1918, o Armistício
um dos conjugues” ou “pelo divórcio”. A lei permitia que houvesse proposto pelos aliados é aceite pela Alemanha e em Janeiro de 1919
divórcio litigioso e por mútuo consentimento. No primeiro caso eram inicia-se a Conferência de Paz, em Versalhes, França. A delegação por-
consideradas causas legítimas “o adultério da mulher, o adultério do tuguesa é chefiada pelo “Nobel” Egas Moniz. A participação portugue-
homem, a condenação efectiva de um dos cônjuges, as sevícias ou as sa na guerra concluiu-se em Julho de 1919 com o desfile de 400 ho-
injúrias graves, o abandono completo do domicílio conjugal por tempo mens de infantaria, sob o Arco do Triunfo, na festa da vitória, em Paris.
não inferior a três anos, a ausência, sem que do ausente haja notícias,
por tempo não inferior a quatro anos, a loucura incurável quando de- Ultimatum
corridos, pelo menos, três anos sobre a sua verificação por sentença, a É neste período da guerra que um jovem artista, José Sobral de Al-
separação de facto, livremente consentida, por dez anos consecutivos, mada Negreiros, poeta futurista, colaborador do Estado Novo, que se
qualquer que seja o motivo dessa separação, o vício inveterado do jogo seguiria em 1928 aos governos da república, escreve um ‘ultimatum’
de fortuna ou azar e doença contagiosa reconhecida como incurável, às gerações futuras do século XX.
ou uma doença incurável que importe aberração sexual”. Almada declara que não pertence a nenhuma das gerações revolu-
cionárias. “Eu pertenço”, escreveu, “a uma geração construtiva”. O tex-
Novas Leis, novos paradigmas to que apela à reacção e ao inconformismo dirige-se aos jovens a quem
Uma profusão de novas leis, alterações e aditamentos às anteriores, confessa que “não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto
marcaram os primeiros anos da República e alteraram definitivamente a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a
o panorama legislativo português. Entre centenas de decretos, leis e pátria”. Recorda que “foi sem dúvida a República portuguesa que pro-
portarias, o Ministério do Fomento proibiu o emprego de menores de vou conscientemente a todos os cérebros a ruína da nossa raça”, mas
dezasseis anos como operários, foi decretada a alteração do juramento acrescenta que “o dever revolucionário da República portuguesa teve o
dos indivíduos alistados no Exército, a regulamentação da greve, o ca- seu limite na impotência da criação”.
samento como contrato civil, lei da protecção dos filhos que define os Almada Negreiros defende que a guerra “é a grande experiência.
filhos legítimos, ilegítimos e perfilhados, a criação da Direcção-Geral Contra o que toda a gente pensa a guerra é a melhor das selecções
de Saúde, a criação do Registo Civil e do respectivo Código do Registo porque os mortos são suprimidos pelo destino, aqueles a quem a sorte
Civil, a promulgação da lei de criação das novas universidades e facul- não elegeu, enquanto os que voltam têm a grandeza dos vencedores
dades e instituída a Lei do recrutamento. e a contemplação da sorte que é a maior das forças e o mais belo dos
Os republicanos substituem, em 22 de Maio de 1911, o Real pelo Es- optimismos. Voltar da guerra, ainda que a própria pátria seja vencida,
cudo, promulgam o regulamento do trabalho indígena nas colónias por- é a Grande Vitória que há-de salvar a Humanidade”.
tuguesas, aprovam o regimento da Assembleia Nacional Constituinte, e Defensor do regime que viria a ser liderado por António Oliveira Sa-
definem o Governo em Portugal como “República Democrática”. lazar, Almada Negreiros termina o seu desabafo num misto de apelo,
Nos meses e anos que se seguiram, governos provisórios e, posterior- ironia e desalento: “O povo completo será aquele que tiver reunido no
mente constitucionais, criaram o Ministério das Colónias, promoveram seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portu-
a entrada em vigor, em 25 de Novembro de 1911, da Constituição da gueses, só vos faltam as qualidades”.
República Portuguesa, apresentaram a nova Lei do crédito agrícola e ins- Mário Freitas
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Especial brasil

TURISMO

BRASIL
ACOLHE MEGAEVENTOS
ENTRE 2014-2016
Depois do encerramento do Campeonato do Mundo na África do processos de preparação e avultados investimentos, tanto pelo sector
Sul, em Julho deste ano, é altura do Brasil começar a preparar-se público como por empresas privadas.
para ser palco de alguns dos grandes eventos internacionais que vão De acordo com o Ministério do Turismo brasileiro, para 2020, as
decorrer entre 2014 e 2016, entre os quais a Copa do Mundo 2014 e metas numéricas mais importantes para o decénio 2010-2020 pas-
os Jogos Olímpicos em 2016. Estes megaeventos são uma oportuni- sam por aumentar em 113% o turismo internacional, chegando a
dade de promoção do país como destino turístico que muitos anos 11,1 milhões de visitantes estrangeiros no final da próxima década,
de campanhas publicitárias em todo o mundo não seriam capazes aumentar em 304% a entrada de divisas com os gastos dos estran-
de oferecer. Desta forma, o Brasil pode ganhar condições de atingir geiros no Brasil e aumentar em 500 mil os turistas no Brasil, no
um novo patamar na sua promoção como destino turístico global. ano da Copa 2014; e em 15% em 2016, ano dos Jogos Olímpicos Rio
Para enfrentar este desafio, o Ministério do Turismo (MTur), através 2016, em relação ao ano anterior.
da Embratur, apresentou um plano que define estratégias, metas A Embratur produziu um ‘kit’ de material promocional e informati-
e objectivos de marketing internacional do turismo brasileiro e as vo para as cidades-sede que vão receber a Copa,que está a ser usado
acções a serem implementadas na próxima década. Este plano tem em diversos países desde o passado mês de Julho.
em vista impulsionar a economia, transformar cidades e mudar ou As 12 cidades sede que vão abrigar os jogos da Copa do Mundo já
melhorar a sua imagem como destino turístico a partir de uma ex- fazem parte dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turís-
posição obtida antes, durante e depois da realização de um evento. tico Regional, que são o foco da actuação do MTur desde 2007. O
Devido às dimensões destes eventos, ao grande número de visitan- objectivo é estruturá-los para atingir o padrão de qualidade interna-
tes que envolverão e às exigências técnicas de um evento transmiti- cional, estimulando a maior permanência do turista antes, durante
do para todo o mundo, os próximos anos serão marcados por fortes e após a Copa 2014.

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Cidades da Copa
do Mundo 2014
Em colaboração com a EMBRATUR

BELO HORIZONTE Dona Maria Ana D’Áustria, mulher de D. João


OURO PRETO DIAMANTINA V. Daqui saíram grandes talentos do país, entre
Assim como a nossa selecção, Ouro Preto tem Diamante tem tudo a ver com futebol. Quem pintores, poetas e escritores. Mariana fica no
um título que nos orgulha a todos: Património não se lembra do genial Leônidas da Silva, o Circuito do Ouro, na zona turística central
Cultural da Humanidade, designação conce- Diamante Negro, imortalizado como o inventor mineira, com muitos casarões, praças e igrejas
dida pela UNESCO para que se preserve um do golo de bicicleta? Pois a cidade mineira de que contam a história do Brasil. Uma visita im-
dos mais ricos conjuntos arquitectónicos do Diamantina, a 290 km de Belo Horizonte, levou perdível é a Mina da Passagem, onde é possível
Brasil. A 100 km de Belo Horizonte, a cidade esse nome devido à abundância dessa pedra vivenciar a saga dos homens que procuravam
enriqueceu pela descoberta de ouro nas serras preciosa, no século XVIII. A riqueza transfor- ouro em Minas Gerais, nos séculos passados.
mineiras no século XVIII, levando à construção mou a cidade num palco de acontecimentos O local tem amplos salões, 30 Km de túneis e
de casarões, igrejas e palácios que estão con- importantes no período colonial, conservando lagos subterrâneos.
servados até hoje. E valem a pena ser visitados. os traços dessa época até hoje, que se reflectem
Mas não é só de história que vive Ouro Preto. na arquitectura e nos monumentos. Mas as CONGONHAS
Nos fins de semana e feriados prolongados, a belezas naturais também estão ao seu redor, A riqueza de Congonhas, no século XVIII, atraiu
cidade enche-se de visitantes, que desfrutam de como as lindas cachoeiras e trilhas. As serestas muita gente. Mais ou menos como os futuros ta-
festas, dos óptimos restaurantes e da hospi- são muito populares na cidade, tornando as lentos do futebol atraem os olheiros dos grandes
talidade do povo mineiro. Um passeio que, noites de luar muito mais românticas. clubes. Pois era naquela região que se achavam
literalmente, vale ouro. pepitas de ouro do tamanho de batatas, na famo-
SÃO JOÃO DEL REY sa lavra chamada Batateiro. Em 1796, também
TIRADENTES O antigo e o moderno, tal e qual uma equipa de chegou por ali o famoso escultor Aleijadinho,
Não é só nos campos de futebol que os brasi- novatos e veteranos, convivem em São João Del que deixou a manifestação da sua arte em várias
leiros lutam pelo seu país. Um bom exemplo Rey. A urbanização do século XX não prejudicou obras. Além de várias outras esculturas, a cidade
foi Tiradentes, o principal personagem da a história dessa cidade que começou como abriga os 12 profetas feitos pelo artista em pedra-
Inconfidência Mineira, movimento político que uma vila mineradora e participou activamente sabão, considerado o mais famoso conjunto de
lutava pela independência do Brasil, no século da corrida pelo ouro e pedras preciosas há estátuas barrocas do mundo.
XVIII. A cidade que recebeu o nome de tão 200 anos atrás. Hoje, as festas religiosas são
ilustre brasileiro preserva, até hoje, as belezas marcas registadas da cidade, como a Festa
do barroco, esculpidas em casarões, fachadas, do Senhor Bom Jesus dos Passos e a Sema-
BRASÍLIA
igrejas, casas de telhas coloniais e paredes de na Santa, que atraem milhares de pessoas CHAPADAS DOS VEADEIROS
adobe. Além disso, Tiradentes celebra os mais todos os anos. Os museus também abrigam a Para vencer um jogo de futebol, alguns acredi-
famosos carnavais do Brasil, com os seus história ferroviária do País, onde se encontra a tam precisar de energias especiais. Para os eso-
blocos de rua e bandas a tocar marchinhas locomotiva número 1 do Brasil, construída no téricos, parte dessa força sobrenatural pode ser
antigas. E também tem o imperdível Festival século XIX. encontrada nos cristais de rocha que afloram
Internacional de Cultura e Gastronomia, com do solo da Chapada dos Veadeiros, a 250 km
chefes de todo o mundo a apresentar as suas MARIANA de Brasília. A sua paisagem é repleta de belos
receitas. O nome da cidade foi uma homenagem a vales, cachoeiras, cânions e montanhas. A vege-

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» Especial tação é rica e variada, com matas ciliares, campos cerrados
e cerrados abertos típicos. Um dos locais mais incríveis
da Chapada é o Vale da Lua, com rochas esbranquiçadas
e piscinas naturais formadas entre buracos e minigrutas.
Uma paisagem lunar que faz a imaginação voar longe.

PIRENÓPOLIS
Situada entre Goiânia e Brasília, Pirenópolis foi tombada
pelo Património Histórico Nacional em 1988. A cidade
mantém, ainda hoje, casarões do século XVIII, igrejas e
museus, todos permeando o Rio das Almas, muito procu-
rado para a prática de ‘rafting’. A Festa do Divino Espírito
Santo e as Cavalhadas são as manifestações populares
mais famosas da cidade, um teatro ao ar livre que repre-
senta a luta medieval entre cristãos e mouros montados
a cavalo, atraindo quase 15 mil pessoas todos os anos.
A gastronomia também é ponto marcante no local, com
muitos restaurantes e bares para todos os gostos.

JALAPÃO
Jalapão tem uma paisagem de cinema e é repleto de ani-
mais velozes, como os atacantes que partem em direção
ao golo. Lobos-guará, veados-campeiros, onças-pintadas
e outras espécies embrenham-se na vegetação típica do
cerrado para fugir do sol inclemente. Mas, apesar do calor,
a região tem muitos rios perenes, com águas transparen-
tes e ainda puras. Os chapadões de arenito, com mais de
mil metros de altura, dominam a paisagem, formando um
belíssimo espectáculo ao pôr-do-sol.

CIDADE DE GOIÁS
Percorrer as ruas da Cidade de Goiás é como uma viagem
no tempo. A cidade guarda um património arquitectónico
e cultural dos mais ricos do País. As suas ruas tranquilas
mantêm a calçada original de pedra e os prédios históricos
do século XVIII mostram uma arquitetura simples, com
algumas influências barrocas. A sua mais ilustre moradora,
a poetisa Cora Coralina, teve a casa transformada em mu-
seu. Uma grande tradição do local são os alfenins, doces
de origem portuguesa, preparados com açúcar e polvilho,
aos quais são dados simpáticos formatos de animais. Uma
delícia para todas as horas.

PARQUE NACIONAL DAS EMAS


A ema é a maior ave brasileira, possuindo pernas fortes
como a dos melhores jogadores de futebol. O Parque
Nacional das Emas foi criado para preservar esse animal
e proteger um dos ecossistemas mais frágeis do Brasil. O
parque fica a 434 km de Goiânia, com formação bastante
diversificada de Cerrado e com riquíssima variedade de flo-
res, plantas e animais, além de belíssimas paisagens. São
132 mil hectares de reserva com cachoeiras, corredeiras e
fauna e flora riquíssimas. Para visitar o Parque é preciso
um guia credenciado pelo IBAMA.

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GOIÂNIA atraem visitantes de todo o mundo. A cidade létrica de Itaipu, a maior do mundo na sua
Goiânia é como uma equipa jovem que chega adoptou um sistema de turismo que visa pre- categoria.
longe no campeonato, surpreendendo a todos. servar o meio ambiente. Por isso, só é possível
Fundada em 1935 e inicialmente projectada conhecer os rios, matas, cavernas e lagos com ILHA DO MEL
para 45 mil habitantes, já superou em muito as o acompanhamento de guias credenciados A Ilha do Mel fica a 95 km de Curitiba, no
expectativas de seus idealizadores. Hoje é uma pelas agências. Para evitar impactos negativos distrito de Paranaguá. Possui inúmeras praias
capital dinâmica e moderna, com uma comple- na natureza, há um número limitado de visitas e trilhas, além de interessantes locais históricos
ta rede hoteleira, muitos bares e restaurantes, por dia. Então reserve o seu passeio e venha para visitar, como a Fortaleza de Nossa Senhora
fazendo da sua vida nocturna uma garantia apreciar toda essa beleza. dos Prazeres, construída no século XVIII, e o
de diversão para todos os gostos. A cidade já Farol das Conchas (século XIX). O acesso à ilha
figurou duas vezes entre as capitais brasileiras ALTA FLORESTA é feito de barco, num passeio onde se pode
com melhor Índice de Qualidade de Vida, com A observação de pássaros é uma actividade apreciar a beleza do oceano e dos animais
uma urbanização estruturada, ruas limpas e muito practicada em Alta Floresta, a 819 km que habitam o lugar, como o papagaio-chuá,
abundância de áreas verdes. de Cuiabá. Com mais de 570 espécies de aves que está em extinção e voa livremente por ali.
catalogadas e novas sendo descobertas todos A tranquilidade da Natureza contrasta com a
os anos, a cidade é constantemente visitada agitada vida noturna, que tem sempre muito
CUIABÁ por famosos ornitólogos e observadores de ‘reggae’, forró, ‘rock’ e música ao vivo para
PANTANAL NORTE aves do mundo todo. Um dos principais pontos todos os gostos.
O coração do Brasil acolhe mais que o escudo turísticos da Amazónia, Alta Floresta conta com
na camisa da seleção. Ele também abriga a comércio moderno e boa estrutura hoteleira, FLORIANÓPOLIS
maior planície alagada do planeta e a terceira incluindo hotéis de selva, que recebem aventu- As belezas da ilha de Florianópolis, capital de
maior reserva ambiental do mundo: o Pantanal. reiros interessados na experiência de apreciar a Santa Catarina, atraem milhares de turistas
São 230 mil quilómetros quadrados, abrangen- natureza no seu estado virgem. todos os anos, principalmente da América do
do 12 municípios dos estados de Mato Grosso Sul. Ali estão praias dos mais variados tipos:
e Mato Grosso do Sul. Pela sua complexidade, CHAPADA DOS GUIMARÃES extensas, pequenas, com ondas fortes, com
foi dividido em Pantanal Sul e Norte. Na parte O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, mar calmo, urbanizadas, desertas, familiares
norte fica o Parque Nacional do Pantanal, a 55 km de Cuiabá, foi criado em 1989 para ou com muita agitação. A cidade é o paraíso
criado em 1981 e reconhecido como Reserva da proteger as enormes formações rochosas de dos surfistas, sendo sede de uma das etapas do
Biosfera Mundial pela UNESCO. Para conhecer arenito e as muitas quedas d´água da região. Campeonato Mundial de Surf (WTC). Também
a reserva é preciso ir de barco, com o acompa- São 33 mil hectares com mais de 50 mil sítios conta com excelente rede de hotéis e restau-
nhamento de um guia e autorização prévia do arqueológicos com pinturas rupestres e fósseis rantes e com uma vida nocturna repleta de
IBAMA. de animais pré-históricos. Durante a caminhada óptimas opções de diversão.
pelas suas matas, é possível encontrar vegeta-
PANTANAL SUL ção virgem, com flores de todas as cores e mui- BALNEÁRIO CAMBORIÚ
O Pantanal tem o tamanho do amor dos tos frutos. A cachoeira Véu de Noiva é o cartão O Balneário Camboriú fica no estado de
brasileiros pelo seu ‘team’. São 230 mil metros postal do lugar, que fica aberto ao público das Santa Catarina e é como uma equipa cheia de
quadrados dos estados de Mato Grosso e Mato 8h às 17h, durante o ano todo. craques, com atracções por todos os lados.
Grosso do Sul. Por sua complexidade, foi dividi- Belíssimas paisagens naturais, ondas perfeitas
do em Pantanal Norte e Sul. Na parte sul, uma
de suas principais atrações é a Estrada Parque
CURITIBA para os surfistas, agitada vida noturna e até
uma praia naturista, com toda a privacidade
do Pantanal, com 117 km em estrada de terra FOZ DO IGUAÇU e infra-estruturas necessárias. Quem visita a
e 87 pontes de madeira, ligando Corumbá ao Foz do Iguaçu fica na fronteira do Brasil cidade encanta-se com o tradicional passeio de
Buraco das Piranhas. No caminho, é possível com Paraguai e Argentina, ajudando a teleférico, ligando as praias Central e Laranjei-
observar jacarés, capivaras, araras, veados e formar um dos maiores pólos de turismo ras. A rede hoteleira conta com mais de cem ho-
sucuris. Um espetáculo que mostra a riqueza cultural da América do Sul. Na cidade ficam téis e pousadas para atender a todos os gostos
da fauna brasileira num dos maiores ecossiste- as famosas Cataratas do Iguaçu, com 275 e bolsos. O calçadão iluminado acrescenta mais
mas do mundo. cachoeiras de cerca de 60m, que atraem charme aos passeios noturnos, fazendo da
turistas de todos os lugares. Entre as suas visita a Camboriú um evento inesquecível.
BONITO atracções estão a Garganta do Diabo e
O nome dessa cidade é como o jeito brasileiro o passeio de barco pelas corredeiras no GAROPABA
de jogar bola: bonito. A 280 km de Campo emocionante Macuco Safári. Foz do Iguaçu Nos anos 70, enquanto o Brasil comemorava
Grande (capital do Mato Grosso do Sul), Bonito também abriga o Parque Nacional do Igua- seu recente tricampeonato de futebol, Ga-
surpreende pelos seus rios de águas cristalinas çu, uma das mais belas reservas ecológicas ropaba, a 91 km de Florianópolis, em Santa
repletos de peixes, cachoeiras e grutas, que do planeta, com 225 mil hectares, e a Hidre- Catarina, foi descoberta por “mochileiros” que

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» Especial passaram a acampar por ali e atrair cada vez mais visitantes.
Actualmente, a cidade recebe turistas que procuram as belas
praias, a culinária típica e os ‘points’ badalados da praia do
Ferrugem. Garopaba também é famosa no mundo todo por
receber, anualmente, a visita das baleias francas, que chegam
para reproduzir e amamentar as suas crias entre os meses de
Julho e Novembro.

URUBICI
Brasileira com ares europeus, como os jogadores verde-ama-
relos que vão para os clubes estrangeiros. Assim é Urubici,
na serra catarinense. Cercada por morros, vales e cachoei-
ras – que chegam a receber neve – a cidade tem registada a
temperatura mais baixa marcada pelos termómetros no Brasil:
-17,8oC, em 1996. Urubici, também conhecida como Terra
das Hortaliças, pela diversidade da produção local, tem a sua
arquitectura, culinária e costumes marcados pela colonização
europeia, que ocorreu no século passado.

FORTALEZA
JERICOACOARA
Passear pelas dunas de Jericoacoara, a 310 km de Fortaleza, é
uma aventura inesquecível. A cidade tem costões rochosos,
coqueirais e mar com águas incrivelmente azuis. Com ruas
sem calçada, conserva o encanto e a rusticidade de uma vila
de pescadores. Os turistas podem alugar ‘buggys’ para andar
pelas dunas, conhecer e extenso litoral e velejar nas límpidas
lagoas. À noite, é a vez de provar os incríveis frutos do mar
que os restaurantes oferecem e entrar pela madrugada ao
som do contagiante forró. É preciso fôlego de atleta para tanta
diversão.

CANOA QUEBRADA
Visitar Canoa Quebrada é como o treino antes do jogo de
futebol. Existem muitas actividades para se fazer, como os
passeios de ‘buggy’ pelas dunas, descidas de ‘skibunda’,
jangadas, cavalos, parajipe e banana-boat. A vida noturna é
bem agitada, com muitas discotecas que funcionam até de
madrugada. A rua principal da cidade, que fica a 167 km de
Fortaleza, chama-se Broadway e concentra uma boa parte das
novidades e atracções do local. Por sua vez, a praia conserva
trechos sem casas ou barracas, mantendo o clima bucólico
dos anos anteriores aos turistas.

SÃO LUÍS
São Luís, capital do Maranhão, foi fundada pelos franceses,
que deixaram marcas na cidade, como o belo Palácio Ravar-
dière e toques refinados na culinária. Mas as principais
características de São Luís foram mesmo deixadas pelos
portugueses, como os casarios azulejados e tradições ibé-
ricas, a exemplo do Bumba-meu-Boi, o Tambor de Crioula
e o Arraial. Em 1997, a cidade recebeu o título da UNESCO
de Património Cultural da Humanidade, um reconhecimen-

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to à preservação de seu magnífico conjunto do mundo, tem vital importância para o equilí- sequenciais de 6, 7 e 6 metros. Para visitar o
arquitectónico colonial. Além da história, São brio do nosso planeta, com os seus mais de 5 parque é necessária uma autorização prévia do
Luís também oferece ao visitante praia de milhões de quilómetros quadrados, correspon- IBAMA.
águas mornas e uma culinária com deliciosos dendo a 42% do território brasileiro. Para os
frutos do mar. turistas, conhecer esse ecossistema é uma ex- ALTER DO CHÃO
periência única. Os hotéis de selva, conhecidos Conhecer Alter do Chão é como marcar um
LENÇÓIS MARANHENSES por ‘lodges’, transmitem ao visitante a sensação golo que impressiona os adeptos. Chamada
A 272 km de São Luís, o local é um mar de de habitar na floresta, com programas noturnos de Caribe Brasileiro, é uma vila turística a 32
dunas com paisagens impressionantes, feitas para focagem de jacarés, cujos olhos brilham km de Santarém, no Pará, às margens do Rio
de inúmeras lagoas de águas azuis e verdes com a luz das lanternas. Uma experiência de Tapajós. As praias da região, já escolhidas
que, durante o período das chuvas, contrastam tirar o fôlego. como algumas das melhores praias fluviais do
com as dunas de areias brancas que podem mundo, têm águas cristalinas e esverdeadas,
atingir 40 metros de altura. Nas praias podem PARINTINS algumas de fácil acesso e outras comple-
ser vistos caranguejos e tartarugas marinhas, Em Parintins, situada na ilha de Tupinam- tamente isoladas. O local também oferece
enquanto as lagoas recebem as visitas de aves barana, a 420 km de Manaus, o coração e a cachoeiras, florestas e inusitadas formações
migratórias, como o Maçarico, a Marreca-de- “torcida” dos moradores é dividida entre os rochosas, ideais para desportos de aventura,
asa-azul e o Trinta-Réis, que param ali para des- bois Garantido e Caprichoso. Daí surgiu uma como ‘trekking’ e canoagem. Para quem gosta
cansar. Também é possível sobrevoar a região das maiores festas populares do Brasil: o de pesca, há saídas diurnas e nocturnas em
em voos panorâmicos, onde se vê a imensidão Festival Folclórico de Parintins, que acontece, barcos fretados.
das dunas brancas entrecortadas pelas lagoas todos os anos, no último final de semana de
coloridas. Um espetáculo cinematográfico e Junho. Na arena do Bumbódromo, os bois BELÉM
único. apresentam um grandioso espetáculo de Belém atrai a atenção por diversos motivos: as
dança, música, drama e efeitos especiais, frutas deliciosas, os traços marcantes da cultura
CUMBUCO com mais de 40 mil espectadores diários. No indígena, as construções arquitectónicas e uma
Assim como uma dupla de ataque e o seu Festival, reúnem-se artesãos, músicos, poetas cultura popular riquíssima. Um passeio pela
centroavante, Cumbuco tem três lagoas como e artistas que garantem o brilho dessa festa cidade pode conduzir o viajante a uma viagem
atracções principais: Lagoa da Banana (a mais mundialmente famosa. no tempo, com casarões do século XVII e obras
badalada), ideal para desportos náuticos e de que simbolizam a riqueza dos tempos áureos
motor; Lagoa do Cauípe, frequentada por aman- ILHA DE MARAJÓ da borracha, como o Teatro da Paz e a Basílica
tes do ‘offroad’, ‘windsurf’ e ‘kitesurf’; e a Lagoa A Ilha de Marajó é a maior ilha fluvio-marinha de Nossa Senhora de Nazaré. O maior atractivo
do Parnamirim, incrustada no meio de belas do mundo, com 50 mil km2 de belezas natu- da cidade é o Mercado Ver-O-Peso, um grande
dunas. Por ali há ‘skibunda’, passeios de jegues, rais. É cercada pelo Oceano Atlântico e pelos mercado que mistura cheiros, cores e sabores
cavalos e muita diversão para adultos e crian- rios Amazonas e Tocantins. É ali que acontece de mais de duas mil barracas de “camelôs”.
ças. A boa rede hoteleira e a culinária à base de o mundialmente famoso espectáculo da po- Uma visita marca em todos os sentidos.
frutos do mar garantem o conforto dos turistas roroca, fenómeno em que ondas gigantescas
que enchem a cidade, a 35 km de Fortaleza. são formadas pelo encontro das águas do rio
com as do mar. Na ilha também há o maior
NATAL
PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA rebanho de búfalos do Brasil, cuja carne é JOÃO PESSOA
O Parque Nacional da Serra da Capivara tam- base de alguns pratos típicos da região. Além João Pessoa, capital da Paraíba, é uma das
bém abriga um dos maiores tesouros arque- disso, os animais são muito utilizados para mais antigas cidades do Nordeste. Ao longo
ológicos do mundo: milhares de inscrições transporte, tanto no campo, quanto na cidade. dos seus 424 anos, soube guardar muito bem
pré-históricas, com idades de 6 a 12 mil anos, A cerâmica marajoara é outra atracção local, os seus tesouros históricos, como troféus que
gravadas em paredões de rocha. As pinturas com beleza e requinte únicos que encantam uma equipa de futebol conquista ao longo do
representam aspectos do dia-a-dia, rituais e todos os visitantes. tempo. No Parque Barroco, um dos maiores
cerimónias dos antigos habitantes da região. As do Brasil, as ladeiras e os antigos casarões
visitas ao parque, que fica a 510 km de Teresina, PARQUE NACIONAL DA SERRA DO DIVISOR coloniais contam um pouco da trajectória da
capital do Piauí, podem ser feitas durante todo Com mais de 846 mil hectares, o Parque cidade, que encanta os visitantes com algumas
o ano. Mas a contratação de um guia credencia- Nacional da Serra do Divisor fica no estado do das mais belas praias do litoral brasileiro. E a
do é obrigatória. Acre, guardando vários dos tesouros naturais modernidade também faz parte da cidade, com
brasileiros. A maior parte da sua área é coberta grandes edifícios comerciais, teatros e centros
por espécies vegetais como o juá, a castanha-
MANAUS de-periquito, o taperebá e o inharé, entre
de convenções.

FLORESTA AMAZóNICA outras. Uma de suas grandes atracções é a PRAIA DE PIPA


A Floresta Amazónica, conhecida como pulmão cachoeira Formosa, composta por três quedas A Praia de Pipa, pertencente ao município

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» Especial de Tibau do Sul, a 80 km de Natal, é morada de golfinhos e
tartarugas marinhas. O nome Pipa foi dado porque uma das
suas pedras parece, ao longe, com um barril de cachaça ou
vinho. E as belezas da praia são embriagantes: águas claras
e mornas, imensos coqueirais, piscinas e mirantes naturais,
imponentes falésias ainda cobertas pela Mata Atlântica, dunas
branquíssimas, enseadas e desfiladeiros. Tudo isso com uma
infra-estrutura cheia de charme e conforto que atende aos
muitos turistas estrangeiros que a visitam todos os anos. São
óptimas pousadas, restaurantes e animada vida noturna, que
vai do forró à música eletrónica.

CAMPINA GRANDE
Campina Grande, a 125 km de João Pessoa, na Paraíba, é uma
cidade festiva como o futebol brasileiro. Ali cultiva-se o espírito
das manifestações folclóricas da região, com cordelistas e
artistas de vários perfis, além de abrigar o maior São João do
mundo, comemorado em Junho. A festa atrai milhares de turis-
tas do Brasil e de outros países, que aproveitam a música e as
comidas típicas com muita dança e diversão. Outros famosos
eventos da cidade são o Festival de Inverno e o Festival de Cine-
ma de Campina Grande.

TIBAU DO SUL
Tibau do Sul, a 80 km de Natal, é uma cidade que, como a
selecção brasileira, está sempre no alto. As suas falésias são
belezas naturais que estão por toda a cidade, permitindo uma
linda vista do mar. É a maior reserva de Mata Atlântica da
região, com trilhos por onde o turista pode praticar “trekking”,
sempre acompanhado por um guia. O artesanato local também
é uma atracção, com os seus bordados feitos à mão, labirintos,
rendas de bilros e confecção de tarrafas e redes de pescarias.
Em Tibau do Sul, os golfinhos aparecem com frequência, sendo
até possível nadar com eles.

GENIPABU
Um bom jogo de futebol é sempre fonte de muita emoção. E,
para quem gosta de ter esse sentimento à flor da pele, uma boa
escolha é o passeio de buggy pelas dunas de Genipabu, a 25 km
de Natal. Ali os bugueiros, que são motoristas profissionais, fa-
zem incríveis manobras de até 90 graus, em dunas de dezenas
de metros de altura. Outras atracções imperdíveis são o passeio
de dromedários, o aerobunda na Lagoa de Jacumã e o voo de
ultraleve, que sobrevoa várias praias, coqueiros e lagoas de um
azul límpido e cristalino.

TAMBABA
A praia de Tambaba, situada a 29km de João Pessoa, na Paraí-
ba, é internacionalmente conhecida pela prática do naturismo.
Ali há um famoso banho de argila, considerado rejuvenescedor,
e áreas distintas reservadas para famílias e pessoas desacom-
panhadas. O cenário é ideal para aproveitar o naturismo junto
aos peixes, corais, águas mornas, piscinas naturais, grutas,
coroas de recifes, mitos e lendas. Uma simbiose entre homem
e Natureza que vale a pena conhecer.

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PORTO ALEGRE ROTEIRO DA UVA E DO VINHO mas, recifes e óptimos restaurantes, para todos
GRAMADO A imigração italiana no Brasil trouxe a cultura os gostos. Não deixe de experimentar os robus-
A cidade de Gramado, a 126 km de Porto Alegre, da uva para a Região Sul. Toda essa influência tos camarões, as lagostas e várias espécies de
tem todos os requisitos para tornar o seu passeio pode ser vista no roteiro da uva e do vinho, peixes e moluscos. Maragogi vai conquistá-lo.
inesquecível. Só para citar alguns: ruas repletas onde o visitante percorre o Vale dos Vinhedos,
de charme, arquitectura colonial, requintada uma região com 82 km2 que concentra 50% de OLINDA
gastronomia, as belas tradições italiana e alemã, toda a produção vinícola do País. Ali o visitante Olinda, a apenas 7 km de Recife, é um belo Pa-
os famosos festivais de Cinema de Gramado pode percorrer os vinhedos, as suas adegas, co- trimónio Cultural da Humanidade, com um im-
e de Inverno e a Festa da Colônia. Quer mais? lher uvas direto do pé, saborear sucos, geleias portante conjunto arquitectónico preservado. A
Um friozinho óptimo para saborear os muitos e vinhos directamente de onde são produzidos. cidade também é cenário de um dos carnavais
tipos de ‘fondue’ que os restaurantes da cidade Um passeio imperdível onde também é possí- mais autênticos do Brasil, no qual olindenses e
oferecem. Porque o jogador só entra em campo vel apreciar a arquitectura colonial inspirada nas turistas percorrem as estreitas ladeiras dançan-
quando está aquecido. construções do Veneto e da Calábria, em Itália, do ao som de bandas de frevo e maracatu. Os
CANELA fortemente presentes da região. famosos bonecos gigantes participam o tempo
Em Canela, a 137 km de Porto Alegre, a quali- todo da diversão. Os bons restaurantes, o ar-
dade de vida é a regra do local. A cidade traz PRAIAS GAÚCHAS tesanato e os ateliês de arte também estão por
a soma das culturas alemã, italiana, indígena A maioria das praias gaúchas não tem forma- toda a região, oferecendo aos visitantes obras
e do gaúcho serrano, resultando num povo ções rochosas. Por isso tem-se a impressão de de pintura, escultura e cerâmica.
hospitaleiro e que preza a harmonia com a uma única praia por toda a sua extensão, que
natureza. Alguns dos locais mais conhecidos ficam apinhadas de turistas no Verão, principal- PORTO DE GALINHAS
de Canela são os Parques da Ferradura e do mente gaúchos e argentinos. Aqui é possível Porto de Galinhas, a 60 km de Recife, é um dos
Caracol, ambos incrivelmente belos e bem relaxar com a família, practicar desportos e destinos turísticos mais procurados do Brasil.
cuidados. O Festival Internacional de Teatro de conviver com os amigos. Nas encostas dos E é fácil entender o porquê: praias paradisía-
Bonecos também é marca registrada da cidade, morros há excelentes locais para o ecoturismo, cas, sol o ano inteiro, espaço para prática de
contando com grupos nacionais e internacio- com cachoeiras, cascatas e trilhas no meio da desportos radicais e muito mais. Isto sem falar
nais todos os anos. Mata Atlântica. Os frutos do mar e a produção no charme da vida noturna, com muitos bares,
de mel também são destaques gastronómicos discotecas e bandas que tocam ao vivo. Um
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES na região. dos lugares mais visitados é a Vila de Todos os
Converter os índios da região Sul para a fé Santos, importante pólo gastronómico na praia
cristã era a grande missão dos evangelizado-
res da Companhia de Jesus do século XVII. A
RECIFE de Maracaípe, onde o turista pode provar as
delícias da culinária pernambucana. As piscinas
partir daí surgiu a cidade de São Miguel das MACEIÓ naturais, com seus peixes coloridos nas águas
Missões, que foi reconhecida como Patri- Maceió, capital do estado de Alagoas, é uma transparentes, fazem a alegria das crianças.
mónio Histórico e Cultural da Humanidade cidade totalmente litoral, encravada entre
em 1983, por abrigar as ruínas que trazem coqueiros, mangues e o mar. Possui praias FERNANDO DE NORONHA
a formação do povo gaúcho. Não deixe de tranquilas e límpidas, com águas verdes, areias Águas tão azuis quanto o equipamento secundá-
conhecer o Sítio Arqueológico de São Miguel claras e piscinas naturais que fazem a alegria de rio da Selecção Brasileira. Flora e fauna riquíssi-
Arcanjo, o Museu das Missões e a Catedral toda a família. A cidade possui uma boa rede mas, praias paradisíacas e paisagens sem igual.
Angelopolitana. Uma viagem no tempo que de hotéis e muitas opções de diversão noturna. Assim é o Arquipélago de Fernando de Noronha,
vai encantar a todos. No bairro de Jaraguá encontram-se muitos que tem 21 ilhas e fica a 540 km de Recife. Com
bares, discotecas e restaurantes. Na culinária, o título de Património Mundial da Humanidade,
PARQUE NACIONAL APARADOS DA SERRA vale a pena experimentar o sururu, molusco concedido pela UNESCO, o local é visitado por
O Parque Nacional Aparados da Serra fica nos muito comum nas lagoas da região. Não deixe pessoas de todo o planeta, desenvolvendo um
canhões dos estados de Santa Catarina e Rio de apreciar o pôr-do-sol na Avenida da Paz. Um turismo sustentável que possibilita o encontro
Grande do Sul. Formado por Mata Atlântica espectáculo inesquecível. equilibrado entre homem e natureza. Noronha
e Floresta de Araucária, tem penhascos que conta com boa estrutura turística, agências
chegam a 1.200 metros de altitude, além de MARAGOGI bancárias, polícia, correio, hospital, acesso a in-
paredões de pedra e cachoeiras impressionantes Maragogi, a 125 km de Maceió, é um paraíso ternet e muito mais. Todo o conforto para que o
pela grandiosidade. Papagaios-de-peito-roxo, para os banhistas. É ali que se encontram as visitante aprecie momentos inesquecíveis, como
guaxinins e jaguatiricas vivem por ali. A principal galés, piscinas naturais com águas esverdeadas os grupos de golfinhos que se deslocam para o
atração do Parque é o canhão Itaimbezinho, com e muito boas para o mergulho. A 6 km da praia, interior da baía, todas as manhãs. Imperdível.
uma altura de 700 metros e 2 km de largura. Um as galés podem ser alcançadas por lanchas ou
passeio para quem, a exemplo dos jogadores de catamarãs em apenas 20 minutos. Além disso, CÂNION DO XINGÓ
futebol, gosta de aventura e muita adrenalina. a cidade também oferece praias de ondas cal- Quando o marcador é eficiente, forma uma mu-

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» Especial ralha em frente ao golo. Mas nem os melhores
defensores chegam perto dessa gigantesca
muralha encravada entre os estados de Alagoas e
Sergipe, a 213 km de Aracaju. Assim é Xingó: vales
grandiosos formando um canhão de 50 metros
de altura, circundando um lago que, em alguns
pontos, alcança 190 metros de profundidade. Na-
quelas rochas há vestígios dos primeiros habitan-
tes da região, que viveram há mais de 8 mil anos
atrás. E, já no século XX, também andou por ali o
bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Tudo às margens do belíssimo e extenso Rio São
Francisco, que corre para o mar com o vigor de
um atacante em direção ao golo.

RIO DE JANEIRO
ANGRA DOS REIS
Do Rei do Futebol aos súbditos nos campinhos
de várzea, as maravilhosas paisagens de Angra
dos Reis são impressionantes. São 365 ilhas e 2
mil praias repletas de belezas naturais, lendas
e badalação. A cidade está localizada entre os
estados de São Paulo e Rio de Janeiro, na cha-
mada Costa Verde Fluminense, a cerca de 133
km da capital carioca. A maior de todas as suas
ilhas chama-se Ilha Grande, cuja baía é uma
excelente opção para a prática do mergulho.
Além disso, possui enseadas, picos, lagoas,
cachoeiras, planícies e montanhas que fazem a
alegria dos apaixonados por desportos radicais.
E não se esqueça do passeio de barco pelo
litoral, que vai coroar de encanto a sua visita.

BÚZIOS
Quando a actriz francesa Brigitte Bardot visitou
Búzios, nos anos 60, o turismo da cidade mar-
cou um golo. Desde então, o lugar ficou famo-
so no mundo inteiro, oferecendo aos visitantes
roteiros históricos, culturais e ecoturísticos,
além de uma badalada vida noturna. No mês
de Julho, é realizado na cidade o Búzios Jazz
e Blues, importante evento que apresenta as
tendências musicais desses géneros. Reconhe-
cidamente um dos destinos mais sofisticados
do Brasil, Búzios encanta a todos com sua
beleza e elegância. E fica bem pertinho do Rio
de Janeiro: apenas 176 km.

PARATI
Os moradores e turistas que visitam Parati
vestem a camisa para preservar a sua tradição
histórica. Afinal, a cidade ainda mantém ca-
racterísticas dos séculos passados, quando foi

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um importante centro comercial para embarcar recordes mundiais de pesca: o maior Marlim cível, perfeito para quem gosta de aventura e
ouro (séc. XVIII) e exportar café (séc. XIX). O Azul (636 kg, em 1996) e o maior Marlim Bran- de apreciar as belezas naturais.
seu Centro Histórico oferece diversas atrações co (82,5 kg, em 1979). E, com tanta fartura de
imperdíveis, como a antiga cadeia, fortes, frutos do mar, a culinária típica também vem do COSTA DO SAUÍPE
museus e igrejas do período colonial. E é ali que oceano, como a imperdível moqueca capixaba. A Costa do Sauípe é um dos mais bem estru-
acontecem eventos famosos, como a Festa Li- Deixe os cabeças-de-bagre no relvado e venha turados complexos turísticos do Brasil. Fica
terária Internacional de Parati (FLIP), que reúne provar tudo o que Vitória oferece. à beira-mar, com seis agradáveis pousadas e
escritores nacionais e internacionais de todos cinco grandes hotéis. A sua estrutura permite
a prática de diversos desportos, com campos
os géneros para lançamentos e divulgação as
suas obras. Venha conhecer Parati.
SALVADOR de ténis, campos de golfe e centro náutico.
TRANCOSO Os turistas podem apreciar os passeios eco-
ARRAIAL DO CABO Trancoso é um povoado, no Sul da Bahia, que lógicos pelas matas, rios e praias deliciosas,
É possível dizer que Arraial do Cabo existe atrai turistas do mundo inteiro. A principal além de conhecer as artes baianas em ‘sho-
graças a um trabalho em equipa da natureza: área da cidade é conhecida como “Quadrado”, ws’ musicais, danças e oficinas de artesanato.
a acção dos ventos e das correntes marítimas, onde ficam casas coloridas, a igreja de São João E para quem quiser provar as delícias da
ao logo de milhares de anos, uniu diversas Batista, além de lojas, boutiques de ‘griffes’ culinária local, há quituteiras a vender beijus
ilhas, formando a cidade actual. A 140 km do famosas e restaurantes requintados. As praias e acarajés, além de restaurantes e bares com
Rio de Janeiro, ali o visitante encontra praias da cidade são outro espectáculo. Areia clara, mesas nas calçadas que dão muito charme
de areias brancas, águas cristalinas, dunas, mar azul-turquesa, coqueiros, falésias coloridas ao lugar.
restingas e muita Mata Atlântica preservada. e bares com uma completa infra-estrutura para
Arraial do Cabo está no centro de um cinturão atender a todos os gostos. Conhecer Trancoso SANTA CRUZ CABRÁLIA
turístico, ficando próxima a Búzios, Cabo Frio, é encantar-se com a natureza, a sofisticação e a É comum aos jogadores fazer uma oração
Saquarema, Araruama e São Pedro da Aldeia. tranquilidade de um lugar inesquecível. antes do jogo, para ter protecção e um melhor
A cidade é pequena e conta com uma excelente desempenho. Santa Cruz Cabrália, a 745 km de
infra-estrutura para atender os visitantes, isso MORRO DE SÃO PAULO Salvador, foi o local da primeira missa no Bra-
sem falar na hospitalidade dos moradores, que Morro de São Paulo, apesar do nome, fica na sil, em 26 de abril de 1500. A cidade guarda,
também formam uma grande equipa. Bahia, com uma beleza encantadora e comple- até hoje, traços da cultura portuguesa, além
ta infra-estrutura para os visitantes. O local é de vales, praias e trilhas que formam o cenário
PETRÓPOLIS excelente para os praticantes de ‘trekking’, que para a exposição permanente de acidentes
Antes de se tornar o país do futebol, com podem vasculhar as ruínas de uma fortaleza naturais e riquezas urbanas que contam parte
milhões de súditos da bola, o Brasil já foi um construída em 1630 e subir o farol para uma da história brasileira. Na praia principal, em
grande império tropical. E muito dessa época vista panorâmica de todos os recantos da ilha. frente à praia de Coroa Vermelha, uma cruz de
está preservado em Petrópolis, cidade que já As praias têm águas claras e calmas, excelentes 13 metros de comprimento homenageia essa
abrigou reis, príncipes e muito da nobreza da para o mergulho. Piscinas naturais, areias bran- missa histórica.
nação. O seu projecto urbanístico, tido como cas e vastos coqueirais completam o cenário
arrojado no século XIX, ainda hoje pode ser paradisíaco. À noite, a agitação começa na vila,
apreciado quando se caminha pelas ruas do com muitos bares e restaurantes que se trans-
SÃO PAULO
Centro Histórico. Lá estão o Museu Impe- formam em festas, madrugada dentro. BROTAS
rial, a Casa de Santos Dumont, o Palácio de Diferentemente do futebol, os desportos radi-
Cristal, as casas do Barão de Mauá, Princesa CHAPADA DIAMANTINA cais que fazem famosa a cidade de Brotas, a 257
Isabel, Rui Barbosa e até o Palácio Rio Negro, As atrações da Chapada Diamantina, no km de São Paulo, ficam melhores quando há
residência oficial de Verão dos presidentes da coração da Bahia, são tantas, que é difícil muita chuva. Isso porque os rios enchem e faci-
República, antes da construção de Brasília. Ao saber por onde começar. Montanhas, chapa- litam a prática do ‘rafting’, muito procurado na
visitar Petrópolis, pode sentir-se nos tempos dões, rios, corredeiras, cachoeiras, cavernas região. A exuberante vegetação do local é com-
da realeza. e poços de águas transparentes fascinam posta de Cerrado e Mata de Planalto, uma va-
visitantes de todos os lugares. O mais riação da Mata Atlântica. A fauna é constituída
VITÓRIA famoso cartão postal dali é o Poço Encanta- por diversas espécies de aves e outros animais
O nome da cidade já é uma inspiração. Afinal, do, que recebe os raios solares das 10h30 às típicos do Cerrado, como o lobo-guará. Além
é o que toda a equipa de futebol deseja quando 12h30, possibilitando que se veja, através da dos desportos, Brotas é uma boa opção para os
entra em campo. Mas o que se destaca mesmo água azul turquesa, até as miúdas pedrinhas amantes da natureza, com muitas cachoeiras,
na capital do Espírito Santo são as belas praias depositadas a 61 metros de profundidade. Em passeios e aventura para toda a família.
e a quantidade e variedade de peixes. É ali todos os passeios é possível admirar lindas
que se realiza o Campeonato Internacional de orquídeas, bromélias, sempre-vivas e cactos. ILHABELA
Pesca Oceânica e onde já foram quebrados dois Conhecer a Chapada é um passeio inesque- Ilhabela, a 209 km de São Paulo, é um mu-

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» Especial nicípio formado por ilhas. São Sebastião, a mais
conhecida delas, é um badalado destino turístico,
com praias desertas e paradisíacas, trilhos pela
mata preservada, belas cachoeiras e excelentes
locais para a prática de mergulho. O local sedia
a Semana Internacional da Vela, o maior evento
sul-americano desse desporto, que acontece desde
1973 e reúne mais de 400 barcos e 1.500 velejado-
res durante 10 dias do mês de Julho. Uma boa dica
é levar repelentes para os mosquitos, que fazem
marcação cerrada aos visitantes, principalmente
nos passeios a Jabaquara e Castelhanos.

SANTOS
Santos ficou mundialmente famosa por ser a cida-
de de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os
tempos. Hoje é a maior cidade do litoral paulista,
com óptima estrutura de comércio e serviços. Ali
fica o maior jardim do mundo: 5,3 km na orla, com
uma ciclovia em toda a sua extensão. As praias de
Santos também são muito frequentadas, com op-
ções variadas para desportos radicais ou passeios
com a família. Não deixe de visitar a história do
Santos Futebol Clube no Estádio Urbano Caldeira,
onde as glórias do clube estão exibidas na Sala de
Troféus, com mais de 500 peças conquistadas em
várias modalidades.

UBATUBA
Um dos melhores lugares do Brasil para a prática
de mergulho, surf e desportos náuticos, Ubatuba
tem praias para todos os públicos. Desde as ondas
fortes de Itamambuca até as águas calmas do Láza-
ro. E, para quem procura movimento, o melhor
é a Praia Grande ou os passeios de escuna até a
Ilha Anchieta. O aquário de Ubatuba é imperdí-
vel, oferecendo aos visitantes a oportunidade de
conhecer o mundo marinho com 12 tanques de
água salgada, um deles com 80 mil litros – um dos
maiores do País.

CAMPOS DO JORDÃO
A altura e o clima não fazem de Campos do Jordão,
a 173 km de São Paulo, o lugar ideal para um jogo
de futebol. São 1.700 metros de altitude, com
temperaturas que costumam chegar a -5oC, no
Inverno. Mas é um óptimo local para o turismo e
reconhecida estância climática, chamada de Suíça
Brasileira. A requintada gastronomia conquista,
com os famosos doces e compotas caseiras de
fazer água na boca. A água mineral da cidade vem
de fontes puríssimas e as malharias da região são
reconhecidas pela sua qualidade e preço baixo.

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Entrevista David Seromenho l

CUNHA VAZ & ASSOCIADOS

“Prestamos um serviço
de comunicação integrado”
A internacionalização da Cunha Vaz & Associados surgiu da
necessidade de dar apoio a clientes portugueses que pretendam
uma estratégia de comunicação global. Actualmente a CV&A
é uma consultora que disponibiliza um serviço de comunicação
integrado e com uma visão global. Depois de Angola e
Moçambique é a vez de explorar o mercado brasileiro.

Fundada em 2003, a Cunha Vaz & Associados avança para novos


mercados poucos anos mais tarde, entre os quais Angola e Brasil. O que
dita esta expansão do negócio?
Logo desde o começo da sua actividade, a Cunha Vaz & Associados co-
meçou a olhar para o mercado da comunicação de uma forma global. O
processo de internacionalização iniciou-se com a constituição de uma
empresa de comunicação em Espanha, onde detemos 50% do capi-
tal (IBCOM ESTRATEGIAS DE COMUNICACIÓN, S.L). O objectivo
Fotos Fernando Piçarra

consiste em poder oferecer às empresas um serviço de comunicação a


nível ibérico.
Em 2008, a Cunha Vaz & Associados iniciou a sua aposta no mercado
angolano, onde trabalha com empresas tanto locais como portuguesas.
Desde então, a visita do Papa Bento XVI a Angola e o Campeonato
Africano das Nações em Futebol (CAN) – eventos que tiveram ambos

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Entrevista David Seromenho
a assinatura da Cunha Vaz & Associados - assumem-se como marcos mente, celebrámos parcerias com duas agências de comunicações lo-
de grande importância da nossa actividade naquele país. Hoje, a em- cais, uma produtora de grandes eventos e um parceiro que assegura a
presa detém um escritório em Luanda dotado de quadros locais e expa- área gráfica e multimédia.
triados, que permitirá um crescimento sustentado e a consolidação da
Operação Angola. É uma empresa de direito brasileiro ou uma sucursal da CVA Lisboa? Há
No final do ano passado, a Cunha Vaz & Associados iniciou a sua acti- sócios brasileiros?
vidade em Moçambique, muito pela necessidade de dar apoio a clientes A empresa é totalmente de capital português.
portugueses nesse país e por solicitação do Ministério do Turismo e
do Instituto Nacional de Turismo. Já este ano, a Cunha Vaz & Associa- E clientes, qual o leque actual e que previsões de crescimento? A carteira de
dos integrou um consórcio liderado por uma empresa moçambicana clientes no Brasil é composta por empresas locais (‘new business’) ou por
que ficou responsável pelo Marketing e Comunicação de um evento empresas portuguesas, já clientes da CV&A, que têm negócios no Brasil?
multidesportivo organizado pela Associação dos Comités Olímpicos A nossa internacionalização para o Brasil surgiu pela necessidade de
Nacionais Africanos. dar apoio a clientes portugueses que solicitaram à Cunha Vaz & Asso-
Há cerca de um ano e meio, a Cunha Vaz & Associados olhou para ciados uma estratégia de comunicação global, nesta fase, como referi
o mercado brasileiro como uma oportunidade. Decidiu então dar os anteriormente, a CV&A Brasil quer acompanhar o ritmo de cresci-
primeiros passos com uma pequena operação no Brasil, assente numa mento económico brasileiro, não só amplamente visível desde já, mas
cooperação local. O final deste ano é o ponto do calendário escolhido também expectável para os próximos anos. Queremos ainda poder
disponibilizar às empresas brasileiras o nosso ‘know how’ a nível de
comunicação integrada.
A experiência que ganhámos na organização e comunicação de eventos
desportivos, nomeadamente organizados à UEFA, é outro dos motivos
que nos levou a querer estar presentes em força no mercado brasileiro.
Face à experiência já reconhecida da nossa empresa no segmento do

A CV&A pretende oferecer aos seus desporto, não queremos deixar de fora os grandes eventos que o Brasil
vai protagonizar nesta área nos próximos anos.

clientes portugueses uma estratégia de Num período tão favorável para o Brasil, faz ainda parte da estratégia de
crescimento da Cunha Vaz Brasil poder ser uma ponte das empresas

comunicação global. brasileiras para a Europa e para Angola. Com a aposta no mercado bra-
sileiro, a Cunha Vaz & Associados dá mais um passo na consolidação
da sua estratégia de expansão nos mercados lusófonos.

Quais os mais relevantes?


Como referi anteriormente, os grandes eventos desportivos que se vão
realizar nos próximos anos no Brasil são de grande relevância para a
CV&A, mas não vamos deixar de lado o nosso ‘core’, que é a comuni-
cação empresarial.
para fortalecer a aposta no mercado brasileiro, numa estratégia que
passa por um reforço da equipa, que juntará colaboradores portugue- De que forma se querem posicionar enquanto agência de comunicação
ses e brasileiros a parcerias de empresas já presentes neste mercado. no Brasil? Com que objectivos?
A Cunha Vaz & Associados Brasil quer acompanhar o crescimento da Acima de tudo, uma consultora que disponibiliza um serviço de co-
economia brasileira e não quer deixar de fora os grandes eventos que o municação integrado e com uma visão global. O objectivo é prestar-
Brasil vai protagonizar nesta área nos próximos anos. mos um serviço completo aos nossos clientes. Para isso apostámos
Ainda no âmbito da sua estratégia de internacionalização, a Consul- em equipas especializadas em diversas áreas, desde o aconselhamento
tora integra a Global Financial Communication Network (GFC/ Net) estratégico em comunicação à assessoria de imprensa, passando pela
e tem uma estreita relação de cooperação (“best friends agreement”) produção gráfica, organização de eventos, desenho de estratégias mul-
com a Financial Dynamics - FD, duas das maiores redes mundias de timédia, entre outros.
agências de comunicação.
Como procuram diferenciar-se no mercado brasileiro?
Qual o objectivo de crescimento da CV&A Brasil nos próximos anos? Ao longo destes anos em Portugal, temos apostado em palavras de or-
O nosso objectivo é termos um crescimento sustentado. Posso avançar dem como inovação e diferenciação. Através de um sistema constan-
como metas de facturação até 2014, os cinco milhões de euros. te de monitorização de tendências internacionais de comunicação, a
Cunha Vaz & Associados tem conseguido implementar técnicas inova-
Quantos colaboradores terá a Cunha Vaz Brasil? doras de acompanhamento dos seus clientes. Acima de tudo, sabemos
Nesta primeira fase, vamos ser uma equipa de três pessoas. Paralela- que os tempos mudam, assim como os hábitos de consumo de infor-

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mação. Através de um dinamismo que acreditamos ser uma das nossas da foi encontrar bons quadros e parceiros locais. A nossa “tímida” presença
imagens de marca, temo-nos adaptado sempre ao que é novo, porque no Brasil ao longo deste ano e meio permitiu-nos conhecer um pouco me-
só assim se consegue uma comunicação eficaz e perfeitamente sinto- lhor o sector e a forma de trabalhar, celebrar algumas parcerias, conhecer
nizada com aqueles com quem os nossos clientes querem comunicar. como funcionam os meios de comunicação social, etc.
Sabemos que o Brasil é um mercado muito maduro na área da co- Uma estratégia de comunicação desenhada pela CV&A nunca é um ´copy
municação, mas é o ADN da empresa-mãe que queremos levar para o paste’, seja em Portugal, Angola ou Brasil, os nossos consultores estudam os
país. Assim como em Portugal e Angola, também no Brasil queremos clientes, as suas necessidades e a realidade do mercado onde estão inseridos.
ser uma empresa de referência no sector, que associa valências nas As ferramentas comunicacionais nem sempre são as mesmas de um
áreas das relações com investidores e analistas e das relações com a mercado para outro, o nosso papel, enquanto consultores, é saber ade-
imprensa, constituindo igualmente um dos principais ‘players’ na con- quar-nos à realidade do sector. O nosso ponto de partida, antes dos mais,
sultoria de comunicação, eventos, relações públicas e ‘public affairs’. é partilhar o ‘know-how’ que fomos acumulando ao longo da nossa exis-
tência e aliá-lo aos procedimentos e realidade brasileira.
Em que medida é que o tipo de trabalho é adaptado localmente?
Como em todos os países onde estamos presentes, a nossa primeira medi-

perfil
LICENCIADO em Gestão de Mar- gressado depois à Comunicação Em Outubro deste ano foi assu-
keting pelo Instituto Português e exercido funções de director de mir o cargo de Administrador
de Administração de Marketing, contas da Inforfi. Integra a equi- Executivo da CV&A Brasil, no es-
David Seromenho iniciou a sua pa da Cunha Vaz & Associados critório de São Paulo, mantendo-
carreira na área da Comunicação desde a criação desta consultora, -se administrador não executivo
na consultora Weber Shandwick. assumindo as funções de Admi- da CV&A em Portugal.
Mais tarde, trabalhou como nistrador em 2005.
responsável de Marketing na Hobbies: Viajar, praia, cinema,
área das Novas Tecnologias na jantar fora e conviver com os
empresa Cronológica, tendo re- amigos.

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Comemorações

angola tem construído os


seus alicerces de desenvolvimento
a uma velocidade vertiginosa

35 ANOS DE INDEPENDÊNCIA
ANGOLA DA NOITE
PARA O DIA
O
contraste não podia ser maior: há trinta e cinco anos, como provam os índices de todas as organizações internacionais, que
Angola tinha encerrado um ciclo de violência, mas apontam Angola como campeã do crescimento económico em África e
preparava-se para enfrentar outro ainda. Há trinta e no pelotão das economias que mais depressa crescem a nível mundial.
cinco anos, a guerra era a realidade da década anterior O passado não se apaga com um passe de mágica e o preço que An-
e anunciava-se como a realidade dos anos seguintes. gola teve e tem ainda que pagar pelas décadas de conflito que assolaram
Há trinta e cinco anos, tinha para trás um passado colonial e tinha pela o seu território é terrível, em sofrimento humano, antes de mais, mas
frente uma perspectiva de agressão e desestabilização a partir do es- também em infra-estruturas destruídas, em oportunidades que foram
trangeiro, que só se desvaneceria a partir do fim do regime do apar- perdidas e em recursos que ficaram desaproveitados. Quem hoje visita
theid. Hoje, Angola é, definitivamente, um país em paz, um país com Angola e, em particular, a sua capital, não pode deixar de ficar impres-
Instituições sólidas, um país que virou de vez a página da violência e sionado com a velocidade vertiginosa a que estão a ser construídos os
pode consagrar-se finalmente às tarefas do desenvolvimento económi- alicerces do desenvolvimento e rasgadas as avenidas do futuro; mas é
co e do desenvolvimento humano – e que com inegável sucesso o faz, preciso não esquecer que o enorme esforço que está a ser feito assenta

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sobre uma base extremamente diminuta, o que africano se tenha tornado de novo um mercado
o torna particularmente exigente e requer que de referência para muitas empresas portuguesas
ele comece desde logo a produzir resultados e e um importante destino para a sua emigração.
a dar frutos visíveis. Os angolanos souberam Dito isto, parece todavia evidente que Angola
ser pacientes, afirmar a sua independência e não pode nem deve ser considerada hoje um
construir o seu Estado; agora esperam, legiti- novo “eldorado” para a antiga metrópole colo-
mamente, que a sua paciência e o seu esforço O extraordinário nial em dificuldades: Angola tem agora os seus
sejam recompensados, que a sua vida melhore interesses próprios, que devem sempre primar
e as riquezas que produzem assegurem o seu crescimento que sobre os alheios, e todos os fluxos migratórios
amanhã. ou económicos em sua direcção devem pois ser
O extraordinário surto de crescimento que Angola tem considerados à luz dessa prioridade incondicio-
Angola tem conhecido desde que alcançou a paz nal.
é mérito dos próprios angolanos, que por isso conhecido desde que A mais expressiva prova do sucesso da cons-
devem ser os seus principais beneficiários; mas, trução nacional angolana está hoje porventura
na conjuntura de crise que se tem vivido, e que alcançou a paz é na internacionalização que conhecem algumas
teima em prolongar-se em algumas economias, das suas principais empresas: conquistada a paz
como a portuguesa, pode igualmente afirmar-se mérito dos próprios e construído o Estado, Angola pôde virar-se para
que o ´boom’ angolano é uma dádiva de Angola o desenvolvimento; e no plano económico, mes-
ao mundo, pelo efeito multiplicador que propor- angolanos. mo lutando contra os efeitos duradouros que
ciona em paragens por vezes muito distantes e resultam da sua antiga e prolongada condição
que beneficia muitos outros países e povos. O colonial, conseguiu hoje, escassos 35 anos após
caso de Portugal é a esse respeito paradigmáti- a data da sua independência, transformar-se
co: as dificuldades por que passa a sua economia, a que se junta um numa exportadora de capital e, como todos nós sabemos, numa im-
melhor conhecimento relativo de Angola por parte dos seus nacionais, portante investidora na antiga potência colonial. A história das nações
em comparação com outros estrangeiros, e a sua inegável proximidade mede-se muitas vezes em séculos, mas em apenas 35 anos de vida inde-
cultural dos nacionais angolanos, concorrem para que o grande país pendente parece claro que Angola alcançou de vez a maturidade.

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Marketing

REBRANDING
BPA MUDA
PARA ATLANTICO
ATLANTICO é, desde Setembro, a nova marca do Banco Privado do
Atlântico (BPA). A marca representa não apenas aquilo que o banco já
é, mas aquilo que ambiciona ser. Não só pretende ser o melhor banco de
investimento de Angola, no Mundo, mas ser também, no Mundo, o banco
de investimento que melhor conhece Angola.

O
Banco Privado do Atlântico (BPA) apresentou no dia 14 financeira introduzida em Angola, do crescimento do próprio BPA e do
de Setembro a sua nova marca: ATLANTICO. O banco, facto do banco ter atingido uma dimensão e uma solidez que ultrapas-
que iniciou a sua actividade a 15 de Novembro de 2006, sou as melhores expectativas. “A marca ATLANTICO representa com
conta na sua estrutura accionista com a participação do rigor os valores e a cultura da nossa casa bancária. Uma marca não é um
Grupo Sonangol, da sociedade de gestão de activos Glo- logótipo. Mas um bom logótipo é uma síntese da identidade da marca
balPactum, do Millennium bcp Angola e ainda de quadros angolanos do e muitas vezes a primeira imagem que se tem da marca. Procurámos
sector financeiro. Quatro anos depois do início da sua actividade e de- criar uma imagem, um logótipo, que reflectisse bem aquilo que é ser
pois de se ter afirmado como uma das principais instituições bancárias ATLANTICO. E ser ATLANTICO é ser Phi”, explica Telma Pedro Go-
angolanas, o BPA passa agora a operar sob a nova designação ATLAN- mes, directora de marca e comunicação do BPA.
TICO, para reforçar a sua presença em Angola e no Mundo, através de “O compromisso do BPA passa por estar atento às várias geografias
uma marca que corporiza a sua cultura bancária, a sua dimensão e o seu para onde prevê expandir-se e tendo como objectivo gerar valor estraté-
crescimento. gico para Angola”, referiu o presidente da instituição, Carlos José Silva,
O ‘rebranding’ do BPA implicou também um novo logótipo, com ao jornal angolano “O País”, no decurso da cerimónia da apresentação
o formato que simboliza a letra do alfabeto grego Phi, acompanhado da nova marca. “Uma nova marca que significa tudo isso: os nossos va-
pela assinatura “Valores com Futuro”. A criação da marca ATLANTICO lores, a nossa atitude e nossa presença no mercado”, adiantou.
é uma resposta aos desafios que decorreram da nova cultura bancária e O objectivo do presidente é levar o BPA a assumir-se, em 2010, como

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Porquê a mudança? também uma marca de conhecimento Poquê o logótipo Phi?
Mudámos a marca porque temos com os processos assentes em rigor, O signo matemático Phi é um símbolo
sucesso na nossa actividade, os clientes razão, sigilo, método e análise. Por outro visual do equilíbrio entre a razão e a
dão-nos valor, o conhecimento é uma lado, incutimos igualmente emoção, emoção. Representa também o conhe-
base para a decisão, e porque temos afecto, visão, inovação e síntese nas cimento universal e global, presente nas
cada vez mais um posicionamento in- formas de agir e pensar. diferentes disciplinas de saber e nas dife-
ternacional. Podemos dizer, que o nosso rentes culturas. É também um símbolo
fato é hoje pequeno para a dimensão da das relações humanas que se estabele-
nossa alma. cem. Ser ATLANTICO é assim ser Phi. É
De forma clara e assumida, o nosso ser consciente, com rigor e harmonia.
nome próprio é agora ATLANTICO. Um
nome que demonstra proximidade e
confiança.

carlos josé Quais são os valores da marca?


da silva, Somos uma marca com identidade e
presidente valores. Assumimos a verticalidade, a
do bpa ética, o equilíbrio e a segurança. Somos
BPA

A marca representa
não apenas aquilo
que o banco já é,
mas aquilo que
ambiciona ser.

“o melhor banco de investimento em Angola”, com base nos cinco factores América. Um terceiro eixo estratégico será a criação de plataformas de par-
críticos de sucesso que norteiam a instituição. Antes de mais, o reforço das cerias, envolvendo o investimento de parte dos resultados em áreas como a
soluções de banco de investimento, para responder aos desafios de projec- produção de energia eléctrica, a requalificação urbana, a indústria transfor-
tos estruturantes. Em segundo lugar, o BPA pretende adquirir, até 2011, um madora e as infra-estruturas. O quarto factor crítico é a aposta nas pessoas,
posicionamento múltiplo no plano geográfico, o que implica a cobertura de “alinhadas numa cultura comum, já que nenhum plano estratégico pode
todo o território angolano e a aceleração do processo de expansão interna- ser levado a cabo sem elas”, explica o presidente do banco. E, finalmente, o
cional iniciado, em 2009, com a presença em Portugal, a que se seguirão desenvolvimento da plataforma tecnológica, à qual a instituição tem conce-
o Brasil, a China, outros países africanos e, até 2013, os Estados Unidos da dido grande relevância com a criação de uma sociedade especializada.

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Negócios Perfil
REALIZAR
PAULO DE SOUSA
PEREIRA

N
Fundador e Chairman da Realizar ascido em 1969, em Santo Tirso, Paulo de Sousa Perei-
ra desde cedo se entregou às artes. Passou pela dança,
Worldwide Events, Paulo de Sousa Clássica e Jazz, mas foi em Arquitectura que se licen-
ciou. A Psicologia foi a próxima paixão. Especializou-
Pereira é um criador de emoções. se em Psicologia do Trabalho, Psicologia Económica e
Psicologia do Consumo e, mais tarde, desenvolveu e defendeu a tese de
Os seus eventos marcam a memória doutoramento “Criatividade e Emoções”.
de milhões de pessoas em todo o Com experiência comprovada em áreas como Marketing, Publici-
dade, Imagem, Produção, Realização e Guionismo, une a criatividade
mundo. ao conhecimento profundo das emoções para criar experiências verda-
deiramente memoráveis.
Em 1996 fundou a Realizar, ao mesmo tempo que estudava e des-
brava novos caminhos. Actualmente, a empresa integra o top 5 mun-
dial na área dos eventos de grande impacto. A idealização dos conceitos
a realizar integra “Novas Sete Maravilhas do Mundo” em Portugal, “Sete Maravilhas de
o top 5 mundial Portugal” e “Sete Maravilhas Naturais de Portugal” e, em parceria com
na área dos
a Cunha Vaz & Associados, a organização das cerimónias de abertura
eventos de grande
impactos e encerramento do CAN 2010 (Angola) contam-se entre as suas mais
recentes conquistas.
A Realizar Worldwide Events detém cerca de 20 recordes no Guin-
ness, o que, possivelmente, faz dela a empresa com o maior número
de recordes atribuídos e dos seus eventos os que conquistam as maio-
res audiências em todo o mundo. A empresa, tal como a mente que a
move, alimenta-se de sonhos e dedica-se a torná-los realidade.

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Negócios empresa aníbal cavaco silva
e josé eduardo dos santos
inauguram a nova fábrica

INAUGURAÇÃO
MOTA-ENGIL REFORÇA
ACTIVIDADE EM ANGOLA
A
A inauguração de uma fábrica de par destes nichos de negócios, a empresa liderada por
António Mota e Jorge Coelho - que está presente em 17
barro vermelho, com produção de países de três continentes e tem um volume de negócios
global de 2,13 mil milhões de euros - está a investir no
dois milhões de tijolos/mês, é apenas ambiente e nas áreas das energias renováveis. O grupo
está a sair da solução convencional da construção civil e de infra-estru-
o primeiro projecto no segmento de turas, onde começou há 60 anos, para entrar em novas áreas, menos
expostas a problemas conjunturais e cíclicos.
materiais de construção da Mota- O fornecimento de materiais para a construção civil tornou-se um

-Engil Angola. desafio para o grupo Mota-Engil Angola. Num país onde está quase
tudo por fazer, a estratégia desta nova empresa, que resultou da inte-
gração dos activos no país detidos pela casa-mãe, passa não apenas por

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valor a construção de uma unidade
para o fabrico daqueles materiais.
Esta empresa empregará 75 colabo-
radores.
A estratégia da Mota-Engil pas-
sa por ter os melhores parceiros
locais e responder a um desafio do
Presidente angolana, José Eduardo
dos Santos que quer mais investi-
mentos na industrialização do país,
para reduzir a dependência exter-
presidente da repúlica portuguesa
na em produtos que facilmente
cumprimenta jorge coelho
consegue fabricar internamente.
A Mota-Engil Angola, controlada a
51% pela casa-mãe, com sede em
Amarante, tem na estrutura socie-
construir infra-estruturas, mas por fornecer os materiais tária a Sonangol Holdings, o Banco Privado Atlântico, a Finicapital e a
para as fazer. Assim nasceu uma das maiores fábricas de Globalpactum.
tijolo vermelho de África. “O tijolo é um tipo de produto que Com um sector da construção pujante e um conjunto de obras pú-
exige produção em grandes quantidades para fornecer todo blicas em crescimento, Angola é um país que irá necessitar ao longo
o sector da construção civil, não só em Angola como em dos próximos anos, de materiais de base para a construção civil. Por
outros países da região”, explicou o chairman do grupo Mo- outro lado, o volume crescente de produtos a passar nos portos do país,
ta-Engil, António Mota, durante a inauguração da unidade, sobretudo Luanda e Lobito, tornam cada vez mais difícil o fluxo normal
que contou com as presenças dos Presidentes da República de mercadorias e é nesta óptica que a criação de unidades industriais
de Portugal e Angola, Aníbal Cavaco Silva e José Eduardo se justifica.
dos Santos, respectivamente Recorde-se que o grupo Mota-Engil está muito activo no país a nível
Através da fábrica industrial No- das obras públicas e das infra-estruturas, tanto
vicer, localizada no Quifangondo, na construção civil e urbanismo, como nas ro-
Cacuaco, onde trabalham quase uma dovias, enquanto olha para oportunidades a ní-
centena de colaboradores, o grupo vel do residencial do segmento médio e alto, do
fica preparado para o lançamento, segmento da habitação social (o país tem neces-
a prazo, de um produto tecnologica- sidade de 2,5 milhões de habitação com renda
mente superior, o tijolo “termo-acús-
tico”, único no continente africano.
A estratégia da controlada) e da promoção de escritórios, mas
também está atenta ao ambiente e no sector das
Esta mais-valia potencia à unidade produtiva
participada da Mota-Engil, da Sonangol e de ou-
Mota-Engil passa energias renováveis. António Mota afirmou, há
cerca de um ano, que pretende concorrer ao pla-
tros parceiros locais, um potencial de exportação
industrial com valor acrescentado muito forte.
por ter os melhores no de construção de mini-hídricas em Angola,
com o objectivo de construir, produzir e vender
A unidade construída de raiz, implicou um
investimento superior a 27 milhões de euros e
parceiros locais e electricidade para a rede. A empresa pode ain-
da ser um dos parceiros privilegiados para a
foi alvo de alguns comentários elogiosos no mo-
mento da inauguração, caso do ministro ango-
responder a um construção de infra-estruturas de produção de
energia no âmbito da sua parceira com a EDP
lano da Geologia, Minas e Indústria, Joaquim
David, que afirmou aos jornalistas ser este um
desafio de Eduardo Renováveis.
A nova estrutura organizativa do grupo, per-
exemplo daquilo que as empresas estrangeiras
“podem fazer em Angola”.
dos Santos. mitida pela criação da Mota-Engil Angola, com
decisão local, potencia o crescimento interno,
Mas a aposta na indústria fornecedora de incluindo a nível de formação e recrutamento.
materiais de construção civil não vai ficar por O centro de formação recentemente criado pela
aqui, pois já foi anunciada a construção de uma fábrica de pregos e empresa, tem previsto formar anualmente 150 técnicos de várias áreas,
redes electro-soldadas em Benguela. Esta operação é conceptualmente sendo natural que, com o crescimento e o envolvimento da empresa
diferente da anterior, pois o investimento já começou com a compra no país, a formação inclua técnicos superiores ao nível da licenciatura.
por parte da Mota-Engil Angola de 70% do capital da companhia an- O ministro angolano da Indústria, Joaquim David, disse recentemente
golana Fatra, que deixou de ter como accionista maioritário a Fapricela, que o país não sendo um “EL Dorado” de África, e tendo muitas bar-
líder do mercado luso em termos de produção de fio de arame. O in- reiras a ultrapassar, “é um país de oportunidades”. E a Mota-Engil está
vestimento inicial foi de 10,4 milhões de euros, e já está incluído neste atenta.

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Negócios empresa

LOGÍSTICA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO:
UM SECTOR ESTRATÉGICO
Cerca de 80% das mercadorias em Portugal são movimentadas por modo
rodoviário. A importância do sector é tão grande, que se todos os camiões
parassem, a economia entraria em colapso em poucos dias.

O
s camiões são um elo fundamental da cadeia de logísti- solina e as centrais de energia a biodiesel ou carvão seriam forçadas a parar
ca. Todos os produtos são, em determinado momento do por falta de combustível. O mesmo aconteceria com as obras, os transportes
seu processo de movimentação, transportados por um públicos, as escolas e os escritórios de empresas.
camião. Mas o que nos aconteceria se este meio de trans- Com o decorrer dos dias, as falhas nos abastecimentos de alguns produ-
portes desaparecesse? tos domésticos começariam a notar-se. Nos hospitais, o caos instalar-se-ia,
Para ter uma resposta concreta, a Association of Road Haulage Com- por falta de produtos alimentares, fármacos e outros fornecimento, e equi-
panies, que congrega as empresas de transportes rodoviários da Suécia, pamentos médicos. As estações de tratamento de águas e esgotos, muito
fez um estudo em quatro regiões do país, sobre o que aconteceria se, de dependentes de certos produtos químicos, teriam também de parar. O lixo
repente e sem aviso prévio, todos os camiões parassem. Naquele país es- começaria a acumular-se nas ruas.
candinavo, cerca de 406 milhões de toneladas de mercadorias são movi- A crise alastrar-se-ia às lojas, às farmácias, aos armazéns, às oficinas de
mentadas todos os anos e, desse total, 353 milhões através de transportes automóveis, todos eles afectados pela interrupção dos fornecimentos. Os
rodoviários. Dos produtos transportados por camião, a maioria (91%) co- restaurantes, sem legumes e sem outros produtos da horta frescos, e sem
bre distâncias abaixo das 30 milhas, revelando que o transporte rodoviário abastecimentos de carne e peixe, teriam de encerrar as portas.
está presente, mesmo quando nas longas distâncias se recorre a outros
meios de transporte, como o ferroviário, o marítimo ou o aéreo. Transporte rodoviário impera em Portugal
Com a paralisação dos camiões, ao fim de apenas um dia, toda a distri- Em Portugal, a situação não seria muito diferente. Cerca de 80% das mer-
buição de produtos frescos começaria a faltar. Os jornais não chegariam cadorias movimentadas no País recorrem ao transporte rodoviário e nove
aos quiosques e a capacidade de distribuição do correio e de embalagens em cada dez veículos que transitam pelas estradas nacionais transportam
ficaria limitada às pequenas distâncias, dentro dos perímetros urbanos, que mercadorias. A crise de 2008 inverteu a tendência continuada de cres-
pudessem ser cobertas de bicicleta, de moto ou pelos pequenos furgões co- cimento do transporte de mercadorias, com o modo rodoviário a acusar
merciais. Na indústria, começariam a faltar os fornecimentos de matérias- quebras superiores a 10% neste dois últimos anos. Mas mesmo com esta
primas e componentes. As bombas de gasolina esgotariam o diesel e a ga- baixa, é o transporte por via rodoviária que continua a liderar.

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antónio mousinho,
presidente da antram

O transporte por via


rodoviária continua a O SECTOR EM NÚMEROS
liderar em Portugal.
No primeiro trimestre do ano, os diferentes modos de transporte mo-
vimentaram um total de 54,2 milhões de toneladas de mercadorias no
56,47
MILHÕES
Continente. Destes, 35,6 milhões, cerca de dois terços do total, foram Tonelagem total de mercadorias
transportados por estrada por conta de outrem. Se levarmos em conta
transportadas em modo rodoviário
a inter-mobilidade, quando uma mercadoria é transportada por mais do
que um modo de transporte, o total movimentado apenas pelo transporte
rodoviário sobe para mais de 56 mil toneladas. Um valor que confirma a
importância do sector para a economia.
O transporte internacional rodoviário (TIR) foi particularmente atingi-
35,35
do pela crise, tendo registado uma quebra de 22,8% nos movimentos de MILHÕES
carga entre 2007 e 2008. Uma perda de peso relativo face ao transporte Tonelagem de mercadorias
doméstico, que recuou apenas 8,9%. transportadas por conta
Mais de 80% do trânsito de mercadorias internacional teve origem e
de outrem em modo rodoviário
destino em Espanha e França e quase dois terços do volume das mercado-
rias entradas em Portugal concentraram-se em seis tipos de mercadorias,
destacando-se os móveis e outros produtos das indústrias transformadora
(17,7%), os produtos alimentares, bebidas e tabaco (12,7%), os produtos
agrícolas e florestais e o peixe e outra produção da pesca (12%).
No transporte doméstico, que vale 92% dos movimentos totais de car-
78,4%
Peso relativo dos transportes rodoviários
ga rodoviária e 83% da tonelagem total de mercadorias movimentadas, ti-
veram a sua origem nas regiões Centro (86,9 milhões de toneladas), Nor-
no total de mercadorias movimentadas
te (68,9 milhões de toneladas) e de Lisboa (63,3 milhões de toneladas).

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Opinião

Sam Mahtani
Director da área de Acções
de Mercados Emergentes da F&C

A OPORTUNIDADE INDIANA
A
Índia continua a ser uma das regiões da Ásia que mais se possa esperar o anúncio de uma subida de 0,25% aquando da próxima
beneficia de uma forte Procura Interna. Pela primeira vez reunião do Banco Central, seguida de uma pausa, uma vez que a inflação
em vários anos, as perspectivas para os três segmentos tende a baixar, e a situação da economia externa está a deteriorar-se.
chave da economia – serviços, agricultura e indústria – são Num cenário de incerteza em relação às condições macroeconómicas
positivas. O consumo privado é forte, tanto nas zonas rurais como nas globais, mantemos a nossa convicção positiva em relação às acções
zonas urbanas, o que pode não se ter reflectido ainda nos dados oficiais de empresas indianas de maior dimensão e elevada qualidade, com
conhecidos. balanços robustos e um enfoque na produção de retorno para os
No entanto, o importante é questionarmo- accionistas. Como exemplos, podemos apontar,
-nos sobre se um crescimento sustentável no sector automóvel, a Bajaj Auto e a TVS Motor
mais elevado do Produto Interno Bruto (PIB) Co., que beneficiaram da forte procura dos seus
será possível na Índia? A visão consensual dos veículos de duas rodas. No sector financeiro, as
analistas aponta para um crescimento do PIB perspectivas são bastante positivas para o Axis
em torno dos 8,4%, este ano, e de 8,0% a 8,5%, Bank, cujas acções atingiram o pico máximo dos
no próximo. A partir de 2013 estima-se que o últimos 12 meses no passado mês de Agosto,
PIB atinja taxas de crescimento situadas entre
os 9,0% e os 10,0%. Ao longo do ano passado,
Um conjunto de dadas as suas perspectivas de expansão do banco
a nível global. A Bajaj FinServ também registou
o mercado indiano de acções passou a reflectir
melhores avaliações, em resultado destas
factores fazem uma valorização significativa, decorrente da
melhoria das avaliações para o sector segurador.
expectativas de crescimento.
A estabilidade política poderá ser propícia
da Índia uma Por seu lado, a farmacêutica Lupin Laboratories
beneficiou do lançamento de novos produtos no
a mais reformas. O Partido do Congresso
conseguiu manter a solidez da coligação
excelente aposta mercado Norte-americano.
A recuperação em curso na Índia é bastante
governamental durante o ano passado e as
próximas eleições decorrerão daqui a cerca de
de investimento. abrangente e poderá até intensificar-se, com
a subida do investimento das empresas e a
um ano, o que dará tempo ao actual governo recuperação do sector agrícola. Acreditamos
para implementar algumas reformas. que o pico da inflação está prestes a ser atingido e que, por outro
A política de fixação de taxas de juro de referência poderá surpreender, lado, a Índia beneficiará amplamente dos preços baixos das matérias-
com subidas relativamente inesperadas. O Reserve Bank da Índia realizou primas. A procura doméstica mantém-se robusta, prevendo-se que
um excelente trabalho em termos da gestão de expectativas, tendo suporte a economia caso a procura externa enfraqueça. As valorizações,
sido claro quanto à necessidade de alterar a política monetária actual, actualmente justas, serão suportadas pelo forte crescimento dos
excepcionalmente expansiva. As taxas subiram 1,0% no actual ciclo, resultados. Na nossa opinião, este conjunto de factores fazem da Índia
contando-se com mais uma subida de 0,5%, embora, em nossa opinião, uma excelente aposta de investimento.

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Perfil

CARLOS COSTA
DO PORTO PARA
O BANCO DE PORTUGAL,
COM A EUROPA PELO MEIO

natural do porto, onde nasceu


em 1949, a sua alma mater é
a faculdade de economia da
universidade desta cidade

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Gerou amplo consenso político a recente designação de Carlos Costa como
Governador do Banco de Portugal, ocorrida logo após a partida de Vítor
Constâncio para Frankfurt, onde foi exercer as funções de vice-presidente do
Banco Central Europeu.

C
om uma sólida experiência no sector bancário e um ministrador da Caixa Geral de Depósitos, presidente do Conselho de
notável currículo nas Instituições europeias, Carlos Administração da Caixa Geral de Aposentações, presidente do Con-
Costa surgiu como o candidato natural para o cargo selho de Administração do Banco Nacional Ultramarino (Macau) e
de Governador do banco central do Banco Caixa Geral (Espanha), em 2005, foi
português – que, com o advento também membro do Conselho de Administra-
da moeda única europeia, perdeu algumas das ção da Unibanco Holdings (Brasil).
suas funções tradicionais, para constituir hoje No plano europeu, foi administrador da
um elemento do Eurosistema, responsável pela “Euro Banking Association”, entre 2001 e
gestão da política monetária da zona euro. 2003. Mais tarde, desempenhou igualmente
Natural do Porto, onde nasceu em 1949, a
sua alma mater é a Faculdade de Economia da
Com um percurso funções consultivas junto do Comité de Regu-
lação do Mercado Europeu de Títulos Financei-
Universidade desta cidade, onde foi assistente
entre 1973 e 1986. Mais recentemente, porém,
notável, Carlos ros (CESR) e, sobretudo, foi vice-presidente do
Banco Europeu de Investimento, entre Outu-
foi docente do Curso de Pós-Graduação em
Estudos Europeus do Centro de Estudos Euro-
Costa foi nomeado bro de 2006 e Maio de 2010, responsável pela
sua direcção financeira e pelas operações de
peus da Universidade Católica do Porto (entre
1986 e 2000), sendo actualmente professor ca-
Governador do crédito para investimento em Portugal e Espa-
nha, na Bélgica, no Luxemburgo, na América
tedrático convidado das Universidades de Avei-
ro e Católica do Porto e presidente do Conselho
Banco de Portugal Latina e na Ásia.
O currículo europeu de Carlos Costa com-
Consultivo da Faculdade de Economia desta
última universidade.
sem qualquer preende ainda o exercício das funções de coor-
denador dos Assuntos Económicos e Financei-
Quadro do extinto Banco Português do
Atlântico desde 1978, dirigiu o Centro de Es-
oposição. ros na Representação Permanente de Portugal
junto da União Europeia (REPER) entre 1986 e
tudos de Economia Portuguesa daquela Insti- 1992 – período durante o qual foi igualmente
tuição bancária, entre 1981 e 1985. A título pes- membro do Comité de Política Económica da
soal, Carlos Costa fez também parte, de 1988 a 1992, do Conselho União – bem como de chefe de Gabinete do membro da Comissão
Superior para a Reforma do Sistema Financeiro, cujo “Livro Branco Europeia de nacionalidade portuguesa (no caso, João de Deus Pinhei-
sobre o Sistema Financeiro” serviu de base à reforma global do quadro ro) entre 1993 e 1999.
legislativo do sistema financeiro português. Um percurso notável, em Portugal e no palco europeu, na banca
Ainda no sector bancário, foi director-geral do Millennium bcp, e nas instâncias decisórias da política económica e financeira, que foi
responsável, entre 2000 e 2004, pelas suas direcções Internacional agora consagrado com uma nomeação que, compreensivelmente, não
e de Custódia Internacional; de 2004 a 2006, Carlos Costa foi ad- encontrou oposição.

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Entrevista
MALDONADO GONELHA

A SAÚDE JÁ É
UM NEGÓCIO
REPUTACIONAL
GANHADOR

O
negócio da saúde é reputacional, afirma Maldonado Go-
maldonado gonelha, presidente
nelha, presidente da HPP Saúde, o braço operacional da
da hpp saúde
Caixa Geral de Depósitos para a área da saúde. O antigo
ministro do Trabalho confirma que é o ambiente criado à
volta do serviço que atrai as pessoas e, por isso, as unida-
des da HPP Saúde estão a crescer muito depressa. O volume de negócios
vai superar os 160 milhões de euros este ano e haverá mais oferta, como é
o caso do Hospital da Boavista, com o novo serviço na área da ginecologia
e obstetrícia, de Viseu e do Algarve. Nesta região, o turismo de saúde com
estrangeiros já representa 10% da facturação da unidade hospitalar. Os
PALOP´s estarão naturalmente na rota da internacionalização da HPP,
que poderá actuar como ‘experts’ do sector.

Que balanço faz do sector dos prestadores de cuidados de saúde privados


em Portugal?
Hoje, o sector privado já tem alguma expressão. Até ao final do século

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passado, o segmento privado tinha apenas um peso significativo de pe- E a HPP Saúde em concreto?
quenos consultórios e clínicas, laboratórios de análises clínicas e centros Projecto no final do ano ter um volume de serviços prestados da ordem
de hemodiálise. Dentro da hospitalização privada, o que havia era o velho dos 160 milhões a 165 milhões de euros.
Hospital da Cuf, junto à avenida Infante Santo, o Hospital Particular de
Lisboa, o Hospital da Cruz Vermelha e, no Porto, o Hospital de Santa Os três grandes, Mello, ES e HPP Saúde absorvem que fatia do mercado?
Maria e a Clínica da Boavista. Havia pouca coisa. À volta de dois terços da indústria.
Dos anos 90 do século passado para cá verificou-se uma grande expansão
e hoje o sector tem um peso significativo. Foi na hospitalização privada Como caracteriza a evolução do grupo HPP Saúde? Que importância tem
que se deu o maior crescimento, nomeadamente com o aparecimento de vindo a assumir no mercado?
quatro grandes grupos: a HPP Saúde, o grupo Mello, o Espírito Santo e o A HPP Saúde nasceu em 1998 com os Clérigos e a Boavista. Entre 2000
grupo da Trofa. e 2003 foi feita a aquisição de um hospital em Faro, integrado o HPO e
construído Lagos e Sangalhos. Entre 2005 e 2007 foi construído o Lusí-
Que benefícios trouxeram à sociedade em geral nos últimos anos? Que adas e um novo Boavista, para além da negociação da parceria público
desenho tem do sector de há cinco anos para cá? privada do Hospital de Cascais. O período de 2009 e que termina em
Sobretudo trouxeram alternativas de oferta. Temos de ter a consciência 2011 visa a expansão e consolidação, onde se inclui a exploração de três
que nunca a hospitalização privada será uma alternativa massificada. E novas unidades, com o emprego de mais de um milhar de colaboradores
isso porque há muitos serviços em que a hospitalização privada nunca se e negócios a atingirem os 200 milhões de euros.
irá desenvolver.
Por outro lado nunca será uma oferta de massas, será sempre uma oferta Esta evolução rápida está ligada ao crescimento da riqueza do país ou está
mais seleccionada e selectiva, quer nas especialidades, quer na qualidade. ligada a novos consumidores ou à existência de um novo mercado?
Consequentemente, penso que o público e o privado são complementa- Pelo nosso lado nascemos ligados a uma companhia de seguros. A
res e, penso ainda que se as políticas públicas forem adequadas, tenderá primeira resposta era o cliente da casa. A HPP Saúde era constituída

A HPP Saúde espera ter um


volume de serviços prestados na
ordem dos 160 milhões a 165
milhões de euros.

a desenvolver-se progressivamente um mercado bem definido para cada pelas duas clínicas ortopédicas que as companhias de seguros que es-
um dos sectores. tavam na Caixa, Fidelidade e Mundial Confiança tinham. Os clientes
eram, essencialmente, acidentes de trabalho e acidentes de automóvel.
Significa que a indústria irá desenvolver-se em termos genéricos ou a ten- Desenvolveu-se ainda nessa época, os seguros de saúde e também aí ti-
tar ir buscar outro tipo de negócio, nichos? vemos um crescimento. Os seguros de saúde foram criados nos finais
Depende das estratégias de cada um dos grupos. Nós estamos a enrique- dos anos 90, e hoje temos cerca de 2,2 milhões de pessoas abrangidas
cer a nossa capacidade de oferta interna, por exemplo, no Porto, estamos a pelos seguros de saúde. Isso criou uma procura. Por outro lado, tam-
criar um novo serviço materno-infantil com forte aposta na área de obste- bém havia particulares que não usavam SNS e que iam a Espanha,
trícia e ginecologia – e estamos a estudar a hipótese para ter hemodiálise França ou Reino Unido. E, à medida que a oferta se tornou qualificada
nos Lusíadas e no Boavista. Mas também estamos apostados no turismo aqui, passaram a procurar os hospitais nacionais. Na HPP Saúde, e
de saúde. no fecho do mês de Agosto, temos 24% do volume de negócios con-
solidado do ano com origem nos particulares, a que acresce 18,2% da
Em termos globais que volume de negócios envolve o sector da saúde pri- facturação com origem nos seguros de saúde. Os acidentes de trabalho
vada em Portugal? são 22,1%, os acidentes de automóvel são 1,1% e os acidentes pessoais
A hospitalização privada cerca de 1.000 milhões. 0,7%. Na componente facturação os subsistemas significam 10%. E

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» Entrevista
o segmento que mais cresce é o de particulares. Estão a crescer a uma Que balanço pode ser feito do grupo HPP Saúde no ano passado e o que é
taxa de 27,8% em Agosto, em termos homólogos. Aliás, nos acidentes possível antecipar em termos de curto e médio prazo, quer em novas áreas
até estamos a diluir o peso relativo tendo em conta o crescimento das de negócios, quer em termos de resultados gerais?
restantes áreas. O ano de 2009 foi aquele em que começámos a ter um salto qualitativo muito
A nossa dependência do Estado ou de facturação interna é muito me- grande, com dois novos hospitais a funcionar em ano de cruzeiro. Mas foi
nor, o que significa que fomos bem aceites e estamos bem inseridos no também nesse ano que nos foi entregue para gestão, o “velho” Hospital de
mercado. Friso ainda que este salto qualitativo foi praticamente consegui- Cascais. Foi um grande desafio de organização e de resposta, pois era uma
do nos últimos dois anos com uma muito melhor oferta, caso dos novos unidade envelhecida, com muitos problemas. Foi um ano de muito trabalho e
hospitais dos Lusíadas e da Boavista. esforço, mas com a dedicação das grandes equipas que temos, podem ver-se,
agora, os resultados. Demos um salto qualitativo em termos de produção e de
Como define estes particulares? resultados. Na posição consolidada de todos os hospitais, e no caso das con-
São o segmento médio alto e alto e fazem os pagamentos directos. sultas, atingimos 261.600 em 2008, para em 2009 atingirmos as 429 mil.

O nível reputacional das unidades da HPP Saúde tem


vindo a subir muito rapidamente.

O nome HPP Saúde tem-se revelado importante no crescimento? Nos exames de imagiologia tivemos 109 mil, e passamos a 250 mil, enquanto
Com efeito, este negócio tem algumas características muito específicas, nos atendimentos urgentes passamos de 59 mil para 196 mil. Nos interna-
pois é um negócio reputacional, não é um negócio de publicidade. Não mentos passamos de 42.500 para 148.700, cirurgias de 12.200 para 18.600,
é por se fazer uma grande campanha de publicidade que se obtém mais enquanto nos partos de 130 para 1.600. Em Agosto deste ano os partos já
ou menos clientes. Funciona pela reputação que temos junto das pessoas, tinham subido para 1.778, mais do que o registo de todo o ano de 2009. Ainda
a partir do “boca a boca”, ou dos médicos que se tem, ou das tecnologias em Agosto, as cirurgias já vão nas 14.313, os internamentos estão nos 105.600,
que se usam, ou as formas como se é atendido. É todo o ambiente criado os atendimentos urgentes 160.600, as consultas de imagiologia vão nas 203
à volta do serviço que atrai as pessoas. E o nível reputacional das unidades mil, enquanto as consultas vão nas 335 mil.
da HPP Saúde tem vindo a subir muito rapidamente. O ano de 2009 correu bem e 2010 está, também, a correr bastante
bem. Em termos de volume de negócios fizemos 144 milhões de euros no
Na prática qual a importância de ser um dos principais ‘players’ desta in- ano passado, para Agosto já estamos nos 106,5 milhões de euros e pers-
dústria no país? pectivo para 2010, uma facturação entre os 162 e os 165 milhões de euros.
Dá-nos uma responsabilidade muito grande. Este é um negócio em que
tem de se ter como accionistas, entidades que tenham uma sólida estru- Que novos projectos poderão ser lançados pelos HPP Saúde no médio e
tura financeira e nós temos o melhor desses accionistas. Por outro lado, é longo prazo?
preciso que o accionista seja de reputação conseguida e isso é indiscutível Em termos de hospitais temos previsto mais dois: o novo hospital do Al-
com o grupo Caixa. garve e um novo hospital em Viseu. A unidade do Algarve é um hospital
Se todos nesta actividade têm de manter um comportamento exemplar, de substituição, na medida em que o nosso hospital do Algarve está satu-
acontece que no nosso caso há que manter essa reputação por uma maio- rado e precisamos de um espaço novo, com outra dimensão. Já temos o
ria de razões. terreno, que fica num quarteirão inteiro e localiza-se próximo do actual
hospital de Faro. O espaço estava condicionado a equipamentos específi-

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cos e foi adquirido à Câmara Municipal. Está o projecto em elaboração e Espero que sim, mas tudo irá depender da evolução do turismo no Al-
estimo que no princípio de 2012 estará o hospital operacional. garve e também da forma como vendermos os serviços. Como lhe referi,
nesta área continuamos a aprender. Este projecto começou em 2009 e
Que valências terá? logo nesse ano fizemos 1,156 milhões de euros de negócios, o que signi-
Serão as mesmas da actual unidade, incluindo todas as especialidades fica mais do que o negócio de várias clínicas em Lisboa, quando aqui foi
médicas e cirúrgicas. Se por um lado, servirá para consolidar a liderança apenas um nicho de um dos hospitais mais pequenos que temos. Fez 10
no tratamento da obesidade nesta região, por outro, será uma unidade milhões de euros em 2009 e que para este ano poderá chegar aos 15 mi-
diferenciada na área da traumatologia e ortopedia, tendo em considera- lhões de euros, logo, aquele montante facturado representou 10% do total.
ção uma abordagem de reabilitação integral da pessoa, única no Algarve. A reflectir esta procura está a nossa plataforma web criada para este
efeito. Registou mais de 28 mil consultas, para além de 158 pedidos de
Há projectos para o mercado externo? orçamento. A intenção é com a experiência adquirida no Algarve, ge-
Temos desenvolvido contactos e estamos a estudar projectos em países de neralizá-la a Lisboa, onde temos características diferentes do Sul, mas

expressão lusófona. O nosso trabalho perspectiva-se numa componente importantes, caso dos cruzeiros. Poderíamos dar assistência a partir
de aportar ‘expertize’ na área da gestão clínica e de negócio em projectos dos Lusíadas, enquanto no Porto poderíamos fazer algo semelhante no
com uma forte liderança de médicos e quadros locais, em associação com Boavista. Viseu, por seu lado, é uma região onde não há oferta dentro
investidores e parceiros de negócio. da zona de influência que engloba 550 mil habitantes, com um poder
de compra bom e que apenas podem dispor do hospital público, que
Como está a evoluir o projecto do turismo médico através das unidades está saturado. É um nicho de mercado. Estamos a trabalhar com o gru-
do Algarve? Quem é o ‘target’? Como é que o modelo é promovido exter- po Visabeira, que constrói a infra-estrutura e fará manutenção e nós
namente? faremos a gestão clínica. Criámos uma sociedade para gerir este activos
Já começamos a desenvolver aquilo a que chamamos a resposta no turismo em que os HPP têm, 65% e a Visabeira o restante.
da saúde. Neste momento ainda não fazemos turismo de saúde, estamos a
prestar serviços para os turistas. Entretanto, o que fizemos foram acordos Para quando se prevê o arranque do hospital de Viseu?
com companhias de seguros internacionais para que os seus segurados que O projecto foi aprovado na Câmara, e em termos construtivos tem a “gaio-
vêm passar férias ao Algarve e fazem seguros de saúde. Nestes casos, pro- la” feita e está a ser dividido. Estamos na fase de preparação dos concursos
pomos dar a resposta em termos de eventuais necessidades ao nível dos para o equipamento. Ficará com 50 camas e com todas as valências.
cuidados de saúde. Por outro lado, estamos com atenção aqueles países que
têm serviços nacionais de saúde, com legislação interna que permite aos Qual o volume de investimento nas várias unidades?
doentes escolherem outras unidades, mesmo no estrangeiro, quando a de- Nos investimentos feitos até agora, 110 milhões foi em infra-estruturas e
mora média de um dado atendimento é superior a um dado prazo. 65 milhões de euros em equipamento. No caso de Viseu a infra-estrutura
Estamos a caminhar e a aprender com o objectivo de podermos vir andará pelos 25 milhões de euros, o mesmo acontece no Algarve, a que
a prestar serviços de saúde a, por exemplo, clientes de países nórdicos. acrescem entre oito e 10 milhões de euros de equipamento, podendo ser
É preciso ver que os clientes internacionais já representam 1,3% do vo- superior se o equipamento tiver que responder a outras necessidades em
lume de negócios consolidado, com quase 900 mil euros, depois de no função de alterações ao perfil assistencial que estamos a discutir.
ano anterior ter sido ligeiramente superior. A diferença é explicada pela
quebra do turismo. Que obras estão a fazer nos Lusíadas?
Os Lusíadas estão cheios e, por isso, estamos a rearranjar alguns serviços,
É previsível que o turismo de saúde assuma uma preponderância maior para ampliar outros, nomeadamente com uma nova ala nova de pediatria,
nos negócios do grupo? porque foi uma área que cresceu muito.

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Saúde investigação

INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O VALOR DO MEDICAMENTO
A
Saúde, dado o seu valor inestimável e o seu impacto ção na Saúde e dos medicamentos reflectiu-se no aumento da esperan-
socio-económico, é uma área de extrema relevância para ça média de vida e no consequente envelhecimento da população. Com
o desenvolvimento de um país. Nos últimos 30 anos, os o desenvolvimento da Saúde, aumentaram as despesas nesta área, que
medicamentos contribuíram para uma evolução signi- no entanto devem ser entendidas como um investimento a longo pra-
ficativa da medicina, prevenindo, tratando e travando o zo, e não como um custo no imediato.
desenvolvimento de doenças. A relação entre crescimento económico e Saúde reforça a impor-
A contínua inovação em novos medicamentos permite um trata- tância desta área e a necessidade de se continuar a investir nela.
mento mais eficaz, eficiente e personalizado das doenças. Esta evolu- O valor do medicamento reflecte-se em três vertentes: No doente,

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na sociedade e na economia. Melhores medicamen-
tos permitem a prevenção da doença e a melhoria da
qualidade de vida dos doentes, bem como o aumento
da esperança média de vida.
A AFIRMAÇÃO
O que se reflecte na diminuição da incapacidade,
na redução de absentismo, no aumento da produtivi-
DA BIAL NA INDÚSTRIA
dade e numa melhor utilização da rede de cuidados
de Saúde, contribuindo para o desenvolvimento eco- FARMACÊUTICA
nómico.
A revolução médica destas últimas décadas resul- A aposta da Bial em Investigação e jecto a prazo. Estudou o percurso que
tou em novos e melhores tratamentos para um in- Desenvolvimento logo no início do anos as grandes empresas europeias tinham
contável número de doenças, que devastavam vidas e 90, quando ainda não existia qualquer feito, que perfil de técnicos contratavam,
sobrecarregavam os sistemas de saúde. Foi através da tradição de investigação na indústria que departamentos constituíam ou em
investigação e o desenvolvimento de novos medica- farmacêutica nacional, foi um dos que equipamentos investiam!
mentos que passou a ser possível combater doenças factores responsáveis pela dimensão e Depois, e porque percebeu que a Bial só
anteriormente fatais, como a varíola, a tuberculose e autonomia estratégica que a empresa se poderia destacar no xadrez da indús-
a sífilis, e progredir no tratamento de outras, como tem hoje. Inicialmente com um núcleo tria farmacêutica se não desperdiçasse
o HIV/SIDA, o cancro, as perturbações nervosas, as de investigadores portugueses e, recursos, concentrou o investimento em
úlceras gástricas, a asma ou a hipertensão. Os avan- posteriormente com pessoal recrutado I&D nas duas áreas referidas, a do siste-
ços da investigação produziram uma quantidade de internacionalmente, a Bial concentrou- ma nervoso central e a cardiovascular.
novos tratamentos e curas, sem paralelo. Muitos do- -se em duas áreas de actuação no que Em finais de 1992, início de 1993, seria
entes vivem agora vidas mais longas, livres de dor e diz respeito a I&D, a do sistema nervoso então constituído um núcleo, ainda só
doenças devido a essa evolução. central e a cardiovascular. De tal forma, com portugueses, para arrancar com a
que actualmente tem um produto de investigação. Sem grandes resultados,
A correlação entre Saúde e Economia sua investigação que irá estar comercia- a decisão tomada é a de ir recrutar pes-
Há uma relação entre crescimento económico e me- lizado nos próximos anos em todos os soas com experiência lá fora, junto de
lhor Saúde: Uma melhor Saúde tem um impacto sig- países da UE, assim como da América universidades estrangeiras e de empre-
nificativo e positivo no crescimento económico, que do Norte (EUA e Canadá). sas. A sintetização de novas moléculas
por sua vez tem impacto na melhoria da Saúde. começa a partir dessa altura, tendo-se
A Saúde melhora o crescimento económico pelo Luís Portela assumiu a presidência da chegado a ultrapassar o patamar das
reforço da produtividade dos trabalhadores, aumen- farmacêutica Bial (fundada pelo avô) 10 mil.
tando as poupanças ao longo dos ciclos de vida das aos 27 anos, depois de uma breve A primeira grande vitória com sabor
pessoas, potenciando uma melhor educação e en- passagem pela área em que se formara, internacional chegou há perto de três
corajando o investimento directo estrangeiro. Cada a Medicina. Agora, cerca de 20 anos anos, quando a Bial se destacou como a
ano adicional de aumento da esperança de vida tem depois, começou a colher os maiores re- primeira empresa portuguesa a assinar
um resultado económico de 4% no PIB e aumenta o sultados de uma estratégia trilhada com um contrato de licenciamento exclusivo
número da população activa, reforçando a produtivi- base na qualidade e na inovação. Em para o desenvolvimento e comercializa-
dade dos trabalhadores, reduzindo o número de dias termos práticos, e no que ao primeiro ção de um medicamento para os EUA
perdidos devido a doença e impulsionando a motiva- ponto diz respeito, já se tinha tornado e Canadá.
ção e aspiração. visível quando a fábrica, de nível euro- Tanto mais que este é um processo
Nesse âmbito, as melhorias na Saúde traduzem- peu, recebeu a certificação ISO92 e foi longo - chega a demorar entre 10 e 15
-se no reforço da produtividade do trabalho, rendi- a primeira empresa na área da Saúde a anos desde o momento em que se
mentos mais elevados, aumento da probabilidade de obter certificação ambiental. A inovação, sintetiza uma molécula até se conseguir
pertencer à população activa, bem como aumento da essa traduziu-se no desenvolvimento colocar um medicamento no mercado –
capacidade cognitiva e do rendimento escolar, me- de moléculas em apenas duas áreas em e que exige investimentos enormes. Em
lhores resultados na Educação e redução do absen- particular, a do sistema nervoso central média, e segundo o próprio presidente
tismo. e a cardiovascular. da empresa já fez saber, são precisos
No entanto, a despesa em medicamentos tornou- Mas se algo houve determinante foi 800 milhões de dólares por cada novo
se alvo das medidas de contenção de custos, negli- o facto de, desde o início, Luís Portela medicamento.
genciando-se os seus benefícios no sistema de cuida- nunca ter vacilado. Traçou um trajecto, No caso do primeiro antipilético Bial,
dos de saúde, na sociedade e na economia. Utilizados lançou os dados e avançou sem zigue- a molécula foi sintetizada em 1994,
de forma adequada, como parte da gestão global da zagues. patenteada em 1996, e só um ano mais
doença, os medicamentos aumentam a esperança Começou por ir perceber como é que as tarde é que começou a ser submetida a
e a qualidade de vida, evitam alternativas de maior multinacionais trabalhavam e reunir um ensaios, de farmacologia e toxicologia…
custo, como o internamento hospitalar e as cirurgias. conjunto de quadros capaz de um pro- Em 2000, iniciaram-se os ensaios em

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» Saúde entrevista
seres humanos. Dinamarca, Áustria, Noruega e
Só com esta molécula foram Suécia.
investidos mais de 300 milhões de Pela primeira vez na história da
euros, segundo dados divulgados indústria farmacêutica portuguesa,
pela própria Bial! um medicamento de patente e de
Já o ano passado a subsidiária euro- investigação nacional chegava às
peia da Eisai e o Grupo português farmácias do País. “O lançamento
anunciariam a assinatura de um acor- do nosso antiepiléptico vem coroar josé redondo, administrador e
do de licenciamento e co-promoção muitos anos de investimento, director-geral da bial portugal
de Zebini, um antiepiléptico de toma risco, profissionalismo e dedicação
única diária, tendo a Eisai passado a de toda uma equipa. Podermos
obter licença para a comercialização, oferecer a todos os doentes uma
promoção e distribuição daquele nova esperança, uma solução
fármaco na Europa. inovadora para enfrentar a epilepsia
Como contrapartida deste acordo, é, de facto, o concretizar de um
estavam 95 milhões de euros sonho e da missão de Bial de estar
para a Bial, montante referente ao ao serviço da saúde”, dizia na altura
pagamento inicial pela concessão Luís Portela.
da licença mais outros pagamentos Hoje, a Bial está comercialmente
decorrentes de futuras aprovações presente em mais de 40 países,
deste fármaco na área da epilepsia tem um produto de sua investiga-
na Europa. A Bial manteria os ção que irá estar comercializado
direitos de desenvolvimento e nos próximos anos em todos os pa-
produção, assim como a opção de íses da UE, assim como da América
co-promoção de Zebini na Europa, do Norte (EUA e Canadá). “Tem
garantindo o fornecimento de uma actividade de I&D focalizada
produto acabado à Eisai. no mercado mundial”, faz saber
E este ano foi a vez do primeiro José Redondo, administrador e
fármaco de patente portuguesa ter director-geral de Bial Portugal.
chegado às farmácias nacionais. Ou não fosse um sonho do seu pre-

“Os recursos
O antipiléptico de investigação do sidente fazer da farmacêutica uma
Grupo Bial iniciava no início do ano empresa de cariz verdadeiramente
a sua comercialização em Portugal, europeu, bem como conquistar
depois de já estar à venda nas far-
mácias da Alemanha, Reino Unido,
lugar de destaque no ‘ranking’
nacional! humanos são a
base do sucesso”
Q
luís portela,
presidente da bial uem o afirma é José Redondo, administrador e di-
portugal rector-geral da Bial Portugal que, em entrevista à
Prémio, não deixa contudo de reconhecer as dificul-
dades por que passou a farmacêutica até chegar ao patamar
actual. “Porque não há tradição de investigação na indústria
farmacêutica nacional - e mesmo no país -, e por todas as
especificidades que caracterizam a inovação na área farma-
cêutica”, explica, referindo em particular “os investimentos
necessários, a duração de todo o processo, desde que o novo
composto é sintetizado até que chega às farmácias, e conse-
quente risco envolvido”. No entanto, José Redondeo não tem
qualquer dúvida que este foi, também, um percurso essencial
para dar à Bial “uma outra dimensão e autonomia estratégica”.

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A BIAL criou o primeiro medicamento com patente A entrada no mercado do acetato de eslicarbazepi- Os recursos humanos são a condição base para
portuguesa, que chegou este ano às farmácias por- na tem de ser vista à luz da regulamentação e das o sucesso de qualquer empresa. Acredito que
tuguesas quase um ano depois de aprovado pela especificidades de cada Estado onde o produto uma equipa profissional, qualificada, motivada
Comissão Europeia e após o Governo português é comercializado. Os ‘timings’ de aprovação e e envolvida em torno de um projecto comum
ter anunciado a sua comparticipação em 95%. Que concessão da comparticipação de novos medica- faz a diferença. BIAL procura atrair os melhores
trajecto até à sua colocação à venda em Portugal? mentos diferem de país para país. O processo de profissionais, portugueses ou estrangeiros, para o
Foi um trajecto de 15 anos que englobou a síntese comercialização do acetato de eslicarbazepina está seu projecto.
química e o desenvolvimento de uma nova enti- a seguir o percurso normal de colocação de um
dade química, a realização de ensaios clínicos em novo medicamento no mercado. A adopção de várias medidas restritivas no âmbito
diversos locais do mundo - envolvendo mais de da política do medicamento, numa altura em
1100 doentes - tendo em vista a comprovação da Para quando o retorno de todo este investimento? que a BIAL tinha em curso fortes investimentos
segurança, tolerabilidade e eficácia do novo produ- A comercialização deste fármaco teve início no relacionados com o projecto de I&D, difícultaram
to pelas autoridades regulamentares. Foi também último trimestre de 2009, e apenas em alguns o percurso da empresa. O que foi preciso repensar
um trajecto que englobou a realização de parcerias mercados. O retorno do investimento realizar-se- na altura?
com centros de investigação, instituições de saúde -á a médio prazo e dependerá do seu volume de As medidas restritivas na área do medicamento
de âmbito nacional e internacional e que implicou vendas nos próximos anos. têm como consequência directa a diminuição da
um investimento de 300 milhões de euros. Foram capacidade de apostar em I&D. Ao longo destes
anos de muito trabalho, investimentos muito A prazo, quanto é que este medicamente pode últimos anos sentimos a necessidade de adaptar
avultados e de aprendizagem contínua e que representar para a BIAL em termos de receitas? algumas decisões, repensar e gerir criteriosamente
culminaram com o lançamento do nosso fármaco É prematuro falarmos a esse nível. Neste mo- os nossos investimentos, atrasar alguns projectos,
no mercado. mento estamos concentrados no lançamento do para conseguirmos concretizar os planos em
acetato de eslicarbazepina com sucesso nos dife- curso, nomeadamente o lançamento do nosso
De acordo com dados da empresa, este medica- rentes países. Tendo em linha de conta os diversos antiepiléptico.
mento é o resultado de 15 anos de investigação e mercados onde será comercializado, esperamos
300 milhões de euros de investimentos e está já que seja o medicamento de maior facturação do O medicamente anunciado, para a doença de Pa-
à venda na Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, grupo. rkinson, sempre irá para o mercado em 2011-2012?
Neste momento não será pos-

Há ainda um percurso muito grande para nos sível confirmar o seu lançamen-
to nessa data.

consolidarmos como empresa internacional. A BIAL pode ser considerada


uma empresa internacional?
Áustria, Noruega e Suécia. Até 2011 será também BIAL é uma empresa que está comercialmente
comercializado nos restantes países europeus, nos Este é o resultado de todo um trabalho com mais presente em mais de 40 países, tem um produto
Estados Unidos e no Canadá. Como se explica que de 20 anos quando foi assumido que era estratégi- de sua investigação que irá estar comercializados
tenha começado por ser comercializado noutros co para a BIAL apostar em duas áreas: qualidade e nos próximos anos em todos os países da UE
mercados? Qual o papel da Sepracor - com a qual inovação. Foi um percurso difícíl? e América do Norte (EUA e Canadá), tem uma
assinou um contrato de licenciamento - na defini- Logo à partida já sabíamos que seria um percurso actividade de I&D focalizada no mercado mundial.
ção destes mercados? difícil, quer por que não há tradição de investigação Fizemos um percurso muito importante para ser-
Actualmente o acetato de eslicarbazepina está na indústria farmacêutica nacional - e mesmo no mos uma empresa internacional, mas há ainda um
comercializado em oito países europeus: Alema- país -, quer por todas as especificidades que carac- percurso muito grande para nos consolidarmos
nha, Áustria, Dinamarca, Reino Unido, Suécia, terizam a inovação na área farmacêutica. Refiro-me como empresa internacional.
Noruega, Islândia e Portugal. aos investimentos necessários, à duração de
Tendo em vista a comercialização deste fármaco todo o processo, desde que o novo composto é Continuam a ambicionar reforçar mais ainda nos
à escala global estabelecemos acordos com duas sintetizado até que chega às farmácias, e conse- mercados europeus?
empresas com forte ‘know how’ na área do siste- quente risco envolvido. Foi um percurso difícil mas Queremos assumir uma verdadeira dimensão
ma nervoso central e dos mercados onde operam. que desde sempre considerámos essencial para internacional, daí que os mercados europeus
Foi o caso da empresa Sepracor para a comercia- darmos a BIAL uma outra dimensão e autonomia sejam cruciais. O mercado externo será o motor de
lização do acetato de eslicarbazepina no mercado estratégica. crescimento do grupo para a próxima década e a
norte-americano e canadiano e da Eisai para a nossa aposta passa pelo crescimento no mercado
generalidade do mercado europeu, com excepção A aposta de BIAL na formação e investigação - à europeu. Estamos a criar condições, seja através
de Portugal, Chipre, Albânia e Malta (países onde qual aloca mais de 20% do total da facturação – as- do licenciamento de empresas próprias ou da
já temos actividades comerciais). Em Espanha o senta numa grande exigência ao nível dos recursos exportação, para consolidar a posição da empresa
fármaco será co-promovido por BIAL e pela Eisai. humanos? no continente europeu.

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Ciência prémio

DISTINÇÃO
PRÉMIO GULBENKIAN
DE CIÊNCIA DISTINGUE
JURISTA
Chama-se Miguel Poiares
Maduro e é a primeira vez que
um jurista é distinguido com o
Prémio Gulbenkian de Ciência.
É o reconhecimento da sua
carreira internacional à frente de
projectos como o “LL.M. LAW in a
European and Global Context” ou o
desempenho na função de advogado
geral do Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias.
Por Susana Baptista Dias

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É
a primeira vez que um jurista é distinguido com o Prémio distingue, na sua opinião, este programa é a oportunidade de se aprofun-
Gulbenkian de Ciência, que tem como objectivo premiar dar o Direito à luz de uma pluralidade de fontes portuguesas, europeias e
a actividade criativa da comunidade científica portuguesa. internacionais, através de uma abordagem pedagógica muito prática e em
Chama-se Miguel Poiares Maduro e é coordenador e pro- constante avaliação. É dirigido pelos Professores Joseph Weiler da New
fessor do programa de formação académica pós-graduada York University e Miguel Poiares Maduro da IUE-Florença e Universida-
“LL.M. LAW in a European and Global Context” da Católica. Um dos seus de Católica Portuguesa.
últimos projectos que contribuiu também para esta distinção e o prémio Esta pós-graduação diferencia-se ainda no método de ensino que parte
no valor de 50 mil euros atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian. do reconhecimento de que “o Direito está a mudar e de que o ensino do
Mas no seu currículo profissional destaca-se ainda o desempenho, entre Direito deve responder a essas mudanças”. Uma formação académica que
2003 e 2009, na função de advogado geral do Tribunal de Justiça das Co- impõe um grau de exigência bastante elevado, de tal forma, que Miguel
munidades Europeias. Publicou numerosos trabalhos, muitos dos quais Poiares Maduro avisa que “só vale a pena candidatarem-se a este mestrado
se tornaram obras de referência no campo dos estudos jurídicos e tem se estiverem dispostos a investir profundamente em termos de trabalho”.
leccionado nas Universidades mais prestigiadas do mundo, como a de
Yale, London School of Economics, Chicago, Colégio da Europa e Católica O jurista que queria ser cineasta
Global School of Law. De nacionalidade portuguesa, nasceu em Coimbra em 1967. Licenciou-se
Razões que fundamentam este prémio e que conduziu o júri do Prémio em Direito na Faculdade de Direito em Lisboa, que veio a complementar com
Gulbenkian de Ciência, constituído por Fernando Lopes da Silva, João Fer- um Mestrado em Direito na European University Institute, terminando com
reira de Almeida, Jorge Gaspar, Jaime Reis e Luís Cabral, a reconhecer-lhe, distinção. Em 2006 foi reconhecido pelo na altura presidente da República,
de forma unânime, a excelência do trabalho desenvolvido, em particular no Jorge Sampaio, com a Comenda da Ordem de Santiago da Espada.
que respeita aos domínios do Direito da União Europeia e do estudo com- À data, Miguel Poiares Maduro exerce a função de professor e director
parado do Direito Constitucional e do Direito do Comércio Internacional. do Global Governance Programme, no European University Institute, e
Para Miguel Poiares Maduro este prémio não é somente o reconheci- reside no Luxemburgo.
mento do seu trabalho, mas sim a demonstração que as suas ideias são Por tudo isto, não é de estranhar que aos seus amigos para “procurarem
relevantes para a comunidade. Contudo, esta distinção ganha uma satisfa- evitar que o seu ego cresça em excesso...”. É na família que tem a sua
ção especial “pela circunstância de se tratar de um prémio da comunidade maior referência, porque lhe ensinou e ensina ainda “os princípios funda-
científica em geral e não apenas reservado ao Direito”, sublinha. mentais pelos quais rege a sua vida”. Ainda intelectualmente destaca “dois
E mesmo não sendo o Direito amigos e mestres que muito o marcaram: Jo-
uma ciência “dita” exacta, enquan- seph Weiler e Neil Komesar”.
to ciência social Miguel Poiares O QUE É O PRÉMIO Miguel Poiares Maduro descreve-se como
Maduro acredita que o objectivo da uma pessoa que gosta de ter vários interesses
Fundação Calouste Gulbenkian “ao GULBENKIAN DE CIÊNCIA na vida e adianta que “o ponto comum a esses
instituir uma certa rotatividade na O Prémio Gulbenkian de Ciência é atribuído regu- múltiplos interesses é a curiosidade intelectu-
atribuição do prémio, entre ciência larmente pela Fundação desde 1976, conquistan- al e o gosto pela inovação”.
sociais e as ciências ditas exactas, é do um lugar de grande prestígio na comunidade É aliás a inovação na área do Direito que
provavelmente o de salientar a im- dos cientistas portugueses. tem pautado o seu trabalho. Não se recorda
portância das ciências sociais en- Por ocasião do seu 50.º aniversário, a Fundação porque escolheu Direito, mas assume que
quanto ciências”, reforça. Calouste Gulbenkian decidiu renovar o prémio tem juristas na família, há várias gerações, e
Consciente de que este prémio se atribuído na área da ciência instituindo o Prémio que talvez isso o tenha influenciado na esco-
deve ao reconhecimento do seu tra- Gulbenkian Ciência. lha. “Ou ‘talvez as séries televisivas’. Não sei.
balho na comunidade científica in- Um prémio que pretende reafirmar a fidelidade Só me recordo de querer ser jurista e de que a
ternacional, pretende que o mesmo ao desígnio do seu Fundador que instituiu a Ciên- segunda opção era... cinema”. Chegou a fazer
sirva de estímulo para que mais jo- cia como uma das quatro finalidades estatutárias um ano de Escola de Cinema mais tarde, no
vens académicos na área de Direito da Fundação e tem como objectivo principal estrangeiro. “O importante é que me sinto re-
assumam o risco de investir numa estimular a criatividade e o rigor no trabalho de alizado com o que faço em conjunto com os
carreira internacional, tal como fez. investigação científica. outros interesses que tenho na vida”, remata.
Em Portugal, Miguel Poiares O Prémio Gulbenkian Ciência, no valor de 50 mil No Direito fascina-lhe a relação entre o
Maduro é coordenador e professor euros, tem como objectivo distinguir a actividade normativo (o dever ser) e o empírico (o ser),
do “LL.M. Law in a European and criativa da comunidade científica portuguesa, em mas mais ainda o poder reflectir e investigar
Global Context” da Faculdade de Di- termos do seu contributo relevante para a ciência “as mais importantes questões filosóficas
reito da Universidade Católica Por- em particular no âmbito das Ciências Básicas em casos muito concretos”, confessa. Por
tuguesa, que o descreve como um (Matemática e Ciências da Computação; Ciências isso, ministra frequentemente um seminá-
programa de formação académica Físicas; Ciências da Vida) e das Ciências Sociais rio sobre “As Grandes Teorias dos Pequenos
pós-graduada dirigido a jovens ad- e Humanas. Casos”. É também o autor do livro “We The
vogados de grande potencial. O que Court”.

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Perfil

NUNO DE SOUSA PEREIRA


NA EGP A
AJUDAR AS
EMPRESAS
Aos 38 anos, Nuno de Sousa Pereira
responde pela presidência da
EGP, à qual tem vindo a imprimir
forte dinâmica. É ainda docente
na Faculdade de Economia da
Universidade do Porto

O
que mais o fascina na área onde trabalha é a possibili-
dade de fazer a diferença de forma continuada. Uma
característica bem patente, de resto, na forma como
gere os destinos da EGP - University of Porto Busi-
ness School, trazendo iniciativas, implementando
projectos, destacando a escola no xadrez actual do mercado! Porque,
como diz Nuno de Sousa Pereira, “a Economia e a Gestão ensinam-
-nos a tirar o máximo rendimento dos escassos recursos de que dispo-
mos, criando valor. E todos podemos e devemos sair beneficiados por
uma correcta aplicação de recursos”!

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Licenciado e Mestre em Economia pela Faculdade de Economia E, até à data, Nuno de Sousa Pereira nem vacila quando informa
da Universidade do Porto e doutorado em Microeconomia Aplicada que todo o seu percurso profissional tem sido “muito aliciante”! Se
no departamento de “Health Care Management and Economics” da não, veja-se: “Desde a conclusão do doutoramento tive a possibilida-
Wharton School, Universidade da Pensilvânia, Nuno Pereira é ainda de de prosseguir investigação na minha área de interesse, de conhe-
professor auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. cer por dentro a Administração Pública e vários organismos interna-
Antes de assumir a presidência da Direcção da EGP-UPBS, em 2009, cionais, contribuindo para a definição de políticas a nível global, ao
foi director-geral do Gabinete de Planeamento, mesmo tempo que liderei o processo de criação
Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais de uma nova direcção-geral no Ministério das
do Ministério das Finanças e da Administração Finanças e da Administração Pública e estive
Pública e exerceu funções no sector financeiro associado à presidência portuguesa da União
e empresarial. Europeia. Hoje, lidero uma escola que é única
Um ritmo que não considera intenso, an- no modo como se posiciona entre a academia e
tes…necessário, confessando contudo ter algu-
ma dificuldade na contagem de horas ou dias de
Sempre me senti o mundo empresarial e que potencia a mudan-
ça e o desenvolvimento de competências numa
trabalho porque, conforme diz, está permanen-
temente activo. Maior dificuldade tem ainda em
privilegiado pela base quotidiana”.
Já teve melhores e piores momentos. Re-
“integrar” a vida profissional com a familiar e
pessoal. “Não abdico de estar com a família nos
família que tenho e corda, com gosto, o trabalho com organismos
como o Banco Mundial, os Bancos Regionais de
momentos mais importantes, mas a família be-
neficia por me sentir realizado profissionalmen-
pelos amigos que fui Desenvolvimento ou o Banco Europeu de Inves-
timento. Considera ter tido a felicidade de, ao
te”, sintetiza um homem que aos 38 anos já fez
muito mas que continua a girar em turbilhões
fazendo. longo da vida, ter encontrado pessoas que pela
sua competência e integridade o ajudaram no
de ideias, todos os dias! seu próprio processo de formação: “Sempre me
O percurso académico e profissional re- senti privilegiado pela família que tenho e pelos
sultou, segundo confidencia, de opções muito amigos que fui fazendo”. Mas o dia em que re-
pessoais. Chegou a hesitar entre Economia ou cebeu um prémio pelo GPEARI, no âmbito da
Medicina, com a decisão final a recair na pri- avaliação dos serviços públicos, esse ficará para
meira. Curiosamente, lembra, acaba por ter a sempre guardado na memória.
oportunidade de se associar ao sector da saúde Critica o facto de muitas das decisões no do-
através do doutoramento em Economia e Ges- mínio da gestão se concentrarem nos efeitos de
tão da Saúde. curto prazo, ignorando os impactos no médio
“Quando se tem que tomar uma opção de
carreira aos 16 anos, a decisão acaba por ser As minhas e longo prazo. E confessa não gostar de todo
sempre que tem que “comunicar a alguém que

escolhas
influenciada por uma percepção ténue do que não é pessoa mais apropriada para fazer parte
está por detrás de cada opção de carreira. Na al- de um determinado projecto”.
tura em que tomei a decisão, a Economia Portu- Depois de ter passado por um conjunto já
guesa passava por transformações importantes, alargado de funções – algumas das quais tendo
o que tornava a ligação ao mundo das empresas Livro surgido “de forma inesperada” enquanto outras
particularmente estimulante”, recorda hoje. Se considero “Os Maias” como o mais “resultaram de processos planeados” - a única
A verdade é que jamais equacionaria o pas- relevante clássico da literatura portuguesa certeza que Nuno de Sousa Pereira diz ter, no
so dado. E o seu percurso bem o testemunha: e aquele que mais me fascina, refiro um momento, é um projecto que o “motivará por
os primeiros estudos são iniciados num Colé- pequeno livro de José Saramago, “O conto vários anos e que merecerá todo o empenho e
gio Salesiano, espaço que, segundo reconhece, da ilha desconhecida”, como um dos dedicação”. Projecto esse, a EGP-UPBS, onde as
lhe começa a incutir valores ainda hoje funda- que mais me fascinou pela forma como diferentes equipas “procuram ajudar as empre-
mentais no dia-a-dia; chega à Faculdade de Eco- descreve a importância dos sonhos nas sas a ter um correcto planeamento estratégico”
nomia do Porto onde, como diz, tem acesso a nossas vidas. e os alunos recebem “não só competências téc-
uma formação académica de excelência; depois, nicas e comportamentais, mas também princí-
avança para o primeiro emprego que acontece Disco pios e valores éticos”, segundo bem faz questão
no sector financeiro. “Permitiu-me conhecer Kind of Blue by Miles Davis de explicar.
melhor as empresas portuguesas, ao mesmo Activo e criativo quanto baste, Nuno Pereira
tempo que tive a flexibilidade por parte da en- Filme reconhece à vida “o dom de nos ir surpreenden-
tidade patronal para manter a minha ligação à Cinema Paradiso e muitos dos filmes do”, pelo que, e no que toca aos seus projectos
Universidade, frequentando o Mestrado e dan- realizados por Clint Eastwood. futuros, estão todos ainda por desenhar num
do aulas”, explica. imenso papel que ainda resiste, a branco!

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Negócios empresa

BORDALLO PINHEIRO
FÉNIX RENASCIDA
Foi já uma grande marca
no sector da cerâmica.
Depois de anos de quebra
nas receitas, a Bordallo
Pinheiro entra para o
Grupo Visabeira no início
de 2009. Agora, a aposta
passa pela dinamização do
‘brand’ e pela conquista de
novos mercados.

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A
Tiffany’s, nos EUA, chegou a ter linhas exclusivas desen- peças utilitárias e decorativas, continuam a dominar o fabrico, com a flora e
volvidas pela fábrica das Caldas da Rainha. E foram vários fauna como inspiração decorativa. Mas são muitos os artigos que têm vindo
os clientes que ao longo de anos se habituaram a pedir pe- a merecer a preferência dos clientes, espalhados actualmente por oito mer-
ças à medida. Mais trabalhadas ou, mesmo, lisas. Porque, cados: EUA, Alemanha, França, Austrália, Canadá, Dinamarca, Holanda e
na Bordallo Pinheiro, a tradição foi-se aliando à inovação. Japão.
No limite, à própria comoditização de produtos à medida do pedido dos O mais que conceituado Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - o
clientes. MoMA, por exemplo, é um dos casos de espaço público que não só tem
Hoje, aos pratos em formato de couve, aos jarros a lembrar limões, ou em exposição, mas também comercializa alguns artigos de ‘design’ por-
às travessas a evocar mariscos, juntaram-se produtos mais ‘cosy’, para di- tuguês. E, entre estes, estão diversas peças de faiança Bordallo Pinheiro,
ferentes ‘targets’ de consumidores. nomeadamente, louça utilitária, entre as quais se destaca um prato em
Adoptando os moldes que Rafael e Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro forma de folha, com um tomate acoplado, para servir molhos e condi-
criaram há já 125 anos, a fábrica mantém de facto viva e activa a tradição mentos, uma saladeira grande folha girassol, uma tigela meloa verde, a
da olaria caldense, respeitando os métodos de fabrico tradicionais, agora travessa folha de ananás verde ou a manteigueira de tomate. Segundo o
auxiliados por equipamentos modernos numa unidade fabril com 9.400 MoMA, as peças da marca são vendidas, no mercado norte-americano,
m2 de área coberta, 170 colaboradores e uma capacidade de produção de apenas na loja do museu.
6.000 peças por dia. Mas a par das criações que mantêm intacta a imagem de marca da sua
É um facto que os pratos, potes, jarras, travessas e terrinas, entre outras cerâmica até à actualidade, entre as quais o repertório de figuras humorís-

Alguns dados Equipamento com Principais Números:


actuais que a fábrica está mercados para onde • 9.400 m2 de área coberta
• 170 colaboradores
dotada: exporta:
São basicamente três as linhas de • 6.000 peças por dia
mesa que a marca comercializa • seis prensas • E.U.A.
hoje: • duas máquina de roller • Alemanha
• Resistente ao micro-ondas • 10 linhas de enchimento • França
• Resistente à máquina de lavar • 12 fornos • Austrália
• Sem chumbo nem cádmio • Canadá
• Dinamarca
• Holanda
• Japão

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Negócios empresa
ticas, a verdade é que a fábrica produz linhas de mesa modernas centra-
das na funcionalidade e no ‘design’.
As figuras do Zé
De sublinhar ainda, entre outros, alguns projectos que visam renovar
a marca Bordallo Pinheiro, como as colaborações com artistas portugue-
Povinho e da Maria da
ses, entre os quais pontuam uma Joana Vasconcelos, Bela Silva, Susanne
Themlitz, Fernando Brízio, Henrique Cayatte, Catarina Pestana e Elsa
Paciência, a par da Jarra
Rebelo. O objectivo final: a criação de peças exclusivas.
Manuelina, são algumas
A entrada no Grupo Visabeira
Apesar da notoriedade da marca, durante anos a Fábrica de Faianças
das peças incontornáveis
Artísticas Bordallo Pinheiro tornou públicas as suas dificuldades finan-
ceiras. Resultado, em parte, da reestruturação do sector e das mudanças
que sobressaem do seu
não só ao nível da distribuição, mas também do próprio mapa do retalho
português!
portefólio.
Já em inícios do ano passado, o Grupo Visabeira, através de uma par-
ticipada da Cerutil, procedeu à
aquisição da maioria do capital
da histórica na Bordallo Pinhei-
ro.
O Grupo de Viseu passou,
assim, a deter uma posição
maioritária na fábrica de faian-
ças, mas ficou limitado a um
contrato de protecção da sua
marca, imposto pelo executivo
e pelos accionistas. E, com este
negócio, reforçava a aposta no
sector da cerâmica e faianças,
uma vez que tinha já entrado na também histórica Vista Alegre Atlantis.
“O que se pretende é viabilizar a empresa”, que tem sido prejudica- PEÇAS
da por uma acentuada quebra nas encomendas, informou na altura do GIGANTES
anúncio do negócio Vera Jardim, sócio minoritário da fábrica.
Informação divulgada foi, ainda, que o negócio implicaria “uma salva- NO JARDIM!
guarda da marca Bordallo Pinheiro, pelo seu peso histórico em Portugal”,
não podendo esta ser alienada ou modificada. Condição, de resto, imposta Desde cogumelos a cobras, passando por lagartos, lobos ou
ao Grupo de Viseu para que se concretizasse a aquisição. gatos… foram várias as peças seleccionadas e colocadas a rigor
A operação tem como objectivo que a marca Bordallo Pinheiro se ve- em diferentes espaços do Jardim do Buxo.
nha a posicionar num patamar de mercado que poderá chegar à categoria Verdadeiras reproduções de peças desenhadas por Rafael
de marca de culto ou aspiracional, bem como reforçar a aposta na inter- Bordallo Pinheiro, de grandes dimensões e que hoje em dia
nacionalização e alargamento a novos mercados. são, de facto, raras.
Até à data, a Visabeira Indústria efectuou já dois avultados investimen- A ideia de voltar a fazer um jardim habitado pelos bichos de
tos: o primeiro na formação dos Recursos Humanos, dotando os colabo- Bordallo Pinheiro, no centro de Lisboa, partiu de Catarina
radores das ferramentas necessárias para responder ao desafio de reno- Portas. A concepção artística, essa ficou a cargo de Joana
vação profunda de uma empresa com 125 anos de história, e o segundo Vasconcelos.
na modernização da fábrica e optimização de todos os recursos, sem des- Mas a ideia não teria sido concretizável se Elsa Rebelo, directora
curar o cariz artesanal dos seus métodos produtivos. “É com base nestes do ateliê artístico da Fábrica de Faianças, não tivesse iniciado há
dois grandes investimentos que a Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo alguns anos um verdadeiro trabalho de recuperação dos moldes
Pinheiro pretende afirmar o seu dinamismo e autonomia, continuando a destas peças que nunca mais tinham sido reproduzidas.
proporcionar um espaço de trabalho onde todos os colaboradores se inte- De sublinhar, contudo, que a ideia não é totalmente inédita. Já
gram com gosto e orgulho, respeitando o legado do seu fundador e asse- nos finais do século XIX e início do século XX, foram colocados
gurando a viabilidade de todos os projectos futuros”, informa a empresa. alguns exemplares no Jardim da Estrela.
O Jardim Bordallo Pinheiro fica no Museu da Cidade (Campo
125 anos de História Grande, 245) e está aberto no mesmo horário do Museu (terça
A Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha foi fundada em 1884 por Ra- a domingo das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 18.00).

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Bordallo
UM PERMANENTE INQUIETO

Diz-se que terá sido a sua permanente aí levava e inscrever-se no Curso Superior Promotora.
inquietação criativa que o terá levado de Letras, continuando a desenvolver a Em 1884, Bordallo funda a sua fábri-
a explorar diversos caminhos antes de sua actividade gráfica e mantendo o seu ca, tendo como objectivo “explorar a
afirmar o seu talento como ceramista. trabalho na Câmara dos Pares. indústria cerâmica no ramo especial
Ainda jovem, Rafael Bordallo Pinheiro Em 1868, Rafael apresenta pela primeira das faianças” e propondo-se lançar no
experimenta várias vertentes do teatro, vez os seus desenhos em público, no mercado, além de produtos de cerâmica
entre as quais decoração de sala, ceno- Salão da Sociedade Promotora de Belas ornamental e de revestimento e louça
grafia e representação. Mas não tarda Artes, um espaço que exibia a irreverên- do tipo que se cultivava nas Caldas,
a abandonar as sociedades recreativas cia de jovens talentos ignorados pelo “objectos da mais fina faiança, estam-
para aprofundar os seus conhecimen- conservador Salão da Academia de Belas pados com gravuras originais para usos
tos na Escola Dramática do Conser- Artes. Nestes trabalhos explora um ordinários, e louça ordinária para os usos
vatório de Lisboa. Depois, a verdade é naturalismo pitoresco onde sobressai das classes menos abastadas”.
que a insatisfação perante o panorama uma das principais características da sua Um projecto que seria a soma e o
cultural português o leva a preterir obra: a sátira de costumes. Traço este corolário do seu percurso pessoal e das
o Conservatório em favor da que ganhará uma outra projecção na suas preocupações estéticas e sociais, e
Academia de Belas-Artes de imprensa portuguesa, onde se afirmará o catalisador ideal para a agitação interior
Lisboa, onde se inscreve em como o grande reformador do desenho que define os grandes artistas.
Desenho de Arquitectura satírico, conferindo-lhe uma nova dimen- Com criações múltiplas que vão desde
Civil e Desenho Histórico. são estética e intelectual. Nesse âmbito as loiças utilitárias até aos exemplares de
Também aí não encontrou desenvolve, essencialmente, a narrativa azulejaria e às peças mais artísticas com
a realização que procurava e gráfica, associando texto e imagem com pendor satírico, a colecção de cerâmica
aceita ingressar no mercado do uma ironia jamais igualável. bordaliana reúne características únicas
trabalho, pela mão do seu pai, Antes de se aventurar na Fábrica de sendo mesmo classificadas como patri-
como Amanuense da Secretaria Faianças das Caldas da Rainha, Bordallo mónio artístico e histórico. As figuras do
da Câmara dos Pares. aprende e experimenta na Fábrica de Zé Povinho e da Maria da Paciência, a
Mais tarde, já com alguma estabilidade Sacavém e na Fábrica de Francisco par da Jarra Manuelina, são algumas das
económica e emocional - entretanto Gomes de Avelar, nas Caldas da Rainha. peças incontornáveis que sobressaem do
casado e pai de um filho -, decide cortar Os trabalhos resultantes desses estágios seu portefólio.
radicalmente com a vida boémia que até serão igualmente expostos no salão da

fael Bordallo Pinheiro, espírito inquieto e inovador que encontrou na tra- tenárias técnicas de reprodução dos modelos, articulada com uma postura
dição oleira local o veículo ideal para o seu génio criativo, profundamente inovadora e atenta às exigências contemporâneas.
enraizado no imaginário nacional. Actualmente a fábrica alberga também um espaço museológico, a Casa
O edifício seria erguido num terreno com magníficos recursos natu- Museu São Rafael, que contém um espólio significativo de exemplares
rais, que desde logo permitiria uma obtenção fácil de matéria-prima. Nes- de cerâmica de Rafael e seus seguidores, conhecendo-se, através deste, a
te ambiente inspirador, e reunindo os meios humanos e técnicos necessá- história da empresa.
rios, Bordallo inicia então a produção em série de peças que haveriam de Existe ainda um restaurante, em pleno coração da fábrica, onde se pode
marcar a cultura portuguesa. saborear uma refeição rodeado por exemplares da autoria de Mestre Bordallo.
Na síntese única do seu talento e, mais tarde, na do seu filho Manuel As dimensões patrimonial, museológica e comercial imprimem a todo
Gustavo, público e crítica identificaram diversas correntes estéticas, mas, o empreendimento uma dinâmica turística, envolvendo toda a cadeia de
acima de tudo, um cunho original e diferenciador. valor e contribuindo para cimentar uma imagem de produto manufactu-
A receptividade ao trabalho da fábrica não se faz esperar e as peças são rado com forte conteúdo histórico e cultural.
requisitadas pelos mais diversos clientes, no âmbito público e privado, Para marcar a comemoração dos 125 anos, foram programadas, até
rendidos não apenas à imaginação, vivacidade e humor dos artigos produ- ao passado mês de Junho, várias acções a nível nacional, englobando o
zidos, mas também à revalorização da nossa identidade levada a cabo por lançamento de peças exclusivas alusivas à data e a comercialização de
Bordallo e seus colaboradores. produtos desenvolvidos em parceria com alguns dos mais ilustres artis-
Esta paixão e criatividade conferiram à Fábrica de Faianças das Caldas tas portugueses, entre muitas outras. A acompanhar este processo, foi
da Rainha, hoje denominada Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pi- ainda dado especial ênfase à aproximação da marca aos consumidores,
nheiro, características únicas, tornando-a responsável por um importan- tendo sido criados novos pontos de venda com a imagem renovada da
tíssimo património artístico e histórico. Uma tradição preservada nas cen- Bordallo Pinheiro.

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Negócios empresas
PROJECTO ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS
VISTA ALEGRE BY
JOANA VASCONCELOS
A Vista Alegre, marca que pertence ao Grupo Visabeira, acaba de lançar
mais uma peça numa edição numerada e limitada, agora assinada por
Joana Vasconcelos.

A PEÇA

Manchas de molho, que se assemelham a estranhas línguas coloridas, escorrem no exterior e interior da saladeira “La Tache”, dando corpo a uma
composição que dialoga com as formas, texturas e cores dos alimentos. Oito representações abstractas, aplicadas e contextualizadas na superfície de
uma saladeira Vista Alegre, podem transformar-se em manchas de diferentes molhos coloridos, ou assumir-se como divertidas linguas que procuram
avidamente as iguarias que a saladeira recebe. Joana Vasconcelos propõe-nos em “La Tache” uma experiência nos limites da impossibilidade tangível;
aquela que habita entre a realidade e a fantasia.

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Joana Vasconcelos

Quem é?

D
epois das peças Vista Alegre assinadas por Eduardo Joana Vasconcelos nasceu em Paris em 1971 e
Nery, Manuel João Vieira e Pedro Calapez, agora é a é considerada uma das mais marcantes artistas
vez de Joana Vasconcelos assinar “La Tache”, uma sa- plásticas da última década no panorama nacional.
ladeira decorada de forma original e divertida. A Vista Actualmente, vive e trabalha em Lisboa.
Alegre, marca que pertence ao Grupo Visabeira, lan- Formada no Ar.Co – Centro de Arte e
çou esta peça numa edição exclusiva, limitada a 500 Comunicação Visual, trabalha, essencialmente,
exemplares e numerada, e com um preço de 380 Euros. Esta é a quar- com a escultura e a instalação. Entre os prémios
ta obra apresentada no âmbito da iniciativa “Artistas Contemporâneos”, recebidos conta com o Prémio EDP Novos
uma acção iniciada em 2008 que prevê a apresentação de duas edições Artistas (2000) e o Prémio “The Winner Takes
anuais, limitadas e numeradas, concebidas por diversos artistas consagra- It All”, atribuído pela Fundação Berardo à obra
dos ligados às artes plásticas e gráficas, nacionais e internacionais. Esta Néctar (2006).
estreita colaboração com os mais reputados criadores contribui para a de-
finição das novas tendências de decoração e para a criação de peças que
ainda hoje são estrelas de alguns leilões de arte e peças raras.
Entre os criadores que têm contribuído para a redefinição do carácter
de exclusividade da marca, em consonância com as correntes estéticas
contemporâneas, contam-se Jesus Del Pozo, Mikaela Dorfel, Júlio Pomar,
Álvaro Siza Vieira, Bartek Mejor, Manuel João Vieira, Pedro Calapez, Sam
Baron, Eduardo Nery e agora Joana Vasconcelos e Oscar Mariné. Estes
e outros nomes são responsáveis por um conjunto valioso de obras que
continuarão a contribuir para a vasta lista de prémios nacionais e interna-
cionais que a marca foi ganhando ao longo da sua história.

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Património

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REABILITAÇÃO
VIDA NOVA PARA
O PALÁCIO DA BOLSA
A Associação Comercial do Porto inicia, em Outubro,
a segunda fase das obras de reabilitação do Palácio da
Bolsa, que representarão um investimento adicional
de cerca de um milhão de euros e se prolongarão pelos
próximos nove meses.

O
restauro do Palácio da Bolsa, um dos edifícios histó-
ricos mais visitados do Porto, é um projecto em que
a actual direcção da Associação Comercial do Porto
(ACP), presidida por Rui Moreira, se empenhou di-

O restauro do Palácio rectamente e que já mobilizou, desde 2006, um in-


vestimento total superior a 3,5 milhões de euros.

da Bolsa já mobilizou, Nesta segunda fase, os trabalhos contemplarão a cobertura na


envolvente das clarabóias da Escadaria Nobre e da Sala Medina, os

desde 2006, um rebocos exteriores das fachadas poente e sul e o restauro dos estuques
e pinturas decorativas do Mestre António Ramalho, que revestem os

investimento total tectos da clarabóia da Escadaria Nobre. Serão ainda abrangidos nesta
fase as infra-estruturas eléctricas e de gás e a finalização do restauro

superior a 3,5 milhões do Salão Árabe.


As obras de segunda fase serão co-financiadas pela Comissão de

de euros. Coordenação da Região Norte, que assegurará 70% do valor global das
obras, ficando os restantes 30% a cargo dos fundos próprios da Asso-
ciação Comercial do Porto, proprietária do imóvel onde está instalada
a sua sede.

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Património

o restauro do salão árabe envolveu uma equipa de mais de 20 técnicos especializados nas diversas áreas de restauro

Restauro de alto a baixo


A ACP iniciou as obras de restauro do Palácio da Bolsa em 2007. A
primeira fase dos trabalhos decorreu ao longo de dez meses e terminou
em Abril de 2008. Foram investidos 1,5 milhões de euros no tratamen-
to das coberturas e no ajuste da rede de drenagem das águas pluviais,
no restauro de telhados e das clarabóias, com especial destaque para o
Pátio das Nações, na reabilitação da escadaria de acesso à galeria do Sa-
lão Árabe e na recuperação de parte das instalações eléctricas no sótão.
A CCDRN garantiu 1,125 milhões de euros, a que se juntou mais
meio milhão dos mecenas TMN e Caixa Geral de Depósitos. No restau-
ro da clarabóia do Pátio das Nações, para além do tratamento de toda
a imponente estrutura metálica, procedeu-se à substituição do revesti-
mento existente, em policarbonato, por vidro transparente.
Em Setembro do ano passado, o foco central passou a ser o restauro
do Salão Árabe. A obra, iniciada após um cuidado levantamento prévio
de patologias, envolveu uma equipa de mais de 20 técnicos especiali-
zados nas diversas áreas do restauro e contempla sobretudo trabalhos
de consolidação dos suportes em gesso e madeira, a recuperação dos
elementos metálicos funcionais e dos originais vitrais franceses das
portas e janelas, a reintegração volumétrica dos elementos decorativos
em falta, o tratamento das camadas policromadas e película de ouro
sobre os diferentes suportes e o varandim da galeria que circunda todo
o espaço. A obra ficou concluída em Maio e integrou intervenção nos
estuques das paredes e tectos, nas portas, e, ainda, nos vitrais que de-
coram o interior do Salão Árabe. A cargo da firma CRERE – Centro de
Restauro e Estudos, o restauro representa um investimento na ordem
dos 360 mil euros.
A data de finalização poderia ser antecipada, mas a direcção esco-
lheu abrandar o ritmo da obra para que o salão se mantivesse aberto ao

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É altura de repensar o Data Center.
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» Análise

grandes nomes das artes decorativas contribuíram para o este espólio


e património únicos

O Palácio da Bolsa que apressou a decisão de construção do Palácio da Bolsa. Ao longo de


três gerações, muitos mestres e artífices trabalharam para a edificação

é um dos principais desta jóia arquitectónica do séc. XIX. Com uma mistura de estilos ar-
quitectónicos, o edifício apresenta em todo o seu esplendor traços do

ex-libris e pólos de neoclássico oitocentista, arquitectura toscana, assim como o neopala-


diano inglês.

atracção da cidade Grandes nomes da arquitectura, da pintura, da escultura e das ar-


tes decorativas contribuíram para este espólio e património únicos.

do Porto e da Região Classificado como Monumento Nacional, o Palácio da Bolsa, um


dos principais ex-libris e pólos de atracção da cidade e da Região Norte,

Norte. recebe anualmente quase 120 mil visitantes. Autêntica sala de visitas
da Região ali se realiza a maioria das recepções oficiais do Estado no
Norte de Portugal. Pelo Palácio da Bolsa têm passado governantes e
dignatários de quase todos os países do Mundo, tendo sido um dos
edifícios integrados na candidatura do Porto Antigo a Património
Mundial.
público. Desta forma, o Salão Árabe pôde continuar a receber eventos É também um espaço com condições únicas para a realização de
e visitas enquanto as obras minuciosas decorreram. concertos, palestras, apresentações, assembleias-gerais, recepções,
O Salão Árabe foi construído no reinado de D.Maria II e demorou congressos, incentivos, conferências, mostras comerciais, leilões, expo-
18 anos a ser concluído. A escolha recaiu sobre o ostensivo estilo árabe, sições da mais variada índole, passagens de modelos e outros eventos.
com ornamentação em folha de ouro, inscrições árabes e portadas pin- Nesta qualidade, o Palácio da Bolsa foi um dos fundadores dos His-
tadas à mão, para que a burguesia portuense do século XIX demons- toric Conference Centres of Europe, rede que reúne, a nível europeu,
trasse aos visitantes oficiais o poderio económico e político da classe. Palácios, Monumentos ou Edifícios Históricos, que funcionam como
Centros de Conferências.
A sala de visitas do Norte O Salão Árabe é a mais emblemática de todas as salas do palácio
A construção do Palácio da Bolsa iniciou-se em Outubro de 1842, por devido, como o nome indica, aos estuques do século XIX legendados
iniciativa da Associação Comercial do Porto. O encerramento da Casa a ouro com caracteres arábicos que preenchem as paredes e o tecto. É
da Bolsa do Comércio obrigara temporariamente os comerciantes do neste salão que têm normalmente lugar as homenagens a chefes-de-
Porto a discutirem os seus negócios na Rua dos Ingleses, ao ar livre, o -Estado que visitam a cidade.

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Internacionalização

NINI
ANDRADE
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ATELIER NOMEAD O
HOTEL DESIGN A

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Isabel Maria Andrade Silva - Nini como Nini Andrade Silva representou Portugal
toda a gente a conhece - nasceu no Fun- na Casa Decor 2002 em Barcelona, com
chal em 1962. Formou-se em Design no a sua colecção de pintura “Garota do Ca-
Instituto de Artes Visuais Design e Marke- lhau”. Posteriormente exposta em Miami,
ting (IADE) em Lisboa, tendo prosseguido Paris e Nova Deli.
em simultâneo o seu percurso académico A imagem de marca “Garota do Calhau” é
e profissional no estrangeiro, onde estu- assim também usada para ajudar crianças
dou e trabalhou em Nova Iorque, Londres, e surge associada a uma reminiscência da
Paris, África do Sul e Dinamarca. sua infância, uma vez que este é o nome
Paralelamente ao seu percurso interna- pelo qual eram conhecidas as crianças
cional a nível da arquitectura e ‘design’ de mais necessitadas do Funchal. Esta
interiores, Nini abraçou duas grandes pai- Fundação tem como receitas a venda de
xões, a pintura e, através do seu trabalho, quadros por si pintados e que têm como
ajudar aqueles que mais necessitam. tema único os Calhaus (pedras roliças en-
A sua pintura está presente numa das contradas nas praias da ilha da Madeira).
maiores Colecções de Arte Contempo-
rânea do Mundo do Comendador Joe
Berardo e em museus de todo o Mundo,
nomeadamente na Irlanda e Nova Iorque.

D O PARA OS EUROPEAN
N AWARDS
O ‘atelier’ liderado pela ‘designer’ de interiores Nini Andrade
da Silva concorre agora com os melhores do mundo nas categorias
de Restaurante e Bar.

O
Atelier Nini Andrade Silva foi pela terceira vez nomea- vida para o sector hoteleiro, englobando uma exposição dedicada ao
do para os European Hotel Design Awards. Depois de Design de Interiores intitulada The Sleepotel, diversas conferências e a
recentemente ter sido o grande vencedor do prémio aclamada cerimónia dos European Hotel Design Awards.
Best Interior Design Award from Europe e de ter re- No âmbito deste evento, o Atelier Nini Andrade Silva será ainda o
cebido o melhor projecto de Design de Interiores de único ‘atelier’ português a integrar o The Sleepotel. Este projecto inova-
Portugal atribuído pelos European & Africa Property Awards 2010, dor lança o desafio a diferentes profissionais do mundo da Arquitectura
também pela qualidade, inovação e sofisticação ao nível do ‘design’ de e Design de Interiores para conceberem um hotel imaginário através
interiores desenvolvido para o Hotel Teatro, o Atelier é agora um dos de abordagens pioneiras e do desenvolvimento de conceitos de ‘design’
seleccionados para a ‘shortlist’ destes prémios, estando nomeado para totalmente originais. O Atelier Nini Andrade Silva foi convidado para
duas categorias – Restaurant e Café, Bar, Nightclub or Lounge. idealizar a recepção deste hotel imaginário.
As diferentes categorias que o Atelier Nini Andrade Silva foi nome- Construído numa área composta por 1400m², The Sleepotel oferece
ado comparam os projectos do Hotel Teatro aos melhores do mundo, um ambiente onde 16 conceituados ‘designers’ internacionais apresen-
nomeadamente, o Restaurante Palco do Hotel Teatro ao projecto Blanc tam as suas visões individuais do ‘design’ futurista, sendo constituído
Restaurant at Mandarin Oriental, em Barcelona, promovido pelo Man- por 16 quartos, incluindo um Lounge Bar, uma Recepção e um Jardim.
darin Oriental Hotel Group, e o Bar Plateia ao Bar do HUNter 486 Com estas distinções e presença internacional, o Atelier Nini An-
Hotel, em Londres, submetido pelo Atelier RDD Plc. drade Silva distingue-se pela qualidade, sofisticação e diferenciação do
Os European Hotel Design Awards, que irão decorrer no próximo ‘design’ feito em Portugal. A forte internacionalização da marca Nini
dia 23 de Novembro no Business Design Center, em Londres, fazem Andrade Silva representa a continuidade de um trabalho de excelên-
parte do The Sleep Event, promovido em parceria pela Sleeper Magazi- cia desenvolvido por uma equipa crescente de arquitectos e ‘designers’,
ne e pela cadeia Design Hotels. originários de geografias diversas – a formação internacional potencia
The Sleep Event é o mais importante acontecimento na Europa de- a sua base de influências e facetas de criatividade – que contribuirá
dicado exclusivamente à Arquitectura e Design de Interiores promo- positivamente para a abertura de novos ‘ateliers’ em diversos países.

Novembro 2010 » PRÉMIO » 83

082-083NINI.indd 83 09/11/2010 19:08


Isabel Maria Andrade Silva - Nini como Nini Andrade Silva representou Portugal
toda a gente a conhece - nasceu no Fun- na Casa Decor 2002 em Barcelona, com
chal em 1962. Formou-se em Design no a sua colecção de pintura “Garota do Ca-
Instituto de Artes Visuais Design e Marke- lhau”. Posteriormente exposta em Miami,
ting (IADE) em Lisboa, tendo prosseguido Paris e Nova Deli.
em simultâneo o seu percurso académico A imagem de marca “Garota do Calhau” é
e profissional no estrangeiro, onde estu- assim também usada para ajudar crianças
dou e trabalhou em Nova Iorque, Londres, e surge associada a uma reminiscência da
Paris, África do Sul e Dinamarca. sua infância, uma vez que este é o nome
Paralelamente ao seu percurso interna- pelo qual eram conhecidas as crianças
cional a nível da arquitectura e ‘design’ de mais necessitadas do Funchal. Esta
interiores, Nini abraçou duas grandes pai- Fundação tem como receitas a venda de
xões, a pintura e, através do seu trabalho, quadros por si pintados e que têm como
ajudar aqueles que mais necessitam. tema único os Calhaus (pedras roliças en-
A sua pintura está presente numa das contradas nas praias da ilha da Madeira).
maiores Colecções de Arte Contempo-
rânea do Mundo do Comendador Joe
Berardo e em museus de todo o Mundo,
nomeadamente na Irlanda e Nova Iorque.

D O PARA OS EUROPEAN
N AWARDS
O ‘atelier’ liderado pela ‘designer’ de interiores Nini Andrade
da Silva concorre agora com os melhores do mundo nas categorias
de Restaurante e Bar.

O
Atelier Nini Andrade Silva foi pela terceira vez nomea- vida para o sector hoteleiro, englobando uma exposição dedicada ao
do para os European Hotel Design Awards. Depois de Design de Interiores intitulada The Sleepotel, diversas conferências e a
recentemente ter sido o grande vencedor do prémio aclamada cerimónia dos European Hotel Design Awards.
Best Interior Design Award from Europe e de ter re- No âmbito deste evento, o Atelier Nini Andrade Silva será ainda o
cebido o melhor projecto de Design de Interiores de único ‘atelier’ português a integrar o The Sleepotel. Este projecto inova-
Portugal atribuído pelos European & Africa Property Awards 2010, dor lança o desafio a diferentes profissionais do mundo da Arquitectura
também pela qualidade, inovação e sofisticação ao nível do ‘design’ de e Design de Interiores para conceberem um hotel imaginário através
interiores desenvolvido para o Hotel Teatro, o Atelier é agora um dos de abordagens pioneiras e do desenvolvimento de conceitos de ‘design’
seleccionados para a ‘shortlist’ destes prémios, estando nomeado para totalmente originais. O Atelier Nini Andrade Silva foi convidado para
duas categorias – Restaurant e Café, Bar, Nightclub or Lounge. idealizar a recepção deste hotel imaginário.
As diferentes categorias que o Atelier Nini Andrade Silva foi nome- Construído numa área composta por 1400m², The Sleepotel oferece
ado comparam os projectos do Hotel Teatro aos melhores do mundo, um ambiente onde 16 conceituados ‘designers’ internacionais apresen-
nomeadamente, o Restaurante Palco do Hotel Teatro ao projecto Blanc tam as suas visões individuais do ‘design’ futurista, sendo constituído
Restaurant at Mandarin Oriental, em Barcelona, promovido pelo Man- por 16 quartos, incluindo um Lounge Bar, uma Recepção e um Jardim.
darin Oriental Hotel Group, e o Bar Plateia ao Bar do HUNter 486 Com estas distinções e presença internacional, o Atelier Nini An-
Hotel, em Londres, submetido pelo Atelier RDD Plc. drade Silva distingue-se pela qualidade, sofisticação e diferenciação do
Os European Hotel Design Awards, que irão decorrer no próximo ‘design’ feito em Portugal. A forte internacionalização da marca Nini
dia 23 de Novembro no Business Design Center, em Londres, fazem Andrade Silva representa a continuidade de um trabalho de excelên-
parte do The Sleep Event, promovido em parceria pela Sleeper Magazi- cia desenvolvido por uma equipa crescente de arquitectos e ‘designers’,
ne e pela cadeia Design Hotels. originários de geografias diversas – a formação internacional potencia
The Sleep Event é o mais importante acontecimento na Europa de- a sua base de influências e facetas de criatividade – que contribuirá
dicado exclusivamente à Arquitectura e Design de Interiores promo- positivamente para a abertura de novos ‘ateliers’ em diversos países.

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Arte Pintura

PERSONALIDADE DO ANO 2009


PAULA REGO RECEBE PRÉMIO
NO CASINO ESTORIL

A pintora Paula Rego foi a Personalidade do Ano 2009 pela AIEP


(Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal). A cerimónia de entrega
do prémio teve lugar na Galeria de Arte do Casino Estoril.

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C
omeçou por fazer desenhos debaixo da secretária do quar- Abril, Joaquim de Almeida, Vanessa Fernandes, Luís Figo, Durão Barroso,
to de brinquedos de sua casa e já lá vão mais de 70 anos. António Guterres, Álvaro Siza Vieira, Manoel de Oliveira, Fundação Gul-
Iniciou os estudos no Colégio Integrado Monte Maior, em benkian, entre outros, foi a vez de Paula Rego se juntar à lista.
Carcavelos, e na St. Julian’s School, onde cedo os professo- Na cerimónia de recepção do prémio, que teve lugar no Casino, Paula Rego
res lhe reconheceram talento para a pintura. Seguindo os recebeu o galardão pelas mãos da ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas,
conselhos do pai, que dizia “que Portugal não era um país para mulheres”, frisando estar “muito feliz pelo reconhecimento de 50 anos de trabalho”. A
foi para Londres onde estudou na Slade School of Fine Art. Casou com pintora aproveitou ainda a ocasião para apelar que haja mais apoio financeiro
um inglês e fixou residência em Inglaterra, onde habita desde 1976. Vem para a cultura, que na sua opinião é “a alma do país”. Por sua vez, Gabriela
regularmente a Portugal, onde tem feito exposições das suas obras. Canavilhas mostrou-se também muito satisfeita por, mais uma vez, o prémio
Hoje, com uma carreira de cerca de 50 anos, o nome de Paula Rego é ter sido destinado a uma personalidade ligada às artes. “A Paula Rego é uma

a pintora paula rego mostrou-se muito feliz


pelo reconhecimento do seu trabalho

reconhecido em todo o mundo e a lista de prémios que tem recebido é figura mundial que leva o nome de Portugal e estamos todos agradecidos pela
muito extensa. O mais recente foi-lhe atribuído pela Associação da Im- sua obra, que nos enche de orgulho”, sublinhou a ministra.
prensa Estrangeira em Portugal, que a elegeu como Personalidade do Ano No dia seguinte à cerimónia inaugurou uma exposição que mostra, em
2009. Com 32 anos de existência, esta associação tem distinguido pessoas Portugal, o trabalho do marido da pintora Victor Willing, na Casa das His-
ou instituições portuguesas, de várias áreas, que contribuam para a no- tórias, nome do museu criado pela autarquia de Cascais para a própria
toriedade do País no mundo. Depois de Carlos Paredes, os Capitães de Paula Rego.

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Hotel moçambique

POLANA SERENA HOTEL

“GRAND DAME” DE
fotos cedidas pelo polana serena hotel
ÁFRICA VOLTA A BRILHAR
Tradição e modernidade definem o renovado Polana Serena Hotel, que
desde sempre marcou a história e a arquitectura da cidade de Maputo. A
reabertura das suas portas foi feita pelo lendário porteiro Luís Nhaca, no
passado mês de Setembro.

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086-090Hotel Polana.indd 86 09/11/2010 19:13


a renovada fachada do polana
serena hotel

A
“Grand Dame” de África, como é largamente conheci- inclui também algumas novidades como o Maisha Health Club & Spa
do o Polana Serena Hotel, acaba de mostrar ao mun- e novos espaços de restauração e lazer.
do como conseguiu transpor a linha entre os tempos Assim, o majestoso edifício colonial debruçado sobre a baía de Ma-
passados e os modernos. Desde a entrada aos quartos, puto, desenhado pelo arquitecto inglês Herbert Baker nos anos 20,
passando pela recepção e pelos restaurantes, todos os continua a ser hoje um símbolo desta cidade. O Polana Serena Hotel,
espaços do Polana foram repensados e recriados para proporcionar majestosamente virado para o Oceano Índico, localiza-se numa das
uma experiência única e memorável aos seus hóspedes. A renovação mais prestigiadas avenidas da cidade de Maputo, nas imediações do
luxuoso Bairro de Sommerschield.
A dar as boas vindas a todos aqueles que visitam o hotel está o len-
dário porteiro, sempre muito aprumado no seu casaco com medalhas
fotos cedidas pelo polana serena hotel

de todo o mundo. Com uma história de 88 anos, este hotel continua a


ser ainda hoje um ícone da capital de Moçambique e o local de encon-
tro obrigatório de turistas e de alguma aristocracia local. Já albergou
nomes sonantes como Nelson Mandela, Koffi Anan, Bill Clinton, Tony
Blair, Lula da Silva, a rainha Isabel de Inglaterra, a princesa de Espa-
nha Cristina de Bourbon, o príncipe da Holanda, o príncipe Aga Khan,
Jane Fonda, e até os portugueses Jorge Sampaio, Cavaco Silva, Durão
Barroso, Carlos do Carmo e Eusébio, entre outros.
Esta unidade hoteleira é constituída por dois edifícios contíguos
numa mesma área de lazer, o Polana Serena e o Polana Mar Hotel,
com um total de 128 quartos e 14 suites. O hotel foi inaugurado a 1 de
Junho de 1922. Os dois edifícios oferecem alojamentos que vão des-
de quartos studio, ‘standard’, deluxe, suites e uma suite presidencial,
com vista para a cidade ou para o mar.

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Hotel moçambique

Polana Serena Hotel


Av. Julius Nyerere 1380
1151 Maputo
Moçambique
Tel: (+258) 21241700/800
Fax: (+258) 21491480

História
O Hotel Polana localiza-se num a Segunda Grande Guerra, o Polana Moçambicano mantendo, contudo,
majestoso edifício, na antiga Lourenço viveu anos de grande prosperidade, a gestão por uma empresa portugue-
Marques, que conjuga a traça colonial constando nos guias internacionais sa, a Estoril Sol. Em 1990, o Grupo
e o charme africano com uma história como um dos hotéis mais importantes Karos passa a gerir o hotel, mudando
que remonta a 1922. Em 1936, o hotel em África, a par dos Carlton do Cairo e novamente de gestão em 2002 para as
mudou de mãos pela primeira vez, de Joanesburgo. mãos do grupo TPS/AKFED – Serena
passando da empresa sul-africana Após a independência de Moçambi- Hotels – com quem permanece até ao
Delagoa Bay para a posse do milioná- que, à semelhança de muitos estabe- presente.
rio I.W. Schlesinger (com quem ficaria lecimentos privados, o Hotel Polana
até 1963). No período que precedeu tornou-se propriedade do Estado

A cozinha deste hotel 5 estrelas incorpora os temperos e tradições no renovado Maisha Health Club & Spa, com ginásio, sauna e banho
de Portugal, França, Moçambique e África. O hóspede pode optar pelo turco, ou mesmo na Resident’s Lounge, uma sala exclusiva para os
restaurante Delagoa, para refeições mais requintadas, Varanda, com hóspedes, com vista para o Jardim das Rosas.
‘buffets temáticos, menu ‘à la carte’ e pastelaria francesa, ou o Aqua- As instalações para conferências, banquetes e reuniões de negó-
rius Restaurante e Bar, que oferece ‘cocktails’ tropicais, uma selecção cios são outras das ofertas. Existem quatro salas de reuniões com mo-
de refeições ligeiras e um inovador Sushi Bar, com vistas para o oce- dernos equipamentos e um Salão Nobre para ocasiões especiais.
ano. O Polana Bar dispõe de uma larga selecção dos melhores maltes Os hóspedes do hotel podem ainda usufruir de um conjunto de
e cigarros. actividades extra que vão desde um ‘tour cultural’, a um cruzeiro ao
A vida no Polana Serena Hotel é uma mistura de relaxamento e pôr-do-sol, uma mostra da vida nocturna de Maputo, a visitas às duas
descoberta cultural, proporcionando a quem o visita a oportunidade ilhas tropicais, Ilha de Inhaca e Ilha dos Portugueses, à Reserva de
de passear pelos seus jardins, dar um mergulho na piscina ou relaxar Elefantes de Maputo ou até um safari no famoso Kruger Park.

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Rising Stars in Hugh Johnson’s Pocket Wine Book, 2008

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“ Os Vinhos da Quinta do Alqueve


foram dos mais interessantes que provei “ Um poderoso e impressionante vinho

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» Hotel moçambique

A visitar na cidade de Maputo:


• A Estação Ferroviária, cuja cúpula central foi desenhada por Gustave Eiffel, classificada
entre as dez mais belas do mundo. Um elegante edifício clássico que data de 1910
• A Casa de Ferro, também desenhada por Eiffel. Este edifício foi construído em 1892
como residência para o Governador
• O Museu de História Natural
• O Mercado Central, que oferece artesanato e todo o tipo de produtos frescos
• O Forte e o Museu da Moeda
• A Câmara Municipal e a Catedral
• A Costa do Sol e os seus restaurantes de peixes e mariscos
• O Clube Naval
• O Museu Nacional de Arte e a Associação Núcleo de Arte, que organiza exposições
regulares de artistas moçambicanos

A dar as boas vindas


a quem visita o
renovado hotel
Polana está o lendário
porteiro Luís Nhaca,
conhecido pelo seu
casaco coberto com
medalhas de todo o
mundo.

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Vinhos pinhal da torre

O equilíbrio entre corpo, acidez,


aroma e complexidade é a base de
um bom vinho. Mas o momento
– o lugar, a comida, o ambiente,
o rótulo, etc. – é a pedra de toque
final. Tudo somado, um bom vinho
é aquele de que gostamos, garante
Paulo Saturnino Cunha, o CEO da
Pinhal da Torre.

PAULO SATURNINO CUNHA

Um bom vinho é aquele


de que nós gostamos
P
resentes em cerca de duas dezenas de países, os vinhos dade. No entanto, dependendo da harmonização com a comida, um bom
Pinhal da Torre são o resultado de um esforço de gera- vinho pode tornar-se um mau vinho, e vice-versa. Além disso, na apreciação
ções, da família Saturnino Cunha, para produzir alguns de um vinho, temos de levar em conta o palato de cada um e aí já entramos
do melhores vinhos Portugueses. Hoje, mais dois terços na subjectividade: o que é bom para uns, pode não o ser para os outros. O
das 250 mil garrafas produzidas anualmente são aprecia- momento – o lugar, a comida, o ambiente, o rótulo, etc., também condicio-
das por consumidores estrangeiros, nos mais exigentes mercados da na a nossa percepção em relação aos vinhos. Tudo somado, podemos dizer
Europa, Ásia e América. Com as marcas “Quinta do Alqueve”e “Quin- simplistamente que um bom vinho é um vinho que nós gostamos e um
ta de São João”, o produtor tem vindo a acumular reconhecimento e mau vinho é aquele que nós não gostamos. Ou seja, confie no seu palato,
presença em alguns dos mais exclusivos restaurantes internacionais. feche os olhos e aprecie um bom vinho.
Promete em breve apresentar alguns vinhos que vão impressionar os
mais exigentes. Paulo Saturnino Cunha, actual director-geral da Pi- Tendo em conta que um vinho de mesa é o resultado de um ‘blend’ de di-
nhal da Torre, explica-nos como se faz um bom vinho. ferentes castas, o sucesso dos vinhos varietais monocasta não contribuirá
para que os vinhos fiquem cada vez mais iguais uns aos outros?
O que distingue um bom vinho de um mau vinho? O conceito de ‘blend’ é relativo, qualquer vinho, mesmo que seja de uma
Um bom vinho é um vinho que tem um grande equilíbrio: corpo, acidez, só casta já é um blend em si, pois cada cepa é única. Mas o conceito de
aroma, uma grande complexidade, um final longo e uma grande longevi- ‘blend’ de várias castas é efectivamente o mais usual. Os vinhos monocasta

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terão sempre o seu espaço, mas não é o facto de serem monocastas que os incomoda de todo. Aliás na Pinhal da Torre temos várias castas estrangei-
tornarão iguais, mas sim a vinificação, que em parte é para muitos produ- ras e têm-nos dado imensas alegrias. Fomos, segundo consta, o primeiro
tores condicionada pelo actual estilo das preferências dos principais críticos produtor em Portugal a lançar um vinho de Touriga Nacional com Syrah:
mundiais. o “Quinta do Alqueve”. No entanto, no panorama internacional, o nosso
grande diferenciador passará pelas nossas castas. Mas é tudo relativo. Os
O bom vinho depende do momento, da estação do ano e daquilo com que vinhos super toscanos colocaram a Itália num nível muito elevado, e ba-
o acompanhamos? sicamente são feitos com Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc,
Claramente, não podemos dissociar o prazer de beber um vinho do con- todas castas de origem francesa, e muito poucos com Sangiovese, a casta
texto onde nos encontramos, assim como do nosso estado de espírito. E original da região. A razão é que nesse ‘terroir’ essas castas manifestaram-
tudo isso, naturalmente, pode tornar um bom vinho em excelente, ou um se superiormente. Quem não nos garante que a nossa Touriga Nacional
excelente vinho em sofrível. não possa ter sua melhor expressão num lugar algures na Austrália, ou
na Cordilheira do Andes? Ninguém sabe.
Hoje há cada vez mais marcas de vinho. Não estaremos a cair num exage-
ro de marcas e de oferta? Alguns produtores estão agora a associar as suas marcas de vinho à pro-
É indiscutível que existe um excesso de marcas e dução de azeites. Esta ligação do azeite ao vinho
oferta, não só em Portugal, mas também a nível faz sentido? Sob uma única marca, ou é mais
mundial. Fazer vinho, de há uns anos para cá, tor- acertado optar por marcas diferenciadas para
nou-se uma questão de ‘status’. Todos querem ter o cada um dos produtos?
seu próprio vinho. Quantos casos não conhecemos Acho que faz sentido e é até uma ligação que
de advogados, empresários ou até mesmo actores, funciona bem. Quanto às marcas, cada caso é
que são actualmente produtores de vinho? Daí a Fazer vinho um caso. Mas parece-me fazer mais sentido
proliferação de marcas. No entanto alguns desses usar uma única marca, mais fácil para o con-
‘outsiders’ têm ajudado imenso o vinho, produzin- tornou-se uma sumidor conhecer o produto. Mas essa deve ser
do excelentes vinhos e tendo mesmo trazido uma uma decisão empresarial.
“lufada de ar fresco” ao sector. Mas é evidente que questão de ‘status’.
a quantidade de projectos e de marcas que existem Há quem garanta que foram os grandes hipermer-
actualmente confundem o consumidor e tornam Todos querem ter o cados que massificaram o consumo do vinho, re-
mais difícil para qualquer produtor implantar a sua cuperando de uma tendência de perda para outras
marca. Por isso é que digo que apesar da produção seu próprio vinho. bebidas alternativas, como as cervejas. Concorda?
de vinho ser uma arte, ela é acima de tudo um ne- Penso que não. As marcas não se fazem nos su-
gócio de paciência e de tempo. Além disso, temos permercados. Os portugueses já beberam mais
que captar novos consumidores, pois eles são muito vinho do que actualmente. Hoje bebe-se menos,
volúveis, tendo em conta esse excesso de marcas. mas bebe-se vinho de melhor qualidade e, nesse
caso, as cadeias de distribuição ajudaram, pois colocaram à disposição do
Muitos produtores, para diferenciarem os seus vinhos, fazem apelo a atri- consumidor mais alternativas e de melhor qualidade. Diminuiu o garra-
butos que parecem até um pouco absurdos, como “o aroma a maçã”, “o fão e aumentou a garrafa. Mas tudo é cíclico. Agora vai chegar a vez do
ligeiro sabor a terra molhada” e outros argumentos do tipo. Este excesso “bag-in-box”, que vai ser o garrafão do séc. XXI.
de “maneirismo na comunicação” faz algum sentido?
Eu diria que isso tem mais a ver com a linguagem de alguns críticos e de al- Como vê a entrada dos grupos cervejeiros no vinho. Não terão eles a van-
guns enófilos, cujas notas de prova muitas vezes não passam de devaneios, tagem de uma melhor rede de distribuição?
do que propriamente com os produtores. Mas mesmo estes acabam por Vejo com bons olhos e isso já é comum noutros países. Sem dúvida que em
entrar nesse tipo de linguagem para atender e por vezes impressionar os parte o sucesso de qualquer negócio tem muito a ver com a eficiência e a
consumidores. Enfim, complica-se demais uma coisa que não deveria ser qualidade da sua distribuição e que os grupos cervejeiros têm uma excelen-
tão complicada. te rede de distribuição. Mas isso só não chega, nem é um garante de suces-
so. E temos internamente exemplos menos bem sucedidos disso mesmo.
Há uma ideia generalizada de que o bom vinho português tem de ser pro-
duzido no Alentejo ou no Douro. Não há bons vinhos nas restantes regiões? Os produtores queixam-se de um excesso de produção de vinho, com efei-
Claro que sim, a região por si só não é um garante da qualidade. Posso até tos negativos sobre os preços? Como contrariar esta conjuntura negativa?
afirmar que a região que hoje supostamente produz os melhores vinhos é a Baixar os preços é a solução mais fácil, mas a que, no médio longo pra-
que também coloca alguns dos piores vinhos no mercado. zo, mais problemas vai criar aos próprios produtores. Penso que a solução
passa por produzir vinhos de qualidade, com personalidade e identidades
Defende a utilização das castas nacionais, ou aceita a inclusão de castas muito próprias e, acima de tudo, passar a percepção para o consumidor de
estrangeiras? Cada região deveria manter as suas castas originais? que está a beber um produto único de excelente e com uma boa relação
Defendo a utilização das nossas castas como também das estrangeiras, qualidade/ preço. Tudo se ultrapassa com trabalho, e mais trabalho.....e al-
desde que sejam boas e bem adaptadas ao ‘terroir’ de cada um. Não me guma sorte também. ‘Cheers’!

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Restaurantes chiado

o chiado é uma das zonas mais


cosmopolitas da capital

fotos fernando piçarra

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TRADIÇÃO E MODERNIDADE
ROTA ‘GOURMET’
DA CAPITAL
Hoje o Chiado voltou a ser um importante centro de cultura e comércio
de Lisboa, sendo uma das zonas mais cosmopolitas e movimentadas
da capital portuguesa. Mas não se fica por aqui, é também cada vez
mais um pólo da arte de bem comer em Lisboa, onde a tradição e a
modernidade convivem em harmonia. O íman do Chiado está a atrair
cada vez mais restaurantes.

S
ituado entre o Bairro Alto e a Baixa de Lisboa, o Chiado é, com a figura do poeta Fernando pessoa sentado na esplanada), os tea-
hoje em dia, um dos locais mais prestigiados de Lisboa. tros da Trindade, de São Luiz e de São Carlos, o Convento do Carmo, o
É um bairro histórico que desde sempre tem estado liga- Elevador de Santa Justa, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e as
do a uma Lisboa cosmopolita, com uma forte componente Igrejas do Loreto, a de Nossa Senhora da Encarnação e a da Ordem Ter-
intelectual, liberal, modernista e também romântica. A es- ceira de Nossa Senhora do Carmo, são apenas alguns dos importantes
tátua Luís de Camões, na praça com o seu nome, a Rua Garrett, com as monumentos e símbolos Lisboetas que o Chiado alberga.
mais variadas lojas, os famosos cafés (entre eles o célebre “A Brasileira”, Para além de lojas de ‘designers’, ‘ateliers’, galerias de arte, livrarias,
teatros e muitas manifestações artísticas e culturais, é também no Chia-
do que se afirma a nova rota ‘gourmet’ da capital.
Desde os mais requintados restaurantes de épocas passadas, agora
renovados a adaptados aos tempos modernos, às mais recentes cria-
ções, com ‘desing’ ultramoderno, no Chiado estes espaços convivem
harmoniosamente oferecendo espaços mais tradicionais ou mais so-
fisticados, mas todos eles com um denominador comum: a arte de
bem comer!
Depois de restaurantes como o Tágide, com uma nova ementa de
lanche, o Largo, de Miguel Castro Silva, o Tavares, agora entregue aos
cuidados de José Avillez, o Aqui há Peixe, de Miguel Reino, o Olivier ou
o Clara Chiado, surgem agora no Chiado dois novos espaços a integrar
nesta rota. Um já existente e recentemente renovado, o Belcanto, agora
sob o controlo da empresária e publicitária Rosalina Machado, o outro
moderno e sofisticado, o Chiado Unique, da estilista Fátima Lopes.
A Prémio foi pôr à prova estes dois últimos novos espaços da capital
lisboeta e descobriu alguns dos seus encantos.

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Restaurantes chiado

BELCANTO NO FEMININO
Belcanto é um restaurante onde se
contam histórias desde 1955.
Uma casa cheia de contos e histórias
confidentes, divertidas, algumas
inarráveis, algumas estratégicas…

J
unto ao Teatro São Carlos, este restaurante reabriu de “cara la-
vada” em Setembro do ano passado, pelas mãos da conhecida
publicitária Rosalina Machado, prometendo “fazer-se ouvir” no
Chiado. Depois de quatro proprietários, esta é a primeira vez
que o Belcanto é “comandado” no feminino.
“ O Belcanto foi um presente do meu marido. Quando se aperce-
beu que o restaurante ia fechar, e numa atitude de mecenato, comprou-
o, preservando uma parte da história de uma sociedade que por ali
passou”, conta Rosalina Machado. “Histórias estas que brevemente po-
derei escrever num livro, contadas por quem as viveu”, acrescenta. Este
livro será eventualmente oferecido a clientes habituais.
A verdade é que um ano depois da sua reabertura, o Belcanto con-
tinua a ser o local de paragem obrigatória de outrora. Os clientes são

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o strogonoff à belcanto é uma das especialidades do restaurante

os mesmos mas agora acompanhados dos filhos e dos netos. Por ele
chegam a passar três gerações. Para Rosalina Machado “agarrar este rosalina machado, a nova proprietária
restaurante foi um grande desafio, pois não tinha qualquer experiência do belcanto
nesta área. Passado um ano posso dizer que estou muito entusiasmada
com este projecto! Valeu a pena preservar a tal história, é uma passagem
para alguém, que espero que seja o meu filho, para que daqui a 50 anos belcanto
se continue a ouvir falar do Belcanto, com histórias igualmente surpre- largo de s. carlos, 10
endentes para acrescentar às páginas do livro que eu vou iniciar”, conta. 1200-410 lisboa
Com uma vivência de mais de meio século de vida, o Belcanto já
apresentava alguns sinais da sua idade, mas Rosalina Machado reno- A cozinha, essa continua a mesma de sempre… tradicional portu-
vou-o em alguns pontos essenciais, mantendo inalteradas algumas das guesa. “Há coisas que não podem mudar e a carta é uma delas! Cada
prato tem a sua história, posso dar como exemplo os famosos “Ovos
à Professor”, uma receita dada pelo médico de António de Oliveira
O Belcanto tem muitas Salazar que à noite depois de sair do Hospital da Ordem Terceira ia
para a cozinha do Belcanto fazer os seus próprios ovos”, conta Rosalina
histórias para contar... Machado. “Esta sempre foi uma das especialidades mais requisitadas
durante os intervalos da Ópera em São Carlos”, acrescenta.
Ao almoço podemos deparar com a nata dos nossos executivos e
gestores, clientes habituais que já nem precisam ler a lista, pois o se-
nhor Aníbal, um dos colaboradores mais antigos, sabe exactamente
suas principais características. Dividido em duas salas, este restaurante do que eles gostam. À noite é frequentado por uma faixa etária mais
apresenta uma atmosfera sóbria a condizer com um espaço requintado jovem.
e clássico, mantendo as madeiras a revestirem as paredes, que guardam Apesar de existirem coisas que não podiam mudar, tais como o
histórias de outros tempos e fazem lembrar os tradicionais clubes ingle- menu, com especialidades cada uma com a sua história, e os próprios
ses, as toalhas brancas, o ‘rechaud’ em Christofle com o monograma da empregados de há 40 anos, que os clientes chamam pelo nome, a em-
casa, os clientes que se conhecem uns aos outros e os empregados que presária achou que o restaurante deveria levar uma “lufada de ar fres-
os conhecem a todos. Na sala mais pequena, vocacionada para grupos, co” e assim foram contratados novos colaboradores, provenientes da
ainda se encontram os antigos talheres de Christofle. escola de hotelaria e que irão certamente ser continuadores da história
Embora não tenha perdido o ar sóbrio de um clube privado inglês, a do Belcanto. Uma outra alteração que achou fundamental foi a carta de
nova proprietária quis trazer um pouco mais de sofisticação, apostando vinhos, que embora de grande qualidade, merecia uma actualização.
numa decoração em tons pastel, incluindo um conjunto de fotografias A este propósito Rosalina Machado levantou um pouco do véu so-
a preto e branco de antigos clientes do restaurante e uma fotografia do bre um projecto que vai realizar no próximo ano, que passa pelo lança-
Belcanto como era antigamente. mento de um vinho do Douro Superior.

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» Restaurantes chiado

UM ESPAÇO UNIQUE!
Um espaço com ‘glamour’ onde a moda, a música e a boa cozinha
se fundem num ambiente elegante e requintado.

M
ais recente e também mais moderno, o Chiado
Unique abriu portas no Chiado em Abril deste ano,
com a assinatura da estilista Fátima Lopes, que
desenhou toda a imagem do restaurante. Desde a
decoração do espaço, de linha geométricas e onde
predomina o preto e branco, passando pelo vestuário dos colaborado-
res às porcelanas e faqueiro tudo é da autoria da criadora. O cunho da
‘griffe’ Unique, um U estilizado e longilíneo, é uma constante em todo
o restaurante.
Apesar de Fátima Lopes ser a “cara e a alma” do Chiado Unique,
é também sócia do restaurante juntamente com Lucas de Sousa e de
João Magalhães, o único com experiência no ramo da restauração.
“Tudo começou com um convite por parte dos dois mentores do
projecto. Eu aceitei, pois achei que seria um projecto interessante o de

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98 PRÉMIO »
» PRÉMIO » Novembro
Junho 20102010

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o restaurante é composto por dois andares, decorados com as cores preto e branco,
um pátio interior e uma esplanada

criar um restaurante à minha imagem”, conta Fátima Lopes. Adiantan- a estilista fátima lopes com o premiado
do que, “apesar de não perceber nada de restauração, a minha ligação a ‘chef’ joão simões
este espaço está somente ligada à imagem, sou uma pessoa que gosta
de comer bem, não em quantidade mas em qualidade”.
Unique Chiado
Questionada sobre o facto desta associação à restauração ser um Largo do Picadeiro, 8 A
sonho por realizar, a estilista diz que apesar de este estar a ser um Lisboa
projecto muito engraçado, a ligação a este sector nunca esteve nos seus 1200-330 Lisboa

Fátima Lopes é a Desde o início de Setembro temos uma nova carta, mas alguns pratos
mantêm-se com pequenas alterações, como é o caso, por exemplo, dos
“cara e a alma” morangos gratinados”, refere. A carta de vinhos foi também alterada e
contempla 150 referências de vinhos de todas as regiões do país e tam-
do Chiado Unique. bém alguns internacionais.
João Simões caracteriza a sua cozinha como uma cozinha com ba-
ses portuguesas e alguma técnica, com influências internacionais. Ao
planos. É de opinião que na vida nunca temos os sonhos todos realiza- que Fátima acrescenta, “é uma cozinha de autor e muito saborosa. Aqui
dos e que muitas vezes conseguimos fazer muito mais coisas do que é tudo delicioso! Todos os dias existe um Menu Degustação do ‘chef’
aquelas que achamos que conseguimos, desde que sejam feitas com diferente e ao almoço temos o Menu Executivo por 20 euros. E há uma
bom gosto e com gosto”. lista de petiscos que são servidos dentro e fora dos horários das refei-
“Este é mais um desafio conseguido e ultrapassado do que um so- ções”.
nho”, conclui. Algumas das mais-valias deste espaço são o horário, com cozinha
A cozinha portuguesa de excelência está a cargo de João Simões, aberta até às 2 da manhã, ‘valet parking’ ao jantar, esplanada no exterior
um jovem ‘chef’ que conta já com vários prémios internacionais, entre e um pátio interior para fumadores. O restaurante Unique Chiado tem
eles o de campeão mundial de alta cozinha em 2006, e com experiên- 96 lugares no interior e 150 lugares se contarmos com a esplanada.
cia em cozinhas como as dos hotéis Ritz Four Seasons, Bica do Sapato, A música Chillout, com bases instrumentais e suaves batidas rítmi-
Pragma no Casino de Lisboa e Altis Belém. cas, aliado a um conceito de moda, faz emergir um ambiente ‘lounge’,
Com apenas 25 anos, com uma equipa tão jovem quanto ele, João moderno e distinto.
Simões pretende alterar a carta três a quatro vezes por ano. “A ideia é ir “A escolha do Chiado?! É, neste momento, o local da moda e da
percebendo o que as pessoas gostam e adequando a carta aos clientes. restauração! É o coração de Lisboa!”

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Luxos gourmet

DISTINÇÃO
CABAZES DE NATAL
ESCOLHA JOSÉ AVILLEZ
José Avillez, em parceria com a Quinta de Jugais, lançou sete cabazes para
que possa festejar o Natal de uma forma diferente.

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A
pensar na época Natalícia e do Ano Novo que se aproxi- A Quinta de Jugais, empresa sediada na região da Serra da Estrela,
ma, o ‘chef’ José Avillez estabeleceu uma parceria com a é líder de mercado na concepção e distribuição de Cabazes de Natal
Quinta de Jugais e criou sete cabazes de Natal com a marca e disponibiliza os seus produtos em onze países, espalhados pelo
Escolha José Avillez. mundo.
Com uma gama de produtos de alta qualidade, rigorosa- Os Cabazes de Natal Quinta de Jugais privilegiam produtos portugue-
mente seleccionados e genuinamente portugueses, o valor de venda dos ses de grande qualidade e são dirigidos a empresas e instituições, cons-
sete cabazes Escolha José Avillez varia entre os 30 e os 120 Euros. tituindo um presente de excelência na quadra natalícia. Os cabazes de
Estes cabazes vão integrar o catálogo de Natal Quinta de Jugais 2010 Natal Quinta de Jugais podem ser adquiridos nas mais conceituadas lojas
e vão estar disponíveis em lojas ‘gourmet’ seleccionadas e para venda ‘gourmet’ do país, através da Quinta de Jugais (www.jugais.com) ou do
directa a empresas. website www.joseavillez.pt.

vinho tinta reserva paisagens, queijo amanteigado, azeite virgem extra jugais excellens, arroz carolino,
bacalhau graúdo da noruega, azeite virgem paiola de cogumelos desidratados, chouriço porco preto,
barrancos, azeitonas, conservas, mel, compotas, chá e queijo da ilha, ervas aromáticas e flor de sal
tomilho

vinho tinto ja por josé avillez, queijo merendeira de sousel, azeite virgem extra jugais excellens dop,
compota de abóbora e nozes quinta de jugais e chá de natal flor de sal, chá de natal e compota de morango

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Inovação empresa

SECTOR EM ASCENSÃO
UMA NOVA VIDA
PARA A CORTIÇA
Aqui está mais uma prova de que há cortiça para além
das tradicionais rolhas. As aplicações deste recurso natural
são várias e cada vez mais inovadoras.

passadeira em
cortiça utilizada no
desfile da escola de
moda do porto

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A
versatilidade da cortiça natural, os elevados ‘standards’ cação do evento, dos convites, cartazes, ‘outdoors’ e sinalética aos ‘dos-
de desempenho que evidencia e a sustentabilidade desta siers’ de apresentação dos trabalhos finalistas.
indústria têm potenciado um “renascimento” da cortiça e
uma incorporação progressiva deste recurso natural e das Corticeira Amorim apoia escultura de Miguel Arruda
suas características numa grande variedade de produtos. A peça “Escultura Habitável” em cortiça esteve patente no Centro Cultural
Desde o ‘stand’ de cortiça, eleito recentemente como melhor da Concreta de Belém, em Lisboa, até ao final do mês de Outubro. Trata-se de uma
- Feira Internacional de Construção e Obras Públicas, à escultura Onion peça concebida pelo arquitecto Miguel Arruda, com o apoio da Amorim
Pinch, exposta em reputados certames de arquitectura e ‘design’, passan- Cork Composites, desenvolvida no âmbito da iniciativa CCB Fora de Si,
do pela rolha Top Series e pelo MoMA, onde a colecção Alma Gémea está da Bienal de Arte 2010 e projecto associado da Trienal de arquitectura de
exposta, ao revestimento do Pavilhão de Portugal na Expo Xangai, a corti- Lisboa.
ça tem-se destacado pela sua apetência de incorporação em projectos que A peça totalmente revestida com cortiça cedida pela Corticeira Amorim
evidenciam grandes requisitos também a nível estético. tem as dimensões 9 x 10 x 5 metros de altura e está exposta no Jardim das
Recentemente, a eco & trendy by Amorim acolheu as criações dos fi- Oliveiras do CCB.
nalistas da Escola de Moda do Porto com uma singular passadeira em Na concepção da “Escultura Habitável”, Miguel Arruda focou-se em
cortiça. O desfile realizou-se no Museu de Comunicação da Alfândega do desenvolver uma obra que despertasse um determinado teor de habita-
Porto, no dia 17 de Julho, iniciado com uma mostra de peças de Anabela bilidade e a cortiça apresentou-se como uma matéria-prima de excelência
Baldaque, ex-aluna da escola. para se obter o efeito desejado. Além do revestimento exterior de cortiça, o
Para além da cedência da inovadora passadeira de cortiça, a Amorim piso seleccionado para a escultura é o Fibricork, um produto 100% verde,
Cork Composites disponibilizou cortiça para vários suportes de comuni- da Amorim Cork Composites.

a peça “escultura habitável” esteve patente no CCB

Projecto de I&D em interiores de aeronaves


inovação

O LIFE - Lighter, Integrated, Friendly vimento de soluções orientadas para a compõem o consórcio responsável
and Eco-Efficient Aircraft Cabin - é um sustentabilidade, mais eco-eficientes, pelo projecto, que tem ainda como
projecto de investigação que visa o mais leves, mais confortáveis e com parceiros a Almadesign (empresa de
desenvolvimento de novos conceitos um ‘design’ inovador, destinados a ‘design’ vocacionada para a área de
para interiores de aeronaves que vão equipar o interior de aeronaves. transportes) e a Embraer - Empresa
do ‘design’, ao desenvolvimento de Amorim Cork Composites, Couro Azul, Brasileira de Aeronáutica S.A. que parti-
componentes e integração de materiais do Grupo Carvalhos, INEGI -instituição cipa como consultora do projecto.
e processos inovadores. O objectivo de interface da Universidade do Porto
principal é a concepção e o desenvol- - e SET, do grupo IBEROMOLDES,

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Tecnologia apritel

PRÉMIO
A DESAFIAR O
SECTOR DAS
TELECOMUNICAÇÕES
O
Ideias inovadoras, que possam Plug é um prémio de inovação promovido pela Asso-
ciação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel),
contribuir para o desenvolvimento que pretende impulsionar trabalhos de investigação
que contribuam para o desenvolvimento do sector,
transversal das telecomunicações e promovendo soluções. É distinguida com um prémio
promover a concorrência no sector, no valor de 10 mil euros, a que acrescem cinco menções honrosas para
as seguintes cinco melhores ideias, com um prémio no valor de mil
são os dois dos objectivos do Prémio euros cada.
A data de inscrição dos trabalhos terminou no passado dia 15 de Ou-
Plug, promovido pela Apritel, tubro e os vencedores são anunciados este mês, momento em que se
procederá à cerimónia de entrega de prémios e à publicação do traba-
a associação dos operadores de lho vencedor Plug.
Depois da primeira edição Plug, em 2008, e com o prémio vencedor
telecomunicações.. a merecer destaque na publicação internacional “Telecommunications
Por Susana Baptista Dias Policy”, a Apritel perspectiva um êxito semelhante para esta segunda
edição. João Couto, presidente da Apritel, mostra-se optimista com o
número de candidaturas recebidas.
O concurso é aberto a todos que pretendam contribuir com ideias
inovadoras para o sector das telecomunicações. O conceito do concur-
so está alinhado com a missão da Apritel, seja na promoção do de-
senvolvimento a nível do ambiente legal e regulamentador de forma
a potenciar o investimento no sector das comunicações electrónicas,
seja contribuindo para o incremento de uma sociedade de informação.
Espera-se, assim, que o “concurso ponha muitas pessoas a pensar
sobre os desafios do sector, mobilizando ideais com valor, aumentando
a sensibilidade da sociedade para o sector das telecomunicações”, pers-
pectiva João Couto.
O presidente da Apritel assegura que o Plug é uma iniciativa “muito
bem recebida pela sociedade e o sector” e as diferenças já se notam da

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primeira para a segunda edição. As Universidades, que estão tradicio- Plug, acontecerá em finais de Novembro.
nalmente mais vocacionadas para este tipo de iniciativas, assumem um Na primeira edição, o vencedor Plug2008 defendeu no seu projecto
papel primordial no que se refere à comunicação e divulgação do Plug, “O momento para a separação vertical: um guia para reguladores”. Um
demonstrando grande receptividade, com diversos docentes a partici- trabalho que propôs uma metodologia para o processo de decisão dos
parem no concurso. Uma aceitação que veio permitir alargar o conceito reguladores sobre a adequação da separação funcional e estrutural da
e o âmbito do concurso. rede de cobre, naquele que era o contexto em 2008 – um contexto ca-
racterizado pela alteração do paradigma das comunicações electrónicas
Como se percebe uma boa ideia? com o surgimento das redes de nova geração. O projecto foi desen-
Na aferição das boas ideias, o Plug conta com um júri que reúne um volvido e explanado por Ricardo Gonçalves e
conjunto de personalidades que se destacam nas áreas da economia, Álvaro Nascimento, co-autores do trabalho e entrega do prémio
política ou tecnologia, e jornalistas ou representantes de orgãos de co- ambos docentes da Universidade Católica do plug 2008 a ricardo
municação social. Um painel que ainda não está fechado. Após estabe- Porto, que receberam o primeiro prémio no gonçalves e álvaro
lecidos os critérios de avaliação, o júri começará por avaliar, primeiro valor de 10 mil euros. nascimento
de forma individual, e, posteriormente, de forma colectiva. A avaliação
é sempre feita de forma anónima, du-
rante todo o processo o júri não tem
acesso aos autores dos trabalhos.
No portefólio dos projectos apre-
sentados tendem a destacar-se as áre-
as de economia, jurídica e reguladora,
técnica e tecnológica. O importante
durante a avaliação é a sua relevân-
cia, coerência e credibilidade para o
sector, sendo que todos os trabalhos
deverão ser apresentados num texto
com a dimensão máxima de 10 pági-
nas em A4.
Entre Outubro e Novembro de
2010 decorre a avaliação dos traba-
lhos. O anúncio do vencedor e men-
ções honrosas, bem como a entrega
dos prémios e publicação do trabalho

QUEM É QUEM, NA APRITEL?


A Associação dos Ope- ções electrónicas. Um midores. Alcatel-Lucent* Unitelco*
radores de Telecomu- trabalho que tem como A Apritel reúne hoje as Ar Telecom Verizon Business
nicações (Apritel) foi ambição contribuir principais empresas BT Portugal Visabeira Global*
constituída em 1995, para o desenvolvimen- que operam no sector Cabovisão Vodafone
afiliando-se à European to de uma sociedade de telecomunicações Cisco Portugal* ZON Multimédia
Competitive Telecom- de informação dotada em Portugal. Dos gru- Clara.net *associados observadores
munications Associa- de uma saudável pos nacionais às gran- COLT Technology Services
tion (ECTA), em 2004. concorrência, que des multinacionais, CTT Correios de Portugal
A sua missão materia- permita o crescimento dos fornecedores de Ericsson*
liza-se na promoção e sustentado do sector, sistemas e ‘software’ ONI Communications
desenvolvimento do fomentando a compe- aos operadores móveis PT Comunicações
ambiente legal e regu- titividade e desenvolvi- e fixos. Veja quem já é Radiomóvel
lamentar favorecendo mento económico do membro da Apritel. Sonaecom
o investimento no País, salientando-se o Sony Ericsson*
sector das comunica- bem-estar dos consu-

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Tecnologia cisco

CIUS
CISCO LANÇA TABLET
PC COM VÍDEO HD

O
O Cisco Cius é um tablet PC muito Cius é o primeiro ‘tablet’ do género com recursos para
vídeo em alta definição (HD). Destinado ao mercado em-
leve e que pode incorporar uma presarial, permite a virtualização do ‘desktop’ e o acesso,
a partir de qualquer lugar e a qualquer hora, aos recursos
estação de áudio HD opcional. Está de colaboração e comunicação da Cisco, incluindo as fa-
cilidades de vídeo em HD. Com pouco mais de meio quilo (520 gramas)
equipado com um ‘speakerphone’ de o Cius oferece interoperabilidade em videoconferência e permite ainda

telefone, com um porto de ‘display’ o ‘streaming’ de imagens de vídeo e vídeo em tempo real, conferências
com vários intervenientes, acesso a e-mails e a programas de mensagens,
em alta definição e portas de USB. navegação na internet e a possibilidade de produção, edição e partilha de
conteúdos armazenados no disco ou na nuvem.
Baseado no sistema operativo Android, o Cisco Cius é uma plataforma
aberta para a comunicação e colaboração, com formato e aplicativos elabo-
rados para interligar em tempo real, e com total segurança, os colaborado-
res e os clientes da empresa. O Cisco Cius oferece novas funcionalidades
aos profissionais de tecnologias de informação (“TI”) para equiparem os

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O CISCO CIUS EM 7 PONTOS

1. Tablet de negócio portátil, muito 4. O Cisco Cius suporta conecti-


leve, que pode incorporar uma es- vidade Wi-Fi em 802.11 a/b/g/n
O Cisco Cius é uma tação de áudio HD opcional. Está para mobilidade empresarial
equipado com um ‘speakerphone’ no campus e serviços móveis
plataforma aberta para a de telefone, com uma porta de 3G quando fora do campus. Os
‘display’ em alta definição e portas serviços 4G serão disponibilizados
comunicação e colaboração, USB em data posterior. O Bluetooth e o
Micro-USB permitem aos utiliza-
com formato e aplicativos 2. A câmara HD intregrada no dores trabalhar sem interrupções
Cius pode reciclar até 30 quadros e partilhar dados com um PC.
elaborados para interligar por segundo, com uma tela de
alta resolução sensível ao toque 5. A bateria destacável tem 8 horas
em tempo real, e com total de sete polegadas para vídeo em de autonomia em caso de uma
tempo real e em ‘streaming’ e um utilização normal.
segurança, os colaboradores e botão de acesso a recursos de tele-
presença, que podem ser usados 6. Suporta a vasta gama de
os clientes da empresa. não apenas quando o utilizador se aplicações de colaboração da
encontra no seu local de trabalho Cisco incluindo o Cisco Quad, o
colaboradores em movimento com aplicações de desktop. mas também em acesso remoto, Cisco Show and Share, o Cisco
cisco
Através da virtualização do ‘desktop’, o Cisco Cius oferece via Wi-Fi. WebEx Connect, o Cisco WebEx
opções computorizadas flexíveis com serviços baseados na Meeting Center, o Cisco Presen-
nuvem, permitindo uma redução dramática nos custos de 3. O Tablet vem equipado com ce e interoperabilidade com o
capital e nos custos-por-utilizador para a manutenção do uma câmara de 5 megapíxeis na Cisco TelePresence. O Cisco Cius
‘desktop’. parte traseira que transmite ‘stre- é suportado pela Cisco Unified
As empresas também podem juntar-se à comunida- aming’ de vídeo com qualidade Communications Manager e
de de desenvolvimento Android em expansão que está a VGA e que permite capturar ima- pode ser facilmente integrado nos
construir aplicações de produtividade topo de gama com gens paradas, e ainda com dois ambientes dos actuais clientes da
as ferramentas de TI apropriadas. A combinação de apli- microfones para cancelamento de Cisco.
cações com opções computorizadas flexíveis constitui uma ruído para áudio-conferências.
alternativa sólida ao paradigma de hoje do PC em todos os 7. A integração virtual do desktop
‘desktops’. potencia às organizações de TI a
Segundo Tony Bates, vice-presidente e general mana- possibilidade de armazenar aplica-
ger da área dos negócios empresariais, comerciais e dos ções de software no centro de da-
pequenos negócios, “o Cisco Cius é a epítome do quanto a dos com segurança e de utilizar a
rede tem mudado a maneira como vivemos, trabalhamos, rede da Cisco para oferecer essas
aprendemos e jogamos. Esta plataforma pode transformar aplicações “como um serviço” a
a forma como os profissionais de saúde cuidam dos pa- qualquer hora e em qualquer lugar.
cientes, como os retalhistas prestam serviços aos consumi- O Cisco Cius suporta assim a con-
dores, ou como as universidades fornecem aos solidação de centros de dados e
seus estudantes serviços de educação de alto reduz os custos de licenciamento
nível. Acima de tudo, o Cisco Cius oferece de ‘software’.
às funcionalidades de TI uma oportunida-
de de reduzir drasticamente os custos-por-
utilizador incorridos com o fornecimento
dessas novas experiências”.
Tablet de negócio
portátil, muito leve,
que pode incorporar
uma estação de áudio
HD opcional

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Lazer automóveis

MERCEDES SLS AMG

A nova estrela
de Stuttgart
Antes de começar a ler este artigo, olhe atentamente para as
fotografias. Apresento-lhe o SLS AMG, o mais avançado
Mercedes-Benz de sempre. Um daqueles super-carros destinados
a entrar directamente no álbum das grandes lendas da indústria
automóvel mundial. Por Álvaro de Mendonça

I
nspirado no 300 SL, o original “Asas de Gaivota”, lançado há 40 truído em alumínio (chassis e carroçaria), o que acontece pela primeira
anos, o novo SLS AMG tem um cariz único e incorpora a mais vez num modelo de série da marca. Apenas 4% dos materiais são em
avançada tecnologia automóvel. A Mercedes-Benz quis mostrar fabricados em aço, o que se reflecte numa impressionante relação peso/
ao mundo o que de melhor sabe fazer e criou mais um super- potência de 2,84 kg por Cv, devido ao seu reduzido peso total.
carro que, mesmo para a tradição da marca, supera todas as ex- Para garantir a boa transmissão da potência à estrada, a Mercedes-Benz
pectativas. equipou o SLS com tracção integral permanente e com a nova caixa de
Assinado AMG, o famoso preparador que transforma os Mercedes- velocidades automática AMG Speedshift DCT 7, de dupla embraiagem e
Benz normais em imbatíveis máquinas de competição, o novo SLS é o sete velocidades, que garante passagens ultra-rápidas sem perda da força
novo topo de gama desportivo da marca de Stuttgart, sucedendo nesta de tracção. A caixa de é operada através de uma alavanca e-Sectect, que
missão ao já de si extraordinário SLS Mclaren. faz lembrar a manche de pilotagem dos aviões ou das patilhas de coman-
O SLS AMG está equipado com um motor V8 AMG de 6,3 litros de do no volante, em modo sequencial. De acordo com as preferências do
cilindrada e 571 Cv de potência - um dos mais potentes super-carros da condutor, a caixa pode ser operada de três modos distintos: Modo C, para
actualidade -, e atinge uma velocidade máxima de 317 km/h. É todo cons- controlo de eficiência máxima, Modo S, para uma condução mais des-

os bancos desportivos são feitos em magnésio, um material tecnologicamente sofisticado;


as jantes de liga leve são de 19 polegadas à frente e de 20 polegadas atrás

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a consola central alongada em metal ou fibra de carbono é inspirada no ‘cockpit’ dos aviões, permitindo ao condutor ajustar o
‘set-up’ do seu SLS AMG de acordo com as suas preferências

portiva e modo S+, para uma pilotagem 100% desportiva. Há ainda uma reguláveis, cujo formato lembra os motores a jacto. Os mostradores pra-
posição M, que transfere os comandos para o condutor. teados têm ponteiros vermelhos e uma escala de 360 km/h. O elemento
O traço de personalidade mais vincado deste SLS AMG é o seu par de principal entre as duas saídas de ar centrais é o sistema multimédia Co-
portas de abertura eléctrica para cima, repescando uma ideia com que a mand APS com um visor de sete polegadas. Na secção superior da conso-
Mercedes-Benz espantou o mundo, há 40 anos, quando apresentou o seu la central estão os comandos do sistema de media, audio, DVD, telefone
300 SL “Asas de Gaivora”. Um epíteto que todos nós percebemos quando e navegação, ligado ao monitor de sete polegadas O sistema CD/DVD é
olhamos de frente para qualquer um dos dois modelos, com as suas por- da Bang&Olufsen.
tas abertas a lembrar as tais asas das gaivotas. Apesar da posição muito Ao nível de equipamento, o SLS AMG é um luxo, cumprindo toda a
baixa dos bancos, normal neste tipo de automóveis, as portas “Asas de ‘check-list’. A consola central alongada em metal ou fibra de carbono, tam-
Gaivota” tem uma abertura ampla, facilitando a entrada e saída do condu- bém inspirada no ‘cockpit’ dos aviões aloja o AMG Drive Unit, que permi-
tor e passageiro. te ao condutor ajustar o ‘set-up’ do seu SLS AMG, de acordo com as suas
No exterior, a estética inspirada nos aviões de caça tem um efeito aero- preferências. O menu AMG oferece três afinações diferentes, incluindo o
dinâmico, conferindo ao SLS AMG um visual extremamente elegante e modo Race, que permite ao condutor medir os seus tempos de volta num
desportivo, mesmo quando se encontra parado. O perfil dos flancos e a circuito. Todas as funções do monitor central são operadas pelas teclas
larga grelha do radiador, com a enorme estrela Mercedes-Benz ao centro, multifunções no volante.
transportam-nos também ao 300 SL de há quarenta anos. Na traseira, Os bancos desportivos são feitos em magnésio, um material tecnologica-
dois generosos tubos de escape, colocados um em cada extremo, são enci- mente sofisticado e que, apesar de resistente, também é leve, resultando daí
mados pela discreta asa traseira extensível. vantagens em relação ao equilíbrio do peso do automóvel e um centro de gra-
Para a concepção interior do SLS AMG, os designers da Mercedes-Benz vidade mais baixo. O carro é aliás extremamente baixo. O condutor senta-se
também se inspiraram na engenharia aeronáutica, criando um ambiente a apenas 37 centímetros do solo, o que reforça o espírito de Grand Sport Car.
que nos faz recordar o ‘cockpit’ de um avião. O ‘tablier’ incorpora entra- A colocação do motor frontal e o longo ‘capot’, com o ‘cockpit’ em po-
das de ar galvanizadas “Silver Shadow”, com um conjunto de difusores sição muito recuada e uma parte traseira muito curta, asseguram uma

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Tão delicado
como um sopro...

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...tão intenso
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como um beijo!
www.pinhaldatorre.com
Seja responsável. Beba com moderação.

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ficha técnica

distribuição quase perfeita do peso entre os dois eixos: 47/53 frente/atrás, Motor: V8
respectivamente, o que se combina com o baixo centro de gravidade e o 6.208 cm3
peso pluma de apenas 1620 Kg. As jantes de liga leve são de 19 polegadas Potência máxima 571 Cv/6.800 rpm
à frente e de 20 polegadas atrás. Binário máximo
É claro que o SLS AMG é também um dos mais rápidos automóveis 650 Nm/4750 rpm
de série de sempre. Atinge os 100 Km/h em apenas 3,8 segundos e só Caixa Automática, 7 velocidades
não ultrapassa os 317 Km/h de velocidade de ponta devido a um limitador Velocidade máxima 317 km/h
electrónico. E tudo isto sem os habituais consumos estratosféricos deste Aceleração 0-100 Km/h 3,8 segundos
tipo de super-carros. O SLS AMG gasta apenas 13,2 litros para fazer a cen- Consumo (misto) 13,2 litros /100 Km,
tena de quilómetros. Espantoso para um carro desta categoria.

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Ricardo Galuppo
Director do Brasil Econômico
Colaboração Prémio/Brasil Econômico@Brasil Econômico, Novembro 2010

O QUE ESPERAR DE DILMA

A
cima e além de qualquer país o que têm de diferente do PT. Só assim se
avaliação sobre as causas da conseguirão se incluir na agenda política numa
vitória, o certo é que Dilma posição diferente – e mais positiva – daquela
Rousseff foi eleita numa que ocuparam nos últimos oito anos. A bem
disputa limpa. Ela venceu, da verdade, o Brasil está há oito anos sem

Caberá à nova diria o conselheiro Acácio, porque teve mais


votos que José Serra e nada é capaz de alterar
oposição – e a oposição é fundamental para a
democracia.

presidente trabalhar essa realidade. Mesmo assim é preciso estar


atento a um detalhe importante: a despeito da
O fato, porém, é que a nova presidente
herdará um país muito melhor do que o

para aplanar as ampla vantagem, as urnas mostram um Brasil


regionalmente dividido. O Norte e o Noroeste
que Lula recebeu de Fernando Henriques e
dezenas de vezes superior ao que Fernando

divergências e amplamente favoráveis à candidata do governo.


O Sudeste, Centro-Oeste e o Sul com uma
Henriques recebeu de Itamar Franco. Um país
que caminhou muito desde a reimplantação

governar para todos. postura ligeiramente favorável à oposição.


Caberá à nova presidente trabalhar para
da democracia, mas ainda tem muito o que
construir para eliminar as barreiras sociais -
aplanar as divergências e governar para todos. sendo essa uma condição necessária para a
Se conseguir, marcará o seu nome na história consolidação definitiva da democracia no país.
como uma grande presidente. E é exactamente Os próximos anos se apresentam promissores
isso que o país espera que ela faça. e Dilma tem tudo para entregar a seu sucessor
A questão, neste momento, é saber como as – daqui a quatro ou oito anos – um país muito
forças políticas se organizarão nos próximos melhor do que receberá de Lula. É isso que o
anos e que papel terá a oposição daqui por Brasil espera.
diante. O país vive o limiar de seu momento
mais promissor no campo da economia, com
uma conjunção de forças internas e externas
que o empurram para a frente com força e
velocidade. Tudo o que o Brasil não precisa,
nesse cenário, é se perder num cabo de guerra
estéril entre situação e oposição. Para dar a sua
contribuição ao país, o PSDB, o DEM e o PPS
precisam, daqui por diante, apresentar um
projecto alternativo de governo e mostrar ao

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