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REFLEXÃO SOBRE A DEUSA

"O que a perda de nossa Deusa poderia significar para o mundo? Em primeiro lugar,
significa com certeza que as mulheres e todas as coisas femininas são percebidas como
inferiores. É difícil enxergar como isso poderia ser diferente”.
A Virgem Maria, bem-amada dos católicos, é a imagem estabelecida no Ocidente que
está mais próxima da Deusa, e Maria é tão importante que a doutrina de sua assunção ao
céu foi declarada na década de 40.
Há, em Maria, muitos traços da antiga Deusa Mãe, e para muitos católicos devotos ela é
Deusa em tudo exceto no nome.
No entanto, sua posição de Virgem Mãe exalta apenas uma parte do Feminino, e como
modelo de um papel ela apresenta uma impossibilidade - uma mãe que concebeu sem antes
ter tido relações sexuais, Mais que isso, Maria não é admitida nas honras mais elevadas. Ela
é objeto de extrema veneração, mas não adoração, pois isso é reservado a Deus.
A bela imagem de Maria, infelizmente, parece favorecer pouco as mulheres e o Feminino.

Talvez a implicação mais significativa da morte da Deusa tenha sido a perda de um


sentido de imanência. "Imanência" implica que a divindade existe no interior da matéria, que
tudo é divino, tudo é sagrado. A antida Deusa Grande Mãe não somente reinava sobre a vida
- Ela existia na vida.
Isso significava que a colina e o rio eram sagrados, Significava que atividades humanas
como a tecelagem, a olaria, o plantio era também uma expressão do sagrado, e que tudo
existia dentro de um todo - uma "santidade" que significa "totalidade". A concepção posterior
de um Deus Pai, que existia do lado de fora de Sua criação, subtraiu ao mundo vida e
maravilha.
Isso queria dizer, por implicação, que o mundo da matéria está aí para ser explorado, e
portanto desprezado, uma vez que foi estabelecido à parte da abóbada espiritual de Deus, e
em posição inferior a ela.
As palavras "matéria" e "mãe" têm a mesma raiz. Não é difícil reconhecer como a
separação da divindade relativamente à Sua criação tem sido uma má notícia para as
planas, os animais, o corpo humano, as mulheres e a sexualidade, isso para não mencionar
o ecossistema, pois o que não é divino é defeituoso e suspeito; na verdade, é mau, e pode
ser usado à vontade, embora deva ser evitado.
A Deusa, que abençoou o amor sexual, cujo mistério era reverenciado em cada broto que
nascia, foi embora. Em Seu lugar, ergueu-se um deus divorciado, que governa sobre uma
criação estéril ““.

Filosofia Wiccan
A filosofia básica da Antiga Religião fundamenta-se nos caminhos da Natureza, e a
compreensão da espiritualidade pela humanidade é revelada por um sentido de comunidade
saudável. É nessa estrutura sustentadora de códigos de conduta, cortesia comum e respeito
pelos outros que a essência de nossa espiritualidade pode ser compreendida.
Essencialmente, a filosofia da Wicca emana da antiga visão de que tudo foi criado pelos
Grandes Deuses (a partir da mesma fonte procriadora) e de que tudo possui uma "centelha
divina" de seu criador. Na Criação, ensina-se que existem quatro "Reinos": Mineral, Vegetal,
Animal e Humano, cada um deles expressão ou manifestação da Consciência Divina. Almas
individuais atravessam esses Mundos, adquirindo conhecimento e experiência, movendo-se
rumo à reunião com a Fonte de Todas as Coisas. Num certo sentido, pode-se dizer que as
almas vivenciando o plano físico são como sondas conscientes enviadas pelo Criador Divino.
Da mesma forma, pode-se dizer que as almas são como os neurônios na mente do Divino
Criador, entidades individuais que formam parte de um todo.
Embutida na criação física está a Lei da Causa e Efeito (sendo o "Karma" seu
contraponto espiritual), que serve para manter tudo em um equilibrado movimento. O Karma
faz com que a alma experimente os níveis de energia positiva e negativa que ela própria
projeta a outras almas. Assim, através de muitas existências, a alma é temperada e moldada
para que possa ser funcional nos Mundos Espirituais nos quais um dia habitará. De acordo
com as crenças antigas, a alma pode encarnar fisicamente muitas vezes até se libertar do
Ciclo do Renascimento.
Nos "bastidores" da existência física habitam as forças que animam o mundo. Os antigos
se referiam a essas forças como os Reinos Elementais: Terra, Ar, Fogo e Água. Nessas
Forças ou Reinos, os antigos viam seus agentes ativos como espíritos conscientes. Aos
espíritos da Terra eles deram o nome de "Gnomos"; aos do Ar, de "Silfos"; aos do Fogo,
"Salamandras"; e aos da Água, "Ondinas". Tudo na Natureza foi criado e é mantido por um
ou mais desses Elementos (e seus agentes). Eis por que os Elementais são chamados em
rituais ou em magia, para que algo possa ser criado ou estabelecido (apesar de, nesse caso,
nós assumirmos a condição de "Criador" que dirige a manifestação).
Todas as formas de vida são respeitadas na Antiga Religião. Tudo possui igual
importância. A única diferença é que as coisas estão meramente em diferentes níveis de
evolução dentro dos Quatro Reinos. Os humanos não são mais importantes do que os
animais, que não são mais importantes do que as plantas e assim por diante. Vida é vida,
não importa que forma física ela adote em um determinado tempo. Somos todos, parte da
mesma criação e tudo se conecta e se une.
A Natureza é considerada o Grande Mestre. Os Ensinamentos dos Mistérios nos dizem
que a Fonte Divina depositou no tecido da Criação um reflexo do que a criou. Assim, as leis
da Natureza são reflexos das Leis Divinas ou princípios, os quais operam numa dimensão
acima e numa abaixo da natureza física. Destarte, os antigos cunharam a frase "assim na
terra como no céu".
Ao estudar os Caminhos da Natureza, obtém-se uma visão (por mais crua que seja) dos
Caminhos Divinos e, a partir destes, podemos ver o retorno das estações (reencarnação) e
as leis de causa e efeito (karma) ligados ao uso (bom ou mal) da terra, do ar, dos recursos
naturais e das criaturas vivas. Esse é um dos propósitos dos rituais sazonais, pois tais ritos
nos saturam e nos harmonizam com a essência concentrada da Natureza nesses períodos
determinados. Quanto mais acumulamos nas marés sazonais da Natureza, mais nos
tornamos iguais a ela. Ao nos tornarmos como a Natureza, fica mais fácil compreende-la.
Quando contemplamos os chamados Reinos Inferiores, vemos a cooperação entre
diversos insetos, tais como formigas ou abelhas, e em muitos animais encontramos rebanhos
ou matilhas, etc. (nisso podemos reconhecer o Caminho Divino do Espírito Grupal). Todas as
almas experimentarão tanto o grupo quanto à individualidade, para que possam
compreender a necessidade de autolimitação (como no compromisso e na cooperação). Um
grupo de criaturas trabalhando em conjunto pode defender-se e suprir suas necessidades
melhor do que uma criatura solitária. Na reflexão Divina desse princípio, vemos que uma
alma se enriquece ao dar de si mesma a outra alma, e é isolada quando se posiciona acima
de outra.
Todos já experimentamos o prazeroso sentimento de proporcionar bem-estar à outra
pessoa, e o sentimento de culpa ou de egoísmo ao darmos mais importância a nós do que a
um amigo ou ser amado. Todos experimentamos o sentimento de aceitação e
reconhecimento num grupo, assim como a dor da rejeição. Até mesmo quando obtemos
prazer ou alegria solitariamente sentimos a necessidade de compartilhar esse sentimento
com outra pessoa de algum modo. Disso surge o ensinamento de servir aos outros, pois os
Wiccanos sempre foram os conselheiros ou curandeiros locais.
No que concerne ao ensinamento do relacionamento de uma alma a outra, sabemos que
os antigos criam numa raça de deuses que observavam e interagiam com a humanidade.
Para os antigos, um deus podia representar qualquer força da natureza singular,
aparentemente independente, cujas ações podiam se manifestar na forma de tempestades,
tremores de terra, arco-íris, belas noites estreladas e assim por diante. À medida que o
esclarecimento e a intelectualidade dos humanos cresceu, também cresceu o conceito dos
deuses.
Os Wiccanos geralmente vêem seus deuses como Seres cuidadosos e benevolentes,
num papel semelhante ao de um amável pai ou mãe (apesar de muitos Neo-Wiccanos
encararem o Deus e a Deusa como conceitos metafísicos em vez de aspectos da
Consciência Divina). Um pai ou uma mãe cuidam em certos aspectos de uma criança, mas
devem basicamente ensinar a criança a se preparar para viver sua própria vida. Ao correr de
seu relacionamento, a criança nem sempre entenderá os atos de seus pais. No entanto,
ainda existirá uma relação, e esta requer compreensão mútua e comunicação para que um
espírito amoroso floresça.
Por vezes, uma criança pode achar que o pai ou a mãe é injusto ou pouco amorosos,
sem compreender que o pai deve estabelecer limites e regras de comportamento para o
próprio bem da criança. Regras e limites existem na Natureza e são essenciais para a
formação de raciocínio e comportamento maduros ("assim na terra como no céu"). Ainda
assim, não é crença entre os Wiccanos que os deuses coloquem obstáculos ou tragédias no
caminho dos humanos, tampouco que tenha o costume de testar a fé humana. É a lei do
Karma, e o azar de fatos aleatórios, que manifestam o que compreendemos como as agruras
e dificuldades da vida. São os deuses que se mantêm a nosso lado e nos auxiliam a
encontrar a força de que precisamos para prosseguir.
Um dos maiores dogmas de crença na Antiga Religião é o de aceitar as
responsabilidades por nossos próprios atos. Nós fazemos ou destruímos nossas próprias
vidas, e ativamos ou desativamos nosso próprio "quinhão" na vida. Os Deuses estão a
postos para nos auxiliar, mas nós é que devemos realizar o trabalhão. Até mesmo quando
fatos aleatórios ou o Karma aparentemente nos alquebram, somente nós é que podemos
lutar para continuar. A Natureza fornece as chaves para compreender esse processo a fim de
que não fiquemos sós; essas chaves são encontradas nos Mistérios Wiccanos. Na verdade,
os Ensinamentos Misteriosos da Wicca nos auxiliam a encontrar nosso caminho ao
seguirmos o caminho batido dos que já passaram.
Os Wiccanos não podem depositar tudo nas mãos dos deuses e dizer: "Cuide disto
agora". Devemos ser responsáveis por nós mesmos e por nossas próprias ações (ou falta
delas), pois, mais do que nunca, somos nós mesmos quem trouxemos a situação à sua
manifestação. Quando nos conscientizamos disso, e agimos de acordo, então os deuses se
aliam a nós. É desejo de nossos deuses que sejamos felizes em nossas vidas e que
atinjamos nossos objetivos e ambições antes do fim de nosso período na terra.
Na Antiga Religião, a morte significa simplesmente a passagem de um mundo a outro. O
corpo físico, como a vestimenta da alma, é descartado quando se desgasta ou é danificado
permanentemente. O nascimento é a entrada da alma no mundo. E, "assim na terra como no
céu", os outros Mundos aparentemente possuem suas próprias versões de nascimento e
morte.
Os ensinamentos nos dizem que deste mundo físico os Wiccanos passam a um mundo
espiritual conhecido como Summerland (ou o Reino de Luna). Esse é um domínio astral
metafísico de prados, lagos e bosques, onde é sempre verão. É um paraíso pagão repleto de
amáveis criaturas das antigas lendas; os próprios deuses residem lá. Ainda assim, o objetivo
espiritual máximo dos Wiccanos não é Summerland, mas a união original que eles a um
tempo compartilharam com a Alma Grupal, habitando em unidade com a Divina Fonte de
Todas as Coisas.
Essa união não é um lugar num plano astral, como o é Summerland, é, isso sim, um
estado de ser. Esse é um dos motivos pelos quais reencarnamos, vivendo nossas diferentes
existências ora como machos, ora como fêmeas, ora ricos, ora pobres, etc., numa sucessão
de personalidades, aprendendo e crescendo, tomando ciência e respeitando as outras
almas.. Esse tipo de espiritualidade cria uma vibração mais elevada no interior da alma,
permitindo que ela escape do retrocesso à matéria física, inerente a uma vibração mais
baixa.
De tudo o que os Wiccanos compreendem da ordem do mundo físico, surge um código
básico de conduta:
· Se ninguém for prejudicado por uma ação sua (seja física, emocional ou
espiritualmente), então aja como desejar na Vida, de acordo com sua Individualidade mais
Elevada. Busque sua identidade e seu propósito.
· Quando alguém faz algo de bom para você, retribua o gesto bondoso fazendo algo de
bom por outrem, para que a semente plantada dê fruto.
· Mantenha sua palavra e seus juramentos quando os empenhar.
· Não mate ser algum, exceto quando necessitar de alimento ou proteção.
· Reconheça e preste a devida reverência a seus deuses, observando todos os períodos
e festivais sagrados.
· Não despreze as crenças de outrem, simplesmente ofereça o que acredita ser verdade.
· Busque viver em harmonia com os que discordam de você.
· Tente se conscientizar dos que estão a seu redor e encontre a compaixão em seu
interior.
· Seja sincero com seus próprios conhecimentos e lute para se afastar do que se opõe
dentro de você.
· Auxilie os outros de acordo com suas necessidades e de acordo com sua habilidade em
dar de si mesmo.
· Respeite a Natureza e lute para viver em harmonia com Ela.

(Retirado do Livro: Mistérios Wiccanos, de Raven Grimassi).

A Wicca Ontem e Hoje - Thiago Dutra

Perdido em estudos e meditações a respeito da Grande


Arte dei-me conta do que ela se tornou nos dias de
hoje. Como, em tão pouco tempo, cerca de cinqüenta
anos apenas, a Wicca, passou do sigilo absoluto de um
Coven decadente, a milhares de páginas na internet,
uma lista enorme de livros em qualquer estante de
livraria, e um número crescente de prosélitos?
No início dos anos cinqüenta, o Coven de New Forest,
dirigido por uma bruxa conhecida por `Old Dorothy',
era representante de uma tradição que havia
sobrevivido às perseguições da igreja católica. Era
provavelmente um dos únicos e últimos covens a existir
na época. Seus membros eram, na sua maioria, muito
idosos e o Coven não tinha esperanças de durar muito
tempo mais. Bem que surge Gerald Gardner! O pai da
Wicca, como muitos dizem, entra para o Coven de New
Forest e, preocupado com o futuro da tradição, publica
livros, malgrado aos membros do Coven, a respeito da
Arte.
E hoje? Como estará a Wicca? Será que essa
"globalização" da Grande Arte foi realmente boa? Ou
será que teremos que enfrentar as fogueiras novamente?
Comecei a trilhar meu caminho na Grande Arte como
muitas pessoas começaram. Vendo um livro na estante da
livraria, pesquisando, vendo que tudo aquilo fazia
sentido. A Wicca é uma religião que completa. É o elo
de conexão do ser com a natureza e da criatura com a
Criadora. Ser bruxo é um estado de espírito. É estar
sempre em paz, e enxergar a beleza da vida nos
pequenos detalhes.
Depois de iniciado o conhecimento através dos livros,
meu alvo de pesquisa foi a internet. Digitei em um
site de buscas a palavra Wicca: 1.331 sites
relacionados. Dentre eles se encontravam alguns poucos
que traziam informação de clareza e qualidade. Sites
decentes que apresentavam a Arte da forma que ela é,
bela e limpa. Porém, dos 1.331 sites encontrados,
existiam alguns contendo: "Wicca e Satanismo", "Wicca
para adolescentes", "Wicca e Rock'nRoll", "Feitiços,
magias e rituais", "Wicca e ocultismo", para não citar
outros títulos que relacionavam a Wicca com temas
degradantes.
Logo foi a vez de experimentar um chat sobre Wicca. O
Brasil possui cerca de 158.136 adolescentes entre 12 e
17 anos de idade. Cerca de 9.600 deles freqüentam
regularmente uma sala de bate-papo digital. Dentro da
sala, além de encontrar apelidos incrivelmente
ridículos relacionados à Arte, existiam as chamadas
"bruxinhas", garotinhas de 12 ou 13 anos de idade que
ficam trocando feitiços, ou como elas mesmo dizem,
"trocando figurinhas". Então, como iriam reagir os
membros do Coven de New Forest hoje?
Talvez, você pense que eu esteja sendo um pouco duro
em relação à situação, que isso é uma fase, logo
passa. Também sou adolescente, e me orgulho de não
fazer parte do estereótipo atual. Refleti a respeito.
Não sou contra jovens ingressarem na Wicca, nem contra
ela se tornar acessível a todos. E sim, sou contra a
Arte ser tratada como modismo.
Saibam que a Wicca é uma religião. É uma arte
profunda, que possui raízes na antiguidade. Ela religa
a criatura com a Criadora Infinita. Nunca foi, até os
dias de hoje, objeto de mera curiosidade, e a magia
sempre foi seu complemento.
Nós Bruxos, não fazemos proselitismo, mas, obviamente,
ficamos felizes com o número crescente de pessoas que
ouvem o chamado da Deusa. Mas a que preço? Ver a
Grande Arte ser tratada com tamanha puerilidade? Ver
os rituais antigos virando brincadeira de crianças?
Vê-la sendo difamada através da mistura com a música
pesada e infame atual e rituais satanistas? Não acho
que valha a pena.
A Wicca virou presa da sociedade medíocre e
superficial, que busca nela, somente feitiços e
mágicas milagrosas. Se continuar assim, irá decair
novamente. Só irão restar os pequenos grupos de bruxos
escondidos, que um dia levaram a Arte a sério. Será
dito que ela não eleva o espírito, que não leva a
lugar algum. Será condenada pelos rituais e doutrinas
falsos que foram impostos a Ela. E as fogueiras irão
feri-la novamente.
Aproveitemos agora, nós, bruxos que amamos a Grande
Mãe, para salvar a Arte! Que ela não continue nesse
caminho que leva às piras do preconceito e ignorância!

A Natureza de Deus na Mãe


Na Índia gostamos de nos referir a Deus como Mãe Divina, porque uma verdadeira mãe
é mais terna e misericordiosa que um pai. A mãe é uma expressão do amor incondicional de
Deus. As mães foram criadas por Deus para mostrar-nos que Ele nos ama com ou sem
motivo. Toda mulher é, para mim, uma representante da Mãe. Vejo a mãe Cósmica em todas.
O que mais admiro em uma mulher é o seu amor maternal. Os que pensam na mulher como
objeto de luxúria perecem nesse fogo, mas os que olham todas as mulheres como
encarnações da Mãe Divina descobrem nelas uma santidade inviolável. Quando você puder
ver todas as mulheres como sua própria mãe, a exemplo de alguns mestres da Índia que
alcançaram a realização divina, o amor universal entrará em seu coração.
Certos seguidores céticos de um grande santo quiseram testa-lo, enviando-lhe algumas
lindas prostitutas. Ele se levantou e exclamou: "Mãe Divina, nestas formas vieste a mim. Eu
reverencio todas." As mulheres caíram de joelhos diante dele, envergonhadas. A partir
daquele momento, elas se transformaram espiritualmente.
Um lar adquire graça pela presença da Mãe Divina sob a forma de mãe humana. Não é
esse um pensamento para ser lembrado sempre? Não o esqueça. O amor à Mãe deve ser
constantemente cultivado em seu coração, de modo que, sempre que avistar uma mulher,
você a veja como sua mãe. Se olhar para uma mulher sem luxúria nos olhos, poderá receber
dela algo de seu depósito de tesouros espirituais.
Por que se deu à mãe esse amor? Para que pudesse amar seus filhos de modo
incondicional. Amar o próprio filho é apenas um exercício do amor divino. A mãe pensa que o
filho é seu, mas ele é filho de Deus. O filho lhe será tirado, assim que o Espírito Divino o
chamar.
Assim, toda mãe deve estender o amor que sente por seu filho a todos os filhos da terra.
Mães, sintam-se orgulhosas porque a Mãe Divina assumiu a forma de vocês para dar amor
tangível ao mundo, não apenas a seus filhos, mas a todos os filhos da terra. Então, serão
realmente abençoadas e, em vez de pensarem que têm um ou cinco filhos, perceberão:
"Tenho muitos filhos em toda terra." Nessa consciência vocês se unificam com a Mãe Divina.
A mãe que considera todos os filhos de Deus como se fossem seus já deixou de ser a mãe
mortal. Tornou-se a Mãe Imortal. É isso o que todas as santas são. Um dia, percebem: "O
grande amor que sinto por meu filho sinto, agora, por todos. Agora sei que não sou este
corpo, mas uma expressão da Mãe Cósmica." Pensem no que podem conseguir! De uma
simples mulher à Mãe Divina! E por que não? A Mãe Universal as fez Sua imagem e vocês
devem manifestar essa imagem, transmitindo a todos os seres Seu ilimitado amor.

Extratos do capítulo "Natureza de Deus na mãe e no Pai" do livro "A Eterna Busca do Homem"
(Paramahansa Yogananda)

SOBRE A VIRGEM MARIA - Isis Mãe


Obviamente esta vinculação de Isis com a grande força criadora da magia a identifica
com a figura de mãe, já que não há ato mais mágico que a concepção, gestação e
nascimento de um ser humano. Devemos destacar que Isis não tem caráter de demiurgo
(deus de toda a criação), pois em este panteão egípcio, a única que possui esse título é a
deusa Neith. Isis se vincula com a criação no plano terrestre, digamos. Portanto, é importante
compreender a diferença do papel de Isis como Mãe da Terra e suas criaturas, o de Mut, a
deusa virgem e mãe da criança divina e Hathor, a mãe humana nutridora e sagrada. Estas
três deusas convergem e se fundem no cristianismo sob a figura da Virgem Maria, cujo culto
e veneração se estendem muitos séculos depois pela Europa dos templários. Quando na
Idade Média, diversas ordens militares e monárquicas traem ao velho continente,
conhecimentos milenares e sagrados, cuja fonte é o Antigo Egito, vemos que se destaca
principalmente o culto à Maria introduzido por estes cavaleiros, pois, como a história nos
conta, antes destas datas, a mãe de Jesus era praticamente inexistente para o Cristianismo.
E, com Maria, aparece quase que ao mesmo tempo a grande arquitetura medieval,
primeiramente românica e posteriormente gótica, propiciada precisamente por estas ordens
que escolheram como modelo para Maria a deusa Isis.Uma curiosa prova desta vinculação
de Maria com a religião egípcia é também a deusa virgem e mãe, Mut. Esta é a esposa de
Amon, a qual é fecundada pelo deus sem contato físico ("com um sopro", escrevem os textos
sagrados), para logo dar a luz ao faraó, entidade divina cujo pai não é humano. Por este
motivo, Mut é sempre virgem.
Quando o faraó e a rainha tinham relações sexuais das quais derivavam o nascimento de
um novo regente, não eram eles que se uniam, mas sim era misteriosamente Amon que
tomava momentaneamente o corpo do monarca ao mesmo tempo em que a rainha era
"possuída" pelo espírito de Mut. Assim, Amon fecundava a Mut e ela permanecia virgem e
nunca "contaminada" pelo homem.
Esta relação de Maria com Mut fica evidente quando nos damos conta que o nome
hebreu/bíblico da mãe de Jesus é Mirian e que a tradução literal desta palavra significa em
egípcio antigo "Amada de Amon". Entretanto, a imagem mais tradicional da Virgem na Idade
Média são as clássicas representações negras cuja característica principal e mais
importante, incluso que seu tamanho e cor, é que sempre e sem exceção, estão sentadas.
Recordemos que o nome egípcio original de Isis é Istet. Literalmente "trono" ou "assento".
Sabemos que na antiga Grécia se esculpiam na rocha viva, tronos vazios e também
temos conhecimento de que no Antigo Egito Ptolomeico (época de Cleópatra. Esta, devota
de Isis) se faziam procissões nas quais se carregavam tronos. Estes pequenos exemplos
mostram que este antiqüíssimo símbolo representa o lugar "onde a divindade se senta".
Estas referências eram conhecidas pelos antigos construtores medievais. E, se visitamos
uma igreja uma igreja românica, podemos observar um fiel reflexo das três deusas
mencionadas e sintetizadas por sua vez em uma virgem negra.
OS SEGREDOS DA PÁSCOA
Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o
fim do inverno e a chegada da primavera. Daniela Bertocchi

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes,


isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra
"páscoa" - do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" - significa "passagem",
uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte
ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro. De fato, para entender o
significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos
povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther -- em
inglês, Easter quer dizer Páscoa.
Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um
coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o
ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia
grega, a Perséfone. Na mitologia romana, é Ceres.

"Alegoria da Primavera", do séc. XV insinua um ritual pagão.


Estes antigos povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos. O
próprio costume de decorá-los para dar de presente na Páscoa surgiu na Inglaterra, no
século X, durante o reinado de Eduardo I (900-924), o qual tinha o hábito de banhar ovos em
ouro e ofertá-los para os seus amigos e aliados.
Pintar ovos à mão também é uma tradição que acompanha os ucranianos durante quase
toda a sua história. Para eles, receber ovos pintados traz boa sorte, fertilidade, amor e
fortuna. Geralmente esses ovos são de galinha, ganso ou codorna e requerem um trabalho
artesanal minucioso.
Em hebraico, temos a "Pessach", a chamada "Páscoa Judaica", que se originou quando
os hebreus, há cerca de 3 mil anos, celebraram o êxodo e libertação do seu povo, após 400
anos de cativeiro no Egito, pela mão de Moisés. Comemoravam assim a passagem da
escravidão para a libertação: saíram do solo egípcio, ficaram 40 anos no deserto até chegar
a região da Palestina, terra prometida, atualmente chamada de Israel.

A Ressurreição de Cristo, Giovanni Bellini (1475)


Agora em 2001, a festa foi comemorada pelos judeus no último domingo, 8 de abril. A
comemoração incluí (entre outras coisas) uma refeição, onde se come o Cordeiro Pascal,
pão sem fermento (o "matzá"), ervas amargas e muito vinho.
A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os
apóstolos, na quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua
elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição.
A celebração sempre começa na quarta-feira de cinzas e termina no domingo de Páscoa: é a
chamada semana santa.
A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéia, em 325 d.C, como sendo "o primeiro
domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal,
adotado como sendo 21 de março".
A simbologia do ovo - O ovo é um destes símbolos que praticamente explica-se por si
mesmo. Ele contém o germe, o fruto da vida, que representa o nascimento, o renascimento,
a renovação e a criação cíclica. De um modo simples, podemos dizer que é o símbolo da
vida.
Ostera e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida.
Os celtas, gregos, egípcios, fenícios, chineses e muitas outras civilizações acreditavam
que o mundo havia nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este "ovo cósmico"
aparece depois de um período de caos.
Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa (um espírito
considerado o "Sopro divino"), chocou o ovo cósmico na superfície de águas primordiais e,
daí, dividido em duas partes, o ovo deu origem ao céu e a terra -- simbolicamente é possível
ver o céu como a parte leve do ovo, a clara, e a terra como outra mais densa, a gema.
O mito do ovo cósmico aparece também nas tradições chinesas. Antes do surgimento do
mundo, quando tudo ainda era caos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus
elementos pesados, surgiu a terra (Yin) e, de sua parte leve e pura, nasceu o céu (Yan).
Para os celtas, o ovo cósmico é assimilado a um ovo de serpente. Para eles, o ovo
contém a representação do universo: a gema representa o globo terrestre, a clara o
firmamento e a atmosfera, a casca equivale à esfera celeste e aos astros.
Na tradição cristã, o ovo aparece como uma renovação periódica da natureza.
Trata-se do mito da criação cíclica. Em muitos países europeus, ainda hoje há a crença
de que comer ovos no Domingo de Páscoa traz saúde e sorte durante todo o resto do ano. E
mais: um ovo posto na sexta-feira santa afasta as doenças.

Imagem de Hades raptando Perséfone, filha de Zeus e de Deméter, deusa da


terra e da agricultura.
Hades, deus do mundo subterrâneo, apaixonou-se por ela, desejando desposá-la.
Embora Zeus consentisse, Deméter relutou. Assim, Hades prendeu a virgem quando estava
colhendo flores e levou-a para seu reino. Enquanto Deméter vagava em busca de sua filha
perdida, a terra ficou desolada. Toda a vegetação morreu e a fome devastou a terra.
Finalmente Zeus enviou Hermes, o mensageiro dos deuses, para trazer Perséfone de volta à
sua mãe. Antes de deixá-la partir, Hades pediu que comesse de uma semente de romã, o
alimento dos mortos. Assim, ela foi compelida a retornar ao mundo subterrâneo por três
meses de cada ano.
Como deusa dos mortos e da fertilidade da terra, Perséfone era uma personificação do
renascimento da natureza na Primavera.

Os segredos da Páscoa II
Como era comemorada a Páscoa antigamente? Qual o significado do ovo e do coelho?
Saiba tudo sobre a festa que comemora a ressurreição de Cristo.

Comemorada por cristãos e judeus, a Páscoa tem forte simbolismo espiritual para esses
dois grupos religiosos. Os cristãos celebram a data em homenagem a ressurreição de Cristo,
por sua passagem pela morte e renascer de uma nova vida. Para os judeus, a Páscoa marca
a libertação desse povo do cativeiro egípcio.
A Páscoa é uma comemoração antiga, celebrada muito antes do nascimento de Cristo,
quando ainda não havia a religião católica. Era comemorada pelos pastores de animais, no
hemisfério Norte, ao término do inverno e início da primavera, estação do ano em que tudo
floresce e a temperatura se torna agradável. Exatamente por isso, mais tarde, foi associada à
Ressurreição de Cristo, sendo a primeira festa celebrada pelos antigos cristãos.
Para os judeus, sua origem é diferente. Chamada Pessach, palavra hebraica que significa
"passagem", ela lembra a passagem de um anjo que teria poupado os judeus da morte pelas
pragas que caíram sobre o Egito. A primeira Páscoa judaica foi celebrada em um período de
lua cheia, no dia 14 do mês de abibe (mais tarde chamado Nissan), do ano 1513 A.C.
Celebrada por oito dias, a data comemora o êxodo dos israelitas do Egito, durante o reinado
do faraó Ramsés I, que passaram da escravidão para a liberdade.

O OVO DE PÁSCOA
Os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos na
Páscoa. Em alguns países europeus, os ovos são coloridos para representar a alegria da
ressurreição. Na Grã-Bretanha, era comum escrever mensagens e datas nos ovos dados aos
amigos. Na Alemanha, os ovos eram dados às crianças junto de outros presentes na Páscoa.
Na Armênia decoravam ovos ocos com retratos de Cristo, da Virgem Maria e de outras
imagens religiosas.
O principal símbolo da Páscoa foi adotado no século XVIII pela Igreja como símbolo da
ressurreição. Os czares russos costumavam presentear na ocasião amigos e parentes com
ovos feitos de pedras preciosas e polidas. Conta-se que Nicolau II deu de presente a
Rasputin um crucifixo incrustado de diamantes dentro de um ovo de Páscoa.
No século XIX, ovos de confeito, decorados com uma janela em uma ponta e pequenas
cenas dentro, eram presentes populares. Mas os ovos ainda não eram comestíveis. Pelo
menos como a gente conhece hoje, com todo aquele chocolate. Somente no século XIX, com
o início da indústria de chocolate na Suíça, que os tão famosos ovos de chocolate surgiram
para o deleite de enormes admiradores.

Coelho da Páscoa
Você sabe como surgiu o Coelhinho da Páscoa? A tradição do Coelho da Páscoa foi
trazida à América por imigrantes alemães em 1700. O coelhinho visitava as crianças,
escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um
ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o
ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é
que trouxe os ovos. No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida.
Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha
tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa. Mas o certo
mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertilidade que os coelhos
possuem.

O Ciclo da Páscoa do ponto de vista da Arte


A Páscoa também serviu de inspiração para artistas de várias épocas e com estilos
diversificados. As cenas da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo renderam belas obras de
arte. Foi assim com "A última ceia", de Leonardo da Vinci; a "Pietá", de Michelangelo; e
"Deposição", do brasileiro Vicente do Rego Monteiro. Também são bons exemplos Rubens,
Caravaggio e outros clássicos também imortalizaram a cena.
No cinema, o episódio também rendeu belas e polêmicas imagens. Um dos mais
famosos filmes sobre a vida de Cristo é o lacrimejante "Jesus de Nazaré", de Franco Zefirelli.
O mais viajante, com certeza, é o musical "Jesus Cristo superstar". Já "A Última tentação de
Cristo", foi o que mais causou polêmica, chegando inclusive a ser proibido em diversos
países por pressão da Igreja Católica.

A Páscoa no Mundo
Os festejos da Páscoa em todo o mundo possuem variações em suas origens e
significados.
Na China O "Ching-Ming" é uma festividade que ocorre na mesma época da Páscoa,
onde são visitados os túmulos dos ancestrais e feitas oferendas, em forma de refeições e
doces, para deixá-los satisfeitos com os seus descendentes.
Na Europa As origens da Páscoa remontam a bem longe, aos antigos rituais pagãos do
início da primavera (que no Hemisfério Norte inicia em março). Nestes lugares, as tradições
de Páscoa incluem a decoração de ovos cozidos e as brincadeiras com os ovos de Páscoa
como, por exemplo, rolá-los ladeira abaixo, onde será vencedor aquele ovo que rolar mais
longe sem quebrar.
Nos Estados Unidos A brincadeira mais tradicional ainda é a "caça ao ovo", onde ovos de
chocolate são escondidos pelo quintal ou pela casa para serem descobertos pelas crianças
na manhã de Páscoa. Em algumas cidades a "caça ao ovo" é um evento da comunidade e é
usada uma praça pública para esconder os ovinhos.

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DEDICAÇÃO PARA GAIA


Um dia, eu acordei tarde e mal tive tempo de tomar banho e me vestir antes de passar
correndo pela porta. E, quando parei na varanda, reverenciando o nascer do sol ou vendo o
vento correr por entre as árvores, eu senti a presença de Gaia. Ela apareceu para mim
grandiosa e sorridente, seus quadris se movendo em um ritmo que uma vez eu conheci, mas
há tempos não conseguia ouvir direito. Eu reconheci pela primeira vez em meses a alegria e
a beleza que existiam na criação da senhora. Ela ficou parada na minha frente, os seios
tremendo de indignação, e demandou saber: "Filha, você me ama?".
Eu respondi prontamente: "Mas claro, Mãe! Você é o que cuida do meu sustento e me dá
vida".
Então ela me perguntou: "E se eu houvesse lhe feito imperfeita, sem pernas ou braços,
ainda sim você me amaria?”.
Perplexa, eu baixei o olhar, fitando minhas pernas e braços e o resto de meu corpo, o
qual apesar de todos os meus esforços, chegavam a ser quase tão grandiosos quanto os
Dela. Pensei em todas as coisas que não poderia fazer sem a ajuda desses membros e
pensei novamente neles e na crueldade de receber um corpo mais farto do que o permitido
pela sociedade moderna. Eu percebi então que eu sempre subestimei as coisas que eu
poderia fazer com esse corpo perfeitamente saudável.
E eu respondi: "Você fez meu corpo imperfeito, e eu sofri entre os já nascidos por causa
disso. Ainda sim ele não é tão imperfeito ou dilacerado como os outros corpos que já vi por
aí. Eu sou grata pelo que me foi dado. Mãe, e eu assim mesmo a amo".
Então Gaia disse: "E se você fosse cega, ainda sim você amaria minha criação?".
Como eu poderia amar algo sem poder enxerga-lo? Então pensei em todas as pessoas
cegas no mundo, e um amigo em particular cujas observações sobre as obras de Gaia eram
muito mais profundas do que as minhas. Lembrei-me de uma época em que a cegueira era
considerada um presente dos deuses, e uma marca de seus preferidos. Como todas essas
pessoas se enxergavam toda a criação sem poder vê-la? E, considerando isso, o véu caiu,
descobrindo minha visão interior, e eu entendi que uma pessoa não precisava ver a criação
para poder enxergá-la.
Eu respondi: "Gaia, quando a visão física é tirada, a Visão interior permanece. E essa
visão interior que faz com que suas outras Crianças conheçam sua criação. Eu posso fazer
isso também; eu sinto as energias ao meu redor. Eu ainda poderia amar suas criações, Mãe,
mesmo que não pudesse mais vê-las. É aparência interior que conta, não a exterior".
Gaia sorriu e pareceu como se achasse estar finalmente chegando ao ponto desejado
com essa sua criança errante.
"E se fosse surda? Ainda assim poderia me ouvir?"
Ah, Ela estava sendo tão complicada hoje! Eu me atrasaria para o escritório se ela
prosseguisse por mais tempo. Ainda assim, mesmo contra minha vontade, como uma
semente que cai dentro de uma rachadura no concreto, sua pergunta achou seu lugar para
germinar em uma mente que se julgava estéril. "Como poderia eu ouvir o som do vento, ou o
canto dos pássaros se eu fosse surda?". Então eu entendi.
Gaia e sua criação não eram uma questão de se ouvir com os ouvidos; você também
tinha que escutar com o coração.
Eu respondi: "Eu dependo muito de meus ouvidos e não o suficiente do meu coração.
Seria muito difícil, mas se eu fosse surda eu teria que deixar meu coração me guiar. Eu acho
que ainda poderia escutar você Mãe".
Ela sorriu com satisfação e me fez ainda outra pergunta:
"E se fosse muda? Como você agradeceria a criação e se comunicaria Comigo?".
O Que? Não cantar no círculo com minhas amigas pagãs? Nenhuma invocação para o
Senhor e a Senhora?
Nenhum chamado para os elementos?Como eu poderia me comunicar sem o uso de
minha língua? Então me veio o pensamento: canções podem ser cantadas com a alma e
com a certeza que me foi possível demonstrar: "Sim Mãe! Eu a amo porque você me destes
presentes e me mostrou seus verdadeiros valores".
Gaia então se apoiou em seus quadris enormes como a criação, e gesticulou pondo as
mãos calejadas de seus constantes plantios e colheitas entre os seios.
"Então, porque tens vergonha de mim? Porque não põe em uso os presentes que te dei?
Porque não vive cada dia aproveitando a imensidão da criação que eu pus a seus
cuidados?".
Com as lágrimas brotando de meus olhos eu respondi: "Os outros não enxergam os
valores dos presentes que você me deu. Eles olharam somente para meu corpo e dizem que
eu sou um horror, uma desgraça."
"E esse corpo é tão mal assim? Ele é forte e livre de defeitos, e poderia realizar grandes
feitos se tão somente sua dona se interessasse pó faze-los. Eu te fiz à minha imagem,
criança. Se você não se ama, como pode possivelmente me amar?"
Não respondi dessa vez, não tendo nenhuma resposta que se adequasse a tal pergunta.
"Você é abençoada com a vida. Eu não lhe fiz para que você desperdiçasse esse
presente. Eu te abençoei com talentos para que você pudesse me servir, mas você continua
se esquivando. Eu revelei minha palavra para você, mas seus ouvidos estavam fechados. Eu
lhe mostrei muitas bênçãos, mas seus olhos estavam cegos as elas. Eu lhe dei minhas
criaturas, para que você cuidasse delas, mas você as ignora. Ainda assim eu ouvi sua voz e
respondi suas dúvidas. Você realmente me ama criança?”.
Eu não pude responder. Como poderia? Eu estava estarrecida além da compreensão.
Gaia havia me mostrado nada além de recompensa e amor e eu havia permitido a opinião de
alguns já nascidos aterra-los com a ignorância. Eu não tinha desculpas. O que poderia eu
dizer para Ela, a graciosa Senhora que havia me dado sua própria forma para que eu
pudesse utilizar tais talentos?
Eu gritei então: "Porque você continuou me ouvindo? Porque me ama se eu não posso
retribuir esse amor para mim mesma ou para Você?"
Gaia então me abraçou e respondeu:
"Porque você é Minha criança. Eu não poderia nunca te abandonar. Quando você chora,
Eu terei compaixão e chorarei com você. Quando estiver transbordando de alegria, Eu rirei
com você. Quando estiver se sentindo mal e desencorajada, Eu te animarei. Quando cair, Eu
irei amortecer sua queda. Quando estiver cansada, Eu irei ninar você em meus braços até
que você durma. Você é uma criança de Gaia e como tal você amará e será amada".
Ela desapareceu, me deixando com a mente cheia de novos pensamentos e coração
aberto para os caminhos do mundo uma vez mais. Eu comi então uma maçã, pensando em
tudo o que se passava dentro de mim e notei o quão maravilhoso o nascer do Sol era.

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