las no momento do espetáculo. Uma maneira de fazê-lo seria construir uma série
de subpartituras que apontassem o caminho mais facilmente para, ao invés de
tatear novamente, saibamos exatamente onde está a porta e possamos acessá-
la mais rapidamente.
Esse estofo torna-se necessário à medida que não se trata de um trabalho
puramente atlético, não se está simplesmente procurando o virtuosismo. Nesse
treinamento pessoal, mais importante que o movimento que é feito é o controle
sobre os elementos que o compõe e que caracterizam a autonomia e a
independência adquirida pelo ator. É esse domínio sobre os princípios técnicos
que constituem sua presença cênica, aliado ao conjunto de associações
construídas durante o treinamento que irão constituir os elementos necessários
à cena.
Com esse objetivo, muitas vezes, durante a execução da estrutura, o
orientador chegava perto de nós e nos incentivava a continuar e aprofundar
dentro de determinada imagem ou sensação que ele identificava como sendo
nossa motivação.
Sempre no fim do ensaio, sentamos e falamos quais foram nossas
motivações e que imagens surgiram durante os exercícios. Particularmente,
tenho dificuldades em trabalhar com imagens, então procuro deixar que o
movimento e a sua repetição me desperte determinadas sensações e são elas
que procuro guardar quando tenho que repetir determinado movimento ou
sequência de movimentos.
O trabalho com a estrutura força o ator a desconstruir o seu comportamento
pré-estabelecido, uma vez que intensifica o trabalho com os princípios de
extracotidianeidade quebrando com nossas respostas automáticas.
interação com o meio e o teatro trabalha o tempo todo com esse conflito entre
ordem e desordem.
Portanto, a matriz gerativa que surge desse processo poderá ser utilizada
no momento de criação das cenas, numa etapa posterior, já no campo da
expressão, adquirindo significados diversos e construindo uma dramaturgia.
Mesmo nesse momento, onde já se estabelece o laboratório cênico
dramatúrgico, o trabalho com a estrutura pode continuar a ser utilizado, uma vez
que as sequências de partituras podem ser trabalhadas junto com a respectiva
partitura vocal dentro do fluxo construído.