Existem vários tipos de entrevista, que abrangem critérios como os de: grau de
estruturação, finalidade da entrevista, e o enquadramento teórico que é usado como referência
daquela entrevista.
O processo da entrevista exige uma série de passos que vai desde a elaboração até a
interpretação. A preparação da entrevista é um processo importante, e esta etapa tem a função
principal de fugir da improvisação e ter em mente o que se quer avaliar. Se for necessário, é
possível recorrer a objetivos de entrevistas já elaborados, mas o principal é que o quanto melhor
a entrevista estiver preparada, terá um controle maior sobre ela.
A fase inicial consiste em esclarecer de forma objetiva o papel que se tem o processo
terapêutico, procurando eliminar as falsas expectativas que o cliente possa ter, deixando claro
os direitos que o mesmo possui. Caso o cliente seja menor de idade, ou que ele não proporcione
dados que sejam seguros, pode-se realizar entrevistas com pessoas próximas a ele.
O corpo da entrevista consiste em três níveis: a fase inicial que é uma fase aberta e
facilitadora, na qual o entrevistador realiza perguntas abertas para o entrevistado e o mesmo
responde com a liberdade que deseja. A fase de especificação e clarificação onde realiza-se
perguntas mais fechadas e diretas. A fase de confrontação e síntese, onde é colocado em ênfase
o possível bloqueio que o psicólogo possa ter, e que isso não é um caso isolado, mas sim
passível de acontecer com qualquer profissional desta área, e o que difere de um psicólogo que
mesmo que passe por isso saiba lidar, enquanto o outro possivelmente não, é que durante a
preparação da entrevista, que já foi citado anteriormente, o psicólogo preparou recursos para
este tipo de situação. Diante do recurso elaborado, o psicólogo pode escolher finalizar a
entrevista de forma que não deixe o cliente desconfortável, ou pode explorar um tema que ainda
não foi abordado.
Caso o psicólogo decida finalizar a entrevista mesmo que abranja a situação explicada
anteriormente ou seja por outra situação, o mesmo deverá tomar algumas decisões como:
finalizar o processo de entrevista de acordo com o tempo estipulado, caso observe sinais de
cansaço do cliente ou até mesmo no psicólogo que acabe dificultando a tarefa, caso existam
dificuldades de obtenção de informações, e diante esta situação é importante esclarecer ao
cliente o que foi coletado, e que esta informação coletada seja compreendida por ambos;
finalizar a entrevista de forma positiva, que não haja desconforto; e orientação para as conversas
futuras.
Um estudo foi realizado sobre estas formas de registrar as informações das entrevistas,
que tem o enfoque teórico psicanalítico. Dentro da comunidade dos psicoterapeutas
psicanalíticos, as opiniões são bastante divergentes sobre os tipos de formas de registro de
informações, onde uns só aderem o relato, enquanto outros preferem transcrição, ou o uso da
gravação.
Então o estudo tem como finalidade assinalar se a coleta de informação, seja por relato,
seja por transcrição ou por gravação possuem alguma diferença. A paciente do estudo realizado
tem 19 anos e é empregada doméstica. O estudo possui caráter qualitativo. O resultado que se
obteve é que apesar das diferentes formas de coletar informações, todas apresentavam
semelhanças ao abordar os assuntos apresentados nas sessões. Apesar de o relato do psicólogo
a partir do que se lembra da sessão fosse o mais diferente, ainda sim apresentava semelhanças;
já na transcrição pode-se obter uma maior explanação de conteúdos apresentados pelo paciente.
O que se pode concluir do estudo, é que todas as formas de coleta de informação, são
complementares umas as outras, e que podem melhor coletar informações colocadas em questão
no tratamento e que cada uma possui sua característica que ora privilegia alguns aspectos, seja
na sensibilidade de reconhecer os sentimentos que são transmitido durante a sessão, seja na
coleta de informações antes não percebidas, seja na maior obtenção de informações possível
que é apresentada durante a entrevista.
Alguns erros devem ser evitados durante o decorrer da entrevista, como: como pedir
para o cliente repetir o que ele havia dito, ou confirmar o que ele disse na hora em que estiver
escrevendo as informações que considera relevante; usar como desculpa as anotações obtidas
durante a entrevista; e sempre que puder, escrever em códigos, para que caso o entrevistado
sinta curiosidade de ler, acabe não entrando em situações indesejadas.
E como as entrevistas nem sempre podem sair como o previsto, existem alguns erros
que são cometidos pelos psicólogos, como: o entrevistador aceita as opiniões dos outros sem
que ocorra a verificação delas (erros de consenso); quando um comportamento é avaliado de
forma mais positiva do que parece (erro de generosidade); quando o entrevistador julga o
comportamento que o entrevistado a partir das impressões pessoais que ele teve (categorizar
por causa); ou estereotipar o entrevistado de acordo com as crenças populares que possui
(categorizar por estereótipo).
Pode-se observar que a entrevista possuem muitas características e processos que são
complexos, mas que são necessárias para que se obtenha a melhor coleta de informações
possíveis e que se possa obter sucesso nas propostas de intervenção que ajude o cliente, e
procure evitar conclusões precipitadas ou situações desconfortáveis que acabem por agravar o
que aflige ou incomoda o entrevistado, tornando ainda mais difícil lidar com os problemas, que
ele por sua vez não consegue lidar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS