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ACADEMIA TEOLÓGICA
1. DEFINIÇÃO ........................................................................................................................................... 48
2. MEIOS DA GRAÇA ............................................................................................................................... 48
VI - AS ORDENANÇAS .................................................................................................................................... 49
1. BATISMO NAS ÁGUAS ............................................................................................................................ 49
1. Perguntas pertinentes ao batismo nas águas ............................................................................................ 49
2. Os Modos de Batismo ............................................................................................................................. 49
3. Batismo em Nome de quem?................................................................................................................... 53
4. Quando batizar?....................................................................................................................................... 53
5. Quem deve ser batizado?......................................................................................................................... 54
6. Inclusão no Rol de Membros da igreja .................................................................................................... 55
2. A CEIA DO SENHOR ................................................................................................................................. 56
2.1 Posições Sobre a Presença de Cristo na Ceia ............................................................................................. 56
2.2 Bênçãos decorrentes da Ceia do Senhor ..................................................................................................... 56
2.3 Nomes no Novo Testamento ...................................................................................................................... 56
2.4 Instituidor da Ceia ...................................................................................................................................... 57
2.5 A Ceia nos tempos ..................................................................................................................................... 57
2.6 Significado da Ceia.................................................................................................................................... 58
2.6.1 Resumo do significado da Ceia ............................................................................................................... 60
2.7. Participantes da Ceia ................................................................................................................................. 62
VII. A ADORAÇÃO .......................................................................................................................................... 70
1. TEXTOS BASE:............................................................................................................................................ 70
2. AS CONSEQÜÊNCIAS DA ADORAÇÃO GENUÍNA ............................................................................. 70
VIII. CONCEITOS ESPECIAIS NA ECLESIOLOGIA ................................................................................ 71
1. A IGREJA E O REINO DE DEUS ............................................................................................................... 71
2. O REINO DE DEUS....................................................................................................................................... 71
3. A MISSÃO DA IGREJA ............................................................................................................................... 75
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I. A NATUREZA DA IGREJA
Os católicos romanos crêem que a igreja é um organismo mundial e hierárquico sob o mando
do Papa em Roma. Utilizam a figura de uma árvore para explicar a hierarquia. As folhas
representam os leigos do mundo inteiro, que em grego significa aquele que não é “crente ou
religioso” (laïkos). Estão em comunhão direta com os seus respectivos párocos (os ramos
menores da árvore mística). Os sacerdotes, por sua vez, em comunhão direta com os seus
bispos, isto é, os ramos maiores. E todos os bispos estão em comunhão direta e constante
com o Soberano Pontífice, isto é, o tronco, ou estema, da árvore inteira."
Algumas vezes os católicos romanos expandem sua concepção de igreja de maneira a fazê-la
incluir todos os fiéis que existiram desde Adão até ao dia presente, ou quem existir até ao fim
do tempo. (Concílio de Trento no seu Catecismo Romano, Parte I, Capítulo X, § 16)
praeterea omnes fideles, qui ab Adam in hunc usque diem fuerunt, quive futuri sunt.
Na Bíblia, a igreja não é uma instituição, mas um organismo vivo que se vai
transformando em termos organizacionais. De certa forma a igreja é o povo de Deus em
desenvolvimento, conforme Rm. 9.25 e I Pe. 2.9-10.
Isto se exemplifica a Igreja da Inglaterra, instituição nacional com o Rei da Inglaterra como
sua cabeça.
Uma igreja denominacional é um grupo de igrejas trabalhando juntas como se fosse uma, sob
uma organização nacional ou internacional.
Noção popular de que a igreja se compõe de todos os salvos em todo o mundo em qualquer
tempo, ou de todas as pessoas salvas que já viveram e os agora vivos. Assim a igreja é
conhecida como sendo universal e invisível.
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Todas as igrejas e grupos religiosos, tomados no agregado, são algumas vezes chamadas de
igreja para distinção em relação ao mundo.
• Não é uma organização difusa cujos membros não se reúnem, ou não têm convicções
doutrinárias e práticas definidas e unânimes, rigorosamente bíblicas;
• Não é o prédio;
• Não é o que ensina a seita "Igreja Local" ou “Árvore da Vida” (Witness Lee).
Em nenhum dos três conceitos adequados de igreja (igreja local, igreja local totalizada futura,
e igreja tomada como um substantivo abstrato), é substituição, nem continuação, da aliança
com Abraão de Gn. 12 ("Teologia do Pacto"), e também não iniciou com Adão em Gn. 3.
Pensar que a igreja (em qualquer dos seus três sentidos) é a substituição, continuação,
expansão de Israel (ou seja, do Pacto com Abraão, Gn. 12) ou a substituição, continuação,
expansão do regime da Lei (Ex. 19:8) é erro gravíssimo, que nunca deve ser cometido, senão:
• Poderemos nos desviar para os ensinos do Adventismo do 7o. Dia, Judaísmo Cristão,
Cristianismo Messiânico, Legalismo, Mormonismo, etc.
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Posição Teoria
Dois planos distintos. Um para a igreja e outro para Israel.
• Jesus é atualmente exaltado à direita do Pai, mas Ele
Dispensacionalista
não iniciou o Seu reino messiânico ainda. O Reino de
Jesus, o “ainda não”, não começou.
• A Igreja está como um parentesis (no lugar de Israel) no
Plano de Deus.
Sem distinção entre a igreja e Israel. A igreja é a primeira
etapa para o estabelecimento do reino milenar.
• Jesus está reinando como Rei no céu à direita do Pai,
junto com a Igreja, em cumprimento ao “já” do Reino.
Dispensacionalista • O “ainda não” do Reino messiânico será cumprido no
progressista Milênio pelos israelitas, que converter-se-ão ao
evangelho e, na terra, serão o modelo de crentes
verdadeiros durante o Milênio, enquanto a Igreja estará
com o Senhor reinando.
• A igreja não está como um parentesis (no lugar de
Israel) no plano de Deus. Ela foi apenas o primeiro
passo até o estabelecimento do Reino de Deus.
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3. OS PROPÓSITOS DA IGREJA
Evangelização e Misericórdia - Mt. 28.19; At. 11.29; II Co. 8.4; I Jo. 3.17; Lc. 6.35-36; 4.40
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4. O SIGNIFICADO DE IGREJA
Ekklesia, Gr, significa assembléia, congregação, ou igreja. Para obter a concepção correta
do termo igreja devemos entender sentido exato desta palavra.
1. Entre os judeus
Na Septuaginta ekklesia refere-se aos israelitas quando reunidos para fins religiosos
(assembléia), e em nenhuma outra ocasião. Está assim empregada em Dt. 31:30; 32:1; Js.
8:35; 9:8; Jz. 21:8 e 1 Cr. 29:1. Em At. 7:38 aplica-se a Israel no deserto. Nunca foi usada
pelos judeus exceto quando em assembléia.
2. Entre os gregos
Entre os gregos ekklesia referia-se a uma reunião de cidadãos intimados de suas casas para
algum lugar público com o fim de deliberar (At.19:32, 41). Nunca foi usada entre os gregos
para pessoas que não estivessem em uma assembléia.
Cristo e os apóstolos usaram este termo num sentido até então desconhecida, aplicado
abstrata ou concretamente a assembléia particulares.
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Do hebraico qªhal, congregação, Assembléia, Sl. 22.22; grego ekklesia, Assembléia, Ef. 2.14
Termos que são comumente no sentido concreto são muitas vezes usados num sentido
abstrato. Um caso oportuno é o uso da palavra “homem” para designar-se a raça.
Há pelo menos três passagens da Escritura onde a palavra ekklesia está usada de forma
abstrata: Mt. 16:18; Ef. 3:10,21; I Co. 12:28. É bastante claro que estas passagens não se
referem particularmente a qualquer assembléia individual.
Se Mt. 16:18 for tomada como se referindo a uma igreja particular, então deve ser entendido
que Cristo prometeu perpetuidade a uma igreja particular, porém, nenhuma igreja particular
foi perpetuada.
Assim, os apóstolos, profetas, mestres, dons, etc., que encontramos em 1 Co. 12:28, não
foram todos previstos para qualquer igreja particular. O propósito de Deus de fazer Seus
mistérios conhecidos e ganhando-Lhe glória, como indicado em Ef. 3:10,21, abrange não
meramente uma igreja particular, mas a igreja como uma instituição.
Há duas passagens da Escritura onde ekklesia se refere a uma assembléia futura, como em Ef.
5:25-32 e Hb. 12:23. Em Ef. 5:25-32 a igreja abarca os eleitos de todas as épocas, mas,
segundo a etimologia da palavra original, a igreja com este sentido não pode ser concebida
como existindo atualmente no presente tempo. A palavra pode ser utilizada de forma futuro,
como em Hb. 12:23.
De todos os 115 casos no Novo Testamento onde ekklesia refere-se à instituição fundada por
Cristo, em todos, exceto os cincos casos já notados e outros raros onde possivelmente há um
emprego misto, refere-se a uma igreja particular, concreta, local, ou a uma pluralidade de
igrejas semelhantes, como a “igreja que estava em Jerusalém” (At. 8:1); ou “todas as igrejas
dos gentios” (Rm. 16:4); “as igrejas da Macedônia” (II Co. 8:1); “a igreja em tua casa” (Fl.
2); “as igrejas de Deus” (II Ts. 1:4).
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A igreja é local e universal: I Co. 1.2; II Co. 1.1; I Ts. 1.1; Ef. 5.25; I Co. 12.28
“Onde quer que ouçamos a Palavra de Deus puramente pregada e ouvida, e os sacramentos
(ordenanças) ministrados conforme instituídos por Cristo, ali, e não se deve duvidar, existe
uma igreja de Deus.” João Calvino
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Mais Puras
Menos Puras
“Pureza da igreja é o seu grau de isenção de doutrina e de conduta errôneas e o seu grau de
conformidade com a vontade de Deus revelada à igreja.” Wayne Grudem
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3. Unidade na igreja
Jo. 10.16; 17.21-23; I Co. 1.10-13; Fp. 2.2; Ef. 4.3-13; I Co. 10.17; I Co 12.12-26;
Rm. 16.17-18; Gl. 2.11-14; 5.20-21; Jd. 19; II Co. 6.17; II Tm 3.5; Mt. 18.17; II Co 5.11-13;
Gl. 2.7; At. 15.39-40
Ano Zero
1054 d.C 1517 d.C 1525 d.C 1570 d.C
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5. A Disciplina na igreja
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• Não foi quando Paulo estava na prisão em Roma (64-65 d.C.), e escreveu as Cartas
aos Filipenses, Filemon, Colossenses, Efésios, I Timóteo, II Timóteo, e Tito.
• Não foi após o último relato de batismo no Novo Testamento, cerca 60 d.C. I Co
1:14-17;15:29; I Pe 3:21.
• Não foi quando Antioquia enviou Paulo como missionário, em At. 13 (44 d.C.),
embora a igreja de Antioquia fosse a 1a. igreja pura e verdadeira, missionária, sem a
influência judaica existente na igreja de Jerusalém.
• Não foi quando Cornélio foi salvo, em At. 10:44-45 (41 d.C.), embora tenha
significado que gentios convertidos são indispensáveis à existência da igreja.
A Bíblia ensina que todos os membros de uma igreja local, ex-judeus, ex-gentios,
agora todos convertidos a Cristo, são um só corpo sem distinções. Jamais a Bíblia
ensina também que uma igreja não pode ser somente de ex-gentios, ou não pode ser
somente de ex-judeus, todos eles nascidos de novo.
• Não foi quando Paulo foi salvo, em At. 9 (35 d.C), implicando que nem mesmo o
maior teólogo e maior escritor do Novo Testamento era indispensável à existência de
qualquer igreja.
O início da 1a. igreja local neotestamentária não ocorreu com, ou sob, João Batista.
Mt. 11:11: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não
apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino
dos céus é maior do que ele.”
Lc. 16:16: “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino
de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.”
Notemos que embora João Batista tenha tido o privilégio de ser o 1o. batizador, e o
precursor imediato de Cristo, preparando-Lhe o caminho, seu ministério
pertenceu ao Antigo Testamento, e não ao Novo Testamento.
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• Foi em Pentecostes, em At. 2 (33 d.C.), para a grande maioria dos protestantes.
A maioria dos protestantes crê que a 1a. igreja local foi a de Jerusalém, e que ela teve
início real exatamente em Pentecostes, At. 2, sendo o modelo para todas as igrejas
locais que viriam, para a igreja local tomada como substantivo abstrato, e para a igreja
local totalizada futura.
a. Morte, pois foi seu Sangue que nos salvou e purificou (Hb. 9:22);
b. Ressurreição, pois foi o que nos deu vida ressurreta, e as igrejas locais são
edificados sobre sua Ressurreição (Ef. 1:19-20).
c. Ascensão, pela qual Ele se tornou:
• O Nosso Advogado (Rm. 8:34);
• O Cabeça da Igreja, e tornou a igreja local o seu Corpo (Cl. 1:18);
• O enviador do Espírito Santo;
• Galardoador de dons às igrejas locais (Ef. 4:7-12).
2. O Batismo com o Espírito Santo ainda não ocorrera em At. 1:5 (..., mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.), e só ocorreu em At. 2
e seguintes (como At. 11:15-16: E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito
Santo, como também sobre nós ao princípio. ...).".
Baseiam-se em At.2:41, 47, onde “as almas (pessoas) foram acrescentadas” à igreja
local de Jerusalém, e que portanto tal igreja local já existia.
At. 2:41: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um
acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.”
At. 2:47: “louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
Baseiam-se em versículos durante o ministério de Jesus, quando os discípulos ainda
não haviam recebido o Batismo com o Espírito Santo, no Pentecostes.
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Mas tanto este batismo como também a habitação pelo Espírito Santo (iniciada em
João 20:21-22 "... E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo.") nunca foram exigidos nas Escrituras mesmo durante os dias do
Cristo sobre a terra, como pré-requisitos indispensáveis para que os salvos pudessem
compor e ser a Igreja local. Rm. 8:9 e I Co. 12:13 estão noutro contexto, posterior à
ressurreição do Cristo.
A igreja foi explicitamente nomeada em Mt. 18:17, com verbos no tempo presente.
"E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja,
considera-o como gentio e publicano."
Portanto, para este grupo de protestantes, a igreja local já existia durante os dias de
Cristo. Defendem suas idéias através de seis eventos com possibilidades de serem o
marco do início da 1a. igreja local nos dias do ministério de Jesus Cristo na terra:
1) A reunião da noite do domingo da ressurreição
Cristo veio e assoprou e os discípulos (realmente reunidos, reunidos em um local)
receberam o Espírito Santo (Jo 20:21-22).
2) A Ceia do Senhor
Em Mt. 26, Mc. 14, Lc. 22, Jo. 13, onde foi instituída e praticada a 2a. das 2
ordenanças simbólicas que o Cristo deixou para as suas igrejas locais.
6) Nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo, ao ser batizado por João Batista, em Mt.
3:16-17. Embora algumas figuras da igreja do N.T., como por ex. a Noiva não
indiquem este início, a figura da pedra principal e de esquina pode indicar, pois ela foi
a primeira pedra e principal componente do “edifício”.
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• Diáconos = servo
Fl. 1.1; I Tm. 3.8-13; Rm. 13.4; Rm. 15.8; I Co. 3.5
• Escolha feita por uma autoridade superior: Catolicismo Romano e alguns ramos do
protestantismo.
• Escolha pela igreja local, ou por algum grupo dentro da igreja local: A Maioria
das igrejas evangélicas
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5.1 Congregacional
Igreja
Pastor
Corpo Diaconal
5.2 Presbiteriano
5.3 Episcopal
Arcebispo
Bispo Bispo Bispo
Reitor Reitor Reitor Reitor Reitor Reitor
Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja
5.4.1 Junta
Junta
Pastor
Igreja
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Igreja
Igreja
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Na Bíblia Sagrada, Deus instituiu somente os ofícios de diácono e pastor para a igreja local
neotestamentária, pois nas Escrituras o presbítero é pastor, pois p apóstolo Pedro intitula a si
mesmo presbítero, sendo pastor de almas (I Pe. 5:1).
Consequentemente, a mulher não pode ser receber ordenação na igreja local o ofício de
pastora, nem bispa, nem presbítera, nem diaconisa.
Tomemos para ponderação detalhada a respeito do assunto este artigo do Pr. Augustus
Nicodemus Lopes que de forma bastante ponderada analisa os dois argumentos acima.
A questão se mulheres podem ser ordenadas, ou não, como pastoras, presbíteras e diaconisas
2
tem ocupado o centro do debate entre protestantes ao redor do mundo, em décadas recentes.
Não raro, o assunto tem dividido igrejas e denominações, como por exemplo, nos Estados
Unidos e na Europa.
Entre os evangélicos existem, de forma muito geral, duas posições básicas quanto ao assunto:
os igualitaristas e os diferencialistas.
Os diferencialistas, por sua vez, entendem que desde a criação, e, portanto, antes da queda,
Deus estabeleceu papéis distintos para o homem e a mulher, visto que ambos são
peculiarmente diferentes.
O homem foi feito como cabeça da mulher, e esse princípio implica em diferente papel
funcional do homem, que é o de liderar. Não implica que o mesmo é superior à mulher, em
qualquer sentido.
1
Lopes, Augustus Nicodemus. Ordenação Feminina: O que o Novo Testamento tem a dizer?.
2
A palavra diaconisa (transliteração do feminino: diakonissa) é citada por Charles C. Ryrie, no livro Basic Theology p. 485,
como existente no Grego Koiné, porém ela jamais foi usada por Deus, no Novo Testamento.
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Assim, os diferencialistas mantêm que diferença de papéis e igualdade ontológica (do ser)
são duas verdades perfeitamente compatíveis e bíblicas, enquanto que os igualitaristas
afirmam que diferença de papéis implica inevitavelmente em julgamento de valor.
A questão tem chegado aos evangélicos no Brasil, embora, por enquanto, com menor
intensidade, e sem que evangélicos, de um lado ou de outro, tenham formalmente se
organizado de acordo com suas convicções neste sentido.3
O que nos preocupa é que a pergunta "Podem mulheres ser ordenadas para servir como
pastoras, presbíteras e diaconisas" nem sempre tem sido respondida em termos de
exegese bíblica das passagens do Novo Testamento que estão diretamente relacionadas
com o assunto.
Algumas das obras igualitaristas em português que têm procurado dar atenção a essas
passagens, nem sempre conseguem ser coerentes com seus métodos, 5e nem sempre estão
isentas do espírito reacionário que, por vezes, tem caracterizado os esforços exegéticos dos
defensores da ordenação feminina.6 Por vezes, a precipitação tem obscurecido o julgamento
mesmo dos mais sóbrios exegetas igualitaristas no Brasil.7
3
Nos Estados Unidos, por exemplo, existem organizações diferencialistas formadas por evangélicos, como o Council on
Biblical Manhood and Womanhood, liderado por Wayne Grudem.
4
Cf. artigo de Waldyr C. Luz, em que a defesa da tese igualitária é feita sem qualquer referência às passagens principais do
Novo Testamento que restringem o ministério feminino ("O Ministério Feminino," em Revista Teológica 38 [1993] 55-65).
O autor provavelmente considerou supérflua qualquer análise, talvez por considerar essas passagens como incluídas nos
"preceitos de vigência limitada" (p. 59-60). Por outro lado, Edijéce Martins Ferreira, (Por que Não Diaconisas ? [Recife, PE,
1990]), tende a interpretar estas passagens como sendo culturalmente condicionadas (cf. pp. 14, 16).
5
O estudo de Zélia Fávero Maranhão, O Erro Monumental da Igreja Cristã (um "estelionato" exegético), (São Paulo:
Editora Parma Ltda, 1994), tem seus méritos obscurecidos pela evidente falta de isenção de ânimos (como o próprio título
demonstra), generalizações injustificadas, onde todos os estudiosos da Igreja através dos tempos são acusados de
"estelionato exegético," e de defenderem um "desvio satânico da verdade" (p. 9), e por uma arrogância desnecessária: a
autora se propõe a "colocar a descoberto argumentos até hoje não lembrados ou não analisados" (p. 10). Tal pretensão é
justificada pela evidente falta de conhecimento da autora da vasta literatura sobre o assunto: "Não encontrei, no entanto,
literatura específica sobre os tópicos da tese que defendo..." (p. 10). Bastaria uma pesquisa superficial sobre o material
disponível em inglês, alemão e francês, escrito por estudiosos de diferentes posições sobre o assunto, para que se veja a
falácia dessa declaração. Por exemplo, consulte-se a extensa bibliografia publicada em Recovering Biblical Manhood &
Womanhood: A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem (Wheaton, IL: Crossway Books)
publicado em 1991, portanto, 3 anos antes da publicação da obra de Maranhão.
6
Por exemplo, o manuscrito não publicado de Ruben Duffles, que tem sido largamente difundido em meios presbiterianos
("A Mulher na Igreja," 1995). O autor se propõe a demonstrar a fundamentação bíblica da tese igualitarista e a sua fidelidade
aos princípios da exegese reformada; estranhamente, o autor cita como argumento para a ordenação feminina uma
"revelação direta de Cristo" que o pastor coreano Paul Yonggi Cho teve em 1964, onde Deus pretensamente lhe teria
revelado que ordenasse mulheres ao ministério, a chave do crescimento da igreja coreana (p. 71).
7
5 Como por exemplo, a recomendação entusiástica feita por Waldyr C. Luz da obra de Jane Dempsey Douglas, Mulheres,
Liberdade e Calvino: O Ministério Feminino na Perspectiva Calvinista, trad. Américo Ribeiro (Manhumirim, Minas Gerais:
Didaquê, 1995). Cf. a resenha crítica desta obra feita por Tarcízio J. F. Carvalho em Fides Reformata 2/1 (1996) 154-8.
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Embora em nosso desejo de seguirmos a verdade de Deus devamos levar em conta os tempos
em que vivemos, bem como o que nos ensinam ciências correlatas à teologia, como a
psicologia e a sociologia, por exemplo, ao fim, a questão só poderá ser realmente decidida
em termos da Escritura, pelo menos dentro das igrejas que se consideram reformadas, e que
aderem confessionalmente à regra dos reformadores: Sola Scriptura, ou somente pela Bíblia.
Meu propósito neste artigo é alistar e examinar, mesmo que brevemente, as passagens do
Novo Testamento que não podem ser ignoradas no debate sobre ordenação de mulheres ao
oficialato eclesiástico.
Meu alvo é demonstrar que, se interpretarmos estas passagens partindo de uma hermenêutica
reformada, e se deixarmos a Escritura ter a palavra final sobre o assunto, evitaremos os
extremos dos que proíbem o que Deus não proibiu, e dos que querem que a Igreja adote
aquilo que Deus não permitiu.
A. Romanos 16.7
Às vezes é defendido por igualitaristas que havia mulheres na Igreja primitiva que
funcionavam como apóstolos. A passagem usada para avançar este ponto é Romanos 16.7,
onde Paulo, em sua saudação à Igreja de Roma, menciona uma pessoa por nome Júnias:
“Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são
notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim.” (Rm 16.7).
Os defensores desta tese argumentam que Júnias é um nome feminino, e que a mulher com
este nome era uma "apóstola", em pé de igualdade com Andrônico. Do ponto de vista dos
defensores da ordenação feminina, a passagem prova que Paulo reconhecia que uma mulher
pode exercer uma posição de autoridade sobre homens na Igreja apostólica. E se elas eram
admitidas ao apostolado, obviamente o eram a cargos eclesiásticos, como presbiterato e
pastorado.
Mas não é tão simples assim. Há várias questões relacionadas com a interpretação deste
texto. A primeira questão depende da solução de um problema textual.8 Existem três
variantes do nome Júnias nos manuscritos gregos de Romanos 16.7. As duas primeiras
divergem quanto à acentuação da palavra Júnias no grego: 1) Iounia=n, que seria o acusativo
de Iounia=j, (Júnia) masculino; (2) Iouni/an, que seria o acusativo de Iouni/a, (Júnia)
feminino. A terceira variante é Iouli/an, que corresponderia ao feminino Júlia.
8
Cf. o estudo de U-K. Plisch, "Die Apostelin Junia: das Exegestische Problem im Röm 16,7 im Licht von Nestle-Aland27
und der Sahidischen Überlieferung," em New Testament Studies 42 (1996) 477-78.
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A variante melhor atestada, segundo o texto grego da UBS, 4a. edição (e de Nestle-Aland,
27a. edição), é Iounia=n , acusativo de Júnia, masculino (atestada pelos manuscritos ) A B*
C D* F G P, embora sem acentos). A variante (Júlia) é fracamente atestada, aparecendo
apenas no p46 e em algumas versões antigas.
Numa pesquisa feita por computador nos escritos gregos existentes desde a época de Homero
(século 9 A.C.) até o século 5 D.C. foram achadas apenas três ocorrências do nome Júnias,
além de Romanos 16.7. Plutarco cita uma irmã de Brutus, chamada Júnias; Epifânio, o bispo
de Salamina em Chipre, menciona Júnias de Romanos 16.7 como sendo um homem que veio
a ocupar o bispado de Apaméia da Síria; e João Crisóstomo se refere à Júnias de Romanos
16.7 como sendo uma irmã notável até mesmo aos olhos dos apóstolos. 9
Os resultados são inconclusivos. Parece evidente que Júnias era nome tanto de homem
quanto de mulher no período neo-testamentário. O problema é que não sabemos em que
gênero Paulo o usou em Romanos 16.7. Isto explica o surgimento de variantes divergindo na
acentuação, e o surgimento da variante é claramente uma tentativa de resolver a
ambigüidade.
Se tivermos de tomar uma decisão, devemos dar mais peso à palavra de Epifânio, pois ele
sabe mais sobre Júnias do que Crisóstomo, já que informa que Júnias se tornou bispo de
Apaméia. Concorda com isto o testemunho de Orígenes (morto em 252 D.C.), que num
comentário em latim à carta aos Romanos se refere a Júnias no masculino.10
Nomes gregos masculinos terminando em -aj não são incomuns, mesmo no Novo
Testamento: André (Andre/aj , Mt 10.2), Elias (Eli/aj, Mt 11.14) e Zacarias (Zaxari/aj, Lc
1.5).11 Para alguns comentaristas, Júnias é a abreviação de Junianius, um nome masculino,
mas não há evidências claras disto.
A conclusão é que não podemos saber com certeza se Júnias era uma mulher, mais
provavelmente era um homem. É por isto que a maioria das traduções modernas, onde
possível, traduzem Júnias como masculino (e não Júnia, feminino).12
9
Cf. John Piper e Wayne Grudem, "An overview of Central Concerns: Questions and Answers," em Recovering Biblical
Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem (Wheaton, IL: Crossway
Books, 1991) 79-80.
10
Ibid., 80.
11
A. T. Robertson, Grammar of the Greek New Testament (New York: Hodder and Stoughton, 1914) 171-173.
12
10 Com exceção da KJV, o que é aplaudido por feministas como Berkeley Mickelsen e Alvera Mickelsen, "Does Male
Dominance Tarnish Our Translation?" em Christianity Today (5 de Outubro de 1979) 23-29.
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Mais uma vez perguntamos, é possível termos uma resposta definida para a pergunta "era
Júnias um (a) apóstolo (a)?"
Gramaticalmente, a expressão "os quais são notáveis entre os apóstolos" tanto pode indicar
que Andrônico e Júnias eram apóstolos, quanto que eram tidos em alta conta pelos apóstolos
existentes. E mesmo que aceitemos que eram apóstolos, ainda resta o fato de que a palavra
apóstolo no Novo Testamento é usada, não somente para os Doze, para Paulo, e para algumas
pessoas associadas a ele, como Barnabé, Silas e Timóteo (cf. At 14.14; 1 Ts 2.6), mas para
mensageiros e enviados (este é o sentido primário de apostoloi) de igrejas locais, como
Epafrodito (Fp 2.25) e uns irmãos mencionados em 2 Coríntios 8.23.
Estes não parecem exercer governo ou autoridade sobre as igrejas locais, eram simplesmente
enviados por elas. Portanto, se Andrônico e Júnias eram apóstolos, deveriam pertencer a este
tipo de mensageiros das igrejas locais, com um ministério itinerante.
Estes "apóstolos" não tinham autoridade de governo em igrejas locais; antes, eram enviados
por elas para desempenhar diferentes funções como representantes ou emissários.
Em última análise, só podemos afirmar com certeza, a partir de Romanos 16.7, que, quem
quer que tenha sido, Júnias era uma pessoa tida em alta conta por Paulo, e que ajudou o
apóstolo em seu ministério. Não se pode afirmar com segurança que era uma mulher, nem
que era uma "apóstola", e muito menos uma como os Doze ou Paulo.13
A passagem, portanto, não serve como evidência bíblica para a ordenação feminina no
período apostólico. E essa conclusão está em harmonia com o fato de que Jesus não
escolheu mulheres para serem apóstolos. Não há nenhuma referência indisputável a uma
"apóstola" no Novo Testamento.14
B. Gálatas 3.28
Esta passagem, aclamada pelos feministas como a "Carta Magna da Humanidade",15 é, sem
dúvida, a mais usada pelos defensores da ordenação de pastoras e presbíteras: “Dessarte, não
pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque
todos vós sois um em Cristo.”
13
Cf. James B. Hurley, Man and Woman in Biblical Perspective (Grand Rapids: Academie, 1981) 121-122.
14
Alguns têm sugerido que Jesus não escolheu mulheres para o colégio apostólico por que estava restrito pela cultura da sua
época: mulheres apóstolas não seriam aceitáveis para os judeus da época, e colocariam em perigo a missão de Jesus (cf. G.
Bilezikian, Beyond Sex Roles [Grand Rapids: Baker, 1985] 236). Mas este argumento é somente especulativo, e ao final,
coloca Jesus numa situação difícil. Veja sua refutação em Piper e Grudem, Recovering, 221-222.
15 Por exemplo, Paul K. Jewett, Man as Male and Female (Grand Rapids: Eerdmans, 1975) 142.
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De acordo com os igualitaristas, esta passagem mostra, então, que estão abolidas todas as
diferenças na Igreja provocadas por raça, posição social e sexo. Com a vinda de Cristo,
acabou-se a distinção entre judeus e gentios, entre escravos e livres, e entre homens e
mulheres: todos são aceitos na Igreja, inclusive para exercer atividades, como iguais.16
Assim, argumentam, em Cristo voltamos ao propósito original de Deus na criação, que foi a
plena igualdade entre o homem e a mulher. A subordinação da mulher ao homem, continuam,
foi resultado posterior da queda (Gn 3.16b), e não fazia parte da criação de Deus. Cristo veio
abolir a maldição imposta pela queda, e nele todas as dimensões da maldição imposta à
mulher quedam-se anuladas. Impedir que as mulheres exerçam o oficialato, argumentam,
seria introduzir uma distinção na Igreja baseada em sexo, o que contraria frontalmente o
ensino de Paulo nesta passagem.
1. O contexto da passagem
Não se pode discordar de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as injustiças, o
preconceito, a opressão, o racismo, a discriminação social, bem como a exploração machista.
E nem se pode discordar de que Cristo veio nos resgatar da maldição imposta pela queda.
No capítulo 3 Paulo está expondo o papel da lei de Moisés dentro da história da salvação, que
foi o de servir de aio, para nos conduzir a Cristo (Gl 3.23-24). Com a vinda de Cristo,
continua o apóstolo, os da fé não mais estão subordinados à lei de Moisés: pelo batismo
pertencem a Cristo (3.25-27).
O assunto de Paulo, portanto, não são as funções que homens e mulheres desempenham na
Igreja de Cristo, mas a posição que todos os que crêem desfrutam diante de Deus, isto é,
herdeiros de Abraão e filhos de Deus.17
16
Cf. Robin Scroggs, "Entrar na comunidade cristã significa, portanto, filiar-se a uma sociedade na qual funções do tipo
homem-mulher, e avaliações baseadas nestas funções, têm sido descartadas" ("Women in the NT" em The Interpreter’s
Dictionary of the Bible, volume suplementar [Nashville: Abingdon Press, 1976] 966).
17
H. Wayne House, "Neither... Male nor Female... in Christ Jesus," em Bibliotheca Sacra 145 (1988) 53-55.
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2. Criação e Queda
Uma outra dificuldade com a interpretação igualitarista de Gálatas 3.28 é que parece ignorar
que Paulo, às vezes, enraíza a subordinação feminina, não na queda, mas já na própria
criação, como por exemplo, em 1 Coríntios 11.7-10 e 1 Timóteo 2.12-15.
Para não mencionar quando Paulo argumenta em favor da sujeição da esposa a partir, não da
teologia da queda, mas da teologia da própria igreja, da relação entre Cristo e sua igreja,
como em Efésios 5.22-24.
Numa recente tese de mestrado, Ann Coble demonstrou de forma convincente que nesta
passagem não está implicando igualdade, mas simplesmente unidade.18 Após dar exemplos
de interpretações desta passagem na história da Igreja (pp. 7-21), ela analisa e critica a
interpretação feita pelos progressistas ou igualitários, especialmente Krister Stendahl (pp.
22-37) e a interpretação dos diferencialistas (pp. 38-48).
Coble demonstra através de considerações léxicas e exegéticas que Gálatas 3.28 está
abordando a questão da unidade da Igreja, e não de igualdade de funções ou papéis. Ela
argumenta que a palavra "um" enfatiza unidade, não igualdade. Se Paulo quisera enfatizar
igualdade poderia ter usado palavras como "igual" ou "igualdade" (pp. 49-58).
Sua conclusão é que os estudiosos progressistas ou igualitaristas não podem usar esta
passagem como um texto chave na afirmação de oportunidades de ordenação
eclesiástica idênticas para homens e mulheres.
Uma outra dificuldade é ver nesta passagem Paulo ensinando que a subordinação imposta à
mulher como castigo (Gn. 3.16b) é plenamente removida em Cristo aqui e agora.
18
Ann Coble, "The Lexical Horizon of ‘One in Christ’: The Use of Galatians 3:28 in the Progressive-Historical Debate
over Women’s Ordination" (tese não publicada; St. Louis, Missouri; Covenant Theological Seminary, 1994).
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O ensino de Paulo sobre este assunto, ou mesmo qualquer outro, melhor entende-se da
perspectiva da história da redenção, especialmente do ensino sobre as duas eras; ou seja, que
em sua primeira vinda Cristo inaugurou a era vindoura, o mundo porvir, sem abolir a era
presente, como os judeus esperavam.
A era vindoura inaugurada por Cristo se sobrepõe a presente, e coexistem em tensão até a
consumação. No tempo presente da sobreposição das duas, quase todos os aspectos do Reino
já são antecipados de forma incipiente (escatologia inaugurada). Os crentes já desfrutam das
virtudes do mundo vindouro, e gozam antecipadamente dos benefícios conquistados por
Cristo.
Por outro lado, Paulo reconhece que há ainda aspectos ou dimensões da era vindoura que
aguardam pleno cumprimento na parousia: é o "ainda não" da escatologia futura.
Assim, Cristo já reina, mas nem tudo está já a ele sujeito (Hb. 2.8b); já temos a vida eterna, e
já fomos ressuscitados com Cristo, mas ainda não estamos livres da morte imposta por Deus
a Adão em Gênesis 3.17 (1 Co 15.20-28).
A nova criação (cf. 2 Co 5.17) já foi inaugurada, mas ainda não vemos a presente criação
liberta do cativeiro da corrupção (Rm. 8.8-25); Satanás já foi derrotado, conforme prometido
em Gênesis 3.15, mas ainda será destruído (Rm. 16.20).
Os crentes já entraram no descanso de Deus (Hb. 4.1-13), mas ainda não estão isentos do
trabalho árduo ao qual a humanidade foi submetida após a Queda (Gn. 3.17-19).
As mulheres cristãs ainda não estão livres dos sofrimentos do parto, por estarem em Cristo, e
nem igualmente deveriam esperar isenção da subordinação imposta na queda, por serem
crentes.
A plena redenção destas coisas, e das demais que ainda afligem os cristãos, homens e
mulheres, ocorrerão plenamente na parousia, quando o Senhor Jesus trouxer em plenitude o
Reino de Deus.
Portanto, não se pode usar Gálatas 3.28 como lema do igualitarismo sem que se faça
violência ao seu contexto original, sem que se ignore a teologia paulina das duas eras e
da criação do homem e da mulher.
C. Atos 2.16-18
Esta passagem é parte do sermão de Pedro, no dia de Pentecostes, quando ele cita o profeta
Joel para explicar o que acabara de acontecer consigo, e com os demais discípulos de Jesus
em Jerusalém, quando o Espírito Santo veio sobre eles (At 2.1-4). Citando Joel, Pedro diz: “E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a
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carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão
vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu
Espírito naqueles dias, e profetizarão” (At 2.17-18).
Os igualitaristas observam que a profecia de Joel citada por Pedro inclui as filhas e as servas,
tanto quanto os filhos e servos, na recepção do dom do Espírito Santo. E argumentam que
não pode haver qualquer distinção quanto ao serviço a Deus baseada em sexo, já que as
mulheres receberam o mesmo Espírito (e certamente, os mesmos dons) que os homens, o
qual foi dado para capacitar a Igreja ao serviço.
Mas não é tão simples como parece. Se as mulheres exerceram os mesmos ministérios
que os homens no período da Igreja apostólica, por que não há nenhuma menção no
Novo Testamento de apóstolas, presbíteras, pastoras ou bispas?
Por que não há qualquer recomendação de Paulo quanto à ordenação de mulheres, quando
instrui Timóteo e Tito quanto à ordenação de presbíteros?
Basta uma leitura superficial das qualificações exigidas por Paulo em 1 Timóteo 3.1-7 e Tito
1.5-9 para se ter a impressão de que o apóstolo tinha em mente a ordenação de homens: o
oficial deve ser marido de uma só esposa, deve governar bem a sua casa e seus filhos
(função do homem, nos escritos de Paulo, cf. Efésios 5.22-24).
Mas a pergunta chave é se a passagem de Atos 2.17-18 é uma autorização para que se
recebam mulheres como oficiais da Igreja. Existem algumas dificuldades em se interpretar a
passagem desta forma.
Havia profetizas na igreja apostólica, como as quatro filhas de Filipe (At 21.9; cf. 1 Co 11.5),
mas não lemos que eram presbíteras ou pastoras. Embora não tenhamos notícia no Novo
Testamento de mulheres tendo visões ou sonhos em decorrência do derramamento do
Espírito (e nem de homens, diga-se também), não é impossível que haja acontecido; mas,
neste caso, com certeza, não estava restrito a pastores e presbíteros.
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Uma outra dificuldade é o conceito que está por detrás da interpretação igualitarista desta
passagem, ou seja, que a recepção de todos os dons do Espírito (especialmente os dons
relacionados com o ensino) por parte das mulheres implica que elas deverão ser reconhecidas
e ordenadas pelas igrejas como tais.
Insistem os igualitaristas que, já que o Espírito as capacitou, a Igreja não lhes deveria negar
reconhecimento oficial através da ordenação.
A grande dificuldade é demonstrar biblicamente que na igreja apostólica este ponto foi
reconhecido. Como explicar, por exemplo, que embora Paulo reconhecesse que as mulheres
poderiam profetizar durante os cultos, tanto quanto os homens, entretanto, impõem-lhes uma
participação diferenciada destes no ato de profetizar? Se o dom profético daria às mulheres
igualdade com os homens nas funções litúrgicas, por que exigir-lhes que orem e
profetizem com a cabeça coberta, que era a expressão cultural de que estavam debaixo de
autoridade? (1 Co 11.3-15).
Além do mais, não está claro que no Novo Testamento o acesso ao oficialato era baseado
exclusivamente na posse dos dons espirituais, ou que pessoas dotadas espiritualmente eram
necessariamente ordenadas. Não nos parece ser este sempre o caso.
Embora a aptidão para ensinar (dom de ensino/mestre, Cf. Rm 12.7; Ef 4.11) e capacidade de
governar (1 Tm. 3.4-5; dom de governo, Rm. 12.8) sejam requisitos claros nas duas únicas
listas que temos no Novo Testamento das qualificações dos presbíteros e pastores (cf. 1 Tm
3.2; Tt 1.9), não há evidências no Novo Testamento de que todos que tinham estas
capacidades (ou dons) tivessem de ser, necessariamente, ordenados.
Embora estas passagens mostrem que as mulheres tiveram papel importante no nascimento e
desenvolvimento da Igreja cristã, não mostram que elas tiveram de ser ordenadas para isto.
Demonstram que as mulheres cristãs, juntamente com os homens, participam da graça de
Deus, e dos dons do Espírito, sem restrições. Entretanto, nada têm a dizer sobre ordenação
ao ministério ou ao presbiterato.
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É verdade que nenhuma delas diz explicitamente que mulheres não podem ser ordenadas
como pastoras, presbíteras, ou bispas. Entretanto, todas elas impõem restrições ao ministério
feminino, e exigem que as mulheres cristãs estejam submissas à liderança masculina.
Essas restrições têm a ver primariamente com o ensino por parte de mulheres nas igrejas. Já
que o governo das igrejas e o ensino público oficial nas mesmas são funções de pastores e
presbíteros (cf. 1 Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9), infere-se que tais funções não fazem parte do
chamado cristão das mulheres.
A. 1 Coríntios 11.3-16
Escrevendo ao crentes de Corinto acerca de questões relacionadas com o culto público, Paulo
aborda o problema causado por algumas mulheres que estavam orando, profetizando (e
provavelmente falando em línguas) com a cabeça descoberta, isto é, sem o véu, contrariando
assim o costume das igrejas cristãs primitivas (1 Co 11.16).
Ao que tudo indica, as mulheres de Corinto haviam entendido que o Evangelho havia
abolido, não somente as diferenças raciais, como também qualquer diferença de função na
Igreja entre homens e mulheres crentes.
Não usá-lo significava desonra, indecência, vergonha (1 Co. 11.5,6,14). O ensino de Paulo
em 1 Coríntios 11 é que as mulheres devem participar do culto preservando o sinal de
que estão debaixo da autoridade eclesiástica masculina.
No verso 10 Paulo se refere ao véu como sinal de autoridade (1 Co 11.10). O texto grego
original diz literalmente que "a mulher deve trazer autoridade sobre a cabeça".
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Tanto assim, que um grande número de versões inglesas traduzem exousia como "véu" ou
como "símbolo de autoridade" (NASB, NRSV, NIV, NCV, NKJV, NAS, etc; ainda a versão
Colombe, francesa, e a Reina de Valera, espanhola, e a NVI, em português).
Outras versões são mais explícitas ainda, e traduzem "símbolo da autoridade do homem"
(como a TEV e a LB).19
Tomando-se kephale ("cabeça") em seu sentido mais natural, de "autoridade", o que temos é
uma declaração de Paulo de que Deus tem autoridade sobre Cristo, Cristo tem autoridade
sobre o homem, e o homem tem autoridade sobre a mulher.
Uma cadeia hierárquica que começa na Trindade e continua na igreja e na família. Podemos
inferir (guardadas as devidas proporções) que, da mesma forma como a subordinação de
Cristo ao Pai não o torna inferior, como afirma a fé reformada em sua doutrina da Trindade,
a subordinação da mulher ao homem não a torna inferior.
19
Uma exceção é a versão americana REB, que traduz "símbolo de sua (da mulher) autoridade". Para um artigo em defesa
desta tradução, ver Morna D. Hooker, "Authority on Her Head: An examination of 1 Corinthians 11.10," em New Testament
Studies 10 (1964) 410-416.
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Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e glória, desempenham papéis
diferentes na economia da salvação (o Filho submete-se ao Pai), homem e mulher se
complementam no exercício de diferentes funções, sem que nisto haja qualquer
desvalorização ou inferiorização da mulher.
O conceito de subordinação de uns a outros tem a ver apenas com a maneira pela qual Deus
estruturou e ordenou a sociedade, a família e a igreja.20
4. Implicações da criação
Para provar que a mulher é a glória do homem (e, portanto a ele subordinada), Paulo
escreve:”Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem [Gn 2.21-23].
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do
homem” [Gn 2.18] (1 Co 11.8-9).
Paulo vê nos detalhes da criação uma ordenação divina quanto aos diferentes papéis do
homem e da mulher.
Não somente a mulher foi criada do homem, como por causa dele. Para o apóstolo, Deus
revelou pela forma como criou a mulher o seu propósito de que o homem fosse seu cabeça. E
a intenção divina deveria ser refletida no culto público. Ou seja, a mulher deveria participar
de forma condizente com sua condição de subordinação.
Ser ordenada como pastora ou presbítera implicaria que ela poderia ensinar aos
homens com a autoridade que o ofício empresta, e participar do governo da igreja,
20
Cf. Paige Patterson, "The Meaning of Authority in the Local Church," em Recovering Biblical Manhood & Womanhood:
A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem (Wheaton, IL: Crossway Books, 1991) 257.
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Há pontos difíceis de interpretar em 1 Coríntios 11, como por exemplo a menção de "anjos"
no verso 10, e a referência à "natureza" no verso 14. Entretanto, nenhuma destas dificuldades
é fatal para a compreensão do ponto central de Paulo na passagem, que é a limitação baseada
em gênero que ele coloca sobre a participação da mulher no culto.
Outros ainda insistem que Paulo estava influenciado pela cultura patriarcal da sua época, que
suas palavras são condicionadas culturalmente, e, portanto, inadequadas para as culturas e
sociedades pós-modernas do fim do século XX. Existem algumas deficiências com estas
tentativas:
Primeira, não fazem a distinção entre o princípio teológico supra cultural e a expressão
cultural deste princípio. Enquanto que o uso do véu é claramente um costume cultural, ao
mesmo tempo expressa um princípio que não está condicionado a nenhuma cultura em
particular, que é o da diferença fundamental entre o homem e a mulher. O que Paulo está
defendendo é a vigência desta diferença no culto público, o véu é apenas a forma pela qual
isto ocorreria normalmente em cidades gregas do século I.
Acresce ainda que Paulo defende o uso do véu em Corinto apelando para o costume das
igrejas cristãs em geral (1 Co 11.16), o que indica que o uso do véu não era prática restrita
apenas à igreja de Corinto, mas de todas as igrejas cristãs espalhadas pelo mundo grego.
6. Autoridade ou fonte?
Um ataque desfechado contra a passagem é que a palavra kephale no verso 3 não significa
"cabeça" e sim "fonte" ou "origem".21 Segundo esta interpretação, Paulo estaria dizendo, não
que Deus tem autoridade sobre Cristo, e o homem sobre a mulher, mas que Deus é a fonte da
qual Cristo procede, e que o homem é a fonte da qual a mulher procedeu. Assim, a idéia de
"autoridade" é removida da passagem, ou pelo menos domesticada.
21
Ver, por exemplo, o artigo de Richard S. Cervin, "Does Kephale Mean ‘Source’ or ‘Authority’ in Greek Literature? A
Rebuttal," em Trinity Journal 10 (1989) 85-112. Cervin nega o sentido "autoridade sobre" e propõe "preeminência" como
alternativa.
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Entretanto, há vários fatos que militam contra a probabilidade de esta interpretação ser a
correta:
1) Estudos exaustivos feitos na literatura grega antiga demonstram que kephale, na
esmagadora maioria de suas ocorrências, significa "cabeça" e não "fonte". Embora em alguns
casos kephale possa ter esta tradução, em nenhum deles é absolutamente certo de que "fonte"
ou "origem" é o sentido pretendido pelo autor.22
2) Na passagem paralela de Efésios 5.22-23 kephale claramente significa "cabeça" no sentido
de "ter autoridade sobre". O mesmo encontramos em Efésios 1.22. 23
7. O subordinacionismo é herético?
Estas posições tem sido rejeitadas por estudiosos evangélicos como enganosas. Em seu
estudo sobre 1 Coríntios 11, T. Schreiner demonstra como o credo Niceno afirmou a
subordinação de funções do Filho ao Pai, e do Espírito ao Pai e ao Filho, sem comprometer a
igualdade e a dignidade pessoal entre as pessoas da Trindade.
O que a Igreja rejeitou como heresia foi uma forma de subordinacionismo que predicava uma
inferioridade de essência entre o Pai, o Filho e o Espírito.26
22
O estudo mais decisivo foi feito por Wayne Grudem, no livro de George W. Knight III, The Role Relationship of Men and
Women, ed. revisada (Chicago: Moody Press, 1985) 49-80.
23
Cf. o artigo de Thomas R. Schreiner, "Head Coverings, Prophecies and the Trinity: 1 Corinthians 11:2-16," em
Recovering Biblical Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem
(Wheaton, IL: Crossway Books, 1991) 124-39.
24
Cf. Bilezikian, Beyond Sex Roles, 241.
25
R.C Kroeger e C. Kroeger, "Subordinationism," em Evangelical Dictionary of Theology, ed. Walter A. Elwell (Grand
Rapids: Baker, 1984) 1058.
26
Schreiner, "Head Coverings," 128-30. Cf. ainda Stephen D. Kovach, "Egalitarians Revamp the Doctrine of the Trinity"
em CBMW News 2/1 (1996) 1, 3-5. Talvez seja esclarecedor, a esta altura, mencionar o conceito teológico reformado de
Trindade ontológica e Trindade econômica. Por ontológica nos referimos à Trindade como ela é, como subsiste desde a
eternidade. Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em substância, possuem atributos e poderes idênticos, e portanto têm a
mesma glória. Por econômica nos referimos à Trindade como manifestada ao mundo, especialmente na história da redenção,
onde as três pessoas exercem papéis diferentes relacionados com a criação, redenção e santificação. Nesta distribuição de
atividades, o Pai envia o Filho, e o Espírito procede do Pai e do Filho. Esta subordinação do Filho ao Pai, e do Espírito ao
Pai e ao Filho é perfeitamente compatível com a igualdade predicada acerca da Trindade ontológica (Cf. Loraine Boettner,
Studies in Theology, 17ª edição [Presbyterian and Reformed, 1983] 116-7).
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1 Coríntios 11.2-16, portanto, traz implicações quanto ao ministério feminino ordenado que
não devem ser ignoradas por aqueles que defendem a ordenação de mulheres a funções
eclesiásticas de autoridade e liderança sobre homens.
No nosso entender, nenhuma das tentativas dos igualitaristas tem obtido sucesso na
domesticação destas implicações.
B. 1 Coríntios 14.33b-38
Esta é uma outra passagem da pena do apóstolo que é de relevância para o debate sobre o
ministério feminino ordenado, pois nela Paulo impõe algum tipo de restrição à fala das
mulheres na Igreja: “Como em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres
caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também
a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu
próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.” (1 Co 14.33b-35).
1. O problema textual
Existe um problema textual que temos de enfrentar, antes de podermos trazer esta passagem
para o debate. Embora os versos 34-35 apareçam em todos os manuscritos existentes de 1
Coríntios 14, contudo, nas testemunhas ocidentais (manuscritos e versões), aparecem após o
verso 40, ao fim do capítulo.
A maioria dos estudiosos admite a complicação textual envolvendo estes versos, mas também
reconhece que a passagem deve ser original, visto que não é omitida em nenhum dos
manuscritos que temos.
O conhecido estudioso Gordon Fee tem dado alguma credibilidade à tese de que estes versos
não foram escritos por Paulo, mas são interpolação posterior de um escriba.27 Entretanto, a
tese de Fee não tem sido aceita pela maioria dos estudiosos, e tem sido respondida à altura
por eruditos como D. A. Carson.28 Prevalece o consenso de que, apesar das dificuldades
textuais, os versos 34-35 foram escritos por Paulo após o verso 33, como atestam os melhores
manuscritos.29
A questão central relacionada com a passagem é que tipo de restrição Paulo está impondo às
mulheres. Essa restrição não parece ser absoluta, ao ponto de reduzir as mulheres ao silêncio
total nos cultos, já que ele, em 1 Coríntios 11.5, deixa a entender que elas poderiam orar e
27
Cf. Gordon D. Fee, The First Epistle to the Corinthians, em New International Commentary on the New Testament
(Grand Rapids: Eerdmans, 1987).
28
Veja a crítica de Carson à tese de Fee em "Silent in the Churches," em Recovering Biblical Manhood & Womanhood: A
Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem (Wheaton, IL: Crossway Books, 1991) 141-45.
29
Existe ainda a questão da pontuação do verso 33. O ponto final deve ser colocado antes ou depois da expressão "como em
todas as igrejas dos santos"? Se colocado depois, o verso leria assim: "Deus não é de confusão, mas de paz, como em todas
as igrejas dos santos". Se antes, como na versão Almeida Atualizada 2a. edição, teríamos: "Como em todas as igrejas dos
santos, conservem-se as mulheres caladas nas igrejas..." Esta última pontuação é favorecida pela maioria das traduções e
dos estudiosos.
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profetizar durante as reuniões, desde que se apresentassem de forma própria, refletindo que
estavam debaixo da autoridade masculina.30
A dificuldade é que "falar" é um termo bem genérico (laleo), e Paulo não coloca qualquer
qualificação ao mesmo. Para alguns, Paulo está proibindo que as mulheres falem em línguas;
outros, que elas conversem em voz alta durante os cultos. Mas estas proibições se poderiam
estender também aos homens, por que não?
No entanto, transparece que a proibição de Paulo leva em conta o gênero. Ainda outros
pensam que a proibição refere-se apenas às mulheres casadas. Nenhuma destas interpretações
é realmente convincente; todas elas têm sido refutadas habilmente por estudiosos.31
No meu entender, a interpretação que traz menos problemas é a que defende que Paulo tem
em mente um tipo de "fala" pelas mulheres nas igrejas que implique em uma posição de
autoridade eclesiástica sobre os homens crentes.
Elas podiam falar nos cultos, mas não de forma a parecer insubmissas, cf. v.34b.
No contexto imediato Paulo fala do julgamento dos profetas no culto (v. 29), o que
envolveria certamente questionamentos, e mesmo a correção dos profetas por parte da igreja
reunida.
A determinação de Paulo está de acordo com o espírito cristão em todas as demais igrejas,
14.33b. Portanto, não é paroquial, apenas para a situação da igreja de Corinto. Está conforme
a "lei", uma provável referência às Escrituras, onde claramente se ensina que Deus atribuiu
ao homem e à mulher papéis diferentes na família e na igreja, 14.34b.
E as igrejas de Corinto não deveriam se insurgir contra o costume das demais igrejas e contra
o ensino apostólico, 14.36-38. Elas não eram a "igreja mãe", de onde a Palavra de Deus havia
surgido, 14.36. Seus líderes, os profetas e os "espirituais", deveriam reconhecer a autoridade
apostólica de Paulo e se submeter ao seu ensino sobre este assunto, 14.37-38.
Fica evidente que Paulo está estabelecendo um princípio permanente para as igrejas, e
não apenas fazendo jurisprudência teológica local.
30
Apesar disto, ainda há quem procure defender que Paulo está impondo silêncio absoluto às mulheres. Mas isto só é
possível aceitando-se que Paulo está se contradizendo na mesma carta, no curto espaço de quatro capítulos, ou que no
capítulo 11 ele se refere a um tipo de reunião, enquanto que no capítulo 14, a outra — algo totalmente improvável pelo
contexto. Cf. Carson, "Silent in the Churches," 145-6.
31
Carson analisa e rebate cada uma delas, cf. "Silent in the Churches," 146-51.
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A passagem assim entendida está em consonância com 1 Coríntios 11, onde Paulo faz uma
diferença entre a participação do homem e da mulher no culto.
Enquanto que ali Paulo requer delas que se apresentem submissas à liderança masculina, aqui
no capítulo 14 determina-lhes que não falem de forma a parecer que estão na liderança.
As implicações destas passagens para o debate acerca da ordenação feminina são claras.
Elas deixam claro que Paulo não era um igualitarista.
C. 1 Timóteo 2.11-15
Em sua primeira carta a Timóteo, seu colaborador e filho na fé, e que estava encarregado da
igreja de Éfeso, Paulo faz as seguintes determinações quanto às mulheres: “A mulher
aprenda em silêncio, com toda submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que
exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado
Adão, depois Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão. Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se elas permanecerem
em fé e amor e santificação, com bom senso” (1 Tm 2.11-15, Almeida Atualizada, 1a.
edição).
Esta é provavelmente a passagem mais importante para a discussão sobre o ministério
feminino ordenado. E tem padecido muito nas mãos dos intérpretes.
Elas, por sua vez, não tinham permissão para ensinar os homens com esta autoridade,
nem exercê-la nas igrejas sobre eles, mas deviam submeter-se em silêncio (v.12).
A causa apresentada pelo apóstolo é dupla: Deus primeiro formou o homem, e depois a
mulher (v.13). E ela foi iludida por Satanás e pecou (v. 14).
1. A heresia de Éfeso
Paulo não dá muitos detalhes na carta sobre a natureza dessa heresia, provavelmente porque
Timóteo estava perfeitamente a par do problema.
32
Esta reconstrução é baseada no artigo de Douglas Moo, "What Does It Mean Not to Teach or Have Authority Over Men?"
em Recovering Biblical Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem
(Wheaton, IL: Crossway Books, 1991) 180-2.
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O programa dos falsos mestres incluía denegrir o casamento, e isso certamente induziria ao
abandono das funções tradicionais da mulher no lar.
Desde que Paulo considera o ensino dos falsos mestres como sendo "ensino de demônios"
(4.1-2), segue-se que ir após Satanás seria aceitar o ensino dos falsos mestres em oposição ao
que Paulo ordena em 5.14.
Uma outra evidência é 1 Timóteo 2.15. Embora não saibamos com exatidão o que Paulo quer
dizer com "será salva", está claro que o apóstolo está insistindo no papel natural da mulher
como mãe, uma insistência que se torna óbvia quando pensamos no ensino dos falsos mestres
desvalorizando o casamento.
Embora não saibamos os motivos com exatidão, transparece claramente que o ensino dos
falsos mestres em Éfeso incluía a rejeição dos papéis tradicionais das mulheres no
casamento, e um encorajamento a que elas reivindicassem papéis iguais na igreja e nos lares.
A situação parece bastante similar à da igreja de Corinto, onde as mulheres procuravam
exercer no culto funções até então privativas dos homens cristãos.
É contra este pano de fundo que Paulo determina às mulheres da igreja de Éfeso que
aprendam em silêncio, que não ensinem nem exerçam autoridade sobre os homens, e que
estejam em perfeita submissão (1 Tm 2.12).33
33
Uma outra corrente de interpretação sugere que o background de 1 Timóteo 2.11-15 era que mulheres ricas e bem
educadas da igreja de Éfeso estavam perturbando o ensino dos presbíteros no culto, interrompendo-os e querendo elas
mesmas ensinar. Cf. Paul W. Barnett, "Wives and Women’s Ministry (1 Timothy 2.11-15)," em Evangelical Quarterly 61/3
(1989) 225-38. Esta interpretação reivindica ter a seu favor o contexto imediato, em que Paulo, aparentemente, estaria
corrigindo mulheres ricas quanto ao vestuário e estilo de cabelo a ser usado em público nas igrejas (cf. 2.9-10). Não é claro,
entretanto, que a exortação de Paulo nestes versos nos permita inferir a existência e atuação de mulheres ricas e educadas
nos cultos da igreja de Éfeso. As evidências da carta favorecem mais a tese da heresia feminista.
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O ensino de Paulo neste versículo torna-se mais claro quando entendido à luz desta
reconstrução. Vejamos com mais detalhes alguns dos pontos mais decisivos de 1 Timóteo
2.12:
Primeiro, Paulo diz não permitir que a mulher ensine nas igrejas. Ensinar, no Novo
Testamento, é uma atividade bem ampla. Todos os cristãos podem ensinar, quer por exemplo,
quer pelo seu testemunho, quer em conversação.
O próprio apóstolo determina que as mulheres idosas ensinem as mais novas a amarem seus
maridos (Tt 2.3-5). Assim, fica claro que Paulo não está passando um proibição geral.
Transparece do texto que ele não permite que a mulher, em posição de autoridade, ensine
os homens.
Nas Cartas Pastorais, ensinar sempre tem o sentido restrito de instrução doutrinária
autoritativa, feita com o peso da autoridade oficial dos pastores e presbíteros (1 Tm 4.11; 6.2;
5.17).
Ao que tudo indica, algumas mulheres da igreja de Éfeso, insufladas pelo ensino dos falsos
mestres, estavam querendo essa posição oficial para ensinar nas assembléias cristãs.
Paulo, porém, corrige a situação determinando que elas não assumam posição de liderança
autorizada nas igrejas, para ensinarem doutrina cristã nos cultos, onde certamente homens
estariam presentes. Paulo não está proibindo todo e qualquer tipo de ensino feito por
mulheres nas igrejas. Profetizas na igreja apostólica certamente tinham algo a dizer aos
homens durante os cultos.
O ensinar que Paulo não permite é aquele em que a mulher assume uma posição de
autoridade eclesiástica sobre o homem. Isso é evidente do fato que Paulo fundamenta seu
ensino nas diferenças com que homem e mulher foram criados (v. 13), e pela frase
"autoridade sobre o homem" (v. 12b). Um equivalente moderno seria a ordenação como
ministro da Palavra, para pregar a Palavra de Deus numa igreja local.34
Isto nos leva ao ponto seguinte. Paulo diz também não permitir que a mulher exerça
autoridade sobre o homem. A Almeida Atualizada, em sua 2ª edição, traduziu diferentemente
esta passagem. Em vez de preservar a leitura da 1ª edição, "exerça autoridade sobre o
homem", preferiu traduzir o genitivo como "de homem".
34
Ver 2 Timóteo 4.2, onde Paulo ordena a Timóteo que pregue a Palavra com toda doutrina.
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O resultado é "não permito que a mulher ... exerça autoridade de homem". A tradução é
gramaticalmente possível, e se encaixa no contexto geral do ensino paulino, onde a
autoridade didática e o governo nas igrejas é função dos homens cristãos.
Mas, introduz uma expressão que é absolutamente nova e estranha ao vocabulário de Paulo.
É talvez preferível permanecer com a tradução anterior, que também é gramaticalmente
possível, além de soar mais como Paulo.
De qualquer forma, fica evidente que a atitude que o apóstolo exigia das mulheres cristãs
de Éfeso, envenenadas pelo ensino dos falsos mestres, era de submissão e silêncio, quanto
ao aprendizado da doutrina cristã nas assembléias.
A proibição de exercer autoridade sobre os homens exclui as mulheres do ofício de
presbítero, que é essencialmente o de governar e presidir a casa de Deus (1 Tm 3.4-5; 5.17),
embora não as exclua de exercer outras atividades nas igrejas.35
Uma outra questão é a tradução de palavras que tanto podem significar "mulher" e "homem"
no sentido mais geral, quanto "esposa" e "marido".
Mas, esta última interpretação é improvável. O contexto e a maneira de Paulo construir suas
frases apontam na outra direção.
Como observa Douglas Moo, se Paulo desejasse se referir a maridos, teria usado um artigo
definido ou um pronome possessivo antes. Neste caso, a frase ficaria assim: "Não permito
que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre seu marido", como fez em Efésios
5.22; cf. Cl 3.18. Além disto, o contexto claramente trata de homem e mulher genericamente,
cf. 1 Tm 2.8-9.36
5. Paulo e o "Paulinista"
Alguns ainda rejeitam 1 Timóteo 2.11-15 por ser parte de uma carta cuja autoria e
genuinidade são disputadas. A grande maioria dos estudiosos liberais aceita como fato que as
Cartas Pastorais (1 e 2 Timóteo, e Tito) foram escritas por um admirador de Paulo, chamado
por alguns estudiosos de "Paulinista", que usou seu nome e imitou seu estilo, muito tempo
35
Presbíteros eram líderes, oficialmente reconhecidos (At 14.23; Tt 1.5; Fp 1.1) e ordenados pelas igrejas pela imposição de
mãos (1 Tm 5.22; cf. 1 Tm 4.14; At 13.1-3), que tinham três funções básicas: Afadigar-se no estudo e exposição da Palavra
(1 Tm 5.17), governar a igreja (1 Tm 5.17; cf. 1 Tm 3.4-5; Hb 13,7,17; At 20.28; 1 Pe 5.1-4), e presidir e promover a
ordenação de outros presbíteros (Tt 1.5; 1 Tm 3.1ss; 5.22).
36
Moo, "What Does It Mean," 188.
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depois da sua morte. E que escreveu coisas contrárias ao verdadeiro Paulo, tais como estas
determinações reduzindo as mulheres ao silêncio e à submissão.
Alguns destes estudiosos, como W.O. Walker acreditam que o apóstolo Paulo era um
igualitarista, que libertou as mulheres dos preconceitos e da dominação masculina e
patriarcal vigentes (Gálatas 3.28), mas teve sua mensagem posteriormente deturpada pelo
"Paulinista", que pregava a subordinação das mulheres no nome de Paulo (Cartas
Pastorais).37
A conclusão deles é que não se pode estabelecer doutrinas ou princípios práticos para as
igrejas de hoje baseados em uma passagem que não foi escrita pelo verdadeiro Paulo.
Os que pensam assim, rejeitam igualmente passagens como 1 Coríntios 11.2-16 e 14.34-35,
como tendo sido escritas posteriormente pelo "Paulinista".
Não temos espaço neste artigo para expor os argumentos dos estudiosos conservadores em
favor da genuinidade das Pastorais.38 Podemos apenas dizer que os argumentos apresentados
contra a autoria paulina não são convincentes a ponto de abandonarmos o que a Igreja vem
aceitando faz séculos.
Segundo os defensores desta posição, 1 Timóteo 2.11-15 não tem mais qualquer relevância
para as mulheres de hoje, visto que foi escrito para corrigir as mulheres que haviam sido
iludidas pela heresia de Éfeso, que já não mais existe desde o século I. Além do mais,
argumentam, não existe hoje, na maioria das igrejas cristãs, algo que corresponda ao ensino
doutrinário autoritativo do século I. Portanto, esta passagem não se constitui em um
empecilho para a ordenação de mulheres como pastoras e presbíteras.
1) Quase que todos os livros do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma situação
específica de uma ou mais comunidades cristãs do século I, e nem por isto intérpretes
37
Cf. Joyce Baldwin, Women Likewise (London: Falcon, 1973) 21-22.
38
Cf. W.O. Walker, "The ‘Theology of Woman’s Place’ and the ‘Paulinist Tradition" em Semeia 28 (1983) 101-12.
Para uma defesa conservadora clássica da autoria paulina das Pastorais, ver Donald Guthrie, New Testament Introduction, 3ª
ed. rev. (Downers Grove, IL: Intervarsity Press, 1970) 584-621.
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A carta aos Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe a doutrina da justificação pela fé
somente, foi escrita para combater o legalismo dos judaizantes que procuravam minar as
igrejas gentílicas da Galácia, em meados do século I.
Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé não tem mais relevância
para as igrejas do final do século XX, por ter sido exposto em reação a uma heresia que
afligia igrejas locais no século I?
O ponto é que existem princípios e verdades permanentes que foram expressos para atender a
questões locais, culturais e passageiras. Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio
teológico permanece.
Ou seja, o ensino de que as mulheres devem estar submissas à liderança masculina nas
igrejas e na família, sem ocupar posições de liderança e governo, é o princípio permanente e
válido para todas as épocas e culturas.
2) É evidente que há elementos no Novo Testamento que pertencem à cultura do século I. Por
exemplo, nenhum estudioso sério afirmaria que a orientação de Paulo para que os cristãos se
saúdem com "ósculo santo" (1 Co 16.20) é para ser observada literalmente nas igrejas
ocidentais contemporâneas.
Entretanto, o princípio que está por detrás desta orientação é permanente, ou seja, que os
cristãos devem se saudar de forma santa, qualquer que seja a época ou cultura em que vivam.
Obviamente, a forma em que essa saudação ocorrerá dependerá dos costumes locais, mas o
princípio permanece o mesmo.
É exatamente o que ocorre quanto à determinação de Paulo para que as mulheres de Corinto
usem o véu. O princípio por detrás desta ordem, conforme estudamos acima é o de se
apresentarem nos cultos em plena submissão à liderança masculina cristã.
O uso do véu é a forma contextualizada pelo qual esse princípio se expressava. Hoje em dia,
nas culturas ocidentais, o uso do véu não é uma expressão apropriada deste princípio.
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A intenção de Paulo não é apenas paroquial, mas universal em sua aplicação, visto que ele
quer que os cristãos orem "por todos os homens" (2.1), por "todos os que se acham investidos
de autoridade" (2.2), visto que Deus quer que "todos os homens sejam salvos" (2.4). Assim,
os varões devem "orar em todo lugar" (2.8). O ensino de Paulo, portanto, tem a ver com
"todos os homens... em todo lugar".39 Isto não quer dizer que não reconheçamos as
circunstâncias particulares da igreja de Éfeso, mas sim que elas foram o catalisador histórico
para admoestações gerais e permanentes.
7. O caráter permanente do ensino de Paulo
Após proibir que as mulheres ensinem e exerçam autoridade sobre os homens (1 Tm 2.12),
Paulo dá a causa para sua proibição nos versos 13 e 14:
O primeiro é baseado na forma como Deus criou o homem e a mulher, ou seja, o homem foi
criado primeiro (v.13).A seqüência temporal para Paulo tem significado teológico e
implicações práticas quanto ao ministério feminino na Igreja de Cristo. O fato de que o
homem foi criado primeiro indica sua liderança sobre a mulher.
E o fato de que a mulher foi criada em seguida, como auxiliadora, indica sua posição de
submissão (cf. Gênesis 2).
Para o apóstolo, se uma mulher ensina (prega) doutrina com autoridade sobre homens,
está violando este princípio inerente à criação.
É importante observar que Paulo enraíza sua proibição nas circunstâncias da criação, e não da
queda, somente.
Portanto, como observa Moo, ele não considera estas restrições sobre as mulheres como
sendo apenas resultado da queda, e portanto, também não espera que sejam removidas com
a redenção que há em Cristo. 40
1 Timóteo 2.13 é um versículo simples e direto, que intérpretes igualitaristas têm dificuldade
em explicar. Thomas Schreiner, em recente livro combatendo o igualitarismo, alista as
tentativas de feministas evangélicos de descartar 1 Timóteo 2.13: “ ... Mary Evans diz que a
relevância do verso 13 para o verso 12 é obscura, e que o verso 13 simplesmente introduz o
verso seguinte sobre Eva. Gordon Fee afirma que o verso 13 não é central para o argumento
de Paulo. Timothy Harris diz que o verso "é difícil de entender de qualquer ponto de vista".
Craig Keener pensa que o argumento de Paulo aqui é difícil de perscrutar. David Scholer
protesta que o texto é obscuro, e que Paulo está fazendo uma citação seletiva de Gênesis 2.
39
Barnett, "Wives and Women’s Ministry," 225.
40
Moo, "What Does It Mean," 190.
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Steve Motyer diz que lógica e justiça ficam anuladas se a interpretação histórica deste verso
for aceita.”41
O segundo motivo é fundamentado no fato de que não foi Adão, mas sim Eva, quem foi
iludida por Satanás e desobedeceu a lei de Deus (v.14).
Para alguns, Paulo está citando a maneira pela qual o primeiro casal caiu em pecado para
mostrar que a mulher é mais crédula ao erro religioso, e mais susceptível de ser enganada
por Satanás (cf. 2 Co 11.3); portanto, não deve ocupar funções de ensino doutrinário nas
igrejas, para que não caiam em heresia, e induzam outros.
Embora possa haver alguma verdade neste pensamento, é mais provável que Paulo esteja
citando o incidente para mostrar o que ocorreu quando Eva tomou a liderança que havia sido
dada a Adão.
Uma leitura cuidadosa de Gênesis 3 mostra como a mulher entrou em diálogo com o tentador
(Gn 3.1-5), e como, assumindo a liderança, tomou do fruto e deu-o a seu marido, levando-o
ao pecado (3.6).
As palavras do Senhor Deus ao homem, "porque atendeste a voz da tua mulher" (3.17),
soam, assim, como uma repreensão por Adão ter aceitado a liderança da sua esposa na
transgressão. E o castigo imposto por Deus à mulher, de que seria dominada pelo homem,
encaixa-se com essa dimensão do pecado da mulher (3.16). Portanto, o que Paulo quer
mostrar em 1 Timóteo 2.13, não é que o homem não peca, ou que não pode ser enganado por
Satanás, mas sim, o que ocorre quando homem e mulher revertem os papéis que Deus lhes
determinou.42
O apelo de Paulo às Escrituras demonstra que, para ele, as causas dos diferentes papéis do
homem e da mulher estão enraizadas nas circunstâncias em que a criação e a queda
aconteceram, e não em demandas provisórias das igrejas e nem em aspectos culturais da
época.
Conclusões
O meu alvo neste artigo foi demonstrar a importância de levarmos em conta o ensino do
Novo Testamento no debate acerca do ministério feminino ordenado.
A nossa análise das passagens mais usadas para defender a ordenação de mulheres ao
pastorado ou presbiterato demonstrou que elas não dão suporte às pretensões do programa
41
Thomas Schreiner, "An Interpretation of 1 Timothy 2.9-15: A Dialogue with Scholarship," em Women in the Church: A
Fresh Analysis of 1 Timothy 2.9-15, eds. Andreas Köstenberg, etc. (Grand Rapids: Baker, 1995) 136.
42
Cf. John Piper and Wayne Grudem, "An Overview of Central Concerns: Questions and Answers," em Recovering Biblical
Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism, eds. John Piper e Wayne Grudem (Wheaton, IL: Crossway
Books, 1991) 73.
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igualitarista, embora certamente nos ensinem que devemos encorajar e defender o ministério
feminino em nossas igrejas.
Por outro lado, nossa análise das três principais passagens usadas como evidência de que
Deus não intentou que as mulheres cristãs ministrassem nas igrejas aos homens, de uma
posição de autoridade, quer ensinando-os ou governando-os, mostrou que a interpretação
diferencialista destas passagens encaixa-se nos seus contextos, honra a aplicabilidade dos
princípios bíblicos para nossos dias, e responde satisfatoriamente às objeções.
Minha conclusão é que não há respaldo bíblico suficiente para que se recebam mulheres
ao pastorado, presbiterato ou bispado de igrejas cristãs locais, onde irão, como tais,
presidir, governar, e ensinar doutrina aos homens.
Uma palavra final: Os presbíteros exerciam a autoridade e o governo nas igrejas, mas não
eram absolutos. Poderiam ser repreendidos, se falhassem (1 Tm 5.19-20), e deveriam exercer
sua autoridade não como dominadores, mas como exemplos (1 Pe 5.5).
Sua autoridade era limitada pelo ensino de Jesus e dos apóstolos, que hoje se encontram nas
Escrituras. Não poderiam ir de encontro a este ensino, como hoje presbíteros, conselhos e
concílios em geral também não podem.
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• Textos bíblicos utilizados – I Tm. 2.11-14; I Co. 14.33b-36; I Tm. 3.1-7; Tt. 1.5-9
• Os modelos de liderança na família refletem os modelos de liderança na igreja, e vice-
versa.
• Jesus estabeleceu um modelo de liderança masculina na igreja quando designou doze
homens como apóstolos.
• A história da liderança na Bíblia é predominantemente masculina.
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V - OS MEIOS DA GRAÇA
O apóstolo Pedro declara que, segundo o poder de Deus “nos tem sido doadas todas as coisas
que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para
a sua própria glória (II Pe. 1.3).
Em teologia denominamos essas “coisas que nos conduzem à piedade”, de meios de graça ou
meios de santificação.
1. DEFINIÇÃO
De forma genérica, considerando que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a
Deus, pode-se dizer que todas as coisas, inclusive os sofrimentos e aflições, constituem-se
em meios de graça para nós (Rm 8:28; Rm. 5:2-3; Tg. 1:2-3; I Pe. 1:6-9).
No entanto, a expressão “meios de graça” tem um sentido mais restrito, que são os meios
exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção, que são: a
Palavra, a oração e as ordenanças, ou seja, influências sobrenaturais do Espírito Santo para a
alma dos homens.
2. MEIOS DA GRAÇA
Em uma visão mais abrangente, porém, os Meios da Graça são:
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VI - AS ORDENANÇAS
• O batismo é necessário?
Embora reconheçamos que Jesus ordenou o batismo à semelhança do que fizeram
os apóstolos não devemos dizer que o batismo seja necessário para a salvação.
Mt. 28.19; At. 2.38; Gl. 5.1-12; Lc. 23.43; Hb. 9.17; Jo. 19.32-33
2. Os Modos de Batismo
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E tomam a submersão do crente como "um ato de identificação (com o Cristo) onde não
importa o exato modo exigido pela palavra no grego". Em conseqüência disso, absurdamente
chamam de batismo:
- ASPERSÃO - borrifo de água sobre a cabeça reclinada sobre a pia alta batismal. Isto é
praticado por romanistas, presbiterianos, congregacionais, metade dos metodistas, metade
dos do Evangelho Livre, etc.
- EFUSÃO (derramamento) de jarra de água sobre a cabeça do crente de joelhos sobre algo
parecido com uma banheira baixa. Isto é praticado por metade dos metodistas, metade dos dp
Evangelho Livre, etc.
Talvez mais sangue de mártires tenha sido derramado por causa de alguns crentes fiéis
batizarem biblicamente por submersão, do que por qualquer outra coisa. Eles foram mortos
por batizarem somente crentes maduros (e não criancinhas); por batizarem os que já tinham
sido "batizados por aspersão ou efusão"; por batizarem os que já tinham sido "batizados"
ainda criancinhas; por batizarem os que já tinham sido "batizados”, mas sem possuírem a
verdadeira fé salvadora; ou por batizarem por submersão [claro]:
O único modo bíblico de batizar, como veremos, é por submersão total do crente, em água,
uma só vez, deitando na água para trás:
1) O grego koinê exige que o significado original e principal de "batismo" (baptisma) seja
submersão, a completa cobertura pela água, ficando totalmente envolto dentro dela; e
significado de "batizar" (baptizô) seja submergir, completamente imergir dentro da água.
Basta examinar bons e imparciais léxicos do grego koinê e do grego clássico, e até mesmo os
bons dicionários etimológicos de todas as línguas modernas.
Em toda a literatura grega (secular e religiosa, pagã e cristã), não se conhece exceção alguma
onde "baptisma" não signifique submersão, ou onde "baptizô" não significa submergir.
Thomas J. Conant, em "Meaning and Use of Baptizein", assim sumariza seu monumental
estudo do uso da palavra através de toda a literatura grega: "Em resumo, a palavra tem retido
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seu significado original sem mudança. Desde o nascimento da literatura grega até a sua
morte, um período de cerca de 2000 anos, nem [sequer] um exemplo tem sido encontrado no
qual a palavra tenha outro significado."
Do mesmo modo que o sacrifício pascal tinha que ser de um cordeiro imaculado, apontando
para o Cristo, e não o sacrifício de qualquer outro animal, mesmo que se convencionasse que
este também faz o mesmo papel do cordeiro; do mesmo modo que a ceia é com pão e suco de
uva, e não com qualquer outra comida e bebida), assim também o batismo é identificatório
com o Cristo, mas, antes de qualquer coisa, é submersão, exatamente como na Bíblia e nos
dicionários do grego koinê, não é apenas identificação com o Cristo, não importando se por
feito por submersão ou por algo mais cômodo.
3) O grego koinê tem palavras perfeitas para aspersão (rhantizo, Hb. 9:13) e para efusão
(katacheo, Mc. 14:3), mas o Novo Testamento nunca as utilizou para o rito simbólico
ordenado pelo próprio Cristo.
4) O simbolismo do Novo Testamento exige que "batismo seja por submersão". Rm. 6:3-11
(sepultamento); Cl. 2:12 (sepultamento).
5) Os gregos (desde o século 1 até hoje) adotam submersão. Dizer "batismo (submersão) por
aspersão ou por efusão" é tão ridículo como impossível, mesmo no grego moderno.
Estas tremendas contradições de termos jamais foram aceitos na Grécia, por ninguém (afinal,
os gregos sabiam e sabem grego! É impossível enganá-los quanto a significados na própria
língua deles!).
De Stourdza, o maior teólogo grego moderno, escreveu que "baptizô" sempre significa
mergulhar, literalmente. Afirma que "O batismo e a submersão, portanto, são idênticos; e
dizer “batismo por aspersão” é como se alguém dissesse “'submersão por aspersão” ou
qualquer outra besteira da mesma natureza."
6) A História exige que "batismo seja por submersão". Em todo o mundo, outros modos de
"submergir" foram totalmente desconhecidos nos 2 primeiros séculos da Igreja, surgindo
somente depois, devagar e controvertidamente, devido à conveniências (escassez de água;
falta de instalações) ou à inconveniências para os velhos e enfermos (“crer” é que é
indispensável para salvação); orgulho e vaidade.
Entre 250 e 257 d.C.: Cipriano (200-257 dC), em Cartago, introduziu as doutrinas
antibíblicas da regeneração batismal, da sucessão apostólica, do primado de Pedro, e do
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primado do bispo de Roma (suas idéias somente vingaram completamente alguns séculos
depois, mas pode-se dizer que Cipriano foi o precursor do romanismo);
Cerca de 250 d.C: Novaciano, doente, pensando estar à morte, sem poder receber a
submersão, mas em dúvida e com medo de talvez não se salvar sem ela, tentou imitá-la o
melhor que pôde, fazendo-se enrolar completamente com lençóis, e água morna encharcá-los.
Este foi o primeiro "batismo não por real submersão" registrada na História.
Novaciano sobreviveu e, depois, parece que se firmou mais, pelo menos em algumas
doutrinas, e pregou muitas das características consideradas distintivas dos batistas. (Mas não
se sabe se, depois, foi realmente submerso, ou não.)
Cerca de 337 d.C: Constantino deu ordem para adiar seu batismo até entrar em estado de
inconsciência pré-morte, pois pensava garantir assim o perdão de todos os seus pecados do
passado, sem lhe dar tempo para cometer novos pecados e perder sua salvação: sendo
impossível realmente submergir alguém neste estado, inventaram "submersão clínica", isto é,
o oximoro: "batismo por aspersão".
Cerca de 1311, no Concílio de Ravena, o bispo de Roma (isto é, o Papa) autoriza aspersão
como alternativa para submersão, mesmo em casos de doença não impossibilitarem a
submersão.
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Textos como At. 2:38, "em nome de Jesus, o Cristo", At. 8:16 e 19:5 "em nome do Senhor
Jesus", e At. 10:48 "em nome do Senhor" não invalidam a fórmula trinitariana, pois apenas
significam que Lucas desejava mostrar a diferença do batismo de Jesus, que é para já os
salvos, com o batismo de João (o Batista), que era para arrependimento, uma preparação para
os que iriam se salvar.
4. Quando batizar?
Em primeiro lugar, o Novo Testamento não exige que o façamos, neste assunto; não proíbe
direta nem indiretamente que usemos de certas precauções adicionais, quando necessárias.
Em segundo lugar, temos que notar que a grande maioria dos convertidos descritos no Novo
Testamento, antes mesmo da salvação, já tinham uma vida de profundo conhecimento da
Bíblia e da doutrina. Eram judeus ensinados durante anos nas sinagogas, depois por João o
Batista, depois pelo próprio Senhor Jesus, o Cristo, r depois por seus apóstolos e discípulos.
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grande maioria dos convertidos vem da mais completa cegueira do catolicismo romano, do
espiritismo, de outras seitas, do materialismo e ateísmo práticos.
Por isso, a experiência mostra que hoje é geralmente aconselhável que, antes da submersão, o
batizando passe algum tempo sendo instruídos quanto às doutrinas-leite, ou fundamentais,
sobre Cristo, pecado, salvação, batismo, obediência, mordomia, etc.
Deve também avaliado quanto ao seu testemunho antes e depois da alegada salvação (em
particular seu estado civil, seu comportamento sexual aparente, a legitimidade de seus
negócios, etc), e quanto aos frutos apresentados por ser verdadeiramente uma nova criatura.
Usualmente isto exigirá pelo menos algumas semanas ou mesmo alguns poucos meses.
Imediatamente depois de devidamente instruído e comprovado pelos frutos, ele deve ser
batizado.
4) Têm mostrado frutos convincentes, incluindo o sincero desejo de obedecer toda a lei de
Deus, e isto inclui também obedecer todas as leis do país que não contrariem diretamente à
Bíblia, inclusive as leis do país quanto ao casamento.
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A idéia de um crente não anelar ser um ativo e vibrante membro de uma igreja local, mesmo
com os maiores sacrifícios, simplesmente não tem a menor guarida no Novo Testamento.
Não somos forçados a imitar essas igrejas. Em primeiro lugar, o Novo Testamento não exige
que o façamos; neste assunto, não proíbe direta nem indiretamente que usemos de certas
precauções adicionais, quando necessárias. Em segundo lugar, temos que notar que a grande
maioria dos convertidos descritos no Novo Testamento, antes mesmo da salvação já tinha
toda uma vida de profundo conhecimento da Bíblia e da doutrina.
Por isso, a experiência mostra que hoje é geralmente aconselhável que, mesmo depois do
batismo, o candidato leve ainda mais algum tempo sendo mais instruído quanto às doutrinas
centrais da bíblia, sobre a Declaração de Fé e Estatuto da igreja local, para em seguida ser
inscrito no rol de membros.
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2. A CEIA DO SENHOR
“A ceia do Senhor aponta para uma refeição de comunhão mais maravilhosa na presença
de Deus, no futuro, quando a comunhão do Éden será restaurada e haverá então uma
alegria ainda maior, porque os que comem na presença de Deus serão pecadores
perdoados, agora confirmados em justiça, incapazes de pecar outra vez.” Wayne Grudem
• Ceia do Senhor - I Co. 11:20: “Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a
ceia do Senhor que comeis”
• Mesa do Senhor - I Co. 10:21: “ Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos
demônios; não podeis ser participantes da mesa do
Senhor e da mesa dos demônios”
• Partir do pão – At. 2:42; 20:7 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações”
“o primeiro dia da semana, estando nós reunidos
com o fim de partir o pão...”
20.7 O primeiro dia da semana: Lembrado por ser o dia da ressurreição de Jesus (Mt 28.1; Mc 16.1-2,9; Lc
24.1; Jo 20.1,19); por isso mesmo, chegou a ser o dia de reunião dos cristãos desde os primeiros tempos.
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Foi o próprio Senhor Jesus, o Cristo Mt. 26:26-28; Mc. 14:22-24; Lc. 22:17-20; I Co.
11:23-26.
A ceia foi uma das 4 partes específicas e integrais dos primeiros cultos, presididos pelos
apóstolos, juntamente com: 1) ensino doutrinário; 2) comunhão em adoração (propósito,
trabalho e gozo em comum); e 3) oração.
Paulo instituiu a Ceia nas igrejas locais que plantou e organizou (I Co. 11:23), e todos os
apóstolos e os 70 discípulos fizeram o mesmo.
Menciona-se aqui e em 1Co 16.2 e com freqüência na literatura cristã dos primeiros séculos. d.C., onde se
chama “dia do Senhor” (Ap 1.10, nota c). Se o dia era contado à maneira judaica, começando pela tarde de
sábado, esta reunião teria tido lugar no sábado à noite; no entanto, visto que se refere à próxima manhã como o
dia imediato, é possível que aqui se conte o novo dia à maneira grega. Sendo assim, a reunião foi realizada no
domingo à noite, e Paulo havia planejado partir na segunda-feira.
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Para trás, passado: memorial, histórico (I Co. 11:24, 26): O pão sem fermento,
partido (rasgado), mastigado, lembra o corpo do Cristo, quebrado e moído (Is. 53). O
suco fresco de uva esmagada lembra o Cristo vertendo seu sangue por nós, como o
cordeiro imolado na Páscoa. (Ex. 12; Nm. 9).
Para dentro, interior: purificador, pessoal (I Co. 11:28; Sl. 139:23; I Jo. 1:9).
“EXAMINE-se, pois, o homem a SI mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.”
(I Co. 11:28)
“SONDA-me, ó Deus, e conhece o meu coração; PROVA-me, e conhece os meus
pensamentos.” (Sl. 139:23)
“Se CONFESSARMOS os nossos pecados, ELE é fiel e justo para nos PERDOAR os
pecados, e nos PURIFICAR de TODA a injustiça.” (I Jo. 1:9)
- Depois desta suposta transformação, o pão e o vinho não são mais pão e vinho de
modo algum, mas foram transmutados e tornaram-se, somente e totalmente, o corpo
literal e o sangue literal do Cristo!
- As sobras da hóstia consagrada, que é tida como o corpo literal de Jesus são
fechadas em uma caixa no altar, em uma inútil tentativa de que não sejam
consumidas pelos insetos.
Analisemos o verso alegado pelos católicos, I Co. 11:24 “E, tendo dado graças, o
partiu e disse: Tomai, comei; isto É o meu CORPO que é partido por vós; fazei isto
em MEMÓRIA de mim.”:
O fato do Cristo estar presente implica, exige, prova terminantemente que, aqui, ele
usou linguagem figurativa: Ele é 100% Deus, mas também é 100% homem, portanto
não pode ter dois corpos literais, simultaneamente.
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Sejamos literalistas sempre, exceto quando isto leva a absurda contradição com toda a
Bíblia, leva a algo impensável até mesmo pelas criancinhas e retardados mentais, que,
sem uma palavra de explicação, entendem o óbvio sentido figurativo. Oh, por que as
seitas viram figurativas nos 99,9% da Bíblia onde devem ser literalistas (por exemplo:
"Não farás para ti imagem de escultura...", "crê e será salvo ...", etc.) e viram
literalistas nos 0,1% da Bíblia onde é óbvio que o sentido literal é totalmente
impossível, é óbvio que o sentido é figurativo, e é óbvio e indiscutível qual é o único e
correto sentido figurativo?
Por exemplo, em "eu sou a porta...", até uma criança entende que Jesus não disse que
era uma porta literal, de madeira e com dobradiças e fechos, mas sim Ele ensinou que
era o único meio de acesso à salvação.
Ademais, no mesmo verso I Co. 11:24, Cristo disse as palavras "fazei isto em
MEMÓRIA de mim."
O próprio Cristo, poucos versos antes, no mesmo capítulo, em Jo 6:35: “E Jesus lhes
disse: EU SOU O PÃO DA VIDA; aquele que VEM a mim não terá fome, e quem CRÊ
em mim nunca terá sede”, deixa bem claro que "comer e beber" significam "VIR &
CRER”.
Até mesmo os elementos da páscoa judaica (do qual o pão e o cálice da ceia do Senhor
derivam) eram figurativos, simbólicos da libertação da escravidão do Egito (Ex 12).
Contraste com Jo 6:63:"O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as
PALAVRAS que eu vos disse são espírito e vida."
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No estômago, o pão e o vinho não são somente trigo e vinho literais, mas são também,
literalmente, o corpo e o sangue de Cristo, que estão em, com, sob, os elementos
originais! (e conferem perdão e graça salvadoras)
Em memória do fato do Cristo ter sido crucificado: "E, tendo dado graças, o partiu e
disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que É PARTIDO POR VÓS; fazei isto EM
MEMÓRIA de mim." (I Co. 11:24),
Mas, também:
Em memória do fato do Cristo ter estar vivo (ter sido ressuscitado): "Ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e EIS QUE EU ESTOU
CONVOSCO TODOS OS DIAS, até a consumação dos séculos. Amém." Mt. 28:20;
Em memória do fato que os cultos cristãos ficaram sendo no 1o dia da semana, dia da
ressurreição! At 20:7: "E no PRIMEIRO DIA DA SEMANA, ajuntando-se os discípulos
para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e
prolongou a prática até à meia-noite." (At 20:7).
Em memória do fato que o Cristo voltará para nos levar consigo (quer pela morte, quer
no iminente arrebatamento dos crentes, para completar a igreja totalizada futura);
Em memória do fato que o Cristo nos proveu e provê de tudo de que necessitamos e
necessitaremos (Mt 28:20, acima);
Em memória do fato que o Cristo nos deixou exemplo de humildade e de servir (Jo
13:14-15 "Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os
pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também.").
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• Textos mais utilizados: I Co. 11.23-25; Mt. 26.26-29; Êx. 24.9-11; Dt. 14.23,
26; Hb 10.1-4; Ap 19.9
“Não devemos mistificar o culto da Ceia do Senhor como se fosse mais importante do
que os demais cultos. Certamente é mais solene, pois ao ingerirmos os elementos
simbolicamente nos alimentamos espiritualmente de Cristo, mantendo a comunhão
espiritual com Ele”.43
Pelos mesmos motivos, também não simpatizamos com posições tais como a de
Saucy, pág. 224 de The Church in God's Program: "Portanto, o participar de Sua
presença não é o comer e o beber nos sentidos físicos, mas sim uma comunhão
interior com Sua pessoa, usando a ação exterior como uma expressão de fé espiritual
interior." Repetimos e reenfatizamos: o que a Bíblia diz, o que o Cristo disse, é "fazei
isto EM MEMÓRIA DE MIM."
Cada aliança teve que ser selada com sangue. O cálice em Mt 26:28-29; Lc 22:20; I
Co. 11:25, representando o sangue que o Cristo verteu por nós, representa o sangue
que selou a nova aliança, isto é, o Novo Testamento.
“28 Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por
muitos, para remissão dos pecados. 29 E digo-vos que, desde agora, não beberei deste
fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.” (Mt
26:28-29).
“Semelhantemente, tomou o CÁLICE, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o NOVO
testamento no MEU SANGUE, que é derramado por vós.” (Lc 22:20)
“Semelhantemente também, depois de cear, tomou o CÁLICE, dizendo: Este cálice é o
NOVO testamento no MEU SANGUE; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em
memória de mim.” (I Co. 11:25)
43
Thiessen, Henry Clarence, Palestras em Teologia Sistemática. Editora EBR. São Paulo. SP.
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“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice ANUNCIAIS A
MORTE DO SENHOR, até que venha.” (I Co. 11:26)
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a
morte do Senhor, ATÉ QUE VENHA.” (I Co. 11:26)
“E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, ATÉ AQUELE DIA em
que o beba novo convosco NO REINO DE MEU PAI.” (Mt 26:29)
Ele é o anfitrião que estamos honrando, bem presente, mesmo que invisível.
Comunhão significa propósito em comum + trabalho em comum + gozo em comum.
Justificativas:
Algumas igrejas locais desta posição estendem o pão e o vinho não só aos seus
membros em plena comunhão com ela, mas também a todos os presentes que tenham
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Outras igrejas locais dessa posição estendem a sua Ceia não só aos seus membros em
plena comunhão, mas também a todos os presentes que sejam membros em plena
comunhão de outras igrejas locais da sua mesma fé e prática (e.g.: batistas, irmãos
bíblicos; a ceia será estendida a visitante que é membro, em plena comunhão, de uma
outra igreja, desde que suas doutrinas e práticas sejam iguais às dos batistas, p.ex;
Outras igrejas locais dessa posição estendem a sua Ceia não só aos seus membros em
plena comunhão, mas também a todos os presentes que sejam membros em plena
comunhão de outras igrejas locais da mesma linha (e.g. batista, sendo esta palavra
tomada como adjetivo, e não nome próprio de uma organização oficial);
Outras igrejas dessa posição estendem a sua Ceia não só aos seus membros em plena
comunhão, mas também a todos os presentes que sejam membros em plena comunhão
de outras igrejas locais do mesmo nome exato da denominação oficial delas (e.g.:
"Batistas Nacionais").
De todos estes 4 subtipos acima, algumas igrejas locais somente advertem o que deve
ser feito, outros o impõem concretamente (seja por limitar o acesso das pessoas ao
local, seja por só darem os elementos da ceia àqueles que tais igrejas julgam que a
podem tomar).
- Ceia aberta:
Geralmente era oferecida a todos os que professam ser salvos "somente pela fé”,
“somente em Cristo, sem obras" e crer "somente nas Escrituras".
Mais recentemente, algumas igrejas liberais e ecumênicas estão abrindo a ceia para
toda a "cristandade" (incluindo alguns católicos).
Os versos e argumentos apresentados abaixo, em defesa da nossa posição, refutam as
demais posições.
Não verificamos no Novo Testamento nenhum precedente nem espaço para um crente
não ter sido batizado.
d. A Ceia é do SENHOR
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Podem participar da ceia todos os verdadeiros salvos que, segundo suas próprias
consciência e responsabilidade considerem-se em perfeita obediência e comunhão com
Deus.
e. Não deve participar da Ceia quem está sob Disciplina de sua igreja local
A não ser que, no culto da Ceia, arrependeu-se sinceramente, pediu perdão a Deus, e
comprometeu-se a, o mais breve possível, pedir perdão e reparar o erro, tanto quanto
possível.
A ceia é do Senhor e não da igreja local. Dela podem participar todos os crentes
batizadosque, segundo suas próprias consciências, considerem-se em perfeita
obediência e comunhão com Deus.
Praticantes da ceia fechada fazem isto, alegando alguns versos, mas I Co. 5:11-13
parece muito mais referir-se ao comer socialmente (somente temos certeza de que o
assunto é a Ceia do Senhor a partir de I Co. 11:20); essa passagem (I Co. 5:11-13) e II
Ts. 3:6, 11-15 referem-se à separação bíblica que devemos manter do crente
rebeldemente em pecado aberto, ou rebeldemente propagador de erro doutrinário.
Não é sábio pedir perdão em público. Deve-se ter extremo cuidado em como falar,
sobre o que falar. Ideal é estar em jejum e debaixo de oração.
Peça perdão a Deus, se for o caso fale com a outra pessoa pessoalmente.
Ao pedir perdão, só fale do seu próprio pecado e tenha muito cuidado para não atacar o
outro.
Não espere ser compreendido, nem perdoado pelo outro. Nunca espere que a outra
pessoa também lhe peça perdão pelos erros dela.
Apenas faça a sua parte, sem esperar por nada. Ou, melhor, esteja preparado para
perdoar e reagir serenamente, mesmo aos piores insultos.
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i. Ministrador da Ceia
j. Quando Ceiar?
Alguns se baseiam em I Co. 11:25 ("... TODAS as vezes que beberdes, fazei isto em
memória de mim.") e chegam a comemorar a ceia a cada refeição do dia (mas isto teve
que ser feito separadamente, nos lares. Pode até ser louvável dar graças a cada
refeição, mas de modo nenhum tem a menor semelhança com a Ceia do Senhor que
vemos na Bíblia, uma ordenança que deve ser comemorada pela inteira igreja local,
reunida.
Outros se baseiam na Didaquê (125-135 d.C), em relatos das igrejas locais dos
primeiros séculos, e exemplos do Novo Testamento (como em Trôade, At. 20:6-7) ("...
E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão ...") para
comemorar a ceia a cada domingo (mas At 20:6-7 não diz "cada", e, se o dissesse,
seria apenas um exemplo, não uma ordem, etc.).
Alguns só comemoram a ceia uma vez por ano, durante a Páscoa judaica, mas os
cristãos instruídos celebram a Ceia do Senhor periodicamente, semanalmente ou
mensalmente, pois um ano talvez seja um intervalo longo demais para nossa fraca
memória.
A ceia deve ser comemorada em um domingo, não noutro dia da semana: o 1o dia da
semana sempre foi o dia do culto principal: Lc. 24:30,35 (ressurreição, 11 tristes, ceia
em Emaús); Jo. 20:19 (10 apóstolos, peixe e mel); 20:26 (11 apóstolos) e talvez
21:9,13 (Mar de Tiberíades, peixe e pão); At. 20:7,11 (ceia em Trôade; cochilo de
Éutico); I Co. 16:2 (oferta); Ap. 1:10 (visão em Patmos).
30 “E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o,
e lho deu. ... E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles
fora conhecido no partir do pão.” (Lc 24:30,35. domingo da ressurreição)
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“Chegado, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde
os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.” (Jo 20:19)
“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé.
Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja
convosco.” (Jo 20:26)
9 “Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão.
... Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe.” (Jo.
21:9, 13)
7 “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo,
que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-
noite. ... 11 E subindo, e partindo o pão, e comendo, ainda lhes falou largamente até à
alvorada; e assim partiu.” (At. 20:7,11)
“No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar,
conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.” (I
Co. 16:2)
“Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande
voz, como de trombeta” (Ap 1:10)
A ceia é comemorada na maioria das igrejas no culto noturno, pois os judeus e Jesus
Cristo observaram a Páscoa à noite. Ademais, o Novo Testamento não há indícios da
Ceia do Senhor não ter sido observada como ceia (à noite).
Resumindo:
Nossa forte e fundada posição é pelo usual: A ceia do Senhor deve ser comemorada
mensalmente, em um culto especial, à noite, embora o Novo Testamento não estipule
nada explicitamente. O exigido é somente que "... TODAS as vezes que beberdes, fazei
isto em MEMÓRIA de MIM." (I Co. 11:25) ).
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No lugar onde estiver a igreja inteira local reunida, não em um dos seus
departamentos, não em um acampamento, não em um seminário, não em um
congresso, não de casa em casa, não em quarto de hospital, etc. Ver letra f.
Sugestão:
Um único pão, grande de trigo, água e sal, e talvez com bastante azeite de oliva,
com ou sem fermento, fininho para não ficar duro demais para que possa ser
quebrado (rompido com as mãos) à vista de todos.
Para poupar tempo, em uma igreja grande, o pão talvez possa ser quebrado
discretamente, enquanto a pregação ainda está sendo feita.
Lavar as mãos ante todos (não pareceria romanismo?) e após certificar que todos
receberam o pão, todos o comem (mastigando) ao mesmo tempo.
O vinho, substituído por suco de uvas cor de sangue, podendo ser suco
industrializado ou suco de uvas esmagadas na igreja (isto pode ser feito
previamente), podendo ou não o suco ser misturado com alguma água pura.
Tudo isto deve ser precedido pela pregação, que deve enfatizar aspectos da obra
salvadora de Cristo, ou Sua 2ª. vinda, ou algum tema relacionado à ceia; por auto-
exame silencioso e confissão a Deus; por explicações sobre a ordenança-
simbólica; e por convite advertindo sobre quem deve e quem não deveria dela
participar.
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j. Ambiente da Ceia
k. Penalidades
“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria
condenação, não discernindo o corpo do Senhor. 30 Por causa disto há entre vós
muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.” (I Co. 11:29-30).
Não é exigido que o crente que toma a ceia seja perfeito ou aceitável ou digno de
Deus ou da salvação ou do céu. Se houvesse essa exigência, ninguém poderia
tomar a ceia...
Porém,
Se a maneira e atitude do crente ao tomar a Ceia do Senhor for indigna, ele poderá
receber do Senhor, como julgamento, tanto doença física, como morte física, mas
não a perda da salvação.
l. Exortação
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Mas também ofereçamo-nos, nós também em sacrifício vivo, Rm. 12:12; como
ganhadores de almas, Fp. 2:17; como doadores de ofertas sacrificiais, Fp. 4:18,
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VII. A ADORAÇÃO
“Adoração é a atividade de glorificar a Deus em sua presença com nossa voz e com nosso
coração.” Wayne Grudem
1. TEXTOS BASE:
Jo. 4.23-24; Lc. 1.46-47; Jo. 4.23; Is. 6.3; Mt. 14.33; Hb. 12.18-29; Jo. 4.21-24; Hb. 12.22-
24; I Tm. 2.8; I Jo. 4.20; I Pe. 3.7; Hb. 12.15; Mt. 5.8
Cl. 3.16; Is. 2.2-4; 25.6-8; 49.22; 66.18-21; Jr. 48.47; Jr. 49.6, 39; Is. 43.7; Ef. 1.12; Ap.
22.8-9; Is. 48.11
• Alegramo-nos em Deus – Sl. 27.4; 16.11; 73.25; 84.1-2, 4, 10; At. 2.46-47; Lc.
24.52-53; Ap. 4.8
• Aproximamo-nos de Deus – Hb. 9.1-7; 10.19-22; 12.18-24; Tg. 4.8; II Cr. 5.13-14;
Sl. 22.3
• Deus ministra a nós – I Co. 14.26; Cl. 3.16; Ef. 5.19; Hb. 10.24-25; I Pe. 2.5; Hb.
4.16; II Co. 3.18
• Os descrentes sabem que estão na presença de Deus – I Co. 14.23; 14.25; At. 2.11;
I Co. 14.23-25
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No estudo de eclesiologia deve ser visto em especial certos conceitos específicos. Talvez o
conceito mais importante a ser estudado é o conceito do “Reino de Deus”.
Este conceito é também essencial ao estudo da escatologia, mas será primeiramente tratado
aqui, devido a sua aplicação em termos da vida da igreja como o povo de Deus.
2. O REINO DE DEUS
A igreja autêntica existe como a concretização do reinar de Deus e não pode existir
desvinculada deste reino. É na vida da igreja, o povo de Deus, que o reinar de Cristo tem
forma e exercício.
Logo o termo “reino de Deus” pode ser definido como o Seu “governo em ação”, ou “o
reinar de Deus”.
Segundo as declarações de Jesus, o Seu reinar já é “uma realidade na história humana”. Deus
já reina entre o povo, mesmo que não de forma política ou teocrática no sentido ideal da
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aliança sinaítica. O povo de Israel dava muita ênfase à questão de viverem diretamente sob o
reinado de YHWH, mas pode-se ver que esta realidade nunca teve uma concretização plena.
Quando as multidões queriam fazer de Jesus o seu rei, Ele não aceitou tal proposta por ser
um desvio completo do propósito maior do seu ministério. Perante Pilatos, negou de novo
que seu reino fosse como os reinos deste mundo. O seu reinar era uma questão do interior,
não da relação nacional externa.
João, o Batista, chamou o povo judeu a se tornarem filhos de Abraão e não confiarem em sua
herança nacional, mas Jesus leva o conceito mais adiante, rejeitando a idéia da identificação
do Messias com um rei de força política, enfatizando a aceitabilidade dos rejeitados pela
sociedade e a transformação interior do indivíduo.
De igual modo, a igreja deve espelhar o compromisso interno de cada indivíduo para aceitar
a sua participação e integração no povo de Deus. Este compromisso é uma questão da
aplicação do reino na vida do indivíduo.
O reinar de Deus na vida humana cria a comunidade pertencente ao reino, a qual chamamos
de igreja.
Pode-se falar desta união em termos individuais, mas a Bíblia também trata da união
seriamente em termos do corpo inteiro da ekklesia de Deus.
O Reino não é apenas uma realidade que se aproxima no contexto do ministério terreno de
Jesus, mas é também algo que é concretizado18. É um tanto impreciso marcar a data da
inauguração do reino, mas pode-se entender a inauguração no evento de Pentecostes, a festa
dos primeiros frutos.
É de interesse notar que Lucas nunca aplica o termo ekklesia no seu evangelho, mas emprega
o termo em Atos. É na descrição do evento de Pentecostes que Lucas aparentemente vê
inaugurado o reino, agora empregando o vocábulo ekklesia em relação àqueles que aceitam o
reinar de Deus em suas vidas através de Cristo.
Aqui, o reino de Deus tem uma ferramenta ou vivência concreta na igreja que surge. Esta
igreja é ferramenta do reino para levar a mensagem do reinar de Deus perante todas as nações
em conformidade com Atos 1.8.
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O “reino de Deus” e o “reino dos céus” são precisamente a mesma coisa. “Céu”, no primeiro
século, era um sinônimo comum de “Deus” entre os judeus piedosos, que consideravam o
nome de Deus demasiado santo para ser pronunciado.
Compreendiam que Lv. 24.16 impedia a pronúncia do nome de Deus, tal para evitar cair em
juízo.
Os termos para céu no hebraico e grego, “shamayim” e “ouranos” são usados basicamente de
três maneiras na Bíblia”: referindo-se à estrutura do universo; como sinônimo de Deus e
como a morada de Deus21.
É comum haver certa confusão referente ao Reino, especialmente em termos de seu tempo.
Nos evangelhos, o reino de Deus é tratado simultaneamente em tempo presente e futuro,
mesmo que em sua maior parte seja tachado em termos de uma expectativa futura:
Mt. 12.28 e Lc. 11.20 aparentemente indicam que o reino não apenas está perto, mas que há
realmente chegado. O reino está perto no sentido de que não há sido consumado; está
presente no sentido de que o poder de Deus que o caracteriza havia começado a manifestar-se
nas palavras e ações de Jesus e continua a fazer o mesmo na igreja.
Quando a Bíblia trata de épocas após o ministério de Jesus, visa menos o futuro do que o
reino em época do seu ministério. Ao mesmo tempo, permanece a expectativa de um
complemento à realidade do reino já experimentada nas vidas dos crentes. Tal expectativa,
porém, encontra a sua expressão na base daquilo que Jesus já havia realizado.
A confissão cristã não é apenas de que Cristo virá ao final da história, mas que Cristo já veio;
não apenas que a salvação espera o crente no futuro escatológico, mas que a salvação já é
experimentada, de forma antecipatória, porém real, no aqui e no presente, no meio de
problemas e não apenas ao seu fim. O presente é moldado não apenas pelo passado, mas
também pelo futuro de Deus.
Jesus pregava muito referente ao reino de Deus. Em conseqüência, esse reino é uma temática
especial dos evangelhos sinópticos, porém principalmente do livro de Mateus, onde
encontramos a terça parte das referências neotestamentárias ao Reino de Deus ou Reino dos
céus.
A ênfase de Jesus sobre o reino visava a clarificar e oferecer resposta a dois erros essenciais:
- a preocupação em termos judiciais com o mundo por vir que se desvinculava da
interiorização dos princípios do reino de Deus;
- a expectativa messiânica politizada dos judeus da época.
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A ênfase de Jesus não recai sobre rituais de ingresso ao reino, mas no viver esta qualidade de
vida expressa na frase “vida eterna”. O elemento essencial desta vida é a sua declarada
dependência de Deus para suprir todas as necessidades daquele que se entrega a serviço do
reino.
O ingresso no reino era muito importante no seu ensino, mas em sentido de alerta para que o
indivíduo verificasse que ingressaria no reino. O judeu que procurava pela politização do
reino de Deus não encontrava consolo nas palavras de Jesus, pois as características do viver
sob o reinar de Deus eram contrárias às expectativas de libertação política e da dominância
dos opressores.
Viver esta condição de vida entregue a Deus é a salvação que Jesus oferece. O reino de Deus
já começou, mas não acaba neste lado do túmulo. A salvação não é apenas futura, ela oferece
o meio de viver no presente sob o senhorio divino, já desfrutando de comunhão íntima com
Deus.
A vida eterna já começou a ser vista e vivenciada na vida do povo que ingressa neste reinar
de Deus. No outro lado da morte é apenas mais vívida e direta.
Em outras partes do Novo Testamento, o ensino direto sobre o reino não vem a ser tão
notório, mas é o ensino referente à vida no reino que gera a moral e a ética na prática da vida
cristã tão visível nas epístolas paulinas e joaninas, bem como a carta de Tiago.
Deve-se ter sempre presente que o ensino de Jesus referente ao reino de Deus vinha
responder as preocupações messiânicas judaicas referentes a um reino político terrestre. O
anelo dos discípulos registrados em Atos 1.6 é o clamor do judeu que esperava a
independência da nação da opressão política romana: “Senhor, é neste o tempo que restauras
o reinar a Israel?”
Mesmo depois da ressurreição era difícil para que compreendessem o caráter desse reino do
qual Jesus tanto falara. Jesus havia dito a Pilatos que o seu reino não era deste mundo, mas
era uma mensagem difícil para os discípulos compreenderem.
Criticar os discípulos é fácil, pois já vivenciamos que não houve a inauguração de um país
teocrático com Jesus atuando politicamente. Mesmo assim, é difícil compreendermos o reino
de Deus, pois insistimos em designar o reino em termos da história política humana.
O reino que Jesus pregou é de caráter interior, uma vida entregue aos cuidados de Deus.
Ingressa-se no reino divino ao aceitar o pacto ou aliança oferecido por Jesus, e a Igreja é o
veículo.
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As exigências desse reino são contrárias aos valores da sociedade à nossa volta, pois são
valores espirituais e relacionais, não materiais e físicos. O reino de Deus depende de uma
entrega relacional a Deus como Pai amoroso. Depende de uma obediência e disposição de
desprender-se do ego, procurando dar primeira importância aos demais, mantendo-se em
último lugar.
Este pode perdoar a ofensa feita a si, pois não defende privilégios e direitos pessoais. Pode
doar a sua capa, caminhar mais uma milha, oferecer a outra face, e até amontoar brasas vivas
para ajudar o inimigo preparar o seu fogo, pois nada lhe pertence. O cidadão que tem Jesus
como seu Rei pode dispor sua vida a serviço do próximo, pois não é nada mais do que
mordomo das bênçãos de Deus.
Como o reino de Cristo não pertence a este mundo, também o cidadão do reino de Cristo
aceita pertencer a outro mundo e outro padrão de vida e valores. O reino de Deus é interno e
difícil de definir, pois é como a real adoração de Elias, um de sete mil que não haviam
dobrado os seus joelhos a Baal, mesmo quando a nação se tornara idólatra.
O rei de Israel não seguia em retidão, mas YHWH (Jeová) ainda reinava na vida de alguns.
Dois reinados existiam em Israel, mas apenas alguns desfrutaram da realidade do reino de
Deus. É essa qualidade de reinar que Jesus inaugurou. Não o externo, mas a entrega interna
para seguir a Deus em fidelidade, confiança e dependência.
O reino de Deus já foi inaugurado. Já é hora de optar pela cidadania celestial. É uma
cidadania a ser prestigiada e vivida já e para todo sempre.
3. A MISSÃO DA IGREJA
O aspecto interior da missão da igreja visa a preparar os integrantes para a sua missão
externa. Esta preparação é ativa, como se pode ver no modelo de Jesus, enviando os seus
discípulos em mais de uma instância para cumprir com exigências da missão exterior.
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Vale lembrar que os discípulos eram indivíduos menos do que qualificados, especialmente ao
ver que, mesmo depois da crucificação de Jesus, relutavam em aceitar que era necessário que
Jesus morresse. Em pleno processo de discipulado, porém, mesmo com todas as suas falhas,
Jesus os enviou mais de uma vez para levar adiante a sua mensagem do reino de Deus.
Olhando para o lado exterior da missão da igreja, Moody coloca que a missão pode ser
resumida em três aspectos especiais: “como martyria (testemunho), diakonia (serviço) e
koinonia (comunhão)”. Eu acrescento a didaskalia (ensino).
São estas as tarefas que servem de base para compreender e cumprir a missão da
igreja.
Deve-se lembrar de fazer distinção entre os termos “missão” e “missões”. Por “missão”,
trata-se do seu propósito no mundo. Missão é um termo de importância suprema para a
eclesiologia.
Não é a igreja que tem uma missão, mas é o inverso: a missão de Cristo criou a igreja. Não é
a missão da igreja que se deve entender, mas o inverso. Mais do que deixar uma igreja, Jesus
deixou uma tarefa a ser cumprida por seus discípulos.
Esta missão gera estruturas para que ela possa ser levada adiante. Sem missão, a igreja não
existe.
Mesmo que o conceito de “missões” esteja ligado intimamente à missão da igreja, o conceito
é distinto. Missões tem a ver com os meios usados para levar adiante a missão externa da
igreja entre todos os povos.
A missão da igreja, por outro lado, é mais global já que inclui a obra missionária como um
aspecto do propósito eclesiástico. A missão não requer por si a questão do envio, mas do
cumprir com o propósito de discipular.
Voltando à colocação de Moody dos três aspectos da missão, a questão do testemunho rege o
enfoque central da aplicação. Ele afirma que o testemunho é a missão central da igreja
em todas as situações”.
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Este testemunho inclui o testemunho referente à pessoa e obra de Cristo, como também os
demais aspectos da aplicação da mensagem de Cristo no âmbito completo do Seu ministério.
Este testemunho é logo aplicado em parte através do serviço cristão como também no
contexto da comunhão cristã. O enfoque triplo da missão é unificado em torno do primeiro
aspecto de oferecer testemunho a Cristo, incluindo nesta definição todo o processo de
discipular o ouvinte.
A missão da igreja deve ser estudada a sério, pois é o direcionador para cada aspecto da vida
eclesiástica.
As palavras de Jesus registradas em Mt. 28 e At. 1 requerem que a igreja cumpra com a
tarefa de discipular. Esta é a missão: ser testemunha de Cristo, discipulando todas as
nações.
O papel de testemunha no contexto de Atos 1.8 tem a mesma força do conceito de fazer
discípulos em Mt. 28. De fato, são dois relatos das mesmas palavras de Jesus, numa mesma
ocasião.
A missão da igreja deve reger todo o esforço, direcionando toda a atividade e estrutura para
que ajude a cumprir com o propósito da igreja.
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