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GIUSEPPE

PRESTIPINO
Ver: jacobinismo; Risorgimento; subversivismo.

Estado
Partindo da tradição marxista e tendo superado algumas ambiguidades da juventude
devidas à influência de Gentile, G. afirma que “o Estado ut sic não produz a situação
econômica, mas é a expressão da situação econômica”, se bem que – acrescenta – “se
pode falar do Estado como agente econômico, uma vez que, de fato, o Estado é
sinônimo de tal situação” (Q 10 II, 41.VI, 1.310 [CC, 1, 379]). G. acolhe,
portanto, “a concepção do Estado segundo a função produtiva das classes sociais”
(Q 10 II, 61, 1.359 [CC, 1, 425]), própria do marxismo, mas refuta qualquer
aplicação simplista. Tal concepção “não pode ser aplicada mecanicamente à
interpretação da história italiana e europeia desde a Revolução Francesa até todo o
século XIX. Embora seja certo que, para as classes fundamentais produtivas
(burguesia capitalista e proletariado moderno), o Estado só é concebível como forma
concreta de um determinado mundo econômico, de um determinado sistema de
produção, disso não deriva que a relação de meio e fim seja facilmente determinável
e assuma o aspecto de um esquema simples e óbvio à primeira vista” (ibidem, 1.359-
60 [CC, 1, 427]). Isso acontece, por exemplo, num contexto histórico atrasado, com
uma burguesia frágil, quando as “novas ideias” são levadas adiante sobretudo pelo
“grupo dos intelectuais”, feito do qual nasce também a absolutização do conceito de
Estado, própria da tradição idealista, em particular a italiana (ibidem, 1360-1),
enquanto G. atribui a Hegel o mérito de ter captado em seu nascimento o novo
nexo que liga intelectuais e Estado moderno (Q 8, 187, 1.054 [CC, 2, 168]), nexo
destinado a se expandir à medida que avança a expansão das funções estatais.
O Estado é, como se lê no Q 12, 1, 1.518 [CC, 2, 20], um dos “dois grandes
‘planos’ superestruturais”, sendo o outro a “sociedade civil” (que G. entende como o
“conjunto de organismos vulgarmente denominado ‘privados’”, prepostos “à função
de ‘hegemonia’”). Nas sociedades ocidentais, G. vê esses dois planos dialeticamente
unidos no conceito de “Estado integral”, que representa a contribuição gramsciana
específica à teoria do Estado. A crítica, com base em Buci-Glucksmann, 1976, usa
também a expressão “Estado ampliado”, entendendo o novo protagonismo do
Estado registrado no século XX, em contextos políticos diversos, tanto no campo
econômico, quanto na organização da sociedade e na criação do consenso. A
expressão pode ser deduzida do Q 6, 87, 763 [CC, 3, 243], em que G. se refere ao
“Estado em sentido orgânico e mais amplo (Estado propriamente dito e sociedade
civil)”. O conceito de Estado integral indica a relação de unidade-distinção que G.
capta entre Estado e sociedade civil para exprimir o que ele chama de Estado “em
sentido integral” (Q 6, 155, 810-1 [CC, 3, 257]), ou também, numa acepção
ligeiramente diferente, de “um Estado (integral, e não [...] um governo
tecnicamente entendido)” (Q 17, 51, 1.947 [CC, 3, 354]). A postura dialética de G.
é respaldada pela convicção de que a “distinção entre sociedade política e sociedade
civil [...] é puramente metódica, não orgânica, e, na vida histórica concreta,
sociedade política e sociedade civil são uma mesma coisa” (Q 4, 38, 460). A
consciência da não separação “ontológica” entre os diversos níveis da realidade
histórico-social (economia, política, cultura) não se torna, porém, ausência de
distinção: expressões em que sociedade civil e sociedade política “são uma mesma
coisa”, “se identificam” (Q 13, 18, 1.590 [CC, 3, 46]), ou em que “a sociedade civil
[...] é também ‘Estado’, aliás, é o próprio Estado” (Q 26, 6, 2.302) enfatizam, com
um esforço expressivo, a novidade representada pelo Estado em seu significado
integral. No mais, se houvesse identificação, não se entenderia a distância em relação
a Gentile, para quem “a história toda é história do Estado”, enquanto para Croce é
“‘ético-política’, vale dizer, Croce quer manter uma distinção entre sociedade civil e
sociedade política. [...] [Para Gentile – ndr] hegemonia e ditadura são
indistinguíveis, a força é pura e simplesmente consenso: não se pode distinguir a
sociedade política da sociedade civil: existe só o Estado” (Q 6, 10, 691 [CC, 1, 433-
4]). Ambas as posições são diferentes da posição de G., que valoriza o momento
ético-político de Croce (a hegemonia), o momento da sociedade civil, mas o
transforma em parte do Estado integral.
O novo conceito tem uma formulação clara na carta de 7 de setembro de 1931:
“O projeto de estudo que fiz sobre os intelectuais [...] também leva a certas
determinações do conceito de Estado, que, habitualmente, é entendido como
sociedade política (ou ditadura, ou aparelho coercitivo, para moldar a massa popular
segundo o tipo de produção e a economia de um dado momento), e não como um
equilíbrio da sociedade política com a sociedade civil (ou hegemonia de um grupo
social sobre toda a sociedade nacional, exercida através de organizações ditas
privadas, como a igreja, os sindicatos, as escolas etc.) e é especialmente na sociedade
civil que operam os intelec​tuais” (LC, 458-9, a Tatiana [Cartas, II, 84]). A atenção
de G. se dirige principalmente – e ele utiliza uma expressão que remete à
materialidade dos processos – ao “aparelho hegemônico” (Q 6, 136, 800 [CC, 3,
253]), que se agrega ao “aparelho coercitivo”, típico do Estado “em sentido estrito”,
ao qual Marx e Lênin, por sua vez, haviam dirigido suas atenções, em consonância
com o contexto em que atuaram. Na carta, a sociedade civil é entendida em sentido
peculiarmente gramsciano, como conjunto de “organizações assim chamadas
privadas”: “assim chamadas”, portanto não propriamente privadas. A nota Q 1, 47
[CC, 3, 119], intitulada Hegel e o associacionismo, é a primeira em que se encontra
uma concepção do Estado que compreende também os “organismos” da sociedade
civil: “A doutrina de Hegel sobre os partidos e as associações como trama ‘privada’
do Estado [...]. Governo com o consenso dos governados, mas com o consenso
organizado, não genérico e vago tal como se afirma no momento das eleições: o
Estado tem e pede o consenso, mas também ‘educa’ esse consenso através das
associações políticas e sindicais, que, porém, são organismos privados, deixados à
iniciativa privada da classe dirigente” (Q 1, 47, 56 [CC, 3, 119]). Partidos e
associações constituem os momentos por meio dos quais se constrói o consenso. O
Estado é o sujeito da iniciativa político-cultural, embora agindo por meio de canais
explicitamente públicos ou de canais formalmente privados. É no Q 6 (datado de
1930-1932 e composto, em grande parte, de Textos B) que se encontram algumas
das principais definições de Estado integral, por exemplo aquela que afirma que “na
noção geral de Estado entram elementos que devem ser remetidos à noção de
sociedade civil (no sentido, seria possível dizer, de que Estado = sociedade política +
sociedade civil, isto é, hegemonia couraçada de coerção)” (Q 6, 88, 763-4 [CC, 3,
244). A nota Q 6, 137, 801 [CC, 3, 257-8] se intitula Conceito de Estado e diz: “por
Estado deve-se entender, além do aparelho de governo, também o aparelho ‘privado’
de hegemonia ou sociedade civil”. E ainda, segundo G.: “Na política, o erro
acontece por uma inexata compreensão do que é o Estado (no significado integral:
ditadura + hegemonia)” (Q 6, 155, 810-1 [CC, 3, 257]).
A distinção Oriente-Ocidente que encontramos no Q 7, 6, 866 também se
funda no novo conceito de Estado: já que “no Oriente o Estado era tudo, a
sociedade civil era primordial e gelatinosa; no Ocidente, havia entre Estado e
sociedade civil uma relação justa e, nas oscilações do Estado, logo se discernia uma
robusta estrutura da sociedade civil” (ibidem). A passagem do Oriente ao Ocidente,
segundo G., se dá a partir de 1870 (Q 13, 7, 1.566 [CC, 3, 23]), ainda que em
outros momentos ele pareça retroagir a questão: “Mas já existiu um Estado sem
‘hegemonia’?”, pergunta-se, por exemplo, no Q 8, 227, 1.084. E, no Q 6, 87, 763
[CC, 3, 243], retoma a fórmula de Guicciardini, que afirma que, “para a vida de um
Estado, duas coisas são absolutamente necessárias: as armas e a religião”, para
traduzir a díade em “força e consenso, coerção e persuasão, Estado e Igreja,
sociedade política e sociedade civil”, acrescentando que, no Renascimento, “a Igreja
era a sociedade civil, o aparelho de hegemonia do grupo dirigente”.
G. alude ao Estado que “educa para o consenso” a propósito da criação de uma
“opinião pública”: “O Estado, quando quer iniciar uma ação pouco popular, cria
preventivamente a opinião pública adequada, ou seja, organiza e centraliza certos
elementos da sociedade civil” (Q 7, 83, 914 [CC, 3, 265]). A ação do Estado, levada
a um nível mais alto, menos episódico e de retorno imediato, permite falar de
Estado “educador” (Q 8, 2, 937 [CC, 3, 271] e Q 8, 62, 978) e de Estado “ético”:
“todo Estado é ético na medida em que uma de suas funções mais importantes é
elevar a grande massa da população a um determinado nível cultural e moral, nível
(ou tipo) que corresponde às necessidades de desenvolvimento das forças produtivas
e, portanto, aos interesses das classes dominantes” (Q 8, 179, 1.049 [CC, 3, 284]).
O Estado que age para criar consenso não deixa à sociedade civil muita
“espontaneidade”: “Pelo fato de que se age essencialmente sobre as forças
econômicas [...] não se deve concluir que os acontecimentos da superestrutura sejam
abandonados a si mesmos, ao seu desenvolvimento espontâneo, a uma germinação
casual e esporádica. O Estado é ‘racionalização’ também nesse campo, é um
instrumento de aceleração e taylorização, opera segundo um plano, pressiona, incita,
solicita etc.” (Q 8, 62, 978): escolas, jornais, igrejas, partidos, sindicatos, toponímia,
nada parece deixado ao acaso para difundir um senso comum que confirma a ordem
social vigente. O Estado – escreve ainda G. – “é todo o conjunto de atividades
práticas e teóricas com que a classe dirigente não somente justifica e mantém seu
domínio, mas consegue obter o consenso ativo dos governados” (Q 15, 10, 1.765
[CC, 3, 330]). Mas os processos não são unívocos, o Estado constitui também o
terreno do conflito de classe, é, ao mesmo tempo, instrumento (de uma classe), mas
também lugar (de luta hegemônica) e processo (de unificação das classes dirigentes).
Isto é, não deve ser esquecido que, sendo o Estado integral atravessado pela luta de
hegemonia, a classe subalterna luta para manter a própria autonomia e, às vezes,
para construir uma própria hegemonia, alternativa àquela dominante, disputando
com a classe no poder as “trincheiras” e “casamatas” pelas quais se propagam
ideologia e senso comum.
A expansão do conceito de Estado também acontece no sentido da compreensão
da nova relação entre política e economia. A partir da consciência da não separação
das duas realidades, G. capta o novo papel que o político adquiriu no século XX e se
detém sobre o novo fenômeno do “capitalismo de Estado”. Deve ser dito que G.
utiliza, mais raramente, um esquema triádico, composto por economia, sociedade
civil e Estado, por exemplo onde lemos que “a relação entre os intelectuais e a
produção [...] é mediada por dois tipos de organização social: a) pela sociedade civil,
isto é, pelo conjunto de organizações privadas da sociedade; b) pelo Estado” (Q 4,
49, 476). Aqui a produção é claramente distinguida, seja da sociedade civil (em
sentido gramsciano), seja do Estado, termo usado neste caso em sentido tradicional,
isto é, não “ampliado”, que não compreende aqueles organismos que no
correspondente Texto C (Q 12, 1, 1.518 [CC, 2, 15]) G. define como “vulgarmente
chamados ‘privados’”. Ainda no Q 10 II, 15, 1.253-4 [CC, 1, 323], G. volta a se
referir ao mesmo esquema triádico e surge aqui um “mundo econômico” que
transborda a verdadeira “estrutura econômica”.
É difícil supervalorizar a importância atribuída por G. ao plano do Estado em
relação à afirmação e à manutenção de uma nova hegemonia de classe. Encontramos
no Q 3 alguns destaques que vão nessa direção: Q 3, 31, 309 (“a partir do momento
que existe um novo tipo de Estado, nasce [concretamente] o problema de uma nova
civilização”); Q 3, 46, 326 [CC, 3, 189] (“limitada compreensão do Estado significa
limitada consciência de classe”); Q 3, 90, 372 [CC, 6, 352] (“A unificação histórica
das classes dirigentes reside no Estado e a história dessas classes é, essencialmente, a
história dos Estados e dos grupos de Estados”). Para G., uma classe é madura para se
propor como hegemônica quando sabe “se unificar ao Estado” (ibidem, 373).
O interesse gramsciano pelo Estado se manifesta sob diversas formas. No Q 3,
encontra-se um breve esboço da história do Estado: não apenas a distinção entre o
Estado antigo-medieval e o moderno (“O Estado moderno aboliu muitas
autonomias das classes subalternas [...] mas certas formas de vida interna das classes
subalternas renascem como partido, sindicato, associações de cultura”: Q 3, 18,
303), mas também a afirmação de que “a ditadura moderna aboliu também essas
formas de autonomia de classe e se esforça para incorporá-las na atividade estatal:
isto é, a centralização de toda a vida nacional nas mãos da classe dominante se torna
frenética e absorvente” (idem). No Texto C (Q 25, 4, 2.287 [CC, 5, 136]), lemos:
“a centralização legal de toda a vida nacional nas mãos do grupo dominante se torna
‘totalitária’”. A referência é ao fascismo, e, talvez, à União Soviética, lembrando que,
nos Q, “totalitário” parece ter um valor neutro, em consonância, de resto, com o
uso da época. A reflexão carcerária de G. sobre o Estado tem, portanto, entre seus
objetos privilegiados – o contrário seria estranho –, também o Estado totalitário,
que vai se afirmando de diversas formas, e tal reflexão se funde com a concepção
ampliada do Estado, que lhe confere o caráter inauditamente invasivo, típico do
século XX. ​Lê-se no Q 3, 61, 340 [CC, 3, 200]: “todo elemento social homogêneo é
‘Estado’, representa o Estado na medida em que adere ao seu programa; de ​outro
modo, confunde-se o Estado com a burocracia estatal. Todo cidadão é ‘funcionário’
se é ativo na vida social conforme a direção traçada pelo ​Estado-governo, e tanto
mais é ‘funcionário’ quanto mais adere ao programa estatal e o elabora
inteligentemente”. É possível aproximar essa expansão do conceito de funcionário
estatal à última nota do Q 2, na verdade, acrescentada muito mais tarde, em ​1933-
1934: “O que é a polícia? Por certo, ela não é apenas uma determinada organização
oficial, juridicamente reconhecida e habilitada para a função de segurança pública,
tal como ordinariamente se entende. Este organismo é o núcleo central e
formalmente responsável da ‘polícia’, que é uma organização muito mais ampla, da
qual direta ou indiretamente, com laços mais ou menos precisos e determinados,
permanentes ou ocasionais etc., participa uma grande parte da população de um
Estado. A análise dessas relações serve bem mais para compreender o que é o
‘Estado’ do que muitas dissertações filosófico-jurídicas” (Q 2, 150, 278-9 [CC, 3,
181-2]). O Estado burguês, que havia iniciado sua expansão com uma perspectiva
de arejamento democrático (Q 8, 2, 937 [CC, 2, 271]), parece voltar atrás. G. tenta
explicar como “se verifica uma paralisação e se volta à concepção do Estado como
pura força etc.”: a classe burguesa, já “saturada”, não somente “não só não assimila
novos elementos, mas desassimila uma parte de si mesma”. A esperança deve ser
posta numa classe diferente, “que se ponha a si mesma como passível de assimilar
toda a sociedade” (idem), tornando utopicamente supérfluo o Estado como algo
separado.
Um último comentário se refere ao caráter laico que o Estado deveria ter para
G. Ele critica, repetida e radicalmente, os regimes concordatários como uma
“capitulação”, já que “na Concordata se realiza, de fato, uma interferência de
soberania num único território estatal [...], a Concordata corrói essencialmente o
caráter autônomo da soberania do Estado moderno” (Q 4, 53, 493-4).
BIBLIOGRAFIA: BUCI-GLUCKSMANN, 1976; BUTTIGIEG, 2007; COU TINHO, 2006; FRANCIONI, 1984; LIGUORI,
2006; LOSURDO, 1997.

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