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Um olhar para a infância no campo

Reportagem // MEIRE CAVALCANTE

Uma pesquisa nacional feita pelo Ministério da Educação começa a descobrir quem são as
crianças que vivem nas áreas rurais e como deve ser a educação infantil oferecida a elas

Transporte escolar, estrutura física das escolas, professores preparados, oferta de vagas,
proposta pedagógica: são muitos os desafios a vencer para que a educação infantil seja
oferecida às crianças do campo em todo o Brasil. Segundo dados do Ministério da Educação,
há 662,3 mil crianças de 0 a 5 anos vivendo na zona rural. Os estados com maior número de
crianças nessa faixa etária são Bahia (88,5 mil), Maranhão (74,4 mil) e Pará (72,3 mil). Apesar
dos números, essa população é invisível. Pouco se sabe sobre sua educação. Por isso, o
governo federal está realizando uma pesquisa nacional que tem como objetivo conhecer os
avanços já alcançados pelos municípios e também as dificuldades que enfrentam. Espera-se,
ainda, analisar aspectos relativos à demanda a partir da escuta de famílias e de movimentos
sociais e sindicais, com a finalidade de levantar subsídios para a elaboração de políticas
públicas de educação voltadas a essa população.

A professora Jaqueline Pasuch, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Mato


Grosso (UNEMAT), participa da coordenação nacional e também ficou participou da terceira
frente de trabalho. Foram visitadas 30 escolas em todo o país, que responderam a um
questionário mais específico. As escolas da amostra deveriam ter crianças de 0 a 3 anos – o
que foi raro –, oriundas de famílias com diferentes realidades (agricultores, quilombolas,
povos da floresta, acampados, etc.). Também foram realizadas entrevistas com o secretário
municipal de educação e com a coordenação/direção de cada escola. “A ida dos
pesquisadores provocou um movimento nesses locais. Muitas escolas desconhecem as
diretrizes da educação infantil e a concepção da educação no campo”, afirma Jaqueline.
“Vimos crianças de 4 anos permanecerem até três horas no ônibus escolar, dormindo no colo
do colega. E mães indo de bicicleta ao lado do transporte escolar para ver se o filho pequeno
chegou bem, pois o transporte é proibido às famílias”, relata.

Dados que revelam o Brasil


O levantamento detalhado sobre a população infantil no campo foi feito por meio de
questionários enviados a secretarias de educação e escolas do campo que oferecem educação
infantil. A amostra alcançou 21,1 mil professores (dos quais 5,8 mil moram em zona rural),
39,5 mil crianças de 0 a 3 anos e 151 mil crianças entre 4 e 6 anos. Cerca de 80% são filhos de
agricultores familiares, e a maioria dos pais (79,6%) é assalariada. Assentados e acampados da
reforma agrária somam 18%. Cerca de 4,9% da amostra são de ribeirinhos.

A pesquisa ajudou a identificar algo previsível: 73,6% das escolas não têm uma proposta
pedagógica para a educação infantil. Outros números também chamam atenção: 94,1% das
escolas pesquisadas seguem o calendário oficial do município, ou seja, poucas (apenas 3%)
organizam o ano letivo de acordo com o calendário de trabalho dos pais, algo que precisa
levar em conta fatores como ciclos agrícolas ou épocas de pesca e extração.

Chegar à escola ainda é um desafio. O transporte escolar é oferecido a 49,8% das crianças de
0 a 3 anos. Para aquelas de 4 a 6 anos, o percentual salta para 71,1%. No primeiro grupo, a
maioria (60,4%) das crianças vai com transporte escolar (ônibus específico). No segundo
grupo, o número sobe para 73,3%. Ir a pé é a segunda maneira mais usual: cerca de 38% para
ambas as faixas etárias. O trajeto de 46,7% das crianças para chegar à escola dura até 15
minutos. Para 28,2% delas, o trajeto leva 30 minutos e, para 17,9%, de 30 minutos a uma
hora. Quase 90% da frota que transporta crianças pequenas não dispõem de assentos
adequados à idade.
Os professores, por sua vez, vão ao trabalho de van ou Kombi (38,8%) ou de barco (38%),
lembrando que os percentuais podem ser oriundos de respostas múltiplas, pois há casos em
que são usados dois ou mais meios de transporte. Quanto à infraestrutura, 93,8% das escolas
têm cozinha, 93% dispõem de salas de aula e 87,6% contam com sanitário dentro do prédio.
Sanitários adequados à estatura dos pequenos estão disponíveis em 39,1% das escolas. Apenas
27,7% delas têm biblioteca e 11,8%, sala de leitura. No entanto, 95% afirmaram dispor de
livros infantis e 78,3% destacaram que a “hora do conto” faz parte das atividades.

Demandas sociais
A assessora de políticas sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), Tânia Dornelles, salienta que as demandas sociais precisam ser atendidas. “No
contato com as comunidades, vemos que não há resistência das famílias à obrigatoriedade da
educação infantil. O que se percebe é resistência ao modelo oferecido, que não respeita ou
considera as diversidades dos povos do campo”, afirma. Segundo ela, trata-se de um modelo
mais ligado à ideologia de uma educação rural de cunho assistencialista e sem preocupação
com a qualidade ou com a oferta de uma educação emancipadora, que considere os sujeitos
do campo protagonistas do processo educacional.

Ela defende que o atendimento considere as peculiaridades regionais, que seja fruto de
diálogo e de consulta às populações e que respeite tanto a cultura quanto os saberes das
crianças do campo. “Tal como a educação infantil é oferecida, as crianças pequenas sofrem
um ‘desenraizamento cultural’. Isso é grave, porque essa é a fase da construção da
identidade da criança como sujeito do campo”, alerta. Nas escolas, essa problemática vai
desde a merenda escolar feita com produtos que fogem à alimentação característica da
região até os materiais didáticos que não consideram o contexto sociocultural das crianças.

Primeiros passos
O município de Alta Floresta (MT) tem onze escolas no campo, sendo seis municipais e cinco
estaduais. A clientela da educação infantil é de crianças a partir de 4 anos. Ainda não há
creches. Em 2010, foi aberta uma turma de 2 e 3 anos, mas não houve demanda, devido à
questão do transporte escolar. “As estradas estão esburacadas e os trajetos são longos. Para
que o filho pequeno fosse à escola, pai ou mãe teriam de acompanhá-lo, o que impediria que
trabalhassem”, explica o coordenador da educação do campo do município, Nilson Pereira da
Silva. Ele explica que as famílias sentem-se mais seguras de deixar as crianças irem sozinhas
no transporte partir dos 4 anos.

Nilson Silva destaca que o transporte adequado aos pequenos é um dos grandes desafios. O
mobiliário das escolas e até mesmo a altura das janelas também devem ser ajustados.
“Quando a janela é muito alta, a criança sente-se presa na sala de aula, porque faltam
ventilação e visão externa”, esclarece. As comunidades também estão acostumando- se com a
ideia. “Muitos questionam a importância da educação infantil. Explicamos que é um direito
das crianças e que é uma época importante para o seu desenvolvimento” conta.

Materiais, brinquedos pedagógicos e livros estão sendo enviados pelo MEC, enquanto o
município também tem investido, inclusive em parquinhos. A alocação de professores ainda é
uma questão difícil. O município garante um professor só para a educação infantil; porém,
quando o número de alunos é muito pequeno, isso fica inviável. “A lei de contratação baseia-
se no número de alunos por sala. Como ela não prevê a peculiaridade da educação do campo,
não podemos colocar um professor para poucos alunos”, explica o coordenador. O celular
rural nem sempre dá conta da comunicação com as escolas, e a internet, via rádio, é uma
alternativa. O trabalho com os pequenos é recente, mas Nilson Silva, com entusiasmo, diz que
esses desafios estimulam a melhoria do serviço.

Ações articuladas e mudança


A professora Elisângela Moreira da Silva, da rede municipal de Miradouro (MG), ressalta que os
profissionais que atuavam nas escolas do campo não recebiam formação adequada. “Pouco se
falava em temas como agricultura familiar camponesa, produtos orgânicos, uso de agrotóxicos
e preservação dos recursos naturais. E, principalmente, não era reforçada a participação do
homem do campo na edificação da sociedade”, lembra. Tal situação resultava, segundo ela,
na oferta de uma educação descontextualizada, mais ligada à realidade urbana.

As dificuldades apontadas pela professora são as mesmas enfrentadas por vários municípios do
Brasil. Miradouro (MG) tem cerca de dez mil habitantes, e a metade vive no campo. Das dez
escolas do município, sete estão na zona rural. A professora ainda relata que as dificuldades
eram de naturezas diversas: desnutrição infantil, merenda pouco balanceada, professores
apenas com o magistério ou o ensino médio normal, escolas em condições ruins, mobiliário
precário e falta de material didático adequado e de brinquedos. “Em resumo, tínhamos de
nos contentar com as sobras do que era investido nas escolas do perímetro urbano”, recorda.

Em 2005, a gestão pública começou a criar projetos e políticas públicas intersetoriais. A


primeira ação foi assegurar a manutenção e o mapeamento das estradas e a construção de
pontes que ligavam a estrada principal às secundárias. O município reelaborou o plano de
carreira do magistério, reajustou salários e fomentou a graduação a distância. “Todos os
professores, inclusive os que atuam e vivem no campo e os que estavam prestes a se
aposentar, ingressaram no nível superior”, conta Elisângela.

Para aperfeiçoar o trabalho de quem atuava no campo, foram promovidas palestras e


formações específicas sobre o tema. Além disso, a prefeitura incentivou esses professores a
ingressar em um curso de licenciatura em educação do campo oferecido pela UFMG. A
merenda passou a ser planejada por uma nutricionista e o preparo é feito, inclusive, com
insumos fornecidos pela agricultura familiar e por pequenos agricultores. Todas as escolas
têm telefone tipo Voip e laboratório de informática com internet. Duas escolas do campo
também dispõem de lousa digital. A nota do município no último Índice de Desenvolvimento
da Educação (Ideb) foi de 6,6 para as séries iniciais do ensino fundamental. O número superou
tanto a meta estipulada pelo governo para 2011 (5,0) quanto a média nacional alcançada
(4,6).

A professora Elisângela da Silva leciona em território rural há 8 anos. Para ela, existe uma
vantagem imensa nessas escolas: o espaço onde as crianças vivem é um grande campo de
pesquisa. “É um privilégio dar aula à beira da cachoeira ou observando a nascente de um rio”,
exemplifica. Ela concluiu no ano passado sua licenciatura em educação no campo pela UFMG.
Sua tarefa no município é auxiliar as escolas na implantação da educação no campo, pois
agora, com a resolução de muitos dos problemas estruturais, será possível avançar. A oferta,
por enquanto, é para alunos a partir dos 5 anos. Ainda não há creches nem ensino médio nas
escolas do campo. “Não resta dúvida de que implantá-los é nosso grande desafio. Estamos
engajados nessa luta para assegurar tudo o que foi conquistado e concretizar com sucesso
novos projetos”, afirma.

O que é ANTROPOLOGIA?

A ANTROPOLOGIA é a ciência que estuda os diversos aspectos da vida social em


diferentes culturas ou sociedades humanas. Sua principal característica é o interesse pela
diversidade de modos de viver da humanidade, possuindo um vasto leque de investigação
como grupos étnicos e religiosos, migrações, formação de grupos rurais e urbanos e suas
formas de expressão e comunicação por meio da arte, de narrativas, do parentesco, de
performances, da cultura material, dos tipos de moradias e a relação com o meio
ambiente.
A originalidade da ANTROPOLOGIA provém tanto de seu método de pesquisa baseado no
trabalho de campo intensivo e na observação participante, em que o pesquisador convive
com o grupo investigado, como de sua abordagem comparativa de fenômenos coletivos
em diferentes contextos culturais e sociais. Esse método foi cunhado principalmente pelos
antropólogos ingleses Malinowski e Raddclif-Brown.

No Brasil ela é conhecida principalmente pelas pesquisas na área de antropologia social e


cultural, embora também haja instituições que se dedicam à antropologia biológica. A
pesquisa acadêmica é o principal campo de atuação do antropólogo. No entanto, nas
últimas décadas novos campos de trabalho têm se configurado. Há uma crescente
demanda por parte do Estado por profissionais que sejam capazes de elaborar
documentos sobre problemas étnicos ou relativos às terras indígenas ou quilombolas,
emitindo pareceres sobre bens patrimoniais materiais e imateriais, laudos periciais e
estudos sobre impacto socioambiental de grandes obras. As organizações não
governamentais também abriram amplo espaço para antropólogos, especialmente para
trabalhos em comunidades urbanas e rurais em que é fundamental o conhecimento da
cultura local e de suas formas de representação social.

Especializações
• Etnologia Indígena – busca compreender como se organizam esses povos, em seus
vários aspectos da vida social.
• Antropologia Biológica – é a pesquisa social associada à observância de características
físico-biológicas do homem, a partir da ideia de origem e evolução.
• Antropologia da Arte – estudo da produção artística humana em seu vínculo com as
sociedades.
• Antropologia Visual – estuda a representação visual, como fotografia, cinema, e outras
mídias.
• Antropologia da Ciência – caracteriza-se pelo estudo de como é construído o saber
científico e a que tipo de relações sociais estão associadas a este processo.
• Antropologia Rural ou das sociedades camponesas – procura pensar o “mundo” rural em
oposição ao urbano, considerando ambos como intervenientes.
• Antropologia Política – dedica-se à análise dos movimentos políticos e instituições
políticas, no sentido amplo, a partir das relações sociais de grupos específicos.
• Antropologia da Religião – neste campo, há uma atenção especial, voltada para a
observância e compreensão de rituais e símbolos que compõem as diversas práticas
religiosas.
• Parentesco – a análise das relações de parentesco e seu papel na vida social

Áreas de atuação
O Antropólogo poderá atuar nas seguintes áreas:
• Pesquisa acadêmica e ensino, em universidades públicas e particulares.
• Atuação nos quadros de órgãos públicos como o Ministério da Justiça (Funai e Ministério
Público), da Saúde (Funasa), Ministério da Cultura (IPHAN e fundações culturais),
Ministério da Educação e Meio Ambiente, Senado Federal, órgãos municipais entre outros;
• Assessoria a Estudos de Impacto Ambiental e laudos periciais sobre populações
tradicionais.
• Organizações não-governamentais (ONGs) nacionais e internacionais;
• Integrar equipes de museus e acervos culturais públicos e privados.

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