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TELA CHEIASUMÁRIO

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Autores
Camila Bicalho
George Cunha

Designer Editorial e Interação


José Antonio Bezerra Junior

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TELA CHEIA SUMÁRIO

PSICOLOGIA DO ESPORTE APLICADA AO FUTEBOL

A PSICOLOGIA COMO UMA DIMENSÃO DO TREINAMENTO ESPORTIVO

O treinamento esportivo é entendido como o preparo físico, técnico-tático,


intelectual, psíquico e moral do atleta através de exercícios físicos (MATVEEV,
1997). Para o desenvolvimento das capacidades físicas e mentais do atleta, o
treinamento esportivo se embasa numa estrutura formal e institucionalizada. O
suporte da estrutura do treinamento esportivo se dá a partir das áreas de estudo
da fisiologia, biomecânica, nutrição, psicologia, sociologia, medicina esportiva,
aprendizagem motora, história e sociologia do esporte. É a junção e a aplicação
do conhecimento interdisciplinar que desenvolve as habilidades do atleta na
produção do desempenho ótimo.
O desempenho ótimo é explicado na figura 1 a partir da equação de Castelo et
al (1996). Toda a preparação do atleta é realizada visando a melhor performance
física com o menor gasto energético. Por isso, os profissionais que trabalham com
a preparação do atleta para as competições precisam atuar de forma conjunta
e equilibrada. Nessa estrutura o psicólogo atua analisando e transformando os
determinantes psíquicos que interferem no rendimento do atleta e/ou grupo
esportivo (RUBBIO, 1999).

Eficiência Máxima
do Atleta
+ Dispêndio mínimo
de energia
+ Recuperação
Rápida
<<

RENDIMENTO ÓTIMO

Figura 1: Equação ideal para o rendimento ótimo do atleta no esporte de rendimento.


Desenvolvido pela autora a partir dos resultados de Castelo et al (1996)

3 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Pressupostos Históricos da Psicologia no Esporte


Você
Sabia?

A Psicologia do Esporte foi definida como o estudo científico de pessoas e


História da seus comportamentos em contextos esportivos e de exercício e as aplicações
Psicologia do Esporte
práticas de tal conhecimento (GILL, 1979). Como subárea do conhecimento das
No primeiro congresso
Ciências do Esporte, a Psicologia do Esporte tem como principal objeto de estudo
internacional da
psicologia do esporte, o comportamento motor humano (esporte e exercício físico) e os contextos es-
no ano de 1913, na portivos como locais de aplicação prática do conhecimento (VIEIRA; NASCIMENTO
cidade de Lausane-
Suiça, o barão Pierre JR.; VIEIRA, 2013).
de Coubertan disse No Brasil, a Psicologia do Esporte começou a se desenvolver juntamente com
na cerimônia de
abertura: os programas de pós-graduação nos anos 1930/40 na Escola de Educação Física
do Exército e na Escola Nacional de Educação Física e Desportos, as quais possu-
“Eu gostaria de ver
mais atenção da área
íam periódicos que publicavam artigos de militares, médicos e educadores com
médica à Psicologia; temáticas pertinentes à Psicologia Esportiva (VIEIRA; NASCIMENTO JR.; VIEIRA, 2013).
a Medicina avançou
Como marco inicial a atuação do profissional, em 1950 o psicólogo João Carva-
rapidamente,
mas, também, lhaes iniciou a atuação no futebol (HERNANDEZ, 2011). Cinquenta anos depois, a
exclusivamente em Psicologia do Esporte foi reconhecida e regulamentada pelo Conselho Federal de
termos fisiológicos”
Psicologia (CFP) em 20 de dezembro de 2000, pelas resoluções nº 014/00 e nº 02/01,
Fonte: CRATTY, estando o seu exercício vinculado ao Conselho Regional e Federal de Psicologia.
B.J. Psychology in
contemporary sporte. Implicada em seus primórdios com aspectos mais biológicos, hoje, a Psico-
Englewood Cliffs, NJ: logia do Esporte vem estudando e atuando em situações que envolvem diver-
Prentice Hall, 1989.
sos construtos psicológicos aplicados no contexto do esporte de rendimento,
caracterizando-se como um espaço onde o enfoque social, educacional e clínico
se complementam (RUBIO, 1999). Neste contexto, a atividade física tem requerido
estudo e atuação de profissionais da área da psicologia, visto que o nível técnico
de atletas e equipes de alto rendimento está cada vez mais equilibrado, sendo
dada ênfase especial à preparação emocional, sendo esta apontada como o
diferencial em muitas modalidades.

Preparação Emocional no Esporte


CBF não investe em performance emocional quatro anos após 7 a 1.

Atletas de alto nível têm o lado psicológico forte.


Leia clicando
no conteúdo
A importância do fator psicológico no futebol.

Psicólogo esportivo ajuda atletas a melhorar rendimento e alcançar


pódio.

4 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Afinal, qual o objetivo do Treinamento Psicológico no esporte


de rendimento?
O objetivo do treinamento psicológico é desenvolver e melhorar as habilida-
des e competências psicológicas dos atletas e treinadores (SAMULSKI, 2002). É
ajustar as capacidades psicológicas do atleta para que no dia da competição
ele consiga manter a sua melhor performance. E acima de tudo, zelar pelo bem-
-estar psíquico do atleta e do treinador durante toda a sua carreira.

Cognitiva

Social

l
Motivaciona
Emocional

Figura 2: A engrenagem do treinamento psicológico para atletas e treinadores

Como é feito o trabalho do Psicólogo do Esporte?


O trabalho do psicólogo do esporte é realizado a partir de programas de trei-
namento psicológico e através da aplicação de técnicas de preparação mental
específicas do contexto do esporte (SAMULSKI, 2002). Também é realizado durante Você
Sabia?
os treinamentos, através da observação do comportamento do atleta, de traba-
lhos em grupo com a equipe e com uma atuação direta junto ao treinador e co- Habilidades
psicológicas
missão técnica. Após a definição dos objetivos do trabalho junto com a comissão
técnica, realiza-se a avaliação do atleta ou da equipe, seguido da elaboração Do mesmo modo
que os movimentos
do trabalho embasada em princípios científicos e métodos teóricos validados, técnicos necessitam
execução e reavaliação das variáveis iniciais (ver exemplo em SCALA, 2000). de treino e
repetição para
Para que o trabalho da Psicologia do Esporte seja eficaz é fundamental que serem aprendidos
haja o estabelecimento de metas junto ao atleta e comissão com a qual traba- e aprimorados,
o mesmo ocorre
lham. As metas precisam corresponder ao alcance real da capacidade do atleta,
com as habilidades
e recomenda-se estar associada ao trabalho físico e tático realizado com os psicológicas.
profissionais da comissão técnica.

5 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Os construtos psicológicos e suas implicações no esporte de rendimento


Você
Sabia?

As demandas psicológicas a serem trabalhadas no futebol tanto com atle-


Construto psicológico tas tanto com os treinadores são amplas. Para Samulski (2000) o treinamento
é um conceito teórico
não observável. psicológico visa estabilizar o comportamento emocional durante a competição
Exemplos de (autocontrole emocional); acelerar e otimizar o processo de reabilitação e recu-
construtos são
personalidade, peração e melhorar os processos de coesão grupal (liderança e comunicação).
amor, medo. Tais Dentre as temáticas que vem sendo desenvolvidas, segundo Vilarino et al. (2017),
conceitos são
usados na linguagem
os temas mais estudados e abordados nas linhas de pesquisa da Psicologia do
comum, mas para Esporte no Brasil, entre 2012 a 2016, foram ansiedade, motivação e estresse. A fi-
se tornarem um
gura 3 apresenta os resultados dos construtos e temas emergentes dos estudos
construto científico
necessitam de uma da Psicologia do Esporte no Brasil.
definição clara e de
um embasamento
Depressão
Estresse Burnout
empírico (dicionário). Treinamento Mental

Ansiedade
Motivação
Personalidade

Humor Autoestima Percepção


Coping Liderança
Figura 3: Principais temas da Psicologia do Esporte investigados na produção científica
nos Grupos de Pesquisa entre os anos de 2012-2016 (VILLARINO et al.,2017).

Personalidade: O início de tudo


Personalidade é um conjunto de características individuais as quais são re-
lativamente permanentes e estáveis (HERMAN, 1976). É o conjunto de todas as
características que fazem de cada pessoa alguém único (WEINBERG; GOULD,
1999). É caracterizada pela composição individual dos traços de um indivíduo,
constituídos a partir das suas necessidades, motivos, interesses, atitudes e tem-
peramento.
O modelo de Eysenck é internacionalmente aceito e tem sido amplamente es-
tudado dentro do futebol. Trata-se de dois superfatores: Introversao-Extroversão
e Instabilidade-Neuroticismo. Segundo Eysenck, esses fatores são basicamente
determinados por questões genéticas, porém, sob o ponto de vista da interação
das pessoas com o ambiente, há alterações na manifestação do comporta-
mento humano. O desenvolvimento da personalidade se dá, portanto, a partir
da interação dos fatores individuais e socioambientais.

6 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Instabilidade

Ansioso Inquieto
Reservado Agressivo
Tranquilo Impulsivo
Introversão Extroversão
Passivo Sociável
Pensativo Recepetivo
Autocontrole Líder

Estabilidade
Figura 4: Modelo explicativo dos traços de personalidade individuais –
Adaptado de Eysenck (1969).

O desenvolvimento da personalidade é integrado ao desenvolvimento huma-


no como um todo (motor, cognitivo, motivacional, social e emocional) da infância
até a idade adulta. Assim, todas as experiências vivenciadas na primeira infância
até a fase adulta podem influenciar na manifestação do comportamento dos
traços de personalidade do indivíduo. Portanto, os traços de personalidade são o
inicio de todo o processo que determina o comportamento humano, porém, não
são os determinantes finais. Estudos apontam que a participação no esporte de
rendimento pode influenciar nestas manifestações (figura 5).

2
A relação entre esporte e personalidade apresentada por Samulski (2002)

1 3
explica que há três relações possíveis de ocorrerem:

a hipótese a hipótese de a hipótese de


de seleção; socialização; interação.

Na hipótese de seleção, pessoas com traços de personalidade específicos se


interessam por determinadas modalidades esportivas ou por formas especiais
de prática esportiva, da mesma forma que são escolhidos pelo subsistema es-
portivo. Existe uma melhoria da adaptação da estrutura da personalidade e ao
perfil da exigência das modalidades desportivas. Exemplo: geralmente as pesso-
as orientadas para o rendimento se dedicam ao esporte competitivo. Na hipótese
de socialização, o esporte é considerado como fator socializante. A atividade
esportiva influencia a personalidade e o desenvolvimento da personalidade de
uma forma específica, altera por exemplo a motivação para o rendimento, o
comportamento agressivo, o papel da mulher. Por fim, na hipótese de interação
os processos de seleção e de socialização interagem entre si, acentuando a
personalidade do indivíduo.

7 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

TESE 2
Socialização

ESPORTE TESE 3 Interação PERSONALIDADE

TESE 1
Seleção
Veja ao
Figura 5: Teoria da Relação entre Personalidade e Esporte (SAMULSKI,2002). clicand

Existe um modelo ideal para “ser atleta”? A resposta é não, porém, estudos
tem mostrado alguns traços que são fundamentais para o engajamento e para
o enfretamento das situações adversas que ocorrem ao longo da formação do
atleta. Dentre as características até então estudadas, são determinantes para
o atleta:

Quadro 1: Características pessoais determinantes para o sucesso


do atleta no esporte profissional (SAMULSKI, 2002):

Ser motivado para Disciplina Resistência Autoconfiança


o rendimento psíquica

Estabelecer Espírito de Organização


metas exigentes e liderança
realistas

Capacidade Capacidade de Controle Autodomínio


cognitiva elevada comunicação emocional
social

8 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Ainda assim, é possível identificar no esporte de alto rendimento, especial-


mente no futebol, atletas e treinadores que não conseguem se adaptar ou lidar
com a carga emocional deste contexto. Não é incomum encontrar casos de an-
siedade; medo do fracasso; tendência para atitudes depressivas; sensibilidade
exagerada diante do insucesso ou da crítica externa em personagens importan-
tes do futebol nacional e internacional.

O estresse e suas implicações no desempenho do atleta e do treinador


O estresse é definido como “um desequilíbrio substancial entre demanda (fí-
sica e/ou psicológica) e capacidade de resposta, sob condições em que deixar
de satisfazer tal demanda tem importantes consequências” (MCGRATH,1970, p.20).
É uma resposta não específica do corpo para qualquer demanda de mudança
o vídeo
do aqui (SELYE,1959). O estresse é, portanto, o estado em que a homeostase do organismo
é alterada, como resultado de estímulos estressores.
Em resposta à condição de estresse, Selye (1959) denominou como “Síndrome
Geral de Adaptação” (Figura 6) os eventos de resposta ao estresse que ocorrem
em três importantes fases:
1. a reação de alarme, na qual o organismo percebe o estímulo estressante;
2. a fase de resistência, que consiste na tentativa de adaptação do organismo
frente ao estímulo;
3. a fase de exaustão, quando o organismo perde a capacidade de adaptação.

Nível
Adaptação
Normal

Fase de Resistência Fase de Esgotamento

Reação de Alarme

Figura 6: Síndrome de Adaptação Geral – SAG proposta por Selye (1959).

Estudos no campo da Psiconeuroimunologia têm demonstrado que a


resposta ao estímulo estressor é mediada pela ativação do eixo hipotála-
mo-pituitário-adrenal (HPA) e pelo sistema nervoso autônomo (SNA), que,

9 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

em desequilíbrio, pode resultar em alterações na resposta imune (Figura 7). A


ativação do eixo HPA inicia-se através dos impulsos nervosos originários do es-
tresse que são transmitidos para o hipotálamo. O hipotálamo, por sua vez, secreta
o CRH, o qual passa pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário, chegando até a
hipófise anterior. Neste local, o CRH induz a secreção do ACTH, que flui pela corren-
te sanguínea até o córtex da adrenal, induzindo a secreção de glicocorticóides
como o cortisol e aldosterona

Hipotálamo
Hipófise

ACTH Citocinas
(TNF-α, IL-1 IL -6)

Cortisol
Adrenais
(Supra-renais)

Sistema imune

Cortisol

Figura 7: Regulação hormonal a partir do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal.

De uma concepção psicológica, o estresse pode ser entendido como estado


de exigência cognitiva ou mental (NITSCH HACKFORT, 1981). A ênfase aqui se dá nos
aspectos psíquicos do estresse, nas modificações cognitivas, de bem-estar e de
execução da ação. O desenvolvimento dessa concepção se dá com o advento
da Psicologia Cognitivista (LAZARUS, 1966) e sua relação com outras teorias, como
a teoria da ação (action-theory) (NITSCH; HACKFORT, 1981). Para essa corrente
teórica, a percepção ou avaliação subjetiva seria um aspecto mediador da cog-
nição e, consequentemente, fator preponderante para ocasionar uma situação
estressora (SMOLL; SMITH, 1989).
A qualidade e quantidade da adaptação ao estresse depende do número de
fatores envolvidos: Dependendo da sua intensidade e tempo, o estresse pode
ser considerado agudo ou crônico. O estresse agudo pode ser entendido como
uma ameaça imediata, a curto prazo, conhecido como resposta à luta ou fuga.

10 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Já o estresse crônico ocorre quando o evento estressor persiste por vários


dias, semanas ou meses.

Estressores Estressores
Agudos Crônicos

Inconsistência nos
Humor relacionado ao
períodos das partidas
resultado da partida

Jogo fora: “efeito da


Cronotipo individual
primeira noite”

Sessões Matutinas
de Treinamento

Figura 8: Adpatado de Nédelec (2015).

O que é a Síndrome de Burnout?


A síndrome de burnout foi definida por Freudenberger (1974, 1975) como a
exaustão advinda do excesso de demandas de energia, força ou recursos. A ori- Você
Sabia?
gem da palavra está ligada aos termos “burn” que significa queima e “out” fora.
Assim a exposição às situações de estresse crônico emocional e interpessoal Exaustão Emocional
vivenciados no ambiente laboral podem levar o indivíduo à “falha” ou “desgaste”
O atleta que se sente
por exigências excessivas de energia, forças ou recursos. emocionalmente
O Modelo de Estresse Cognitivo-Afetivo de Smith (1986) tem sido apontado esgotado e tem
dificuldade de
como o modelo que melhor explica o processo do burnout no esporte. Segun- experimentar
do Smith, o burnout se desenvolve por meio de um processo baseado no es- emoções positivas
está mais próximo do
tresse influenciado por fatores pessoais e motivacionais. O burnout no futebol é
burnout (Smith, 1986).
caracterizado pela saturação psicológica, emocional e, por vezes, física de uma
prática esportiva anteriormente agradável e desejada. Observa-se pela figura 1
o desencadeamento da síndrome a partir de componentes psicológicos, fisioló-
gicos e comportamentais que progridem em quatro estágios previsíveis.

11 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

1 Demandas situacionais: esta etapa


está relacionada aos níveis de
exigências às quais atletas são
submetidos durante situações de
treino e competições;
2 Avaliação cognitiva: os
indivíduos interpretam e
avaliam a situação, podendo
considerar uma como mais
ameaçadora do que outras;

3 Respostas fisiológicas: caso a


avaliação cognitiva da situação
tenha sido uma resposta
prejudicial ou ameaçadora o
atleta desencadeará respostas
fisiológicas a partir do sistema
nervoso autônomo e a exposição aos
fatores estressores poderá desencadear
4 respostas
comportamentais: esta é a
etapa final, em
que a resposta fisiológica
leva a algum tipo de
comportamento de controle e
tarefa, o atleta percebe as consequências
dos estágios anteriores refletindo nas
uma situação de estresse crônico; dificuldades de relacionamento, queda de
desempenho, entre outros.

Fatores de personalidade
e motivacionais

Estresse Avaliação cognitiva


Demandas da Comportamento de
das demandas controle e tarefa
situação e recursos Respostas
dos recursos
fisiológicas

Burnout Sobrecarga percebida


Demandas altas Comportamento
ou conflitantes: Baixa previsibilidade e rígido e inadequado
Tensão, raiva, Desempenho
sobrecarga Controle percebidos:
ansiedade, diminuído
Baixo apoio social impotência
depressão, Dificuldades
Baixa autonomia Percepção de poucas
Baixas realizações interpessoais
Susceptibilidade Retraimento das
compensações significativas
à doença atividades
Baixas demandas Falta de significado e
(tédio) desvalorização
da própria atividade

Figura 9: O Modelo Afetivo-Cognitivo de Smith para o Burnout


(Traduzido de SMITH, 1986, p.40).

Neste modelo, tanto o estresse quanto o burnout apresentam mecanismos de


ação similares. A distinção entre ambos reside no argumento de que a síndrome
de burnout representa as manifestações dos elementos situacionais, cognitivos,
fisiológicos e comportamentais do estresse (SMITH, 1986).

12 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Quadro 3: Fatores que contribuem para o burnout em atletas e treinadores:

Especialização Esgotamento Distúrbios Overtraining


Precoce Mental do Sono

Pressão social
Estresse Depressão (treinador e Emoções
Crônico familiares) negativas

Lesões Distúrbios de Excesso de Desmotivação


Ansiedade competições

Estudos recentes mostram que atletas de elite de futebol abandonam o esporte


por várias razões, sendo a síndrome de burnout uma das variáveis mais evidentes
(GUSTAFSSON et al., 2014; VERARDI et al., 2012; HILL et al., 2013). Porém, os efeitos do bur-
nout no cenário do futebol vão muito além do abandono à modalidade. Atletas e
treinadores podem experimentar sentimentos de frustração e fracasso que acabam
culminando num consequente retraimento psicológico e emocional impactando
diretamente no seu desempenho em campo. É comum presenciar atletas que du-
rante uma temporada apresentam perda de rendimento por questões emocio-
nais. Por isso, o abandono da modalidade causado pelo burnout é muito mais do
que simplesmente desistir pois envolve respostas negativas aos outros, como baixa
autoestima e depressão (WEINBERG; GOULD, 2001). Acredita-se que muitos atletas e
treinadores em estágios iniciais do esporte permanecem em atividade devido à
outras compensações, por exemplo, financeiras.

Como avaliar o burnout em atletas de futebol?


O Questionário de burnout para atletas foi validado por Pires, Brandão e Silva
(2006) objetiva identificar e mensurar a síndrome de burnout em atletas brasi-
leiros de alto rendimento. Acesse aqui o instrumento

Figura 10: O burnout pode ser causa de desistência precoce no futebol.

13 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Reportagens sobre o estresse e


Leia clicando
no conteúdo
esgotamento no futebol:
No limite técnicos de futebol sofrem com problemas de saúde.

Saúde dos treinadores de futebol em jogo.

Indicação de leitura: Euclides Furtado lança livro para sensibilizar atletas

sobre síndrome de Burnout.

Psicologia da arbitragem de futebol


No futebol, das categorias iniciais ao mais alto nível, a arbitragem é parte
imprescindível do espetáculo. Apesar de cada vez mais ganharem destaque
extracampo e possuírem notória importância, os árbitros de futebol não pos-
suem nenhuma regulamentação profissional no Brasil. A remuneração arbitral,
por exemplo, refere-se, exclusivamente, à partida em que cada um trabalhou,
em uma relação de prestação autônoma de serviços a clubes e federações
(BOSCHILIA; VLASTUIN; MARCHI, 2008).

Figura 11: Empatia e Comunicação na Arbitragem.

No cenário atual, o futebol está inserido em um grande negócio (“football bu-


siness”), que movimenta elevadas cifras monetárias e evidencia todo seu poderio
econômico e político, representados na organização de ligas milionárias. Não
obstante, a não profissionalização da arbitragem é uma das grandes lacunas
existentes nesse “negócio” e modalidade esportiva.
O formato do futebol atual exige cada vez mais de seus principais atores –
física, técnica, tática e psicologicamente – em termos de desempenho e recu-
Veja ao vídeo
peração (Mascarenhas, Button, O´Hare & Dicsk, 2009; Clementes-Suárez, Acebes,
clicando aqui Surdiaz-Gutierrez & De la Veja, 2015). Em uma partida de futebol convencional,

14 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

com duração de aproximadamente 90 minutos, um árbitro central toma em


média 137 decisões observáveis por jogo. Logo, tal dado se refere apenas aquelas
decisões com intervenção direta da arbitragem, não considerando as decisões
que não implicam intervenção (HELSEN; BULTYNCK, 2004).
No entanto, os avanços já contemplados para outras populações do futebol
(atletas), no que tange à especificidade do trabalho, ainda não foi estendido ao
âmbito da arbitragem. Por consequência, tem-se uma série de repercussões
subjacentes à rotina do árbitro de futebol, inclusive para a preparação psicoló-
gica, as quais devem ser compreendidas de maneira detalhada dado o grau de
responsabilidade e exigência que têm os árbitros (BLUMENSTEIN; ORBACH, 2014).

Figura 12: Gestão de Conflitos na Arbitragem

Burnout em árbitros
A condição laboral de atuação do árbitro de futebol envolve a capacidade
de gerir com qualidade a exposição aos fatores estressores, como lidar com a
pressão da torcida, a culpa pelo erro, o assédio da imprensa, o descontrole emo-
cional de treinadores/atletas e menor valorização financeira quando comparado
com outros países. No Brasil, a ausência de regulamentação da profissão e baixa
remuneração faz com que esses profissionais assumam outras funções de tra-
balho, levando ao aumento da sobrecarga de estresse laboral nesses indivíduos
(FERREIRA; BRANDÃO, 2012; PEDROSA; GARCÍA-CUETO, 2015). A exposição do árbitro
a este constante ambiente de estresse, pode levá-lo a desenvolver a síndrome
de esgotamento ou burnout (OLIVEIRA; PENNA; PIRES,2018).

15 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Medo de Expectativa de uma Mal pressentimento


cometer erros; má atuação; antes do jogo;

Elevada Ansiedade na Baixa autoconfiança Mau humor na manhã


presença de torcedores no início do jogo; do dia do jogo.
e avaliadores;

Figura 13: Fatores Estressores da Arbitragem de Futebol

Considerando este modelo para a população brasileira de árbitros, o mesmo


estaria exposto às demandas estressoras, tais como altas cargas de jogos para
arbitrar, ou altas demandas de trabalho para conciliar com a tarefa da arbitra-
gem e pela frequente expectativa do desempenho sem erros. Nessa lógica do
modelo, o árbitro faz uma avaliação cognitiva da situação relativa à sua /sua
capacidade de responder a essas demandas. A interpretação do árbitro e sua
capacidade de atender a essas demandas pode levar a uma resposta fisiológica
que, por sua vez, levaria a respostas comportamentais e de enfrentamento. Tais
respostas incluem a exaustão física e emocional.
Uma análise da arbitragem brasileira mostrou que um percentual próximo à
40% dos árbitros apresentaram alta incidência de burnout durante uma tempo-
rada esportiva, caracterizando-se como um grupo especialmente predispostos
à manifestá-lo (PIRES et al., 2012; MONTEIRO et al., 2017, GARCES DE LOS FAYOS; REYES
PUERTA; OLMEDILLA ZAFRA, 2000). As consequências do burnout para os árbitros
envolvem aumento das emoções e sentimentos negativos que podem compro-
meter a saúde mental e consequente abandono da carreira (DELL; RHIND; MISIA,
Para a avaliação do burnout em árbitros de futebol Brandão, Serpa, Rosado e
Weinberg (2014) traduziram e validaram para o português o Inventário de Burnout
para Árbitros (BIR), originalmente desenvolvido por Weinberg e Richardson (1990).
Acesse aqui o inventário

Resiliência
A resiliência é denomidada como uma estratégia pessoal capaz de produzir
uma resposta positiva frente às situações estressoras experimentadas ao longo
da vida. Richardson (1990), um dos teóricos de grande destaque, conceituou a
resiliência como um processo de reintegração psicológica, uma capacidade
de aprender novas habilidades a partir da experiência estressora e sob a pers-
pectiva de vida de uma maneira que aumentará as habilidades de lidar com os
próximos eventos estressores da vida.

16 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

O termo resiliência também tem-se mostrado cultural e contextualmente de-


pendente de fatores socio-ambientais. Questões como o perfil socio-econômico,
estilo parental, eventos estressantes recentes, ou que ocorreram ao longo da
vida, e eventos estressantes comunitários são apresentados por Masten (2001)
como situações de risco que podem atuar como agentes ativos sobre a capa-
cidade resiliente do indivíduo.

Figura 14: Rebeca Symes, psicóloga da seleção inglesa, em atuação no campo de jogo.

Considerando as experiências de vida, especialmente as relacionadas ao


treinamento esportivo, Cevada et al. (2012) mostraram que ex-atletas apresen-
taram maior resiliência, estado geral de saúde, melhor aspectos emocionais e
menor ansiedade quando comparados à sujeitos não atletas. Fletcher e Sarkar
(2012) explicam que na avaliação da resiliência existem diferenças entre atletas,
que são expostos à situações difíceis com objetivos de aumentar e melhorar o
seu desempenho, e indivíduos que foram forçados a exibir qualidades resilientes
para manter níveis funcionais normais após situações de risco. Os estudos mos-
tram que os fatores psicologicos associados à resiliencia protegem os atletas
do potencial efeito negativo dos fatores estressores, influenciando na avaliação
do desafio e promovendo respostas facilitadoras que precedem o desempenho
esportivo.

E como a resiliencia é desenvolvida?


Fletcher e Sarkar (2012) validaram Teoria Fundamentada de Resiliência Psi-
cológica e Desempenho Esportivo Ótimo para atletas. Neste modelo, os autores
procuraram explicar como a resiliencia pode contribuir para um melhor desem-
penho dos atletas. Tomando como exemplo o jogador de futebol, ele avaliaria as
experiências estressoras (por ex. perder um penalti) como uma situação positiva,
uma vivência necessária para o seu desenvolvimento enquanto atleta. Neste
processo de avaliação da situação estressora, denominado “metacognição”,

17 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

o atleta detem alguns recursos, constituidos das suas caracteristicas pessoais


(personalidade, motivação, foco, confiança) e do suporte social percebido (fa-
mília, colegas de treino e treinador).

Resitência Psicológica

Fatores
Psicológicos

de Motivação
nalida
Perso itiva
po s

Avaliação Respostas Ótimo Rendimento


Estressores do desafio e Facilitadoras Esportivo
metaconição

Confiança Foco
Apoio
social
Percebido

Figura 15: Teoria Fundamentada de Resiliência Psicológica e Desempenho Esportivo


Ótimo. Fonte: Fletcher e Sarkar (2012 p.672).

Estudos mais recentes apontam que atletas mais resilientes têm melhores
chances de alcançar bons resultados quando expostos a adversidades (MACHI-
DA; IRWIN; FELTX, 2013; SÁNCHEZ et al., 2016). Por esse motivo, trabalhar e desenvol-
ver o componente da resiliência durante a formação do atleta de futebol, poderá
contribuir não só para o seu desempenho, mas para a manutenção da sua saúde
mental. Desenvolver a capacidade resiliente em atletas garantirá que eles es-
tejam melhores preparados para superar os desafios e pressões do ambiente
esportivo do futebol, aumentando a probabilidade de sucesso na sua carreira
esportiva (CEVADA et al., 2012).

Motivação
A motivação é um tópico de forte interesse por psicólogos e pesquisadores
do futebol em geral. Entender os processos motivacionais humanos, supõe com-
preender comportamentos e motivos individuais e coletivos que podem justifi-
car uma determinada ação. Compreender os motivos que levam as pessoas a
se engajarem por diversos anos em uma determinada prática esportiva, bem
como os possíveis fatores moderadores dessa relação causal se traduzem em
um diverso campo de estudo.

18 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

A motivação seria, então, a energia e o esforço despendidos para o al-


cance do objetivo ou meta (SAMULSKI, 2002). No contexto esportivo, a motivação é
peça fundamental para que os jovens atletas se mantenham engajados mesmo
diante das demandas físicas e mentais impostas sobre eles. Para tanto, Samulski
(2002) indica que são os fatores pessoais e os fatores situacionais que irão de-
terminar a motivação para a prática esportiva de alto rendimento (figura 10).

Motivação para à Fatores


Fatores
Prática Esportiva de Situacionais
Pessoais
Alto Rendimento

Personalidade Estilo de Liderança


Interesses Facilidades
Motivos Tarefas Atrativas


Metas Desafios
Expectativas Influências Sociais

Figura 16: A motivação para a prática esportiva de alto rendimento


(Adaptado de Samulski, 2002)

No esporte, espera-se que o atleta deva ter um grau de motivação elevado,


uma vez que a rotina atlética de jogos e treinamentos é frequentemente intensa
e o esforço para realização das atividades diárias é incessante, de modo que
o atleta deve estar continuamente motivado para realizá-las. Nesse sentindo,
alguns comportamentos de um atleta de sucesso são esperados, como apre-
sentado no quadro abaixo proposto por Samulski (2002).

Tipo Vencedor Tipo Perdedor


Orientação para o sucesso Orientação para o fracasso
Autoconceito positivo Autoconceito negativo

X
Metas realistas Metas irrealistas
Motivação intrínseca Motivação extrínseca
Análise adequada de resultados Análise inadequada de resultados
Auto reforço positivo Auto reforço negativo
Segurança no comportamento Insegurança no comportamento
Orientação para normas individuais Orientação para normas sociais
Autodeterminação Falta de autodeterminação
Auto controle Controle Externo

Um dos modelos teóricos mais empregados no que tange à motivação no


esporte é a Teoria da Auto-Determinação (TAD). Um ponto central para com-
preensão dessa teoria é a diferenciação entre a motivação autodeterminada

19 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

e a motivação controlada (DECI, RYAN, 2000). A primeira significa agir com um


completo senso de volição e escolha (RYAN, DECI, 2002). Os comportamentos
são completamente assumidos pelo indivíduo, que está notadamente envolvido
com as causas que para ele são interessantes (motivação intrínseca) ou pes-
soalmente importantes (regulação identificada). Já a motivação controlada, de
maneira oposta, significa agir sob sentimentos de pressão (Deci & Ryan, 2000).
Demandas coercitivas (regulação externa) ou senso de obrigação (regulação
introjetada) podem, ambas, pressionar um indivíduo de forma que este se en-
gaje em comportamentos requeridos.   Em suma, pesquisas têm apontado que
sujeitos cuja motivação é mais autodeterminada, em contraste à motivação
controlada, tendem a apresentar resultados positivos, tais como: persistência;
esforço; desempenho; vitalidade; autoestima; e bem-estar (Ryan & Deci, 2002).

Figura 17: Auxiliar na criação de um bom clima motivacional


é função importante do profissional da Psicologia.

Para trabalhar a motivação em atletas de futebol, algumas técnicas são


sugeridas. O psicólogo do esporte pode se apropriar das Técnicas Cognitivas,
como a mentalização das próprias capacidades, mentalização de metas con-
cretas, determinação e variação de metas. Técnicas de autoafirmação como o
reforço positivo após boas ações, antecipação mental de auto-reforços, ante-
cipação mental de reforços externos, automotivação por meio de movimento e
exercício, participação ativa e auto-responsabilidade. Por fim, as técnicas emo-
cionais como o Flow-feeling (sensação de Fluidez), Winning–feeling (sensação
de vitórias), Group-feeling (sensação da união do grupo).

Técnicas de Treinamento Mental


 Regulação do Pensamento:  Rotinas de Conduta
 Rotinas Mentais
• Domínio e Automatização
Etapas:
• Identificação e detenção de pensamentos  Instruções (preparação)
indesejados
 Memorização
• Eleger sinais de parada (auto-instrução)
 Ensaio Mental
• Eleger pensamento positivo ou ação de
substituição  Automatização da Execução

20 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Figura 18: Objetivos da técnica de Mentalização (Visualização ou Imagery).

O papel do(a) treinador(a) enquanto líder


A definição de liderança é o processo comportamental de influenciar indiví-
duos e grupos na direção de metas estabelecidas (BARROW, 1977). Uma boa lide-
rança é aquela capaz de causar uma influência positiva sobre o grupo visando
a realização de objetivos; conduzindo um grupo em prol do mesmo objetivo. No
contexto do esporte, o treinador enquanto líder é aquele que desenvolve o exer-
cício intencional de poder e de influência em prol de um objetivo comum com
os seus atletas.

Figura 19: Liderança nos processos iniciais de formação.

21 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Martens (1987) e Samulski (2002) apontam que um treinador que exerce uma
liderança efetiva no esporte precisa ser capaz de estabelecer objetivos e metas
concretas (ex. avaliar a capacidade de sua equipe em relação ao adversário e
definir objetivos específicos no jogo); construir um ambiente social e psicológi-
co favorável (ex. proporcionar clima participativo e agradável no treinamento
e competição); instruir valores (ex. estabelecer junto com o grupo normas de
conduta; ser espelho de comportamento); motivar os membros para alcance
dos objetivos e metas (ex. criar metas intermediárias que direcionem o alcance
das metas principais); comunicar-se com os atletas (ex. estabelecer um canal
de comunicação acessível e codificável aos membros do grupo).
Os estilos de liderança podem alternar entre autocrático e democrático
(CHELLADURAI, 1978). Um líder autocrático é o que comanda todas as diretrizes
que ele mesmo estabelece, determinando as funções de seus liderados e cola-
boradores com uma postura direta em suas instruções, sem dar oportunidade
para que seus liderados possam opinar em qualquer situação. Na liderança de-
mocrática o líder divide as suas responsabilidades com o grupo, delega funções
de importância semelhante para seus membros e instiga os liderados a partici-
parem das estratégias para que os objetivos sejam alcançados.

Figura 19: Joaquin Valdés psicólogo, com Luis Enrique,


na época treinador do FC Barcelona.

Saiba mais sobre a atuação da Psicologia no Futebol no Barcelona a partir da


ótica de seu treinador (2017). Leia clicando
no conteúdo

Estudos sugerem que nas categorias de base, o estilo democrático tem sido
o preferido pelos atletas. Porém, o que se percebe, é em grande parte das situa-

22 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

ções, os treinadores adotam um estilo de liderança autocrático (MAIA et al; 2018;


COSTA; SAMULSKI; COSTA, 2009). O mesmo cenário se repete nos grupos de atletas
de futebol profissional (CASTILLA; RAMOS, 2012; COSTA; SAMULSKI; COSTA, 2010). Sa-
bendo que o estilo de liderança do treinador afeta os aspectos comportamentais
do atleta (MARCONE, 2017), e consequentemente o seu desempenho em campo,
a discussão do papel do treinador no ambiente do treinamento precisa ser esti-
mulada pelo psicólogo do esporte. Em especial, na formação do atleta, quando
suas capacidades físicas e psicológicas estão sendo constituídas e preparadas
para a entrada no esporte profissional.
Por fim, deve-se atentar que há diferentes estilos de se liderar e cada grupo
ou contexto pode responder melhor a um determinado estilo. A “Psicologia do
Futebol” oferece, portanto, as bases do conhecimento aplicado a atuação do
treinador e demais líderes do contexto do Futebol. Na parte dois deste e-Book
aprofundaremos nos conteúdos sobre Liderança e Futebol.

23 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

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Sobre os autores
Camila Bicalho, Professora do Departamento de Ciências do
Movimento Humano da Universidade do Estado de Minas Gerais.
Mestre e Doutoranda em Treinamento Esportivo pelo Programa
de Ciências do Esporte da UFMG. Atualmente é supervisora do
setor científico da equipe de Psicologia do Esporte do Centro de
Treinamento Esportivo da UFMG.

George Klinger, Psicólogo e Mestre em Psicologia. Durante seu


mestrado (2014-2016) mergulhou de cabeça em sua dissertação
com atletas de futebol. Realizou período sanduíche por 6 meses
na Universidade Autónoma de Nuevo León com estágio no clube
Tigres UANL, ambos em Monterrey, México. Foi instrutor e consultor
da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol na Federação
Norteriograndense de Futebol e na Federação Mineira de Futebol (FMF). Foi
ainda assistente de comitê olímpico nacional nos Jogos Olímpicos (TIME Malásia)
e Paraolímpicos (TIME Emirados Árabes Unidos) Rio 2016, dentro da Vila Olímpica.
Em 2017 se iniciou o maior dos desafios: fundar o Futebol Interativo.

29 PSICOLOGIA DO FUTEBOL
d uc a ç ã o
E
pa ra u m
fut eb o l
a in da
mel h o r !

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