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O ano da morte de Ricardo Reis

Linguagem
e estilo
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1 — Transgressão das regras formais do registo discursivo

• Registo do discurso direto das personagens sem mudança de linha


e travessão ou aspas.

• Introdução da fala da personagem por vírgula seguida de maiúscula.

«Ricardo Reis perguntou, Diga-me, como soube que eu estava


hospedado neste hotel, Quando se está morto, sabe-se tudo,
é uma das vantagens, respondeu Fernando Pessoa.»

O narrador incorpora no seu


discurso as falas das personagens
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Era como se eu lhes tivesse a contar a eles


a história que eles me tinham contado. E, como
você sabe, quando falamos, não usamos sinais
de pontuação. Temos pausas [de respiração]
e até, como eu digo nos meus livros, os dois
únicos sinais de pontuação, o ponto e a vírgula,
não são sinais de pontuação, são uma pausa,
uma pausa breve e uma pausa longa.
José Saramago, entrevista ao Expresso, 2004.
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2 — Uso original da pontuação

• Estilo que dispensa deliberadamente os pontos de exclamação


e de interrogação.
O discurso ganha
«Lídia pareceu nem reparar que estava ali o doutor em fluidez e ritmo,
Ricardo Reis, subiu diligentíssima ao segundo andar, aproximando-se
Quanto tempo ficam, perguntou o médico, da oralidade
É costume serem três dias […]»

[É] como narrador oral que me vejo […].


Ora, o narrador oral não precisa E, como você sabe, quando
de pontuação, fala como se estivesse falamos, não usamos sinais
a compor música. de pontuação […].
José Saramago José Saramago
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[É] como narrador oral que me vejo


quando escrevo e […] as palavras
são por mim escritas tanto para serem
lidas como para serem ouvidas.
Ora, o narrador oral não precisa
de pontuação, fala como se estivesse
a compor música […].
José Saramago,
Cadernos de Lanzarote — Diário II (1994).
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3 — Estrutura sintática complexa

• Frase longa, com séries de orações: orações subordinadas e orações


coordenadas (sindéticas e assindéticas).

• Inversão da ordem sintática (anástrofes e hipérbatos).

• Paralelismo sintático.
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4 — Outras características da linguagem e do estilo

• Presença de comentários e asserções aforísticas (normalmente,


em momentos de digressão).

«[...] um homem não vai menos perdido


por caminhar em linha reta»

«[…] o pior mal é não poder o homem estar


no horizonte que vê […]»
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4 — Outras características da linguagem e do estilo

• Presença de comentários e asserções aforísticas (normalmente,


em momentos de digressão).

• Utilização de provérbios e expressões populares.

Segundo o narrador, os provérbios são


«fórmulas de sabedoria condensadas, para uso
imediato e efeito rápido, como os purgantes».
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4 — Outras características da linguagem e do estilo

• Presença de comentários e asserções aforísticas (normalmente,


em momentos de digressão).

• Utilização de provérbios e expressões populares.

• Introdução de versos de Ricardo Reis.

«[….] Assim em cada lago a lua toda brilha,


porque alta vive, O senhor doutor diz
as coisas duma maneira tão bonita […]»
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4 — Outras características da linguagem e do estilo

• Presença de comentários e asserções aforísticas (normalmente,


em momentos de digressão).

• Utilização de provérbios e expressões populares.

• Introdução de versos de Ricardo Reis.

• Ironia e sarcasmo, utilizados na crítica e na denúncia da realidade política.

«[…] leia-se aquele jornal de Genebra, Suíça, que longamente


discorre […] sobre o ditador de Portugal, já sobredito, chamando-nos
de afortunadíssimos por termos no poder um sábio. Tem toda a razão
o autor do artigo, a quem do coração agradecemos […]»

O narrador pretende dizer o contrário

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