Conceito- É a infecção que se localiza nos órgãos genitais e que ocorre após o
parto ou abortamento recentes, caracterizada por febre de 38ºC que ocorre em
2 dos 10 primeiros dias pós-parto, excluindo as 24 h iniciais, em tomadas
feitas sublingual, 4 vezes ao dia..
Infecções urinarias, pulmonares e mamarias podem ocorrer no puerperio
recente, com quadro febril similar ao da infecção puerperal, caracterizando o
quadro clinico de morbidade febril puerperal. Assim sendo devemos excluir
outras patologias febris presentes no puerperio antes de afirmar tratar-se de
infecção puerperal.
Etiopatologia-
Causas predisponentes:
• Parto cesariana – 20%
• Ruptura prematura das membranas – 21%
• Parto vaginal prolongado e traumático –7.7%
• Hemorragia ante, intra e pós-parto
• Placentação baixa
• Condições socioeconômicas
• Atividade sexual
• Retenção de restos ovulares
• Circlagem
• Monitorizaçào interna
• Idade materna
• Gemelaridade
Na cesárea, as condições que agravam o prognostico da mãe são: cesáreas
eletivas complicadas, com maior volume hemorrágico; tardias, após partos
prolongados e muito manuseados; com amniorexe prolongada e complicação
de infecção materna; com apresentação fetal profundamente insinuada
obrigando a manipulações, contaminação e a irritação da cavidade peritonial
por liquido amniótico infectado e complicações técnicas- lesões de alças, de
bexiga, do ceco-. A infecção endometrial é a mais freqüente, devida entre
outras causas a maior manipulação endouterina, a presença de fios de sutura, a
necrose isquêmica da cicatriz miometrial, os hematomas locais e o derrame de
liquido amniótico na cavidade peritonial (irritação mais infecção).
Na ruptura prematura das membranas, após 12 horas, a cultura do material
amniótico mostra-se positiva para as bactérias da flora do canal
cervicovaginal, principalmente porque as contrações uterinas favorecem a
aspiração intrauterina do material cervicovaginal, que é o contaminante.
Manipulações repetidas no canal do parto, ié, os toques repetidos e as
manobras intra cavitários (curetagem pós-parto, descolamento manual da
placenta), elevam os índices de IP. Condições agravantes são as manobras
dilatadoras do colo e a extração incompleta dos anexos ovulares. O material
trofoblástico é um ótimo meio de cultura.
No parto prolongado, quando ocorre um maior intervalo entre a ruptura da
bolsa e o parto e a compressão dos tecidos maternos pela cabeça fetal
seguida de mortificação dos tecidos locais favorece a multiplicação
bacteriana local.
Hemorragia ante, intra e pós-parto levando a anemia com redução da
resistência antiinfecciosa.
Placentação baixa, que é a presença de tecido trofoblástico deslocado nas
proximidades do canal cervical.
Condições socioeconômicas, com o estado civil não definido que tem como
conseqüência um maior numero de parceiros sexuais, elevando o índice de
infecções cervicovaginais, hipoproteinemia devido o estado nutricional e pode
ocorrer amniorexe prematura, devido o trabalho em posição ortostáticas.
Quanto à idade materna, em adolescente é mais freqüente a infecção
endometrial pós-cesaria do que em pacientes mais idosa (44%:15%), talvez
devido o comportamento sexual.A atividade sexual em gestação avançada,
principalmente em multíparas onde o colo é mais permeável.
Retenção de restos ovulares em extrações placentárias incompletas em partos
mal assistidos.
Circlagem tem maior incidência de endometrite em pós-cesárea.
Gemelaridade resolvidas por cesáreas tem maior índice de endometrite e de
infecção da parede abdominal devido principalmente ao estado nutricional e a
maior hemorragia de dequitação.
Bacteriologia:
Geralmente a IP é polimicrobiana. São na grande maioria da flora intestinal e
que freqüentemente colonizam períneo, vagina e cérvice.
Principais bactérias envolvidas na infecção puerperal
Aeróbios Anaeróbios
Gram positivos Gram positivos
Enterococos
S.faecalis, S.faecium
Estafilococos
S.aureus,S.epidermidis
Pseudomonas
Haemophilus influenzae
Gardnerella vaginalis
Outros
Mycoplasma hominis
Chlamydia trachomatis
Exames Laboratoriais
• Hemograma
• Hemocultura – deve se colher o material antes de começar a
antibioticoterapia.
• Urocultura- pode ocorrer a bacteruria assintomática por enterobacteria
que pode indicar a participação deste microorganismo na infecção
puerperal.
• US- é fundamental no diagnostico de retenção de restos ovulares,
abscessos e hematomas intracavitarios e de parede abdominal.
Tratamento
Baseia-se na antibioticoterapia assim que o diagnostico tenha sido
estabelecido e os materiais para cultura colhidos.
Como a infecção é polimicrobiana, com bactérias aeróbicas e anaeróbicas
proveniente da flora intestinal e genital a terapêutica antibiótica deve ser
abrangente.
As combinações mais comuns utilizadas são:
1- Ampicilina ou penicilina associada a aminoglicosideo ( gentamicina
ou amicacina) e metronidazol
2- Clindamicina em associação com aminoglicosideo.
Profilaxia-
Cuidados de assepsia e anti-sepsia devem ser rigorosamente obedecidos. Deve
se recomendar à administração profilática de antibiótico nos casos de partos
prolongados, rotura de membranas há longo tempo e submetidos a toques
excessivos. Tem sido utilizado ampicilina e a cefalosporina durante o ato
operatório e por mais 24-48 h., ou cloranfenicol- 2g até 48h. pós-parto.