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Número do processo: 1.0035.06.

082887-4/001(1)
Relator: EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS
Relator do Acordão: EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS
Data do Julgamento: 06/11/2007
Data da Publicação: 01/02/2008
Inteiro Teor:
EMENTA: EXECUÇÃO FISCAL - TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO -
CRÉDITO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA - PRESCRIÇÃO
QÜINQÜENAL. Na execução fiscal que objetiva a cobrança de
TARIFA de água e ESGOTO (dívida de natureza não tributária),
não se aplica o prazo prescricional previsto no Código Tributário
Nacional e nem o previsto no Código Civil, mas o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos, conforme dispõe o Decreto nº
20.910/32, quando o credor é uma autarquia municipal. Se
fosse o credor uma sociedade de economia mista, a prescrição
seria regulada pelo Código Civil.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0035.06.082887-4/001 - COMARCA DE


ARAGUARI - APELANTE(S): SAE SUPERINTENDÊNCIA ÁGUA
ESGOTO ARAGUARI - RÉU: RAQUEL RAMOS RAIMUNDO -
RELATOR: EXMO. SR. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal


de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o
relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das
notas taquigráficas, EM NEGAR PROVIMENTO, VENCIDA A
VOGAL.

Belo Horizonte, 06 de novembro de 2007.

DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS:

VOTO

Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de


admissibilidade

Trata-se de Execução Fiscal ajuizada pela Superintendência de


Água e ESGOTO de Araguari em face de Raquel Ramos
Raimundo perseguindo a cobrança de débitos referentes ao
fornecimento de água e coleta de ESGOTO de propriedade da
executada.

O MM. Juiz de Primeiro Grau reconheceu, de ofício, a


prescrição/decadência dos créditos tributários compreendidos no
período de 1º/01/1993 a 1º/06/2000 constantes da CDA de fls.
05/08, nos termos do art. 173,I, do CTN c/c os arts. 162, § 1º, e
269,IV, ambos do CPC.

Transitada a sentença em julgado, determinou a intimação da


exeqüente para que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente aos
autos nova CDA, com planilha discriminada do débito,
cumprindo-se o requisito processual constante do art. 614,II, do
CPC, já descontados os créditos em que foi reconhecida a
decadência/prescrição, sob pena de extinção da execução.

Foi aviada apelação pela exeqüente, fls. 39/48, requerendo a


reforma da sentença, no tocante a extinção do processo com
resolução de mérito, nos termos do art. 269 do CPC, onde foi
reconhecida de ofício a prescrição/decadência, aplicando o CTN a
crédito não tributário, uma vez que o SERVIÇO de água e
agosto prestado pelo mesmo possui a natureza jurídica de
TARIFA ou preço PÚBLICO, e não de taxa, como sentenciado,
não sendo alcançado pela prescrição qüinqüenal prevista no
CTN, mas pelo prazo prescricional previsto no Código Civil, nos
termos da Lei nº 8.997/95, art. 9º e do art. 175,III, da CF.

Sem contra-razões.

Penso que não assiste razão à apelante.

Cuida-se de execução objetivando o pagamento de TARIFA de


água e ESGOTO não recolhida pela executada pertinente aos
exercícios de 1993 a 2004, estando o débito inscrito em dívida
ativa desde 13/07/2006 (fls. 5), com propositura da execução
em 19/07/2006.

O Juiz, aplicando o artigo 173, I, do CTN, reconheceu, de ofício


(CPC, art. 219,§ 5º), a prescrição dos créditos compreendidos
no período de 1º/01/1993 a 1º/06/2000, determinando a
intimação do exeqüente para que apresente nova CDA, com
planilha discriminada do débito, já descontados tais créditos, sob
pena de extinção da execução.

Cuida-se, porém, de crédito não tributário.

Na hipótese, a contraprestação pecuniária paga pelo beneficiário


do SERVIÇO tem natureza de preço PÚBLICO - e não de taxa.
Não se cuida, portanto, de crédito tributário, já havendo, neste
sentido, manifestação do Supremo Tribunal Federal, como se
segue.

"Trata-se agravo de instrumento contra decisão que indeferiu o


processamento de recurso extraordinário contra acórdão do
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul e assim
ementado: 'APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO EX OFFICIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA - TRIBUTÁRIO - SERVIÇO DE ÁGUA
E ESGOTO - SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO - NATUREZA
COMPULSÓRIA - TAXA - SENTENÇA MANTIDA - RECURSOS
IMPROVIDOS. Quando compulsório o SERVIÇO de fornecimento
de água e ESGOTO, ele é cobrado do usuário, pela entidade
fornecedora, como taxa. No município de Campo Grande, o
Código de Polícia Administrativa - Lei nº 2.909, de 28 de julho
de 1992, obriga que toda edificação seja ligada à rede pública de
abastecimento de água e a coletor PÚBLICO de ESGOTO,
sempre que existente, em conformidade com as normas técnicas
específicas do órgão competente. Se a ordem jurídica obriga a
utilização de determinado SERVIÇO, não é permitido o
atendimento da respectiva necessidade por outro meio, devendo
a remuneração correspondente sofrer as limitações próprias de
tributo.' (fls.249) Sustenta o recorrente, com fundamento no art.
102, III, a, ter havido violação ao art. 175, da Constituição
Federal. 2. Consistente o recurso. Em caso análogo, no Agravo
de Instrumento nº 225.143, bem relembrou o eminente relator
Ministro MARCO AURÉLIO, que a 'Jurisprudência desta Corte é
no sentido de ter como preço PÚBLICO e, portanto, TARIFA, o
quantitativo cobrado a título de água e ESGOTO. Confira-se com
os seguintes precedentes: Recursos Extraordinários nºs 54.194,
54.491 e 77.162, relatados pelos Ministros Luis Gallotti, Hermes
Lima e Leitão de Abreu, com acórdãos publicados nos Diários da
Justiça de 28 de novembro e 17 de dezembro, ambos de 1963 e
24 de maio de 1977, respectivamente.' 3. Do exposto, valendo-
me do art. 544, §§ 3º e 4º, do CPC, com a redação dada pela
Lei nº 9.756/98 e pela Lei nº 8.950/94, acolho o agravo e desde
logo conheço do recurso e dou-lhe provimento, para julgar
improcedente a ação, invertidos os ônus da sucumbência.
Publique-se. Int." (STF, AI 596937/MS, rel. Ministro Cezar
Peluzo, julgado em 18/09/2006, DJU 03/10/2006).

"Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão do


Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul que,
considerando o caráter tributário da remuneração paga pelo
usuário do SERVIÇO de coleta de ESGOTO, julgou ilegítima a
sua cobrança, por não ter sido instituída mediante lei em sentido
estrito. 2. A jurisprudência desta Suprema Corte consolidou-se
no sentido de que, não obstante a sua obrigatoriedade, a
contraprestação ao SERVIÇO de esgotamento sanitário não tem
caráter tributário. Trata-se, na realidade, de TARIFA, não
dependendo, portanto, da edição de lei específica para sua
instituição ou majoração. Veja-se, sobre o tema, o RE 54.491,
rel. Min. Hermes Lima, Segunda Turma, DJ de 15.10.1963. Esse
entendimento continua sendo seguido neste Tribunal, conforme
revelam os seguintes precedentes: RE 456.048-ED, rel. Min.
Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ de 30.09.2005; AI 409.693,
rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 20.5.2004; RE 330.353, rel. Min.
Carlos Britto, DJ de 10.5.2005, entre muitos outros. 3. Diante do
exposto, dou provimento ao recurso extraordinário (art. 557, §
1º-A, do CPC). Custas ex lege. Publique-se" (STF, RE
464952/MS, rel. Ministra Ellen Gracie, julgado em 23/-3/2006,
DJU 04/04/2006).

Portanto, diante da natureza da dívida executada, a saber, a de


TARIFA ou de preço PÚBLICO, não é de aplicar-se ao caso o
disposto no CTN.

Entretanto, a questão relativa à prescrição não está


regulamentada pelo Código Civil, mas pelo Decreto nº
20.910/32. Neste ponto, cabe ressaltar que a exeqüente é uma
autarquia, razão pela qual lhe são aplicadas as regras deste
Decreto, enfatizando-se que, segundo orientação predominante
no Colendo STJ:

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - COBRANÇA DE MULTA


PELO ESTADO - PRESCRIÇÃO - RELAÇÃO DE DIREITO PÚBLICO
- CRÉDITO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA -
INAPLICABILIDADE DO CC E DO CTN - DECRETO 20.910/32 -
PRINCÍPIO DA SIMETRIA. 1. Se a relação que deu origem ao
crédito em cobrança tem assento no Direito PÚBLICO, não tem
aplicação a prescrição constante do Código Civil. 2. Uma vez que
a exigência dos valores cobrados a título de multa tem
nascedouro num vínculo de natureza administrativa, não
representando, por isso, a exigência de crédito tributário, afasta-
se do tratamento da matéria a disciplina jurídica do CTN. 3.
Incidência, na espécie, do Decreto 20.910/32, porque à
Administração Pública, na cobrança de seus créditos, deve-se
impor a mesma restrição aplicada ao administrado no que se
refere às dívidas passivas daquela. Aplicação do princípio da
igualdade, corolário do princípio da simetria. 3. Recurso especial
improvido" (Ministra ELIANA CALMON (1114) - DJ 14.11.2005 p.
251).

Este TJMG, inclusive esta 7ª Câmara Cível, tem decidido neste


sentido, como podemos ver nos acórdãos, cujas ementas se
seguem.

"PROCESSUAL E TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL -


PRESCRIÇÃO - CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO.- A prescrição dos
créditos não tributários é regulada pelo Decreto nº 20.910, de
1932, ocorrendo em 5 anos, quando o credor é uma autarquia
municipal. Se fosse o credor uma sociedade de economia mista,
seria a prescrição regulada pelo Código Civil. - "O Colendo STF
já decidiu, reiteradamente, que a natureza jurídica da
remuneração dos serviços de água e ESGOTO, prestados por
concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço
PÚBLICO, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter
não-tributário" (REsp nº 740967/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de
28/04/06). (AGRAVO Nº 1.0035.07.092584-3/001 - COMARCA
DE ARAGUARI - AGRAVANTE(S): SAE SUPERINTENDÊNCIA ÁGUA
ESGOTO ARAGUARI - AGRAVADO(A)(S): JOSÉ LUIZ COSTA
NETO - RELATOR: EXMO. SR. DES. WANDER MAROTTA)

"EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO - CRÉDITO NÃO


TRIBUTÁRIO. A prescrição dos créditos não tributários é
regulada pelo Decreto nº 20.910/32, quando o credor é uma
autarquia municipal. Se fosse o credor uma sociedade de
economia mista, seria a prescrição regulada pelo Código Civil. O
STF já decidiu que a natureza jurídica da remuneração dos
serviços de água e ESGOTO, prestados por concessionária de
SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço PÚBLICO, donde
prescreve em 5 (cinco) anos. Agravo improvido." (AGRAVO Nº
1.0035.07.094112-1/001 - COMARCA DE ARAGUARI -
AGRAVANTE(S): SAE SUPCIA AGUA ESGOTO ARAGUARI -
AGRAVADO(A)(S): EDILSON JOSÉ DOS SANTOS - RELATOR:
EXMO. SR. DES. CLÁUDIO COSTA)

"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE - ACOLHIMENTO - DETERMINAÇÃO DE DECOTE
DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO PRESCRITO - ALEGAÇÃO DE
SUJEIÇÃO DA COBRANÇA DE TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO ÀS
PRESCRIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL - NATUREZA DA DÍVIDA - NÃO
TRIBUTÁRIA - PRAZO DE 05 (CINCO) ANOS - OCORRÊNCIA -
IMPROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 1º
DO DECRETO Nº 20.910/1932, ARTS. 1º E 2º DA LEI Nº
6.830/1980. Mostra-se possível a utilização do Incidente de Pré-
Executividade, em feitos de Execução Fiscal, com a finalidade de
se aquilatar a ocorrência ou não de prescrição de crédito
tributário. A cobrança de débito de natureza não tributária,
inscrito em dívida ativa do Estado, é realizada nos moldes da Lei
de Execuções Fiscais, aplicando-se o prazo prescricional de 05
(cinco) anos previsto em Decreto Federal." (AGRAVO N°
1.0035.06.083609-1/001 - COMARCA DE ARAGUARI -
AGRAVANTE(S): SAE SUPCIA AGUA ESGOTO ARAGUARI -
AGRAVADO(A)(S): VANDA LUCIA ALVES PESSOA CRUZ -
RELATOR: EXMO. SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA)

Assim, embora não se aplique à hipótese o artigo 173 do CTN, a


prescrição continua a ser de cinco anos, nos termos do Decreto
nº 20.910, de 1932.

Diante do exposto, reconheço que se cuida de crédito não


tributário, mas como o prazo previsto no Decreto 20.910/32 é o
mesmo contemplado no artigo 173 do CTN, deve o exeqüente
excluir dos valores cobrados os já prescritos, como determinado
pelo douto Juiz de origem.

Pelo exposto, nego provimento ao recurso, mantendo, pois,


incólume a r. sentença.

Sem custas, em razão da isenção de que goza a Fazenda


Pública.

O SR. DES. BELIZÁRIO DE LACERDA:


VOTO

Trata-se de crédito não tributário, mas como o prazo previsto no


Decreto 20.910/32 é o mesmo contemplado no artigo 173 do
CTN, deve o exeqüente excluir dos valores cobrados os já
prescritos, como determinado pelo douto Juiz de origem.

Assim, embora não se aplique à hipótese o artigo 173 do CTN, a


prescrição continua a ser de cinco anos, nos termos do Decreto
nº 20.910, de 1932.

Quanto ao prazo prescricional, não incidindo o disposto no


Código Tributário Nacional, aplicar-se-ia aquele constante do
Decreto nº 20.910/1932, que também estipula o de 05 (cinco)
anos, assim dispondo seu art. 1º, "in verbis":

"Art. 1º. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos


Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a
Fazenda federal, estadual ou municipal, prescrevem em cinco
anos contados da data do ato ou fato do qual se originaram."

Vide sobre o tema as seguintes ementas de acórdão deste


Sodalício.

PROCESSUAL E TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO


- CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO. - A prescrição dos créditos não
tributários é regulada pelo Decreto nº 20.910, de 1932,
ocorrendo em 5 anos, quando o credor é uma autarquia
municipal. Se fosse o credor uma sociedade de economia mista,
seria a prescrição regulada pelo Código Civil. - ''O Colendo STF
já decidiu, reiteradamente, que a natureza jurídica da
remuneração dos serviços de água e ESGOTO, prestados por
concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço
PÚBLICO, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter
não-tributário''. (REsp nº 740967/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de
28/04/06). (TJMG 1.0035.07.094040-4/001, Relator: WANDER
MAROTTA, Data do Julgamento: 22/05/2007, Data da
Publicação: 10/07/2007)

EXECUÇÃO FISCAL - TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO - CRÉDITO


DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL.
Na execução fiscal que objetiva a cobrança de TARIFA de água
e ESGOTO (dívida de natureza não tributária), não se aplica o
prazo prescricional previsto no Código Tributário Nacional e nem
o previsto no Código Civil, mas o prazo prescricional de 5 (cinco)
anos, conforme dispõe o Decreto nº 20.910/32, quando o credor
é uma autarquia municipal. Se fosse o credor uma sociedade de
economia mista, a prescrição seria regulada pelo Código Civil.
V.V. (TJMG, 1.0035.07.092602-3/001, Relator: ALVIM SOARES,
Data do Julgamento: 14/08/2007, Data da Publicação:
25/10/2007)

No mesmo sentido, o colendo Superior Tribunal de Justiça já


pacificou o entendimento de que à Administração Pública aplica-
se o mesmo prazo prescricional qüinqüenal imposto ao
administrado, afastando-se as prescrições previstas no Código
Civil, como se vê dos precedentes jurisprudenciais a seguir
colacionados:

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. COBRANÇA DE MULTA


PELO ESTADO. PRESCRIÇÃO. CÓDIGO CIVIL E/OU DECRETO
20.910/32. 1. A relação jurídica que deu origem ao crédito
cobrado por execução fiscal, embora não sendo tributária, é de
índole administrativa. 2. Prescrição que não está disciplinada no
CTN nem no Código Civil, mas no Decreto 20.910/32. 3. Recurso
especial improvido" (REsp. nº 280.229/RJ, Rel. Minª. ELIANA
CALMON, "DJU" 27.05.2002).

"ADMINISTRATIVO. EXECUTIVO FISCAL. MULTA


ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO. ARGÜIÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. ADMISSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO
QÜINQÜENAL. ORIENTAÇÃO DESTA CORTE. I - É assente neste
Tribunal o entendimento de que a invocação da ocorrência da
prescrição não precisa ser efetuada obrigatoriamente em sede
de embargos do devedor, podendo ser suscitado por outro meio
processual, inclusive na exceção de pré-executividade, ou por
petição nos autos quando ao executado é dado falar no feito.
Precedentes: REsp nº 179.750/SP, Rel. Min. MILTON LUIZ
PEREIRA, DJ de 23/09/2002, REsp nº 388.000/RS, Rel. Min.
JOSÉ DELGADO, DJ de 18/03/2002 e REsp nº 139.930/MG, Rel.
Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 03/11/1999. II -
Consoante posicionamento do STJ, a prescrição das ações
judiciais para a cobrança de multa administrativa ocorre em
cinco anos, à semelhança das ações pessoas contra a Fazenda
Pública, prevista no art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Em face da
ausência de previsão expressa sobre o assunto, o correto não é
a analogia com o Direito Civil, por se tratar de relação de Direito
PÚBLICO. Precedentes: REsp nº 447.237/PR, Rel. Min.
FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 10/05/2006, REsp nº
539.187/SC, Rela. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 03/04/2006 e
REsp nº 436.960/SC, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de
20/02/2006. III - Recurso especial provido" (1ª T., REsp. nº
87.265-7, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, j. 17.08.2006).

"ADMINISTRATIVO. MULTA. ILÍCITO AMBIENTAL. PRESCRIÇÃO.


QÜINQÜENAL. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/32 1. Aplica-se a
prescrição qüinqüenal, nos termos do art. 1º do Decreto n.
20.910/32, às ações de cobrança de multa administrativa
decorrente de ilícito ambiental. 2. "À Administração Pública, na
cobrança de seus créditos, deve-se impor a mesma restrição
aplicada ao administrado no que se refere às dívidas passivas
daquela. Aplicação do princípio da igualdade, corolário do
princípio da simetria" (REsp n. 623.023/RJ, relatora Ministra
ELIANA CALMON). 3. Recurso especial improvido" (2ª T., REsp.
nº 79.299-0, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j.
23.05.2006).

Registre-se, ainda, que a aplicação da prescrição de ofício pelo


ilustre Magistrado monocrático mostra-se incensurável, pois,
encontra amparo no disposto no art. 219, § 5º do CPC, com
redação dada pela Lei nº 11.280/2006.

A moderna processualística civil não transige mais com processo


que dura mais para desfechar do que o personagem de
Matuzalém.

No mundo moderno em que se cogita da parcial informatização


do processo em nada justifica a manutenção de ato meramente
formal para extinguir o processo por falta de diligência da parte
que tem ou deveria ter vontade incontida em finalizar o
processo.

A execução de dívida oriunda de preço PÚBLICO ou TARIFA


onde figura como credora-exeqüente autarquia municipal a
prescrição regula-se pelo Decreto nº 20.910/32.

Segundo o referido Decreto prescreve em cinco (05) anos


qualquer ação contra o Poder PÚBLICO e seus delegados.

Em tais termos, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.


A SRª. DESª. HELOISA COMBAT:

VOTO

Trata-se de apelação interposto por SAE - Superintendência de


Água e ESGOTO de Araguari contra a sentença da M.M. Juíza da
2ª Vara Cível da Comarca de Araguari, que, nos autos da
Execução Fiscal, reconheceu, de ofício, a prescrição/decadência
(5 anos) dos créditos tributários compreendidos no período de
01/01/1993 a 01/06/2000 constantes da CDA de fls. 05/08, nos
termos do art. 173, do CTN, I, do CTN c/c os arts. 162, §1º, e
269,IV, ambos de CPC.

O douto Relator está negando provimento ao recurso.

Peço vênia para dissentir de seu voto, pois tenho entendimento


distinto.

Trata-se de execução fiscal que tem como objetivo o pagamento


de débito pertinente à água e ESGOTO não recolhida pela
executada, pertinente aos exercícios de 1993 a 2004.

O crédito foi inscrito em divida ativa em 13/07/2006 (f. 05/08).

Execução proposta em 19/07/2006 (f. 2, v.), cobrando créditos


de 01/08/1993 a 01/05/2004, conforme a CDA.

De início, cumpre salientar que a contraprestação pela utilização


da rede de água e ESGOTO denomina-se preço PÚBLICO,
sendo de natureza não-tributária.

Nessa vertente, o egrégio Supremo Tribunal Federal:

"EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS À DECISÃO


DO RELATOR: CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO: TAXA DE ESGOTO SANITÁRIO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR CONCESSIONÁRIA. NATUREZA
JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. I. - Embargos de declaração
opostos à decisão singular do Relator. Conversão dos embargos
em agravo regimental. II. - A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é no sentido de que não se trata de tributo,
mas de preço PÚBLICO, a cobrança a título de água e ESGOTO.
Precedentes. III. - Embargos de declaração convertidos em
agravo regimental. Não-provimento deste." (STF - RE-ED
447536 / SC - SANTA CATARINA - EMB.DECL.NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - Relator: Min. CARLOS VELLOSO -
Julgamento: 28/06/2005 - Órgão Julgador: Segunda Turma)

Sobre o tema, o STJ:

"AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. SERVIÇOS DE ÁGUA E


ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA. PRESCRIÇÃO
VINTENÁRIA. JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO.
AFASTAMENTO DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

I - "O Colendo STF já decidiu, reiteradamente, que a natureza


jurídica da remuneração dos serviços de água e ESGOTO,
prestados por concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de
TARIFA ou preço PÚBLICO, consubstanciando, assim,
contraprestação de caráter não-tributário" (REsp nº 740967/RS,
Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 28/04/06) (...)." (STJ - Processo REsp
896222 / SP ; RECURSO ESPECIAL - 2006/0218862-4 - Relator:
Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116) - Órgão Julgador: T1 -
PRIMEIRA TURMA - Data do Julgamento 27/02/2007 - Data da
Publicação/Fonte - DJ 02.04.2007 p. 258)

"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÔNUS DA


SUCUMBÊNCIA. OMISSÃO VERIFICADA. (EXECUÇÃO FISCAL.
TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA
OU PREÇO PÚBLICO. DÍVIDA ATIVA. CRÉDITO NÃO-
TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO DECENAL. CÓDIGO CIVIL.)

1. A prescrição qüinqüenal referente ao crédito cobrado pela


Municipalidade, em decorrência do inadimplemento dos serviços
de água e ESGOTO, restou afastada pela decisão embargada -
posto tratar-se de dívida não-tributária, insuscetível de
submissão ao regime tributário previsto no CTN." (STJ -
Processo: EDcl no REsp 740967 / RS ; EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL -2005/0058586-0 -
Relator: Ministro LUIZ FUX (1122) - Órgão Julgador: T1 -
PRIMEIRA TURMA - Data do Julgamento: 15/08/2006 - Data da
Publicação/Fonte - DJ 28.08.2006 p. 228)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL - SERVIÇOS PÚBLICOS DE


FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO - NATUREZA DO "PREÇO
PÚBLICO" - COMPETÊNCIA DA Eg. PRIMEIRA SEÇÃO (1ª E 2ª
TURMA) - IUJ JULGADO NA CORTE ESPECIAL, EM 05.05.2004 -
PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA - ART. 177 DO CÓDIGO CIVIL DE
1916 - PRECEDENTES DO STJ E STF.

- Os serviços públicos de fornecimento de água e ESGOTO,


essenciais à cidadania, se caracterizam pela facultatividade e
não pela compulsoriedade, prestado diretamente pelo Estado ou
por terceiro, mediante concessão, submetendo-se à fiscalização,
princípios e regras condicionadores impostos pelo ente
PÚBLICO, e por isso remunerados por tarifas ou preços
públicos, regendo-se pelas normas de direito privado. -
Competência da Primeira Seção do STJ. - A prescrição da ação
para cobrança de preços públicos rege-se pelo art. 177, "caput",
do Código Civil de 1916, sendo portanto vintenária. -
Precedentes do STJ. - Recurso especial conhecido, mas
desprovido. (STJ - Processo: REsp 149654 / SP ; RECURSO
ESPECIAL 1997/0067529-7 - Relator: Ministro FRANCISCO
PEÇANHA MARTINS (1094) - Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA
TURMA - Data do Julgamento: 06/09/2005 - Data da
Publicação/Fonte - DJ 17.10.2005 p. 233 - RDDT vol. 123 p.
239)

Portanto, no caso, por se tratar de crédito não-tributário, não se


aplica o prazo prescricional de 05 (cinco) anos, estabelecido no
CTN, aplicando-se o Código Civil.

Sobre o tema, o Sodalício Mineiro:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL - SERVIÇO DE


ÁGUA E ESGOTO - TARIFA/PREÇO PÚBLICO - CRÉDITO NÃO-
TRIBUTÁRIO - PRESCRIÇÃO - CÓDIGO CIVIL. Encontra-se
pacificada, no STF e no STJ, a natureza jurídica de crédito não
tributário da TARIFA ou preço PÚBLICO cobrado do usuário
pela prestadora de SERVIÇO de água e ESGOTO, ainda que a
concessionária seja autarquia municipal. Ajuizada execução
fiscal em relação ao preço PÚBLICO cobrado pelo SERVIÇO de
água e ESGOTO, deverá ser aplicado, no tocante à prescrição, o
Código Civil, afastando-se a aplicabilidade do Código Tributário,
face à natureza jurídica de parcela contraprestacional do preço
PÚBLICO, assim como o Decreto n. 20.910/32, que traz
prerrogativa da fazenda pública, insuscetível de extensão ao
usuário particular." (TJMG - Número do processo:
1.0035.07.094217-8/001 - Relator: DÁRCIO LOPARDI MENDES -
Data da Publicação: 15/08/2007)
"PROCESSO CIVIL. DIREITO TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS DE ÁGUA E
ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO. PREÇO
PÚBLICO. PRESCRIÇÃO. CÓDIGO CIVIL. Não obstante o
SERVIÇO de água e ESGOTO ser prestado por autarquia
municipal, a contraprestação pecuniária, paga pelo beneficiário
do SERVIÇO, tem natureza de preço PÚBLICO e não de taxa.
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Cuidando-se de
execução fiscal para cobrar preço PÚBLICO, aplica-se o prazo
prescricional do Código Civil." (TJMG - Número do processo:
1.0035.07.094103-0/001 - Relator: MARIA ELZA - Data da
Publicação: 28/06/2007)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE
TARIFA OU PREÇO PÚBLICO. CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO.
PRESCRIÇÃO DECENAL. 1. Consoante orientação jurisprudencial
pátria, ""a natureza jurídica da remuneração dos serviços de
água e ESGOTO, prestados por concessionária de SERVIÇO
PÚBLICO, é de TARIFA ou preço PÚBLICO, consubstanciando,
assim, contraprestação de caráter não-tributário"", razão pela
qual insuscetível de submissão ao regime tributário previsto no
CTN, mas sim a decenal prevista no código civil. 2. Dá-se
provimento ao recurso." (TJMG - Número do processo:
1.0035.07.094197-2/001 - Relator: CÉLIO CÉSAR PADUANI -
Data da Publicação: 02/08/2007)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - PRAZO


PRESCRICIONAL DE 5 ANOS PARA CRÉDITOS NÃO
TRIBUTÁRIOS - RECURSO DESPROVIDO. - O novo Código Civil,
no Art. 206, parágrafo § 5º, inciso I, traz regra específica, sem
correspondência no CC/1916, para a aplicação da prescrição em
5 (cinco) anos, contados do lançamento do débito, de execução
de créditos não tributários, enquanto ""dividas líquidas
constantes de instrumento PÚBLICO"". - Recurso desprovido."
(TJMG - Número do processo: 1.0035.07.092593-4/001 -
Relator: EDUARDO ANDRADE - Data da Publicação: 05/06/2007)

Corroborando o entendimento, o egrégio Superior Tribunal de


Justiça:

"AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. SERVIÇOS DE ÁGUA E


ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA. PRESCRIÇÃO
VINTENÁRIA. JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO.
AFASTAMENTO DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. I - "O Colendo
STF já decidiu, reiteradamente, que a natureza jurídica da
remuneração dos serviços de água e ESGOTO, prestados por
concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço
PÚBLICO, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter
não-tributário" (REsp nº 740967/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de
28/04/06). II - A prescrição qüinqüenal não atinge as sociedades
de economia mista concessionárias de SERVIÇO PÚBLICO, que
se sujeitam ao lapso vintenário, pois têm inequívoca natureza
jurídica de direito privado, aplicando-se-lhes a prescrição
vintenária atribuída às ações pessoais, consoante o disposto no
art. 177 do Antigo Código Civil. Precedente: REsp nº
149.654/SP, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de
17/10/05. III - Na repetição de indébito dos valores recolhidos
indevidamente a título de TARIFA de água e ESGOTO, os juros
de mora devem ser contados a partir da citação. IV - Tendo a
recorrida sido vencida na demanda, deve ela arcar,
integralmente, com os ônus sucumbenciais, afastando-se a
sucumbência recíproca imposta pela Corte a quo. V - Recurso
especial provido." (STJ - Processo REsp 896222 / SP RECURSO
ESPECIAL 2006/0218862-4 - Relator: Ministro FRANCISCO
FALCÃO (1116) - Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA - Data
do Julgamento: 27/02/2007 - Data da Publicação/Fonte: DJ
02.04.2007 p. 258)

"PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. TARIFA


DE ÁGUA E ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA OU
PREÇO PÚBLICO. DÍVIDA ATIVA. CRÉDITO NÃO-TRIBUTÁRIO.
PRESCRIÇÃO DECENAL. CÓDIGO CIVIL. 1. O Colendo STF já
decidiu, reiteradamente, que a natureza jurídica da remuneração
dos serviços de água e ESGOTO, prestados por concessionária
de SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço PÚBLICO,
consubstanciando, assim, contraprestação de caráter não-
tributário. 2. Consectariamente, malgrado os débitos oriundos
do inadimplemento dos serviços de água e ESGOTO terem sido
inscritos como dívida ativa, e exigidos mediante execução fiscal,
em observância à Lei de Execuções Fiscais, não se lhes pode
aplicar o regime tributário previsto nas disposições do CTN, in
casu, os relativos à prescrição/decadência, porquanto estes
apenas pertinentes às dívidas tributárias, exatamente por força
do conceito de tributo previsto no art. 3º do CTN. 3. A Execução
Fiscal ostenta esse nomen juris posto processo satisfativo, que
apresenta peculiaridades em razão das prerrogativas do
exeqüente, assim como é especial a execução contra a Fazenda,
não sendo servil apenas para créditos de tributos, porquanto
outras obrigações podem vir a compor a "dívida ativa". 4.
Recurso Especial provido." (STJ - Processo REsp 740967 / RS
RECURSO ESPECIAL 2005/0058586-0 - Relator: Ministro LUIZ
FUX (1122) - Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA - Data do
Julgamento: 11/04/2006 - Data da Publicação/Fonte: DJ
28.04.2006 p. 275)

"PROCESSUAL CIVIL E CIVIL - SERVIÇOS PÚBLICOS DE


FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO - NATUREZA DO "PREÇO
PÚBLICO" - COMPETÊNCIA DA Eg. PRIMEIRA SEÇÃO (1ª E 2ª
TURMA) - IUJ JULGADO NA CORTE ESPECIAL, EM 05.05.2004 -
PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA - ART. 177 DO CÓDIGO CIVIL DE
1916 - PRECEDENTES DO STJ E STF. - Os serviços públicos de
fornecimento de água e ESGOTO, essenciais à cidadania, se
caracterizam pela facultatividade e não pela compulsoriedade,
prestado diretamente pelo Estado ou por terceiro, mediante
concessão, submetendo-se à fiscalização, princípios e regras
condicionadores impostos pelo ente PÚBLICO, e por isso
remunerados por tarifas ou preços públicos, regendo-se pelas
normas de direito privado. - Competência da Primeira Seção do
STJ. - A prescrição da ação para cobrança de preços públicos
rege-se pelo art. 177, "caput", do Código Civil de 1916, sendo
portanto vintenária. - Precedentes do STJ. - Recurso especial
conhecido, mas desprovido." (STJ - Processo REsp 149654 / SP
RECURSO ESPECIAL 1997/0067529-7 - Relator: Ministro
FRANCISCO PEÇANHA MARTINS (1094) - Órgão Julgador: T2 -
SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento: 06/09/2005 - Data da
Publicação/Fonte: DJ 17.10.2005 p. 233RDDT vol. 123 p. 239)

O MM. Juiz a quo reconheceu, de ofício, a prescrição (5 anos)


dos créditos compreendidos no período de 01/01/1993 a
01/06/2000.

Contudo, frisa-se que, ao caso, se aplica o Código Civil, que é lei


geral, à míngua de legislação específica.

No caso, os créditos considerados prescritos pelo MM. Juiz, se


deram antes da vigência do Atual Código Civil, ou seja, na
vigência do CC de 1916.

O art. 177, do Código Civil de 1916, dispõe que:


"As ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em vinte anos."

O Novo Código Civil reduziu esse prazo para dez anos, forte em
seu art. 205.

Percebe-se, portanto, que o Código Civil de 2002 reduziu


significativamente o prazo prescricional.

Cumpre aplicar, portanto, a regra de transição prevista no art.


2.028, do Código Civil de 2002, cujo teor ora se transcreve:

"Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este


Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver
transcorrido mais da metade do tempo estabelecido pela lei
revogada".

Na espécie, observa-se ter ocorrido a redução prevista no


dispositivo citado, qual seja de vinte para dez anos.

Na data da entrada em vigor do Novo Código Civil (11/01/03),


para nenhum dos créditos cobrados havia decorrido mais da
metade do prazo prescricional estabelecido no CC de 1916, qual
seja, 10 (dez) anos.

Vale dizer, como se pode depreender da CDA (f. 05/08), a


primeira cobrança se deu em 01/08/1993, ou seja, ainda não
havia ultrapassado a metade do prazo prescricional, quando da
entrada em vigor do NCC.

Portanto, de acordo com o art. 2.028, do NCC, o prazo


prescricional seria aquele estabelecido no Atual Código Civil,
qual seja, o decenal.

Assim, apenas se já decorridos mais de dez anos, seria aplicável


o prazo prescricional vintenário, de modo que, não tendo
passado esse tempo, o prazo da prescrição é aquele contido no
art. 205, do Código Civil de 2002, ou seja, dez anos.

Todavia, importa ressaltar que, tendo havido redução com a


vigência do Novo Código Civil, o prazo prescricional dessas ações
que não tiverem alcançado a metade do tempo previsto no
Código anterior, fluirá por inteiro.

Isso significa, que, nessas hipóteses, o prazo fixado no Novo


Código Civil recomeçará a ser contado, por inteiro, a partir do
início da vigência da Nova Lei substantiva.

Vale dizer, tendo o Novo Código Civil entrado em vigor em


11/01/03, o prazo prescricional terminaria em 12/01/2013
(prazo de dez anos), sendo que, no caso, a ação foi interposta
em julho de 2006, ou seja, dentro do prazo prescricional.

Assim, como exposto acima, não há que se falar em prescrição,


e muito menos em decadência.

À luz de tais considerações, reiterando o pedido de respeitosa


vênia ao douto Relator, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para
reformar a r. sentença, que reconheceu a prescrição dos créditos
compreendidos de 01/01/1993 a 01/06/2000.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO, VENCIDA A VOGAL.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0035.06.082887-4/001

Número do processo: 1.0035.06.084010-1/001(1)


Relator: BELIZÁRIO DE LACERDA
Relator do Acordão: BELIZÁRIO DE LACERDA
Data do Julgamento: 22/01/2008
Data da Publicação: 15/02/2008
Inteiro Teor:
EMENTA: TRIBUTÁRIO - TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO -
DECADÊNCIA - PRAZO - CTN - INAPLICABILIDADE - OBRIGAÇÃO
NÃO-TRIBUTÁRIA. - O débito decorrente da falta de pagamento
da remuneração pelo SERVIÇO de fornecimento de água e
coleta de ESGOTO consubstancia obrigação não-tributária, razão
pela qual não lhe é aplicada as disposições constantes no Código
Tributário Nacional quanto aos prazos de decadência e
prescrição.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0035.06.084010-1/001 - COMARCA DE


ARAGUARI - APELANTE(S): SAE SUPCIA AGUA ESGOTO
ARAGUARI - APELADO(A)(S): AZARIAS AUGUSTO DE BRITO -
RELATOR: EXMO. SR. DES. BELIZÁRIO DE LACERDA
ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal


de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o
relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das
notas taquigráficas, EM DAR PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

Belo Horizonte, 22 de janeiro de 2008.

DES. BELIZÁRIO DE LACERDA - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. BELIZÁRIO DE LACERDA:

VOTO

Cuida-se de apelação à r. sentença de fls. 19/29, a qual de ofício


julgou extinto o processo de EXECUÇÃO FISCAL reconhecendo a
prescrição do crédito tributário, extinguindo o processo de
execução no termos do art. 269, IV do CPC.

A recorrente sustenta a reforma da r. decisão conforme razões


recursais lançadas às fls. 31/40 salienta que os serviços de água
e ESGOTO são remunerados mediante preço PÚBLICO ou
TARIFA, que não são créditos tributários, de sorte que o prazo
de prescrição é decenal, previsto no Código Civil, e não o
qüinqüenal do Código Tribunal Nacional. Pugna pela reforma da
r. decisão.

CONHEÇO DO RECURSO, desde que atendidos os pressupostos


objetivos e subjetivos de sua admissibilidade.

Trata-se de execução na qual o apelante visa satisfazer o crédito


tarifário decorrente da falta de pagamento das contas relativas à
prestação de serviços de abastecimento de água e coleta de
ESGOTO, relativo aos períodos indicados na CDA de fls. 05/06.

O MM. Juiz "a quo" na r. decisão considerou o prazo prescricional


do Código Tributário Nacional nos termos do art. 173, I, do CTN.

Todavia, a contraprestação pela utilização da rede de água e


ESGOTO denomina-se preço PÚBLICO, sendo de natureza não-
tributária.

Segundo a Jurisprudência recente do Pretório Excelso, a


natureza jurídica da remuneração dos serviços de água e
ESGOTO, prestados por concessionária de SERVIÇO PÚBLICO,
é de TARIFA ou preço PÚBLICO, consubstanciando
contraprestação de caráter não-tributário, como no caso
concreto, conforme consta da CDA.

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS À DECISÃO DO


RELATOR: CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO: TAXA DE ESGOTO SANITÁRIO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR CONCESSIONÁRIA. NATUREZA
JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. (...)II. - A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não se trata de
tributo, mas de preço PÚBLICO, a cobrança a título de água e
ESGOTO. Precedentes" (RE-ED 447536/SC, Rel. Min. CARLOS
VELLOSO, DJ de 26.08.2005).

Nessa vertente, o egrégio Supremo Tribunal Federal:

"EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS À DECISÃO


DO RELATOR: CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO: TAXA DE ESGOTO SANITÁRIO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR CONCESSIONÁRIA. NATUREZA
JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. I. - Embargos de declaração
opostos à decisão singular do Relator. Conversão dos embargos
em agravo regimental. II. - A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é no sentido de que não se trata de tributo,
mas de preço PÚBLICO, a cobrança a título de água e ESGOTO.
Precedentes. III. - Embargos de declaração convertidos em
agravo regimental. Não-provimento deste." (STF - RE-ED
447536 / SC - SANTA CATARINA - EMB.DECL.NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - Relator: Min. CARLOS VELLOSO -
Julgamento: 28/06/2005 - Órgão Julgador: Segunda Turma)

Assim, a remuneração do SERVIÇO de água e ESGOTO,


embora essencialmente posto à disposição da coletividade para
seu bem-estar e proteção à saúde, constitui a contraprestação
contratualmente regidos pelas normas do Direito Privado.

Portanto, não se aplica o prazo prescricional de 05 (cinco) anos,


estabelecido no CTN, vez que se trata de crédito não-tributário,
aplicando-se o Código Civil.

Acolhendo o entendimento construído pelo Supremo Tribunal


Federal, cita-se, por oportuno, recente decisão emanada do
Superior Tribunal de Justiça:

"AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. SERVIÇOS DE ÁGUA E


ESGOTO. NATUREZA JURÍDICA DE TARIFA. PRESCRIÇÃO
VINTENÁRIA. JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO.
AFASTAMENTO DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

I - "O Colendo STF já decidiu, reiteradamente, que a natureza


jurídica da remuneração dos serviços de água e ESGOTO,
prestados por concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de
TARIFA ou preço PÚBLICO, consubstanciando, assim,
contraprestação de caráter não-tributário" (REsp nº 740967/RS,
Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 28/04/06).

II - A prescrição qüinqüenal não atinge as sociedades de


economia mista concessionárias de SERVIÇO PÚBLICO, que se
sujeitam ao lapso vintenário, pois têm inequívoca natureza
jurídica de direito privado, aplicando-se-lhes a prescrição
vintenária atribuída às ações pessoais, consoante o disposto no
art. 177 do Antigo Código Civil. Precedente: REsp nº
149.654/SP, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de
17/10/05.

III - Na repetição de indébito dos valores recolhidos


indevidamente a título de TARIFA de água e ESGOTO, os juros
de mora devem ser contados a partir da citação.

IV - Tendo a recorrida sido vencida na demanda, deve ela arcar,


integralmente, com os ônus sucumbenciais, afastando-se a
sucumbência recíproca imposta pela Corte a quo.

V - Recurso especial provido." (STJ, 1. Turma, REsp 896222/SP,


rel. Ministro Francisco Falcão, julgado em 27/02/2007, DJU
02/04/2007).

Logo, a ocorrência da prescrição, "in casu", deve ser avaliada


face ao prazo, atualmente, decenal previsto no Código Civil ou
vintenário na forma do Código Civil de 1916, conforme o caso
específico.
Em tais termos DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a
decisão, afastar o reconhecimento da decadência/prescrição dos
créditos contidos na CDA de fls. 05/06.

A SRª. DESª. HELOISA COMBAT:

VOTO

De acordo com o Relator.

O SR. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS:

VOTO

Peço vênia ao relator para apresentar voto divergente, em


coerência com outros julgamentos, nos quais neguei provimento
ao recurso em situações similares a esta ora apreciada.

Penso que não assiste razão à apelante.

Cuida-se de execução objetivando o pagamento de TARIFA de


água e ESGOTO não recolhida pela executada pertinente aos
exercícios de 2000 a 2004, estando o débito inscrito em dívida
ativa desde 22/08/2006 (fls. 5), com propositura da execução
em 24/08/2006.

O Juiz, aplicando o artigo 173, I, do CTN, reconheceu, de ofício


(CPC, art. 219,§ 5º), a prescrição dos créditos compreendidos
no período de 1º/10/2000 a 1º/07/2001, determinando a
intimação do exeqüente para que apresente nova CDA, com
planilha discriminada do débito, já descontados tais créditos, sob
pena de extinção da execução.

Cuida-se, porém, de crédito não tributário.

Na hipótese, a contraprestação pecuniária paga pelo beneficiário


do SERVIÇO tem natureza de preço PÚBLICO - e não de taxa.
Não se cuida, portanto, de crédito tributário, já havendo, neste
sentido, manifestação do Supremo Tribunal Federal, como se
segue.

"Trata-se agravo de instrumento contra decisão que indeferiu o


processamento de recurso extraordinário contra acórdão do
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul e assim
ementado: 'APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO EX OFFICIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA - TRIBUTÁRIO - SERVIÇO DE ÁGUA
E ESGOTO - SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO - NATUREZA
COMPULSÓRIA - TAXA - SENTENÇA MANTIDA - RECURSOS
IMPROVIDOS. Quando compulsório o SERVIÇO de fornecimento
de água e ESGOTO, ele é cobrado do usuário, pela entidade
fornecedora, como taxa. No município de Campo Grande, o
Código de Polícia Administrativa - Lei nº 2.909, de 28 de julho
de 1992, obriga que toda edificação seja ligada à rede pública de
abastecimento de água e a coletor PÚBLICO de ESGOTO,
sempre que existente, em conformidade com as normas técnicas
específicas do órgão competente. Se a ordem jurídica obriga a
utilização de determinado SERVIÇO, não é permitido o
atendimento da respectiva necessidade por outro meio, devendo
a remuneração correspondente sofrer as limitações próprias de
tributo.' (fls.249) Sustenta o recorrente, com fundamento no art.
102, III, a, ter havido violação ao art. 175, da Constituição
Federal. 2. Consistente o recurso. Em caso análogo, no Agravo
de Instrumento nº 225.143, bem relembrou o eminente relator
Ministro MARCO AURÉLIO, que a 'Jurisprudência desta Corte é
no sentido de ter como preço PÚBLICO e, portanto, TARIFA, o
quantitativo cobrado a título de água e ESGOTO. Confira-se com
os seguintes precedentes: Recursos Extraordinários nºs 54.194,
54.491 e 77.162, relatados pelos Ministros Luis Gallotti, Hermes
Lima e Leitão de Abreu, com acórdãos publicados nos Diários da
Justiça de 28 de novembro e 17 de dezembro, ambos de 1963 e
24 de maio de 1977, respectivamente.' 3. Do exposto, valendo-
me do art. 544, §§ 3º e 4º, do CPC, com a redação dada pela
Lei nº 9.756/98 e pela Lei nº 8.950/94, acolho o agravo e desde
logo conheço do recurso e dou-lhe provimento, para julgar
improcedente a ação, invertidos os ônus da sucumbência.
Publique-se. Int." (STF, AI 596937/MS, rel. Ministro Cezar
Peluzo, julgado em 18/09/2006, DJU 03/10/2006).

"Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão do


Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul que,
considerando o caráter tributário da remuneração paga pelo
usuário do SERVIÇO de coleta de ESGOTO, julgou ilegítima a
sua cobrança, por não ter sido instituída mediante lei em sentido
estrito. 2. A jurisprudência desta Suprema Corte consolidou-se
no sentido de que, não obstante a sua obrigatoriedade, a
contraprestação ao SERVIÇO de esgotamento sanitário não tem
caráter tributário. Trata-se, na realidade, de TARIFA, não
dependendo, portanto, da edição de lei específica para sua
instituição ou majoração. Veja-se, sobre o tema, o RE 54.491,
rel. Min. Hermes Lima, Segunda Turma, DJ de 15.10.1963. Esse
entendimento continua sendo seguido neste Tribunal, conforme
revelam os seguintes precedentes: RE 456.048-ED, rel. Min.
Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ de 30.09.2005; AI 409.693,
rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 20.5.2004; RE 330.353, rel. Min.
Carlos Britto, DJ de 10.5.2005, entre muitos outros. 3. Diante do
exposto, dou provimento ao recurso extraordinário (art. 557, §
1º-A, do CPC). Custas ex lege. Publique-se" (STF, RE
464952/MS, rel. Ministra Ellen Gracie, julgado em 23/-3/2006,
DJU 04/04/2006).

Portanto, diante da natureza da dívida executada, a saber, a de


TARIFA ou de preço PÚBLICO, não é de aplicar-se ao caso o
disposto no CTN.

Entretanto, a questão relativa à prescrição não está


regulamentada pelo Código Civil, mas pelo Decreto nº
20.910/32. Neste ponto, cabe ressaltar que a exeqüente é uma
autarquia, razão pela qual lhe são aplicadas as regras deste
Decreto, enfatizando-se que, segundo orientação predominante
no Colendo STJ:

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - COBRANÇA DE MULTA


PELO ESTADO - PRESCRIÇÃO - RELAÇÃO DE DIREITO PÚBLICO
- CRÉDITO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA -
INAPLICABILIDADE DO CC E DO CTN - DECRETO 20.910/32 -
PRINCÍPIO DA SIMETRIA. 1. Se a relação que deu origem ao
crédito em cobrança tem assento no Direito PÚBLICO, não tem
aplicação a prescrição constante do Código Civil. 2. Uma vez que
a exigência dos valores cobrados a título de multa tem
nascedouro num vínculo de natureza administrativa, não
representando, por isso, a exigência de crédito tributário, afasta-
se do tratamento da matéria a disciplina jurídica do CTN. 3.
Incidência, na espécie, do Decreto 20.910/32, porque à
Administração Pública, na cobrança de seus créditos, deve-se
impor a mesma restrição aplicada ao administrado no que se
refere às dívidas passivas daquela. Aplicação do princípio da
igualdade, corolário do princípio da simetria. 3. Recurso especial
improvido" (Ministra ELIANA CALMON (1114) - DJ 14.11.2005 p.
251).
Este TJMG, inclusive esta 7ª Câmara Cível, tem decidido neste
sentido, como podemos ver nos acórdãos, cujas ementas se
seguem.

"PROCESSUAL E TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL -


PRESCRIÇÃO - CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO.- A prescrição dos
créditos não tributários é regulada pelo Decreto nº 20.910, de
1932, ocorrendo em 5 anos, quando o credor é uma autarquia
municipal. Se fosse o credor uma sociedade de economia mista,
seria a prescrição regulada pelo Código Civil. - "O Colendo STF
já decidiu, reiteradamente, que a natureza jurídica da
remuneração dos serviços de água e ESGOTO, prestados por
concessionária de SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço
PÚBLICO, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter
não-tributário" (REsp nº 740967/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de
28/04/06). (AGRAVO Nº 1.0035.07.092584-3/001 - COMARCA
DE ARAGUARI - AGRAVANTE(S): SAE SUPERINTENDÊNCIA ÁGUA
ESGOTO ARAGUARI - AGRAVADO(A)(S): JOSÉ LUIZ COSTA
NETO - RELATOR: EXMO. SR. DES. WANDER MAROTTA)

"EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO - CRÉDITO NÃO


TRIBUTÁRIO. A prescrição dos créditos não tributários é
regulada pelo Decreto nº 20.910/32, quando o credor é uma
autarquia municipal. Se fosse o credor uma sociedade de
economia mista, seria a prescrição regulada pelo Código Civil. O
STF já decidiu que a natureza jurídica da remuneração dos
serviços de água e ESGOTO, prestados por concessionária de
SERVIÇO PÚBLICO, é de TARIFA ou preço PÚBLICO, donde
prescreve em 5 (cinco) anos. Agravo improvido." (AGRAVO Nº
1.0035.07.094112-1/001 - COMARCA DE ARAGUARI -
AGRAVANTE(S): SAE SUPCIA AGUA ESGOTO ARAGUARI -
AGRAVADO(A)(S): EDILSON JOSÉ DOS SANTOS - RELATOR:
EXMO. SR. DES. CLÁUDIO COSTA)

"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE - ACOLHIMENTO - DETERMINAÇÃO DE DECOTE
DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO PRESCRITO - ALEGAÇÃO DE
SUJEIÇÃO DA COBRANÇA DE TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO ÀS
PRESCRIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL - NATUREZA DA DÍVIDA - NÃO
TRIBUTÁRIA - PRAZO DE 05 (CINCO) ANOS - OCORRÊNCIA -
IMPROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 1º
DO DECRETO Nº 20.910/1932, ARTS. 1º E 2º DA LEI Nº
6.830/1980. Mostra-se possível a utilização do Incidente de Pré-
Executividade, em feitos de Execução Fiscal, com a finalidade de
se aquilatar a ocorrência ou não de prescrição de crédito
tributário. A cobrança de débito de natureza não tributária,
inscrito em dívida ativa do Estado, é realizada nos moldes da Lei
de Execuções Fiscais, aplicando-se o prazo prescricional de 05
(cinco) anos previsto em Decreto Federal." (AGRAVO N°
1.0035.06.083609-1/001 - COMARCA DE ARAGUARI -
AGRAVANTE(S): SAE SUPCIA AGUA ESGOTO ARAGUARI -
AGRAVADO(A)(S): VANDA LUCIA ALVES PESSOA CRUZ -
RELATOR: EXMO. SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA)

Assim, embora não se aplique à hipótese o artigo 173 do CTN, a


prescrição continua a ser de cinco anos, nos termos do Decreto
nº 20.910, de 1932.

Diante do exposto, reconheço que se cuida de crédito não


tributário, mas como o prazo previsto no Decreto 20.910/32 é o
mesmo contemplado no artigo 173 do CTN, deve o exeqüente
excluir dos valores cobrados os já prescritos, como determinado
pelo douto Juiz de origem.

Pelo exposto, nego provimento ao recurso, mantendo, pois,


incólume a r. sentença.

Sem custas, em razão da isenção de que goza a Fazenda


Pública.

SÚMULA : DERAM PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0035.06.084010-1/001

Número do processo: 1.0035.07.092522-3/001(1)


Relator: DÁRCIO LOPARDI MENDES
Data do Julgamento: 22/11/2007
Data da Publicação: 06/12/2007
Ementa:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL - SERVIÇO
DE ÁGUA E ESGOTO - TARIFA/PREÇO PÚBLICO - CRÉDITO
NÃO-TRIBUTÁRIO - PRESCRIÇÃO - CÓDIGO CIVIL. Encontra-
se pacificada, no STF e no STJ, a natureza jurídica de crédito
não tributário da tarifa ou preço público cobrado do usuário
pela prestadora de serviço de água e esgoto, ainda que a
concessionária seja autarquia municipal. Ajuizada execução
fiscal em relação ao preço público cobrado pelo serviço de
água e esgoto, deverá ser aplicado, no tocante à prescrição,
o Código Civil, afastando-se a aplicabilidade do Código
Tributário, face à natureza jurídica de parcela
contraprestacional do preço público, assim como o Decreto
n. 20.910/32, que traz prerrogativa da fazenda pública,
insuscetível de extensão ao usuário particular.
Súmula: DERAM PROVIMENTO.
Acórdão: Inteiro Teor

Número do processo: 1.0073.04.018417-5/001(1)


Relator: BELIZÁRIO DE LACERDA
Data do Julgamento: 15/01/2008
Data da Publicação: 18/03/2008
Ementa:
Ação Civil Pública - Remuneração por serviço de
fornecimento de água e esgoto - Natureza de Preço Público -
Majoração através de Decreto - Possibilidade.- A
jurisprudência moderna do Supremo Tribunal Federal se
consolidou no sentido de que a remuneração dos serviços de
água e esgoto se faz por preço público ou tarifa.- No R.E. nº
484.692/MS, Relator o Ministro Eros Grau, DJ 29.05.06, p.
96, ficou assentado o entendimento de que ''a remuneração
pela prestação do serviço de fornecimento de água e coleta
de esgoto não tem caráter de tributo, mas de preço público.
(...) Ainda que no caso se trate de preço público
compulsório, a remuneração sendo cobrada por
concessionário de sua prestação é contratual, de modo que
a sua criação e majoração independem de lei.''- Assim
sendo, resulta que não há necessidade de Lei em sentido
estrito, para a majoração ou atualização dos preços
cobrados. V.V.P.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR E, NO
REEXAME NECESSÁRIO,
CONFIRMARAM PARCIALMENTE A
SENTENÇA, PREJUDICADOS OS
RECURSOS VOLUNTÁRIOS, VENCIDO O
RELATOR PARCIALMENTE.

Número do processo: 1.0035.06.085549-7/001(1)


Relator: EDILSON FERNANDES
Data do Julgamento: 10/06/2008
Data da Publicação: 15/07/2008
Ementa:
TRIBUTÁRIO - TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO - DECADÊNCIA -
PRAZO - CTN - INAPLICABILIDADE - OBRIGAÇÃO NÃO-
TRIBUTÁRIA. O débito decorrente da falta de pagamento da
remuneração pelo serviço de fornecimento de água e coleta
de esgoto consubstancia obrigação não-tributária, razão
pela qual não lhe é aplicada as disposições constantes no
Código Tributário Nacional quanto aos prazos de decadência
e prescrição.
Súmula: DERAM PROVIMENTO.

Supremo Tribunal Federal

O Colendo STF, não obstante, vem decidindo, reiteradamente, tratar-se de tarifa ou


preço público, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter não-tributário
(Acórdãos: RE-ED 447536 /SC - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, DJ 26-08-2005, EDcl
no RE n.º 456.048/SC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 06.09.2005, e Decisões monocráticas:
AG n.º 225.143/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 23.02.1999; RE n.º 207.609/DF, Rel. Min.
Néri da Silveira, DJ de 19.09.1999, RE n.º 424.664/SC, Rel. Min. Cézar Peluso, DJ de
04.10.2004, RE n.º 330.353/RS, Rel. Min. Carlos Brito, DJ de 10.05.2004, AG n.º 409.693/SC,
Rel. Min. Cézar Peluso, DJ de 19.05.2004, AG n.º 480.559/SC, Rel. Min. Cézar Peluso, DJ de
19.05.2004, RE n.º 488.200/MS, Rel. Min. Eros Grau, DJ de 13.09.2006, RE n.º 484.692/MS,
Rel. Min. Eros Grau, DJ de 29.05.2006, RE n.º 464.952/MS, Rel. Min.ª Ellen Gracie, DJ de
23.03.2006).

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