Anda di halaman 1dari 9

INTRODUÇÃO

Cada um dos catorze livros que escrevi tem uma história por trás deles. Na maior
parte dos casos, foi uma cruzada de controvérsias que surgiu em torno de uma certa
doutrina bíblica que me impeliu a pesquisar e a escrever um livro sobre o assunto. Este
livro não é exceção.
Não tinha planos para escrever um livro em 1998. De facto, quando o livro
Imortality or Ressurrection? [Imortalidade ou Ressurreição?] foi impresso em dezembro
de 1997, eu prometi seriamente a minha esposa que não começaria um outro livro em
1998. O motivo é simples. Sempre que eu me envolvo num projeto de pesquisa bíblica,
passo os sete meses da minha licença de ausência para lecionar na Universidade Andrews
confinado no meu escritório das 5:00 da manhã às 10:30 da noite.
Não tendo prestado atenção à minha esposa e a vários trabalhos ocasionais de casa
durante a maior parte de 1997, eu senti que por uma questão de bom senso não
empreenderia outro grande projeto de pesquisa em 1998. Contudo, dois eventos
importantes mencionados abaixo fizeram-me mudar de planos. Agradeço a Deus pela
esposa compreensiva que tem aceitado tais mudanças sem muitas queixas ao longo dos
nossos 37 anos de casados. Ela merece muito do reconhecimento que qualquer bom
resultado o meu ministério de pesquisas bíblicas tenha gerado. Sem o amoroso apoio dela
nenhum dos meus livros teria visto a luz do dia.
A Carta Pastoral do Papa. O primeiro evento que me impeliu a escrever este
livro foi a promulgação da Carta Pastoral Dies Domini pelo Papa João Paulo II em 31 de
maio de 1998. Este documento tem um enorme significado histórico porque nele o Papa
faz um apaixonado apelo à revitalização da observância do Domingo apelando para o
imperativo moral do mandamento do Sábado e para a necessidade de legislação civil para
facilitar a observância do Domingo como Dia Santo.
A carta pastoral levanta duas questões importantes que precisam urgentemente ser
entendidas. A primeira é a defesa do Papa à observância do Domingo como a
incorporação e “expressão completa” do Sábado. Esta visão, como mostrado no Capitulo
1, não só carece de apoio bíblico e histórico, mas representa também um afastamento
significativo ao ensino tradicional da Igreja Católica de que a observância do Domingo é
uma instituição eclesiástica que difere do Sábado em significado e função. João Paulo II
afasta-se da tradicional distinção católica entre Sábado e Domingo de forma a tornar a
observância do Domingo um imperativo moral ordenado pelo próprio decálogo.
A segunda questão é o convite do Papa aos Cristãos “a esforçarem-se para garantir
que a legislação civil respeite os seus deveres de santificar o Domingo.”1 A justificação
para tal convite é a suposição do Papa de que a observância do Domingo é um imperativo
moral “inscrito” no próprio Decálogo;2 e consequentemente, deve ser apoiado por
legislação civil promulgada pelas nações que constituem a comunidade internacional.
Tendo em consideração as graves implicações teológicas e legais da Carta
Pastoral, pareceu-me que uma resposta era imperativa. Em julho de 1998, publiquei a

1
. Dies Domini, parágrafo 67.
2
. Dies Domini, parágrafo 47; ênfase acrescentada.
minha análise inicial à Dies Domini em vários grupos de discussão na internet. A reação
superou as minhas expectativas. Em poucas semanas, mais de 5,000 pessoas
subscreveram o boletim “discussão sobre o sábado” onde analiso desenvolvimentos
importantes sobre o Sábado/Domingo. Muitos editores de revistas religiosas que
subscreveram o boletim pediram permissão para publicar a minha resposta à Carta
Pastoral.
A propósito, quem estiver interessado a subscrever o meu novo boletim Endtime
Issues pode fazê-lo a solicitar enviando um email para: samuele@andrews.edu ou
sbacchiocchi@csi.com. Se optar por subscrever o boletim Endtime Issues receberás grátis
a cada duas semanas uma dissertação onde analiso questões religiosas significantes do
nosso tempo a luz do ensino bíblico. É livre de terminar a subscrição a qualquer momento.
O surpreendente interesse demonstrado por pessoas de diferentes crenças em
várias partes do mundo por uma análise pormenorizada de desenvolvimentos recentes
sobre o Sábado/Domingo levou-me a pegar novamente minha lazeira e escrever este livro.
Agradeço a Deus por uma esposa que não me lembra das promessas quebradas.
Este livro proporcionou-me a oportunidade de analisar com grande pormenor
alguns dos recentes desenvolvimentos sobre o Sábado/Domingo que eu discuti de forma
resumida na internet. Por exemplo, a minha análise inicial de oito páginas à Carta Pastoral
divulgada primeiramente na internet, foi aumentada para um capítulo de 40 páginas
intitulado “Papa João Paulo II e o Sábado.” Este é o primeiro, e possivelmente o mais
importante capitulo do livro porque analisa os argumentos bíblico, moral, histórico e legal
usados pelo Papa João Paulo II para enfatizar a “séria obrigação” da observância do
Domingo.3
Debate com Dale Ratzlaff. O segundo evento que influenciou a escrita deste livro
é o debate sobre o sábado que teve lugar na segunda-feira do dia 15 de junho de 1998,
entre Dale Ratzlaff e eu no KJSL, uma estação de radio Cristã de St. Louis, Missouri.
Ratzlaff serviu como professor de Bíblia Adventista Do Sétimo Dia e pastor antes de
deixar a igreja por causa de diferenças doutrinais. Ratzlaff afirmou que vários meses de
estudo bíblico o convenceram de que o Sábado não é uma instituição criada para o
homem, mas Mosaico, uma ordenança da Antiga Aliança com os Judeus.
De acordo com Ratzlaff, no “Novo Pacto” os Cristãos não precisam observar o
Sábado porque Cristo cumpriu a sua função tipológica tornando-se no nosso descanso e
salvação. Consequentemente, no “Novo Pacto” os Cristãos observam o Sábado
espiritualmente como uma experiência diária de descanso e salvação, e não literalmente
como observância do sétimo dia para o Senhor.
Um grande problema com a interpretação de Ratzlaff, como mostrado no Capítulo
4 deste livro, é a falha em reconhecer que o descanso e salvação espiritual não nega o
descanso físico do Sábado. Pelo contrário, Deus convida-nos a cessar as nossas atividades
físicas no Sábado de formas a entrarmos no Seu descanso espiritual (Hebreus 4:10).
Elementos físicos como a água no batismo, o pão e o vinho na ceia do Senhor, e o

3
. Dies Domini, parágrafo 62.
descanso físico no Sábado, são designados para ajudar-nos a conceitualizar e internalizar
as realidades espirituais que eles representam.
Ratzlaff publicou as suas opiniões num livro de 345 páginas intitulado Sabbath in
Crisis (Sábado em Crise), onde articula a sua teologia da “Nova Aliança”. Ele está a
promover ativamente as suas opiniões anti sabatistas por via de talk-shows de rádio e
anúncios em jornais locais onde oferece o seu livro gratuitamente. A KJSL convidou-me
a responder aos seus argumentos anti sabatistas no seu talk-show de rádio em 15 de junho
de 1998. Como pode imaginar, tivemos uma discussão animada. Infelizmente, o tempo
limitado de uma hora, interrompido com frequência por momentos publicitários,
inviabilizou uma discussão profunda dos principais assuntos. Concordamos em continuar
a discussão na internet.
Depois de um período de mais de um mês, publiquei vinte e uma dissertações onde
lido sistematicamente com as principais objeções de Ratzlaff contra a continuidade e
validade do Sábado na “Nova Aliança” Cristã. A procura por estas dissertações foi
incrível a medida que milhares de pessoas de muitas partes do mundo solicitou-as por
email.
A enorme procura por minhas dissertações sobre o Sábado deveu-se em parte pela
considerável influência exercida pelo livro de Ratzlaff, especialmente entre os Sabatistas.
Um artigo de estudo intitulado “The Sabbath” [O Sábado] publicado pela Igreja Mundial
de Deus em 1995, menciona o Sabbath in Crisis [Sábado em Crise] como uma das três
fontes usadas para apoiar a sua chamada teologia da “Nova Aliança”.4
A Teologia da “Nova Aliança”. É difícil estimar a grande influência que a
teologia da “Nova Aliança” alcançou entre os Sabatistas através de pessoas como
Ratzlaff. A Igreja Mundial de Deus experimentou uma deserção massiva de mais de
70,000 membros que recusaram aceitar a mudança doutrinária exigida pela teologia da
“Nova Aliança”.
A Igreja Adventista Do Sétimo Dia também tem sido afetada pela teologia da
“Nova Aliança” promovida particularmente por Sabbath in Crisis [Sábado em Crise]. Um
exemplo é o livro New Covenant Cristians [Nova Aliança Cristã] de Clay Peck, um ex-
pastor Adventista que atualmente serve como pastor sénior da Congregação Grace Place
em Berthoud, Colorado. Na “Introdução” do seu livro, Peck reconhece a sua dívida para
com Ratzlaff, dizendo: “Enquanto eu lia e pesquisava largamente para este estudo, fui
desafiado e instruído na maior parte das vezes pelo livro intitulado Sabbath in Crisis
[Sábado em Crise] de Dale Ratzlaff. Aprendi grandemente com sua pesquisa, tomando
vários dos [seus] conceitos e diagramas.”5
Semelhantes congregações independentes “Orientadas na graça”, têm sido
estabelecidas em diversas partes da América por ex-pastores Adventistas Do Sétimo Dia
que abraçaram a teologia da “Nova Aliança”. Este desenvolvimento é único no nosso

4
As outras duas fontes citadas no artigo de estudo “O Sábado” publicado pela Igreja Mundial de
Deus em 1995, são a edição especial de Verdict (vol. 4), intitulado “Sabatismo Reconsiderado,”
publicado por Robert Brinsmead em 4 de junho de 1981, e o simpósio From Sabbath to the Lord's
Day, editado por Donald Carson e publicado por Zondervan em 1982.
5
Clay Peck, New Covenant Christians (Berthoud, CO, 1998), p. 2.
tempo porque nunca antes na história do Cristianismo o Sábado esteve sob o fogo cruzado
daqueles que uma vez já defenderam a sua observância.
Estes desenvolvimentos fizeram-me forçosamente estar ciente da necessidade de
responder aos maiores ataques lançados contra o Sábado não apenas pelo Papa e pelos
eruditos observadores do Domingo, mas também por Ex sabatistas. Inicialmente, tentei
encarar este desafio postando dissertações na internet refutando argumentos anti
sabatistas. Percebi logo que este esforço não era suficiente.
Os milhares de pedidos por emails feitos de diversas partes do mundo da
dissertação postada na internet sobre o Sábado alertaram-me sobre a necessidade de
ampliar a minha pesquisa e publicá-la em livro. Este livro é o resultado deste esforço.
Durante os últimos seis meses de 1998, trabalhei intensamente neste projeto, na esperança
de produzir uma análise bíblica convincente sobre os recentes desenvolvimentos relativos
ao Sábado/Domingo.
Objetivos Deste Livro. Este livro tem dois grandes objetivos. O primeiro é prover
uma análise completa dos principais argumentos usados para negar a continuidade,
validade e os valores do sábado para atualidade. Cada um dos primeiros seis capítulos
confronta um dos principais argumentos comumente usado contra o Sábado. A dimensão
dos capítulos (entre 40 a 55 páginas) reflete o meu objetivo em ser o mais exaustivo
possível dentro do limitado espaço de cada capitulo.
A experiência ensinou-me que respostas simples não satisfazem as pessoas com
mente curiosa. Então, esforcei-me em analisar cada argumento o mais profundo possível.
Os Cristãos que se virem apanhados no fogo cruzado da controvérsia sobre o
Sábado/Domingo encontrarão nestes capítulos um valioso recurso para lidar com os
populares ataques contra o Sábado.
O segundo objetivo deste livro é ajudar as pessoas a descobrirem o sábado como
um dia de alegre celebração do amor criativo e redentor de Deus. Um dos fatores que
contribui para o abandono do Sábado por um crescente número de Sabatistas é
maioritariamente devido a falha deles em experimentar os benefícios físico, mental, moral
e espiritual do Sábado.
Aqueles que veem o Sábado como uma imposição alienatória e um dia de tristeza
e frustração estão aptas a receber uma teologia que os liberta dessa experiência opressiva
e deprimente. A solução do problema, não está, contudo, em se fabricar uma teologia da
“Nova Aliança” que descarte o mandamento do Sábado, mas em descobrir o Sábado como
uma bênção em vez de um peso, como um dia de alegre celebração em vez de um dia de
tristeza e frustração.
Esta convicção pastoral motivou-me a dedicar o último capítulo a redescoberta do
Sábado. A primeira parte do Capítulo 7 apresenta resumidamente a redescoberta do
Sábado por eruditos, organizações religiosas e pessoas de diferentes crenças. Este é o
paradoxo dos nossos dias. Enquanto alguns cristãos estão a rejeitar o Sábado como uma
instituição da Antiga Aliança cravada na cruz, um crescente número de outros cristãos
estão a redescobrir a continuidade e o valor do Sábado para as nossas vidas tensas e
agitadas.
A última parte do Capítulo 7 aborda de maneira mais pessoal como fazer da
observância do Sábado uma experiência centrada em Cristo – uma experiência consciente
da presença, paz e descanso do Salvador nas nossas vidas. Num momento em que muitos
procuram por descanso interior e o conseguem através de remédios, drogas, grupos de
meditação, férias e clubes desportivos, o Sábado convida-nos a encontrar verdadeiro
descanso e paz interior não por meio de remédios ou lugares, mas por meio de um
relacionamento direto com uma Pessoa, a Pessoa do nosso Salvador que diz: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28; NIV).
Método e Estilo. Este livro é escrito numa perspetiva bíblica. Aceito a Bíblia
como norma para definir as crenças e as praticas cristãs. Dado que as palavras da Bíblia
contêm a mensagem divina escrita por autores humanos que viveram em situações
históricas especificas, deve fazer-se todo o esforço para se entender os seus significados
no seu contexto histórico. A minha convicção é que uma perceção tanto do contexto
histórico e literário de textos bíblicos relevantes é indispensável no estabelecimento tanto
do seu significado original como da sua atual relevância. Esta convicção se reflete na
metodologia que segui na análise daqueles textos bíblicos controversos relativos a lei, em
geral, e ao Sábado, em particular.
Em relação ao estilo do livro, eu tentei escrever numa linguagem simples e não
técnica. Em alguns casos, onde um termo técnico é usado, uma definição é apresentada
em parêntesis. Para facilitar a leitura, cada capítulo está divido em partes principais e
subdivido em subtítulos apropriados. Um breve resumo é apresentado no fim de cada
capítulo. Salvo especificação em contrário, todas as citações bíblicas são da Versão
Revisada Padrão, edição de 1946 e 1952. Em poucos casos, algumas palavras chaves de
um texto da Bíblia foram apresentadas em tipos itálicos para ênfase sem notas de roda pé,
uma vez que o leitor sabe que a Bíblia em Inglês não apresenta palavras em tipos itálicos.
Agradecimentos. É muito difícil para mim apresentar a minha gratidão às muitas
pessoas que contribuíram para a concretização deste livro. Indiretamente, estou em divida
com os eruditos que escreveram artigos, panfletos, livros e dissertações em diferentes
aspetos da questão sobre o Sábado/Domingo. Os seus escritos estimularam o pensamento
e ampliaram a minha abordagem sobre este assunto.
Diretamente, quero expressar a minha gratidão a Joyce Jones e Deborah Everhart
da Universidade Andrews; assim como a Jarrod e Eva Williamson da Universidade de La
Sierra. Cada um deles deu um significativo contributo corrigindo e melhorando o estilo
do manuscrito. Eles trabalharam muitas horas, reescrevendo frases para que se
parecessem mais com Inglês e menos com Italiano.
Palavras não são suficientes para expressar a minha gratidão a Gregory e Annita
Watkins por desenharem uma capa mais atrativa para o livro. Gregory e Annita são um
jovem casal a servir neste momento como estudantes missionários na China. Eles
subescreveram o boletim “Debate sobre o Sábado” e ficaram tão impressionados com a
dissertação que receberam na China por email, que se ofereceram para desenhar a capa
do livro. Quando aceitei a oferta deles, nunca previ que eles desenhariam uma capa tão
esplendida. A capa transmite a mensagem do livro de uma forma magistral. O fogo
cruzado atacou o Sábado, mas queimou apenas a parte superficial. O Sábado assim como
os outros princípios morais do Decálogo estão inscritos nas duas tábuas de granito que
permanecem incólumes do fogo cruzado da controvérsia humana. Que maneira criativa
de retratar esta verdade bíblica fundamental apresentada pelo livro! Obrigado, Gregory e
Annita por desenharem uma capa tão atrativa e sugestiva.
Por último, mas não menos importante, expresso o meu especial agradecimento à
minha esposa que tem sido a minha constante fonte de estímulo e inspiração ao longo dos
últimos trinta e sete anos de casados. Ela via-me pouco, enquanto eu pesquisava e escrevia
este livro. Sem o seu amor, paciência e estímulo, teria sido mais difícil para mim terminar
este projeto num espaço de tempo relativamente curto.
Esperança do Autor. Escrevi estas páginas com o profundo desejo de ajudar
Cristãos de todas as convicções a descobrir o Sábado como presente de liberdade de Deus
para a humanidade. Liberdade em relação o trabalho de forma a estar livre para Ele e para
ouvir a Sua voz. Liberdade em relação ao mundo das coisas de forma a entrar na paz de
Deus para a qual fomos criados. Liberdade para olhar o mundo através dos olhos da
eternidade e reviver um pouco do deleite edénico. Liberdade para provar e saber que o
Senhor é bom. Liberdade para cantar o cântico ao Sábado do Salmista: “Pois tu,
SENHOR, me alegraste pelos teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.” (Sal. 92:4-
5 – Um Cântico ao Sábado).
Capítulo 1
PAPA JOÃO PAULO II
E
O SÁBADO

No dia 31 de maio de 1998, o Papa João Paulo II promulgou uma longa Carta
Pastoral, a Dies Domini, na qual faz uma desesperada súplica à recuperação da
observância do Domingo. Ele apela ao imperativo moral do mandamento do Sábado e a
necessidade de legislação civil para facilitar a observância do Domingo. Este documento
tem um enorme significado histórico dado que o mesmo vai ao principal problema da
prevalecente profanação do Domingo no “limiar do grande jubileu do ano 2000.” 6 Este
evento tem um grande significado para a Igreja Católica, na medida em que mais de trinta
milhões de católicos são esperados em peregrinação a Roma, a procura de perdão para os
seus pecados e a redução do castigo temporal para os seus amados no Purgatório.
O Papa está plenamente ciente de que a crise da observância do Domingo é o
principal obstáculo para a renovação espiritual que se deseja que o Grande Jubileu venha
a trazer. Ele acredita que a prevalecente profanação do Domingo reflete a crise espiritual
da Igreja Católica e do Cristianismo, em geral. A “impressionante baixa” assistência em
massa ao Domingo, indica na opinião do Papa que a “fé está fraca” e a “diminuir”7. Ele
acredita que se esta tendência não for revertida pode ameaçar o futuro da Igreja Católica
a medida que esta se aproxima ao limiar do terceiro milénio. Ele declara: “O Dia do
Senhor estruturou a historia da Igreja ao longo de dois mil anos: como poderíamos pensar
que não continuará a definir o futuro?”8
Enquanto lia a Carta Pastoral, lembrei-me de um discurso do Presidente Abraham
Lincoln de 13 de novembro de 1862. Nele ele enfatiza a função vital do Sábado na
sobrevivência do Cristianismo: “A medida que nós guardamos ou quebramos o dia de
Sábado, nobremente guardamos ou fundamentalmente perdemos a ultima e melhor
esperança pela qual a humanidade renasce.9 Obviamente, para Abraham Lincoln, o
Sábado significa Domingo. Isto não deprecia o facto de um dos mais notáveis presidentes
americanos reconhecer no principio da observância do Sábado a esperança para renovar
e elevar o ser humano.
A carta pastoral, tal como todos os documentos papais, foi habilmente organizada
com uma introdução; cinco capítulos que analisam a importância da observância do
Domingo de uma perspetiva teológica, histórica, litúrgica e social; e uma conclusão. O
Papa João Paulo e os seus conselheiros devem ter sidos elogiados por terem composto
um documento bem equilibrado que lida com as principais questões relacionadas com a
observância do Domingo dentro do limitado espaço de aproximadamente trinta páginas.

6
7
8
9
A introdução prepara o terreno à preocupação pastoral do Papa por identificar
alguns dos fatores contributivos da crise na observância do Domingo e a solução que deve
ser encontrada. O principal fator é a mudança que ocorreu “[n]as condições
socioeconómicas [que] têm por vezes levado a profundas modificações do
comportamento social e por sua vez do carácter do Domingo.”10 O Papa nota com pesar
que o Domingo se tornou “apenas uma parte do fim de semana” em que as pessoas se
envolvem em atividades culturais, políticas e desportivas que leva a perda da noção de
“santificar o dia do Senhor”.11
Dada a presente situação, João Paulo II acredita fortemente que hoje é “mais
necessário que nunca recuperar os profundos alicerces doutrinais que estão por detrás do
preceito da Igreja, para que o valor duradouro do Domingo na vida dos Cristão seja claro
para todos os fiéis.”12
A Carta Pastoral revela que o Papa acredita firmemente que a solução para a crise
na observância do Domingo está vinculada não só ao aspeto doutrinal, mas também ao
legal. Doutrinariamente, os Cristãos precisam redescobrir os alicerces “bíblicos” da
observância do Domingo para a santificação do mesmo. Legalmente, os Cristão devem
“assegurar que a legislação civil respeite o seu dever de santificar o Domingo.”13
Objetivos Deste Capítulo. Não se pretende neste capítulo analisar todos os
aspetos da observância do Domingo discutidos na Carta Pastoral. Considerando o
objetivo geral do livro em abordar numa perspetiva bíblica os recentes ataques contra o
Sábado, este capítulo foca especialmente em como o Papa João Paulo II lida com o
Sábado na sua tentativa de justificar e promover a observância do Domingo.
O capítulo está dividido em três partes principais de acordo com as três seguintes
questões apresentadas:
(1) A conexão teológica entre o Sábado e o Domingo
(2) O apoio “bíblico” para a observância do Domingo
(3) O apelo para a legislação do Domingo

PARTE 1
A CONEXÃO TEOLÓGICA ENTRE
O SÁBADO E O DOMINGO
Um aspeto surpreendente da Carta Pastoral é a defesa do Papa João Paulo II a
observância do Domingo como incorporação e “plena expressão” do Sábado. De alguma
maneira esta opinião representa um significativo distanciamento da tradicional explicação
Católica de que a observância do Domingo é uma instituição eclesiástica diferente do
Sábado. No passado, esta explicação foi virtualmente considerada como facto
estabelecido por teólogos e historiadores católicos. Tomas de Aquino, por exemplo, faz
esta inequívoca afirmação: “Na Nova Lei a observância do dia do Senhor tomou o lugar

10
11
12
13
da observância do Sábado não em virtude do preceito [o mandamento do Sábado], mas
por instituição da Igreja e do costume do povo Cristão.”14
Na sua tese apresentada na Universidade Católica da América, Vincent J. Kelly
afirma igualmente: “Alguns teólogos têm sustentado que do mesmo modo Deus
determinou diretamente o Domingo como dia de adoração na Nova Lei, que Ele próprio
substituiu explicitamente o Sábado pelo Domingo. Mas esta teoria está agora
completamente abandonada. É agora comumente sustentado que Deus simplesmente deu
a Sua igreja o poder para determinar qualquer dia ou dias que consideraria convenientes
como Dias Santos. A Igreja escolheu o Domingo, o primeiro dia da semana, e no decorrer
do tempo acrescentou outros dias, como santos.”15
Mesmo o novo Catecismo da Igreja Católica (1994) enfatiza descontinuidade
entre a observância do Sábado e do Domingo: “O Domingo é expressamente distinto do
Sábado que sucede cronologicamente a cada semana; para os Cristãos a sua observância
cerimonial substitui a aquela do Sábado.”

14
15

Anda mungkin juga menyukai