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Celina Abar
Pontifícia Universidade Católica de São Pa…
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Alevatto (2008) afirma que cabe ao professor a nem sempre fácil tarefa de escolher
ou elaborar problemas que atendam ao que ele pretende que os alunos trabalhem, e que
aproveitem as possibilidades que as TIC oferecem.
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Por outro lado, as pesquisas realizadas pelos integrantes do Grupo de Trabalho e
Estudos em Resolução de Problemas – GTERP, desde 1992, estão pautadas em alguns temas
sendo um deles em relacionar Resolução de Problemas a outras áreas do conhecimento como,
por exemplo, às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Todos os matemáticos sabem bem o poder contido numa figura – muitas vezes um esboço
rápido ou um diagrama tornam tudo claro. Dizemos “estou vendo” com o significado de
“vejo e compreendo”. (p. ix, tradução da autora)
Os editores chamam a atenção para um exemplo clássico deste último caso que é o
frequentemente citado teorema “Todo triângulo é isósceles” cuja demonstração se baseia em
uma figura cuja configuração é impossível e na qual a bissetriz l do ângulo BAC e a mediatriz
m do lado BC se interceptam em um ponto interior ao triângulo como na figura 1.
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Figura 1. Obtida de King e Schattschneider (1997)
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http://www.geogebra.org
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Este exemplo fornece fortes razões para sublinhar a necessidade de construir
corretamente as figuras e não esboços rápidos, em especial, se serão utilizados como guia de
uma demonstração.
Outra consideração é que construções complicadas demoram muito tempo para serem
feitas com o uso de compasso e régua e com a utilização de um software de Geometria
Dinâmica uma construção incorreta é menos provável de ser obtida.
Os autores dos artigos em King e Schattschneider (1997) apresentam ideias dos modos
como um software de Geometria Dinâmica pode ser utilizado e de algumas consequências de
sua utilização. Em cada situação a resolução de problemas pode ser explorada como um
processo de busca de soluções que estimulem o aluno a pensar, que seja desafiadora e não
trivial.(p.xi)
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Simulação: a possibilidade de “arrastamento” de pontos, segmentos, circunferências,
do traçado de lugares geométricos fornecem muitas oportunidades de simulação e uma
variedade de situações.
Micromundos: a criação de ambientes específicos nos quais a matemática pode ser
explorada são motivadores para a aprendizagem.
Exploração e descoberta: em um curso de Geometria, por exemplo, é importante que
os alunos vivam a experiência da descoberta de relações geométricas, possam testar
suas ideias matemáticas e conjecturas numa maneira visual, eficiente e dinâmica
ficando mais envolvidos na sua própria aprendizagem.
Villiers (1997) argumenta que:
Existe uma tendência em muitos matemáticos para apresentarem apenas o resultado final
dos seus trabalhos de uma forma elegante e muito organizada, sem discutir nem refletir
muito sobre os processos de descoberta/invenção e demonstração. Isto tende a dar uma
perspectiva distorcida da criação matemática, que surge como sendo puramente dedutiva.
(p.15, tradução da autora)
Problema 23 do livro II: Determine um triângulo, dadas a diferença entre dois lados, a
altura relativa ao terceiro lado e a diferença entre os segmentos formados pela altura sobre
o terceiro lado. (Os valores dados por Regiomontanus são 3, 10 e 12).
Os dados do problema (ver Figura 133) são p=b-c, h, q=m-n. Temos b2-m2=h2=c2-n2, ou
b2-c2=m2-n2, ou b+c=qa/p. Logo, b=(qa+p2)/(2p) e m=(a+q)/2. Substituindo essas
expressões na relação b2-m2=h2, obtém-se uma equação quadrática na incógnita a.
O autor observa que os valores fornecidos por Regiomontanus (3,10 e 12) permitem
encontrar uma solução das medidas dos lados do triângulo e, no entanto, não finaliza os
cálculos para obter tais medidas.
Outro autor, Hughes (1967) apresenta em seu livro, cuja capa (figura 4) se remete à
figura de Regiomontanus, a tradução dos cinco livros de Regiomontanus de modo que nas
páginas à esquerda se vê cópia dos originais de Regiomontanus e à direita a tradução do autor.
Pereira (2010, p.183) também apresenta em sua tese a tradução do livro de Hughes
para o mesmo problema e considerando a figura apresentada por Regiomontanus:
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Então deixe que a diferença dos lados seja dada como 3, a diferença dos segmentos
como 12, e a perpendicular como 10. Pegue a base como x, e a soma dos lados
como 4x, a razão da base está para a soma dos lados assim como HG está para
GE, ou como a unidade está para 4. Então, BD será1/2x -6 enquanto AB será 2x-
3/2. O quadrado de AB, produzindo 4x2 – 6x + 9/4. De forma similar, o quadrado
de BD é dito 1/4x2 + 36 – 6x. Para isto a soma do quadrado de 10, que é 100,
dando 1/4x2 + 136 – 6x que é igual a 4x2 + 2 ¼ – 6x. Daí, restabelecendo os
déficits e subtraindo em ambos os lados da igualdade, como foi determinado, temos
x2 igual a um número. Consequentemente, x será encontrado, e daí os três lados
(cada) do triângulo serão conhecidos, por meio de sua função.
Com os dados acima temos um esboço estático do problema na figura 7, apenas como
ilustração e construída no GeoGebra.
No entanto, por meio de uma construção dinâmica, a figura que satisfaz os valores
dados por Regiomontanus não é semelhante à dada em seu livro como indicam as construções
na figura 8. À esquerda a figura da construção inicial e, à direita a figura após movimentar o
ponto B para obter a medida de valor 3 da diferença entre os lados.
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Figura 8: construídas no GeoGebra
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Regiomontanus partiu da proporção BG/AB+AG = HG/GE = 3/12 = ¼ e então BG = x e
AB+AG = 4x.
Considerando x = 5,9 encontram-se as medidas dos outros dois lados cujos valores
aproximados obtidos são AB = 10,4 e AG = 13,4
No entanto, como BD= 1/2 x – 6 tem-se BD = -3,05, isto é, tem uma medida de valor
negativo.
Se, no enunciado do problema 23, for considerada a medida de valor 12 como soma
dos segmentos BD e DG, ou seja, o próprio lado BG do triângulo, é possível preservar os
outros valores 3 e 10 dados? Quais seriam as medidas de AB e de AG?
Outros problemas da história da Matemática também podem ser explorados com o uso
do dinamismo de um software, o que possibilita aos alunos uma exploração e descoberta que
poderiam ser desmotivadas pelo esforço do trabalho algébrico das soluções.
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Deste modo é importante considerar e refletir sobre a colocação de Onuchic (1999): O
problema não deve ser tratado como um caso isolado, mas como um passo para alcançar a
natureza interna da matemática, assim como seus usos e aplicações. (p. 199-218).
Referências
ANA CAROLINA COSTA PEREIRA. A obra “de Triangulis omnimodis libri quinque” de
Johann Müller Regiomontanus (1436 – 1476): uma contribuição para o desenvolvimento da
trigonometria. Natal, UFRN, 2010.
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