Antigos e Medievais
XXXV Semana de História e
VIII Ciclo Internacional de Estudos Antigos e Medievais
“Narrativas de Poder e Resistências:
Construções e Apropriações do Passado”
Apoio/Realização:
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Faculdade de Ciências e Letras de Assis – FCL
Departamento de História
Programa de Pós-Graduação em História
Pró-Reitoria de Pós-Graduação - PROPEG
Núcleo de Estudos Antigos e Medievais – NEAM
Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão – STAEPE
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Comissão Organizadora:
Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi
Cláudia Valéria Penavel Binato
Germano Miguel Favaro Esteves
Ivan Esperança Rocha
Marcio Teixeira-Bastos
Margarida Maria de Carvalho
Nelson de Paiva Bondioli
Comissão Executiva:
Abner Alexandre Nogueira
Amanda Giacon Parra
Bruna Marcelino da Cruz
Cláudia Trindade de Oliveira
Isadora Buono de Oliveira
Luís Ernesto Barnabé
Milena Tarzia Barbosa da Silva
Comitê Científico:
Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi
André Figueiredo Rodrigues
Áureo Busetto
Carlos Alberto Sampaio Barbosa
Claudinei Magno Magre Mendes
Eduardo José Afonso
Hélio Rebello Cardoso Júnior
Ivan Esperança Rocha
José Carlos Barreiro
José Luis Bendicho Beired
Lúcia Helena Oliveira Silva
Nelson de Paiva Bondioli
Paulo Cesar Gonçalves
Paulo Henrique Martinez
Ricardo Gião Bortolotti
Ruy de Oliveira Andrade Filho
Tânia Regina de Luca
Wilton Carlos Lima da Silva
Zélia Lopes da Silva
Monitores:
Aline Aparecida Cardoso Araújo
Ana Carolina Picoli Sotocorno
André Luís Belletini
Anna Carolina Gomes dos Santos Silva
Catarina Bomfim Farha
Daniella Theodoro dos Santos
Eduarda Marchi Branco
Fabricio Fazano Amendola
Gabriel da Costa Pereira de Oliveira
Gabriel de Araújo Massari
Isabelle Castilho
João Vinícius de Sousa
José Eduardo Vissoto Rodrigues
Larissa Soares Machado
Laura Morales Borges
Lucas Gabriel Rodriques Uzai
Lucas Nogueira Ramos
Luiza Fratoni Nobile Barreira
Marcello Bartholomeu Mariano de Almeida
Maria Helena Alfenes
Matheus de Freitas Sapatera
Matheus Fernandes de Oliveira
Matheus Magossi Ruiz
Nathalia Frascine Pinto
Ricardo Cesar Gonçalves Sant'Ana Filho
Vanessa Nais Paulon
Programação ...............................................................005
Resumo das Conferências e Mesas-redondas ......009
Simpósios Temáticos ................................................020
Resumo das Comunicações .....................................029
Minicursos ..................................................................102
Credenciamento:
09:00 às 11:00
14:00 às 18:00
Sala de Reuniões do
Departamento de História
Simpósios Temáticos:
14:00 às 16:00
16:30 às 18:00
Mesa-redonda:
Humanidades Digitais
20:00-22:00
Anfiteatro Antônio Merisse
João Leopoldo e Silva
(PPGCI-ECA/USP e CEHAL PUC-SP)
Marcio Teixeira-Bastos
(UNESP-Assis/Stanford University)
Minicursos:
08:00 às 09h30
Mesa-redonda:
Narrativas de Poder na Antiguidade Tardia
09:00 às 12:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Germano Miguel Favaro Esteves
(UNESP/Assis)
5
Helena Amália Papa
(UniMontes)
Margarida Maria de Carvalho
(UNESP/Franca)
Simpósios Temáticos
14:00 às 16:00
16:30 às 18:00
Minicursos:
16:00 às 18:00
Mesa-redonda:
Tradução de Narrativas e Perspectivas Culturais
16:00 às 18:00
Anfiteatro Antônio Merisse
José Amarante Santos Sobrinho
(UFBA)
Milton Marques Júnior
(UFPB)
Mediação: Cláudia Penavel Valéria Binato
(UNESP-Assis)
Conferência:
Ferramentas Google a Serviço de uma Aprendizagem
Significativa
20:00 às 22:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Jucinéia Maria Oliveira
(Secretária da Educação de Guaratinguetá/
Bedu.Tech/Google for Education)
Minicursos:
08:00 às 09h30
6
Colóquio I:
Narrativas, Memórias e Educação no Medievo
08:00 às 09:45
Anfiteatro Antônio Merisse
Milton Carlos Costa
(UNESP/Assis)
Ronaldo Amaral
(UFMS)
Colóquio II:
Narrativas, Memórias e Educação no Medievo
10:15 às 12:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Terezinha Oliveira
(UEM)
Ana Paula Tavares Magalhães Tacconi
(USP)
Mediação: Ruy de Oliveira Andrade Filho
(UNESP-Assis)
Simpósios Temáticos
14:00 às 16:00
16:30 às 18:00
Minicursos:
16:00 às 18:00
Mesa-redonda:
Relações de Poder e Narrativas sobre o Oriente
20:00-22:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Fernando Cândido da Silva
(UNESP-Assis)
Ivan Esperança Rocha
(UNESP-Assis)
Vagner Carvalheiro Porto
(USP)
7
Minicursos:
08:00 às 09h30
Mesa-Redonda:
Narrativas de Poder e Identidade no Império Romano
09:00 às 12:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Profa. Dra. Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi
(UNESP/Assis)
Prof. Dr. Nelson de Paiva Bondioli
(UNESP/Assis)
Dra. Ivana Lopes Teixeira
(FASB)
Simpósios Temáticos
14:00 às 16:00
16:30 às 18:00
Minicursos:
16:00 às 18:00
Mesa-redonda:
Relações de Poder e Narrativas sobre o Oriente
20:00 às 22:00
Anfiteatro Antônio Merisse
Luís Ernesto Barnabé
(UENP)
Fábio Frizzo
(UFTM)
Paulo Pacha
(UFF)
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MESA-REDONDA:
HUMANIDADES DIGITAIS E TECNOLOGIAS
APLICADAS À ARQUEOLOGIA
14/10 – 20:00 às 22:00
Marcio Teixeira-Bastos
(UNESP/Stanford University)
Resumo: A Ciência das Redes, que abrange as análises de redes complexas (por exemplo,
redes biológicas, redes cognitivas e semânticas, e redes sociais), amparada pelos Sistemas
de Informação Geográfica (SIG), bem como pelos modelos de otimização e design de
redes, propiciam meios de entendermos o passado através de novas abordagens
metodológicas. Não se trata, contudo, de um “passado ressuscitado” ou, simplesmente,
“modulado”; mas, sim, constantemente em relações interconectadas e não acabado. O
conceito de redes não é estranho aos arqueólogos e historiadores; entretanto, uma nova
abordagem sobre o conceito de redes tem emergido no pensamento contemporâneo, uma
que vai além para perguntar: O que realmente são as redes? A definição básica é que não
passa de uma coleção de nós e ligações (nodes and links). Uma vez considerado que uma
rede é o conjunto de nós e ligações, o passo seguinte é perguntar o que são esses nós e
ligações? Os nós ou pontos, seriam entrelaçamentos que assumem um tipo de forma?
Essas formas podem ser edificações? O que mais? Um conjunto de sítios arqueológicos
numa dada região, talvez? E quanto as ligações? Como são estabelecidas? Seriam estas
sobre o uso de particular recurso material, vamos dizer argila? Ou sobre as fronteiras
administrativas de uma dada região? A diversidade de respostas que pode abrigar essas
questões justifica o esforço sistemático de estudo da Ciências das Redes e a sua aplicação
na Arqueologia e Humanidades.
9
Resumo: A sociedade contemporânea é fortemente influenciada pelo fluxo de dados e
informações trocadas em ambiente virtual. A chegada da internet nos anos 1990 pode ser
compreendida como grande marco de início do momento que vivemos hoje: uma época
de disputas informativas e desinformativas. Ao longo do século XX as ciências humanas
constantemente se preocuparam em utilizar softwares e ferramentas computacionais em
suas pesquisas. A chamada ‘Humanidades Digitais’ (HD) floresceu na Europa e nos EUA
entre as décadas de 1960 e 1970 e tornou-se, hoje, um dos grandes diferenciais para a
entrada de recém-formados no mercado de trabalho acadêmico e formal. No Brasil,
entretanto, ainda são poucas as áreas das ciências humanas que agregam este tipo de
conhecimento em seus currículos, como também dificilmente pesquisadores(as) se
identificam como parte deste círculo. Neste sentido, serão abordadas questões
relacionadas à conceituação da área ‘Humanidades Digitais’, sua história ao longo do
século XX e sua presença nos debates atuais; apresentação de um breve levantamento
sobre o ‘estado da arte’ das HD no Brasil (relato de pesquisa); e, por fim, trazer para a
mesa o debate sobre a profissão ‘historiador(a)’ no século XXI, em especial no Brasil.
MESA-REDONDA:
NARRATIVAS DE PODER
NA ANTIGUIDADE TARDIA
15/10 – 09:00 às 12:00
Título: O mal nos relatos hagiográficos tardo antigos, uma possibilidade de pesquisa: O
caso Visigodo.
10
mediador a serviço dos homens, em primeiro lugar, dos menos brindados pela sorte, como
doentes e presos, apresentando-se como o homem das mediações bem sucedidas. É
oriundo, na maior parte das vezes, de grupos aristocráticos e proprietários de terras, um
tópico muito comum nas hagiografias do período, e goza de um patrimônio de
conhecimentos e relações que pode colocar utilmente a serviço dos humildes. Tratando
como exemplo a cristianização e conversão do reino visigodo, nosso trabalho tem como
intuito mostrar como o mal se apresenta nos relatos Hagiográficos do reino de Toledo, e
quais são as possibilidades de pesquisa advindas deste tema.
Título: “Levantem-se diante de nós, estes espiões!”: uma análise dos discursos teológicos
de Gregório de Nazianzo (Séc. IV d.C.)
Margarida Carvalho
(UNESP-Franca)
Resumo: Durante sua estada em Antioquia, entre junho de 362 e março de 363 d.C.,
Juliano teve vários conflitos com os antioquianos. Nessa época, Antioquia já era
conhecida como palco de sedições contra imperadores e demais governantes do Império
Romano. No entanto, o imperador em questão tinha um apreço especial por essa cidade
com status de província. Era rica, geograficamente bem localizada e um verdadeiro
campo de treinamentos militares, tanto é que Juliano foi até lá, também, para se preparar
contra os persas. Tenho como objetivo nessa comunicação analisar os sentimentos de
Juliano que o mobilizaram a criar uma lei – CTh IX 17, 5 – que proibia os antioquianos
de realizarem funerais durante o dia. Essa lei, durante muitas décadas, foi interpretada
somente no campo religioso, fortalecendo a ideia binária: cristianismo x paganismo.
Além de não concordar com esse paradigma, tenho como hipótese que há motivações
emocionais subjacentes à concretização da lei, as quais vão ao encontro do
recrudescimento de suas ações governamentais nesse período. Dessa forma, através da
metodologia proposta pela História das Emoções, cabível na análise da documentação
11
julianina, mostrarei a relação existente entre os sentimentos do imperador e a adoção de
sua política austera.
MESA-REDONDA:
TRADUÇÃO DE NARRATIVAS
E PERSPECTIVAS CULTURAIS
15/10 – 16:00 às 18:00
Resumo: O objetivo deste trabalho é mostrar a tradução como um processo, no qual não
se pode deixar de lado o conhecimento do contexto e da estrutura do texto a ser traduzido,
bem como reconhecer os limites que existem no caminho entre o texto de partida e o de
chegada, que nos obrigam a fazer negociações para a escolha dos termos, conforme a
visão de Umberto Eco, em Dire quasi la stessa cosa. Partiremos de um pequeno entrave
tradutório, em Os Miseráveis, de Victor Hugo, como exemplo inicial, para abordarmos
dois epigramas do poeta latino Marcial, que integram o Livro XIII dos epigramas,
conhecido como Xenia. Comentaremos uma particularidade da tradução do epigrama VI.
Alica, e, em seguida, analisaremos o processo de tradução do epigrama XIII. Betae, cujo
ponto culminante é a proposta de uma tradução desse epigrama em versos heptassílabos
duplos.
CONFERÊNCIA:
FERRAMENTAS GOOGLE A SERVIÇO DE
12
UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
15/10 – 20:00 às 22:00
COLÓQUIO:
NARRATIVAS, MEMÓRIA E
EDUCAÇÃO NO MEDIEVO I
16/10 – 08:00 às 09:45
Resumo: Esta exposição busca fazer uma apresentação abrangente da obra clássica de
Peter Brown Corpo e Sociedade: O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do
cristianismo. O autor já teve publicada no Brasil sua importante biografia de Santo
Agostinho, sendo reconhecido como um dos mais destacados estudiosos da história
romana, bizantina e da Antiguidade Tardia, campo este último que o historiador
contribuiu de maneira decisiva para consolidar na historiografia. Neste livro que será
objeto da nossa análise, Peter Brown, que se considera um pesquisador da primitiva
Igreja, faz um estudo profundo do cristianismo em seus primórdios, abordando a
permanente renúncia sexual nas sociedades do Ocidente e Oriente, tratando de grandes
temas como a sexualidade, a família, o casamento e o significado deles. Um ponto a
destacar na obra são os minuciosos e reveladores perfis de grandes mestres espirituais
cristãos como São Paulo, Origines, Tertuliano. Peter Brown, ao abordar seu tema central,
a renúncia sexual, na verdade realiza uma história cultural em sentido amplo, de
características inovadoras. Eis como o próprio autor definiu seus objetivos: “Se meu livro
restituir aos homens e mulheres cristãos dos cinco primeiros séculos um pouco da
perturbadora estranheza de suas preocupações mais centrais, considerarei ter atingido
meu propósito ao escrevê-lo”.
13
Ronaldo Amaral
(UFMS)
Resumo: Na Idade Média, e tanto em relação às coisas percebidas quanto aos seres que
animava aquele Mundo, tudo o que existia, existia enquanto projeção esmaecida ou por
meio de uma epifania obnubilada com relação a sua verdadeira existência/essência que
se encontrava no além. Modernamente diríamos constituir tal percepção por um conjunto
de símbolos ou alegorias cujo significado último só o encontraríamos perscrutamos a
sensibilidade mais aguda daqueles homens. Esse será nosso intento.
COLÓQUIO
NARRATIVAS, MEMÓRIA E
EDUCAÇÃO NO MEDIEVO II
16/10 – 10:15 às 12:00
Terezinha Oliveira
(UEM)
14
Francisco, os relatos posteriores tenderam a redimensionar os fatos, de forma a enfatizar
sua atuação como líder da Ordem, sua canonização e o destino de suas relíquias –
suprimindo os eventos da “vida” do Francisco laico e burguês. O processo de
desligamento de Francisco dos eventos terrenos vinha a enfatizar um modelo de santidade
frente às heresias e, ao mesmo tempo, reforçava o caráter da Ordem como instituição, e
o vínculo com a ortodoxia eclesiástica.
MESA-REDONDA:
RELAÇÕES DE PODER E
NARRATIVAS NO ORIENTE
16/10 – 20:00 às 22:00
15
Título: Conhecendo um pouco mais das relações políticas existentes entre Cesareia
Marítima e Roma a partir das moedas.
MESA-REDONDA:
NARRATIVAS DE PODER E
IDENTIDADES NO IMPÉRIO ROMANO
17/10 – 09:00 às 12:00
Título: Novas Narrativas sobre Roma Antiga: Visões sobre Identidades e Poder entre
Vampiros e Assassinos.
16
Cultura Pop, e como estas acabam por definir e difundir na sociedade, frente sua imensa
capilaridade, uma determinada imagem do que significava ser Romano.
Título: Arte e Poder no Principado Romano dos Julio-Claudios aos Flávios: Consumo,
Status e Prestígio Social.
Resumo: O objetivo desse texto é analisar a relação entre o poder, as artes e o consumo
no Principado romano dos Julio-Claudios aos Flávios, da perspectiva da retórica pliniana
e da cultura material como bem posicional e simbólico, capaz de conferir status e prestígio
social; e que tem sido debatida por diversos autores como Stewart (2008), Wallace-
Hadrill (2008), Bourdieu (2008), Debord (2007), Baudrillard (2006), Murphy (2004),
Carey (2003), entre outros. Plínio, o Velho, na sua História Natural descreveu inúmeros
artefatos e produtos de luxo, relacionando a posse de determinados bens ou materiais a
determinadas distinções sociais. No final do período republicano e a partir do Principado
romano, o aumento da riqueza e do consumo de artefatos de luxo operaram mudanças
sociais e políticas significativas; nesse contexto, a cultura material se constituiu em um
sistema de signos, além de sua funcionalidade técnica, que comunicava por meio dos
objetos inúmeros valores simbólicos de poder, status e prestígio social. Para Plínio, a
ascensão e enriquecimento dos libertos e a entrada das elites provinciais na corte imperial
impactou as relações entre o poder, as artes e o consumo, conferindo à luxúria um papel
essencial nas desordens políticas, econômicas, sociais e morais do Principado.
MESA-REDONDA
As Narrativas de História Antiga e Medieval
no Ensino e na Construção de Identidades
17/10 – 20:00 às 22:00
17
verifica é um movimento duplo: a diminuição no espaço destinado ao assunto em
detrimento de uma História mais nacional e voltada à modernidade; e ao mesmo tempo,
tensões provocadas pelas novas maneiras de abordar o período, tais como a inclusão de
conceitos como o de raça e nação, e a desvinculação do relato do Gênesis e da teleologia
cristã. Mediante a este cenário, nossa proposta reside em analisar elementos da circulação
destas Histórias Antigas no Rio de Janeiro no decorrer do século XIX.
Fábio Frizzo
(UFF)
Resumo: O atual cenário da educação no Brasil não é nada animador. Os currículos têm
sido um palco de intensas disputas e se constituem como uma das principais formas de
intervenção estatal no ensino e de controle do trabalho pedagógico. Nas décadas recentes,
foi possível observar um avanço no que tem sido chamado de “descolonização do
currículo”, com a inclusão de novos protagonismos e a crítica ao eurocentrismo do nosso
sistema escolar. A História Antiga (e a História em geral) não fugiu ao debate e, pelo
contrário, tem tido um papel central na construção ou crítica do discurso da sociedade
ocidental, tão aclamado por líderes mundiais de direita. O trabalho a ser apresentado
busca analisar os resultados de uma pesquisa realizada com jovens do sexto ano do Ensino
Fundamental de uma rede municipal pública no estado do Rio de Janeiro. Dentre os
objetivos, tratou-se de observar a consciência histórica dos e das estudantes acerca do
Egito Antigo, com ênfase na africanidade e na questão racial. Tais características
aparecem como elementos centrais para uma descolonização do currículo escolar, que
deve estar a serviço da construção de consciências históricas com o objetivo de uma
orientação da ação social, voltada para a luta contra a desigualdade. Esta é uma das
maneiras possíveis para estabelecer a relevância do ensino de História Antiga no Brasil e
garantir seu papel não apenas na crítica da perspectiva eurocêntrica, mas também na
constituição de identidades que contribuam para a construção de uma educação para
cidadania crítica.
Paulo Pacha
(UFF)
18
momento no qual os estudos medievais estão sendo apropriados globalmente por grupos
conservadores (principalmente supremacistas brancos). Segundo Kim, esse processo não
é novo, mas vincula-se diretamente a própria história da medievalística, indelevelmente
marcada por apropriações e reapropriações conservadoras. Um caso importante do
avanço global de movimentos conservadores na última década é o Brasil. Nos últimos
anos, a ascensão da extrema-direita brasileira revelou uma importante concepção
historiográfica: marcada por uma forte identificação do Brasil como herdeiro de uma
suposta “Civilização Ocidental”, essa concepção historiográfica concede lugar de
destaque à história da Idade Média Europeia, valorizando-a como um espaço-tempo que
aparece como essencialmente branco, masculino e cristão. Reconhecer que essa versão
da Idade Média Europeia é flagrantemente falsa não é suficiente para impedir a
proliferação de mitos de falsificações sobre o período. No Brasil de 2019, em plena Era
Bolsonaro, ensinar História Medieval demanda o engajamento com essas questões e,
urgentemente, uma profunda discussão sobre a relevância e os usos da história medieval.
Esse trabalho pretende analisar elementos da formação de uma consciência histórica
sobre a Idade Média no Brasil e suas relações com apropriações conservadoras desse
espaço-tempo. Ao final, apresentaremos algumas indicações sobre o papel essencial do
Ensino de História em meio a essa disputa: tanto como forma de contrapor e desconstruir
falsificações e mitos sobre a Idade Média quanto como processo de promoção e
reconhecimento desse período histórico como fundamentalmente diverso em termos de
religiões, classes, etnias e gêneros.
19
SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA E MEMÓRIA
SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
UM CENÁRIO TRANSACIONAL DA TEORIA DA HISTÓRIA
E DA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA ATUAIS
Hélio Rebello Jr
(Departamento de História da UNESP-Assis)
Pedro Ragusa
(professor UEPG)
Thiago G. Belieiro
(professor UNOESTE)
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
MUNDOS COLONIAIS, 1492-1822
SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ESTADO E NAÇÃO NO BRASIL:
EXPERIÊNCIA E SINGULARIDADE
O tema em pauta é parte constitutiva de um projeto coletivo maior que vem sendo
desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre Cultura, Política
e Sociabilidade. O referido grupo, cuja existência com certificação do CNPq data de
março de 2005, funciona desde sua fundação sob minha própria liderança e da Profa.
Tânia Regina de Luca. Receberemos propostas de comunicação sobre as diversas formas
de expressão do imaginário das elites e das camadas populares como elementos
importantes da construção do Estado-Nação no Brasil desde os primeiros conflitos
registrados entre colônia e metrópole ao longo do século XVII até a crise do Império e a
Proclamação da República.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
IDENTIDADES, MEMÓRIA E
REPRESENTAÇÕES NO BRASIL REPUBLICANO
21
subjetividades presentes em seu discurso, que sinaliza para trajetórias não lineares de
vida.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
INTERSECÇÕES ENTRE MÍDIAS IMPRESSAS,
SONORAS E AUDIOVISUAIS NA PESQUISA
E NO ENSINO DE HISTÓRIA
Áureo Busetto
(Departamento de História da UNESP/Assis)
Paulo Gustavo da Encarnação
(Pós-Doutorando PUC-SP, bolsista PNPD/Capes)
SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
HISTÓRIA DA ÁFRICA, AFROBRASILEIRA
E INTERLOCUÇÕES
SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
A HISTÓRIA DAS AMÉRICAS:
DEBATES, VERTENTES E PERSCTIVAS
SIMPÓSIO TEMÁTICO 11
FONTES HISTÓRICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
COMO MEIO DE APRENDIZAGEM:
UM DESAFIO AO PROFESSOR-PESQUISADOR
SIMPÓSIO TEMÁTICO 12
MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO:
PESQUISA E ENSINO
23
agroecológica de territórios e a industrialização, amparados na modernização tecnológica.
A produção do espaço econômico e a construção da memória social adquirem dimensões
investigativas para compreender semelhanças e diferenças nas mudanças sociais em
curso, desde a década de 1990, em escala internacional, nacional e local. A reflexão sobre
ações patrimoniais, educação patrimonial, fontes de pesquisa como legislação, visitas
técnicas, publicações institucionais, exposições museológicas, guias de viagens, mapas,
jornais, revistas e bibliografia de interesse histórico – livros de memórias, relatos de
viagem, reportagens e entrevistas, obras de divulgação científica e cultural – e da
historiografia internacional e brasileira completam o leque de interesses aqui reunidos.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 13
RECONSTRUÇÃO/REVISÃO DO PASSADO:
ESCRITAS MEMORIALISTAS DE AUTORIA FEMININA
SIMPÓSIO TEMÁTICO 14
ANTIGUIDADE ORIENTAL: POLÍTICA,
RELIGIÃO E CULTURA E SUAS INTERFACES
COM A ANTIGUIDADE CLÁSSICA
24
Além disso, contínuas descobertas arqueológicas conduzidas no Oriente trazem novas
informações que ampliam, enriquecem, diversificam e até mesmo modificam o
conhecimento historiográfico sobre o Antigo Oriente e suas relações com o Mediterrâneo
Antigo. Serão privilegiadas as abordagens sintonizadas como o tema do evento -
“Narrativas de poder e resistências: construções e apropriações do passado”, mas serão
bem-vindas pesquisas com outras perspectivas de análise.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 15
CONSTRUÇÕES E APROPRIAÇÕES DE ESPAÇOS
SAGRADOS NO ANTIGO ORIENTE-PRÓXIMO
SIMPÓSIO TEMÁTICO 16
DIÁLOGOS ENTRE A FILOSOFIA
E A HISTÓRIA NA ANTIGUIDADE
Este simpósio temático tem por intento coligar pesquisadores (e suas trajetórias)
das áreas da Filosofia e da História que, de forma livre, ampla e dialógica, se debrucem
sobre o estudo e o enfrentamento de diferentes narrativas e fontes históricas
25
(iconográficas, literárias, filosóficas, jurídicas, etc.), nos períodos da Antiguidade clássica
e tardia. O anseio é trazer à tona análises e experiências diversificadas, que envolvam as
relações entre estes dois campos do saber que, ao se constituírem, reivindicam seus
espaços, abordagens e referenciais próprios, mas também suas interfaces. No mais, o
simpósio visa à problematização dos usos do passado, das formas e funções do
conhecimento filosófico e histórico, suas produções, bem como os recentes debates e
reflexões teórico-metodológicas que se apresentem sobre tais interlocuções. Novos
objetos e novos modos de investigação acerca dos processos histórico-filosóficos na
Antiguidade serão bem-vindos, além de eventuais revisões bibliográficas. A temática se
justifica exatamente pelo caráter multidisciplinar que suscita, permitindo, pois, o diálogo
não só entre pesquisadores, mas entre a pluralidade de pesquisas.
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS 17
RELAÇÕES POLÍTICAS E PRÁTICAS RELIGIOSAS
NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA E TARDIA
26
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS 18
A HISTÓRIA DE GÊNERO NOS ESTUDOS DA
ANTIGUIDADE CLÁSSICA (Sécs. VIII-IV a.C.)
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS 19
AS RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA, LITERATURA
E ARTES NA IDADE MÉDIA:
A EXPRESSÃO DO PODER, IMAGINÁRIO E RESISTÊNCIA
POR MEIO DA CULTURA ARTÍSTICA.
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expressão do poder, imaginário e resistência por meio da cultura artística, objetivamos
contrapor o senso comum de que a Idade Média foi um período de barbárie,
obscurantismo, intolerância, de pouca ou nenhuma produção artística e cultural e de
desorganização política. Contrapondo-se ao senso comum, entendemos que o medievo é,
sem dúvidas, um período de grande expansão social, cultural e religiosa, sendo a
Literatura e as Artes, fontes potencialmente ricas para a história, oferecendo instigantes
informações, levantando dados, ideias e perspectivas, que, por vezes, foram
menosprezados ao longo da História.
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS 20
IMAGINÁRIO, CULTURA E REPRESENTAÇÕES
NA ANTIGUIDADE TARDIA E NO MEDIEVO
28
Coordenação:
Eduardo José Afonso (UNESP/Assis)
29
Bruno Dias Santos
Kassiana Braga
Este trabalho tem como intuito discutir uma das fotobiografias produzidas pela
escritora e fotógrafa amadora Zélia Gattai intitulada: Jorge Amado - Um baiano
romântico e sensual - Três relatos de amor João Jorge Amado, Paloma Jorge Amado.
Nesse livro a escritora publicou cerca de 192 fotos, sendo o primeiro livro que não
escreveu sozinha em que colocou o sobrenome Amado em sua capa, pois nas publicações
anteriores sempre os lançou com o sobrenome de seu pai, Gattai. Os seus filhos Paloma
Amado e Jorge João Amado também dão a sua contribuição com narrativas
memorialísticas, após o falecimento do pai Jorge Amado em 2001. A partir da análise
dessa fotobiografia será possível identificar as histórias visuais produzidas pela autora
permitindo ainda compreendermos as significações e as interações entre memória familiar
e coletiva através da construção da memória de Jorge Amado, sua família e de seus
amigos.
33
vírus. Muitas vítimas da doença agonizavam em seus leitos com febre altíssima, náuseas,
vômitos e dores insuportáveis pelo corpo. A maioria dos mortos foram sepultados no
cemitério de Sussui, localizado algumas centenas de metros da praça da Igreja.
34
Coordenação:
Hélio Rebello Jr
(UNESP/Assis)
Pedro Ragusa
(UEPG)
Thiago G. Belieiro
(UNOESTE)
A presente apresentação tem por finalidade expor uma discussão acerca da Teoria
da História e sua importância para a historiografia, a partir do historiador brasileiro José
Assunção D' Barros. O conceito de história sofreu inúmeras modificações no decorrer do
tempo, dentro deste campo encontramos os debates historiográficos, formas de escrever
história, e as teorias da história, que são visões de mundo. Principalmente no que concerne
a historiografia do século XIX, surge a Teoria da História com a constituição da história
como ciência, nesta esfera teórica estão inseridos os paradigmas historiográficos,
correntes teóricas, como o positivismo, o historicismo e o materialismo histórico entre
outros. Segundo Barros, se inicialmente uma teoria significa uma "visão de mundo",
independente do campo que está inserida, a Teoria da História ou o paradigma
historiográfico é uma "visão histórica do mundo" podendo ser definida também como
"uma determinada visão sobre o que vem a ser a própria história", ou seja, é uma forma
35
de propor "determinada concepção sobre o que é história e sobre o que deve ser a
historiografia". É a partir da teoria e do método que a historiografia terá seus alicerces
para a construção de uma história problematizada, afastando-se de uma história de cunho
simplista composta apenas por descrição e narração.
36
Cezar Augusto Caron
A história tem passado por muitas transformações nas últimas três décadas no
Ocidente, esse movimento me fez gerar uma questão, o que é mais importante em nosso
momento histórico, a história ou o método de se escrever história? Essa pergunta surge
na preocupação com a história pura, séria, erudita, útil a vida, que tem como objetivo
transformar a sociedade. Essa história tem sofrido ameaças muito sérias, principalmente
da 37spécie37a e perdendo sua identidade, a preocupação com a boa e séria crítica ao
homem já não é a mesma, principalmente a crítica com relação do homem com a natureza.
A ideia de tirar o ser humano do pedestal me parece pouco levada em consideração nos
dias atuais, isso preocupa o historiador sério, pois, como podemos transformar a
sociedade se não pudermos criticar a própria raça humana? Que destróe, mata, sua própria
37spécie os animais a natureza. Como poderemos compreender o real funcionamento da
sociedade e de seu passado, tendo como fonte obras com uma escrita que sempre prefere
enxergar coisas benevolentes em contextos totalmente assustadores e cruéis? A
preocupação com a história crítica e séria fazem parte das pautas deste trabalho.
"As grandes descobertas têm lugar nas próprias fronteiras da ciência", escrevia
Lucien Febvre (1878-1956) - importante historiador francês - na metade do vigésimo
37
século. A relação entre a História e a Psicanálise foi revisitada ao longo dos anos por
intelectuais do campo historiográfico; entre críticas ferrenhas ou sublimidade do
proeminente campo psicanalítico - este que despertou críticas de seus usos em diversos
meios, especialmente em sua própria esfera de constituição - aconteceu uma cooperação
na formação de uma tendência historiográfica sensível, notadamente relacionada ao
conhecimento do indivíduo e as relações com o seu meio. Ao psicanalista, uma psique a
ser analisada e reconectada consigo mesma; ao historiador, uma personagem histórica
inserida em um tempo e espaço, que a partir de sua constituição psíquica individual exerce
ações que modificam seu momento histórico, deixando rastros a serem perseguidos pelo
estudioso do tempo. Empenhando-se em verificar a discussão fértil entre os dois campos,
buscamos realizar um balanço dos problemas e dos pontos em contribuição dos usos da
Psicanálise na construção historiográfica, revisitando autores como Lucien Febvre,
Michel de Certeau (1925-1986), Peter Gay (1923-2015) e recentemente a obra de
Elisabeth Roudinesco, autores que debateram e fizeram uso do campo psicanalítico como
ferramenta para seus trabalhos de História.
38
historiográfica do debate. Na sequência, com base na filosofia de Gilles Deleuze, é
discutida a constituição dos conceitos por meio de componentes; passa-se então ao
levantamento dos conceitos ligados ao tempo histórico. Por fim, é realizado o exame dos
reflexos dos debates teóricos acerca do tempo nos livros didáticos para proceder à
definição do corpus da pesquisa. Na Metodologia é proposta a via longa da hermenêutica
de Paul Ricoeur como caminho estabelecido para interpretação dos conceitos ligados ao
tempo histórico nos livros didáticos. Este trabalho busca aliar os debates mais recentes da
Teoria da História e da História da Historiografia, em especial no que tange aos conceitos
históricos, ao ensino de história, à prática docente e aos materiais didáticos aprovados na
última avaliação do PNLD.
Coordenação:
André Figueiredo Rodrigues
39
do Império, viu com a Proclamação da República sua imagem cair na simpatia popular.
Como libertário, republicano e mártir, construíram-se à sua imagem traços nazarenos -
sendo ele muitas vezes representado como o Cristo brasileiro. Sua figura oficial, retratada
no final do século XIX, consolidava a formulação de uma concepção política dos adeptos
do positivismo de Augusto Comte, que terminaram colaborando de maneira decisiva na
Proclamação da República. E, somente com ela, a República, Tiradentes incorporou-se à
representação pictórica brasileira. Vestindo a alva dos condenados, barba e cabelos
longos, tem sempre uma boa transparência. Pintaram-no em cenas que ocorreram desde
a sua prisão na Rua dos Latoeiros, no centro do Rio de Janeiro, até episódios diversos da
devassa aberta para julgar o crime dos envolvidos na tentativa de rebelião de 1789: a
leitura da sentença, Tiradentes agrilhoado, a vã tentativa de resistência, para, finalmente,
mostrá-lo frente ao carrasco e nas quatro partes em que seu corpo foi dividido para ser
exposto à execração pública no caminho entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Independentes das interpretações imagéticas já estudadas e publicadas em uma série de
livros e artigos acadêmicos que foram por este caminho - o do alferes Tiradentes como
herói republicano -, a proposta de nossa apresentação direciona-se por uma via oposta, ao
vasculhar as imagens de Tiradentes antes de sua apropriação como herói republicano, ou
melhor, antes de sua exaltação como o Cristo brasileiro. Para tanto, analisaremos as
imagens do alferes Tiradentes anteriores à Proclamação da República.
40
impressos. Por outro lado e especialmente na porção americana do império, os escritos
impressos passavam por um controle mais rígido se comparados àqueles, contudo, burlar
a censura não era tarefa impossível, e dois casos são emblemáticos da inoperância da
Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens: o Correio Braziliense, que em
alguns momentos foi proibido de circular no Brasil e em Portugal, mas que ainda assim
esteve presente em quase todos os territórios imperiais; e o Tifs Pernambucano, jornal
revolucionário que transitou pelo norte (em parte do atual Nordeste) brasileiro sem muita
dificuldade. Não digo que a censura era um instrumento irrelevante aos intentos do
Estado, e ela certamente teve um efeito mais ativo nos grandes centros portugueses, como
Rio de Janeiro, Salvador e Lisboa, mas penso ser difícil de imaginar que ela tivesse grande
peso e ação em locais mais afastados dos maiores centros de poder, bem como em lugares
em que a população se visse explorada pela corte, como foi o caso de Pernambuco em
mais de uma ocasião. Atualmente, parte da historiografia brasileira ainda vê a ampliação
dos espaços públicos, via imprensa, como um fato que se deu apenas depois da revolução
do Porto, em 24 de agosto de 1820, mas precipuamente com o decreto das Cortes lisboetas
em extinguir a censura prévia referente aos impressos, em 29 de setembro de 1820; evento
ratificado pelo rei em decreto de três de março de 1821. Com isso, a principal hipótese
que se levantará com este trabalho é a de que mesmo com o aparato censório em atividade
no império luso-brasileiro, foi possível que houvesse fluxos de ideias políticas por meio
das páginas da imprensa luso-brasileira no período de 1808 a 1822.
41
da família real espanhola do final do século XVIII e início do XIX. Através do estudo de
três retratos produzidos por Goya, Carlos IV como cazador (1799, Palácio Real de
Madrid), La reina María Luisa a caballo (1799, Museu do Nacional Prado) e La familia
de Carlos IV (1800, Museu Nacional do Prado), pretende-se fazer uma análise artística e
histórica das pinturas na representação dos membros da realeza Bourbônica espanhola. A
ideia de estudar esses retratos foi inspirada por uma passagem encontrada na obra A
História da Arte, do historiador da arte Ernst Gombrich, na qual o autor comenta que
Goya retratava a realeza de uma maneira esteticamente menos convencional do que outros
pintores contemporâneos - deixando-os, por assim dizer, mais "feios". Para esta
comunicação da XXXV Semana de História e do VIII Ciclo Internacional de Estudos
Antigos e Medievais, o foco será apresentar o retrato de grupo dos Bourbons produzido
em 1800, procurando investigar as questões envolvendo a figura da rainha Maria Luísa
de Parma (1751-1819) e as possíveis ligações com o mito de Hércules e Ônfale, presente
no quadro.
Tendo como ponto de partida a tese do crítico de arte Mário Pedrosa Da Missão
Francesa - Seus Obstáculos Políticos, escrita para o concurso da cadeira de História Geral
e do Brasil do Colégio Pedro II (1957), o objetivo da comunicação é apresentar as
singularidades do neoclassicismo da missão artística francesa na arte brasileira do início
do século XIX. Muitos estudiosos apontaram as mudanças formais que os pintores Jean-
Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay, além do arquiteto Grandjean de Montigny,
membros da missão francesa, tiveram que empreender em seus trabalhos para dar conta
das complexidades e contradições do Brasil de D. João VI. Entretanto, o processo de
como se deu tais mudanças foram pouco exploradas. Diante disso, a tese de Pedrosa pode
nos apresentar elementos preciosos para traçar novas discussões não só em torno da
42
influência do neoclassicismo francês no campo artístico brasileiro, mas também para o
desenvolvimento de uma história social da arte (e da cultura) brasileira.
Coordenação:
José Carlos Barreiro
43
mais modernas de cultivo no campo, e o consequente domínio efetivo sobre natureza. Na
fase inicial da pesquisa, entendemos que, apesar do discurso progressista a SAIN
guardava interesses estritamente conservadores, que visavam a manutenção dos
privilégios da aristocracia rural, o sistema político monárquico e a condição de
agroexportador do país.
As publicidades começaram a ser divulgadas pelo rádio apenas após o decreto lei
número 21.111, de 01 de março de 1932, sancionado pelo então presidente da República
Getúlio Vargas (1882-1954). As verbas publicitárias passaram a fornecer os meios de
financiamento daquele veículo, ícone da modernidade, que se expandiu de maneira
promissora. O rádio, dessa forma, progressivamente afastou-se da intenção de Edgar
Roquette-Pinto (1884-1954), seu idealizador no Brasil, ou seja, deixou de contemplar a
proposta educativa e alçou-se a veículo de entretenimento. O meio de comunicação
atingia o público amplo e mostrava-se fértil propagador de hábitos e costumes, tendo
despertado o interesse de publicações periódicas, a exemplo da Revista do Rádio.
Lançada em 1948, momento do apogeu do rádio, a publicação objetivava comentar sobre
as atividades realizadas pelas emissoras brasileiras (das capitais e do interior) e
estrangeiras; divulgar dados cotidianos da vida pública e privada daqueles que faziam
carreira no veículo: radialistas, cantores(as), radioatores(as)... A revista, sob a
responsabilidade do jornalista Anselmo Domingos (1915?- 1975), apresentava, portanto,
44
conteúdo amplo e variado e tinha expressiva quantidade de anunciantes: desde grandes a
pequenas empresas, além do setor de serviços. O objetivo desta comunicação é justamente
incursionar pelo conteúdo publicitário da Revista do Rádio, entre 1948 e 1959, e
demonstrar que o mesmo apresenta potencial para a análise do historiador, uma vez que
ajuda a compreender o que se ofertava à sociedade dos anos 1950.
Esse trabalho tem como objetivo realizar uma análise, a partir da imprensa
libertária produzida entre os anos de 1900 e 1920 em São Paulo, sobre a formação de uma
cultura política que permeou o surgimento do movimento operário na Primeira República
brasileira. Essa cultura política, baseada no transnacionalismo de ideias advindas da
França, Itália, Rússia e Argentina, no antimilitarismo, antinacionalismo e no
anticlericalismo, floresceu no seio da classe trabalhadora sobretudo decorrente dos
problemas sociais decorrentes da imigração e das péssimas condições de trabalho e das
moradias na cidade de São Paulo, e ganhou notoriedade no momento que foi amplamente
divulgada nos principais jornais redigidos por trabalhadores da cidade: "A Lanterna", "A
Plebe", "O Amigo do Povo" e o "La Battaglia". Como resultado, o conteúdo publicado
nesses jornais acabou moldando uma opinião pública, de caráter transnacional, que
moldou o comportamento dos trabalhadores durante o período mencionado. Sendo assim,
este trabalho vem colocar luz na formação dessa cultura e nas estratégias de disseminação
da mesma.
45
Natália Zampella
Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados obtidos a partir da análise
da seção de Noticiário da Revista Tipográfica, semanário que circulou no Rio de Janeiro
entre 1888 e 1889. Fruto de uma associação entre importantes tipógrafos, a revista se
transformou em uma ferramenta de reivindicação da classe e difusão da arte tipográfica.
A pesquisa realizada com o periódico insere-se no projeto "Impressos ilustrados no Rio
de Janeiro do final do oitocentos: dos artistas do lápis aos fotógrafos" da Profª Draª Tania
Regina de Luca. A função primordial da seção consistia em ser um veículo de informação
das decisões editorais, bem como um meio de divulgar notícias sobre a própria publicação
e de outros periódicos de tipógrafos, além de dar a conhecer acontecimentos cotidianos.
Em suma, se compõe de temas variados e acaba por estabelecer um diálogo entre o leitor
e a redação. Com base na análise da seção e dos diálogos que se estabeleceram, o trabalho
realizado com a Revista Tipográfica possibilitou melhor compreender os desafios
enfrentados pelos tipógrafos no período turbulento de circulação do periódico, momento
marcado por transformações importantes, a saber, a Abolição e a República, o que
impulsionou a organização dos tipógrafos, que fundaram no Rio de Janeiro o Centro
Tipográfico 13 de Maio, depois de terem se envolvido à favor do fim do escravismo. A
revista também revela que, ao longo do ano de 1888, foram registrados esforços em
termos organizativos em diferentes capitais, além de movimentos em prol da melhora das
condições de trabalho.
Este trabalho tem como objeto de estudo a Revista Tipográfica e suas seções, em
específico, a Exterior e Miscelânea. Semanário criado por um grupo de tipógrafos, os Srs.
Luiz da França e Silva, Júlio Ladislau, Pedro da Costa Frederico e Paulo Latour, para
defender e divulgar a arte. O seu estudo se insere no Projeto Impressos ilustrados no Rio
de Janeiro do final dos oitocentos: dos artistas do lápis aos fotógrafos, sob coordenação
da Profª Drª Tania Regina de Luca. Entende-se por seções conteúdos encimados por
títulos fixos e que se repetem pelo menos duas vezes, de forma subsequente ou não. A
Revista teve um total de treze seções, com diferente duração e finalidade. Exterior e
Miscelânea, tratavam de temas diversos: a primeira, como indica o título, informava sobre
os progressos da arte da impressão e a mobilização dos trabalhadores em âmbito
internacional, com base em publicações recebidas. Já a outra continha textos diversos,
mas, abordava sobretudo, questões relativas às condições de trabalho, paralisações e lutas
dos tipógrafos. As seções revelam a intenção da folha de dar conta de tudo o que pudesse
interessar aos tipógrafos, instruí-los sobre o ofício, propagar a união e a defesa dos seus
interesses e informá-los sobre o que se passava no exterior. Após a Abolição, a
mobilização desses trabalhadores cresceu em todo o país. O intuito dos tipógrafos era
tornar o jornal um instrumento de luta, e de união dos profissionais, mas também um
espaço de aprendizagem a respeito da "arte tipográfica", sua história e desafios então
enfrentados no Rio de Janeiro. A divulgação de greves, notícias de associações, reuniões,
comemorações (em âmbito nacional e estrangeiro) confirma que a publicação empenhou-
46
se em prol da categoria, num contexto social e político efervescente, marcado pela luta
em prol da Abolição e da proclamação da República. A "Revista Tipográfica" comprova
que já havia um grupo de trabalhadores assalariados no período imperial, com uma
consciência de classe perceptível na defesa de seus interesses.
Coordenação:
Zélia Lopes da Silva
47
ensino e aprendizagem quanto ao ofício do mestre aos demais membros da comunidade,
cujo alvo principal são os jovens, também será analisada. Ainda sobre o prisma da
educação patrimonial, a Folia de Reis será pensada como elemento cultural de cunho
identitário dentre as diferentes gerações.
48
em andamento, denominada "Os usos de "brasilidade" ou a história de um conceito
identitário", que se propõe a perscrutar os diversos usos, significações do vocábulo (que
contribuem ou contribuíram para o engendramento do conceito de brasilidade em tempos
distintos), mapeando, portando, os "tecidos" que se propuseram a distinguir o sentido de
brasilidade, identificando a existência de estereótipos e de formas discursivas e a
existência de narrativas identitárias específicas intrínsecas a esses usos para, então,
reconhecer quais as formulações e/ou figurações de Brasil operantes. Nesses primeiros
estudos, trago alguns usos atuais do termo - comprovando a urgência de uma história do
conceito - e algumas hipóteses diante de um corpus documental imbricado com sua
emergência, a saber: periódicos paulistas e cariocas publicados entre as décadas de 1920
e 1940.
Beatriz Rodrigues
51
Inayê Silva Andrade
52
crítica e na literatura as adaptações televisivas serviram para propagar as obras literárias
projetando-as nacionalmente e internacionalmente, inclusive, alavancando as vendas no
mercado editorial. Todavia, o foco da presente comunicação é investigar como a História,
a Literatura e a Teledramaturgia estão correlatadas através da obra literária e televisiva A
Casa das Sete Mulheres, baseada no romance homônimo escrito por Letícia
Wierzchowski, em 2002, e tendo sua adaptação para a televisão, através da minissérie
homônima, produzida e exibida pela TV Globo, em 2003. Haja vista que analisaremos
como a obra literária e a minissérie em questão representaram a mulher farroupilha para
assim confrontarmos como as mulheres estiveram e estão representada na História Oficial
e em suas adaptações/representações literárias e televisivas. Ou seja, será feito
interconexões da leitura que vem do campo da história com a leitura que vem do campo
da literatura e que resultam de um modo ou outro na esfera da teledramaturgia. Sendo
assim, a presente comunicação visa analisar a imbrica relação entre história, literatura e
teledramaturgia sob a ótica dos estudos de Reimão (2004), Roger Chartier (2011) e Serge
Moscovici (2011).
Jesiane Debastiani
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do Estado, mas, de fato, corpos que deviam ser aniquilados. Ainda, para a compreensão
de que as organizações de esquerda também propagavam um discurso que marginalizava
pessoais homossexuais ou que desviassem dos padrões que lhes era esperado, o trabalho
tem como objetivo analisar os relatos de Herbert Daniel, militante das guerrilhas de
esquerda que se opunham ao regime militar instaurado no Brasil entre 1964 e 1985, por
meio de seus escritos Passagem Para o Próximo Sonho (1982) e Meu Corpo Daria um
Romance (1984), ambos de caráter autobiográfico. A questão central que será exposta
nesse momento do trabalho é o fato de que para se consolidar dentro dessas organizações,
como um bom guerrilheiro, Daniel precisou ocultar sua sexualidade (homossexualidade)
e suas subjetividades, tendo que se consolidar como um típico "macho", viril, corajoso, e
"capaz de fazer a revolução".
Jânio da Silva Quadros foi um político brasileiro que teve grande parte de sua vida
inserida na atividade pública. Foi eleito presidente do Brasil em outubro de 1960,
assumindo o cargo em janeiro do ano seguinte. Contudo, antes mesmo de chegar à
presidência, Jânio já havia trilhado sua carreira política no estado de São Paulo, como
vereador da capital paulista, após a cassação do Partido Comunista Brasileiro, em 1947,
deputado estadual paulista (1951), prefeito de São Paulo (1953) e governador do estado
(1955). Em meio a um ambiente de instabilidade social desde a década de 1950, o Brasil
vivenciava um novo cenário político, ainda sob os reflexos do suicídio de Getúlio Vargas
(1954). Diante disso, as disputas eleitorais nas décadas de 1950 e 1960 foram marcadas
pelo uso, de sua parte, de recursos como slogans e jingles eleitorais em suas campanhas,
que se tornaram muito populares na sociedade por apresentarem uma visão de Brasil
identificada, sob a óptica de Quadros, contrária à bandalheira, à corrupção, aos privilégios
dos mais ricos e à desesperança da população. Neste sentido, Jânio procurava divulgar
uma imagem de si como capaz de combater e "varrer" estes problemas da nação brasileira,
trazendo, por sua vez, uma nova esperança e moralidade. Dessa forma, recursos como o
jingle "Varre, varre, vassourinha" apresentam a ideia formulada por ele acerca da
concepção do que deveria ser o Brasil sob o seu governo. Muito além de apenas sair
vitorioso, o objetivo das suas campanhas era, também, propagar as ideias de nação por
ele formuladas, presentes até os dias de hoje em estratégias eleitorais. O intuito desta
pesquisa, portanto, é compreender como as campanhas políticas de Quadros e os
mecanismos por ele adotados representam uma nova concepção de identidade nacional,
e como os estudos de sua trajetória permitem compreender os discursos políticos em torno
desta específica ideia de nação.
55
Luiz Gustavo Ayres dos Reis
56
pela greve dos ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, considerado um
primeiro ensaio de greve geral. Tal fenômeno paredista e as reivindicações apresentadas
na greve teve impacto direto na relação entre as autoridades da Companhia Paulista de
Estradas de Ferro e seus funcionários, saindo da órbita puramente repressiva. Por este
motivo, buscaremos analisar como ocorreu a organização do movimento e as ações
reivindicatórias desse grupo de trabalhadores durante o período de conjuntura da greve.
Ademais, também procuraremos investigar tanto o impacto imediato como os resultados
mais longevos desse movimento paredista para a história de luta por direitos da classe
operária da Primeira República. Por fim, como se trata de um trabalho inicial de pesquisa
de doutorado, buscaremos demonstrar a atuação destes trabalhadores por meio dos jornais
do período e da bibliografia sobre o tema.
Coordenação:
Áureo Busetto
Paulo Gustavo da Encarnação
Áureo Busetto
59
Carla Drielly dos Santos Teixeira
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Globo, que optou por entrevistas com os principais candidatos, em programa denominado
Palanque Eletrônico. Apesar de não possuir a mesma estrutura e estar longe dos números
de audiência da Rede Globo, a Rede Bandeirantes era vista como uma concorrente da
emissora de Roberto Marinho na disputa pela preferência do telespectador e foi o
principal veículo a transmitir o confronto entre os principais presidenciáveis no primeiro
turno. Analisando que o país estava a 29 anos sem eleger diretamente seu Presidente da
República, com grave crise socioeconômica, um desgastado governo Sarney e recém-
saído de uma ditadura militar que durou 21 anos, os debates foram o principal palco em
que todos os postulantes à Presidência estavam reunidos e apresentando suas ideias e
propostas para merecerem o voto de cada cidadão. Considerando ainda que o Jornal do
Brasil era o maior concorrente do periódico do Grupo Globo, a veiculação dos debates na
Rede Bandeirantes pelos dois jornais permite compreender o destaque que ambos os
veículos deram ao confronto de ideias entre os principais candidatos a presidente do
Brasil, bem como os interesses mercadológicos por detrás de tais veiculações, com a
concorrência entre os periódicos sendo ampliada em disputa de mercado pelos dois
grandes grupos de comunicação.
61
repressão efetuada pelo Estado Israel contra o povo palestino durante o período de
produção de seu trabalho (2002-2009). Para conseguir responder a essa questão,
utilizaremos como aporte teórico o conceito de representações do historiador francês
Roger Chartier. Metodologicamente, flexionaremos a análise de Jean Starobinski para os
estudos de literatura para a análise das Histórias em Quadrinhos enquanto suporte
material livresco e juntamente analisaremos elementos da linguagem própria das artes
sequenciais baseados em trabalhos como de Will Eisner e Umberto Eco.
Esta proposta tem como objetivo central a realização de uma análise histórico-
comparativa entre a constituição das multidões no século XIX e XXI. O fenômeno de
aumento do aglomerado de pessoas nos centros urbanos ocorre no século XIX, simultâneo
ao surgimento dos meios de comunicação de massa. Pretende-se ampliar a análise para a
importância e relação do processo midiático no âmbito social, com ênfase no surgimento
do cinema e seu impacto. Para embasamento metodológico utilizaremos os estudos de
Gustave Le Bon, Michael Hardt e Antônio Negri. Gustave Le Bon diagnostica o
fenômeno de constituição das multidões no século XIX, colocando-o enquanto o novo
poder da idade moderna e realizando um estudo detalhado das suas características e
aspectos psicológicos. Michael Hardt e Antônio Negri contextualizam suas análises
acerca das multidões nas dinâmicas sociais do século XXI, pensando-a enquanto agente
político e levando em consideração os conceitos de biopolítica e biopoder para melhor
compreensão do mundo contemporâneo.
Muita da imagem do roqueiro, por exemplo, durante os anos 1960 e 1970 foi muito
associada a partir de referências dos The Beatles, Rolling Stones, de bandas do rock
psicodélico, de hard rock e das associações com comportamentos do movimento hippie e
da contracultura. Ainda nos anos 1970 e durante os 1980, outros atributos foram somados
à imagem e ao estereótipo em decorrência da popularização, em diversas partes do
mundo, do heavy metal e do punk rock, inclusive muitos deles se mantendo até os dias
atuais no senso comum sobre o rock e o roqueiro. O rock, especialmente, a partir do início
da década de 1960 foi sendo associado às drogas como, na mesma medida, foi
incorporando tal estereótipo comportamental. É uma mão de via dupla, o gênero musical
incorporou tal imagem, assim como foi sendo incorporado pela mídia, fãs, músicos e
detratores do estilo musical. Muitas matérias foram publicadas destacando essa suposta
relação entre drogas e o ritmo do rock. Dessa forma, esta comunicação visa refletir
comparativamente como episódios da temática das drogas e concomitantemente do
universo do rock foram noticiados, tanto por meio de notas e manchetes quanto por
comentários, pelos jornais brasileiros e portugueses. No caso em tela, destacamos,
sobretudo, matérias que falavam de festivais de rock que ocorreram em diversas partes
do planeta e a suposta associação entre rock e drogas, com especial destaque para os
festivais cá e em terras portuguesas.
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Thiago Fidelis
Eleito em 1960 após uma meteórica ascensão eleitoral (em treze anos, foi
vereador, deputado estadual, prefeito e governador de São Paulo), Jânio Quadros
ascendeu ao poder sem estar ligado, de fato, a nenhuma das grandes agremiações
partidárias do período, com um discurso bastante moralista e conservador, atrelado com
a eficiência de um gestor que tinha a receita certa para conter a alta da inflação e do custo
de vida, situação bastante crítica no país no momento. De maneira geral, os grandes
veículos de imprensa abraçaram a candidatura de Jânio que, próximo a UDN, acabou
conquistando a simpatia (ainda que com altas doses de desconfiança) por vários jornais
de grande circulação. Uma das poucas exceções foi o periódico Ultima Hora (UH),
fundado em 1951 por Samuel Wainer, jornalista que se aproximara de Getúlio Vargas no
processo eleitoral e que, desde então, mantivera a linha editorial da UH voltada para as
demandas e perspectivas políticas voltadas à linha defendida pelo então presidente e que,
nesse período, melhor se delineavam pelo PTB. Crítico de Jânio Quadros durante o
processo eleitoral, a UH fez campanha ostensiva para João Goulart, eleito vice-presidente
e que mantinha relação estreita com a publicação. Sendo assim, o objetivo dessa
comunicação é fazer uma análise de como a UH acompanhou o breve governo de Jânio
Quadros, levando em conta as particularidades e aspectos que permearam todo o
processo.
Coordenação:
Lúcia Helena Oliveira Silva
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quais tensões desencadearam o seu isolamento e quais estratégias Nascimento adotou
para manter sua denúncia e crítica a questão racial no Brasil.
65
à dominação portuguesa em Angola e sua subsequente necessidade de controle de mão
de obra africana.
Coordenação:
Carlos Alberto Sampaio Barbosa
José Luis Bendicho Beired
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politicamente autônomos que materializaram o Poder Popular. A declaração pública do
CpS Insurrección de la burguesía e a carta da Conferência Episcopal do Chile Pedimos
un espíritu constructivo y fraternal serão o ponto de partida para essa empreitada.
O livro "Diario del Che en Bolivia", lançado simultaneamente em países dos três
sub-continentes americanos e Europa no ano de 1968, configurou um verdadeiro
fenômeno do livro político nos anos derradeiros da década de 1960. A publicação se fez
possível mediante a passagem pelas mãos de uma diversidade de agentes que
intermediaram a chegada do manuscrito a Havana, desde a selva boliviana, onde seu
autor, o argentino radicado em Cuba, Ernesto Che Guevara, foi capturado e assassinado
entre 7 e 8 de outubro de 1967. A edição da obra seria, a partir de então, realizada com
grande celeridade, vindo a lume em 1o. de julho do ano seguinte. Enquanto o livro
ganhava as ruas de Cuba, sendo distribuído gratuitamente à população, ele aparecia em
caráter sincrônico no Chile, Estados Unidos, bem como na Alemanha, França e Itália. Em
seguida, o título chegaria, em três meses, à difusão por ao menos 22 países, atingindo a
tiragem total de cerca de três milhões de exemplares, dentro os quais, um milhão apenas
no país de Fidel Castro. O objetivo desta comunicação é o de analisar o processo de
propagação da obra a partir dos pressupostos da História do Livro, da Edição e da Leitura
- especialmente a partir das considerações de Jean-Yves Mollier - para, em seguida: 1.
Apontar as hipóteses de um trabalho em curso acerca do caráter global de sua difusão no
espaço cultural da esquerda latino-americana, bem como sua chegada ao continente
europeu e recepção por parte da esquerda que se engajaria nos movimentos revoltosos de
1968; 2. As características da obra que a configuram como aquilo que estudos recentes
têm chamado de "escritas de si", notadamente os aspectos que, a título de hipótese,
beneficiaram a difusão dessa obra exemplar da escrita política latino-americana pelo
espaço da esquerda europeia dos intensos anos 1960; e, por fim, 3. Correlacionar a
publicação da obra à intencionalidade do governo cubano em circunscrever as
possibilidades de leitura do texto mediante a análise do aparato paratextual (prefácios,
posfácios, sumários, apêndices etc.) inscritos em todas as edições coetâneas do escrito;
opera-se, neste ponto, com foco especial nas linhas pré-textuais, que, na pena de Fidel
Castro, intitulavam-se "Uma Introdução Necessária". Tais objetivos fundamentam-se,
para o que tange a esta comunicação, no uso do material-livro como fonte primária de
análise, na análise de entrevistas concedidas por alguns dos seus agentes de difusão, bem
como no diálogo com a bibliografia disponível que versou sobre o tema. A comunicação
se circunscreve num projeto de pesquisa que tem por fim analisar a difusão de obras
políticas latino-americanas nos contextos editoriais e culturais onde atuavam as editoras
Maspero e Trikont Verlag, almejando responder ao questionamento em torno da
possibilidade de se definir o mencionado processo como uma contribuição latino-
americana ao pensamento político da comunidade de esquerda radical que participou das
movimentações de "1968" - assim como de seus antecedentes e desenvolvimento
posterior - ou, para falar nos termos do historiador cultural do século XIX, Michel
Espagne, um processo de transferência cultural.
68
Raquel Fernandes Lanzoni
Este trabalho objetiva apresentar e analisar a revista Mundo Peronista como fonte
histórica para a compreensão da segunda presidência de Juan Domingo Perón,
compreendida entre os anos de 1952 e 1955. Publicado entre 1951 e 1955, o periódico
em questão foi o principal meio de difusão da Escola Superior Peronista e seu objetivo
central era de "inculcar" as ideias políticas e doutrinárias do movimento peronista as
massas recém incorporadas na vida política. Valendo-se de uma linguagem simples e um
suporte gráfico moderno, Mundo Peronista configura-se como um importante meio para
a reconstrução do processo histórico denominado Primeiro Peronismo, uma vez que a
utilização de elementos pedagógicos e propagandísticos evidenciam a faceta doutrinadora
dos meios de comunicação peronistas da época. Por meio de um sistemático processo de
compreensão da revista como fonte histórica, almeja-se entender como a publicação
representou e divulgou os eventos ocorridos durante o segundo governo de Perón,
considerando as particularidades históricas do momento estudado e o papel exercido por
Mundo Peronista na sociedade argentina do período em questão.
Coordenação:
Ronaldo Cardoso Alves
69
realizar a aula-oficina (BARCA, 2004, p. 138) conta com a investigação dos
conhecimentos prévios dos alunos. Valendo-se de uma pergunta norteadora - "o que é
arte?" - e a partir das respostas apresentadas pelos estudantes, foi traçado um plano de
aula que se adequasse aos apontamentos colocados. Após aulas expositivas que
promoveram a contextualização, a historicidade das fontes históricas imagéticas, os
alunos foram instigados a analisar as pinturas, observando traços, cores e formas, com o
objetivo de deduzirem a época a qual pertenciam. Após este processo, desenvolveu-se
uma discussão em conjunto com os alunos, por meio da comparação das fontes
trabalhadas, com o fim de demonstrar as mudanças e permanências entre uma escola
artística e outra. Nessa perspectiva, os estudantes puderam observar, por meio da análise
de fontes, que as Vanguardas tiveram sua contribuição no Brasil até a Semana de Arte
Moderna de 1922, na qual evidenciaram-se as insatisfações sócio-políticas, por meio de
manifestações de cunho artístico. As Vanguardas contribuíram para a delimitação do
"espaço de experiência" da intervenção pedagógica, pois pode-se criar um paralelo entre
Arte e História por meio do questionamento acerca de como os movimentos artísticos e
históricos se estabelecem e ganham força, criando espaços de cidadania e atuação,
possibilitando a compreensão, por parte dos estudantes, do ser humano como agente ativo
na sociedade e na História, gerando, assim, um "horizonte de expectativa"
(KOSELLECK, 2006, p. 308). Aprender História por meio de temas transversais, bem
como promover a interpretação de fontes históricas junto aos alunos, contribui para a
formação crítica do indivíduo e amplia seu "horizonte de expectativa" através do debate
sobre espaços de atuação. Nesse sentido, a escola se coloca como ambiente de
transformação para os alunos que são estimulados a exercer sua autonomia dentro dos
denominados "Clubes", proporcionando uma experiência de mudança dentro de seu
cotidiano.
70
disciplina escolar e dos sujeitos do processo ensino-aprendizagem. Em um sentido mais
amplo, percebe-se nessas ações o rompimento com as históricas dicotomias "ensino-
pesquisa" e "licenciatura-bacharelado" presentes na formação do historiador, as quais se
traduzem em hierarquização do conhecimento e consequente desvalorização dos saberes
históricos escolares.
A História é vista como uma ciência crítica, racional e cientifica, por essa razão e
outras, seja tão difícil compreendermos que a Literatura pode ser considerada uma fonte
por um historiador, logo, que se passa pelo campo da ficção e leva o indivíduo a
questiona-la e reprimi-la. O presente trabalho propõe o estudo de História do Brasil em
conjunto com a Literatura Brasileira, tendo como objetivo o pressuposto de melhorar a
qualidade da educação nessas duas matérias, na qual possuem grande carência
profissional. O Cortiço, livro escolhido, se passa nas viradas do século XIX para o XX,
portanto, se trata de uma obra de transição política, social, cultural, econômica e
habitacional. Época de modernização das cidades, invenções de tecnologias e expansão
da imprensa. Em contrapartida, temos uma reorganização social e urbana. Período, por
71
conseguinte, estabelece um marco comparativo entre a historiografia e a literatura, e as
ideias que ambos os lados oferecem no passado e a para contemporaneidade. Como por
exemplo, a comparação entre as mudanças que a Segunda Revolução Industrial trouxe
com as constantes transformações tecnológicas dos dias atuais. Em suma, expor as
semelhanças da realidade com o período histórico, tendo por base a Literatura, espera-se
que o aluno possa aprimorar sua consciência histórica literária. O autor selecionado para
ser trabalhado, foi Aluísio de Azevedo, maranhense nascido no dia 14 de abril de 1857,
membro da Academia Brasileira de Letras. Iniciou o Movimento Naturalista no Brasil,
com a sua obra O Mulato. Sempre muito preocupado em representar a sociedade
brasileira, levantava aspectos como, pobreza, traição, racismo, adultério,
homossexualidade, entre outros. Em O Cortiço, ele ressalta o grande aumento
populacional da cidade do Rio de Janeiro e o surgimento das novas habitações
amontoadas. Temas que ainda contem em sua obra: assédio, status social, analfabetismo,
pós abolicionismo, costumes da época como bebidas, trajes e danças, estupro,
prostituição, corrupção, e assim por diante. Muito deles ainda existentes no século XXI.
Nessa publicação de Azevedo, podemos ainda abordar, o processo histórico do fim do
tráfico de escravos na década de 1850, e consequentemente o debate sobre o trabalho livre
e a política de abertura à imigração europeia, muito bem exemplificado no livro pelo
personagem de Jeronimo e os demais imigrantes. A política do embranquecimento racial
da população brasileira e o mito que foi criado em torno dela, e como a miscigenação
passou de estratégia política para ser considerada apenas como uma valorização da
diversidade. Além dos eventos citados, temos as obras europeias que tiveram grande
influência na Literatura Naturalista. Como por exemplo, a publicação do Sistema de
filosofia positivista, de Auguste Conte. O Manifesto Comunista de Karl Max. A origem
das espécies de Charles Darwin e o lançamento de Generelle Morphologie der
organismen de Ernst Haeckel. Não esperamos que o aluno leia todos esses trabalhos,
apenas que consigam entender as ideias principais das obras e como elas interferiram nas
convicções de Aluísio de Azevedo e os demais autores naturalistas no final do século
XIX. O Cortiço, além de poder aproximar os alunos com a literatura brasileira, pode ser
considerado um meio de conscientização. Muitos estudantes, não se enxergam como
indivíduos que produzem história. Os livros didáticos não despertam sua atenção, fazendo
com que disciplina da História seja longínqua e ultrapassada, pois se afasta da vida real,
levando logo, o desinteresse. Devido a esses fatores, a Interdisciplinaridade emerge como
pratica educacional com o propósito de resolver as lacunas entre ensino-aprendizagem,
aprimorando o senso crítico dos escolares. Nesse trabalho especifico, utilizando a
Literatura como fonte. O conhecimento histórico constrói-se do real e do irreal, quando é
pensado a caminhada do professor-pesquisador, remete a dupla jornada que ele possui,
porém, uma não elimina a outra, pois ao ensinar, o aluno acaba refletindo com o docente,
produzindo assim, o conhecimento. Jogando por terra, a noção de que o educador é o
único que detêm o saber, porque em todo o caso, o aluno ganha consciência da sua
existência como agente histórico e ativo, e a aprendizagem histórica concretiza através da
fonte literária e do projeto interdisciplinar.
72
possibilidades. Esta análise se propõe a pensar três aspectos para o ensino: a relação com
a Educação Patrimonial e as Instituições de salvaguarda, o trabalho de pesquisa e a
multidisciplinariedade. Este estudo se origina do Projeto de Extensão "Arte Naïf na
escola: arquivo -José Nazareno Mimessi' como apoio pedagógico", que se estruturou a
partir das oportunidades observadas no município de Assis, São Paulo, para difusão de
conhecimentos acumulados pelo Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa "Profa.
Dra. Anna Maria Martinez Côrrea" (CEDAP). José Nazareno Mimessi, incentivador do
pintor primitivo Ranchinho, fundador do Museu de Arte Primitiva de Assis e pesquisador
autodidata no tema, constituiu um arquivo especializado em arte naïf, no qual se
encontram correspondências com artistas, críticos e marchands, recortes de jornais,
currículos de artistas, catálogos de exposição e outras séries documentais. O projeto,
destinado aos estudantes do 1º ano do Ensino Médio de Escola Estadual, desenvolveu-se
com aulas expositivas, visitas monitoradas, atividades de pesquisa e oficinas de arte.
Assim, essa comunicação discute a experiência do uso do arquivo para o desenvolvimento
do pensamento histórico do aluno.
73
fotografias, fonte histórica escolhida considerando tanto as características dos estudantes
- alguns ainda em processo de alfabetização -, quanto a falta de suporte no espaço onde é
realizado o curso, que inviabilizariam a utilização de fontes como a escrita ou audiovisual.
A percepção inicial das aulas, baseada no novo plano, tem se mostrado muito positiva;
indo de encontro ao que se esperava, os educandos se mostraram abertos ao diálogo e à
discussão. Há uma participação ativa no processo de aprendizagem, contribuindo com
suas próprias experiências para enriquecer o saber e adquirindo a percepção de seu
próprio papel no perpetuar desta cultura e no desenvolvimento dos processos históricos
nos quais estão envolvidos.
Coordenação:
Paulo Henrique Martinez
Cássia Natanie Peguim
74
Bruna Gomes dos Reis
Carolina Manzano
75
através das transformações das exposições de longa duração e da administração do museu,
e da mudança na representação dos indígenas dentro desse espaço no campo da história e
da museologia.
O resultado das ações propostas pela ONU, em nível global, para discutir a
condição das mulheres, sofre o impacto do processo político e econômico dos países que
compõem a Cúpula. O desmantelamento da União Soviética, em 1991, abre espaço a
novas preocupações internacionais direcionando os debates também para as estruturas e
relações sociais no mundo globalizado. O século XX, pós guerra, é marcado pela
progressiva incorporação dos direitos humanos no plano internacional. Nesse contexto, a
IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, sediada em Pequim, em 1995, trata-se da
primeira e maior conferência das Nações Unidas inserida no desafio de discutir a
problemática da mulher e do desenvolvimento sustentável na nova ordem política
globalizada para o século XXI. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo
compreender as diretrizes e recomendações presentes na Declaração e na Plataforma de
Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher no contexto do desenvolvimento no
processo de globalização pós Guerra Fria.
76
Paulo Henrique Martinez
Coordenação:
Cátia Inês Negrão Berlini de Andrade
Juliane Luzia Camargo
A presente proposta tem como objetivo apresentar e discutir o Diario de Lili Jaffe (2012)
escrito por Lili Sterne, nome de solteira de Lili Jaffe, uma garota sérvia judia que tendo
sido levada para Auschwitz com sua família sobrevive ao campo de concentração e relata
em seu diário, depois de resgatada pela Cruz Vermelha, tudo o que consegue recordar.
Suas lembranças relatadas de modo claro e sem, a principio, a intenção de discutir a
catástrofe e as atrocidades do período, narram suas impressões pessoais e, ainda, deixam
sua história pessoal registrada para os pósteros. Lili, como muitas outras mulheres,
motivada pela necessidade de narrar sua dolorosa experiência em Auschwitz, ao escrever
seu diário íntimo teceu um relato memorialístico no qual revisita o passado histórico a
partir de suas memórias, colaborando, dessa maneira, para a construção de uma memória
coletiva do período.
77
Cláudia Valéria Penavel Binato
Marana Luisa Tregues Diniz
78
Juliane Luzia Camargo
Coordenação:
Ivan Esperança Rocha
João Batista Ribeiro Júnior
79
E que essa mesma crença cristomórfica acompanha o imaginário cristão posteriormente,
moldando um ideal de natureza a ser alcançado.
80
Nathalia Monseff Junqueira
O texto tem como objetivo apresentar a narrativa sobre o Egito Antigo descritas
em dois autores da Antiguidade Clássica: Heródoto, historiador grego do V a.C., que
escreve a obra Histórias a partir de sua indagação acerca dos motivos que levaram helenos
e bárbaros a guerrearem, e Estrabão, geógrafo do período romano (I a.C. - I d.C.), que
afirma que a sua obra Geografia é importante para o conhecimento dos céus e das coisas
da terra e do mar (Estrabão, Geographica, I, 1, 15), das plantas e das frutas e para as
atividades dos governantes e comandantes. (Est., Geo, I, 1, 16). Suas obras não têm a
preocupação em focar somente na construção do passado e nem descrever somente uma
sociedade, por esse motivo, selecionamos o Livro II da Histórias e o Livro XVII da
Geografia. Entretanto, apesar das escolhas de ambos os autores, conseguimos mapear
passagens nas quais as diversas maneiras de construir o passado e quais momentos essas
descrições são compartilhadas pelos escritos antigos. As duas obras produzidas durante o
período clássico selecionadas para esse artigo abrem um novo caminho para se trabalhar
com as maneiras de descrição do passado, como elas foram pensadas e representadas
através das experiências vividas por Heródoto e Estrabão.
Coordenação:
Bárbara Alexandre Aniceto
Milena Tarzia Barbosa da Silva
Rafael Virgílio de Carvalho
81
Ao nos debruçarmos sobre a leitura dos tratados hipocráticos Sobre as doenças das
mulheres I e II, A geração, A natureza da mulher, Esterilidade e A natureza da criança,
temos como hipótese que é possível vislumbrar uma autonomia do corpo e das práticas
sexuais femininas na sociedade ateniense. Autonomia essa amparada no papel cívico por
elas desempenhado enquanto esposas. Nossa apresentação tem como objetivo analisar
algumas passagens documentais, nas quais detectamos o incentivo médico para que a
mulher conhecesse o próprio corpo e, assim, desenvolvesse uma possível autonomia.
82
Renata Cerqueira Barbosa
Educação, gênero e imagem são sempre temas muito pertinentes, porém nos
últimos meses e anos eles se tornaram essenciais, tendo em vista a ocorrência de tantas
polêmicas referentes à museus, exposições de arte, direitos das mulheres e educação. Este
trabalho, desenvolvido no âmbito do LEDI, Laboratório de Estudos dos Domínios da
Imagem, da UEL - Universidade Estadual de Londrina, busca contribuir com as
discussões sobre os respectivos temas nas aulas de História Antiga, com o objetivo de
esclarecer questões relacionadas à educação das mulheres romanas e seu acesso aos
círculos literários. Neste sentido, trouxemos algumas informações sobre o contexto
artístico no que diz respeito à Pintura Parietal Romana e as possíveis formas de expressão
daquela sociedade. Acreditamos que estas questões devem ser discutidas, para dissolver
os tabus pré-existentes, bem como promover o diálogo, esclarecimentos e o respeito
mútuo no interior da comunidade escolar, familiar e educacional. Este trabalho,
desenvolvido com mais duas pesquisadoras de História Antiga e Medieval, compõem um
material paradidático que envolve texto, vídeo e banners que são distribuídos para as
escolas da Rede Estadual de Ensino no município de Londrina.
Este projeto visa analisar como o Direito Natural e o Direito Positivo estão
presente nas tragédias gregas, especificamente em Antígona de Sófocles, através dos
discursos de Antígona e o rei Creonte. Para tanto, será adotada a metodologia de análise
bibliográfica e teorias historiográficas que têm como objeto de estudo a literatura. A
maior preocupação, nesta análise, é entender como o ambiente das tragédias reflete os
conflitos, no meio urbano, entre as normas civis e o sagrado. É nesta dicotomia que será
possível identificar a presença do Direito Natural e do Direito Positivo nas obras de
Sófocles. A inovação trazida por este projeto se faz necessária para que possamos obter
uma análise dos aspectos acerca do direito grego, em contrapartida a tantos estudos
jurídicos que buscam compreensão através da ótica do jurista. Propõe-se, com esta
pesquisa, um estudo sob a perspectiva do historiador, para sintetizar os aspectos da
materialidade histórica contida nos costumes e nas normas que constituíam a relação entre
o sagrado e o direito.
83
mitos e símbolos, em especial, no que se refere ao arianismo e os povos indo-europeus.
Finalmente, como problema especifico da comunicação, a suástica será o símbolo mais
importante para se analisar, já que ela nos permite buscar nas origens e forma desse
símbolo no hinduísmo elementos estruturais compartilhados ou semelhanças em seu
posterior uso por Hitler na sua estratégia de ação anunciada no livro "Mein Kampf", além
de analisarmos os autores racistas e arianistas que tiveram grande influência em construir
e divulgar ideologias raciais, que geraram comoção na sociedade europeia da primeira
metade do século XIX.
Coordenação:
Nathany Andrea W. Belmaia
Cesar Luiz Jerce da Costa Junior
84
grupo busca refúgio dos perigos que o assolam, este cria obstáculos (como muralhas
seguras) para manter o danoso longe de si e do seu mundo particular. Dessa mesma forma
agem as sociedades perante o sagrado, uma vez que, este é responsável por afastar a
anomia e a alteridade. O hierático dá função ao corpo social, mantendo a ordem, a
identidade geral, erguendo suas defesas abstratas ou concretas. A arena dentro desse
corpo inorgânico apresenta uma distinção peculiar: sua mobilidade. O anfiteatro móvel
(desmontável), mesmo com o advento do império e a fixação das arenas, manteve-se em
uso e permitiu que tal estrutura contemplasse os mais diversos espaços da cidade. O
objetivo desta comunicação volta-se a analisar as relações entre o anfiteatro e a urbs,
dialogando, se sua localização é impregnada pelas concepções sacras dos outros espaços
em que se constitui a estrutura, e, também, se os usos públicos que as arenas possuíam
em relação a sua localidade perante a virtus daquele que oferece o espetáculo.
A natureza dinâmica dos textos clássicos nos mostra que os modelos e paradigmas
epistemológicos concebidos na Antiguidade podem ser estudados numa longa duração
intelectual, meio que torna possível observar sua transformação, seu enriquecimento e,
não raro, contradições. Os clássicos são sempre tradicionalistas e inovadores ao mesmo
tempo: são herdeiros de uma longa tradição prévia e, ao mesmo tempo, estabelecem novos
princípios políticos, sociais e filosóficos, dialogando com as necessidades do tempo em
que foram redigidos. É o caso do tratado De clementia, opúsculo escrito pelo filósofo e
intelectual romano Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) já em sua maturidade intelectual.
As circunstâncias de redação do texto assim se dispuseram: Agripina, entre 49 e 54 d.C.,
havia pavimentado eficientemente a sucessão de seu tio e esposo, o então idoso imperador
Cláudio, dispondo de homens de sua confiança em postos chaves da corte imperial,
notadamente Afrânio Burro como Prefeito dos pretorianos e Sêneca como preceptor de
seu filho, Nero, um adolescente recém investido da toga virilis e, portanto, ainda muito
jovem para o exercício autônomo do poder. Agripina, que havia reabilitado Sêneca de seu
exílio na Córsega, ainda sob Cláudio, já identificava no filósofo um autor de renome entre
os romanos e esperava, assim, trazer prestígio ao futuro regime de seu filho. Na fase de
transição de poder, entre janeiro de 54 e 56, segundo a datação aproximativa, Sêneca, na
condição de regente não oficial, redige o De clementia numa tentativa de aconselhar Nero
ao bom governo do Império, associando-se ao otimismo literário que exprimia grandes
expectativas em relação ao novo principado que se iniciava. O conteúdo político do
tratado é valioso por ser o único exemplar do gênero Peri Basileias estoico escrito durante
o Principado romano, sobretudo por ser uma tentativa de, a partir das realidades políticas
do Império Romano, propor uma teoria geral de poder. Tais considerações teóricas foram
elaboradas a partir do legado da cultura intelectual helenística. Herdeiro dos antigos
autores atenienses, o filósofo retoma o paradigma do rei-filósofo para indicar a Nero a
necessidade de uma sólida articulação entre o exercício do poder e o exercício da
sabedoria. A virtude que deveria nortear tal projeto era a clementia: virtude da moderação
e da contenção moral cuja finalidade era a preservação da humanitas, noção cara aos
estoicos justamente por considerar o valor intrínseco da vida humana e sua preservação.
Num regime político cada vez mais personalista e não raro pendente aos excessos e à
violência, nada mais justo do a necessária formação de caráter de um homem que exercerá
grande poder, mais até do que supunham os seus contemporâneos: Sêneca advoga que
85
não há esfera alguma superior ao príncipe, um monarca sem limitações de poder, que
fosse lei viva, na linguagem helenística pós-Alexandre, capaz de manter a ordo do mundo
habitado por sua própria virtude pessoal. Tal governante rege o mundo como um monarca
universal, assim como o sol governa os céus sem encontrar rivais à altura. Tal como o
astro rei, o príncipe é a luz que a todos ilumina. Assim, tratará seus súditos com respeito
e consideração humanitária, pois todos os homens pertencem a uma irmandade humana
e cada vida tem seu valor, imagem perfeita da cosmópolis regida pela humanitas.
Corrigirá os defeitos de caráter de cada um conforme a medida necessária, da mesma
forma como um médico trata seu paciente. Manterá a unidade do Império sob sua mão
firme e zelará pelo justo exercício do poder. E evitará o grande mal, a tirania, fruto de um
espírito doente pelas paixões viciosas mais nocivas, a ira e o desejo natural de violência.
Esta comunicação propõe uma análise sobre a atuação política do autor grego
Plutarco de Queronéia que viveu sob a égide do governo Romano (séc. I d.C.).
Entendemos Plutarco como um homem do universo político por trazer em seus escritos
um vasto arcabouço de representações de líderes ideais para o seu tempo. Em nossa
interpretação, Plutarco exercia uma relativa autonomia frente à ordem vigente do mundo
social a qual estava inserido e por isso seu papel extrapola a dimensão de um
intermediador cultural, se apresentando como um poderoso porta-voz de anseios
políticos. Baseados nessa hipótese é que pretendemos vislumbrar a capacidade de
influência e articulação do personagem no campo político de sua época a partir da
operacionalização do conceito clássico de Intelectuais contido em Norberto Bobbio.
Nesta comunicação ressaltamos que daremos enfoque para o conjunto de biografias
escritas pelo autor beócio, conhecidas como Vidas Paralelas, em específico a fonte de
nossa pesquisa, a obra: Vida de Alexandre. A justificativa de seleção documental reside
no fato de que em nossa concepção Plutarco utilizou-se da figura de Alexandre para
propor um modelo de "líder ideal" para a conjuntura política de sua época, a saber, o
Principado Romano.
Isabela Pissinatti
86
feminino - construída histórica, cultural e linguisticamente - é preciso definir a submissão
imposta às mulheres como uma violência simbólica. Assim, pautado na análise da fonte
textual e na história de gênero, o presente trabalho objetiva compreender a atuação
feminina na política no período da dinastia Júlio-Claudiana, a partir da problematização
da relação entre o feminino e o masculino.
88
empreenderam coletâneas das leis romanas, que contribuíram não só para a conservação
do direito romano, como também para fundi-lo com o direito costumeiro germânico. Com
a queda do Império Romano do Ocidente, as tribos germânicas fortaleceram seus próprios
institutos jurídicos, seus métodos de resolução de conflitos eram informais, todavia, a
mescla da cultura romana com a germânica resultou na positivação dos institutos jurídicos
germânicos de acordo com os moldes da codificação romana. Os chefes bárbaros
compreenderam a necessidade de uma institucionalização da nova ordem que eles
criavam nas antigas províncias romanas, através de um sistema de direito, que assegurasse
o predomínio de certos valores éticos indispensáveis à manutenção da vida política e ao
controle da conduta dos indivíduos agravada pelos problemas de inter-relacionamento de
germanos e romanos. Uma vez estabelecidos e com alinhamentos às instituições romanas,
os visigodos tornaram-se, em certa medida, transmissores do legado romano, como é visto
nas compilações jurídicas visigodas, a Lex Romana Visigothorum ou Breviário de
Alarico. Por fim, conclui-se que na medida em que, inevitavelmente, se deu a fusão dos
povos, processou-se também uma espécie de osmose entre as diferentes leis.
89
Nestório, monge sírio que foi bispo de Constantinopla entre 428 e 431, é
conhecido por sua polêmica teológica com o bispo Cirilo de Alexandria (412-444) acerca
da relação entre a humanidade e a divindade de Cristo. Tal polêmica resultou em um
acirramento de ânimos nas comunidades cristãs espalhadas pelo Império romano,
sobretudo naquelas localizadas nas porções mais orientais, de língua grega, siríaca e
copta, a ponto de o imperador Teodósio II (408-450) ser envolvido na querela e decidir
pela convocação de um concílio a ser realizado na cidade de Éfeso no dia de Pentecostes
de 431 para dirimir a questão. Por uma série de razões, o concílio não começou na data
prevista e, para piorar, sua abertura oficial não contou com grande quantidade de prelados
que nutriam simpatia pelas ideias de Nestório, a maioria deles oriunda das províncias da
diocese do Oriente (Sírias, Mesopotâmia, Cilícias, Arábias, etc.), de modo que Cirilo
conseguiu uma fácil sentença de condenação de seu adversário. Quando os apoiadores de
Nestório chegaram enfim a Éfeso, recusaram-se a entrar em comunhão com os partidários
do bispo de Alexandria, porém tampouco se reuniram com Nestório ou mesmo se
ocuparam de o defender das acusações que pesavam contra ele. Ao invés disso, reuniram-
se em um sínodo à parte, centrado na figura do bispo João de Antioquia (429-441),
criando um cisma no episcopado oriental que não se resolveria nos anos seguintes e que
está na base de vários outros desdobramentos doutrinários e eclesiásticos que surgiram
nas décadas e séculos seguintes. Para tentar dar uma solução ao impasse criado pelo cisma
em Éfeso, tanto o partido de Cirilo quanto o de João fizeram vários apelos a diferentes
membros da corte e do oficialato imperial, o que resultou até mesmo na realização de
colóquios junto ao imperador nos subúrbios de Calcedônia nesse mesmo ano. Enquanto
isso, Nestório, já marginalizado nos debates e tomando conhecimento da hostilidade que
o próprio Teodósio II nutria por sua figura, decidiu negociar uma saída honrosa da
situação, mobilizando aliados de longa data na corte imperial a fim de que intercedessem
junto ao príncipe para que pudesse se retirar em paz, sem nenhum tipo de condenação
formal, para seu antigo mosteiro localizado nos subúrbios de Antioquia, onde poderia
passar o resto de seus dias como um leigo comum. Sabemos que o pedido de Nestório foi
inicialmente atendido, tendo ele se retirado de Éfeso já em setembro de 431, porém
desdobramentos subsequentes da controvérsia voltariam a atingi-lo quatro anos depois,
quando recebeu uma condenação formal de exílio da parte do imperador, primeiro a Petra,
na Arábia, depois ao Oásis egípcio, de onde nunca mais regressou. Boa parte de todas
essas negociações, bem como porção expressiva da extensa troca de cartas que precedeu
e que se sucedeu a Éfeso (431), foi compilada em diferentes coleções documentais, cada
qual montada por um dos partidos envolvidos e que, por conseguinte, refletiam escolhas
que visavam construir narrativas muito particulares sobre os eventos e debates
doutrinários em questão. Tais coleções foram posteriormente incorporadas em coleções
canônicas tardoantigas e medievais nas mais variadas línguas faladas no Mediterrâneo e
não raro são chamadas pela historiografia especializada como "atas do concílio de Éfeso".
As idas e vindas de Nestório após sua condenação pelo concílio de Cirilo em junho de
431 também foram conservadas em algumas coleções de "atas do concílio de Éfeso",
porém, seguindo seu caráter propagandístico, a correspondência trocada por ele com
figuras do palácio imperial foi recuperada de forma parcial e encaixada na estrutura
narrativa dessas coleções de modo a criar interpretações muito particulares sobre essas
tratativas. À luz dessas considerações, esta apresentação busca explicitar tais construções
narrativas criadas pelas coleções de "atas do concílio de Éfeso" sobre esse autoexílio de
Nestório em 431, sugerindo possíveis caminhos de análise dessa documentação como
fonte tanto para o entendimento do funcionamento da corte imperial nesse período quanto
para a atuação de Nestório na controvérsia cristológica após sua saída do episcopado
constantinopolitano a partir de então
90
Coordenação:
Alex Rogério Silva
Carlos Henrique Durlo
As Cantigas de Santa Maria, obra poética do século XIII, cuja autoria é designada a Dom
Alfonso X, o Rei Sábio, apresentam-nos diversos santuários, verdadeiros espaços
sagrados, nos quais Santa Maria realizou incontáveis milagres relatados nos textos
poéticos e nas representações de imagens denominadas iluminuras. Estes espaços são
considerados produtores de sentido e reveladores dos milagres recebidos em favor
daqueles que dedicavam a vida e o culto à Virgem Maria. Tendo que o nosso objetivo não
91
decorre do aprofundamento do estudo da ambientação, vale ressaltar que o espaço não
deve ser confundido, ou seja, o espaço é denotado, patente, explícito. A ambientação, por
sua vez, é conotada, subjacente e implícita. O primeiro contém dados da realidade que,
numa instância posterior, podem alcançar uma dimensão simbólica. Observa-se, nesses
espaços, uma experiência de mundo que transforma o espaço em lugar à medida que as
ações ali se desenrolam, tendo em vista que o espaço é definido como um conjunto de
signos que produz efeito de representação. Nas Cantigas de Santa Maria, o espaço
apresenta-se materializado nos Santuários dedicados à Virgem Maria, lugar por
excelência da resolução de todos os conflitos, sejam eles de ordem moral, psicológica,
biológica (saúde e males que afetam o corpo e a alma) ou social. Os fiéis do século XIII
frequentavam os santuários em busca de uma graça ou agradecimento a uma cura
recebida. O espaço físico do santuário, construído pelo homem, aperfeiçoa a sensação e
a percepção humanas. O espaço arquitetônico, por exemplo, pode definir as sensações
experimentadas, transformando-as em algo concreto, já "o ser humano se relaciona com
o espaço circundante através de seus sentidos. As experiências vivenciadas pelo homem
e pela mulher medieval adquiriam significado na relação com os espaços sagrados, os
santuários dedicados à Virgem Maria, na forma de missas, rezas, procissões, louvando-a
e exaltando-a sempre pelos milagres realizados. Nesses santuários determinados pela fé,
o devoto encontrava abrigo, proteção e solução para os seus problemas, o espaço se
tornava o lugar certo para o exercício da fé, da expressão da religiosidade e da libertação.
As Cantigas de Santa Maria foram escritas em galego-português e enriquecidas com
iluminuras e partituras musicais no século XIII. Constituem-se um verdadeiro retrato
histórico-social da Península Ibérica e da época em que viveu seu autor declarado, Dom
Alfonso X, o Rei Sábio. Nas Cantigas de Santa Maria, em específico as de milagre
(miragre), Alfonso X nos apresenta Maria sensível às dores do seu povo, compadecida e
solidária, não mais aquela "entidade hierática, enigmática, inefável. Reunidas em um
cancioneiro, as cantigas dividem-se em dois tipos: cantigas de loor (louvor à Virgem),
que seguem os moldes das cantigas de amor e cantigas de miragre (milagre), reveladoras
dos milagres operados pela Virgem. Além do louvor e dos milagres, há também
numerosas indicações pessoais sobre o monarca, como os fatos de sua vida e as viagens
pela Espanha. Alfonso X tinha grande apreço pelas cantigas, revelado nos luxuosos
manuscritos de partituras musicais e nas miniaturas, cuja figura da Virgem está
posicionada sempre ao seu lado. As Cantigas de Santa Maria podem ser estudadas tanto
pelo viés da autobiografia espiritual, pois revelam e abordam a devoção pessoal de Dom
Alfonso X à Virgem Maria, quanto como fonte histórica reveladora do contexto social,
cultural e religioso da época em que foram compostas. Enriquecidas com iluminuras e
partituras musicais, são consideradas um verdadeiro retrato histórico-social da Península
Ibérica e da época que viveu seu autor. Os fatos miraculosos abordados no texto poético
revelam a face religiosa e cultural do século XIII. O cancioneiro mariano possui uma
estrutura peculiar, única. Os textos apresentam um teor narrativo baseado em fontes
antigas e diversas, uma recolha das culturas francesas, latinas, ibéricas e da tradição oral,
além de milagres, lendas, louvores e ladainhas à Virgem Maria. Alfonso X, sem se
deslocar do território espanhol, registrou no cancioneiro fatos miraculosos ocorridos em
Portugal, especificamente em Terena e Évora.
92
Clarice Zamonaro Cortez
Maria do Carmo Faustino Borges
Este ensaio objetiva apresentar uma abordagem das principais questões políticas
e sociais que influenciaram definitivamente na reconstrução social do Ocidente europeu
da Idade Média. Tais questões se referem aos procedimentos, costumes, religiosidade,
imaginário, elementos que nos permitem discutir sobre as instituições e as políticas que
definiram a cultura. Entendemos que para tratar das respectivas relações, temos como
ponto de partida os aspectos históricos que se destacam como a dinastia Carolíngia, a
Igreja, e o sistema feudal, sendo que essas instituições proporcionaram as estruturas e a
organização de governo durante a Idade Média. Optamos por utilizar textos da Lírica
Trovadoresca, especificamente dois exemplares das Albas, pertencentes às cantigas de
amigo, para ilustrar ações do comportamento feminino. Trata-se de narrativas poéticas,
cujo conteúdo traduz um embate de resistência contra as deliberações propagadas contra
a mulher, ou seja, resultados de uma concepção misógina. A nossa opção por retomar as
questões históricas referidas justifica-se por compreendermos que os três tópicos, acima
relacionados, constituem a base de todas as transformações daquele período e a
estruturação da cultura. Deste modo, os textos poéticos selecionados para esta leitura
possibilitam depreender que mesmo em uma sociedade repressora contra a mulher, a
liberdade humana se faz presente na poesia. Aquela sociedade foi orientada e organizada
em pressupostos do poder entre o mundo guerreiro e o mundo religioso, como forma de
contenção do caos resultante da queda do Império Romano do Ocidente. Para tanto,
apresentamos um contexto resumido do período medievo e uma leitura das cantigas
selecionadas, fundamentados em estudiosos de História e Literatura Medieval.
93
Sofia Alves Cândido da Silva
Coordenação:
Germano Miguel Favaro Esteves
Ronaldo Amaral
Girart, conde de Vienne, viveu no século IX e após a morte de seu rei, Lotário II,
foi pressionado por Carlos o Calvo a submeter-se, juntamente com as suas terras, ao
monarca da Francia Occidentalis. A resistência do conde levou ao cerco de Vienne pelas
tropas reais, em 870. Posteriormente Girart e sua esposa apoiaram a construção do
mosteiro de Vezelay, onde seria desenvolvido um culto a Santa Maria Madalena. Os
séculos que se seguiram ao seu falecimento viram surgir uma série de lendas sobre o
combativo conde. No século XII duas Canções de Gesta já circulavam amplamente: a
Chanson de Girart de Vienne e a Chanson de Girart du Roussillon. Pistas esparsas indicam
a existência de um terceiro poema, uma Chanson de Girart de Frates, cujos textos foram
perdidos. O tema de todas essas Canções é a guerra de um vassalo, apresentado pelos
jograis como o herói do seu canto, contra um imperador/rei intratável e as peripécias dessa
luta, cujo desfecho, nos dois primeiros poemas, é a submissão do rebelde ao monarca.
Essas narrativas levantam questões políticas caras ao mundo vassálico: obrigações entre
os homens, devoção ao senhor, respeito aos direitos do vassalo, os motivos de ruptura e
94
a necessidade da retomada das relações vassálicas para acabar com o conflito, o papel do
rei na sociedade cristã. Estudar a história do conde Girart e de como as lendas envolvendo
seu nome eram usadas para apresentar um ideal político feudal é o que pretendemos nesta
comunicação, como parte de uma série de estudos sobre o uso da história do período
carolíngio de acordo com os interesses e necessidades da aristocracia do reino da França,
na Idade Média Central.
O presente estudo tem como objetivo analisar o ideal de governante em três obras
escritas por autores medievais e dedicadas a realeza ibérica que se enquadram no gênero
Espelhos de Príncipe. São elas: "Speculum regum" - escrita no período de 1341 a 1344
pelo Frei Álvaro Pais e dedicada a Afonso IX de Castela, "O Tratado moral de louvores
e perigos de alguns estados seculares e das obrigações que neles há com exortação em
cada estado de que se trata" de Dom Sancho de Noronha, publicado em Portugal no ano
de 1549 e dedicada a D. João, filho do rei lusitano D. João III, e a obra escrita por D.
Jerónimo Osório "De regis institutione et disciplina" dedicada em 1572 a D. Sebastião.
Ao estudar a natureza e o contexto histórico em que essas obras foram concebidas,
examinando também o gênero literário que trata dos Espelhos de Príncipes, propõe-se
compreender como esses escritos contribuíram para realçar a importância de instruir o
governante nas virtudes morais e religiosas apoiadas nas bases de um governo
monárquico.
95
pagã e cristã, e a partir disso, a existência de uma Cultura Intermediária (conceituação do
medievalista Hilário Franco Jr acerca de um ponto de convergência entre manifestações
culturais distintas) que sintetiza elementos de diversos polos culturais. Propõe-se a análise
dos cânones de Elvira a partir da identificação das menções às práticas pagãs, uma vez
que, tal Concílio prevê uma coexistência entre cristianismo e paganismo. Este ponto de
coexistência é fruto da Circularidade Cultural e é dele que se encontra a Cultura
Intermediária entre paganismo e cristianismo.
96
Cristiano Rantin
97
Fernando Pereira Dos Santos
98
Juliana Bardella Fiorot
99
Matheus Melo Barcelos
O presente trabalho tem por objetivo apontar vantagens obtidas pela Igreja
Católica, e seus Bispos, durante os reinados dos monarcas Recaredo e Sisenando. Se faz
pertinente evidenciar o contexto em que ambos os monarcas assumem o poder. Os
visigodos adentram pela primeira vez em terras Hispânicas no início do século V e
100
figuravam como um povo federado ao Império Romano. Após a vitória sobre os Suevos
em 456, seu estabelecimento na península começa a se configurar de modo cada vez mais
permanente. É sob a liderança de Leovigildo (571/72-586) que os godos passam a
controlar quase toda a península, e estabelecem a capital do reino em Toledo. Ao assumir
o trono em 586, Recaredo, filho de Leovigildo, se depara com uma complexa situação
que vinha dividindo o reino: a questão religiosa entre católicos e arianos. Os godos
haviam se convertido ao arianismo no século IV devido a esta ser a teologia dominante
no Império do Oriente. Com a conversão pessoal de Recaredo a fé católica e
posteriormente a convocação do III Concílio de Toledo em 589, se estabelece o
Catolicismo como religião oficial do reino. Com a oficialização o monarca passa a
conceder benefícios aos clérigos católicos, que passam a ter cada vez mais destaque no
cenário político visigodo. Três décadas após o reinado de Recaredo, Sisenando, um dux
provinciae na época do rei Suintíla (621-631), usurpa, com auxílio dos francos, o poder
monárquico do então rei. O problema de usurpação é recorrente durante o século VII na
Hispânia e, tendo consciência disso, Sisenando recorre a influência da Igreja para
fortalecer e legitimar sua posição de rei perante os grupos nobiliárquicos, buscando - e
conseguindo - assim o amparo do setor religioso, que havia adquirido grande
proeminência desde o reinado de Recaredo. Assim, o IV Concílio de Toledo se tornou
um mecanismo de legitimação religiosa e política do reinado de Sisenando, mas não sem
conceder mais benefícios ao grupo religioso, tornando, então, a situação benéfica para
ambos os lados.
101
CONCEITOS EMERGENTES DE TEMPO HISTÓRICO NO CENÁRIO
TRANSICIONAL DA TEORIA DA HISTÓRIA ATUAL
Ementa:
Objetivos:
Atividades:
Referências Bibliográficas
Bonneuil, Noël. “The Mathematics of Time in History,” History and Theory Theme Issue
49 (December 2010), 28-46.
102
Foucault, Michel. The Birth of the Clinic: An archaeology of medical perception,
translated by A. M. Sheridan (New York: Routledge, 2003).
Kleinberg, Ethan. “Introduction: The New Metaphysics of Time,” History and Theory
Virtual Issue 1, (August 2012).
Paul, Herman. “A Loosely Knit Network: Philosophy of History After Hayden White,”
Journal of the Philosophy of History 13 (March 2019).
Roth, Paul A. “The Pasts,” History and Theory 51 (October 2012), 313-339.
103
CINEMA E HISTÓRIA
Ementa:
O minicurso foi pensado em três módulos de forma a apresentar as primeiras
experiências do cinema soviético. Trata-se de estudo, através das películas originais, e a
análise da criação de um discurso fílmico importante como linguagem que representasse
o ideal proletário. O Cinema mundial deve muito ao cinema soviético daquele período.
Tudo que se desenvolveu nesse contexto serviu como lição às produções
cinematográficas europeias e norte-americanas, dalí para frente.
Objetivos:
Estudar e propor debates sobre duas questões importantes:
Primeiro: a identificação do cinema/filme como fonte para a História
Segundo: A análise semiótica do discurso fílmico como elemento primordial para a
contextualização da produção cinematográfica e a determinação de
elementos chave para identificação das fontes presentes no discurso.
Atividades:
Três módulos com aulas conceituais e análises de filmes de cineastas importantes
como Kuleshov, Dziga Vertov e Einsenstein.
Referências Bibliográficas:
BERNARDET,Jean-Claude. O que é cinema. Primeiros passos 9. São Paulo:Brasiliense,
1980.
CHRISTIE, Ian and TAYLOR, Richard. The Film Factory. Russian and Soviet Cinema
in documents – 1896-1939. London:Routledge, 1988
104
FURHAMMAR, Leif & ISAKSSON, Folke. Cinema & Política. Rio de Janeiro:Paz e
Terra, 1976
HUSBAND, William B.. The New Economic Policy (NEP) and the Revolutionary
Experiment, 1921-1929. In: Russia History. Oxford/New York: Oxford University Press,
1997.
KENEZ, Peter. Cinema and Soviet Society: From the Revolution to the Death of Stalin,
New edition,London: I.B.Tauris, 2001. ISBN 978-1-86064-568-6.
LEYDA, Jay. Kino : A History of the Russian and Soviet film. London: Ruskin House .
George Allen and Unwin Ltd, 1960.
OLDRINI, Guido. Il cinema nella cultura del Novecento, Le Lettere, 2006, ISBN 978-
88-7166-978-6.
ORLOVSKY, Daniel. Russia in War and Revolution, 1914-1921. In: Russia History.
Oxford/New York: Oxford University Press, 1997.
OLDRINI, Guido. Il cinema nella cultura del Novecento, Le Lettere, 2006, ISBN 978-
88-7166-978-6.
ORLOVSKY, Daniel. Russia in War and Revolution, 1914-1921. In: Russia History.
Oxford/New York: Oxford University Press, 1997.
ROSENSTONE, Robert. A História nos Filmes/Os Filmes na História. São Paulo: Paz e
Terra, 2010.
YOUNGBLOOD, Denise J.. Soviet Cinema in the Silent Era, 1918-1935. Austin:
University of Texas, 1991
105
“HISTÓRIA E CONSCIÊNCIA DE CLASSE” DE LUKÁCS, APONTAMENTOS
PARA CENTRALIDADE DOS FENOMENOS DE ALIENAÇÃO E REIFICAÇÃO
NA LITERATURA KAFKIANA.
Ementa:
A formulação de György Lukács em torno das categorias de alienação e
reificação como um fenômeno da modernidade monopolista, demonstra o processo que
advém da universalização da mercadoria, ou seja, a transformação da força de trabalho
em mercadoria. Como consequência nessa transformação ocorre um processo de
subjetivação estranhada, onde o sujeito, além de não conhecer o processo de produção da
mercadoria, estranha o produto final constituído por ele, e por fim, estranha a si mesmo,
pois não se reconhece mais como o sujeito ativo da História e do processo produtivo da
manutenção da vida social, fenômeno esse estabelecido pela divisão social capitalista do
trabalho. A literatura de Franz Kafka nos possibilita averiguar plasticamente os
fenômenos de alienação e reificação nas suas principais obras, entre elas as mais
conhecidas A Metamorfose e O Processo.
Objetivos:
Mostrar a importância da obra de Lukács para a Teoria da História e a centralidade
dos conceitos de alienação e reificação para fazer uma análise crítica do processo de
desenvolvimento cultural contemporânea compreendendo as condições do sujeito
histórico a partir da divisão social capitalista do trabalho.
Atividades: As atividades serão feitas através de aulas de exposição verbal.
Referências Bibliográficas:
COUTINHO, Carlos N. Literatura e Humanismo. São Paulo: Paz e Terra, 1966.
KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Companhia das
Letras, 1997
____________. O Processo. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras,
1997
KONDER, Leandro. Kafka: Vida & Obra. 5ºed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
106
________________. Marxismo e Alienação: contribuição para um estudo do conceito
marxista de alienação. 2ºed. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
MARX, Karl. Manuscritos Econômicos –filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo:
Boitempo, 2010.
SCHWARZ, Roberto. A Sereia e o desconfiado: Ensaios Críticos. 2º ed. São Paulo: Paz
e Terra, 1981.
_________________. O Pai de Família e outros estudos. 1º ed. São Paulo: Paz e Terra,
1978.
107
RELIGIÕES AFRODESCENDENTES:
UM PERCURSO HISTÓRICO DE RESISTÊNCIA
E A LUTA CONTRA O RACISMO RELIGIOSO
Ementa:
Objetivos:
Atividades:
BARROS, José Flávio de Pessoa; MOTA, Clarice Novais da. Como a jurema nos disse:
representações e drama social afro-indígena. In: LARKIN, Elisa. Guerreiras de natureza:
mulher negra, religiosidade e ambiente. São Paulo: Selo Negro, 2008. (Sankofa: matrizes
africanas da cultura brasileira, vol. 3), pp. 229-250.
108
BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia. São Paulo: Companhia das letras, 2001.
______. Negros Bantos: notas de etnografia religiosa e de folclore. 3ªed. Rio de Janeiro:
Civilização brasileira, 1991.
FAUSTO, Boris. A vida política. In: GOMES, A. C. (Org.). Olhando para dentro (1930-
1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2013, pp. 90-141.
FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal. 48ª ed. São Paulo: Global, 2003.
LANDES, Ruth. A cidade das mulheres. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2002.
109
LIMA, Vivaldo da Costa. A família de santo nos candomblés jejes-nagôs da Bahia. 2ª ed.
Salvador: Editora Corrupio, 2008.
LUHIN, Ângela. “Acabe com este santo, Pedrito vem aí…”Mito e realidade da
perseguição policial ao candomblé baiano entre 1920 e 1942. Revista USP, São Paulo
(28) : 194-220, dezembro/fevereiro 95/96.
ORO, Ari Pedro. As religiões afro-brasileiras no Rio Grande do Sul. Debates do NER,
Porto Alegre, Ano 9, n. 13, Jan./Jun. 2008, pp. 9-23.
______. Segredos guardados: orixás na alma brasileira. São Paulo: Companhia das
Letras, 2005.
110
QUERINO, Manuel. A raça africana e os seus costumes. Salvador: Editora da Livraria
da Progresso, 1955.
RAMOS, Arthur. O negro brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1940.
SANTOS, Maria Stella de Azevedo. Meu tempo é agora. 2ª ed. Salvador: Assembleia
legislativa do Estado da Bahia, 2010.
VERGER, Pierre. Notas sobre o culto aos orixás e voduns, 2ª ed, São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo (EDUSP), 2000.
XAVIER, Juarez Tadeu de Paula. Limites conceituais no estudo das religiões
afrodescendentes. In: Racismo no Brasil: percepções da discriminação e do preconceito
racial no século XXI. SANTOS, Gevanilda; SILVA, Maria Palmira da. (Orgs). São Paulo:
Editora Fundação Perseu Abramo, 2005, pp. 111-117.
______. Versos sagrados de Ifá: núcleo ordenador dos complexos religiosos de matriz
iorubá nas Américas. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação em Integração da
América Latina da Universidade de São Paulo (Prolam/USP), São Paulo, 2004.
111
OS SEGREDOS VITORIANOS:
UM DIÁLOGO ENTRE HISTÓRIA E PSICANÁLISE
Ementa:
112
FEBVRE, Lucien. Como reconstruir a vida afectiva de outrora? A sensibilidade e a
história. In: Combates pela história. Lisboa: Editorial Presença, 1989, p.217-232.
113
INTRODUÇÃO ÀS INTERPRETAÇÕES MARXISTAS
SOBRE O BRASIL (1922-1933):
OCTAVIO BRANDÃO, ASTROJILDO PEREIRA E CAIO PRADO JR.
114
BANDEIRA, Moniz; MELO, Clovis; ANDRANDE, A. T. (orgs.). O ano vermelho: A
Revolução Russa e seus reflexos no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
CARONE, Edgar. Movimento Operário no Brasil (1877-1944). São Paulo: Difel, 1979.
______. PCB (1922-1930): Na busca das origens de um marxismo nacional. São Paulo:
Global, 1985.
GOULART, Laryssa de Souza. Astrojildo Pereira e a formação do Partido Comunista
Brasileiro. (Dissertação de Mestrado). UNESP. Assis, SP, 2013.
JÚNIOR, Carlos Zacarias de Sena Júnior. Podemos escrever uma história dos comunistas
brasileiros? In: Revista Outubro, n° 29, novembro de 2017, pp. 173-201.
115
KAREPOVS, Dainis. A classe operária vai ao parlamento: O Bloco Operário e
Camponês do Brasil (1924-1930). São Paulo: Alameda, 2006.
KONDER, Leandro. A derrota da dialética: a recepção das ideias de Marx no Brasil até
o começo dos anos trinta. Rio de Janeiro: Campus, 1988.
________. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular,
2003.
PRADO JÚNIOR, Caio. A Evolução Política do Brasil: Colônia e Império. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
______. Octávio Brandão nas Origens do marxismo no Brasil. In Crítica Marxista (São
Paulo), v. 18, 2004, pp. 115-132. Disponível em:
<https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo254artigo19211
5_merged.pdf>. Acesso em 21 de julho de 2018.
______. Comunistas, a luta social e o marxismo (1920-1940). In Ridenti, M.; Reis Filho,
D. A. (orgs.). História do marxismo no Brasil: Partidos e organizações dos anos 20
aos 60 (vol. V). Campinas: Editora da Unicamp, 2002, pp. 11-72.
______. A gênese do Partido Comunista (1919-29). In: FERREIRA, Jorge; REIS FILHO,
Daniel Aarão (Orgs.). A formação das tradições (1889-1945). Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2007, pp. 223-248.
TRINDADE, Gleyton. Astrojildo Pereira: o dilema da nacionalização do marxismo no
Brasil. In: Critica Marxista. São Paulo, v. 38, p. 71-84, 2014. Disponível em:
<www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo311artigo5.pdf>.
Acesso em 21 de julho de 2017.
116
IMPRIMIR PARA ATRAIR:
AS PROPAGANDAS IMIGRATÓRIAS DO BRASIL OITOCENTISTA
Objetivos:
Atividades:
117
CANO, Wilson. As raízes da concentração industrial em São Paulo. Rio de Janeiro:
DIFEL, 1977.
CARNEIRO, J. Fernando. Imigração colonização no Brasil. Rio de Janeiro:
Universidade do Brasil, Faculdade Nacional de Filosofia. 1950.
COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. 5º edição. São Paulo: UNESP, 2010.
DE LUCA, Tânia Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. In. : PINSKY,
Carla Bassanezi. (org.) Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006.
ELIAS, Maria José. Os debates sobre o trabalho dos chins e o problema da mão de
obra no Brasil durante o século XIX. São Paulo, 1972.
118
MARSON, Isabel Andrade. Trabalho livre e progresso. Revista Brasileira de História.
São Paulo, n.7, p. 81-93,1974.
MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979.
PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1963.
VIDAL, Laurent; LUCA, Tania Regina de. Imigração francesa no Brasil. Cultura,
ideias e trabalhos nos séculos XIX e XX. São Paulo: Ed. Unesp, 2009.
119
A REVOLUÇÃO DO HAITI ALÉM DAS SUAS FRONTEIRAS:
IMPACTOS DA REVOLUÇÃO DE 1791 NA AMÉRICA LATINA (1791-1825)
Berno Logis
Mestrando no PPG em História na UNESP/Assis
Bolsista FAPESP
E-mail: lesaged18@yahoo.fr
Ementa:
Este minicurso pretende-se destacar as grandes linhas da Revolução haitiana de
1791, e seus impactos na região Sul Americano ao longo do período de 1791-1825.
Apesar da importância desta Revolução no processo da abolição da escravatura no “Novo
Mundo” bem como nas lutas pelas independências de vários países desta região, ela ainda
permanece um assunto pouco conhecido no meio do ensino brasileiro. Nesse sentido, por
meio de documentos e textos, serão apresentadas e discutidas as diferentes características
desta revolução como também seus impactos na América Latina.
Objetivos:
Atividades:
FICK, Carolyn E. Haiti, naissance d’une nation. La Révolution de Saint Domingue vue
d’en bas. Université d’Etat d’Haiti, 2017
120
Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/list_index.php?type_list=1&tid=49
8&vtid=617&valor=Berno%20Logis&sent=n>.
121
USOS E ABUSOS DAS REPRESENTAÇÕES DO PODER IMPERIAL:
ENTRE A ANTIGUIDADE TARDIA E A IDADE MÉDIA
Ementa:
Objetivos:
O minicurso tem como objetivo resgatar a importância dos documentos
trabalhados para a análise histórica desvinculando-os de uma leitura historicista,
factualista, para valorizá-los como testemunhos do modo como diferentes atores políticos
se relacionavam com a instância imperial em contextos de polêmica doutrinal e/ou
122
política. Assim, o minicurso se propõe a fazer um breve balanço historiográfico sobre
tendências teórico-metodológicas contemporâneas que abordem o poder imperial pelo
viés da representação, bem como rediscutir os critérios que embasam a prática
historiográfica para definir os limites entre o real e a ficção em uma narrativa,
aproximando os debates aqui realizados de polêmicas atuais correlatas mais familiares
aos alunos, tais como as fake news amplamente circuladas e que também trabalham com
expectativas e representações sobre os poderes constituídos e o funcionamento da
sociedade como um todo.
Atividades:
O curso consistirá em três aulas de 1h30min com a seguinte estrutura:
Aula 1 – Abordagens teórico-metodológicas contemporâneas sobre a representação do
poder imperial em documentos antigos e medievais: entre “fato” e “imaginação”
Aula 2 – História, ficção e propaganda na recepção da controvérsia nestoriana: os relatos
conflitantes de Nestório, das “atas coptas” e do Codex Callistinus.
Aula 3 – História, ficção e propaganda na recepção do cisma alexandrino: os relatos
conflitantes na Gesta Friderici e na Vita Alexandri III.
Referências Bibliográficas:
CLARK, Peter; DUGGAN, Anne (org.). Pope Alexander III (1159–81): The Art of
Survival. London: Routledge, 2016.
CARDINAL BOSO (trad. G. M. ELLIS). Boso’s Life of Alexander III. London: Wiley-
Blackwell, 1973.
KELLY, Christopher. Ruling the Later Roman Empire. Cambridge, Mass.; London:
The Belknap Press of Harvard University Press, 2004.
KRAATZ, Wilhelm. Koptische Akten zum ephesinischen Konzil vom Jahre 431.
Leipzig: J. C. Hinrichs’sche Buchhandlung, 1904 (Texte und Untersuchungen 26, Heft
2).
LIM, Richard. Public Disputation, Power and Social Order in Late Antiquity.
Berkeley: University of California Press, 1995 (Transformation in the Classical Heritage
23).
123
MATTHEWS, John. Western Aristocracies and Imperial Court, AD 364-425. Oxford:
Clarendon, Press, 1990 (1ª edição: 1975).
MILLAR, Fergus. The Emperor in the Roman World. London: Duckworth, 2010 (1ª
edição: 1977; 2ª edição ampliada: 1992).
______. A Greek Roman Empire: Power and Belief under Theodosius II (408-450). Los
Angeles; Berkeley: University of California Press, 2007 (Sather Classical Lectures 64).
SCHWARTZ, Eduard. Cyrill und der Mönch Viktor. Wien; Leipzig: Hölder-Pichler-
Temspky, 1928 (Akademie der Wissenschaften in Wien, Philosophisch-Historische
Klasse, Sitzungsberichte, 208. Band, 4. Abhandlung)
124
LITERATURA EM REVISTA(S):
DE MACHADO DE ASSIS AOS MODERNISTAS
Luciana Francisco
Mestranda no PPG em História pela UNESP/Assis
Bolsista Fapesp nº 2018/14554-1
125
Aula 1) História da imprensa e formação do gênero revista literária; 2) Estudos de
periódicos literários como objeto e fonte; 3) Machado de Assis, revistas e literatura no
século XIX; 4) As revistas modernistas da década de 1920;
Referências Bibliográficas:
ASCIUTTI, Monica Maria Rinaldi. Um lugar para o periódico O Novo Mundo (Nova
Iorque, 1870-1879). 2010. 128 f. (Dissertação de Mestrado) – Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Orientação: Prof. Dr. Hélio de
Seixas Guimarães. São Paulo, 2010.
BOURDIEU, Pierre. Le champ littéraire. In: Actes de la recherche em sciences sociales. Vol.
89, septembre 1991. p. 3-46.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis, historiador. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.
CHALMERS, Vera Maria. A literatura fora da lei (um estudo do folhetim). Remate de
males, 5 (1985), p. 136-145.
___________. A mão do autor e a mente do editor. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
GLEDSON, John. Machado de Assis: ficção e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
LARA, Cecília de. A “alegre e paradoxal” revista Verde de Cataguases, prefácio à edição
fac-símile. In: Verde. São Paulo: Metal Leve S/A, 1978.
126
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