INFORMÁTICA JURÍDICA
ARTIGO
1 - Introdução
interação e de organização social.” Esta frase de Castells simplifica bem o valor que a
autores identificam um novo paradigma de sociedade que se baseia num bem precioso, a
contribuição para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos. Talvez a principal barreira
trabalho e de lazer. Esta sociedade, que ainda não consegue destruir tais barreiras afim de
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inserir um maior número de pessoas nessa nova forma de organização poderá ser
responsável por grandes diferenças sociais, tendo em conta o seu grau de exigência. Uma
vez que é uma sociedade que vive do poder da informação, tendo como base as novas
tecnologias. Ela poderá ser muito discriminatória, quer entre países, quer internamente,
entre empresas, entre pessoas. Até algum tempo atrás, o saber ler e interpretar textos, bem
como efetuar cálculos matemáticos simples era obrigatório para se viver em harmonia e
capacidade de se adaptar e como tal, as pessoas devem desenvolver uma atitude flexível,
A sociedade exige das escolas pessoas com uma formação ampla, especializada, com um
primeiramente, dará um panorama geral sobre a exclusão digital no mundo, para depois,
exclusivamente, tratar sobre a situação brasileira. No tópico 3 trataremos dos fatores que
contribuem para a exclusão de determinadas áreas, bem como as suas peculiaridades (das
áreas). E finalmente no tópico 4 salientaremos o que pode e o que já é feito para que cada
2 – Exclusão digital
2.1 – No mundo
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Na atual era da globalização os avanços tecnológicos trazem consigo uma pequena
tão “estampadas”. Todavia, a realidade é totalmente o contrário. Esses avanços não são
exclusão e desigualdades socias jamais atingiram um nível tão alto e profundo. Umas
políticas já existentes de distribuição de poder e renda. Pode ser entendida como a situação
recentes tecnologias digitais. Surge, então, a divisão digital, onde pessoas passam a ficar
divididas em dois grupos: o dos que participam do mundo digital e o dos que ficam a parte.
Não ter acesso a Internet ou a outras inovações tecnológicas dos nossos dias pode
usuários de ferramentas digitais (computadores, DVDs, vídeo digital, som digital, telefonia
móvel). As comunidades carentes, os mais pobres e pessoas com uma posição econômica
desprivilegiada são excluídas digitalmente, pois não tem acesso à tecnologia. A relação
É nesse sentido que Rondelli propõe “quatro passos para a inclusão digital”.
Primeiramente: “uma maior oferta de computadores conectados em rede, mas somente isso
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não é o suficiente para se realizar a pretensa inclusão digital” (RONDELLI, 2003). O
segundo passo é o de “criar oportunidades para que os aprendizados feitos a partir dos
suportes ténicos digitais possam ser empregados no cotidiano da vida e do trabalho”, mas
para que isso, efetivamente, ocorra, faz-se necessário o terceiro passo: o entorno
institucional. “É preciso muito investimento financeiro, pois essa tecnologia não é gratuita,
mesmo que pública. E tal desenho institucional não se faz de modo aleatório”. Por fim, o
quarto passo consiste em: “(...) Entender que a inclusão digital pressupõe outras formas de
produção e circulação da informação e do saber diferentes destas mais tradicionais que nos
digital vai muito além do desenvolvimento tecnológico, Castells afirma: “A questão crítica
é mudar [...] para o aprendizado-de-aprender, uma vez que a maior parte da informação
[estará] on-line e o que realmente [será] necessário é a habilidade para decidir o que
procurar, como obter isso, como processá-lo e como usá-lo para a tarefa específica que
Tabela 1
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Europa 803,903,540 105,096,093 393,373,398 48.9 % 274.3 % 51.1%
Oriente 196,767,614 3,284,800 45,861,346 23.3 % 1,296.2 % 76.7%
Médio
América 337,572,949 108,096,800 251,290,489 74.4 % 132.5 % 25.6%
do Norte
América 581,249,892 18,068,919 173,619,140 29.9 % 860.9 % 70.1%
Latina/
Caribe
Oceania/ 34,384,384 7,620,480 20,783,419 60.4 % 172.7 % 39.6%
Austrália
• Os dados sobre a internet e a população mundial são de 31 de Março de 2009
• Os números referentes à população são do US Census Bureau
• Tabela 2
Países que lideram os acessos nas suas respectivas regiões:
2.2 – No Brasil
aprendizagem aos seus usuários. No entanto, poucas são as pessoas que têm acesso à rede
Internet no Brasil, realizada no ano de 2006, constatou que apenas 14,5% dos domicílios
brasileiros dispõem de internet. A mesma pesquisa aponta que 66,7% dos brasileiros nunca
usaram a internet. O estudo revela também que apenas 19,6% têm computador. Mais da
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Uma outra pesquisa do Comitê Gestor de Internet também levantou qual o quadro
97,80% dos domicílios dispõem de aparelhos de televisão, 7,83% têm TV a cabo, 92.66
aparelho celular e 2,83% têm computador de mesa. Apenas 0,56% dispõem de computador
portátil. Para traçar um paralelo, na região Norte 95,70% dos domicílios possuem aparelho
de TV, 2,74% dispõem de Tv a cabo, 75,66% dispõem de aparelhos de rádio, 34,62% têm
celular, apenas 9,97% possuem computador de mesa e só 0,60% têm computador portátil.
política de investimentos sólida, com o objetivo de dar oportunidade aos brasileiros terem
acesso a essas tecnologias que hoje são indispensáveis à vida em sociedade. Não é apenas o
analfabetismo e a exclusão social que merecem ser atacados. Agora a exclusão digital é
outra mazela social que precisa ser eliminada. O exercício da cidadania passa, hoje,
É sabido que o Brasil demorou e passou por dificuldades de chegar à era digital.
Quando entrou nesse mundo, ocorreu o contrário, andou muito rápido. Por se tratar de um
país onde as desigualdades são tão “visíveis”, hoje vive constantemente o risco de
privilegiar as altas camadas, aumentando, assim, a distância entre os que têm telefones e
computadores e os que não têm, por exemplo. Ninguém ganha com essa lacuna entre o
Brasil encluído e o Brasil excluído do mundo digital, que reproduz e aumenta essas lacunas
entre ricos e pobres, entre quem tem escolaridade e os sem instrução, áreas urbanas e áreas
e essa qualidade pode desempenhar um papel crucial na melhoria do ensino, por exemplo,
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ajudando a criar novas fontes de conhecimento, viabilizando projetos de educação – o que
ocorre com os cursos à distância – enfim, oferendo suporte ao modelo de escola tradicional.
Com essa forma de inclusão apenas da elite, a rede tende a aprofundar as diferenças e a
diminuir ainda mais as oportunidades para as camadas de menor renda, “jogando” essas
• Custo de acesso. O custo de acesso é mensurado basicamente por três indicadores: preço
dos computadores, custo das tarifas telefônicas e despesas com provedor de acesso à
Internet;
Nenhum desses indicadores é medido diretamente pelo seu valor monetário (do bem ou
serviço), mas pela porcentagem sobre a renda per capita. Por exemplo, enquanto um
usuário americano típico gastaria 1,2% de sua renda per capita com taxas de acesso, um
• Idioma. O inglês é o idioma oficial da Web. Cerca de 80% dos sites da Internet estão
escritos em inglês, sendo esse idioma compreendido por apenas 10% da população mundial
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• Conteúdo. É a obtenção de informação que motiva as pessoas a utilizarem a Internet.
Portanto, a ausência de informação relevante também deve ser considerada uma barreira.
Prover informação sob demanda a um público tão heterogêneo tem se mostrado uma árdua
tarefa;
recentes incluem o governo chinês, que controla o acesso dos internautas de seu país ao
governo federal, bem como dos próprios estados e municípios, sejam por convênios,
parcerias. Enfim, iniciativas que demostram um interesse, mesmo que pequeno, por parte
dos governantes, na inserção de que cada vez mais pessoas no mundo digital.
informação do Governo de Minas Gerais - voltada para a inclusão digital da terceira idade.
Criado em abril de 2001 com o nome de "Programa Internet Senior". Em 2004 este
com a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, com o propósito de trazer aos usuários
Paulo, instituído em julho 2000 com o objetivo de promover o acesso às novas tecnologias
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desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos paulistas. O
computadores para acesso gratuito e livre à Internet. Atualmente, existem 381 postos de
atendimento do Acessa São Paulo distribuídos em 299 municípios do Estado. O Acessa São
Paulo é coordenado pela Casa Civil, com gestão da Imprensa Oficial e apoio da Prodesp,
Projeto Ilhas Digitais: Inserido no Plano de Ação Ceará Digital cuja articulação foi
inclusão digital no Estado do Ceará, bem como dar oportunidade para os usuários a
Atualmente, existem 41 Ilhas Digitais fixas e uma unidade móvel, soma-se ainda, 29 Ilhas
bairros da periferia onde a maioria da população é composta por jovens e pessoas carentes.
criado em maio de 2001 com o objetivo de ser um espaço aberto de circulação, recepção,
troca e expressão, promovendo o acesso simplificado à rede, por meio de uma estrutura
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O Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão – GESAC: É um
programa do Governo Federal criado em junho de 2003 e tem como meta disponibilizar
de telecomunicações tradicionais não oferecem acesso local à Internet em banda larga. Para
tanto, o programa provê conexão via satélite. Hoje, existem 3.619 Pontos de Presença
Digital, teve início em 2002 com a criação das primeiras Escolas Técnicas de Informática –
gratuitas e cada aluno paga uma taxa simbólica de 12 reais por mês. Desde o início das
que têm sido construídas paralelamente com a emergência de inúmeros projetos existentes
atendimento coletivo que oferece serviços, em regime de parcerias, aos diversos segmentos
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cultural”. Fisicamente, os telecentros são espaços públicos providos de computadores
conectados à internet em banda larga, onde são realizadas atividades, por meio do uso das
digital e social das comunidades atendidas. O programa tem como meta a inserção do
telecentro, o cidadão tem a oportunidade de interagir com outros que já tenham acesso aos
recursos da TICs, bem como com o Poder Público, por meio dos Portais de Governo
capacitações e atividades diversas ligadas à Inclusão Digital para todo o público alvo.
Conclusão
início de século, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos de
nossa sociedade, como estabeleceu a Organização das Nações Unidas em 2000: “um dos
aqueles que se encontram hoje fora desse processo de evolução podem ficar ainda mais
excluídos no futuro – a não ser que se adotem ações eficazes e massivas para promover a
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oferecendo suporte à escola tradicional. Na medida em que se limita à elite, ela tende a
fosso entre uma minoria plugada no mundo moderno e uma grande massa de sem-Internet,
Referências
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DARELLI, L.E. Telecentro como instrumento de inclusão digital para o E-gov brasileiro.
2003. 123f. Dissertação (mestrado em engenharia de produção) – Departamento de
Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
U.S. CENSUS BUREAU. serve as the leading source of quality data about the nation's
people and economy. Disponível em: <http://www.census.gov/>. Acesso em: 7 abril 2009.
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