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V CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA

V NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING


25 a 28 de agosto de 2008 – Salvador – Bahia - Brasil
August 25 – 28, 2008 - Salvador – Bahia – Brazil

ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE DO ETANOL NO BRASIL

Glécia Virgolino da Silva, gleciavs@yahoo.com.br 1


João Nildo de Souza Vianna, vianna@unb.br2
1
Universidade de Brasília/UnB, Faculdade de Tecnologia/FT- Laboratório de Segurança Ambiental /LABSAM –
Campus Darcy Ribeiro - Bloco G Departamento de Engenharia Mecânica 70910-900 Brasília – DF
2
Universidade de Brasília /UnB, Faculdade de Tecnologia /FT- Laboratório de Energia e Meio Ambiente /LEA –
Campus Darcy Ribeiro - Bloco G Departamento de Engenharia Mecânica 70910-900 Brasília - DF

Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise preliminar da sustentabilidade do etanol a partir da
cana-de-açúcar. Tendo em vista a relevância e atualidade do tema muitas instituições estão desenvolvendo pesquisas e
disponibilizando grande quantidade de informações de boa qualidade. Assim, muitas pesquisas estão em curso
atualmente para analisar esta teoria. A metodologia utilizada foi realizar uma exploração de dados de outras fontes e
analisá-los à luz da teoria do Desenvolvimento Sustentável e suas dimensões conceituais. O resultado desta análise é
que o etanol produzido no Brasil tem aspectos aderentes a algumas dimensões da sustentabilidade e aspectos
profundamente conflitantes com estes conceitos.

Palavras-chave: Etanol, Cana-de-açúcar, Sustentabilidade, Gases de Efeito Estufa.

1. INTRODUÇÃO

Observa-se atualmente um consenso entre especialistas e relatórios do IPCC (International Pannel for Climate
Change) que a utilização de biomassa faz parte de um conjunto de soluções para minimizar a quantidade dos Gases de
Efeito Estufa (GEE). Esse aumento causa diversos impactos ambientais como: retração de geleiras das calotas polares,
catástrofes climática – furacões, inundações, secas, ondas de calor e frio, entre outros.
A viabilidade de fontes renováveis de energia depende do preço do petróleo. Estima-se que o pico de produção do
petróleo ocorrerá daqui a 5 a 10 anos. Verificando o aumento do barril de petróleo de US$ 32 em dezembro de 2003 a
US$ 99,29 em novembro de 2007 e somando-se a busca de recursos energéticos renováveis e sustentáveis, o etanol
encontra uma situação muito favorável no mercado interno e externo ao Brasil. (Leite et al, 2006)
O Brasil possui o maior percentual do mundo no uso de fontes de energia renovável da sua matriz energética,
participando de aproximadamente 44,5% do consumo de energia, bem a frente da média mundial que seria apenas
13,1%. Constata-se também que o Brasil é o que mais utiliza biomassa na produção de combustíveis líquidos para o
setor de transportes.Isto é conseqüência da implantação, em 1975, do Programa Nacional do Álcool – Proálcool-, por
causa das crises do petróleo de 1973 a 1979. (Furtado et al., 2007, p.1)
A produção de álcool passou por diversas etapas durante estas três décadas. Iniciando com um enorme sucesso com
a implantação no mercado dos carros a álcool, após sofre um declínio e restaura sua força a partir de 2003 com o
surgimento dos carros flex fuel. (Furtado et al., 2007, p.1)
A cultura de cana-de-açúcar teve uma forte expansão nos últimos anos tornando-se a terceira mais importante na
agricultura brasileira em área colhida, após a soja e o milho. Em valor bruto de produção agrícola chega ao segundo
lugar após o milho. Fatores que contribuíram para esta expansão foi o comportamento favorável dos mercados nacional
e internacional para o açúcar e o álcool, a recuperação dos preços internacionais dessas commodities, abertura da
ampliação das exportações de álcool combustível depois do Protocolo de Quioto, e o aumento da fabricação e venda de
automóveis flex no país. (Balsadi et al., 2007, p. 1)
Analisando estes indicadores, surgem propostas de aumento de produção de etanol combustível, produzido pela
cana-de-açúcar (Reynol et al., 2007). Ânimos estão exaltados com a possibilidade de abertura de muitos negócios,
geração de empregos e diminuição da dependência energética do país. Segundo Reynol (2007), em 2012, está previsto a
implantação de mais 89 usinas de álcool e açúcar, principalmente nas regiões do Mato Grosso do Sul, Triangulo
Minero, Goiás e Paraná.
O CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT contratou, em
2005, especialistas do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) /Unicamp para a realização de um
estudo das “possibilidades e os impactos da produção de grandes quantidades de etanol visando à substituição parcial da
gasolina no mundo”, nos próximos vinte anos. Surgia assim, o Projeto Etanol. (Furtado et al., 2007, p. 2)
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O Projeto Etanol, em sua primeira fase, estudou se seria viável o país expandir em seis vezes a produção de etanol
para exportação, a fim de substituir 5% da demanda de gasolina em 2025. Em março de 2007, fizeram outro estudo para
substituir 10% da demanda de gasolina também até 2025 (Furtado et al, 2007). Em suma, este projeto possui metas
agrícolas, econômicas, sociais e ambientais, realizando um diagnóstico da situação, em busca de benefícios econômicos
e sociais, contemplando estudos de sustentabilidade.
Dessa forma, pergunta-se: “A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar é verdadeiramente sustentável?”.
Muitos pesquisadores trabalham atualmente para responder a essa pergunta. O objetivo principal deste trabalho é
analisar as informações disponíveis considerando as dimensões da sustentabilidade de utilização do etanol e realizar
reflexões sobre as mesmas com exploração de dados energéticos nacionais e nos resultados de estudos e projetos. O
artigo abordará implicações técnicas, econômicos, ambientais e sociais da expansão da produção de álcool tendo como
referência dados energéticos.

2. RUMO A UMA CIVILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

De acordo com livro de Ignacy Sachs (2002) chamado Caminhos para um Desenvolvimento Sustentável, é exposto
primeiramente em seu prefácio - redigido pelo Doutor em Economia Cristovam Buarque, ex-reitor da Universidade de
Brasília e ex-governador do Distrito Federal – a influência, entre outros profissionais, da formação intelectual de Ignacy
Sachs em sua vida.
Relata doze aspectos das influências que seu professor/orientador dedicou-lhe, entre eles destacam-se:
• A Natureza – O valor da Natureza, tratando o conceito de ecologia;
• A Tecnologia – Mostrou os riscos dos avanços técnicos, que devem encontrar formas de ligar esses avanços
tecnológicos aos valores éticos e sociais;
• A Heterodoxia – Diz que Sachs acreditava que o importante em um país era quais os resultados são vistos no
povo, na natureza local, na vida cultural, tendo ou não um governo socialista. Ensinou-o a nunca mais ter
preconceitos e predeterminações.
• O Rigor, a generosidade e o humanismo, entre outros.
Em seguida, o livro inclui três artigos de Sachs:
(I) “Rumo a uma Moderna Civilização Baseada em Biomassa” Que trata de “Uma nova forma de civilização,
fundamentada no aproveitamento sustentável dos recursos renováveis, não é apenas possível, mas essencial”. Explora o
paradigma do “Biocubo” (Biodiversidade, Biomassa e Biotecnologia). Relata sobre a conservação e aproveitamento
racional da natureza que devem andar juntas, e a otimização do uso da biomassa tendo como papel primordial as
biotecnologias. Essa biotecnologia deve ser oferecida não somente aos grandes produtores, mas principalmente aos
pequenos fazendeiros e agricultores familiares. Nesse mesmo artigo, Sachs descreve sugestões de atitudes que
objetivam a aplicação da Agenda 21 para a Amazônia.
(II) O segundo artigo “Pensando sobre o Desenvolvimento na era do Meio Ambiente” expõe as Conferências,
Congressos e Encontros que colocaram a dimensão do meio ambiente nos debates internacionais. Introduzem o
postulado ético de responsabilidade para com o futuro de todas as espécies na Terra. E teriam como objetivo o “...
aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da natureza em benefício das populações locais, levando-as a
incorporar a preocupação com a conservação da biodiversidade aos seus próprios interesses, como um componente de
estratégia de desenvolvimento”.
(III) No terceiro e último artigo de Sachs “Gestão Negociada e Contratual da Biodiversidade” diz que o futuro da
humanidade chama à reflexão a conservação da biodiversidade, e com o uso da ciência moderna pode-se pensar em uma
nova forma de civilização, com fundamentação no uso sustentável dos recursos renováveis. O trabalho também discute
o conceito de sustentabilidade que contempla várias dimensões além da ambiental, como a social, a cultural, a
econômica e política. Todas estas interligadas e sendo necessária uma distribuição territorial equilibrada de
assentamentos humanos e atividades, além de um sistema internacional para se manter a paz entre os povos.
Concluindo, este livro contém muitas informações pertinentes aos interessados em Desenvolvimento Sustentável,
incluindo sugestões de atitudes que devem ser tomadas para o alcance de tal objetivo sendo apenas uma região ou até
mesmo um país. Cita-se como exemplo a produção de etanol no Brasil. Dessa maneira, realiza-se no capítulo seguinte a
análise das dimensões da sustentabilidade comentadas por Sachs, pois muitos pesquisadores questionam a expansão das
culturas de cana-de-açúcar no Brasil, quanto ao uso indiscriminado do solo, água, mão-de-obra barata, entre outros.

3. A PRODUÇÃO DE ETANOL NO BRASIL

Normalmente a forma de produção de cana-de-açúcar segue as etapas:


Plantio da lavoura  Queima da Palha para colheita manual (ou não há queima se a colheita foi por maquinaria) 
Transporte  Lavagem  Moagem Fermentação e destilação do caldo (para produção de etanol); ou Processos
químicos para produção de açúcar  Armazenagem  Distribuição.

O Brasil aumentou significativamente a área plantada por cana-de-açúcar como visualizada na Tab. (3.1)
encontrando-se atualmente em 6.179.262 hectares, sendo que praticamente a metade destina-se à produção de etanol.
Bem como a quantidade produzida expressa um crescimento nos últimos anos. A produção está concentrada na região
Sudeste do país Fig. (3.1). De acordo com Carvalho (2006), o Instituto de Economia Agrícola- IEA propõe um cenário
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de uma grande expansão do complexo sucro-alcooleiro na região nordeste do estado de São Paulo, podendo elevar a
produção de álcool de 15,2 bilhões de litros produzidos em 2006 para 36 bilhões de litros nos próximos cinco anos. O
IBGE apresenta a estimativa de outubro em relação à safra de 2006 e mostra uma variação positiva na produção de
cana-de-açúcar no Brasil em relação ao ano anterior de 13,1%.

Tabela 3.1. Área plantada e quantidade produzida de cana-de-açúcar no Brasil

Área Plantada - Hectare -Brasil


Lavouras
2006 2005 2004 2003 2002
Temporárias
Cana-de-açúcar 6.179.262 5.815.151 5.633.700 5.377.216 5.206.656

Quantidade Produzida- Tonelada - Brasil


Cana-de-açúcar 457.245.516 422.956.646 415.205.835 396.012.158 364.389.416
Fonte: Produção Agrícola Municipal (PAM)-IBGE

Figura 3.1. Localização das Usinas de Açúcar e Álcool no Brasil. Fonte: Leite et al. , 2006.

3.1 A Sustentabilidade Econômica Do Etanol

De acordo com o BEN - Balanço Energético Nacional (2007), pelos indicadores da Matriz Energética Brasileira de
2006 em relação a 2005, verifica-se um crescimento de produção de petróleo 2,6%, de 34% nas exportações e
reduziram em 4,7% as importações. Houve um crescimento de 12% na produção de cana-de-açúcar, de 17,7% na
produção de açúcar e de 10,8% na produção de etanol, e também se evidencia um crescimento de 50% nas exportações
de etanol.
Verifica-se a necessidade da implantação do sistema de recursos energéticos renováveis para a redução da
dependência energética brasileira de combustíveis estrangeiros como o petróleo bruto e o óleo diesel refinado.
Notoriamente, em 2006, o crescimento da oferta interna de “produtos da cana-de-açúcar”, chegou a 8,7%,
observado no valor da produção de etanol neste ano e na participação dos derivados da cana-de-açúcar na oferta interna
de energia renovável no Brasil passando de 31,0%, em 2005, para 32,2%, em 2006. Estes valores aproximam-se das
fontes de energia renovável hidráulica e de eletricidade. Passa a representar 14,5 % da oferta interna de energia total
nacional. Observa-se nas Fig. (3.1.1) que o período analisado do PIB não possui um crescimento contínuo e oscila ano a
ano, devido, por exemplo, a reflexos da crise energética de 2001, bem como das inseguranças nas eleições presidenciais
e assim por diante.
A Fig. (3.1.2) e a Tab. (3.1.1) demonstram que as oscilações no PIB não afetaram diretamente a oferta interna do
etanol, confirmado no valor de 4,25% do crescimento da agricultura brasileira no período de 1995 a 2005, devido
principalmente à abertura comercial e financeira, à internacionalização da economia, e à reestruturação da base
produtiva brasileira (Aoun, 2008).
Segundo Carlo Filippo Massimiliano Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness, relata em
entrevista para a União da Indústria de Cana-de-açúcar/UNICA que o Brasil mostra-se num desenvolvimento
significativo no campo da negociação internacional. Diz “As negociações evoluem e ganham rumos a cada instante”.
As negociações crescem em âmbito nacional e internacional, indicando a sustentabilidade econômica existente nesse
mercado.
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Figura 3.1.1. Os números do PIB de 2000 a 2006. Fonte: O Globo, 2007.

Crescimento percentual do PIB e da Oferta Interna de


Produtos da Cana-de-Açúcar

16,0
14,0
12,6 13,4 13,5 13,8 14,6
12,0 11,8
10,0 10,9
Oferta Interna
8,0
%

PIB
6,0 5,7
4,0 4,3 3,7
2,7 2,9
2,0 1,3 1,1
0,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Anos

Figura 3.1.2. Crescimento percentual do PIB e Oferta Interna de Produtos de cana-de-açúcar. Fonte: BEN e
IBGE, 2007.

Tabela 3.1.1. Produção de álcool no Brasil 2005/2006

Estrutura Estrutura
Especificações 2005 2006 %06/05
(%) 2005 (%) 2006
Produção de Álcool (Mil m3) 16.040 17.764 10,8 100,0 100,0
3
Anidro (Mil m ) 8.208 7.913 -3,6 51,2 44,5
3
Hidratado (Mil m ) 7.832 9.851 25,8 48,8 55,5
3
Exportação de Álcool (Mil m ) 2.494 3.460 38,7 15,6 19,5
Fonte: Balanço Energético Nacional/BEN (2007).

É importante citar que realizando o balanço energético da cadeia produtiva do etanol, verifica-se positivamente que
enquanto na indústria do petróleo se gasta praticamente uma unidade de energia para cada unidade de energia
produzida, para o etanol de cana-de-açúcar obtêm-se cerca de 10 unidades de energia para cada unidade de energia
fóssil utilizada. (Ortiz et al., 2006)
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3.2 A Sustentabilidade Ambiental do Etanol

A sustentabilidade ambiental tem sido tema de discussões de vários especialistas. Nas lavouras cita-se a formação
de monoculturas, perda de biodiversidade, utilização de pesticidas e herbicidas. Na colheita observa-se a queima da
palha, quando esta é feita manualmente. Na indústria, utiliza-se muita água para lavagem da cana, utilização de
substâncias químicas e energia. No transporte verifica-se o consumo de diesel e conseqüente emissão GEE. E
finalmente, em seu uso também ocorre emissão de GEE, Fig. (3.2.1).

Alguns estudiosos consideram a cultura de cana-de-açúcar insustentável, pois podem causar degradação, perda de
biodiversidade e emissão de CO2 pela queimada antes do corte manual, bem como, o resíduo da queima pode ser
carreado pela chuva para corpos hídricos vizinhos, entre outros. Segundo Barbosa (2006), essa insustentabilidade pode
ser amenizada, pois como cita em seu trabalho em diversos lugares donos de usinas, em parceria com a sociedade em
geral e órgãos competentes, “podem adotar medidas como reflorestamento de margens de rios, criação de reservas
biológicas em áreas consideradas inadequadas para cultivo de cana-de-açúcar e rotação de cultura, o que seria o
indicado para se evitar o empobrecimento do solo”, co-geração energética para redução do consumo térmico nos
processos e redução de queimadas.

Figura 3.2.1. Crescimento percentual do PIB e Oferta Interna de Produtos de cana-de-açúcar.


Fonte: BEN e IBGE, 2007.

O IPCC considera o balanço de carbono constatando que no cultivo da cana-de-açúcar seqüestra carbono da
atmosfera pela fotossíntese, deixando um saldo positivo no momento do cultivo e diminuindo os impactos negativos ao
meio ambiente que ocorre na produção, transporte e refino do petróleo Tab. (3.2.1). Informam também que a utilização
do etanol como combustível também possui vantagens, comparando-se com a gasolina e o Diesel. O Etanol substitui
aditivos poluidores como, o chumbo e emitindo menos quantidade de NOx, CO e CO2 para o meio ambiente.

Tabela 3.2.1. Emissões de CO2 equivalentes

Emissões
Kg CO2
equivalentes/m2
CO2 201
CH4 10
N2O 37
Total 248
Fonte: Em Direção à Sustentabilidade da Produção de Etanol de cana de açúcar no Brasil. Décio Rodriguez e Lúcia
Ortiz.

Para promover o desenvolvimento sustentável no mundo, pois ainda não o possui esta dimensão, é extremamente
importante o melhoramento contínuo dos padrões de produção de energia, de seus processos, da sua distribuição e de
seus usos para uma melhor qualidade de vida. Assim, é fundamental focalizar-se nas áreas relativas à energia e meio
ambiente, bem como à energia e transporte, e energia e alimento como vistos na Tab. (3.2.2).
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Tabela 3.2.2. Energia total consumida nas fases agrícola e industrial para produção de etanol no Brasil
Dados energéticos de 2004

Entradas e saídas (Kcal/tonelada cana-de-açúcar)


Entrada de Energia Saída de Energia
Fase agrícola 45861
Fase industrial 9510
Etanol 490100
Bagaço 75600
Total 53371 565700
Saída/Entrada 10,2
Fonte: Ortiz, L. & Rodriguez D., 2007

Como já foi abordado anteriormente, realizou-se estudo de cenários sobre a substituição de 10% da gasolina
consumida no mundo até 2025. Cálculos indicaram que o país teria que multiplicar por cinco a atual área plantada
destinada à cana-de-açúcar. Os resultados mostraram que apesar do aumento da área plantada de cerca de 6 milhões
para 30 milhões de hectares previstos, as áreas florestais não seriam necessárias. Isto é, as culturas iriam ocupar menos
de 10% da área agricultável do Brasil.
Quanto aos impactos oriundos da distribuição do combustível, os estudos planejam uma estrutura logística para
minimizar o transporte por vias rodoviárias, evitando emissões de gases pela combustão dos caminhões e acidentes. Os
investimentos previstos serão para dutos e escoamento no total de 21,3Bilhões: na região Centro-Sul de 12,8Bilhões e
na região Norte-Nordeste de 8,5Bilhões, Fig. (3.2.2 ).

Figura 3.2.2. Principais ferrovias do Brasil Fonte: Ortiz, L. & Rodriguez D., 2007.

Os pesquisadores do Projeto Etanol, que será descrito abaixo, recomendaram que para que a usina modelo seja a
realidade da produção de etanol em 2025, deve-se implantar pesquisas sobre a hidrólise de material celulósico, como o
bagaço e a palha da cana, a sucroquímica e a alcoolquímica para melhoramento da cana.
Assim, constata-se que muitos fatores devem ser observados na ampliação da indústria de açúcar e álcool, por
exemplo, a disposição. O desenvolvimento deste mercado deve conter regras e legislações para o a proteção dos
recursos naturais, fauna e flora. Já que, de acordo com os estudos do Projeto Etanol, as áreas florestais estariam
protegidas.
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3.3 A Sustentabilidade Social Do Etanol

Como foi discutido anteriormente, o etanol tem um grande potencial perante a sustentabilidade econômica e
ambiental, uma vez tratado de acordo com normas e legislações. No entanto, a sustentabilidade social ainda não foi
evidenciada claramente, uma vez que poderá acentuar problemas sociais já existentes, lembrando que a produção de
açúcar e álcool faz parte de uma atividade concentradora de renda e socialmente excludente.
A equipe de pesquisadores do Projeto Etanol (2007) relata que seriam formados “clusters” sociais que teria as
seguintes características: Criação de 22.000 postos diretos de trabalho e 75.000 totais (regional); de 60.000 a 200.000
pessoas seriam beneficiadas na região; seria uma célula de desenvolvimento social, com a presença de escolas e
transporte, posto de saúde e hospital, escolas técnica e superior e áreas de esporte e lazer.
Segundo Balsadi (2007), o mercado de trabalho assalariado nesta atividade é complexo. Vê-se uma melhora nas
condições de trabalho causado principalmente por pressões dos sindicatos, mas ainda encontra-se desrespeito aos
direitos trabalhistas e até humanos. Dados do PNAD mostram que em 2005 o trabalho infantil tornou-se nulo, tendo
chegado a um valor de 14,7% do total dos empregados temporários e 10,8% do total dos empregados ocupados urbanos.
Balsadi (2007) continua relatando que o aumento das carteiras assinadas nesta área tem aumentado
significativamente, com recebimento de auxílios transporte, alimentação e saúde. Verificou um aumento na
escolaridade dos empregados. Mesmo com esses avanços ainda ocorrem acidentes e ate mortes nos canaviais, isso
porque o trabalhador ainda recebe de acordo com a quantidade de toneladas que colhe por dia. Conseqüentemente um
empregado ultrapassa seus limites para receber um pouco melhor.
Dessa forma, fica questionável a sustentabilidade social desta atividade. Para que sejam sustentáveis socialmente as
empresas devem seguir as recomendações dos Pesquisadores do Projeto Etanol na formação de “clusters”, e deverão ter
negociações entre empresários, sindicatos e trabalhadores para melhores remunerações do corte manual da cana e
capacitação dos empregados para que na mecanização não haja desemprego.
De acordo com Guilhoto (2002) o cenário relativo aos empregos após mecanização da colheita seria Tab. (3.3.1):

Tabela 3.3.1. Emprego na produção de cana-de-açúcar: Brasil e Macrorregiões - Cenário relativo aos empregos
após mecanização da colheita

Região Mão-de-obra empregada/1997 Após a mecanização da colheita* Mão-de-obra liberada


Norte 2043 198 1844
Nordeste 225911 76322 149589
Centro-oeste 35746 11036 24709
Sudeste 194669 95320 99350
Sul 52282 11487 40795
Total 510651 194363 316288
*Mecanização de 50% da colheita na região Nordeste e de 80% nas outras regiões do Brasil, sendo que a estrutura
de colheita das regiões Sul, Centro-Oeste, e Norte seria semelhante à da região sudeste.
Fonte: Guilhoto et al. (2002), p.5.

Observa-se abaixo Fig. (3.3.1) a evolução da remuneração dos trabalhadores de corte manual da cana-de-açúcar do
Estado de São Paulo.

Figura 3.3.1. Evolução da remuneração do corte manual da cana-de-açúcar do estado de São Paulo.
Fonte: Wilson F. , 2007.
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Nota-se um aumento no total de empregados no ano de 2001, Fig. (3.3.2), e a queda nos anos seguintes até uma
estabilização em 2007. Vale citar que onde o setor de refino de petróleo e produção de álcool, sofre acréscimo tem
claras influências sazonais associadas ao aumento de contratações nas usinas de álcool nas diferentes regiões
produtoras.

35,0

30,0

25,0

20,0
Taxa

15,0

10,0

5,0

0,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano

Figura 3.3.2. Pessoal Ocupado Assalariado da Atividade Industrial: Coque, Refino de Petróleo,
Combustíveis Nucleares e Álcool. Fonte: IBGE, 2008.

4. CONCLUSÕES

O Brasil possui o maior percentual do mundo no uso de fontes de energia renovável da sua matriz energética, e de
acordo com estes projetos de produção de etanol e biodiesel ele continuará aumentando sua participação à frente da
média mundial. É importante que as unidades novas de produção de etanol utilizem sistemas de co-geração eficientes
energeticamente para redução do consumo térmico nos processos. A utilização de biomassa será uma das principais
soluções para minimizar a quantidade dos Gases de Efeito Estufa no planeta que causam diversos impactos ambientais
como, retração de geleiras das calotas polares, catástrofes climáticas – furações, inundações, secas, ondas de calor e
frio, entre outros (Furtado et al, 2007).
Assim, respondendo a pergunta inicial sobre a verdadeiramente sustentabilidade da produção de etanol a partir da
cana-de-açúcar, conclui-se com as informações coletadas que o etanol encontra uma situação muito favorável no
mercado interno e externo ao Brasil. É inquestionável que o etanol tem espaço significativo na matriz energética
permanecendo sustentável economicamente. Mas, quanto à sustentabilidade ambiental, ela só será possível com a
subordinação dos empresários perante as regras e diretrizes traçadas pelo Poder Público, tendo em mente a preservação
do meio ambiente, sua flora e fauna.
E tratando-se da sustentabilidade social, observou-se que o país passou por avanços eliminando o trabalho infantil e
dando melhores condições de emprego. Infelizmente isso não acontece em todas as regiões. Seguir a formação de
cluster proposto pelo Projeto Etanol talvez auxilie na melhoria da qualidade de vida desses trabalhadores. Deve-se
também mudar a idéia do trabalho por tonelada colhida. E capacitar os trabalhadores quando houver mecanização.

5. AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade de Brasília/UnB, à Faculdade de Tecnologia/FT, ao Departamento de Engenharia


Mecânica/ENM, ao Laboratório de Segurança Ambiental/LABSAM, a CAPES, e aos professores João Nildo de Souza
Vianna e Antônio C. P. Brasil Júnior.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aoun, S., 2008, “Produto Interno Bruto do Brasil e de São Paulo no Período 1995 a 2005”, Análises e Indicadores do
Agronegócio, Vol. 3, No. 5, maio. Instituto de Economia Agrícola, São Paulo. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9299. Acesso em 20 de junho de 2008.
Balsadi, O. V. O mercado de trabalho assalariado na cultura da cana-de-açúcar. Disponível em
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=23&id=260. Acesso em 04 de dezembro de 2007.
V Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 25 a 28 de Agosto 2008, Salvador-Bahia

Barbosa, M.A.L.V., 2006, Os impactos ambientais causados pela Monocultura da cana-de-açúcar no Município de
Americano do Brasil. Monografia. Faculdade de Educação e Ciências Humanas de Anicuns – FECHA. Goiás.
Disponível em:
http://www.faculdadeanicuns.edu.br/acad_monografias/geografia/geografia_200603_mariaaparecida.pdf.
Acesso em 20 de junho de 2008.
Carvalho, M. A., Silva, W. Mello, N. T. C. e Amaro, A. A., 2006, “Prognóstico Agrícola 2005/06: culturas perenes e
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Paulo. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/OUT/verTexto.php?codTexto=4450vb. Acesso em 20 de junho de
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7. DIREITOS AUTORAIS

Glécia Virgolino da Silva e João Nildo de Souza Vianna.

ANALYSIS OF THE SUPPORT OF THE ETANOL IN BRAZIL

Glécia Virgolino da Silva, gleciavs@yahoo.com.br 1


João Nildo de Souza Vianna, vianna@unb.br2
1
University of Brasília/UnB, Faculty of Technology/FT- Ambient Security Laboratory /LABSAM – Campus Darcy
Ribeiro - Bloco G Department of Mechanical Engineering 70910-900 Brasília – DF
2
University of Brasília/UnB, Faculty of Technology /FT- Energy and Environment Laboratory /LEA – Campus Darcy
Ribeiro - Bloco G Department of Mechanical Engineering 70910-900 Brasília - DF

Abstract: This work has as objective to make a preliminary analysis of the sustainability of ethanol from sugar cane. In
view of the relevance and freshness of the subject many institutions are developing research and providing much
information of good quality. Thus, many researchers are currently underway to examine this theory. The used
methodology consists in perform a data holding from other sources and analyze them in light of the theory of
Sustainable Development and its conceptual dimensions. The result of this analysis is that the ethanol produced in
Brazil is acceding to some aspects of sustainability dimensions and aspects deeply conflicting with these concepts.

Keywords: Ethanol, sugar cane, sustainability, Gases of Effect Greenhouse

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