Curso Básico
de modelismo em plástico
Noções básicas do modelismo em plástico com António Sobral
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Índice
Preparação das peças ..................................................................................................................................................... 03
Como colar peças ........................................................................................................................................................... 16
Betumes ......................................................................................................................................................................... 31
Primário ......................................................................................................................................................................... 41
Pintar a pincel ................................................................................................................................................................ 49
Pintar a aerógrafo .......................................................................................................................................................... 71
Decalques ..................................................................................................................................................................... 102
Autor: António Sobral Página 2
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Preparação das peças
Depois de seleccionar o kit que vamos construir, qual o primeiro passo?
Adivinharam, é tirar as peças e as instruções de dentro de caixa!
Ok. OK. Mas e depois?
Dava jeito nesta altura ler as instruções para se poder planear a montagem de uma forma lógica e faseada e evitar
surpresas de última hora, mas já se sabe que o que o pessoal quer mesmo é começar a colar peças o mais depressa
possível, por isso já nem me dou ao trabalho de dizer isso!
Depois o melhor mesmo é lavar os "esqueletos" (sprues em Inglês) com as peças ainda agarradas, com água e
detergente.
Esta ainda não é a altura de interromper com perguntas parvas do tipo: e que detergente devo usar?
Qualquer coisa que tenham perto da torneira da casa de banho ou da cozinha serve, seja sabonete, detergente da
loiça ou outra coisa qualquer que realize a função química de saponificar as gorduras, seja com compostos
amnióticos seja com os glutões do Presto!
O objectivo da lavagem é retirar restos de desmoldante dos sprues, o que poderia eventualmente dificultar a
colagem ou a pintura.
Muitos acham que é mariquice. Se também acharem isso, passem ao passo seguinte, mas depois não venham
queixar‐se com lamúrias, que o departamento de apoio ao cliente não os atende!
OK. Os sprues (não é para me armar aos cágados, mas é mais rápido escrever sprue do que esqueleto!) estão todos
lavadinhos e secos. Perfeito!
Chegou a altura de começar a separar as peças dos sprues e de as preparar para a colagem, que é o objectivo desta
1ª lição!
Hoje ainda não vamos falar de cola, betume ou outras substâncias mais esotéricas.
As únicas ferramentas que vamos usar são estas 3:
‐ X‐acto (um qualquer que corte bem! ‐ este é da OLFA e comprei no AKI)
‐ Alicate de corte (Idem ‐ este comprei em Bangkok, mas devem conseguir arranjar um mais perto!)
‐ Lixa de água (para começar apenas um grão basta: 400 ‐ é mesmo preciso dizer onde se vende disto?)
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Muitos vão dizer, ah e tal, mas eu só uso o x‐acto XPTO que comprei na Rodésia quando o Ian Smitha ainda era 1º
Ministro, e só esse é que presta.
E a única lixa que presta é a da marca ZDYW, feita de pele de rinoceronte branco capturado em noite de lua cheia.
Bem a resposta para esses fundamentalismos só pode ser uma: CUT THE BULLSHIT!
Para começar isto é mais do que suficiente. Mais tarde, têm todo o tempo do mundo para esturrar montes de massa
em ferramentas exóticas.
A decisão é vossa!
OK. Agora que temos as ferramentas vamos usá‐las!
Seleccionamos o sprue que pretendemos:
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Agarramos no alicate e cortamos os pedaços que usem a peça que queremos cortar ao sprue, deixando uma
folgazinha:
Depois de separada, a peça tem este aspecto:
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Depois com o alicate ou o x‐acto, cortamos o mais possível do excesso de plástico, mas sem ficar rente à peça!
Esta regra evita muitos dissabores, pois o corte rente por vezes sai mal e acabamos com um corte na peça.
E o aspecto da peça depois desta segunda iteração é o seguinte:
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E é então agora que entra em cena a lixa, que vamos usar cuidadosamente para remover os excessos de plástico
remanescentes.
Como o próprio nome indica, a lixa de água funciona melhor com água. Cuspo também é uma boa e válida
alternativa, mas pode eventualmente enojar pessoas que estejam a assistir.
Aconselha‐se também o uso regular de creme hidratante para evitar aquele aspecto triste e desmazelado do artista
que posou para a foto!
E quando acabar a operação de lixagem, a peça está finalmente pronta a ser utilizada:
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E agora podem perguntar: para quê estes cuidados todos no corte e preparação das peças?
A resposta está nesta foto:
Perceberam? Óptimo!!!
Agora que já sabemos cortar e preparar uma peça direita, e que tal uma peça redonda?
Pois o procedimento é basicamente o mesmo!
Desta vez deixo‐vos só com as fotos, pois os passos são idênticos:
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No caso das peças redondas, esta operação final de lixagem reveste‐se de algum cuidado especial, para obedecer ao
contorno da peça e acabarmos com a peça redonda, e não oval!
Isto está a correr bem!
Já sabemos preparar peças direitas e redondas!
Avancemos, portanto!
Então e se forem daquelas peças muito frágeis cheias de pontos de ligação ao sprue?
Ainda bem que perguntam, pois essas peças requerem um cuidado especial. Muitas vezes a acção do alicate de corte
é suficiente para as partir!
Eis um exemplo (não dos melhores, mas o possível!):
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O que fazer nestes casos?
Ou se separa com muito cuidado, colocando o sprue o mais rente possível à superfície de corte, e usando o X‐acto
muito ao de leve e repetidamente.
Ou então utiliza‐se uma serra muito fina, do tipo das usadas para serrar as ampolas de medicamentos.
Eu dessas não tenho, mas costumo usar uma serra pequena, que originalmente se destinava a separar os blocos de
moldagem de peças em resina (à venda nas boas casas de modelismo ou numa exposição perto de si).
E agora já estou a ver essas cabeças todas a pensar: este gajo é um grande aldrabão! Começou por dizer que eram só
3 ferramentas e afinal são 4.
Quer dizer, nestes casos uma serra destas dá jeito, mas não é essencial!
O método é o mesmo dos anteriores.
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Separa‐se a peça do sprue:
Corta‐se os excessos ao máximo mas sem ficar rente,
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E termina‐se com a lixa:
Óptimo!
Agora que já sabemos cortar e preparar as peças, falta‐nos ainda aprender uma última coisa: remover as linhas de
moldagem que são aquelas arestas inestéticas que resultam da junção das duas peças dos moldes,
Eis um exemplo dessas linhas de moldagem:
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Para a remover passamos a lâmina do X‐ acto na vertical e perpendicular à linha de moldagem exercendo um
movimento longitudinal de vai e vêm muito ao de leve, de forma a remover a linha de moldagem (sobressaída) sem
remover outras partes da peça.
No final dessa operação a peça fica com este aspecto:
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Segue‐se uma dose de lixa para finalizar, e a peça está pronta a ser colada:
E com isto termina (por agora) a 1ª Lição!
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Como colar peças!
Agora que já sabemos como cortar, lixar (no bom sentido, claro!) e preparar as peças do nosso kit, chegou a altura
de as começarmos a colar!
E para isso vamos necessitar de uma coisa!
Adivinharam, é a cola!
E como estamos numa de plástico (as resinas, como já disse, vão ter de esperar para outra altura), vamos usar uma
cola própria para o plástico dos kits, que é o poliestireno.
O princípio de acção deste tipo de colas é muito simples: elas basicamente "derretem" o plástico, fundindo entre si
as peças a unir.
Que cola utilizar? Tamiya Extra Thin!
E não adianta virem com choraminguices. Ai eu cá uso Xilol; ah mas eu uso clorofórmio; não, não eu cá só gosto de
Humbrol; a mim quem me tira a Gunze de Luxe tira‐me tudo; a boa, boa é mesmo a Micro Weld.... e outras coisas do
género.
Porreiro, ainda bem para vocês, mas isso agora não interessa para nada e só baralha quem está a gora a começar!
Portanto, o caminho é chegar à loja e pedir um frasquinho igual a este:
Autor: António Sobral Página 16
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E agora a primeira dica muito importante: arranjem qualquer coisa para segurar o maldito do frasco, senão aquilo
mais dia, menos dia tomba de lado, e lá vai metade do frasco para a bancada.
A prova disso é que antes de arranjar a minha "base" nunca tinha conseguido gastar um frasco inteiro, pois uma
parte acabava sempre desperdiçada!
E agora perguntam vocês: Porque é que este gajo é tão fanático com a porcaria da cola?
Por diversos motivos:
‐ É super fluida, pelo que se pode aplicar facilmente nas frinchas mais pequenas, não deixando marcas nas peças
adjacentes.
‐ Podem‐se absorver facilmente os excessos com um papel absorvente
‐ Não seca e entope o frasco
‐ Depois de seca, é fácil de remover o excesso
‐ Tem um pincel aplicador integrado muito útil e prático.
‐ E fácil de arranjar
‐ E porque gosto da cor da tampa, mas isso agora também não vem para o caso!
Agora que já temos a "ferramenta", vamos ao trabalho!
Ora isto de colar não tem grande ciência. Basta juntar as peças a colar, aplicar a cola na zona da junção, segurar a
peça imóvel enquanto a cola seca, e já está!
Autor: António Sobral Página 17
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Simples, não é?
A cola é conduzida na zona de junção das peças por capilaridade, ou seja, é "atraída" pelas ranhuras e junções finas e
percorre‐as "automaticamente" sem a necessidade de lá chegarmos com o pincel.
Vamos a um caso prático!
Temos as nossas 2 peças a colar:
Juntamo‐las na posição de colagem, e aplicamos uma pequena quantidade de cola na zona da junção.
Tal como disse anteriormente, a cola, espalha‐se automaticamente por toda a zona da junção, por acção capilar.
Autor: António Sobral Página 18
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Depois é deixar secar, e temos as duas peças coladas!
Autor: António Sobral Página 19
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Neste primeiro exemplo, aplicámos a cola no interior da junção, o que é preferível sempre que possível, dado que
minimizamos o risco de aplicar cola a mais.
Falando de aplicar cola a mais, esse é um dos maiores "perigos" da colagem das peças, e onde o pessoal que se inicia
mais problemas tem.
Por isso faço aqui uma espécie de chamada de atenção para a quantidade de cola que se aplica, que deverá ser a
mínima possível para realizar a colagem.
Mais uma vez se revela aqui a vantagem desta cola com o seu pincel maravilha, que permite aplicar quantidades
mínimas de cola com muita facilidade.
Se necessitarem de aplicar quantidades de cola relativamente maiores ou muito mais pequenas, ou em locais de
difícil acesso, podem usar as seguintes ferramentas adicionais:
‐ Um pincel velho dobrado em ângulo para chegar a sítios mais recônditos
‐ Um aplicador do tipo "micro‐brush" (à venda nas lojas de modelismo) que permite aplicar muito pequenas
quantidades de cola, tinta, etc.
Após este curto intervalo sobre ferramentas adicionais, vamos retomar o fio à meada, e continuar com a colagem de
peças.
Desta vez vamos colar uma peça em que a aplicação da cola é do lado que se vê!
Autor: António Sobral Página 20
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Colocamos a peça no local final e aplicamos a cola na zona da junção:
Autor: António Sobral Página 21
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E já está! A cola introduz‐se na junção e realiza a colagem, sem danificar nada.
Para além da aplicação da cola na junção, em peças maiores podemos também embeber previamente de cola as
partes a colar, antes de as juntar.
Por exemplo, neste caso:
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Pincelamos com cola a zona de junção das peças:
E depois unimos as peças e esperamos que a cola seque.
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Vamos aqui fazer novo intervalo para falar do tempo de secagem da cola que é importante respeitar!
Na realidade o que chamamos "secar" a cola é na realidade o evaporar dos solventes nela contida.
Normalmente alguns minutos são suficientes para peças que não fiquem a sofrer forças mecânicas, ou que não
necessitem de ser lixadas posteriormente.
Para peças delicadas, sensíveis ou que seja necessário lixar posteriormente, convém aguardar algumas horas.
Deixar de um dia para o outro não é descabido nos casos de maior dimensão ou complexidade.
Mas esta sensibilidade aos tempos de secagem é uma coisa que se vai ganhando com o tempo!
E agora que já sabemos colar peças simples, vamos a um caso mais complicado, de peças redondas que necessitam
de um tratamento posterior.
Um bidão é o exemplo ideal!
Unimos as duas parte e pincelamos a zona da junta, tal como explicado anteriormente:
Autor: António Sobral Página 24
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E após a colagem fica com este aspecto:
Ou seja, neste caso é necessário disfarçar a junta de colagem!
Para isso basta agarrar na lixa e "tratar" a zona da junção até ficar sem descontinuidades:
Autor: António Sobral Página 25
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E no final ficamos com a peça pronta para a pintura!
Neste caso não necessitamos de betume para disfarçar nem preencher juntas.
Depois de pintada, a peça há‐de ficar com este aspecto, sem se notar nada:
Autor: António Sobral Página 26
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E agora já não há desculpa para aparecerem aquelas peças redondas com as juntas de colagem a ver‐se!
Para peças redondas mais delicadas, como, por exemplo, os canhões, a técnica é a mesma:
Juntam‐se as duas peças e aplica‐se a cola na zona de junção:
Autor: António Sobral Página 27
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E deixa‐se secar:
Depois de seco, lixa‐se ao de leve a zona da junção, de forma a não prejudicar a forma circular da peça final, e
ficarmos com um canhão de secção oval!
Autor: António Sobral Página 28
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Em relação à colagem de peças de grandes dimensões, é conveniente utilizar fita adesiva, elásticos ou qualquer
outro meio para manter imóveis as peças coladas até a cola secar.
E depois desta maratona, espero que a colagem de peças já não tenha segredos para ninguém!
Para terminar, só uma chamada de atenção sobres eventuais problemas que possam surgir, e sua resolução:
Um dos problemas mais comuns é o modelista deixar dedadas de cola no modelo:
Autor: António Sobral Página 29
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Parece familiar, não parece? Pois aquilo da capilaridade funciona mesmo, e não é só com o plástico.
Se lá tivermos os dedinhos juntos, a cola também é absorvida e acabamos com cola em mais sítios do que
queríamos.
Solução? Deixar secar muito bem, e no final dar uma lixa dela com cuidado para não lixar eventuais detalhes:
Outro problema comum é derramar cola acidentalmente:
Autor: António Sobral Página 30
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Neste caso a solução está em ir rapidamente com um pedaço de papel absorvente (papel higiénico, guardanapo,
etc.) e absorver o excesso o mais possível
Se formos rápidos, consegue‐se remover quase a totalidade da cola.
O importante nestes casos é não fazer nada que marque a superfície!
Deixamos secar muito bem a cola restante e depois de muito bem seco, uma lixa dela ao de leve para remover o
resto e uniformizar a superfície.
Se não deixarmos secar bem a cola, e formos logo lixar, podemos acabar com uma pasta de plástico levantado e
marcas na superfície de difícil e mais demorada solução:
E nós não queremos isto, pois não? Bem me parecia!
Lembrem‐se do velho ditado: "Com pouca cola e muito secar, dá mais prazer modelar!
Autor: António Sobral Página 31
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Betumes
E cá estamos de novo para a 3ª parte deste pequeno curso básico de iniciação ao modelismo.
Depois de já termos aprendido (espero eu) a cortar, lixar, preparar e colar as peças, falta ainda falar de um detalhe
importante e essencial para uma boa construção, e que é precisamente a utilização do betume.
Também chamado de putty, que é um nome que eu até prefiro pois presta‐se a trocadilhos bem interessantes...
Mas para que serve o betume em modelismo?
Para muitas coisas! Mas neste caso em que estamos a falar de modelismo básico, serve principalmente para
remover irregularidades em superfícies (tipo pinos de ejecção, que são aqueles "buracos" circulares que muito kits
têm em partes que se vêem), tapar fendas, corrigir encaixes, e disfarçar outras imperfeições na junção de
superfícies.
Que tipos de betume há?
Bué deles! Só eu cá em casa tenho estes (e isto porque já deitei fora mais alguns que não usava mesmo):
Autor: António Sobral Página 32
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Cada um tem as suas vantagens e desvantagens, e seus usos específicos, e como cada modelista tem as suas
preferências e simpatias pessoais, se começasse agora a desbobinar os prós e os contras de cada um deles e as
minhas diversas experiências com os vários tipos nunca mais saíamos daqui...e muito do pessoal ainda ficava mais
confuso do que no início.
Como isto é suposto ser uma iniciação básica, vou seleccionar apenas um tipo de betume que seja bastante comum
e representativo, e que penso ser dos mais utilizados pelos modelistas.
Estou a falar do Tamiya Putty ‐ Basic Type, para quem ainda não adivinhou!
Sim, é aquela bisnaga que quase todos nós temos lá em casa, e que lá dentro tem uma pasta espessa cinzenta com
uns laivos brilhantes, que seca muito rapidamente e tem um cheiro algo activo.
O betume pode ser aplicado basicamente de duas formas:
‐ Directamente da bisnaga
Neste caso vamos necessitar de uma ferramenta tipo espátula para aplicar o betume.
Nos casos de menores dimensões, essa ferramenta pode ser apenas um palito afiado, por isso, temos de adaptar a
ferramenta à dimensão do trabalho, para não haver exageros.
‐ Diluído
Autor: António Sobral Página 33
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Para uma aplicação mais fina e precisa do betume, podemos primeiro diluí‐lo antes de o aplicar com um pincel.
A diluição pode ser feita com Tamiya Lacquer thinner, Acetona ou Cola Tamiya, por exemplo, e a espessura da
"massa" final vai depender obviamente da quantidade de diluente que usarmos.
A utilização do Laquer Thinner tem uma grande vantagem sobre os outros dois: Não ataca o plástico.
Por isso, se usarmos demasiado betume, a sua remoção posterior é fácil, rápida e indolor, pois não danificamos o
plástico e os detalhes envolventes.
Se usarmos acetona ou cola para dissolver o betume, já não é bem assim, e a sua remoção posterior já é mais
problemática. Fica à escolha do freguês!
A filosofia de aplicação do betume seja ele qual for, é muito simples:
1 ‐ Preparação das superfícies
2 ‐ Colocação do betume em camadas finas
3 ‐ Deixar secar
4 ‐ Lixar e polir
5 ‐ repetir 2 3 e 4 se necessário!
Vejamos então dois casos práticos exemplificativo.
1º Caso prático
Imaginemos que temos uma fenda entre duas peças direitas que necessitamos de preencher.
Autor: António Sobral Página 34
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Começamos por colar as peças na sua posição final, da forma normal, com cola Tamiya Extra Thin, que é a única que
tem um pincel aplicador decente. O da Humbrol parece o bigode do Saddam!
Depois aplica‐se o betume, ligeiramente diluído com T. Lacquer Thinner, com um pincel na zona a tratar:
Autor: António Sobral Página 35
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Depois de alguns momentos, removem‐se eventuais excessos com um cotonete embebido em T. Lacquer Thinner
(lembram‐se de eu dizer que não ataca o plástico? assim estamos à vontade!).
Depois é deixar secar, e convém que fique mesmo bem seco!
O tempo de secagem altera de acordo com a espessura da camada de betume aplicado, e para camadas finas
deste género, 1 ou 2 horas costuma ser suficiente.
Se tiverem dúvidas, nada como deixar de um dia para outro!
Depois de seco, é a altura de lixar os excessos com lixa de água de grão fino (400, 600 ou superior
dependendo do caso, e aplicada com água, daí o nome!), até ficarmos com uma superfície lisa e sem irregularidades
Autor: António Sobral Página 36
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E pronto, temos a superfície pronta a receber o primário!
Este betume tem a propriedade de "encolher" um pouco no processo de "secagem", por isso é conveniente
deixar um pouco a mais para compensar esse encolhimento.
Em casos em que seja necessário uma camada relativamente grande, é preferível dar várias camadas mais finas
deixando secar bem entre cada uma delas.
Se, depois de aplicar o primário, se verificar que a junta ainda apresenta irregularidades, teremos
de repetir o processo. Essa é uma das utilidades da aplicação de primário, mas isso fica para a próxima lição!
2º Caso prático
Este é mais para o pessoal dos aviões, que geralmente têm sempre aquele problema
das duas metades da fuselagem que é necessário colar e disfarçar depois bem a junta entre elas.
Como não tinha duas metades de fuselagem à mão, tive de desenrascar dois guarda‐lamas
de um bergepanther, mas para o caso tanto faz: imaginemos então que temos uma fenda entre
duas peças curvas que necessitamos de preencher.
Autor: António Sobral Página 37
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Começamos por colá‐las da forma habitual:
Autor: António Sobral Página 38
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Depois, para evitar sujar as zonas adjacentes e centrar a aplicação do betume onde é necessário,
vamos delimitar a zona de aplicação do betume com fita Tamiya (era a única que tinha mais à mão,
mas pode ser outra qualquer).
Esta operação simples é extraordinariamente útil quando se tapam as fendas entre as asas e a fuselagem,
para não ficarmos com betume por todo o lado, e uma trabalheira enorme para lixar o excedente e o perigo
de se lixarem alguns detalhes!
Depois de aplicar o betume, tal como explicado, anteriormente, o aspecto é este:
E depois de bem seco, retira‐se a fita:
Autor: António Sobral Página 39
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Para terminar lixa‐se o excesso de betume com lixa fina ((400, 600 ou superior dependendo do caso)
de água, até ficarmos com uma superfície lisa e sem irregularidades:
Tal como referi anteriormente, se, depois de aplicar o primário, se verificar que a junta ainda apresenta
irregularidades, teremos
de repetir o processo nas zonas ainda com problemas!
E pronto. Isto da utilização do betume não tem grande ciência, nem técnicas ou ingredientes secretos.
Autor: António Sobral Página 40
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Primário
Introdução
Na continuação destas tertúlias caseiras, em que aprendemos a cortar, preparar, lixar, colar e betumar as peças, está
na altura de passarmos à fase seguinte, que o ano está quase a acabar!
Agora que já temos o nosso modelo todo montado, está na altura de avançarmos para a pintura do mesmo. Mas
antes da aplicação da tinta propriamente dita, existe um passo opcional intermédio, que consiste na aplicação de
primário, que é uma espécie de "interface" físico entre a superfície a pintar e a tinta propriamente dita.
Para que serve?
E para que serve o primário, perguntam vocês? Para várias coisas, entre as quais:
1 ‐ Para garantir que a tinta de acabamento adere melhor à superfície do modelo.
Isto é particularmente importante se estivermos a pintar a pincel com acrílicos, por exemplo.
2 ‐ Para proporcionar a obtenção de uma superfície mais lisa e uniforme, uniformizando e disfarçando pequenas
irregularidades nas superfícies.
3 ‐ Para cobrir manchas e outras diferenças de cor.
Como nos casos em que usamos materiais de várias cores (plástico de diferentes kits, ou peças feitas á mão em
plástico genérico) ou diferentes materiais (peças metálicas e plásticas, por exemplo).
4 – Detectar erros de montagem
Com o primário aplicado, muitas das imperfeições a nível de montagem que passaram desapercebidas olhando
apenas para o plástico “nú”, tornam‐se visíveis permitindo a sua correcção antes da pintura final, o que poupa muito
tempo e frustrações. Os casos mais comuns são juntas de colagem, marcas de dedadas de cola e outros azares que
tais.
Será mesmo essencial e obrigatório aplicar o primário?
Claro que não! Podemos muito bem aplicar logo a tinta por cima do modelo, assim que o acabamos de construir,
que o mundo não acaba, e há muitos e bons modelistas experientes que não o utilizam.
Por isso é que referi ser um passo OPCIONAL!
Mas tendo em atenção as vantagens acima expostas, é uma questão de boa prática e que potencialmente poupa
tempo, evita problemas e permite mais facilmente um melhor acabamento.
Acaba por ser, como muita coisa na vida, uma questão de opção pessoal.
Que tipos de primário existem?
A resposta já vocês sabem: muitos!
E tal como as colas e os betumes, cada um tem o seu produto e a cor preferidos.
Uns gostam mais de dar primário a preto, outros a branco, outros cinzento. Tudo depende do que se quer fazer e
dos efeitos que se pretendem.
Autor: António Sobral Página 41
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Algum pessoal das figuras gosta mais do preto como base da pintura posterior.
Outro pessoal gosta mais do branco, principalmente se vão dar em seguida cores claras.
Mas como isto é um suposto ser um curso básico, vamos manter a coisa simples e falar apenas dos mais comuns e
fáceis de arranjar, e a maioria prefere/utiliza o cinzento claro.
Em termos de embalagem e apresentação temos fundamentalmente duas opções: primários líquidos e primários em
spray.
Primários líquidos
Os primários líquidos, tal como as tintas normais, necessitam de ser diluídos e aplicados com aerógrafo.
A aplicação de primário a pincel é possível, mas não se recomenda, sobretudo a principiantes (ou nabos como eu),
dado exigir uma técnica de utilização do pincel bastante apurada e exigente.
Como exemplo de primários líquidos, temos o Tamiya Liquid Surface Primer (em branco ou cinzento) e o Gunze Mr
Surfacer 1200, que se diluem com o Tamiya Lacquer Thinner.
A sua aplicação é idêntica à de qualquer tinta, necessitando de ser diluídos da forma habitual. Dada a pestilência do
cheiro, a utilização da máscara de protecção anti‐vapores orgânicos é mais do que obrigatória.
Autor: António Sobral Página 42
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Ora como a pintura a aerógrafo só vai ser dada numa lição mais adiante, por agora vamo‐nos cingir aos primários em
spray, que são mais fáceis de usar pois permitem uma aplicação imediata e directa do produto.
Primários em spray
Já adivinharam! São primários que se vendem sob a forma de spray, em latas!
E há tantas marcas!!!!
Se estiverem interessados podem ler um comparativo sobre estes primários aqui: http://forum.modelismo‐
na.net/viewtopic.php?t=5310
É claro que existe sempre aquele pessoal que nunca está contente com o que tem e então dá‐se ao trabalho de
decantar o primário em spray para um frasco, para depois o aplicar a aerógrafo.
A vantagem é um melhor e maior controlo na aplicação do primário, pois o bico e a pressão de uma lata de spray
não se comparam com a precisão de um aerógrafo.
A desvantagem é a “chatice” adicional de decantar o produto e limpar depois o aerógrafo. Enfim, mais uma vez é a
tal questão de gosto pessoal.
Para além das marcas retratadas na figura anterior, existem muitas mais, como a MOTIP, Andrea, Citadel, etc, etc,
sendo o modo de utilização muito idêntico.
Autor: António Sobral Página 43
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Como aplicar o primário em spray?
Antes de aplicar o primário, convém que a superfície do modelo esteja bem limpa e isenta de poeiras e gorduras.
Para isso é conveniente que no final da montagem se lave o modelo todo com água, detergente e uma escova
/pincel pequeno, e se deixe depois a secar de forma a evaporar toda a água. A partir daqui é conveniente pegar no
modelo apenas com luvas de borracha ou algodão.
O primário, para agarrar bem, necessita de uma certa rugosidade na superfície que o recebe. Se esta for demasiado
lisa, o primário pode formar uma película e não agarrar bem.
Daí que em superfícies muito lisas e de alguma dimensão, convenha dar uma passagem com lixa muito fina (1000,
por exemplo), de forma a criar alguma irregularidade a que o primário se possa agarrar.
Isto não traz qualquer problema, pois o primário vai tapar tais minúsculas irregularidades e ficar com um
acabamento uniforme.
Agora que já temos o modelo preparado e limpo é tempo de lhe aplicar o spray.
E para isso utilizam‐se as técnicas e as considerações habituais da pintura em spray:
1 ‐ Agitar muito bem a lata (bastantes minutos). Isto é fundamental para atomizar e homogeneizar bem a tinta, e
permitir uma boa cobertura e acabamento.
2 ‐ Experimentar primeiro o spray sem ser sobre o modelo! Dar várias passagens lentas num jornal velho, por
exemplo, de forma a fazer sair a parte não homogénea e cheia de gás e até se obter um traço uniforme e sem
escorrer.
3 ‐ Dar várias passagens leves sobre o modelo (começando antes do modelo e terminando depois do modelo),
deixando secar alguns minutos entre elas.
4 ‐ No final deixar secar bem (24 horas) de forma a que os solventes dissolvidos no primário evaporem livremente,.
Outras dicas de utilização:
‐ Para melhor atomização da tinta, para além de agitar bem a lata, convém mergulhá‐la em água quente durante
alguns instantes. Esta dica é particularmente importante em tempo frio e húmido como o actual.
‐ Evitar gastar a lata mesmo até ao fim. É nessa altura que as desgraças costumam acontecer com mais frequência.
Entupimentos, bolhas de tinta a saltar para o modelo, falta de pressão, etc.
‐ Se pegarmos no modelo com a mão, convém usar uma luva para evitar ficar também com a mão “pintada”!
Exemplos
E para finalizar aqui ficam dois exemplos típicos de utilização do primário.
O primeiro exemplo é um kit simples, todo em plástico, à escala 1/72, em que a aplicação do primário permitiu
detectar algumas falhas e cobrir as lagartas em vinilo.
Autor: António Sobral Página 44
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Aspecto do modelo no final da fase de montagem:
Aspecto depois do primário aplicado:
Autor: António Sobral Página 45
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E depois finalmente com a cor aplicada:
O segundo exemplo é já bastante mais complexo, e trata‐se de um kit em resina com bastantes partes em metal e
algumas em plástico, com as consequentes zonas de várias cores:
Autor: António Sobral Página 46
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Depois da aplicação do primário, ficou com uma cor uniforme, e pronto a receber a cor base:
A aplicação da cor base ficou assim muito mais facilitada:
Autor: António Sobral Página 47
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Conclusão
Embora este passo seja opcional, recomenda‐se vivamente a aplicação do primário, e espero que estas informações
sejam úteis a alguém!
Infelizmente esta é uma actividade / tarefa que não deu para tirar grandes fotos da evolução passo‐a‐passo, mas se
tiverem dúvidas é só dizer!
E terminada esta fase podemos finalmente avançar par a pintura.
Autor: António Sobral Página 48
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Pintar a pincel
Introdução
Toda a gente sabe que a pintura é a “alma” de um modelo. E é ela que pode tornar aquele monte de peças de
plástico e metal coladas entre si numa obra de arte...ou numa grande tristeza para o modelista. E para evitar esta
última situação, a resposta está em treinar e praticar o mais possível.
Em modelismo existem basicamente dois métodos de pintura: a pincel ou a aerógrafo, e como isto é um “curso”
básico, vamos tratar da forma mais simples e acessível a todos os modelistas, que é a pintura a pincel.
Quanto aos tipos de tinta, os mais utilizados em modelismo são os acrílicos e os esmaltes. Embora vá utilizar acrílicos
nos exemplos seguintes, que é o tipo de tinta actualmente mais vulgarizado e facilmente disponível para modelismo,
a forma de trabalhar com esmaltes é algo semelhante, e os princípios básicos os mesmos.
Arrumada que está a questão do tipo de tinta e do método de pintura, passo a apresentar‐vos o meu assistente: o Sr
Porco.
Autor: António Sobral Página 49
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Este meu fiel auxiliar é quem atura quase todas as minhas experiências modelísticas que envolvem pintura, e para
esta sessão teve de levar um banho de Forza seguido de uma massagem vigorosa com palha‐de‐aço, para activar a
circulação, ficando assim:
Não está bonito mas está prático e tem ali uns belos costados para levar com tinta em cima!
Materiais a utilizar
Os materiais a utilizar são poucos e de fácil aquisição:
‐ tintas acrílicas
‐ pincéis
‐ outros
‐ vareta para mexer a tinta
‐ papel absorvente
‐ godé para diluir a tinta
‐ água
‐ produtos de limpeza para pincéis
Tintas Acrílicas
Autor: António Sobral Página 50
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Em termos de tintas acrílicas, existe uma enorme variedade de marcas e linhas de produtos.
A figura seguinte ilustra bem essa situação:
São quase todas sobejamente conhecidas, e algumas até têm fama de não prestar para pintar a pincel.
Posso dizer que isso é uma espécie de mito urbano, que já experimentei pintar a pincel com elas todas, e todas
funcionam.
Obviamente que existem umas mais fáceis de trabalhar do que outras, mas é questão de se lhe conhecer as
“manhãs”, e depois disso as diferenças são mínimas, e o resultado final muito semelhante.
E nada melhor do que usar as tintas da Tamiya para exemplificar esta coisa de pintar a pincel, já que são das que pior
fama têm nesta área.
E se conseguimos pintar a pincel com as da Tamiya, então todas as outras irão parecer fáceis em comparação!
Autor: António Sobral Página 51
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Pincéis
Quanto aos pincéis vale mais ter poucos mas bons.
2 ou 3 redondos e 2 ou 3 planos são mais do que suficientes para a esmagadora maioria dos trabalhos.
Por exemplo, normalmente utilizo estes:
Pincéis redondos:
Pincéis planos:
Autor: António Sobral Página 52
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
A única excepção é na pintura das caras das figuras, em que investi mais algum dinheiro nos famosos Série 7 da
Winsor & Newton.
Mas este é só um aparte, pois nesta fase queremos manter as coisas simples e mais económicas.
Existe ainda outra categoria que são os pincéis inúteis: São aqueles que se compram a pensar que se vão utilizar e
depois afinal nunca se utilizam. No meu caso são estes:
Autor: António Sobral Página 53
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Para terminar isto dos pincéis, só uma dica final. Mesmo depois de velhos não os deitem fora!
Apesar de já não servirem para pintar, estes trastes velhos que se vão arrastando lá pela bancada de vez em quando
dão jeito para outras tarefas, como seja, aplicar putty, pigmentos, pastéis, a técnica do pincel seco, etc., etc.
Enfim muitas tarefas que estragariam um pincel em bom estado!
Outros elementos
Vareta para misturar a tinta
O próprio nome diz tudo. Trata‐se de uma vareta feita de um bocado de “sprue”, arame, madeira, etc. E que serve
para introduzir no frasco da tinta e mexe‐la bem de forma a homogeneizar os vários componentes da tinta de forma
a permitir a melhor pintura possível
Papel absorvente
Serve para absorver o excesso de tinta do pincel, e para limpeza dos pincéis, godé, etc.
Godé
Serve qualquer tipo de recipiente de dimensão adequada à área a pintar, que permita diluir a tinta e disponibilizá‐la
para utilização com o pincel.
Água
Normal da torneira, de garrafa ou destilada, qualquer uma basicamente serve para limpar os pincéis e godés, e diluir
a tinta!
Dizem os purista que não se deve usar água da torneira devido ao cloro dissolvido. Por mim tudo bem, mas nunca
notei diferença!
Autor: António Sobral Página 54
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Se quiserem gastar mais dinheiro, podem sempre utilizar os diluentes da própria marca, mas pessoalmente nunca vi
nenhuma vantagem em usá‐los para a pintura a pincel.
Para a pintura a aerógrafo já é outra história, mas isso fica para outra vez.
Alguns acrílicos também se podem diluir com álcool, mas não recomendo para a pintura a pincel, pois o álcool reduz
tempo de evaporação o que tem como efeito a consequente redução do tempo de vida da tinta no godé e
encurtamento do tempo útil de utilização da tinta.
Ao contrário dos esmaltes, em que mesmo depois de secos, um cheirinho de diluente os faz ficar “como novos”, no
caso de acrílicos, uma vez secos (ou curados, como é fino dizer‐se) estão arrumados, e se for tentada a sua diluição
posterior, o resultado é uma mistura granulosa de aspecto duvidoso e resultados desastrosos.
A figura seguinte ilustra exemplos de todos este elementos:
Autor: António Sobral Página 55
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Produtos de limpeza para pincéis
Para lavar e limpar os pincéis de restos de tinta, para além da água e do álcool , podemos utilizar produtos
comerciais específicos para essa tarefa.
Normalmente basta mergulhar o pincel no produto (retirado para um frasco separado onde se podem mergulhar os
pincéis!) e agitá‐lo de forma a remover os restos de tinta. No final passa‐se o pincel por água limpa, seca‐se e
guarda‐se.
Para além destes produtos líquidos, existem ainda sabões especiais para a limpeza de pincéis, mas nunca os utilizei.
(agora que me lembro uma vez estive para comprar um da W&N, mas não o cheguei a fazer!)
Autor: António Sobral Página 56
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Como pintar
E agora que já conhecemos as ferramentas e a sua finalidade, vamos lá então começar a pintar.
A ordem dos trabalhos é a seguinte:
1º – Abrir o frasco e mexer bem a tinta com ajuda de uma vareta ou qualquer outro instrumento adequado.
Não convém usar pincéis velhos para esta tarefa porque costumam deitar pelos e eventualmente conspurcar a tinta
do frasco com restos de outras tintas que eventualmente contenham.
O ideal mesmo é uma vareta que se possa limpar bem no final e que não permita a acumulação de resíduos.
Autor: António Sobral Página 57
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
2º ‐ Retirar um pouco de tinta para um godé, com a ajuda da própria vareta de misturar, um conta‐gotas ou de um
pincel lavado.
Atenção, que NUNCA, mas mesmo NUNCA se deve pintar directamente do frasco, lata ou qualquer que seja o
recipiente original da tinta!!!!
Autor: António Sobral Página 58
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
3º ‐ Diluir a tinta no godé com água, até a mistura de tinta ficar com uma consistência de leite meio‐gordo, ou seja
algo mais espesso do que a água, mas bastante menos do que quando sai directamente do frasco. Um teste para ver
se a diluição está “no ponto” consiste em humedecer o pincel na tinta diluída e depois fazer um risco no papel
absorvente. Esse risco deve ficar apenas ligeiramente opaco.
4º ‐ Agora que já temos a tinta diluída, é altura então de humedecer o pincel na tinta, escorrer o excesso no papel
absorvente, de forma a que o pincel fique apenas húmido.
Autor: António Sobral Página 59
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
5º ‐ E finalmente, passar o pincel humedecido pela superfície a pintar!
E pronto, basicamente é este o processo!
Agora é questão de saber alguns truques e mezinhas de forma a controlar melhor o processo.
O truque dos acrílicos está em ir dando várias demãos de forma a ir cobrindo gradualmente a superfície a pintar.
As várias demãos convém que sejam bastante diluídas, a fim de permitir uma distribuição e secagem mais uniforme
da tinta, e não esconder os detalhes da peça a pintar.
A quantidade de demãos depende de muitos factores, e é algo que se vai aprendendo com a prática. Direi que algo
entre 3 e 10, dependendo do tipo de acrílico, da superfície a pintar e do grau de cobertura que se queira.
A quantidade de tinta que se leva no pincel também é crítica. Este deve estar apenas húmido e não molhado. Essa
situação é fácil de verificar. Se a certa altura virem que têm líquido “a mais” espalhado pela superfície, isso é sinal
que o pincel está a levar demasiada quantidade de fluido. Em situação normal a única zona que deve estar húmida e
sem líquido a mais, foi a que acabou de ser passada com o pincel.
Outra regra fundamental é deixar secar entre as várias demãos sucessivas (o que felizmente é questão de pouco
tempo com os acrílicos).
Para terminar este conjunto de regras básicas, convém salientar que, numa dada demão, não convém passar muitas
vezes com o pincel sobre a mesma zona. Uma ou duas vezes (no máximo) é o suficiente. Caso contrário pode‐se
correr o risco da pintura “lustrar” em algumas zonas, com o aparecimento de zonas de brilho e tonalidade diferente.
Autor: António Sobral Página 60
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E agora que já sabemos os truques vão a ver uns exemplos práticos de pintura, com a evolução ao longo das várias
demãos.
1ª demão: Não se preocupem com zonas mais claras s e mais escuras e irregularidades. Isso vai desaparecer à
medida que se forem dando as demãos posteriores. Lembrem‐se que este é um processo gradual. Mais vale dar 3
demãos diluídas demais do que 1 concentrada demais!
2ª demão
Autor: António Sobral Página 61
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
3ª demão
4ª demão:
Autor: António Sobral Página 62
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E é melhor ficarmos por aqui, que senão isto fica aborrecido!
Mas como já perceberam o esquema, agora é só praticar!
Exemplo com outra cor:
1ª demão:
2ª demão
Autor: António Sobral Página 63
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E algumas demãos depois....
Mais outra cor para exemplificar:
Agora para exemplificar mudei do pincel redondo que estava a usar até agora, para um pincel largo, que permite
uma melhor cobertura no caso de grandes superfícies planas!
1ª demão
Autor: António Sobral Página 64
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
2ª demão:
E algumas demãos depois, e outra cor para exemplificar:
Autor: António Sobral Página 65
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Algum tempo (leia‐se demãos) depois....
E agora outra cor:
1ª demão
Autor: António Sobral Página 66
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Algumas demãos depois, e outra cor para exemplificar e terminar:
E novamente algumas demãos depois, a obra já terminada!
Autor: António Sobral Página 67
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Como podem ver, afinal as tintas da Tamiya dão para perfeitamente para pintar a pincel, por isso , da próxima vez
que ouvirem alguém queixar‐se que não consegue pintar, e que a tinta encaracola, e não sei quê, e mais desculpas,
digam‐lhe que o truque está na água. Eles que diluam bem a tinta e apliquem várias demãos!!!!
Mas isto foi uma pintura de superfícies simples. E se quisermos uma pintura camuflada?
É basicamente a mesma coisa!
Primeiro a cor base:
Depois aplica‐se a segunda cor, de acordo com o método atrás explicado, tendo apenas o cuidado de seguir os
mesmos contornos nas subsequentes demãos!
Autor: António Sobral Página 68
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E depois de várias demãos da segunda cor da camuflagem, é altura de introduzirmos a terceira cor!
Autor: António Sobral Página 69
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E algumas demãos depois podemos dar a obra por concluída!
Como podem facilmente ter comprovado, existem cores que cobrem melhor e outras que cobrem pior e cuja
aplicação é mais problemática. Isso é normal e é um conhecimento que se vai adquirindo com o tempo e a
experiência.
Para além disso o artista também não é propriamente o da Vinci....
Para conseguir completar esta lição em tempo útil acelerei o processo de secagem entre demãos com o auxílio de ar
comprimido. Esse ar forçado sobre as superfícies a secar por vezes provoca alterações pontuais da tonalidade em
algumas áreas, pelo que se recomenda a secagem natural da pintura!
Conclusão
Afinal pintar a pincel não é nada de transcendente, pois não?
Basta seguir algumas regras básicas e de bom senso, e a obra aparece feita.
De fora ficaram alguns casos (pinturas brilhantes de automóveis civis, por exemplo), mas paciência. Quem dá o que
tem a mais não é obrigado!
Por isso, nada de medos. Peguem no pincel e toca a trabalhar!!!!
Mas atenção que isto pintar a pincel não é para todos!
Há sempre aqueles que não dispensam o seu aerógrafo!
Autor: António Sobral Página 70
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Pintar a aerógrafo
E finalmente cá está o raio da coisa, que bem custou a produzir!
Algumas das imagens utilizadas (as mais foleiras, a peto e branco) foram flagrantemente gamadas da net, sem
vergonha nenhuma. As outras todas (as mais bonitas!) são minhas.
Nota introdutória
Este pequeno tutorial é fundamentalmente sobre a iniciação à pintura com aerógrafo.
Não se discutem marcas ou modelos nem de aerógrafos nem de compressores, nem seus méritos relativos, nem se
ensina a montar nem a desmontar aerógrafos, dado ser uma tarefa muito específica de cada marca e modelo, e
também não se discutem tipos e marcas de tintas.
Todos esses pontos já foram abordados quase até à exaustão em diversos tópicos e noutros fórum, e não fazem
parte do objectivo da presente missiva.
Se, mesmo assim, quiserem continuar a leitura, sejam bem‐vindos!
1. Introdução
O aerógrafo é uma ferramenta de pintura que emprega uma técnica de aplicação da tinta atomizada através da
utilização de um fluxo de ar associado. Neste caso o ar torna‐se o pincel, daí o nome “airbrush”, em Inglês!
Esta ferramenta é bastante utilizada em várias áreas de actividade, desde as belas‐artes até à pintura de unhas,
passando pelo modelismo, que vai ser o nosso principal enfoque.
2. Tipos de aerógrafos
A diferença principal entre os diversos tipos de aerógrafos está na forma de juntar o ar e a tinta, que pode ser
realizada de 2 maneiras:
Mistura interna
Tal como o nome indica, o ar e a tinta misturam‐se dentro do aerógrafo. Este tipo de aerógrafo é mais indicado para
trabalhos mais finos, delicados e de maior detalhe.
Autor: António Sobral Página 71
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Mistura externa
Neste caso o ar e a tinta misturam‐se fora do aerógrafo. Este tipo de mistura produz um jacto de tinta mais largo que
os de mistura interna tendo como resultado uma pintura mais grosseiro. É o ideal para pulverizar grandes áreas e
aplicação de fundos.
Dentro destes dois tipos, podemos ter 2 variantes, que são:
Acção Simples
Este tipo de aerógrafo é activado apenas comprimindo o gatilho, o que faz libertar um jacto de ar e tinta
simultaneamente. Devido à pouca, ou nenhuma, regulação da mistura ar/tinta e controle da dimensão do jacto, são
indicados para trabalhos mais simples.
Autor: António Sobral Página 72
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Acção Dupla
Neste tipo de aerógrafo podemos controlar independentemente o ar e a tinta. Quando se aperta o gatilho, dispara‐
se apenas o ar, e à medida em que o gatilho é puxado para trás, a tinta é progressivamente libertada.
Desta forma obtém‐se uma regulação da quantidade de tinta que se pretende utilizar, podendo produzir tanto
traços muito finos como jactos maiores. É o modelo mais utilizado por quem necessita de trabalhos de maior
precisão.
E, finalmente, em relação à alimentação da tinta, também temos 2 variações possíveis, que são:
Alimentação por gravidade
São os modelos que possuem o reservatório onde de tinta em cima ou ao lado do corpo do aerógrafo. Desta forma a
tinta vai para o aerógrafo através da acção da gravidade. Este tipo de alimentação exige menor pressão do ar,
permitindo movimentos mais lentos, o que cria excelente controle para aplicações delicadas. Permite, também,
utilizar a tinta de forma mais económica. Uma vez que se coloca a tinta directamente dentro do aerógrafo, pode‐se
preparar uma quantidade pequena de tinta que será utilizada em sua totalidade.
Autor: António Sobral Página 73
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Alimentação por sucção
Este tipo de aerógrafo possui a alimentação de tinta abaixo do corpo do aerógrafo, exigindo uma pressão um pouco
maior para forçar a saída da tinta. Por trabalhar por sucção ele vai necessitar de uma quantidade de tinta um pouco
maior, não permitindo seu uso na totalidade devido às limitações do processo.
Resumindo:
‐ Mistura externa ou interna
‐ Acção simples ou dupla
‐ Alimentação por gravidade ou sucção
Todos podem ser utilizados em modelismo, desde que se compreendam e respeitem as suas possibilidades e
limitações, de forma a não haver desapontamentos nem surpresas desagradáveis!
Todos têm vantagens e desvantagens, por isso a escolha é mais uma questão de gosto pessoal e disponibilidade
financeira. Mas lembrem‐se que é o artista que faz a obra, não é a ferramenta!
O meu é este:
Autor: António Sobral Página 74
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
3. Fonte de ar para o aerógrafo
Existem diferentes tipos de aerógrafo, mas todos têm uma coisa em comum ‐ necessitam uma fonte de ar para
poder funcionar.
A fonte de ar pode ser um compressor, um depósito de CO2 ou mesmo uma lata de ar comprimido. O importante é
que essa fonte forneça uma pressão de ar constante e livre de humidade e impurezas.
A maioria dos aerógrafos necessita de 10 – 25 psi de pressão de ar para funcionar correctamente com os tipos de
tinta mais utilizados em modelismo: esmalte, acrílicas e lacas.
A ligação entre o aerógrafo e a fonte de ar é normalmente realizada com uma mangueira devidamente terminada
nos conectores apropriados para se adaptar ao aerógrafo e à fonte de ar.
Exemplo:
E aqui fica uma pequena tabela de conversão psi ‐ bar, para os que têm os manómetros calibrados em Bar:
10 psi ‐ 0,7 Bar
15 psi ‐ 1,0 Bar
20 psi ‐ 1,4 bar
25 psi ‐ 1,7 Bar
30 psi ‐ 2,0 Bar
Os valores são arredondados à décima para facilitar!
Autor: António Sobral Página 75
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
3 A – Segurança e equipamento de protecção
Como devem imaginar, isto de pulverizar partículas finas para o ar perto da nossa cabeça tem algumas
desvantagens, entre as quais, a das ditas partículas poderem ir parar dentro dos nossos pulmões, através da
respiração.
Existem basicamente duas soluções: ou deixamos de respirar enquanto pintamos, o que até funciona se formos
todos campeões de apneia, ou então utilizamos um sistema de filtragem do ar que respiramos, de forma a evitar a
entrada dessas partículas em suspensão no ar nos nossos queridos pulmões.
Esse sistema de filtragem é a vulgar máscara de protecção, que deverá vir equipada com os filtros adequados para o
tipo de produtos com que trabalhamos (vapores orgânicos), como a mostrada na figura, e que se podem adquirir nas
casas que vendem equipamentos de segurança e protecção.
As vulgares máscaras de cartão da farmácia não servem, por isso escusam de perguntar!
Uma boa forma de verificar se a máscara resulta ou não é através do olfacto. Se, enquanto pintam, conseguirem
detectar algum odor, isso é sinal que a máscara não está a funcionar correctamente, pois não deverão sentir
qualquer cheiro!
Autor: António Sobral Página 76
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
4. Outros acessórios
Para além dos 4 itens essenciais já falados (aerógrafo, fonte de ar, mangueira e máscara de protecção) existem ainda
vários acessórios que simplificam bastante a vida do utilizador do aerógrafo, nomeadamente
1. Suporte /descanso para aerógrafo
2. Recipiente para limpeza
3. Cabina de pintura
Tanto podem ser comprados já feitos como improvisados em casa, havendo milhentas variações de cada um deles.
Novamente é uma questão de gosto pessoal e disponibilidade financeira.
Exemplos:
Autor: António Sobral Página 77
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Autor: António Sobral Página 78
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
5. Como manipular no aerógrafo
Antes de começar a pintar com o aerógrafo, convém saber a forma correcta como este se segura e manipula:
Tal como a figura indica, o aerógrafo deve ser segurado na mão como se de um lápis ou caneta se tratasse, de uma
forma que seja confortável para o utilizador, nem muito largo nem muito apertado, e utilizando o indicador para
controlar o gatilho.
O aerógrafo deverá ser mantido sempre na perpendicular à superfície a pintar.
Agora que já sabemos segurar devidamente no instrumento, vamos começar a apertar literalmente com ele!
Imaginando que temos um aerógrafo de acção dupla, ao carregar no gatilho, vamos accionar apenas o jacto de ar,
não havendo libertação de tinta nesta fase.
Apenas quando começamos a puxar lentamente o gatilho para trás é que o aerógrafo começa a projectar tinta,
numa quantidade proporcional ao curso do gatilho, até ao máximo possível, quando puxamos completamente o
gatilho para trás.
Autor: António Sobral Página 79
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E então, seguindo estas simples indicações, podemos finalmente começar a pintar:
Simples, não é?
Autor: António Sobral Página 80
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
6. Tintas e Diluições
Agora que já falámos do aerógrafo vamos falar do outro elemento essencial para a pintura, e que é a tinta.
Em modelismo utilizam‐se fundamentalmente três tipos de tinta: acrílicos, esmaltes e lacas, e em todos os casos é
necessário diluir a tinta para ser utilizada no aerógrafo, pois tal como sai do frasco ou da lata, é normalmente
demasiado espessa.
O diluente a utilizar depende do tipo de tinta. Regra geral utiliza‐se “Lacquer thinner” para lacas, diluente sintético
ou diluente da marca para esmaltes, álcool (etílico ou isopropílico) ou diluente da marca para acrílicos á base de
álcool, e água, líquido limpa‐vidros ou diluente da marca, para acrílicos à base de água.
Autor: António Sobral Página 81
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
O grau de diluição necessário depende obviamente da pressão de ar com que trabalhamos, mas como regra geral, e
para pressões em torno dos habituais 15 a 20 psi, dilui‐se a tinta até ficar com a famosa consistência do leite, ou seja
mais espessa do que a água mas suficientemente líquida para escorrer com facilidade pelo copo do aerógrafo.
Para colocar a tinta e o diluente no copo ou depósito do aerógrafo normalmente utiliza‐se um conta‐gotas, uma
pipeta ou um simples pincel, conforme a disponibilidade do momento.
O conta‐gotas é o melhor para principiantes, pois permite uma dosagem mais precisa e fácil de seguir, tanto da tinta
como do diluente.
A ordem por que se colocam os ingredientes é irrelevante, pois vão ter de ser posteriormente misturados muito
bem, de maneira a formar um todo homogéneo e sem grumos ou irregularidades. Para isso normalmente utiliza‐se
um pincel ou pedaço de sprue, por exemplo.
Autor: António Sobral Página 82
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
A diluição excessiva de algumas tintas pode ter um efeito adverso em termos de falta de aderência da tinta á
superfície depois de aplicada, por isso cuidado com os excessos, especialmente no caso de tintas baseadas em água!
Por isso, e mais uma vez, o melhor mesmo é ir experimentando quais os graus de diluição que funcionam melhor no
vossa situação em particular.
Normalmente existe uma diferença entre tintas preparadas para aerógrafo e as de aplicação a pincel, em termos de
dimensão do pigmento da própria tinta, mais fino no caso das tintas de aerógrafo, de forma a fluírem melhor e evitar
entupimentos.
O grau de diluição também depende obviamente da dimensão do bico do aerógrafo, dado que, para uma dada
pressão de ar, um bico de 0,5mm permitir uma maior saída de tinta do que um bico de 0,2mm, por exemplo.
E agora uma dica muito importante;
É sempre boa ideia experimentar primeiro o aerógrafo numa superfície de teste, para garantir que está a funcionar
correctamente, antes de aplicar a cor no modelo!
Acreditem se quiserem, mas este procedimento simples pode poupar muitas horas de trabalho!
7. Que dimensão do bico do aerógrafo escolher?
Esta é para mim uma questão secundária, mas que enerva muito boa gente!
Para simplificar e evitar mais discussões eu diria que um bico 0,2mm é mais do que suficiente para as pinturas e
detalhes mais finos, e que um bico de 0,4mm é mais do que suficiente para uma cobertura de superfícies mais
extensas.
Bico 0,4mm e 0,2mm:
Autor: António Sobral Página 83
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Claro que, se quiserem fazer colecção de bicos estão à vontade (como aquela conhecida marca de aerógrafos de
plástico que tem para aí alguma dúzia de bicos diferentes!), mas depois de algum tempo hão‐de‐me dizer quantos é
que usam!
Pessoalmente já desisti de andar sempre a mudar de bico, e já só uso o de 0,2mm, que até agora me tem dado para
fazer tudo o que quero, mas isso sou eu que sou preguiçoso!
8. É tudo uma questão de equilíbrio!
Uma pintura a aerógrafo com sucesso depende fundamentalmente de um delicado equilíbrio das seguintes
variáveis:
‐ Pressão do Ar (psi)
‐ Relação Tinta / Diluente (Viscosidade)
‐ Distância de Pintura (Proximidade)
A perfeição atinge‐se quando se equilibram estes três factores!
Para realizar traços finos
Para se conseguirem produzir traços finos, há dois métodos quase antagónicos no que diz respeito ao ponto de
equilíbrio das variáveis atrás referidas
O Método 1 utiliza:
‐ Tinta mais espessa (viscosidade elevada)
‐ Maior pressão de ar (20 ‐ 30 psi)
O Método 2 utiliza:
‐ Tinta mais líquida (viscosidade baixa)
‐ Menor pressão (10 ‐ 20 psi)
A escolha é vossa, e é conveniente experimentarem ambos os métodos, nem que não seja para apreciarem as
diferenças obtidas.
Como tudo na vida, ambos os método têm vantagens e desvantagens.
A desvantagem do Método 1 é a da acumulação de tinta no bocal e agulha, o que pode provocar entupimentos, que
provocam a interrupção a sessão de pintura para limpeza.
Esta situação é mais notória na pintura com acrílicos, dado que os esmaltes têm tendência para se voltarem a
dissolver quando as acumulações secas entram em contacto com o jacto de pintura, contendo solventes húmidos, o
que não se passa com os acrílicos, que uma vez secos perdem as suas propriedades de dissolução.
O Método 1 necessita que se trabalhe rapidamente e com o aerógrafo sempre em constante movimento sobre a
superfície a pintar, de maneira a não formar acumulações. A vantagem é de que se obtém uma melhor cobertura
sem o risco de formação das famosas “patas de aranha”.
As desvantagens do Método 2 são, por outro lado, uma cobertura e uma atomização da tinta menos eficazes (devido
ao baixo psi). Tem, por outro lado, a vantagem de permitir um maior controlo e a capacidade de ir “construindo” a
cor em múltiplas passagens (demãos).
Autor: António Sobral Página 84
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Posto isto, qual o equilíbrio ideal?
Infelizmente a resposta reside na própria viscosidade da tinta, de forma que, entre estes dois métodos tão
diferentes mencionados, reside algures o ponto de equilíbrio ideal que se adapta melhor às necessidades e
aspirações de cada um. Não há fórmulas mágicas universais. O truque mesmo é ir experimentando!
Para realizar a cobertura de grandes áreas
Neste caso, a pressão e a viscosidade da tinta não são tão críticas devido ao maior jacto de saída sobre uma
superfície maior. Tomando em consideração as variáveis mencionadas, um pressão mais elevada e uma tinta menos
diluída é a combinação ideal para se obter uma máxima cobertura no menor tempo possível.
Em resumo, para linhas, trabalhos mais delicados, envelhecimentos e a aplicações locais é recomendável utilizar o
Método2 (baixa pressão / tinta mais líquida) para maior controlo e não haver o perigo de cobrir detalhes. Para a
cobertura de áreas grandes o Método 1 (alta pressão / tinta espessa) é superior, permitindo uma cobertura mais
uniforme e consistente.
9. Problemas mais comuns
Os casos seguinte retratam alguns exemplos de utilização um aerógrafo, com dicas para correcção das anomalias
mais comuns.
Linhas Irregulares
Causas: Pressão de ar insuficiente ou com variações.
Soluções: Diluir mais a tinta ou utilizar um compressor equipado com um depósito.
Autor: António Sobral Página 85
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Patas de Aranha
Causas: Tinta demasiado diluída ou aerógrafo demasiado perto da superfície
Soluções: Aumentar a distância de pintura e/ou diminuir a pressão do ar.
Pontos nas extremidades das linhas
Causas: Libertar o gatilho demasiado depressa e/ou continuar com o jacto de tinta aberto após ter parado o
movimento do aerógrafo.
Soluções: Praticar uma libertação suave do gatilho. Suspender o jacto de tinta no fim do movimento do aerógrafo.
Autor: António Sobral Página 86
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Linhas Assimétricas
(afiados num bordo, e difusos no noutro bordo)
Causas: Agulha torta, o aerógrafo não está perpendicular á superfície a pintar, acumulação de tinta ou partículas de
tinta a obstruir o bico do aerógrafo.
Soluções: Endireitar ou substituir a agulha, limpar o bico e arredores, utilizar o aerógrafo perpendicular á superfície a
pintar.
Tinta demasiado espessa
Causas: Pressão de ar insuficiente e/ou insuficiente diluição da tinta.
Soluções: Mais pressão de ar e/ou diluir mais a tinta
Autor: António Sobral Página 87
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Tinta demasiado líquida
Causas: Diluição excessiva da tinta
Soluções: Aumentar a pressão do ar e/ou diluir menos a tinta
Autor: António Sobral Página 88
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
10. Exercícios práticos
Vamos então praticar um pouco, utilizando uma folha de papel, cartolina ou cartão, para começar
Primeiro começamos com uns X’s
Pressão de ar: 15 a 20 psi.
Espessura da tinta: consistência de leite.
Aerógrafo utilizado: dupla acção
Começar por um jacto de tinta mais largo, segurando o aerógrafo aproximadamente 10 a 15 cm da superfície.
Depois vá aproximando progressivamente o aerógrafo da superfície à medida que diminui o jacto de tinta, até
conseguir duplicar os X’s da última linha, que foram feitos com o aerógrafo quase a tocar o
papel.
Autor: António Sobral Página 89
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Agora experimentamos uns X’s
Usando a mesma técnica do exemplo, anterior, vamos agora fazer Os.
Começamos novamente com mais tinta, a uma maior distância, e depois vamos diminuindo progressivamente quer a
quantidade de tinta, quer a distância.
Autor: António Sobral Página 90
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Agora experimentamos fazer Quadrados
Começamos novamente com mais tinta, a uma maior distância, e vamos diminuindo progressivamente quer a
quantidade de tinta, quer a distância.
Autor: António Sobral Página 91
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Passemos aos Pontos
Primeiro começamos com mais tinta / maior distância
Depois com menos tinta / muito perto.
Finalmente, com ainda menos tinta / mas afastando um pouco mais
Autor: António Sobral Página 92
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E ainda mais Pontos
Por esta altura o compressor já funcionou durante um bocado, e a mangueira de ligação ao aerógrafo já tem alguma
humidade condensada no interior.
De maneira que, de vez em quando, o aerógrafo começa a “cuspir” alguma água, juntamente com a tinta,
arruinando a pintura.
É por isto que um filtro de humidade é quase obrigatório para impedir este fenómeno de acontecer!
Autor: António Sobral Página 93
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Manter a distância
Manter a distância à superfície é muito importante. Reparem, no exemplo seguinte, como a mesma quantidade de
tinta e a mesma pressão de ar têm resultados diferentes, à medida que a distância do aerógrafo à superfície diminui.
Em situações extremas podemos chegar a criar poças de tinta na superfície!
Cobertura de grandes áreas
Nesta situação em que se pretende pintar áreas relativamente grandes, um erro comum é o de fazer ziguezagues
sobre a superfície do modelo, o que causa uma acumulação excessiva de tinta nas extremidades.
Devem‐se sempre fazer passagens em linha recta, abrindo o jacto de tinta antes de atingir a superfície a pintar, e
fechando‐o apenas depois de passar a superfície a pintar. Depois é fazer a mesma operação no sentido inverso!
Autor: António Sobral Página 94
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Nada mais fácil, basta um pouco de atenção. E ao fim de uns tempos torna‐se uma prática automática, e já nem
pensamos nela!
Vejamos um caso clássico de ziguezague sobre o modelo:
Autor: António Sobral Página 95
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Fazer “Degradés”
Esta é uma técnica que se baseia numa aplicação da tinta suave, começando num extremo (neste caso, o fundo) e ir
afastando progressivamente o aerógrafo, á medida que se vai igualmente diminuindo a quantidade de tinta
enquanto se progride até ao outro extremo (neste caso, o topo).
Lembrem‐se que se deve continuar os movimentos até ultrapassar a superfície a pintar, de forma a garantir uma
cobertura uniforme, e não haver acumulação de tinta nas extremidades, conforme explicado no caso anterior.
Autor: António Sobral Página 96
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
11. E agora que já estamos confiantes?
Uma vez familiarizados e confortáveis com a utilização do aerógrafo, é a altura ideal de testarmos as nossas
habilidades num modelo velho, e repetir todos os exercícios anteriormente descritos.
Vão descobrir que existem algumas diferenças interessantes em termos da quantidade de tinta necessária para
produzir os “problemas” atrás descritos, que é neste caso bastante menor, de forma que vamos ter de ajustar a
nossa técnica e o aerógrafo a esta nova realidade, até conseguirmos reproduzir num modelo velho os exercícios
anteriormente feitos em papel ou cartão – mesmo os errados.
O objectivo é conseguirmos, no limite, uma linha da espessura da de um lápis afiado, com ambos os bordos com
igual difusão, sem interrupções, escorrimentos ou patas de aranha.
Lembrem‐se que quanto mais perto estiver o bico do aerógrafo da superfície mais focado e estreito é o jacto de
tinta. Por exemplo, para se obterem pontos da dimensão dos pontos finais que aparecem no texto deste tópico, o
bico do aerógrafo deverá estar quase a tocar na superfície a pintar.
Mas isso é um caso extremo. Para a maioria dos trabalhos de modelismo, o aerógrafo deverá ser utilizado
substancialmente mais afastado do modelo.
Autor: António Sobral Página 97
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E pronto. Agora que já praticámos em papel e num modelo velho, e os resultados são agradáveis á vista, estamos
prontos para avançar para o mundo real, e começarmos a pintar os nossos modelos.
Quem quiser atalhar caminho, e não quiser praticar primeiro, pode fazê‐lo, mas os primeiros modelos vão ter de
servir forçosamente de cobaia, portanto nada de queixas!
12. Limpeza do aerógrafo
E quando acaba a diversão, é tempo de arrumar e limpar a casa, o que é, para muitos, a tarefa mais aborrecida!
Mas a limpeza do aerógrafo é parte essencial da rotina de trabalho que não deve ser descurada, sob pena de
prejudicarmos as sessões de pintura seguintes, e o próprio aerógrafo nos casos mais graves.
Quando, no meio de uma sessão de pintura, se muda de cor, basta fazer uma limpeza mais “superficial” do
aerógrafo, que consiste em remover os restos de tinta que estão no aerógrafo, e depois carregá‐lo com um pouco do
produto apropriado para limpeza (diluente no caso de esmaltes, álcool ou líquido limpa‐vidros no caso de acrílicos) e
accionar o jacto algumas vezes até sair limpo.
Autor: António Sobral Página 98
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Autor: António Sobral Página 99
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Quando se acaba uma sessão de pintura deve‐se então fazer uma limpeza completa e exaustiva do aerógrafo,
desmontando as várias peças por onde passa a tinta (agulha, bico, ponteira, etc.) e limpando‐as com o líquido
apropriado (diluente no caso de esmaltes ou lacas, álcool ou líquido limpa‐vidros no caso de acrílicos).
Nos casos mais difíceis pode‐se deixar as peças mergulhada no líquido de limpeza durante algum tempo, par
amolecer os detritos acumulados e ser mais fácil a sua posterior remoção.
Para a limpeza das peças mais pequenas utiliza‐se muitas vezes pequenas escovas inter‐dentárias (à venda nas
farmácias e supermercados) e escovilhões de limpeza de cachimbos (à venda nas tabacarias), ou mesmo acessórios
exclusivos da própria marca.
Tudo é válido, desde que não risque ou danifique as peças delicadas do aerógrafo, que não deixa de ser um
instrumento de precisão!
Autor: António Sobral Página 100
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Para além dos produtos de limpeza genéricos atrás mencionados (diluente no caso de esmaltes, álcool ou líquido
limpa‐vidros no caso de acrílicos), existem ainda à venda produtos específicos e dedicados para a limpeza de
aerógrafos, e que alegadamente permitem uma limpeza mais eficaz. É questão de experimentarem e depois tirarem
as vossas conclusões!
13. Conclusão
O aerógrafo é uma ferramenta poderosa e relativamente simples de utilizar, mas que necessita de um período de
aprendizagem e muita prática.
Ter um aerógrafo topo de gama é bom, mas não chega. É preciso praticar, praticar e praticar...
Ler uns tópicos e uns livros sobre o assunto também é bom, mas também não chega. É preciso praticar, praticar,
praticar….
Os resultados das primeiras tentativas podem não ser os melhores, mas com a prática acaba‐se por conseguir. É
preciso é não desistir!
Autor: António Sobral Página 101
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Decalques
1. Introdução
E com a Primavera, chegou a altura de falarmos dos decalques, agora que já sabemos como construir e pintar o
nosso modelo.
Existem basicamente dois tipos de decalques:
1. Decalques “secos”. São os que se aplicam a seco, pelo processo de transferência directa da película de suporte
para a superfície do modelo, através da utilização de fricção mecânica (parece complicado mas não é conforme
veremos adiante!)
2. Decalques “húmidos”. São o tipo mais vulgar que toda a gente conhece, e necessitam de ser demolhados em água
como o bacalhau, de forma a separá‐los do cartão de suporte e activar a cola que têm na parte de trás para depois
serem aplicados no modelo
Embora seja fonte de algum stress para muita gente não há razão para isso, pois os procedimentos são
relativamente simples e fáceis de seguir.
Vamos a isso!
2. Decalques secos
Vamos começar já por estes, que são muito simples e rápidos de aplicar e o risco de algo correr mal é muito baixo.
O grande contra é mesmo o preço e a disponibilidade, pois são mais caros, e as limitações em termos de esquemas
disponíveis e das cores que podem exibir (no início eram quase exclusivamente a preto a branco, embora a situação
tenha evoluído nos últimos anos).
Eis alguns exemplo de decalques secos. Neste caso concreto das marcas MIG e Archer, duas das mais representativas
nesta área:
Autor: António Sobral Página 102
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Para os utilizar, bastam apenas as seguintes ferramentas:
Depois de seleccionarmos o decalque que queremos, recortamo‐lo da folha com o auxílio de uma tesoura pequena
ou de um x‐acto bem afiado, deixando uma pequena margem adicional de película de suporte, que vai servir para a
sua fixação ao modelo, conforme veremos adiante
Autor: António Sobral Página 103
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Em seguida colamos dois pedaços de fita‐cola de cada lado da película de suporte do decalque.
Retiramos depois a película de protecção existente na parte de trás do decalque, e aplicamo‐lo na zona do modelo
pretendida, fixando‐o com o auxílio dos dois pedaços de fita‐cola.
Autor: António Sobral Página 104
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Utilizando agora uma ferramenta com uma ponta relativamente afiada rombo (um lápis, por exemplo) vamos
pressionando ao de leve a película de suporte, de forma a que o decalque se separe desta e se cole à superfície do
modelo, mas sem o marcar.
Vamos continuar até que todo o decalque tenha sido transferido para a superfície
Autor: António Sobral Página 105
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No final retiramos com cuidado a película de suporte
Para terminar passamos cuidadosamente com um pano ou papel macio... e já está!
Autor: António Sobral Página 106
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Eu disse que não era difícil, não disse?
Passemos então aos outros!
3. Decalques húmidos (parece mesmo o título de um filme para adultos!)
Bom, este tipo de decalques dispensa apresentação, pois são aqueles que normalmente acompanham todo o tipo de
kits, dos mais pequenos e baratos, aos maiores e mais caros.
A sua aplicação necessita de uma fase em que são mergulhados em água, para os separar do cartão de protecção
onde vêm agarrados, e para activar a cola que têm na parte de trás, para aderirem ao modelo.
Aqui estão alguns exemplos:
Normalmente estes decalques são formados por uma película transparente onde é impresso o símbolo, letra ou
desenho que se pretende aplicar no modelo.
E é precisamente essa película transparente que é a grande causadora das maiores dores de cabeça dos modelistas,
e que é preciso tratar com algum cuidado, pois se nos descuidamos, acabamos por ficar com o famoso “silvering”,
em que aparecem uns inestéticos e irrealistas reflexos prateados no interior e nos bordos dos decalques, onde essa
tal película, ao não aderir correctamente à superfície, vai provocar micro‐reflexões aleatórias da luz (explicação fixe,
ein? se tivesse tempo, fazia‐vos um desenho, mas assim vão ter de acreditar na minha palavra!)
Autor: António Sobral Página 107
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
Olhem lá o raio da película:
Tal como em todas as outras áreas, existem bons decalques, e maus decalques.
Existem aqueles cuja película quase nem se nota e se adaptam perfeitamente, e outros em parece que a película é
feita de borracha e não agarram nem por nada deste mundo. Mas felizmente as marcas mais conhecidas têm vindo
ultimamente a dedicar um pouco mais de atenção a esta área, e a subcontratar essa área a firmas especializadas,
como a Cartograf, por exemplo. O problema é quando vamos para firmas mais pequenas e desconhecidas, ou para
kits mais antigos. Aí é uma lotaria, mas adiante.
Agora que já vimos que o grande inimigo deste tipo de decalque são as irregularidades da superfície, já se percebe
porque é que é recomendável, no caso de pinturas mate, passar um pouco de verniz brilhante no local onde vai ser
aplicado o decalque. O verniz tem a propriedade de “alisar” a superfície, de forma a obter‐se uma junção perfeita
desta com o decalque.
Mas lá chegaremos!
Autor: António Sobral Página 108
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Para já vamos ver alguma da tralha que é necessária para a aplicação com sucesso dos decalques húmidos:
As ferramentas e a água (que pode ser da normal, mas quando tirei a foto só tinha à mão o frasco da destilada) já
toda a gente conhece. O elemento menos conhecido são os dois frascos (azul e vermelho) que contêm produtos que
permitem uma melhor aderência e uma melhor conformidade do decalque com a superfície onde vai ser aplicado.
Existem várias marcas e modelos desse tipo de produtos:
Autor: António Sobral Página 109
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Existem uns mais potentes que outros, mas os mais populares e facilmente acessíveis são os famosos Micro‐set e
Micro‐sol, da marca Microscale, pelo que os vamos usar neste exemplo.
O Micro‐Set destina‐se a preparar a superfície onde vai ser aplicado o decalque e a reforçar a colagem deste à
mesma.
O Micro‐Sol destina‐se a amolecer o decalque de forma a adaptar‐me melhor às formas da superfície onde vai ser
aplicado. Isto é especialmente importante em superfícies irregulares, com rebites, linhas de demarcação de painéis,
etc.
Comecemos então!
O primeiro passo é seleccionar os decalques a aplicar, recortando‐os com uma tesoura ou x‐acto.
Depois cortamos os decalques o mais rente possível, de forma a eliminarmos toda a película de suporte excedente.
Para isso utiliza‐se um x‐acto com uma lâmina nova (muita atenção neste ponto, porque é fundamental que a lâmina
corte muito bem, para não provocar irregularidades na linha de corte) e uma régua metálica:
Autor: António Sobral Página 110
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Para as partes curvas utiliza‐se uma tesoura pequena:
O limite é a paciência e a habilidade de cada um (que, conforme se pode ver neste caso, foram ambas poucas!)
E ficamos com os decalques prontos a aplicar.
Agora que já temos os decalques prontos, vamos preparar a superfície.
Tal como falei anteriormente, vamos dar uma demão de verniz brilhante na zona de aplicação.
Autor: António Sobral Página 111
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Quanto a vernizes, desde que seja brilhante qualquer opção é válida! Aqui estão alguns exemplos:
Neste caso usei o Future (mas podem usar Pronto que o efeito é o mesmo, não se preocupem!) e um pincel, e dei
uma demão nas zonas onde queremos aplicar os decalques.
Autor: António Sobral Página 112
[CURSO BÁSICO] de modelismo em plástico
E deixamos secar bem (1 hora chega, mas se deixarem mais até é melhor).
Depois da superfície bem seca, é então altura de dar banho aos decalques. Mergulham‐se em água durante uns
instantes, até se começarem a soltar do cartão de suporte.
Autor: António Sobral Página 113
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Em seguida, aplica‐se um pouco de Micro‐Set na área onde vai ser colocado o decalque.
Retira‐se o decalque da água para cima de um papel absorvente, e deixa‐se escorrer o excesso de água,
Autor: António Sobral Página 114
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Com o auxílio de uma pinça ou de um pincel leva‐se o decalque até ao local onde vai ser colocado, e faz‐se deslizar
do cartão de suporte para a superfície previamente preparada com Micro‐Set, conforme falado atrás.
Ajusta‐se a posição final do decalque com um pincel
Autor: António Sobral Página 115
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E finalmente remove‐se o excesso de líquido com um papel absorvente, ao mesmo tempo que se aproveita para
alisar o decalque e eliminar irregularidades e eventuais bolhas de ar que possam ter ficado presas no interior.
Com o decalque já instalado no local definitivo, vamos então aplicar o segundo produto ( Micro‐Sol) também com
um pincel, sobre o decalque, para o amolecer e fazer com que se adapte melhor às irregularidades da superfície.
Autor: António Sobral Página 116
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Depois de se aplicar o Micro‐Sol, deixa‐se os decalques a secar por umas horas, durante as quais não se deve tocar
nos decalques, dado haver o perigo de os danificar, pois o “amolecimento” provocado pelo Micro‐Sol, torna‐os
frágeis e quebradiços.
Autor: António Sobral Página 117
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É normal, durante a fase de secagem, aparecerem por vezes rugas bastante pronunciadas. Nada de pânico! É esperar
que a situação resolve‐se por si só.
Se o decalque, necessitar de uma maior adaptação às irregularidades da superfície, pode‐se repetir esta operação de
aplicação do Micro‐Sol.
Depois de tudo bem seco é tempo de terminar o processo com a aplicação de verniz mate, o que vai cumprir duas
finalidades: integrar os decalques com o resto da pintura e protegê‐los das fases posteriores da pintura e
envelhecimento (óleos, pigmentos, etc.)
Autor: António Sobral Página 118
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E está feito! Temos finalmente os nossos decalques aplicados:
Autor: António Sobral Página 119
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4. Conclusão
Com um pouco de prática e os materiais necessários, não há razão para os decalques não saírem bem!
Em casos reais, potencialmente mais “complicados” do que os aqui descritos nos exemplos, será obviamente
necessário um pouco mais de perseverança para atingir os fins desejados, mas a metodologia mantém‐se.
Bons modelos!
Autor: António Sobral Página 120
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Autor: António Sobral Página 121