Filosofia
O pensamento filosófico de Bacon
representa a tentativa de realizar
aquilo que ele mesmo chamou de
Instauratio magna (Grande
restauração).
A reforma do conhecimento é
justificada em uma crítica à filosofia
anterior (especialmente a
Escolástica), considerada estéril por
não apresentar nenhum resultado
prático para a vida do homem. O
conhecimento científico, para
Bacon, tem por finalidade servir o
homem e dar-lhe poder sobre a
natureza. A ciência antiga, de
origem aristotélica, também é
criticada. Demócrito, contudo, era
tido em alta conta por Bacon, que o
considerava mais importante que
Platão e Aristóteles.
A ciência deve restabelecer o
imperium hominis (império do
homem) sobre as coisas. A filosofia
verdadeira não é apenas a ciência
das coisas divinas e humanas. É
também algo prático. Saber é
poder. A mentalidade científica
somente será alcançada através do
expurgo de uma série de
preconceitos por Bacon chamados
ídolos. O conhecimento, o saber, é
apenas um meio vigoroso e seguro
de conquistar poder sobre a
natureza.
Ídolos
No que se refere ao Novum
Organum, Bacon preocupou-se
inicialmente com a análise de falsas
noções (ídolos) que se revelam
responsáveis pelos erros cometidos
pela ciência ou pelos homens que
dizem fazer ciência. É um dos
aspectos mais fascinantes e de
interesse permanente na filosofia
de Bacon. Esses ídolos foram
classificados em quatro grupos:
O método
O objetivo do método baconiano é
constituir uma nova maneira de
estudar os fenômenos naturais.
Para Bacon, a descoberta de fatos
verdadeiros não depende do
raciocínio silogístico aristotélico
mas sim da observação e da
experimentação regulada pelo
raciocínio indutivo. O conhecimento
verdadeiro é resultado da
concordância e da variação dos
fenômenos que, se devidamente
observados, apresentam a causa
real dos fenômenos.
Obras jurídicas
Figuram entre seus principais
trabalhos jurídicos os seguintes
títulos: The Elements of the
common lawes of England
(Elementos das leis comuns da
Inglaterra), Cases of treason
(Casos de traição), The Learned
reading of Sir Francis Bacon upon
the statute os uses (Douta leitura
do código de costumes por Sir
Francis Bacon).
Obras literárias
Sua obra literária fundamental são
os Essays (Ensaios), publicados em
1597, 1612 e 1625 e cujo tema é
familiar e prático. Alguns de seus
ditos tornaram-se proverbiais e os
Essays tornaram-se tão famosos
quanto os de Montaigne. Outros
opúsculos, no âmbito literário:
Colours of good and evil
(Estandartes do bem e do mal), De
sapientia veterum (Da sabedoria
dos antigos). No âmbito histórico
destaca-se History of Henry VII
(História de Henrique VII) .
Obras filosóficas
As obras filosóficas mais
importantes de Bacon são
Instauratio magna (Grande
restauração) e Novum organum.
Nesta última, Bacon apresenta e
descreve seu método para as
ciências. Este novo método deverá
substituir o Organon aristotélico.
Seus escritos no âmbito filosófico
podem ser agrupados do seguinte
modo:
1) Escritos que faziam parte da
Instauratio magna e que foram ou
superados ou postos de lado, como:
De interpretatione naturae (Da
interpretação da natureza),
Inquisitio de motu (Pesquisas sobre
o movimento), Historia naturalis
(História natural), onde tenta
aplicar seu método pela primeira
vez;
2) Escritos relacionados com a
Instauratio magna, mas não
incluídos em seu plano original. O
escrito mais importante é New
Atlantis (Nova Atlântida), onde
Bacon apresenta uma concepção do
Estado ideal regulado por idéias de
caráter científico. Além deste,
destacam-se Cogitationes de
natura rerum (Reflexões sobre a
natureza das coisas) e De fluxu et
refluxu (Das marés);
Alegoricamente interpretado, o
sistema de Fludd contém o
significado real do Cristianismo,
conforme o revelado ao homem
primitivo pelo próprio Deus,
transmitido a Moisés e aos
patriarcas por tradição, e revelado
pela segunda vez por Cristo.
Bibliografia:
A. E. Waite, History of the
Rosicrucians, 1887; J.B. Graven,
Robert Fludd the English
Rosicrucian, 1902; J. Hunt,
Religious Thought in England,
1871; Thomas De Quincey, The
Rosicrucian and Freemasonry,
1871.
310.3.8 - Saint-Martin
(1743 - 1803)
Louis Claude de Saint-Martin
(1743 - 1803), o "Filósofo
Desconhecido", pensador
profundo e grande iniciado, nasceu
a 18 de janeiro de 1743 em
Amboise, Tourraine, no centro da
França, no seio de uma família
nobre, mas pouco abastada e
desconhecida. Logo depois do
nascimento de Saint-Martin, sua
mãe faleceu, e ele foi criado pelo pai
e por uma madrasta, pessoa
amável e de bom coração, que o
iniciou na leitura de
Jacques Abbadie, ministro
protestante de Genebra. Com esse
autor, apreendeu a conhecer a si
mesmo, relegando a um plano
secundário a análise decepcionante
e estéril dos filósofos em voga na
época "É à obra de Abbadie, A Arte
de Conhecer a Si Mesmo, que devo
meu afastamento das coisas
mundanas; é a Burlamaqui que
devo minha inclinação pelas bases
naturais da razão; é a Martinez de
Pasqually que devo meu ingresso
nas verdades superiores; é a Jacob
Böehme que devo meus passos
mais importantes nos caminhos da
Verdade."
Saint-Martin amava a
humanidade e considerava-a
melhor do que parecia ser; e o
encanto da sociedade da época
levou nosso Filósofo a pensar que a
vivência nas rodas sociais poderia
levá-lo ao melhor conhecimento do
homem e conduzi-lo à intimidade
mais perfeita com os seus
princípios. Assim, agiu conforme
seu pensamento: freqüentou os
saraus musicais e toda sorte de
recreações da alta nobreza, desde
os passeios ao campo até as
conversas com amigos; os atos de
gentileza eram a manifestação de
sua própria alma.
A Escola de Pasqually, seu iniciador
nas práticas teúrgicas, era a Ordem
dos Elus Cohens do Universo
(Sacerdotes Eleitos), revigorada
mais tarde pela ação de Saint-
Martin e Jean Baptiste Willermoz,
sob a inspiração das obras de M.
Pasqually e de J. Böehme e a partir
de suas próprias pesquisas.