2 – Ainda hoje o modelo positivista legalista kelseniano continua sendo a principal teoria
do direito dominante nos tribunais, onde muitas das vezes a aplica de forma bem diferente
do que o próprio Kelsen entendia. A quase meio século Miguel Reale denunciava que a
teoria kelseniana do positivismo jurídico legalista não era de todo ruim, mas que
necessitava de complementação para que estivesse mais de acordo com a realidade social
e com os valores sociais e/ou universais. Sendo assim, comente o pensamento de Miguel
Reale em relação a sua chamada teoria tridimensional do Direito mencionando o seu
caráter inovador não apenas para a época como também para os dias de hoje. (3 pontos)
R: Para a teoria tridimensional de Miguel Reale, o Direito seria composto de um tripé,
onde existiriam questões científicas e do ordenamento jurídico, mais aos moldes
positivista-kelseniano; existiriam também questões de ordem fática, de eficácia, aos
moldes do realismo jurídico. Além desses dois “pés”, o último que compõe do tripé da
teoria realeana é a axiologia, ou seja, a reintrodução das questões morais no direito.
Assim, Direito para Reale é a ciência e o ordenamento jurídico, a eficácia da norma, e
também a moralidade.
3 – Desde o final da II Guerra Mundial, a democracia nos países ocidentais não passa por
uma crise como nos dias de hoje. O modelo representativo de democracia vem
naufragando em vários países, sob a alegação que os representantes eleitos, ao serem
eleitos, passam a representar interesses pessoais ou de pequenos grupos econômicos
esquecendo os interesses do eleitorado que o elegeu. Outros autores propõe modelos
democráticos diferentes da clássica ideia representativa. A partir dessa ideia, diferencie o
modelo habermasiano do schumpeterniano de democracia. (3 pontos)
R: A democracia defendida por Schumpeter, denominada de democracia domesticada por
alguns críticos, a democracia é vista apenas como um método para promover o bem
comum através da tomada de decisões pelo próprio povo, com a intermediação dos seus
representantes, ou seja, o cidadão teria apenas a função de escolher seus representantes
sem tomar partido de qualquer discussão política dentro da sociedade. A visão
habermasiana de democracia difere pois o autor coloca o cidadão como artífice das
escolhas, da participação política, indo muito além da mera escolha dos representantes.
A política passaria a fazer “parte do mundo” do cidadão, e não algo distante.