→ Personalidade jurídica
É a aptidão genérica de titularizar direitos e contrair deveres na ordem jurídica. Idéia ligada à
pessoa, é reconhecida atualmente a todo ser humano e independe da consciência ou vontade
do indivíduo: recém-nascidos, loucos e doentes inconscientes possuem, todos, personalidade
jurídica. Esta é, portanto, um atributo inseparável da pessoa, à qual o direito reconhece a
possibilidade de ser titular de direitos e obrigações.
Pessoa física
Pessoa jurídica
Ente dotado de estrutura biopsicológica. Não é mais correto se afirmar que a pessoa física é
um ente biologicamente criado, pois atualmente existem métodos artificiais de criação –
inseminação e a fertilização.
Fertilização (proveta) - Os gametas são unidos fora do corpo feminino. A fertilização é in vitro.
Ambas podem ser feitas em vida ou após a morte, por meio do congelamento de gametas.
Art. 5º, LXXVI, CF - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
*Nascituro – é aquele que já foi concebido, ainda não nascido e dotado de vida intra-uterina.
O nascituro ainda não é pessoa física. Só adquire personalidade jurídica no nascimento, mas o
direito do nascituro fica resguardado desde o momento da concepção.
Art. 2o. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
→ Teorias de aquisição de PJ
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Mas o direito de propriedade somente incorporará em seu patrimônio se nascer com vida,
mesmo que faleça logo em seguida, hipótese em que os bens, recebidos por liberalidade,
transmitir-se-ão aos seus sucessores
- O nascituro pode ter indicado um curador para a defesa de seus interesses. Também
tem o direito de saber quem é seu pai (877 e 878).
Art. 877 - A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de
gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por um médico
de sua nomeação.
§ 1º - O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem o nascituro é sucessor.
§ 2º - Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a declaração da requerente.
§ 3º - Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro.
Art. 878 - Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente
investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro.
Parágrafo único Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomeará curador ao
nascituro.
- Tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de
paternidade. Há uma decisão do STF (Reclamação n. 2040, julgada em 02/02/2002 – caso
Glória Trevis) em que se pode observar na linha do acórdão que a produção do exame de DNA
seria um direito do nascituro na busca da verdade real.
... o fato é que o nascituro mereceria [...] o beneficio da produção da prova pericial, para que, após seu
nascimento, não houvesse que carregar o peso das circunstâncias duvidosas da sua concepção ...
Os alimentos gravídicos podem ser compreendidos como aqueles devidos ao nascituro, e,
percebidos pela gestante, ao longo da gravidez, tais alimentos abrangem os valores suficientes
para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da
concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e
psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz
considere pertinentes.
A nova lei confere direito à mulher gestante, não casada e que também não viva em união
estável, de receber alimentos, desde a concepção até o parto. Para tanto, deverá ingressar
com o pedido judicial em desfavor do futuro pai. O juiz decidirá com base nos indícios de
paternidade, a obrigação alimentar do suposto pai, que poderá contestar, mas em restrito
âmbito cognitivo também. Os alimentos fixados permanecerão até o nascimento com vida,
quando serão convertidos em pensão alimentícia e, a partir deste marco, poderão ser revistos
por uma das partes.
→ Natimorto
*Natimorto é aquele que nasceu morto. Antes de nascer ele era um nascituro e, portanto, tem
os mesmos direitos do nascituro.
“Art. 2º. A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos
da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”.
→ Embrião excedentário
Enunciado 2 do CJF: “Art. 2º: sem prejuízo dos direitos da personalidade, nele
assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da
reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio”
O STF entendeu que os embriões excedentários podem ser usados em pesquisa. Por isso,
entende-se que o embrião não tem personalidade jurídica.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o
crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
→ Capacidade
Ex: casamento com regime de comunhão de bens universal, para a venda de um imóvel é
necessário uma autorização do cônjuge (legitimação). Outorga uxória é a denominação da
autorização.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
**aquele que dilapida seu patrimônio sem uma razão justificadora, como um viciado em jogo.
Só é incapaz para a prática de atos de disposição patrimonial.
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação,
alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera
administração.
- Capacidade do índio
A lei que regula sobre a capacidade do índio é o estatuto do índio
Silvícolas (índio que não tem contato com o restante da humanidade) são absolutamente
incapazes. Índios que já estão integrados na sociedade são capazes, pois estão adaptados.
Fora estas hipóteses o índio será julgado pela justiça comum estadual.
Tanto o rol do art. 3º quanto o rol do art. 4º, verifica-se que as incapacidades ou decorrem de
uma razão objetiva (critério etário - idade) ou de uma razão subjetiva (psíquica).
Se a razão da incapacidade decorre de uma causa psíquica a sua declaração vai precisar de um
processo de interdição. Esse processo requer perícia médica obrigatória e intervenção do
ministério público. A interdição será registrada no cartório da pessoa física ou natural (Art. 9º).
No caso interdição cuja patologia seja flutuante (intervalos de insanidade e lucidez) as práticas
civis nestes intervalos são inválidas, pois o Brasil não adota a teoria dos intervalos flutuantes
de lucidez.
Já a pessoa insana, mas que nunca fora interditada, teoricamente seus atos seriam válidos,
mas a doutrina adota a teoria da incapacidade natural. Aquele que contratar com essa pessoa
está agindo de má fé, uma vez, que a pessoa é visivelmente louca podendo o ato ser anulado,
invalidado.
Em pessoas idosas, o passar dos anos somente gerará uma incapacidade se vier acompanhado
de alguma doença (ex. Alzheimer).
Isso não quer dizer incapacidade é somente uma hipótese de proteção patrimonial.
O condenado continua sendo plenamente capaz, não perde a capacidade com a condenação.
Art. 1637, Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
→ Fim da incapacidade civil
O fim da incapacidade ocorre em regra, juntamente com o seu fato gerador. Se a incapacidade
decorre de idade finaliza quando se completa a idade de 18 anos. Se for por patologia acabará
junto com o desaparecimento da patologia.
→ Emancipação
Voluntária
É aquela concedida por ambos os pais ou por um deles na falta do outro (impossibilidade física
de comparecimento e participação – morte, ausência, coma, etc), mediante escritura pública
independentemente de homologação judicial a menor com ao menos 16 anos completos.
Separação ou divórcio não põe fim à necessidade da concordância do outro num ato
emancipatório. Se ambos os pais forem vivos e houver divergência quanto à concessão da
emancipação ao filho, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz, por meio de
procedimento de jurisdição voluntária, para que solucione o desacordo por meio de sentença.
Segundo a doutrina e o STF, a emancipação voluntária não exime a responsabilidade civil dos
pais que respondem solidariamente com o menor dolosamente emancipado, para que a vítima
não fique sem ressarcimento.
Judicial
- Menor sob tutela, pois o tutor não pode emancipar voluntariamente o pupilo através
de escritura pública, pois a lei nesse caso exige sentença judicial;
- Havendo divergência dos pais. Se o pai quer emancipar o filho e a mãe se opõe ou
vice-versa, será necessário que o conflito seja dirimido por sentença judicial. Nesse caso o
processo de emancipação será contencioso, ao passo que, na hipótese anterior, o
procedimento é de jurisdição voluntária.
Art. 163, Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
A responsabilidade judicial é aquela conferida pelo tutor ao pupilo mediante decisão judicial a
menor com menos 16 anos completos.
Legal
Se estiver configurada numa das hipóteses elencadas nos incisos II a V do Art. 5º do CC.
II - pelo casamento
Nas hipóteses de dissolução do casamento, pela morte de um dos cônjuges, pelo divórcio ou
pela separação judicial, o menor emancipado não retorna ao estado de incapacidade civil que
tinha antes do casamento, pois a emancipação é irrevogável.
A expressão "emprego público" abarca tanto o cargo público, que é aquele ocupado pelo
servidor estatutário, como o emprego público, que é aquele ocupado pelo servidor regido pela
CLT. Nessa hipótese, o que mais importa é a efetivação da ocupação de um cargo ou emprego
público. Excluindo-se, portanto, aqueles que se encontram servindo à administração pública
de forma transitória, como, por exemplo, os designados para ocupação de cargos
comissionados, ou seja, aqueles de livre nomeação e exoneração.
*Tem que ser exercício e efetivo, não pode estar em estágio probatório e nem em cargo de
confiança.
O código civil admitiu a emancipação também pela existência de relação de emprego, desde
que em função deles, o menor tenha economia própria, não bastando a mera celebração de
contrato de trabalho. Compatibiliza com Art. 7º, inciso XXXIII, CF, que autoriza a execução de
qualquer trabalho aos maiores de 16 anos, desde que não seja noturno, insalubre ou perigoso.
→ Estados da pessoa
Ações que dizem respeito ao estado das pessoas tramitam em Vara de Família e são
imprescritíveis, com intervenção do Ministério Público como fiscal da lei. Dizem respeito a
direitos indisponíveis.
A morte ficta pode ser com procedimento de ausência ou sem procedimento de ausência.
- Morte real
É aquela na qual se tem um cadáver e o médico atesta o óbito. O critério adotado para
a morte real é a morte encefálica.
- morte ficto-presumida
Nesse caso não se tem um corpo e não tem como o médico atestar o óbito. Com isso a
responsabilidade por atestar o óbito é do juiz.
1. Curadoria de bens
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou
de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu
legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou
aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de
exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador
(curador dativo) – alguém em quem o magistrado confie.
A regra é que fique 01 ano, mas esse prazo pode ser dilatado para 03 anos se o
ausente deixou um procurador. Dentro desse prazo o juiz irá publicar editais
clamando pelo ausente. Ultrapassado o prazo um dos legitimados do Art. 27
(cônjuges, herdeiros ou credores do ausente) irá solicitar a conversão da
curadoria de bens e sucessão provisória. A conversão da curadoria só tem
efeito 180 dias após a publicação.
2. Sucessão provisória
3. Sucessão definitiva
→ Reaparecimento do ausente
Se o ausente retornar o casamento não renasce o que ocorre é a mudança do estado civil.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Neste caso o sumiço tem fato gerador, tem causa determinante, há uma razão de ser. A
declaração do óbito se dá independente do procedimento de ausência processo de através de
justificativa do óbito, o qual apenas poderá acontecer após o encerramento das buscas.
→ Comoriência
“Se dois ou mais indivíduos, falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
A comoriência é de peculiar interesse no direito das sucessões, pois dispõe as regras aplicáveis
ao destino do patrimônio dos falecidos, pois falecido o autor da herança, os bens são logo
transmitidos aos herdeiros, daí a importância da verificação correta do momento da morte dos
envolvidos, principalmente se há reciprocidade de herdeiros, pois, se um herdeiro faleceu
poucos segundos depois do autor da herança ou ao mesmo tempo, poderá ele ter herdado ou
não os bens.
Se há um acidente e não é possível pela perícia declarar quem morreu primeiro o legislador
declara a presunção relativa de morte simultânea.
Ex: se marido e mulher estavam no mesmo vôo e o juiz decreta comoriência, um não herda os
bens do outro.