Anda di halaman 1dari 18

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/283703649

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas

Chapter · October 2015


DOI: 10.7476/9788574554419.0013

CITATIONS READS

3 462

5 authors, including:

Rogerio R. Silva Rogerio Silvestre


Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados
49 PUBLICATIONS   774 CITATIONS    47 PUBLICATIONS   643 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Maria Morini Jacques H C Delabie


Universidade de Mogi das Cruzes Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
81 PUBLICATIONS   404 CITATIONS    489 PUBLICATIONS   5,265 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Ant morphological diversity – a database for modeling the response of functional diversity to land use and climate change in the Amazon View project

Rede Multidisciplinar de Estudos sobre Formigas Poneromorfas do Brasil View project

All content following this page was uploaded by Rogerio R. Silva on 11 November 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


13
Grupos tróficos e guildas em
formigas poneromorfas

Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R.F. Brandão,


Maria S.C. Morini, Jacques H.C. Delabie

Resumo

As formigas poneromorfas podem repre- classificamos funcionalmente as formigas pone-


sentar cerca de 25% da diversidade local de For- romorfas e discutimos o papel deste grupo na
micidae em ambientes tropicais. Em princípio, a ecologia de comunidades de formigas. Nosso ob-
teoria ecológica prevê regras de formação de as- jetivo é descrever a estruturação das formigas po-
sembleias que definem a contribuição relativa de neromorfas em guildas usando uma abordagem
grupos de espécies ao conjunto local de espécies evolutiva, construída a partir do reconhecimento
de formigas, sendo que competição e filtros am- de grupos taxonômicos relacionados evolutiva-
bientais são importantes componentes para expli- mente e ecologicamente, enquanto discutimos a
car esta proporcionalidade em termos de grupos distribuição e importância de caracteres funcio-
funcionais. A forma de utilização dos recursos, nais e biológicos. Para atingir esse objetivo, trata-
a co-ocorrência de espécies que compartilham mos inicialmente de aspectos conceituais sobre o
requisitos ecológicos e a diversidade morfológi- tema, incluindo nicho multidimensional, guildas
ca são características que podem ser submetidas e suas subdivisões, seguidos de uma revisão de
a análises que permitem desvendarmos as leis trabalhos sobre organização funcional de formi-
que estruturam as comunidades. Neste capítulo, gas na Região Neotropical.

Silva, Rogério R.; Silvestre, Rogério; Brandão, Carlos R. F.; Morini, Maria S. C.; Delabie,
Jacques H. C. Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas. In: DELABIE, Jacques H. C. et al.
As formigas poneromorfas do Brasil. Ilhéus: Editus, 2015. p. 163-179.

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 163


Abstract

Trophic groups and guilds of poneromorph smaller compartments called microguilds if a higher
ants - In tropical environments poneromorph ants number of variables is considered in classification
are an important component of the taxonomic and analyses. We use trophic position, foraging, nesting
functional diversity of local ant communities. In sites, behaviour and morphological traits to define
this chapter we present a functional classification seven poneromorph macroguilds: (1) small-size in
of poneromorph ants, reviewing the role of this the leaf-litter; (2) large-size epigaeic; (3) arboreal
group in the ecology of the Neotropical region. poneromorph species; (4) with long mandibles; (5)
A description of the guild structure based on an specialized and cryptic; (6) with legionary behavior;
evolutionary approach is presented, discussing the and (7) ectaheteromorph generalist predators
importance of functional and biological traits of (Ectatomminae; Heteroponerinae). Our proposed
poneromorph ants. To achieve this goal, we deal with scheme includes data on ecology, life history traits
conceptual aspects of guilds and functional groups, and morphology to delimit macroguilds and is
and also the multidimensional niche, followed by analogous to the functional trait approach. Use
a review of studies on functional organization of of this conceptual model allows a description of
ants in the Neotropics. Macroguilds are defined ant fauna organization in different areas of the
as a group of species that share general ecological Neotropical Region in an elaborate and appropriate
variables, such as foraging habits, nesting sites and format, enabling comparisons and predictions on
trophic position. Macroguilds can be divided into community structure to be made.

Conceituação de Nicho, Grupos Tróficos, espaços que não fazem parte do hipervolume (ge-
Guildas e Grupos Funcionais ometria e topologia do espaço) (BLONDER et al.,
2014). O uso de atributos funcionais das espécies
O termo nicho ecológico é de fundamen- pode ser especialmente adequado para a descrição
tal importância em ecologia porque se relaciona de modelos de nicho (KEARNEY et al., 2010).
a várias questões com impacto na estruturação de As múltiplas dimensões do nicho ecoló-
comunidades, incluindo uso de recursos, diversi- gico de uma espécie podem ser, de forma geral,
dade em uma escala macro-geográfica e muitos as- divididas em dois conjuntos: um componente
pectos que influenciam a composição e a estrutura trófico (relativo a recursos) e um componente
das comunidades (MCGILL et al., 2006). O con- ambiental (relativo a condições) (HUTCHIN-
ceito de nicho foi formalizado por George Evelyn SON, 1957; SOBERÓN; NAKAMURA, 2009;
Hutchinson (1957) como um espaço abstrato n- COLWELL; RANGEL, 2009; KEARNEY et al.,
dimensional com os eixos representados por vari- 2010). Um método para quantificar o componen-
áveis biológicas importantes (bióticas e abióticas) te trófico (recursos que animais usam) é através
e independentes (sendo o nicho definido como do uso de isótopos estáveis. A razão 15N/14N é
um hipervolume). Ainda que muitas modificações usada como marcador trófico porque essa relação
na ideia original tenham sido propostas (CHASE; aumenta em cerca de 3% a 5% a cada nível trófico;
LEIBOLD, 2003), as definições atuais representam assim a assinatura isotópica dos tecidos animais
o nicho por um espaço multidimensional (NEW- de consumidores é fortemente relacionado à die-
SOME et al., 2007; KEARNEY et al., 2010). Mais ta alimentar (NEWSOME et al., 2007; JACKSON
recentemente, avanços computacionais sugerem et al., 2011).
que o uso de estimadores kernel de densidade Grupos tróficos em formigas são comu-
multidimensional pode ser uma abordagem par- mente descritos como fungívoros (subdivididos
ticularmente apropriada para descrever o nicho. em herbívoros, se usam matéria vegetal fresca para
Tais estimadores quantificam o volume do nicho cultivo do fungo ou, detritívoros, se usam insetos
em um espaço n-dimensional, representando de mortos ou fezes de animais como substrato para
forma acurada áreas não ocupadas do espaço ou o fungo), ou carnívoros e onívoros (aqueles que

164 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
participam de mais de um nível trófico) (KASPA- paralelos têm sido usados para descrever grupos
RI, 2001). Muitas espécies de solo utilizam ainda ecológicos de espécies, como grupos funcionais,
diásporos (sementes, frutos ou infrutescências) e tipos funcionais, síndrome adaptativa, liga, guilda
alguns frutos podem complementar o consumo de funcional, guildas operacionais, espécies tróficas,
lipídeos em poneromorfas primariamente carní- módulo, estratégia, grupo efeito, grupo resposta e
voras (PASSOS; OLIVEIRA, 2004). grupo ecológico (BLAUM et al., 2011; DE PAU-
Espécies arborícolas derivam frações signi- LA, 2013). A distinção entre esses termos não é
ficantes de nitrogênio da herbivoria e podem ser consistente, sendo utilizados por diferentes auto-
classificadas operacionalmente em dois grupos res para descrever diferentes grupos de espécies
funcionais: (1) forrageadores de exsudatos de He- organizadas de várias maneiras (PIANKA, 1980;
miptera trofobiontes (honeydew) e (2) forrageado- WILSON, 1999); além disso, são usados muitas
res de folhas, buscando continuamente na lâmina vezes como sinônimos de guilda (SIMBERLOFF;
foliar recursos dispersos como nectários extraflo- DAYAN, 1991).
rais, secreções de plantas, honeydew descartado, Wilson (1999) propõe dois tipos conceituais
secreções de fungos, matéria particulada como pó- de guildas: a guildas alfa e beta. A distinção básica
len e esporos de fungos, fezes de vertebrados, pre- é que as guildas beta são baseadas em classificações
sas e microorganismos (DAVIDSON et al., 2003; que usam condições ambientais ou fatores inde-
DAVIDSON, 2005). pendentes de competição (temperatura, umidade
O termo guilda é bastante antigo e tem relativa). No caso, espécies poderiam ser caracteri-
ampla gama de significados, tendo sido inspirado zadas como, por exemplo, árticas, termófilas, entre
pelo conceito medieval de um grupo de operários outros grupos. Guildas alfa são determinadas pelos
da mesma legião e para designar corporações de recursos que um organismo pode utilizar em seu
ofícios, como, por exemplo, a guilda de cavaleiros ambiente, diminuindo a quantidade disponível a
andantes e a guilda de donos de moinhos, sem outros organismos e originando potencial compe-
implicação de cooperação, mas com sobreposição tição (por exemplo, predadoras, nectarívoras, de-
de função. A palavra foi primeiramente usada tritívoras, onívoras). Portanto, as guildas beta são
por geógrafos e ecólogos de plantas como uma relacionadas a grupos de espécies com distribuição
tradução de “Gennossenschaften”, como na edição geográfica e outras características do ambiente liga-
inglesa de Schimper (1903), para designar quatro das ao conceito Grinneliano de nicho (GRINNELL,
grupos de plantas que dependem de outras plantas 1917). Por sua vez, as guildas alfa são definidas sen-
(lianas, epífitas, saprófitas e parasitas). su Root (1967) e Pianka (1980) como grupos de
Root (1967) foi o primeiro zoólogo a usar espécies que usam recursos de forma similar, rela-
este termo, redefinindo-o como “um grupo de es- cionado ao conceito Eltoniano de nicho (ELTON,
pécies que exploram as mesmas classes de recursos 1927). Esses dois modelos, Grinneliano e Eltoniano,
ambientais de maneira similar”, considerando-o são formas opostas de definição de nicho e de se
como “o mais evocativo e sucinto para grupos de enxergar a função de uma espécie no ecossistema,
espécies, que têm padrões semelhantes de explora- mas de certa forma estão relacionadas entre si.
ção de recursos”. Nesse sentido, o conjunto de guil- Ainda, podemos definir guildas em termos
das de uma comunidade seria moldado pelas adap- de amplitude do nível de tolerância fisiológica. Nos
tações a uma mesma classe de recursos e por com- ecossistemas, as populações ou comunidades são o
petição. Os elementos chaves para essa definição resultado de adaptações a um complexo de fatores
são: (1) que as espécies sejam sintópicas e (2) que a ambientais e biológicos ao longo da sua evolução.
similaridade entre as espécies seja descrita pelo uso Chamamos de guildas euripotentes aquelas forma-
dos recursos (e não pela taxonomia), sendo intera- das por espécies com uma tolerância ambiental de
ções competitivas especialmente importantes entre grande amplitude (como as espécies generalistas)
espécies da mesma guilda (WIENS, 1989). e guildas estenopotentes, formadas por espécies
O termo adquiriu múltiplos significados e que têm estreita amplitude de tolerância ambiental
foi usado para descrever grupos de espécies colo- (como as especialistas). De fato, estudos ecológi-
nizando ou invadindo uma nova área, para desig- cos empregando abordagem fisiológica e usando
nar um nível trófico, e para grupos de espécies ca- formigas como organismo modelo têm apontado
racterísticas de determinados hábitats ou estágios que o uso de atributos fisiológicos incluem nas
sucessionais. Além disso, vários outros termos análises um importante componente dos sistemas

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 165


biológicos, permitindo modelar melhor o efeito de não pode agrupar mais de um grupo funcional.
mudanças ambientais em estudos de bioindicação Como exemplo didático, considere-se as espécies
(DIAMOND et al., 2012). consumidoras de sementes, nas quais estão inclu-
Blondel (2003) apresenta de forma clara as ídas aves, primatas, roedores, besouros e formigas,
diferenças conceituais, características e atributos entre outros; todos têm a mesma função trófica,
que diferenciam guildas de grupos funcionais. O caracterizando um grupo funcional “consumido-
termo guilda refere-se somente às relações interes- res de sementes”. No entanto, a forma de utiliza-
pecíficas para aquisição de recursos (componente ção deste recurso, que inclui tamanhos diferentes
trófico); por sua vez, grupo funcional refere-se ao de sementes consumidas, horários diferentes de
potencial de funções que as espécies podem apre- forrageamento e estratégias diferentes de alimen-
sentar nos ecossistemas (sem qualquer relação tação, revela diferentes guildas. A definição de
com competição), como a participação nos ciclos uma guilda é feita considerando um gradiente de
biogeoquímicos, a resistência à invasão ou ao fogo, variáveis que vai desde agrupamentos montados a
a defesa contra herbivoria, polinização, dispersão partir de poucos atributos ecológicos envolvidos, o
de sementes ou qualquer processo físico (BLAUM que se aproxima do conceito de grupo funcional,
et al., 2011). até um grande número de variáveis ecológicas en-
Teoricamente um grupo funcional pode volvidas, o que se aproxima da definição de nicho
conter mais de uma guilda, enquanto uma guilda ecológico (Figura 13.1).

Figura 13.1 – Ilustração do espaço morfo-funcional das formigas poneromorfas. O espaço contém
20 espécies, delimitadas em quatro guildas. Espécies não classificadas nas guildas (A, B, C ou
D) podem representar guildas monoespecíficas (especialização extrema) ou podem representar
uma guilda generalista dentro de um espaço morfo-funcional maior. Os limites do espaço são
determinados objetivamente por técnicas de classificação, mas também podem ser arbitrários de
acordo com o nível de análise. Guilda descreve similaridade no uso de recurso e competição sem
considerar processos ou funções; grupo funcional em ecologia animal se refere a espécies que
performam funções ou serviços ecossistêmicos sem qualquer relação com competição (Blondel
2003). Macroguildas são definidas como um grupo de espécies que compartilham variáveis
ecológicas gerais, como por exemplo, local de forrageamento, local de nidificação e nível trófico.
Macroguildas podem ser divididas em outros compartimentos se forem consideradas um número
maior de variáveis ecológicas na análise (o que depende da questão ecológica do trabalho).

166 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
A aplicação do conceito de guildas é con- Características biológicas, morfológicas e
siderada especialmente útil em estudos ecológi- funcionais de poneromorfas para sua
cos porque guildas agrupam organismos que têm classificação em guildas
significante sobreposição nos requerimentos do
nicho e compartilham recursos (JAKSIC, 1981; As formigas poneromorfas incluem repre-
PIANKA, 1980). Agrupar organismos em guildas sentantes de diversas subfamílias, distribuídas em
facilita a descrição de parte da estrutura das comu- dois grandes clados da história evolutiva de for-
nidades e pode ser ferramenta importante no deli- migas, (1) o clado Poneroide, representado por
neamento comparativo de diferentes comunidades Proceratiinae (133 espécies), Amblyoponinae (126
(GOTELLI; GRAVES, 1996). espécies), Ponerinae (1.295) e Paraponerinae (1 es-
A maioria dos estudos realizados até ago- pécie) e, (2) o clado Formicoide representado por
ra não utiliza métodos quantitativos para separar Heteroponerinae (24 espécies) e Ectatomminae
grupos de espécies com ecologia similar e a com- (263 espécies) (BRADY et al., 2006; FERNÁNDEZ;
preensão dos processos ecológicos envolvidos é, na ARIAS-PENNA, 2008).
melhor das hipóteses, parcial, focando apenas nos Poneromorfas são predadoras por excelên-
aspectos mais básicos das interações ecológicas, cia (às vezes são chamadas “Formigas Caçadoras”,
como as relações tróficas. Silvestre e colaboradores vide JIMÉNEZ et al., 2008), mas generalistas por
(2003) desenvolveram uma forma de categorização convergência, e sua diversidade está intimamen-
da comunidade de formigas na forma de guildas, te relacionada com a diversidade de outros gru-
utilizando para tal finalidade o maior número de pos de invertebrados terrestres. Apresentam uma
variáveis ecológicas possíveis de serem observadas imensa diversidade morfológica, comportamen-
em campo, como localização do ninho, período de tal e, em consequência, ecológica. Considerando
forrageamento, tipo de recrutamento, tamanho, a diversidade de formas em poneromorfas (ta-
agilidade, preferência alimentar, etc. As categorias manho, forma da mandíbula, esculturação, pro-
dentro de cada variável ecológica são utilizadas jeções, cor, pilosidade), a diversidade morfológica
para análise de agrupamento, onde as guildas são deste grupo pode representar uma significativa
reveladas por distância entre os agrupamentos. proporção do espaço morfológico da fauna de
Métodos objetivos de descrição dos agrupamentos formigas neotropicais. De forma semelhante, a
também podem ser utilizados (JAKSIC; MEDEL, intensa participação deste grupo de organismos
1990; FARIAS; JAKSIC, 2006). Silva e Brandão como predadores, visitantes de secreções açuca-
(2010) desenvolveram uma forma de organização radas na vegetação, na construção de ninhos no
funcional da comunidade de formigas a partir de solo, na serapilheira e na vegetação e na disper-
atributos morfológicos selecionados das espécies. são de frutos e galhos finos na serapilheira sugere
A utilização deste modelo de guildas na uma importante atuação em processos funcionais
análise de diferentes comunidades promove um dos ecossistemas.
avanço na interpretação funcional dos ecossiste- As espécies relativamente grandes (>1cm)
mas terrestres, uma vez que tais comparações têm coletam pequenos invertebrados como insetos,
sido feitas até agora baseando-se exclusivamente moluscos, crustáceos, diplópodes e anelídeos; as
em listas de espécies. Temos em mãos, agora, uma de tamanho médio (0,5 – 1 cm) capturam cupins
ferramenta que nos permite realizar comparações e larvas de coleópteros, e as pequenas (< 5mm)
entre os modelos estruturais de cada ambiente, re- capturam ovos de colêmbolos, estafilinídeos e
velando, desta forma, diferenças na ecologia das micro aracnídeos. Além de caçadoras, essas for-
comunidades observadas. Como a estrutura das migas também são capazes de visitar flores, ex-
guildas resulta da ação combinada de vários fato- plorar nectários extraflorais, como Ectatomma
res atuantes no sistema, a sua caracterização nos tuberculatum e E. brunneum (WEBER, 1946),
permite aprofundar os estudos relativos a quais obter honeydew de membracídeos, capturar óleos
compartimentos são influenciados pela atividade vegetais e resinas, visitar carcaças de vertebrados
de cada guilda. Com isso é possível averiguar as em estágios iniciais de decomposição, comer fru-
alterações da comunidade em função da modifi- tos podres, fungos em fezes de animais e no inte-
cação da composição das guildas presentes, indi- rior de colônias cultivadoras de fungos (Attini);
cando, desta maneira, os alicerces nos quais estão ainda, coletam toda sorte de insetos mortos após
sendo equilibradas as relações interespecíficas. uma chuva tropical.

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 167


O agrupamento de formigas poneromorfas Guildas e evolução de poneromorfas
compreende espécies com estratégia de forrage-
amento solitário, com poucas espécies realizan- Da mesma forma que o grupo das pone-
do caça em grupo como Leptogenys, Simopelta romorfas não é considerado um agrupamento
e algumas espécies de Neoponera; colônias com monofilético (BRADY et al., 2006), não devemos
número reduzido a médio de indivíduos (<50) e considerar o escopo de papéis desempenhados por
capacidade de recrutamento limitada ao tandem estas formigas como representando um único blo-
running, que pode ser “compensado” pelas habi- co funcional. A caracterização deste grupo como
lidades cognitivas espaciais de orientação que formigas predadoras, ou formigas caçadoras, gera
estas formigas possuem; além de processarem uma ideia de uniformidade comportamental que
um grande volume de recursos consumidos per limita o universo funcional desempenhado por
capita, o que permite a elas manter interações e elas. A concepção aqui sugerida é que essas formi-
sobreposição de utilização de recursos com ou- gas constituem diferentes guildas e a exemplo das
tras espécies de formigas sem que a competição novidades taxonômicas que desmembram gêneros
seja um fator de exclusão na comunidade. Embo- tradicionalmente aceitos como uniformes, outros
ra exista sobreposição do nicho espacial e trófico papéis devem ser atribuídos a este conjunto de
com outras espécies, os poneromorfos exploram espécies. Mais ainda, o clado Poneroide, que apre-
uma fatia particular do nicho multidimensional senta relativamente maior consistência filogenéti-
a partir de situações e características diversifica- ca (MOREAU et al., 2006) é, todavia, o grupo que
das, como um complexo conjunto de glândulas abrange o maior número de agrupamentos funcio-
dermais (MORGAN et al., 2003) e a produção de nais distintos.
intercastas, ou “gamergates”, capazes de substituir Sob a perspectiva de nichos evolutivos
funcionalmente a fêmea reprodutora, em geral (HOLT, 2009), um grupo natural de espécies pode
única, além de operárias que também colocam ser descrito como um nicho-clado, para o qual po-
ovos (PEETERS, 2012). demos imaginar vários cenários, (i) espécies que
As formigas poneromorfas podem ser sepa- mostram uma variação geográfica entre nichos de
radas em dois grandes grupos funcionais quanto populações locais; (ii) espécies que ocupam áreas
ao substrato em que vivem e forrageiam (estratifi- do espaço nicho-clado vagando dentro de um es-
cação do hábitat), epigeicas e hipogeicas. Pelo me- paço delimitado; (iii) um nicho aninhado de um
nos sete macroguildas distintas são identificadas clado, com espécies especialistas com descendên-
pelas diferentes formas de ocupação do nicho: (1) cia de ancestrais generalistas e (iv) radiação adap-
poneríneos pequenos de serapilheira, (2) ponerí- tativa de um ancestral especialista, com o clado
neos grandes epigeicos, (3) espécies arborícolas, coletivamente ocupando um espaço de nicho mui-
(4) poneríneos com mandíbula longa, (5) ponerí- to maior do que o representado por cada espécie,
neos crípticos especializados, (6) poneríneos com individualmente.
biologia nômade e (7) ectaheteromorfos preda- A exemplo da evolução do consenso taxo-
dores generalistas. Essas macroguildas podem ser nômico de formigas poneromorfas (BRADY et al.,
desmembradas em um número maior de grupos 2006), o mesmo deve acontecer no consenso eco-
se forem consideradas um número maior de vari- lógico; ou seja, a subdivisão do grupo funcional
áveis ecológicas na análise para se definir os agru- “Formigas Caçadoras” em um maior número de
pamentos. Duas formas de análise de grupos são guildas expressando com mais fidelidade as dife-
empregadas na classificação de guildas em ponero- renças e semelhanças no papel ecológico desem-
morfas, a que utiliza variáveis categóricas ou a que penhado por estas espécies.
adota variáveis contínuas. A primeira forma é mais Apresentamos a seguir uma classificação de
relacionada ao uso do recurso, onde os grupos são guildas de formigas poneromorfas, a partir de pro-
teoricamente separados de forma arbitrária e a se- postas anteriores que empregaram diferentes abor-
gunda considera medidas de dispersão de pontos, dagens (DELABIE et al., 2000; SILVESTRE et al.,
como a morfometria, por exemplo. 2003; BRANDÃO et al., 2009, 2012; SILVA; BRAN-
As características biológicas e funcionais DÃO, 2010, 2014). A análise tem como referência
consideradas em conjunto para descrever as guil- os componentes do nicho apresentados no item
das de formigas poneromorfas podem ser encon- acima. Nosso objetivo é apresentar uma classifica-
tradas na Tabela 13.I. ção atualizada, simples e operacional para o uso de

168 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
Tabela 13.I – Lista de atributos morfológicos, comportamentais ou biológicos que podem ser categorizados para delimitação das
macroguildas em poneromorfas. Observações: para formas de forrageamento ver Lanan (2014). Informações sobre parasitas sociais
extraídas de Hora et al. (2005) e Feitosa et al. (2008).

Atributos Caracterização
Categorias tróficas predadoras de invertebrados terrestres e pequenos
Carnívoras
vertebrados.
predominantemente associadas à presença de substâncias
Nectarívoras
açucaradas na vegetação.
Detritívoras coletam carcaças de animais mortos e fezes de vertebrados.
Onívoras utilizam dois ou mais recursos listados acima.
Local de forrageamento habitam ninhos de cupins ou associam-se a outros
Especialista de habitat
organismos dentro do solo.
Hipogeicas forrageiam nos interstícios da serapilheira.
Subterrâneos forrageiam exclusivamente no interior do solo.
Epigeicas forrageiam na superfície do solo ou acima da serapilheira.
Vegetação: herbáceas e
forrageiam em plantas do sub-bosque.
arbustivas
Vegetação: dossel forrageiam na vegetação que forma o dossel.
Localização do ninho Vegetação em partes vivas ou mortas de plantas, especialmente galhos.
Bromélia em epífitas (terrestres ou sobre a vegetação).
em troncos/galhos dispersos no chão, em processo de
Tronco/galho
decomposição.
Serapilheira exclusivamente nos interstícios da serapilheira.
Sob pedra sob pedras.
ninhos em produtos de invertebrados terrestres, como
Em material alóctone
conchas de gastrópodes.
Subterrâneo abaixo da camada superficial do solo.
Comportamental: modo patrulham uma porção do território da colônia escolhida
de forrageamento Patrulheiras
aleatoriamente em busca ativa de alimento.
Focais usam trilhas pré-definidas para procurar alimento.
movimentos lentos e comportamentos especializados para
Crípticas predar invertebrados na serapilheira (frequentemente associados
a coloração críptica e estruturas especiais para camuflagem).
espécies que forrageiam em colunas e que frequentemente
Nômades alteram a localização do acampamento temporário
(bivaque).
parasitas sociais conhecidas do gênero Ectatomma
apresentam “microgines” que concentram esforços
Parasitas reprodutivos na produção de rainhas e machos,
geneticamente distintos e reprodutivamente isolados de
seus hospedeiros.
Comportamental: modo Solitário buscam recurso alimentar de forma isolada, solitariamente.
de recrutamento após descobrir o recurso alimentar, retornam ao ninho e
Tandem running acompanham outra operária até a fonte (somente uma
operária é recrutada a cada vez).
pequeno número de operárias é recrutado até a fonte
Parcial
alimentar (de duas a dezenas de operárias).
grande proporção da população de forrageadoras é
Massivo
recrutada.
Velocidade (metros/ Tempo superior a 60 segundos para percorrer 1 m (em geral,
segundo): medida relativa Baixa
espécies hipogeicas, vivendo dentro da serapilheira).
das operárias forrageando Percorre 1 m entre 20 e 60 segundos. Operárias com
(estado normal, sem velocidade intermediária, chegando no recurso alimentar
estresse) Média
após o grupo que tem alta agilidade (muitas vezes espécies
dominantes, agressivas, com recrutamento massivo).
Percorre 1 m entre 10 e 20 segundos, aproximadamente.
Operárias com alta agilidade, chegando rapidamente
Alta no recurso alimentar (em geral, oportunistas, exploram
o recurso até a chegada das espécies comportalmente
dominantes).

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 169


Atributos Caracterização
Variáveis morfológicas maior comprimento ao longo do eixo maior dos olhos, em
Tamanho de olho
geral ligando as margens inferior e superior.
presença de espinhos e outras projeções na cabeça, tronco e
Projeções corporais
pecíolo.
entre um ponto médio da linha imaginária que une a borda
Tamanho da mandíbula externa das bases da mandíbula e o ponto mais distal do
dente apical.
Número de dentes na número de dentes localizados na região mastigatória (região
mandíbula interna).
comprimento do mesossoma, em vista lateral, tomada ao
Tamanho do corpo
longo do eixo que liga o ponto médio da curva ascendente
(Diagonal de Weber)
do pronoto até o ângulo póstero-inferior da metapleura.
presença de glândulas especializadas no corpo e apêndices
Estruturas especializadas
das operárias.

guildas de poneromorfas em estudos de estrutura G. reichenspergeri (LATTKE, 1995). Espécies


de comunidades, incluindo as respostas de formi- de Pseudoponera morfologicamente similares a
gas às alterações ambientais e o monitoramento da Hypoponera (por exemplo, Pseudoponera gilberti,
fauna de formigas. Informações gerais sobre mor- P. lenkoi, P. stigma) ou outras espécies de Ponerinae
fologia e biologia das guildas foram apresentadas relativamente pequenas de serapilheira (Neoponera
em Brandão e colaboradores (2009, 2012). Consi- bucki e Rasopone ferruginea, por exemplo) são
derando a diversidade morfológica em formigas classificadas neste grupo. Em geral, essas espécies
poneromorfas e a ausência de informações sobre têm tamanho de corpo relativo maior que a maioria
história natural para um grande número de espé- das espécies de Hypoponera. O grupo é predador
cies (especialmente de tamanho de corpo pequeno generalista, atacando uma ampla diversidade de
como Hypoponera, Gnamptogenys e Neoponera), itens, como outros artrópodes em geral (imaturos
reconhecemos que estudos sobre seleção de habi- ou adultos), assim como adultos de formigas.
tat em macro e microescala são ainda necessários
para uma melhor compreensão da distribuição das 2 Poneríneos grandes predadores epigei-
espécies nas macroguildas. cos solitários

As seguintes macroguildas de formigas po- Caracterizado pela presença de espécies de
neromorfas são reconhecidas: tamanho relativo grande (entre as maiores espécies
de formigas Neotropicais conhecidas), como as de
1 Poneríneos pequenos, generalistas, de Dinoponera e algumas espécies de Pachycondyla.
baixa agilidade vivendo na serapilheira Operárias forrageiam isoladamente à procura de
presas; são oportunamente saprófagas de carcaças
Incluímos aqui espécies de Belonopelta, de artrópodes e cadáveres de pequenos mamíferos;
Hypoponera (Ponerinae), algumas Gnamptogenys além de predadores oportunistas de cupins em al-
(Ectatomminae) e algumas Heteroponera guns casos (BRANDÃO et al., 2009). Pachycondyla
(Heteroponerinae), como H. microps e H. mayri. crassinoda forrageia também na serapilheira, sen-
A morfologia indica claramente uma adaptação ao do predadora oportunista de vários gêneros de
modo de vida críptico, caracterizada pela redução cupins (MACKAY; MACKAY, 2010). Pachycondyla
do tamanho corporal, do número de omatídeos harpax e P. striata, comuns em diversos ecossis-
dos olhos compostos e das projeções corporais. A temas, são predadores generalistas e têm em sua
maioria das espécies de Hypoponera está incluída dieta o uso de lipídeos de sementes. Esta guilda
nesta guilda, considerando sua história de vida inclui ainda Pachycondyla impressa, outra espécie
criptobiótica ou hipogeica, com espécies da Região de tamanho grande, encontrada em várias forma-
Neotropical variando de 0,4 a 6 mm (DASH, 2011). ções vegetais da Região Neotropical, incluindo
Espécies de Gnamptogenys comumente coletadas pastagens e florestas. Dinoponera australis (Figura
na serapilheira são incluídas nesta macroguilda, 13.2) e Dinoponera quadridens, atraídas facilmen-
como, por exemplo, G. annulata, G. continua e te a iscas de sardinha, visitam também carcaças de

170 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
anfíbios e répteis e são capazes de predar espécies Heteroponera e Gnamptogenys vivem na serapi-
de tamanho pequeno desses grupos. lheira, mostrando hábitos diurnos e tímidos (por
exemplo, H. dolo; FEITOSA, 2011). Em especial,
3 Ectaheteromorfos predadores generalistas as espécies de Ectatomma são generalistas e opor-
tunamente saprófagas, forrageando no solo e em
Em função da sua posição filogenética, con- arbustos por artrópodes, anelídeos e restos orgâ-
sideramos Ectatomma, algumas Gnamptogenys nicos; coletam também excesso de exsudatos açu-
e algumas Heteroponera de tamanho médio (H. carados de membracídeos e outros Hemiptera, de
dentinodis, H. inca) a grande (H. dolo, H. mon- nectários extraflorais ou adquirem substâncias
ticola, H. robusta), predadoras generalistas, se- líquidas de frutos (ARIAS-PENNA, 2008). Dife-
paradas da guilda anterior. Algumas espécies de rentemente, E. opaciventre (Figura 13.3) parece

Figura 13.2. Poneríneos grandes predadores epigeicos solitários. Uma operária


de Dinoponera australis na entrada do ninho. Local: Fazenda Arco Íris, Serra da
Bodoquena, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).

Figura 13.2. Poneríneos grandes predadores epigéicos solitários. Uma operária de Dinoponera
australis na entrada do ninho. Local: Fazenda Arco Íris, Serra da Bodoquena, MS (Foto: Paulo Robson
Figura
de Souza). 13.3. Ectaheteromorfos predadores generalistas: Ectatomma opaciventre
arrastando um indivíduo morto de Camponotus rufipes e a formiga Ectatomma planidens
(menor) tentando roubar o recurso alimentar (cleptoparasitismo). Local: Cerrado stricto
senso, Pantanal de Nhecolância, Corumbá, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).

Figura 13.3. Ectaheteromorfos predadores generalistas: Ectatomma opaciventre arrastando um


indivíduo morto de Camponotus rufipes e a formiga Ectatomma planidens (menor) tentando roubar o
recurso alimentar (cleptoparasitismo). Local: Cerrado stricto senso, Pantanal de Nhecolância,
Corumbá, MS (Foto: Paulo Robson de Souza). Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 171
não usar substâncias líquidas e açucaradas, pre- G. pleurodon prefere cavidades pré-existentes
dando principalmente cupins e formigas corta- de plantas, forrageando em árvores e arbustos
deiras (Acromyrmex e Atta) (PIE, 2004). De fato, (LATTKE, 1995). Anochetus hohenbergiae é a
algumas espécies de Ectatomma têm sua dieta maior espécie do seu gênero (>12,70 mm), nidifi-
composta por alados e operárias de formigas ca em bromélias epífitas de dossel no Nordeste do
(WHEELER, 1986; PAIVA; BRANDÃO, 1989; Brasil (FEITOSA et al., 2012); algumas espécies
LACHAUD et al., 1996), inclusive no período no- de Neoponera são reconhecidamente arborícolas
turno. A maioria das espécies de Gnamptogenys, (MACKAY; MACKAY, 2010; FERNANDES et al.,
como G. striatula, G. gracilis e G. moelleri, são 2014). Neoponera villosa nidifica em árvores (Fi-
reconhecidamente predadores epigeicos genera- gura 13.4), mas forrageia tanto no solo quanto na
listas, incluindo em sua dieta larvas de Diptera e vegetação, de dia e de noite, buscando nectários
adultos de Coleoptera, Collembola e Thysanura extraflorais e substâncias açucaradas de afídeos
(LATTKE, 1995); G. moelleri tem uma significa- e pode carregar gotas de líquido entre as man-
tiva base da dieta formada por animais mortos e díbulas (PAUL; ROCES, 2003), comportamento
algumas operárias podem coletar néctar extraflo- compartilhado com Odontomachus haematodus
ral (COGNI; OLIVEIRA, 2004). (DELABIE, 2001) e Platythyrea (DE ANDRA-
DE, 2004). Neoponera crenata e N. unidentata
4 Poneromorfos com atividade arborícola usam várias espécies de plantas como local de
construção de ninhos; outras espécies nidificam
Entre os poneromorfos, várias espécies têm exclusivamente em plantas mirmecófitas do gê-
um modo de vida inteiramente arborícola, como nero Cecropia (Neoponera insignis, N. luteola e N.
é o caso de algumas espécies de Gnamptogenys, fisheri) (MACKAY; MACKAY, 2010; SCHMIDT;
Neoponera, Ectatomma, Platythyrea, Anochetus SHATTUCK, 2014). Espécies de Acanthoponera
e Acanthoponera. Incluímos aqui apenas as es- são coletadas ou observadas em vegetação mais
pécies que têm biologia por excelência arbo- frequentemente no período noturno; o conheci-
rícola, o que significa localização do ninho e mento sobre a história natural de suas espécies
forrageamento restrito à vegetação. Por exem- é incipiente (FEITOSA, 2011), assim como das
plo, G. conccina, consistentemente observada espécies de Heteroponera que parecem ter uma
e coletada em árvores onde nidifica, predando preferência pelo estabelecimento de suas colônias
artrópodes em geral (DELABIE et al., 2010); em árvores e arbustos; esse é o caso de H. inermis

Figura 13.4. Neoponera villosa, poneromorfa com atividade arborícola, nidificando em uma árvore
morta. Local: Fazenda Califórnia, Serra da Bodoquena, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).

Figura 13.4. Neoponera villosa, poneromorfa com atividade arbórea, nidificando em uma árvore
morta. Local: Fazenda Califórnia, Serra da Bodoquena, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).
172 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
Figura 13.5. Poneromorfos com atividade arborícola: Paraponera clavata explorando
nectário floral de Pseudobombax (Malvaceae) de noite. Local: Cerrado da UFMS,
Campo Grande, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).

Figura 13.5. Poneromorfos com atividade arbórea: Paraponera clavata explorando nectário floral de
Pseudobombax (Malvaceae) de noite. Local: Cerrado da UFMS, Campo Grande, MS (Foto: Paulo
Robson de Souza).
Figura 13.6. Uma operária de Ectatomma tuberculatum que exibe forrageamento
predominantemente na vegetação, explorando nectário floral. Local: Floresta ripária
do Rio Paraguai, Serra do Amolar, Pantanal, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).

Figura 13.6. Uma operária de Ectatomma tuberculatum que exibe forrageamento predominantemente
na vegetação, explorando nectário floral. Local: Floresta ripária do Rio Paraguai, Serra do Amolar,
e H. panamensis (FEITOSA, 2011). Adicionamos
Pantanal, MS (Foto: Paulo Robson de Souza).
5 Poneríneos com mandíbulas longas
a esse grupo também Paraponera clavata (Figura
13.5) e E. tuberculatum (Figura 13.6) que exibem Odontomachus e algumas Anochetus formam
forrageamento predominantemente na vegetação, um grupo caracterizado pelo grande tamanho de
se alimentando de nectários. Algumas espécies de corpo e as mandíbulas lineares relativamente longas,
Hypoponera, Anochetus hohenbergiae (FEITOSA representando alguns dos maiores predadores do
et al., 2012), Odontomachus hastatus (CAMAR- solo e serapilheira. Reúne espécies predadoras
GO; OLIVEIRA, 2012) e Anochetus mayri (LON- equipadas com mandíbulas que apresentam
GINO, 2010), por exemplo, exploram a interface movimento de fechamento extremamente rápido,
raiz-vegetação de epífitas arbóreas. chamadas de mandíbulas armadilha, adaptadas

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 173


para predação, ficando paralelas quando fechadas e Trachymyrmex (LATTKE, 1995); Typhlomyrmex
com abertura de 180 graus quando estão buscando meire preda imaturos de Acropyga fuhrmanni
presas. Esse mecanismo surgiu independentemente (LACAU et al., 2004).
em três subfamílias (ou quatro vezes na Não há informações sobre dieta alimentar
história evolutiva de Formicidae): nos gêneros dos Probolomyrmex neotropicais, somente algu-
poneríneos Odontomachus e Anochetus, no gênero mas observações comportamentais de P. boliviensis
extratropical formicíneo Myrmoteras e na tribo (TAYLOR, 1965), mas em função do elevado nú-
Dacetini (Myrmicinae – sensu BOLTON, 2003) mero de glândulas epidérmicas, essas formigas
(LARABEE; SUAREZ, 2014). Odontomachus possui provavelmente apresentam atividade especializada
comportamento agressivo em relação às outras (Lacau, com. pessoal).
espécies que visitam a mesma fonte de alimento;
frequentemente outros indivíduos são recrutados 7 Poneríneos com biologia semi-nômade
na colônia por tandem running na tentativa de e forrageamento em colunas
dominância de recursos alimentares.
Leptogenys e Simopelta adotam
6 Poneríneos crípticos especializados forrageamento em densas colunas de ataque,
buscando presas, bem como algumas síndromes
Incluímos aqui uma grande diversidade de formigas legionárias (deslocamento constante
de formas, reunindo espécies pouco estudadas, do ninho, incluindo transporte de imaturos,
com morfologia muito modificada sugerindo uso e produção sincronizada da prole). Simopelta
especializado de recursos. Há espécies de tamanho ataca principalmente Pheidole e ocasionalmente
relativo médio a pequenas, mandíbulas estreitas Stenamma (Myrmicinae), sendo mais comuns na
e com pontos de articulação distantes entre si, Costa Rica, em altitudes intermediárias (cerca de
com dentição diferenciada (com é o caso de 1.500m) (LONGINO, 2010). Neoponera marginata
Stigmatomma com duplo alinhamento de dentes emprega colunas de ataque e preda cupins do
na mandíbula), alguns gêneros com dentes clipeais gênero Neocapritermes, enquanto N. commutata
(é o caso de Stigmatomma, Prionopelta e alguns preda cupins do gênero Syntermes (MACKAY;
Typhlomyrmex), olhos próximos ou distantes da MACKAY, 2010). Leptogenys é considerada semi-
inserção da mandíbula, distantes entre si, reduzidos nômade porque mudanças de ninho para outras
ou ausentes. áreas foram observadas em campo em mais de
Entre os proceratiíneos, há indicações na uma oportunidade, quando as operárias carregam
literatura que Discothyrea preda ootecas de aranhas ovos e pupas.
(BROWN, 1958; LEVIEUX, 1977; DEJEAN;
DEJEAN, 1998), enquanto Probolomyrmex A importância das guildas nos estudos so-
e Proceratium são especializados em ovos de bre estrutura morfológica da fauna de formigas
artrópodes (TAYLOR, 1965; BROWN, 1975, e processos funcionais nos ecossistemas
1980; BARONI URBANI; DE ANDRADE,
2003). Amblioponíneos do gênero Prionopelta Um inventário faunístico qualificado e uma
são especializados em dipluros campodeídeos e taxonomia refinada são pré-requisitos essenciais
Stigmatomma em Myriapoda. Alguns poneríneos, para a compreensão dos processos ecológicos de
como Centromyrmex, são especializados em cupins ecossistemas. Inferimos aqui que a filogenia está
(KEMPF, 1966; DELABIE, 1995), Thaumatomyrmex relacionada intimamente à ecologia funcional,
em miriápodes Polyxenidae (BRANDÃO et al., uma vez que guildas ancestrais foram se diversifi-
1991; EISNER et al., 1996; JAHYNY et al., 2008; cando e mudando o cenário ecológico da comuni-
RABELLING et al., 2012), Belonopelta em dipluros dade conforme a adaptação das espécies a outros
(WILSON, 1955) e Leptogenys em isópodes nichos. A evolução das guildas pode ser uma repe-
terrestres (LENKO, 1966; DEJEAN; EVRAERTS, tição do processo de especiação por cladogênese e,
1997). Entre os ectatommíneos, espécies do grupo ao longo do tempo, grupos funcionais são extintos
rastrata de Gnamptogenys, são especializadas e outros criados.
em diplópodes, G. banksi preda miriápodes, G. As formigas poneromorfas são, sem dúvida,
hartmanni preda coleópteros, G. horni preda outras mais diversas em áreas íntegras de fisionomias flo-
formigas e G. bruchi caça formigas do gênero restadas, reflexo da particularidade na composição

174 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
de espécies por área amostrada e por um número para os fluxos de energia e biomassa nos sistemas
relativamente alto de espécies representadas por ecológicos; quantificar e descrever a relação en-
poucos indivíduos, principalmente quando são tre atributos morfológicos-fisiológicos e o papel
utilizadas técnicas de amostragem como extratores funcional das formigas no diferentes ecossistemas
Winkler, pitfall, iscas e coletas ativas qualitativas. O pode ser fundamental para a biologia da conser-
impacto das populações de poneromorfas na es- vação; considerar a estrutura da comunidade em
trutura da comunidade ainda é pouco avaliado e guildas é uma importante ferramenta para atingir
poucos estudos adotam abordagens que permitam este objetivo.
esta avaliação, como o que foi verificado para P.
striata e Odontomachus chelifer que produzem um Referências
importante aporte na produção de sementes de
árvores de florestas pluviais devido à alta concen- ARIAS-PENNA, T. M. Subfamilia Ectatomminae.
tração de nutrientes ao redor do ninho (PASSOS; In: JIMÉNEZ, E.; FERNÁNDEZ, F.; ARIAS, T. M.;
OLIVEIRA, 2002). LOZANO-ZAMBRANO, F. H. (Eds). Sistematica,
Biogeografia y Conservación de las Hormigas
Deve-se aprimorar a classificação da co-
Cazadoras de Colombia. Instituto Alexander von
munidade em guildas nos estudos de ecologia Humboldt, Bogota, 2008, p. 53-107.
evolutiva e biogeográfica, para que a abordagem
funcional de ecossistemas não seja feita de forma BARONI URBANI, C.; DE ANDRADE, M. L. The
superficial. A presente proposta integra dados so- Ant Genus Proceratium in the Extant and Fossil
bre grupos tróficos (carnívoras, nectarívoras, de- Record (Hymenoptera: Formicidae). Torino:
tritívoras ou onívoras), síndromes comportamen- Museo Regionale di Scienze Naturali, 2003, 492 p.
tais (agressivas, subordinadas, oportunistas, ágeis (Monografie, 36).
ou parasitas), distribuição espacial no hábitat (ar-
BLAUM, N.; MOSNER, E.; SCHWAGER, M.;
borícolas, serapilheira, superfície e subterrâne- JELTSCH, F. How functional is functional?
as), forma de recrutamento (patrulheiras, focais, Ecological groupings in terrestrial animal ecology:
crípticas ou nômades), reprodutivas (monogíni- towards an animal functional type approach.
cas, políginicas, ergatoides, microgines e popula- Biodiversity and Conservation, London, v.20, p.
ções clones) e morfométricas (tamanho relativo 2333-2345, 2011.
de corpo, olhos e mandíbulas) para delimitar
macroguildas. O uso deste modelo conceitual BLONDEL, J. Guilds or functional groups: does it
matter? Oikos, Copenhagen, v. 100, p. 223-231,
permite também a delimitação de microguildas
2003.
em estudos locais de comunidades, descrevendo
de forma elaborada e adequada a organização da BLONDER, B.; LAMANNA, C.; VIOLLE, C.;
fauna de formigas em diferentes áreas da Região ENQUIST, B. J. The n-dimensional hypervolume.
Neotropical. Consideramos isto importante por- Global Ecology and Biogeography: A journal of
que pode ocorrer sobreposição entre espécies de Macroecology, Oxford, v. 23, p. 595-609, 2014.
macroguildas diferentes, determinada pelo ex-
BOLTON, B. 2003. Synopsis and Classification of
tenso repertório da biologia das formigas. Operá-
Formicidae. Gainesville: American Entomological
rias de muitas espécies de poneromorfas comuns
Institute. p. 1-370 (Memoirs of the American
nas florestas tropicais patrulham constantemente Entomological Institute, 71), 2003.
a área próxima ao ninho em busca de invertebra-
dos vivos ou mortos, frutos, fezes de vertebrados BRADY, S. G.; SCHULTZ, T. R.; FISHER, B. L.; WARD,
e substâncias açucaradas; há espécies que modi- P. S. Evaluating alternative hypotheses for the early
ficam o uso dos recursos ao longo do ano (RAI- evolution and diversification of ants. Proceedings
MUNDO et al., 2009). Análises de estruturação of the National Academy of Sciences of the United
morfológica sugerem certa sobreposição entre States of America, Washington, DC, v. 103, p. 18172-
18177, 2006.
algumas guildas (SILVA; BRANDÃO, 2010), mas
faltam estudos intra-guilda descrevendo padrões BRANDÃO, C. R. F.; DINIZ, J. L. M.; TOMOTAKE,
sazonais de uso dos recursos e eventuais mudan- M. E. Thaumatomyrmex strips millipedes for prey, a
ças de biologia trófica. novel predatory behaviour in ants and the first case of
Cada guilda tem sua importância dentro sympatry in the genus. Insectes Sociaux, Basel, v. 38, p.
das comunidades, em função da sua contribuição 335-344, 1991.

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 175


BRANDÃO, C. R. F.; SILVA, R. R.; DELABIE, J. H. C. DE ANDRADE, M. L. A new species of Platythyrea
Formigas (Hymenoptera). In: PANIZZI, A. R.; PARRA, from Dominican amber and description of a new
J. R. P. (Eds.). Bioecologia e Nutrição de Insetos: extant species from Honduras. Revue Suisse de
Base para o Manejo Integrado de Pragas. Embrapa Zoologie, Genève, v. 111, p. 643-655, 2004.
Informação Tecnológica, Brasília, DF, 2009, p. 323-370.
DE PAULA, G. A. R. Perspectiva histórica e estudo de
BRANDÃO, C. R. F.; SILVA, R. R.; DELABIE, J. H. C. conceitos em ecologia funcional. Oecologia Australis,
Neotropical ants (Hymenoptera) functional groups: Rio de Janeiro, v.17, p. 331-346, 2013.
nutritional and applied implications. In: PANIZZI, A. R.;
PARRA, J. R. P. (Eds.). Bioecology and Insect Nutrition. DEJEAN, A.; DEJEAN, A. How a ponerinae ant
CRC Press, Taylor; Francis Company, 2012, p. 213-236. acquired the most evolved mode of colony foundation.
Insectes Sociaux, Basel, v. 45, p. 343-346, 1998.
BROWN, W. L., Jr. Predation of arthropod eggs by
the ant genera Proceratium and Discothyrea. Psyche, DEJEAN, A.; EVRAERTS, C. Predatory behavior in
Cambridge, v. 64, p. 115, 1958. the genus Leptogenys: a comparative study. Journal of
Insect Behavior, New York, v. 10, p. 17-191, 1997.
BROWN, W. L., Jr. Contributions toward a
reclassification of the Formicidae. V. Ponerinae, tribes DELABIE, J. H. C. Inquilinismo simultâneo de duas
Platythyreini, Cerapachyini, Cylindromyrmecini, espécies de Centromyrmex (Hymenoptera; Formicidae;
Acanthostichini, and Aenictogitini. Search Ponerinae) em cupinzeiros de Syntermes sp (Isoptera;
Agriculture: entomology, Ithaca, v. 5, p. 1-115, 1975. Termitidae; Nasutermitinae). Revista Brasileira de
Entomologia, Curitiba, v. 39, p. 605-609, 1995.
BROWN, W. L., Jr. A remarkable new species of
Proceratium, with dietary and other notes on the genus DELABIE, J. H. C. Trophobiosis between
(Hymenoptera: Formicidae). Psyche, Cambridge, v. 86, Formicidae and Hemiptera (Sternorrhyncha and
p. 337-346, 1980. Auchenorrhyncha): an overview. Neotropical
Entomology, Londrina, v. 30, p. 501-516, 2001.
CAMARGO, R. X.; OLIVEIRA, P. S. Natural history of
the neotropical arboreal ant, Odontomachus hastatus: DELABIE, J. H. C.; AGOSTI, D.; NASCIMENTO, I. C.
nest sites, foraging schedule, and diet. Journal of Litter ant communities of the Brazilian Atlantic rain
Insect Science, Tucson, v. 12, p. 48, 2012. forest region. In: AGOSTI, D.; MAJER, J. D.; ALONSO,
L. E.; SCHULTZ, T. (Eds.). Sampling ground-dwelling
CHASE, J. M.; LEIBOLD, M. A. Ecological Niches: ants: case studies from the world’s rain forests. Perth,
Linking Classical and Contemporary Approaches. Australia, Curtin University School of Environmental
Chicago, IL. University of Chicago Press, 2003, 212 p. Biology, Bulletin, No. 18, 2000, p. 1-17.

COGNI, R.; OLIVEIRA, P. S. Patterns in foraging and DELABIE, J. H. C.; DA ROCHA, W. D.; FEITOSA, R.
nesting ecology in the neotropical ant Gnamptogenys M.; DEVIENNE, P.; FRESNEAU, D. Gnamptogenys
moelleri (Formicidae, Ponerinae). Insectes Sociaux, concinna (F. Smith, 1858): nouvelles données sur sa
Basel, v. 51, p. 123-130, 2004. distribution et commentaires sur ce cas de gigantisme
dans le genre Gnamptogenys (Hymenoptera, Formicidae,
COLWELL, R. K.; RANGEL, T. F. Hutchinson’s duality: Ectatomminae). Bulletin de la Société entomologique
the once and future niche. Proceedings of the National de France, Paris, v. 115, p. 269-277, 2010.
Academy of Sciences of the United States of America,
Washington, DC, v. 106, p. 19651-19658, 2009. DIAMOND, S. E.; NICHOLS, L. M.; MCCOY, N.;
HIRSCH, C.; PELINI, S. L.; SANDERS, N. J.; ELLISON,
DASH, S. T. A taxonomic revision of the New World A. M.; GOTELLI, N. J.; DUNN, R. R. A physiological
Hypoponera Santschi, 1938 (Hymenoptera: Formicidae). trait-based approach to predicting the responses of
University of Texas, El Paso, Ph.D thesis. 2011, 277 p. species to experimental climate warming. Ecology,
Durham, v. 93, p. 2305-2312, 2012.
DAVIDSON, D. W. Ecological stoichiometry of ants in
a New World rain forest. Oecologia, Berlin, v. 142, p. ELTON, C. S. Animal Ecology. University of Chicago
221-231, 2005. Press. 1927, 209p.

DAVIDSON, D. W.; COOK, S. C.; SNELLING, R. EISNER, T.; EISNER, M.; DEYRUP, M. Millipede defense:
R.; CHUA, T. H. Explaining the abundance of ants use of detachable bristles to entangle ants. Proceeding of
in lowland tropical rainforest canopies. Science, the National Academy of Sciences of the United States
Washington, DC, v. 300, p. 969-972, 2003. of America, Washington, DC, v. 93, p. 10848-10851, 1996.

176 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
FARIAS, A. A.; JAKSIC, F. M. Assessing the relative HUTCHINSON, G. E. Concluding remarks: Cold
contribution of functional divergence and guild Spring Harbor symposium. Quantitative Biology,
aggregation to overall functional structure of species Cold Spring Harbor NY, v. 22, p. 415-427, 1957.
assemblages. Ecological Informatics, Amsterdam, v. 1,
p. 367-375, 2006. JACKSON, A. L.; INGER, R.; PARNELL, A. C.;
BEARSHOP, S. Comparing isotopic niche widths
FEITOSA, R. M. Revisão taxonômica e análise among and within communities: SIBER – Stable
filogenética de Heteroponerinae (Hymenoptera, Isotope Bayesian Ellipses in R. Journal of Animal
Formicidae). Universidade de São Paulo, FFCLRP, Ecology, Oxford, v. 80, p. 595-602, 2011.
Departamento de Biologia, Programa de Pós-Graduação
em Entomologia. Tese de Doutorado, 2011, 297 p. JAHYNY, B.; LACAU, S.; DELABIE, J. H. C.;
FRESNEAU, D. Le genre Thaumatomyrmex Mayr
FEITOSA, R. M.; HORA, R. R.; DELABIE, J. H. C.; 1887, cryptique et prédateur spécialiste de Diplopoda
VALENZUELA, J.; FRESNEAU, D. A new social Penicillata. In: JIMÉNEZ, E.; FERNÁNDEZ, F.;
parasite in the ant genus Ectatomma F. Smith ARIAS, T. M.; LOZANO-ZAMBRANO, F. H. (Eds).
(Hymenoptera, Formicidae, Ectatomminae). Zootaxa, Sistematica, Biogeografia y Conservación de
Auckland, v. 1713, p. 47-52, 2008. las Hormigas Cazadoras de Colombia. Instituto
Alexander von Humboldt, Bogota, 2008, p. 329-346.
FEITOSA, R. M.; LACAU, S.; DA ROCHA, W. D.;
OLIVEIRA, A. R.; DELABIE, J. H. C. A giant new JAKSIC, F. M. Abuse and misuse of the term “guild” in
arboreal species of the ant genus Anochetus from ecological studies. Oikos, Copenhagen, v. 37, p. 397-
Brazil (Formicidae: Ponerinae). Annales de la Société 400, 1981.
Entomologique de France, Paris, v. 48, p. 253-259, 2012.
JAKSIC, F. M.; MEDEL, R. G. Objective recognition
FERNANDES, I. O.; DE OLIVEIRA, M. L.; of guilds: testing for statistically significant species
DELABIE, J. H. C. Description of two new species clusters. Oecologia, Berlin, v. 82, p. 87-92, 1990.
in the Neotropical Pachycondyla foetida complex
(Hymenoptera: Formicidae: Ponerinae) and taxonomic JIMÉNEZ, E.; FERNÁNDEZ, F. T. M.; LOZANO-
notes on the genus. Myrmecological News, Vienna, v. ZAMBRANO, F. H. (Eds.). Sistemática, Biogeografía y
19, p. 133-163, 2014. Conservación de las Hormigas cazadoras de Colombia.
Instituto de Investigación de Recursos Biológicos
FERNÁNDEZ, F. C.; ARIAS-PENNA, T. M. Las Alexander von Humboldt, Bogotá, 2008, 609 p.
hormigas cazadoras en la región Neotropical. In:
JIMÉNEZ, E.; FERNÁNDEZ, F.; ARIAS, T. M.; KASPARI, M. Taxonomic level, trophic biology and the
LOZANO-ZAMBRANO, F. H. (Eds). Sistematica, regulation of local abundance. Global Ecology and
Biogeografia y Conservación de las Hormigas Biogeography: a journal of macroecology, Oxford, v.
Cazadoras de Colombia. Instituto Alexander von 10, p. 229-244, 2001.
Humboldt, Bogota, 2008, p. 3-40.
KEARNEY, M.; SIMPSON, S. J.; RAUBENHEIMER, D.;
GOTELLI, N. J.; GRAVES, G. R. Null Models in HELMUTH, B. 2010. Modelling the ecological niche
Ecology. Smithsonian Institution Press, Washington, from functional traits. Philosophical Transactions of
DC, 1996, 368 p. the Royal Society B, London, v. 365, p. 3469-3483.

GRINNELL, J. The niche-relationships of the KEMPF, W. W. A synopsis of the neotropical ants


California thrasher. Auk, Washington, v. 34, p. 427-433, of the genus Centromyrmex Mayr (Hymenoptera:
1917. Formicidae). Studia Entomologica, Petropólis, v. 9, p.
401-410, 1966.
HOLT, R. D. Bringing the Hutchinsonian niche into the
21st century: ecological and evolutionary perspectives. LACAU, S., VILLEMANT, C.; DELABIE, J. H. C.
Proceedings of the National Academy of Sciences of Typhlomyrmex meire, a remarkable new species endemic
the United States of America, Washington, DC, v. 106, to Southern Bahia, Brazil (Formicidae: Ectatomminae).
p. 19659-19665, 2009. Zootaxa, Auckland, v. 687, p. 1-23, 2004.

HORA, R. R.; DOUMS, C.; POTEAUX, C.; FÉNÉRON, LACHAUD, J. P.; LÓPEZ-MÉNDEZ, J. A.; SCHATZ, B.;
R.; VALENZUELA, J.; HEINZE, J.; FRESNEAU, D. DE CARLI, P.; BEUGNON, G. Comparaison de l’impact
Small queens in the ant Ectatomma tuberculatum: a de prédation de deux ponérines du genre Ectatomma
new case of social parasitism. Behavioral Ecology and dans un agroécosystème néotropical. Actes des
Sociobiology, Berlin, v. 59, p. 285-292, 2005. Colloques Insectes Sociaux, Paris, v. 10, p. 67-74, 1996.

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 177


LANAN, M. Spatiotemporal resource distribution and PASSOS, L.; OLIVEIRA, P. S. Ants affect the
foraging strategies of ants (Hymenoptera: Formicidae). distribution and performance of Clusia criuva
Myrmecological News, Vienna, v. 20, p. 53-70, 2014. seedlings, a primarily bird-dispersed rainforest tree.
Journal of Ecology, London, v. 90, p. 517-528, 2002.
LARABEE, F. J.; SUAREZ, A. V. The evolution
and functional morphology of trap-jaw ants PASSOS, L.; OLIVEIRA, P. S. Interaction between ants
(Hymenoptera: Formicidae). Myrmecological News, and fruits of Guapira opposita (Nyctaginaceae) in a
Vienna, v. 20, p. 25-36, 2014. Brazilian sandy plain rainforest: ant effects on seeds and
seedlings. Oeologia, Berlin, v. 139, p. 376-382, 2004.
LATTKE, J. E. Revision of the ant genus Gnamptogenys
in the New World (Hymenoptera: Formicidae). PAUL, J.; ROCES, F. Fluid intake rates in ants
Journal of Hymenoptera Research, Washington, DC, correlate with their feeding habits. Journal of Insect
v. 4, p. 137-193, 1995. Physiology, Oxford, v. 49, p. 347-357, 2003.

LENKO, K. A formiga Leptogenys bohlsi como PEETERS, C. Convergent evolution of wingless


predadora de isopodos (Hymenoptera: Formicidae). reproductives across all subfamilies of ants, and sporadic
Papeis Avulsos de Zoologia, São Paulo, v. 19, p. 59-61, loss of winged queens (Hymenoptera: Formicidae).
1966. Myrmecological News, Vienna, v. 16, p. 75-91, 2012.

LEVIEUX, J. La nutrition des fourmis tropicales. V. PIANKA, E. R. Guild structure in desert lizards. Oikos,
Elements de synthese: les modes d’exploitation de la Copenhagen, v. 35, p. 194-201, 1980.
biocenose. Insectes Sociaux, Basel, v. 24, p. 235-260,
1977. PIE, M. R. Foraging ecology and behaviour of the
ponerine ant Ectatomma opaciventre Roger in a
LONGINO, J. T. Ants of Costa Rica. 2010. Disponível Brazilian savannah. Journal of Natural History,
em: http://www.evergreen.edu/ants/AntsofCostaRica. London, v. 38, p. 717-729, 2004.
html. Acesso em: 30 Maio de 2014.
RABELLING, C.; VERHAAGH, M.; GARCIA, M.
MCGILL, B. J., ENQUIST, B., WEIHER, E.; WESTOBY, V. B. Observations on the specialized predatory
M. Rebuilding community ecology from functional behavior of the pitchfork-mandibles ponerine ant
traits. Trends in Ecology and Evolution, Cambridge, v. Thaumatomyrmex paludis (Hymenoptera: Formicidae).
21, p. 178-185, 2006. Breviora, United States, v. 533, p. 1-8, 2012.

MACKAY, W. P.; MACKAY, E. E. The systematics RAIMUNDO, R. L. G.; FREITAS, A. V. L.; OLIVEIRA,
and biology of the New World ants of the genus P. S. Seasonal patterns in activity rhythm and foraging
Pachycondyla (Hymenoptera: Formicidae). Edwin ecology in the Neotropical forest-dwelling ant,
Mellon Press, Lewiston, 2010. 642 p. Odontomachus chelifer (Formicidae, Ponerinae).
Annals of the Entomological Society of America,
MOREAU, C. S.; BELL, C. D.; VILA, R.; ARCHIBALD, College Park, v. 102, p. 1151-1157, 2009.
S. B.; PIERCE, N. E. Phylogeny of the ants:
diversification in the age of angiosperms. Science, ROOT, R. B. The niche exploitation pattern of the Blue-
Washington, DC, v. 312, p. 101-104, 2006. gray Gnatcatcher. Ecological Monographs, Durham,v.
37, p. 317-350, 1967.
MORGAN, E. D.; JUNGNICKEL, H.; KEEGANS, S.
J.; NASCIMENTO, R. R.; BILLEN J.; GOBIN B.; ITO, SCHIMPER, A. F. W. Plant-Geography Upon a
F. Comparative survey of abdominal gland secretions Physiological Basis. Oxford, Clarendon Press. 1903,
of the ant subfamily Ponerinae. Journal of Chemical 839 p.
Ecology, New York, v. 29, p. 95-114, 2003.
SCHMIDT, C. A.; SHATTUCK, S. O. The higher
NEWSOME, S. D.; DEL RIO, C. M.; BEARSHOP, S.; classification of the ant subfamily Ponerinae
PHILLIPS, D. L. A niche for isotopic ecology. Frontiers (Hymenoptera: Formicidae), with a review of ponerine
in Ecology and Environment, Washington, DC, v. 5, p. ecology and behavior. Zootaxa, Auckland, v. 3817, p.
429-436, 2007. 1-242,2014.

PAIVA, R. V. S.; BRANDÃO, C. R. F. Estudos sobre a SILVA, R. R.; BRANDÃO C. R. F. Morphological


organização social de Ectatomma permagnum Forel, patterns and community organization in leaf-litter ant
1908 (Hymenoptera, Formicidae). Revista Brasileira assemblages. Ecological Monographs, Durham, v. 80,
de Biologia, São Carlos, v. 49, p. 783-792, 1989. p. 107-124, 2010.

178 | Rogério R. Silva, Rogério Silvestre, Carlos R. F. Brandão, Maria S. C. Morini, Jacques H. C. Delabie
SILVA, R. R.; BRANDÃO C. R. F. Ecosystem-wide WEBER, N. A. Two common ponerine ants of possible
morphological structure of leaf-litter ant communities economic significance, Ectatomma tuberculatum
along a tropical latitudinal gradient. PLoS One, San (Olivier) and E. ruidum Roger. Proceedings of the
Francisco, v. 9, p. e93049, 2014. Entomological Society of Washington, Washington,
DC, v. 48, p. 1-16, 1946.
SILVESTRE, R.; BRANDÃO, C. R F.; SILVA, R. R.
Grupos funcionales de hormigas: el caso de los WHEELER, D. E. Ectatomma tuberculatum foraging
gremios del Cerrado, Brasil. In: FERNÁNDEZ, F. biology and association with Crematogaster
(Ed.). Introducción a las Hormigas de la Región (Hymenoptera Formicidae). Annals of the
Neotropical. Bogotá, Instituto Humboldt. p. 113-143, Entomological Society of America, Washington, DC,
2003. v. 79, p. 300-303, 1986.

SIMBERLOFF, D.; DAYAN, T. The guild concept and WIENS, J. A. The Ecology of Bird Communities:
the structure of ecological communities. Annual Foundations and Patterns. Cambridge, Cambridge
Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v. 22, p. University Press. v.1, 1989, 538 p.
115-143, 1991.
WILSON, E. O. Ecology and behavior of the ant
SOBERÓN, J.; NAKAMURA, M. Niches and Belonopelta deletrix Mann (Hymenoptera: Formicidae).
distributional areas: Concepts, methods, and Psyche, Cambridge, v. 62, p. 82-87, 1955.
assumptions. Proceedings of the National Academy
of Sciences of the United States of America, WILSON, J. B. Guilds, functional types and ecological
Washington, DC, v. 106, p. 19644-19650, 2009. groups. Oikos, Copenhagen,v. 86, p. 507-522, 1999.

TAYLOR, R. W. A monographic revision of the rare


tropicopolitan ant genus Probolomyrmex Mayr
(Hymenoptera: Formicidae). Transactions of the
Royal Entomological Society of London, London, v.
117, p. 345-365, 1965.

Grupos tróficos e guildas em formigas poneromorfas | 179

View publication stats

Anda mungkin juga menyukai