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A Marolinha e os Viúvos do Complexo de Vira-Latas

O genial reacionário Nelson Rodrigues dizia que os brasileiros


pareciam condenados a um eterno complexo de vira-latas: tudo que dava
errado aqui sempre visto como imposição lógica de nossa condição (como se
mundo afora também não se fizesse muita porcaria) e as coisas boas
eventualmente aqui gestadas como acidentes de improvável repetição.

Pois bem, aos poucos, o Brasil vai se encontrando com seu futuro
(lembram-se que nós éramos o país do futuro?). Nada a ver com ufanismos
apressados como os do tempo do “Brasil Potência”. Nem com
desconsideração a nossos problemas reais, estruturais e históricos:
indecentes concentração de renda, de terra e de meios de comunicação de
massa; dívida social e atraso educacional, carências infraestruturais de toda
sorte e violência.

No início do ano, as Mirians Leitão, os Sardenbergs, os Jabores, Clóvis


Rossis e Catanhedes da vida apregoavam a “irresponsabilidade” do
Presidente Lula em tratar o impacto da crise mundial aqui como uma
“marolinha”. Esses viúvos do complexo de vira-latas rodrigueano achavam
um acinte o metalúrgico da língua presa menoscabar uma crise que estava
deixando aos prantos as mais sábias e iluminadas inteligências de Harvard e
do MIT, faróis e lentes pelos quais sempre enxergaram o Brasil.

Afinal, também, em todas as crises econômicas internacionais


anteriores, o Brasil não só era levado inescapavelmente de roldão, como, em
geral, ia mais fundo, e demorava mais tempo a sair do que os próprios
países do epicentro da crise.

Mas eis que agora não mais!

Nunca antes na história desse país (sei o quanto essa frase dói, mas
sejamos honestos e admitamos que é a nua e singela verdade) enfrentamos
uma crise dessa dimensão com tamanha altivez. E não se trata de uma
crisezinha qualquer, como a das Bolsas asiáticas em 1998, que afundou o
Brasil, junto com o Plano Real, em quatro anos de recessão e de
estagnação. Trata-se da mais grave crise do capitalismo desde a grande
depressão dos anos 30!

Depois de mais de um trilhão de dólares despejados na economia


moribunda pelos governos das grandes potências, num esforço de
articulação entre os Bancos Centrais também inédito, a situação começa,
aos poucos, a dar leves sinais de melhora.

E o que aconteceu ao Brasil?

A ONU divulgou no início de outubro que a crise mundial deve levar 90


milhões de pessoas para a pobreza. Isso enquanto o Brasil, em plena crise,
tirou 30 milhões da pobreza e viu mais 20 milhões irem para a classe média,
segundo dados da PNAD e da FGV (Marcelo Néri/Mapa do Bolso do
Brasileiro).

Enquanto o mundo assiste a uma dramática evaporação dos empregos


o Brasil vê o crescimento do emprego formal a cada mês, segundo dados do
Caged/MTb.

Como coroamento simbólico da boa fase do país, tivemos a honra de


receber o reconhecimento internacional com a escolha do Rio de Janeiro
para sediar as Olimpíadas de 2016.

Mas os viúvos do complexo de vira-latas não se contêm e começam a


vaticinar desvios de recursos, malversações, corrupção, carências sociais e
infraestruturais e blá, blá blá...

Ora, a tão decantada necessidade de fiscalizar a correta aplicação dos


recursos públicos é tão óbvia que já não devia ser notícia. Entre-se nas
páginas na Internet da CGU, do TCU, e do MPU e veja-se quantas obras são
fiscalizadas neste país e quantos servidores públicos e agentes privados já
foram condenados por práticas delituosas. Não estamos mais nos tempos do
“Engavetador-Geral da União”.
Os viúvos do complexo de vira-latas querem nos fazer crer que essas
coisas ruins só acontecem no Brasil. Seu baixo-astral é tão grande que
lembram aquela hiena azarada e mau-agourenta, Hardy, do antigo desenho
animado. Na verdade não se trata de uma condição psicológica (pessimismo
patológico), mas de posição política: o sucesso do Brasil de Lula é
insuportável!

Segundo o imortal Nelson, os brasileiros começaram a vencer o


complexo de vira-latas quando a seleção canarinho conquistou nosso
primeiro caneco em terras estrangeiras.

Agora, que o povo já aprendeu a derrotar a opinião pública, como fez


nas eleições de 2006, não será qualquer ave agourenta que vai nos afastar
do caminho do futuro.

E com a mãozinha de Deus, com o Pré-sal, podemos dizer orgulhosos


a todos os povos que venham para a grande festa da humanidade em 2016.
Que o Cristo Redentor está esperando de “braços abertos sobre a
Guanabara...”

Brasília, 06/10/2009.

Kleber Chagas Cerqueira


Consultor Legislativo da CLDF
Mestrando em Ciência Política - UnB

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