Automação e Informática
Formação de
Educadores
AUTORA:
Florianópolis –2003
Formação de Educadores 1
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI
Centro de Tecnologia em Automação e Informática – CTAI
Grupo de Automação Industrial - GAU
Formação de
Educadores
SENAI/CTAI
Florianópolis – 2003
Formação de Educadores 2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 4
1. COMUNICAÇÃO E POSTURAS EDUCACIONAIS 5
2. PLANEJAMENTO DE ENSINO 13
3. RECURSOS DIDÁTICOS 20
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 24
LEITURA COMPLEMENTAR 25
TEXTO 1: A FARSA DO PLANEJAMENTO..............................................................................................25
TEXTO 2: MONJOLOS E MOINHOS ......................................................................................................27
TEXTO 3: COMO PREPARAR UMA PALESTRA..............................................................................................29
TEXTO 4: COMO VENCER A INIBIÇÃO AO FALAR .........................................................................................31
TEXTO 5: EXPOSIÇÃO ORAL ...................................................................................................................33
TEXTO 6 : PARA MELHORAR A COMUNICAÇÃO E VIVER MELHOR ...................................................................35
TEXTO 7 : UM PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO .............................................................................................36
TEXTO 8: URGÊNCIA DE VIVER ................................................................................................................38
Formação de Educadores 3
INTRODUÇÃO
Definimos tecnologia educacional como o processo pelo qual os recursos para a aprendizagem são
planejados, produzidos e utilizados. Genericamente, todo conhecimento científico que pode ser utilizado
no desempenho de atividades educativas podemos chamar de tecnologia educacional. Seu campo de
estudo envolve a ciência da informação e comunicação, os novos métodos e conceitos de planejamento
e também conceitos de psicologia da aprendizagem e da instrução.
Nas últimas décadas avanços substanciais tem sido feitos no campo da comunicação e da informação,
contribuindo significativamente para a melhoria da compreensão da comunicação humana. A psicologia
da aprendizagem, por sua vez, ao estudar “como aprendemos”, contribui com suas teorias e práticas de
ensino, tornando as atividades docentes mais eficientes. O planejamento educacional, assim como em
outras áreas de conhecimento, através de sua visão sistêmica, tem permitido a análise de novas
alternativas, de novos pressupostos e da realidade.
A tecnologia educacional explora novas formas de comunicação através de meios e técnicas de ensino
não tradicionais. Ela faz parte de um processo de inovação no campo educacional, através da
viabilização de novas teorias, conceitos, idéias, técnicas ou aplicações.
Entretanto, é preciso ter sempre em mente que os meios não são os fins. Por isso, o uso da tecnologia
educacional se justifica somente quando seu objetivo é nos proporcionar meios de melhorar a qualidade
da aprendizagem humana.
Objetivos:
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1. COMUNICAÇÃO E POSTURAS EDUCACIONAIS
O termo comunicação vem do latim Comunicare que significa por em comum. É, portanto, o
intercâmbio compreensivo de significados através de símbolos.
Portanto, a comunicação não pode ser um processo linear. É um processo circular ou cíclico. A
informação (ou mensagem) passa do emissor para o receptor que invariavelmente reage à essa
mensagem. Esta reação do receptor é também uma mensagem a ser devolvida para o emissor. Assim,
emissor e receptor alternam-se entre si formando um ciclo.
1. COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO
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Ö Emissor: É aquele que tem a iniciativa da comunicação. Ele deve transmitir sua mensagem em
termos que sejam inteligíveis para o outro.
Ö Receptor: É aquele a quem a mensagem é dirigida. Ele a captará à medida que estiver sintonizado
com o emissor. Além disso, se ele quiser favorecer a tomada de contado iniciada pelo emissor,
deverá também estar psicologicamente em estado de abertura para o outro. De outro modo, ele
poderá ouvir a mensagem, mas não captá-la ou aceitá-la. Para que um indivíduo ao longo de uma
comunicação transmita ou receba uma mensagem adequadamente, é necessário que haja uma boa
motivação, seguida da percepção e também da expressão.
Ö Canal: É constituído pelo grupo de símbolos utilizados para formular a mensagem de tal modo que
ela faça sentido ao receptor. A linguagem escrita ou oral é sem dúvida o código mais
freqüentemente utilizado. Mas a música, a pintura, a escultura, a dança, a mímica e a televisão são
outros canais que nos permitem transmitir mensagens. Os códigos audiovisuais são, sem dúvida
alguma, os mais adequados produzidos pela técnica moderna.
2. BARREIRAS À COMUNICAÇÃO.
Ruído é qualquer interferência que distorce a mensagem, dificultando, ou até mesmo, impedindo a
comunicação. É uma importante condição que interfere no processo.
Além dos ruídos, podemos identificar a presença de outros obstáculos à efetiva comunicação:
a) As opiniões e atitudes do receptor fazem com que ele só ouça ou leia o que lhe interessa ou
ouça a mensagem conforme a sua opinião, mesmo que seu conteúdo seja contrário.
b) O egocentrismo que nos impede de enxergar o ponto de vista de quem fala, nos faz rebater tudo o
que o outro nos disse, sem ter ouvido o que ele quis dizer realmente. Exemplo: quando ouvimos
uma piada e, antes do seu final, já procuramos uma melhor para contar. Isto até nos impede de rir
da piada contada.
c) A percepção que temos do outro sofre influência por preconceitos. Assim, os termos branco, preto,
árabe, judeu, viúva, rico, pobre, operário, colono, têm, cada um, uma conotação que nos predispõe
a ouvir com atenção ou não, ou a esperar de antemão certas reações de preferência a outras.
d) A competição que leva as pessoas a terem um "monólogo coletivo" ou "diálogo de surdos". Cada
um corta a palavra do outro sem sequer estar ouvindo o que está sendo dito e fazendo questão de
se fazer ouvir. Ninguém ouve ninguém.
e) A frustração impede a pessoa sujeita a ela, de ouvir e entender o que está sendo dito.
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f) A transferência inconsciente de sentimentos que tínhamos em relação a uma pessoa parecida com
o interlocutor, pode ditar uma predisposição favorável ou desfavorável.
g) A projeção que nos leva a emprestar a outrem intenções que nunca teve, mas que teríamos no
lugar dela.
h) A inibição do receptor em relação ao emissor e vice-versa.
3. A LINGUAGEM DIDÁTICA
Trata-se da simbologia usada pelo instrutor, de maneira oral, escrita ou audiovisual, para efetivar a
comunicação com o treinando.
1. Popular: é a linguagem do povo, evitando-se os erros. Pode-se, até mesmo, utilizar termos
regionais, desde que seja um linguagem comum. Deve ser usada sem afetação nem rebuscamento.
2. Correta: o instrutor deve utilizar termos que expressem o sentido exato da mensagem, evitando
dubiedade de interpretação.
3. Viva: é a linguagem que deve tentar transmitir o calor do assunto, dando um colorido afetivo às
expressões, de modo a ressaltar o que está sendo exposto. Se é uma mensagem de alegria, esta
deve ser transmitida de modo que toda a expressão corporal (gestos e expressões) do emissor
demonstre exatamente o que o conteúdo da mensagem deve comunicar.
4. Adequada: quando está ajustada à capacidade de compreensão dos treinandos, no sentido de
ajuda-los a entender o significado do fato que está sendo comunicado.
4. RECOMENDAÇÕES
• Não fazer exposições muito longas sem intercalar um exemplo, um exercício, uma pergunta, uma
anotação no quadro, uma projeção, etc.
• Nomes, dados importantes, datas, termos técnicos, termos novos devem ser fixados por meio de
recursos audiovisuais.
• Não se deve expor e registrar algum dado, ao mesmo tempo, utilizando recursos diferentes.
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Ö Declarar que não teve tempo para preparar a aula
Ö Declarar que está nervoso
Ö Não usar adequadamente os recursos audiovisuais
— ficar na frente
— fora de foco
— deixar material no quadro que já foi discutido
Ö Não se preparar adequadamente
Ö Não se apresentar
Ö Porte inadequado
— mascando chiclete
— vestuário inadequado
Ö Material visual fora de ordem (transparências)
Ö Vícios de linguagem
Ö Linguagem inadequada
A seguir listamos os tipos de treinandos mais comuns e uma sugestão de qual a relação que o instrutor
deve estabelecer para que o grupo seja participante e motivado. Note que as sugestões ao instrutor não
se constituem em fórmulas a serem usadas indistintamente, são apenas possíveis formas de solução.
Instrutor
SABE-TUDO Exibicionista, quer impor sua opinião, muitas vezes convencido de que
sabe tudo
Instrutor
Instrutor
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DO CONTRA Nunca aceita as opiniões dos outros e quer sempre discutir;
normalmente este indivíduo tem problemas de ordem pessoal, o que o
torna revoltado e descontrolado.
Instrutor
DESINTERESSADO Não se interessa por nada, não coopera por achar o assunto,
algumas vezes, simples demais, e outras vezes, muito elevado.
Instrutor
TÍMIDO Não se julga apto a participar do grupo. Teme o julgamento dos outros,
fica nervoso quando necessita falar no grupo, não tem coragem.
Instrutor
TEIMOSO Tem idéia fixa, nada consegue fazê-lo mudar de idéia; não cede, não
quer aprender nada com os outros.
Instrutor
LÍDER Pronto a ajudar, seguro de si. Recebe bem as críticas; sabe encarar as
situações esportivamente; aceita os colegas como são.
Instrutor
Instrutor
EXTROVERTIDO É sempre bem humorado, dá sempre a sua opinião, diz o que pensa e
é simpático
Instrutor
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INTROVERTIDO É prudente e reservado; não gosta de participar
Instrutor
7. FEEDBACK.
• Descritivo ao invés de avaliativo - quando não há julgamento, apenas o relato de um evento, reduz-
se a necessidade de reagir defensivamente e assim o indivíduo pode ouvir e sentir-se a vontade
para utilizar aquele dado como julgar conveniente.
• Específico ao invés de geral - quando se diz que alguém é "dominador", isto tem menos significado
do que indicar seu comportamento numa determinada ocasião.
• Compatível com as necessidades do comunicador e do receptor - pode ser altamente destrutivo
quando satisfaz somente a necessidade do comunicador sem levar em conta as necessidades do
receptor.
• Dirigido para comportamentos que o receptor possa modificar, pois em caso contrário, a frustração
será somente aumentada, se o receptor reconhecer falhas naquilo que não está sob seu controle
mudar.
• Solicitado ao invés de imposto - será mais útil quando o receptor tiver formulado perguntas que os
que o observam podem responder.
• Oportuno - em geral, feedback é mais útil o mais próximo possível do comportamento em questão,
dependendo, naturalmente da prontidão da pessoa para ouvi-lo, apoio dos outros, clima emocional,
etc.
O insucessos freqüentes na comunicação interpessoal tem indicado, entretanto, que estes requisitos
embora compreendidos e aceitos intelectualmente, não são fáceis de serem seguidos, tanto no
processo de dar feedback quanto de receber.
Necessitamos saber o que estamos fazendo inadequadamente como também o que conseguimos fazer
com adequação, de modo a podermos corrigir as ineficiências e mantermos os acertos.
Por que é difícil receber feedback?
É difícil aceitar nossas ineficiências e ainda mais admiti-las para os outros, publicamente.
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Em geral, tememos a reação do outro (mágoa, agressão, etc), ou seja, que o feedback seja mal
interpretado, pois muitas pessoas o percebem como crítica e tem implicações emocionais e sociais
muito fortes, em termos de amizade, status, competência e reconhecimento social.
Muitas vezes a pessoa não está preparada para receber feedback ou não deseja nem sente sua
necessidade. É preciso atentar para estes aspectos pois se constituem verdadeiros bloqueios à
comunicação interpessoal. Se insistirmos no feedback, a pessoa poderá duvidar dos nossos motivos
para tal, negar a validade dos dados, racionalizar procurando justificar-se, etc.
Respostas ao feedback
POSITIVAS NEGATIVAS
Ouvir cuidadosamente Negar
Agradecer Ignorar
Verificar Justificar
Avaliar Excusar-se
Incorporar Resistir
Observar mais Defender-se
Distorcer
Lutar
Culpar-se
Esquecer
a) estabelecendo uma relação de confiança recíproca para diminuir as barreiras entre o comunicador e
o receptor
b) aprendendo a ouvir, a receber feedback sem reações emocionais intensas.
c) aprendendo a dar feedback de forma habilidosa, sem conotações emocionais intensas.
Descrever o comportamento, relatando as ações específicas e observáveis dos outros, sem fazer
julgamentos ou generalizar seus motivos, ou traços da personalidade. Para desenvolver esta
habilidade é necessário aperfeiçoar a capacidade de observação do que realmente ocorre.
Muitas vezes o emissor não está consciente dos sinais não-verbais que emite e que transmitem
mensagens emocionais que podem facilitar, perturbar ou contradizer a mensagem verbal principal.
Sobre esses sinais devemos dar feedback.
Dizer a sua percepção sobre o que o outro está sentindo, a fim de verificar se você está
compreendendo também seus sentimentos, além do conteúdo das palavras.
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Usar as próprias expressões da pessoa para dar o feedback, parafraseando-a.
Todo aluno, enquanto está aprendendo, necessita de reforço à aprendizagem. Quando uma resposta do
aluno é seguida de um reforço positivo, aumenta a motivação e conseqüentemente o aproveitamento e
a aprendizagem. Reforços negativos, pelo contrário, só perturbam o processo, gerando bloqueios de
difícil contorno da parte do professor. Assim, o professor deve procurar sempre fazer reforços positivos,
mesmo que sobre situações delicadas e problemáticas. Entretanto, é preciso estar sempre
compromissado com a verdade. O aluno deve e precisa saber sobre suas deficiências, estas não
devem ser mascaradas gerando impressões ilusórias. Porém, mesmo nestas situações o feedback deve
ser dado de maneira positiva e construtiva, geralmente acompanhado de estímulos para superação dos
problemas.
Por outro lado, o professor também necessita de feedback para que possa aperfeiçoar seus métodos de
ensino, seu planejamento, sua percepção do processo ensino-aprendizagem. Por isso, o professor
necessita desenvolver habilidade de observação para que possa realizar o feedback e crescer com ele.
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2. PLANEJAMENTO DE ENSINO
Ao assumir um curso, uma disciplina ou palestra, o apresentador enfrenta a necessidade de tomar uma
série de decisões. Ele precisa decidir, por exemplo, o que pretende que os ouvintes aprendam até o
término; qual o conteúdo que vai abordar; que recursos vai utilizar para facilitar a aprendizagem e torna-
la significativa; e assim por diante.
O conjunto de valores, habilidades e conhecimentos do apresentador pesam sobre essas decisões que
devem ser tomadas. A organização das decisões é concretizada num plano. Portanto, um plano de
ensino é a apresentação, sob forma organizada, do conjunto de decisões tomadas em relação ao que
se propôs repassar. É feito antes do curso se iniciar efetivamente; não é, porém, uma linha de ação
fechada, inflexível; pelo contrário, deve ir se adaptando à medida que a interação com os participantes
vai ocorrendo, e o feedback resultante indica formas alternativas mais eficientes.
O plano de ensino organiza as ações do professor numa ordem seqüencial e hierárquica. Para alcançar
um objetivo, vários passos devem ser dados, numa seqüência ordenada, na qual algumas ações
precisam ocorrer antes das outras. Há passos que podem ser trocados com outros, sem nenhum
prejuízo para o alcance final dos objetivos. Mas há momentos em que isso não ocorre. A ação do
apresentadir fica facilitada e, portanto, a aprendizagem dos alunos torna-se mais eficiente, se as
seqüências dos passos está bem clara.
Lembremo-nos que decisões são tomadas sempre; poderão ser tanto mais eficientes quanto mais o
apresentador for consciente de suas razões, das suas conseqüências, das suas limitações.
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TEMA:
Características
do Grupo
OBJETIVOS:
CONTEÚDO:
Distribuição
do Tempo
Procedimentos
RECURSOS
AVALIAÇÃO
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PLANO DE AULA DO DOCENTE
OBJETIVO GERAL Desenvolver habilidades didáticas para o exercício da prática escolar, com a finalidade de criar novos caminhos para a
execução/realização das atividades inerentes ao processo educativo.
Estratégias
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3.7. A CADA ATITUDE DO PROFESSOR UMA ATITUDE DO ALUNO
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EXERCÍCIO PARA VOCÊ TREINAR...
Certa vez, os animais resolveram preparar seus filhos para enfrentarem as dificuldades do mundo e,
para isso, organizaram uma escola. Adotaram um currículo prático que constava de CORRIDA,
ESCALADA, NATAÇÃO E VÔO. Para facilitar o ensino, todos os alunos deveriam aprender todas as
matérias.
O PATO, exímio nadador (melhor mesmo que o professor) conseguiu notas regulares em vôo, mas era
aluno fraco em corrida. Ficou com os pés terrivelmente esfolados e, por isso, não conseguia mais nadar
como antes. Entretanto, como o sistema de promoção era a média aritmética das notas dos vários
cursos, ele conseguiu ser aluno sofrível, e ninguém se preocupou com seu caso, exceto, naturalmente,
o próprio pato.
O COELHO, era o melhor aluno de corrida, mas sofreu tremendamente e acabou com esgotamento
nervoso de tanto tentar a natação.
O ESQUILO escalava admiravelmente, conseguindo belas notas em escalada. Mas foi frustrado no seu
vôo, pois o professor o obrigava a voar de baixo para cima, e ele insistia em utilizar os seus métodos,
isto é, em subir na árvore e voar de lá para o chão. Ele teve que se esforçar tanto em natação que
acabou por passar com nota mínima em escalada, saindo-se mediocremente em corrida.
A ÁGUIA foi severamente castigada desde o princípio do curso, porque usava métodos exclusivos para
atravessar rios e subir em árvores. No fim do ano, uma águia que tinha nadadeiras conseguiu a melhor
média e foi oradora da turma.
OS RATOS e CÃES DE CAÇA não entraram na escola porque a administração recusou-se a incluir
duas matérias que eles julgavam importante, COMO ESCAVAR TOCAS e COMO ESCOLHER
ESCONDERIJOS. Acabaram por abrir uma escola particular juntamente com as MARMOTAS e, desde
o princípio, conseguiram grande sucesso.
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RESPONDA AS PERGUNTAS ABAIXO COM BASE NO QUE LHE SUGERE O TEXTO ACIMA.
1. Numa turma de treinandos deve-se encarar a todos como possuindo as mesmas habilidades?
Sim Não
Por quê ?
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Sim Não
Por quê ?
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3. As frustrações e maus desempenhos em certas atividades deveriam levar você a buscar o quê?
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3. RECURSOS DIDÁTICOS
O material didático é todo e qualquer recurso físico utilizado pelo professor para auxiliá-lo a transmitir
sua mensagem e para que o aluno realize eficientemente a sua aprendizagem. Seja qual for sua
modalidade, o bom recurso é aquele que incentiva, facilita ou possibilita o processo ensino-
aprendizagem. O material didático, para ser realmente auxiliar eficiente no ensino, deve:
• Ser adequado ao assunto da aula;
• Ser de fácil apreensão e manejo;
• Estar em perfeito estado de funcionamento
1. A NECESSIDADE DE ESTÍMULOS
A variação de estímulos é uma habilidade relacionada a comportamentos de ensino que visam manter a
atenção dos treinandos. Ela torna o instrutor mais capaz de provocar comportamentos atentos e requer
desempenhos vinculados diretamente à estimulação do treinando, sendo a própria presença do instrutor
objeto de estímulo.
A posição do instrutor ou palestrante perante o auditório - seja ele composto por uma pequena ou
grande platéia - refletirá diretamente a sua segurança. Portanto, o impacto inicial deve ser
cuidadosamente preparado. Assim, além de cuidar da imagem pessoal, o instrutor deverá:
• Olhar sempre que for possível, para a maioria dos ouvintes;
• Eventualmente focalizar diretamente os olhos das pessoas, focando o centro do rosto;
• Focalizar com mais ênfase os perdidos nos cantos, fora do seu ângulo de visão normal;
• Obter controle do grupo com sua visão;
• Não sentar no tampo da mesa, pois esta atitude poderá dar ao instrutor fama de displicente;
• Não esconder-se atrás da mesa (parecerá que o instrutor usa a mesa como escudo, além de permitir
indisciplina, poderá gerar também monotonia);
• O apresentador deve evitar gesticulação excessiva;
• Usa uma ponteira, giz ou régua como ponto de apoio, isso ajuda a eliminar a tensão;
• Cuidar para não repetir certos maneirismos como tá? e né?
• Evitar fumar;
• Entrar em cena de forma decidida, causar impacto;
• Sorrir de maneira franca e amigável;
Formação de Educadores 20
• Utilizar uma técnica de quebra-gelo para conhecer seus alunos e saber suas expectativas - esse tipo
de aquecimento criará um bom clima e dará ao instrutor subsídios para o tipo de autoridade que
precisará exercer durante o curso;
• Ficar de costas para o menor número de ouvintes possível;
Para que o material didático/meios audiovisuais se tornem auxiliares realmente eficientes, ele devem:
• Ser adequados ao assunto da aula.
• Ser de fácil apreensão e manejo, não dando margem a dúvidas e nem confusões.
• Estar em perfeito estado de funcionamento, principalmente quando utilizar aparelhos.
• Apresentar-se obedecendo a princípios psicológicos de percepção e estética, de modo que graduem
as dificuldades encaminhando o raciocínio do treinando e sejam agradáveis à visão. Inclui-se aqui o
uso adequado de cores, a disposição gráfica e os tamanhos.
• Ter exatidão, representando fielmente os dados ou a essência do assunto.
• Ser atualizado. É necessário que as características dos assuntos sejam sempre revistas, para que
os materiais demonstrem, realmente, a realidade.
• Atender a finalidade do ensino, se estão de acordo com os objetivos planejados.
Quanto mais longa for a explanação de um assunto, maior deve ser a variedade de material didático e
meios audiovisuais a serem utilizados, desde que não se chegue a um exagero.
3. O USO DO POWERPOINT
• Uma apresentação do powerpoint permite desenvolver idéias, gráficos, diagramas, tabelas, textos,
desenhos ou esquemas.
• O objetivo do powerpoint é oferecer um bom suporte gráfico e visual do texto (conteúdo da aula).
• O texto do slide deve ser sintético, em forma de tópicos com as principais idéias sobre o assunto.
• Divida slides com muito texto em vários slides com textos menores.
• Explore o uso de transições e composições dos slides de maneira variada.
• Transições e composições servem para destacar o conteúdo do slide e não atrair a atenção para si
mesma.
• Explore o uso das cores e desenhos, mas não exagere.
• Se possível, não permita que transições e composições tornem sua apresentação muito lenta.
• Visualize previamente sua apresentação no computador onde fará a apresentação.
• Verifique se os slides são legíveis de todos os pontos do local de apresentação.
• Use a seta do mouse para assinalar um tópico importante enquanto fala.
Formação de Educadores 21
• Mantenha-se sempre de frente para os alunos, acompanhando os slides no vídeo do computador e
não na projeção (TV, data-show ...)
• Adicione um slide preto no final da apresentação para fazer um encerramento mais suave.
• A atenção do grupo deve ser dividida entre o apresentador e a transparência. Assim, quando não
estiver fazendo referência a projeção escureça a imagem.
• Cores de fundo escuras são mais indicadas para apresentações em slides. As cores claras são
melhores para elaborar transparências.
• Procure não ler literalmente a mensagem do slide. Lembre-se que a platéia sabe ler, e muito mais
rápido do que você poderá falar.
• Mantenha as luzes acesas, evite apenas a incidência de luz sobre a imagem.
• Se possível, antes de encerrar, faça um resumo suscinto do conteúdo abordado. Servirá para
recapitular e reafirmar algum ponto importante.
4. O USO DO RETROPROJETOR
5. TRANSPARÊNCIA
São lâminas de acetato que permitem a passagem da luz e que podem ser utilizadas de forma
permanente ou transitória. Instruções para Uso:
• Coloque a transparência sobre o retroprojetor voltada para o apresentador.
• Enquadre a imagem na tela para aumentar ou reduzir o tamanho da imagem na tela. Afaste ou
aproxime o aparelho para aumentar ou diminuir o tamanho da imagem.
• Ao desligar (apagar) o retroprojetor aguarde a lâmpada esfriar.
• Ordenar as transparências antes de iniciar a aula, para evitar interromper a seqüência lógica da
exposição.
• Ao colocar a transparência no retroprojetor, conferir na tela se ela está bem posicionada e legível.
• Procure conhecer antecipadamente o local de apresentação e testar os equipamentos.
• Preferencialmente, procure você mesmo trocar as transparências, tomando assim o total controle de
sua apresentação.
• Olhe para a transparência no retroprojetor e não para a tela de projeção. Isto manterá você a par da
reação do grupo. Se constatar que a atenção do grupo dispersa, procure trocar de transparência,
dando continuidade a apresentação. Caso contrário, explore ao máximo o conteúdo exposto.
• Aponte diretamente na transparência e não na tela. Se estiver trêmulo, deixe o objeto indicador
apoiado no retroprojetor.
• Para o "efeito surpresa", coloque uma folha branca entre o aparelho e a transparência, assim evitará
que a folha fique caindo.
Produção de Lâminas :
Formação de Educadores 22
• É muito prático a colocação de moldura na extremidade das lâminas, pois facilita o manuseio bem
como sua classificação e identificação. A moldura serve para o professor fazer algumas anotações
pessoais e referi-las no momento oportuno da aula.
• Cuidar para não saturar uma única transparência com muitas informações, tornando-a confusa.
• Não colocar, em uma mesma lâmina, assuntos diferentes.
• É bom o uso de canetas coloridas, mas é conveniente não exagerar no uso.
O quadro-de-giz, e sua versão mais moderna, o quadro magnético, ainda é o recurso mais usado como
auxiliar no processo de aprendizagem. Para utilizar adequadamente o quadro:
• Nunca deixar anotação que não sejam pertinentes ao assunto em pauta;
• Dividir o quadro em duas ou mais partes e utilizá-los da esquerda para a direita e de cima para
baixo;
• Registrar os dados essenciais de forma ordenada, sistemática e legível;
• Evitar embaralhamento de palavras;
• Quando apagar, não deixar restos de palavras, manchas ou sinais;
• Nunca registras erros, pois esses podem ser fixados;
• Para não prejudicar a visibilidade do treinando, manter-se ao lado do quadro;
• Evitar escrever e falar ao mesmo tempo - primeiro falar, depois escrever;
• Manter contato visual com o grupo, não falar para o quadro;
• Utilizar giz ou canetas coloridas para estabelecer contrastes e dar ênfases;
• Ilustrar idéias com desenhos simples;
• Preparar as ilustrações mais complicadas antes da aula;
• Destacar pontos chaves com setas, círculos e grifos.
Ao adotarmos uma apostila (ou livro, ou texto qualquer) é preciso que o apresentador use-a ao máximo,
de modo a empregá-la como mais um recurso para enriquecer suas aulas.
O apresentador deve orientar seus alunos à leitura deste material para que tenham uma visão da
abrangência do curso (e da matéria) e saibam consultá-la quando necessário, inclusive após o
encerramento do curso.
Aos alunos mais interessados, o instrutor deve sugerir algumas obras que aprofundem o assunto, e que
sejam de permanente utilidade na vida do aluno.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FIGUEIREDO, R. S. Ensino: sua técnica e sua arte. Rio de Janeiro: Lidador, 1967.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Relatando suas observações sobre a prática escolar em sala de aula, desenvolvida em turmas de 5a. a
8a. série, em uma escola pública, um estagiário assim descreveu: "[...] uma das professoras com a qual
conversei falou: "elaborar plano de aula é coisa para principiante". Ora, fica patente neste tipo de
postura não só um desinteresse por seu trabalho como também mostra que dificilmente uma aula não
planejada permitirá aos alunos ficarem cientes dos objetivos que a orientam, pois num esquema de
improvisação a aula vai "ao léu", ao invés de ser direcionada para objetivos a serem alcançados. Incorro
no risco de generalizar, mas creio poder dizer que quase todas as aulas observadas não deixavam
muito claros os seus objetivos e pouquíssimas delas nos faziam sentir que haviam sido planejadas.
Fiquei com a impressão que a improvisação era constante e isto interferiu de forma significativa na
organização das aulas, muitas das quais ficaram sem uma seqüência no desenvolvimento das
atividades e com uma má distribuição do tempo disponível, ora permanecendo em aberto as questões,
ora se procedendo a atividades desordenadas (...) Nestas aulas utilizou-se em doses maciças leituras
do livro texto, ditado das questões mais importantes e resposta a questionamentos logo a seguir. São
procedimentos que não requerem preparo algum, sendo que os questionários utilizados foram os do
próprio livro. Não se sentiu aí objetivos educacionais e muito menos vinculação a um plano mais geral."
Analisando a descrição do que foi observado em sala de aula, nota-se a total falta de um planejamento
mais global no desenvolvimento das atividades refletindo-se na prática pedagógica diária do professor.
Quais são as conseqüências imediatas deste estado de coisas? Muito dificilmente nesta situação, onde
os objetivos não são claros, a improvisação é constante, e não há uma seqüência no desenvolvimento
das atividades, os alunos lograrão algum êxito na aprendizagem dos conteúdos veiculados por este
professor. Analisemos, então, alguns pontos da situação acima descrita :
• Não se conseguia identificar os objetivos das aulas, e também a razão de se desenvolver uma série
de atividades mecânicas e sem sentido.
• A improvisação era constante. As atividades não tinham uma seqüência lógica no seu
desenvolvimento e os procedimentos utilizados consistiam em leituras do livro-texto seguidas do
próprio livro.
• As aulas diárias do professor eram desorganizadas e não pareciam ter vinculação a um plano mais
geral.
• Existe ensino mais maçante, mais rotineiro, mais desestimulante que a situação descrita acima pelo
estagiário?
Ao dizer que elaborar um plano de aula é coisa para principiante, este professor revela que não sabe
exatamente a importância de planejar e considera, erroneamente, que apenas o professor iniciante
deve prever sua ação em sala de aula. No que se refere à importância do planejamento, ressalta-se
que, através de uma organização prévia das atividades em sala de aula facilita-se a obtenção dos
resultados desejados pelo professor. O professor comprometido com sua tarefa de ensinar, e ensinar
bem, reconhece que o planejamento organiza e dá unidade à sua ação, economizando esforços,
sistematizando as influências e assegurando resultados da aprendizagem. Evidentemente os
professores recém formados, através do planejamento, adquirem maior segurança, pois esclarecem
seus objetivos, sistematizam as atividades e facilitam o seu acompanhamento. Mesmo os professores já
formados há algum tempo, e com prática, devem planejar pois, sem uma reflexão prévia, ninguém sabe
exatamente o que fazer, uma vez que, cada situação nova se apresenta com novos elementos.
Evidentemente, nestes casos, o planejamento não precisa ser descrito com minúcia, como no caso de
professores iniciantes mas, de qualquer modo, impõe-se o planejamento. Ao dispensar o planejamento,
este professor abriu mão de organizar as atividades prevenindo vacilações. O planejamento também
pode se constituir em um elemento pelo qual se pode avaliar a qualidade e a quantidade do ensino
ministrado. (...)
Não se pode afirmar que os professores mais experientes possuem um plano de ensino escrito,
formalmente estruturado. Porém, parece-nos essencial que as atividades desenvolvidas em sala de
aula sejam organizadas coerentemente a fim de que os objetivos do trabalho docente sejam atingidos.
Isso pode ou não ser traduzido em um plano de ensino escrito. Acreditamos até, que é melhor que seja,
pois assim, será mais fácil refletir sobre o que foi planejado.
(...)
A julgar pelo corpo que temos, somos uma espécie que deveria ter desaparecido da face da terra
milhares de anos atrás. Tudo é desajeitado... Começando pela pele, delicadinha, que não agüenta nem
sol quente nem frio, não pode ser comparada nem com os invejáveis cascos dos ursos ou com as
sólidas carapaças ambulantes das tartarugas e tatus. Olhe para suas unhas. Para que servem, além de
juntar sujeira, crescer e quebrar? Claro que para coçar alguma mordida de carrapato, coisa que tem
inegável valor erótico, mas pouco contribui para a sobrevivência. Veja, por contraste, um tatu cavando o
seu buraco. Suas unhas são verdadeiras cavadeiras. Ou os gatos parentes dos felinos, com unhas-
navalha que rasgam ou couro mais duro.
As pernas valem também muito pouco. Os prodígios de um João-do-Pulo não podem ser comparados
ao cotidiano das pulgas, dos gafanhotos e dos cangurus. E se a questão é correr, qualquer formiga
corre mais a pé do que um carro de Fórmula Um, guardadas as devidas proporções. Isto tudo, além de
sermos aleijados, visto não dispormos de coisas utilíssimas como cascos, o que nos aliviaria de
despesas com sapatos, além de nos faltarem rabos e chifres...
Se sobrevivemos foi porque descobrimos maneiras de melhorar o corpo. Fomos, aos poucos,
construindo próteses para compensar as faltas, como fazemos com dentaduras para substituir os
dentes. Sapatos, roupas, chapéus, facas, enxadas, óculos, casas, bicicletas e todas as coisas a que
damos o nome de técnica não passam de melhorias e transformações de um corpo desajeitado e fraco,
que morreria se entregue às suas modestas possibilidades físicas.
Foi a fraqueza do corpo que acordou a inteligência. O pé que dói por causa de um espinho está pedindo
um sapato, o que não aconteceria se dispusesse de um casco. E se corrêssemos como as formigas, é
certo que Henry Ford não teria inventado o automóvel, a não ser que as trombadas entre pedestres se
tornassem perigosas por causa da velocidade das pernas, forçando a descoberta de uma geringonça
mecânica que nos permitisse andar mais devagar. Nossa força cresceu no lugar da nossa fraqueza. A
incompetência biológica convidou a inteligência. E é só por isto que estamos vivos ainda - por causa
deste acidente da natureza.
Inteligência: palavra que se presta a confusões. Alguns pensam que é uma coisa que uns tem mais
outros menos. Coisa parecida com gordura e altura. As pessoas seriam gordas ou magras, altas ou
baixas, com muita inteligência ou pouca... Os psicólogos até inventaram coisa semelhante a uma
balança ou fita métrica para medi-la: o QI.
Ocorre que não é bem assim. Há tipos diferentes de inteligência que não podem ser misturados. Até
inventei uma estoriazinha para ilustrar a questão.
“Era uma vez um povo que morava numa montanha, onde havia muitas quedas d'água. Moer o grão
nos pilões era uma dureza. Um dia, um moço coberto de suor de tanto trabalhar, olhou para a queda
d'água onde se banhava diariamente. E uma idéia o iluminou como um raio: acabava de inventar o
monjolo. Foi aquela revolução. Tudo mudou. E logo surgiu um grupo novo de profissionais, mecânicos e
especialistas em consertar monjolos. Isto eles faziam melhor que o inventor... Acontece que uma tribo
guerreira invadiu a montanha e aquele povo teve que fugir para as planícies a beira-mar. Com muito
esforço levaram seus monjolos, indo descobrir que não tinham nenhuma utilidade lá embaixo, já que
não havia quedas d'água. Os mecânicos e especialistas perderam o trabalho. E não teve outra saída:
voltaram os pilões. O tempo passou. Até que um homem cansado de fazer força viu o vento sacudir as
árvores. E, de novo, o milagre aconteceu. Uma iluminação momentânea: nasceu assim o moinho de
vento. Nova revolução. Nova classe de mecânicos, especialistas no conserto de moinhos de vento...”
Há um tipo de inteligência criadora. Ela inventa o novo e introduz no mundo algo que não existia. Quem
inventa não pode ter medo de errar, pois vai se meter em terras desconhecidas, ainda não mapeadas.
Há um rompimento com velhas rotinas, o abandono de maneiras de fazer e pensar que a tradição
cristaliza. Pense, por exemplo, no milagre do iglu. Como teria acontecido ? Compreender que aquele
espaço é protegido, que é possível usar o gelo para preservar o calor... Perceber as vantagens
estruturais daquela forma de hemisfério. Fazer uso dos materiais disponíveis. Tudo imensamente
simples, inteligente, adaptado, eficaz. Nenhuma importação é necessária... A gente encontra o mesmo
tipo de inteligência no artista que faz uma obra de arte, no cientista que visualiza na imaginação uma
nova teoria científica, no político-sonhador que pensa mundos utópicos, considerados impossíveis para
o mecânico. O criador está convencido de que existe algo de fundamentalmente errado no que existe e
que é necessário começar tudo de novo...
Já o mecânico pensa diferente. Tudo está bem. Foi apenas um pequeno defeito. Trocar uma peça,
fazer um ajustamento... Trilha velhos caminhos e as necessidades práticas cortaram-lhe as asas da
imaginação. Fazer como sempre se fez, de acordo com o manual de instruções. Há receitas para tudo.
Há respostas certas para tudo.
Claro que estes dois tipos de inteligência se aplicam a situações diferentes. Se o meu monjolo quebrou
e a queda d'água está lá, quero mais é que um bom mecânico a conserte. Mas se o monjolo está em
perfeito estado e a queda d'água secou, o mecânico não vai servir para nada.
Acontece que a inteligência se parece com sementes. Não basta que a semente seja boa. Ela precisa
de terra para germinar, brotar e fazer crescer.
A questão que se coloca é que nosso sistema educacional, regido pela lógica dos vestibulares, tem
lugar para a inteligência criativa... Negativo.
Tudo é preparado como se houvesse somente mecânicos neste mundo. Não há lugar para o
desenvolvimento da capacidade de perguntar - o fator mais importante no desenvolvimento e da
ciência. O aluno aprende que existe sempre uma resposta certa entre as alternativas apresentadas, e
que precisa apenas dar a solução para determinada questão preparada por outro.
Se o dano se restringisse à ciência, até que seria suportável. Mas quando a imaginação é castrada, só
resta à inteligência trilhar o caminho dos mecânicos. Assim, quando a crise política pede que apareçam
visionários utópicos, com idéias novas e criativas, só aparecem os mecânicos para consertar o que não
tem conserto. Não é essa a essência da crise que nos envolve? Eles tentam fazer funcionar monjolos
numa planície onde não existem quedas d'água...
Rubem Alves
Estórias de Quem Gosta de Ensinar.
SP, Cortez/Autores Associados, 1988, p. 94-98
TEXTO 3: COMO PREPARAR UMA PALESTRA
Já lhe aconteceu de ter de proferir uma palestra, sem que você a tenha preparado, porque foi
protelando o assunto, ou o convite foi de última hora? Este é um roteiro que pode ajudá-lo a estruturar a
palestra, supondo, evidentemente, que o assunto seja do seu inteiro domínio.
Conhecer bem o assunto sobre o qual se vai falar é a regra de ouro. Mas nem sempre o convidado a
fazer uma palestra domina completamente o tema. A primeira providência é reunir o material ao seu
alcance, ler textos atualizados e anotar os pontos considerados mais importantes. Deve, a seguir, fixar-
se nas idéias principais que pretende expor, rascunhando um esboço que poderá ser a base de sua
palestra.
A próxima etapa constituirá a definição do que é fundamental, escoimando o texto do que for
considerado desnecessário ou supérfluo. Os argumentos, que vão constituir a parte nuclear da palestra,
fluirão facilmente. É de todo imprescindível amarrar a argumentação de forma sólida, convincente,
persuasiva. Quando se defende ou contesta uma tese, é recomendável apresentar três argumentos,
observada a seguinte ordem: bom, médio e ótimo. O primeiro deve ser capaz de atrair logo a atenção
dos ouvintes, levando-os a ouvir os demais com toda a atenção; o médio, menos forte que o primeiro; e
o último, o realmente mais forte, suscetível de influenciar decisivamente o auditório.
Muitos questionam, porém, como começar e terminar. Essas duas fases de fato exigem cuidados
especiais.
A primeira parte, conhecida por introdução, deve ser dedicada a despertar o interesse dos ouvintes.
Pode-se iniciar com uma frase de um autor famoso, um episódio que testemunhou, uma alegoria, uma
parábola, um pensamento ou um argumento capaz de provocar impacto. Exemplo: "Meus amigos,
estamos reunidos, hoje, para discutir uma questão que preocupa todas as empresas. Há mais de 10
anos foi implantado o microcomputador nas pequenas e médias empresas e até hoje ainda se debate
qual a forma mais racional de utilização desse recurso colocado à disposição do homem, graças aos
grandes avanços da tecnologia e da ciência. Nós vamos mostrar como o computador pode contribuir
para a racionalização dos custos e a maior eficácia do controle das vendas, observadas as condições
ideais de operacionalização."
O essencial, na introdução, é despertar o interesse dos ouvintes. Em alguns casos, quando existe um
ambiente tenso, o palestrante pode fazer uma introdução diferente, contando uma história, que pode ser
também uma ilustração. Esta é igualmente muito eficiente quando usada no corpo da palestra, que
chamamos de exposição (que inclui a argumentação).
Uma ilustração que comporta muitas adaptações é a dos "Três Obreiros". É uma forma figurada que
ajuda as pessoas a entenderem as idéias e o raciocínio de quem fala. (O primeiro operário quebrava
pedras por quebrar, sem nenhuma outra preocupação; o segundo quebrava pensando no salário, e o
último fazia o mesmo trabalho sonhando com a construção de uma bela catedral).
É erro grave não se preocupar com a introdução, ficando na dúvida do que vai dizer até o momento da
palestra.
E o encerramento? Como encerrar é uma espécie de angústia que perturba muita gente.
A conclusão também precisa ser bem preparada (escrita ou mentalizada). É a terceira e a última parte
da palestra. É o instante do apelo, da excitação, da conclamação. Depois da exposição, quando
defendemos ou contestamos uma tese, é hora de concluir. Muitas pessoas têm dificuldades no
encerramento, exatamente porque não sabem como concluir e ficam se repetindo, da forma mais
desagradável.
Encerrada a parte da exposição, devemos fazer um rápido retrospecto do que afirmamos de mais
significativo, o que ajuda as pessoas que se "perderam" em alguns momentos, acompanharem o nosso
raciocínio mediante breve recapitulação.
A pessoa tem vontade de expressar seu pensamento mas não o faz, dominada por freios inibitórios. A
pessoa resolve falar mas não consegue coordenar as idéias, dá um branco e não sabe mais o que
dizer. Essas são duas situações muito conhecidas. Em ambas prevalece a inibição, fantasma que
atormenta muita gente.
O que é a inibição
Como ela ocorre? Quando a excitação, que é a base do funcionamento celular, sofre grave distorção,
ela passa a constituir uma desagradável reação do organismo. Frio, mal-estar, boca seca, pernas
bambas, perda de memória são algumas conseqüências do processo inibitório.
Hoje não há mais dúvidas sobre as principais causas da inibição. Elas se situam, em regra, na infância
e na adolescência. Pai ou mãe autoritários, ou mesmo outra pessoa de grande influência na vida da
pessoa, são os responsáveis pelos distúrbios inibitórios. O medo de esquecer, de errar, de não se sair
bem, de decepcionar é a raiz do problema. Desde cedo, a pessoa se acostumou com aquelas
advertências: "não fale bobagem", "você não sabe dizer outra coisa?", "isto não é assunto para criança"
e expressões assemelhadas. Como resultado, adotou comportamentos defensivos, como falar mais
baixo do que o necessário, ser introvertido e tender ao isolamento.
Algumas pessoas realizam esta transformação com mais facilidade que as outras. O que é natural,
dependendo muito do entusiasmo com que cada um se entrega à sua libertação, à santa cruzada de
destruir os inimigos que cresceram à sua sombra.
A medida que os fantasmas vão desaparecendo, a personalidade vai crescendo, novas energias vão
sendo liberadas. Com o ego fortalecido, os agentes do medo, da indefinição, da incerteza e da
insegurança fatalmente desaparecerão.
É evidente que a própria pessoa logo perceberá quão amplos são os novos caminhos a percorrer. E
quão rica há de ser a próxima colheita, se se dedicar, com vontade e energia, ao trabalho maravilhoso
de engrandecimento de sua personalidade.
O principal obstáculo ao êxito está na resistência de algumas pessoas que têm consciência de sua
inibição, mas se recusam a enfrenta-la como se fosse algo que pudessem fingir que não vêem e
sentem.
TEXTO 5: EXPOSIÇÃO ORAL
A vantagem principal da exposição oral é possibilitar a transmissão de grande soma de informações aos
treinandos. Nesta técnica, apoiada em grande parte nas habilidades de comunicação do instrutor, deve-
se observar, de um modo geral, os seguintes cuidados na sua utilização:
• Observar uma relação dos tópicos a abordar, tendo em vista os objetivos a alcançar, determinando
uma sequência lógica, sempre do simples para o complexo;
• Desenvolver o assunto, seguindo os tópicos selecionados, que deverão estar à vista ou serem
mostrados, sempre que forem abordados, por meio de um recurso audiovisual;
• Frisar pontos importantes, através dos gestos, variações na voz, quadro ou outro recurso audiovisual
• Adaptar a explicação ao nível da turma. Não utilizar linguagem desnecessariamente complexa e
sofisticada
• Incentivar e associar, sempre que possível (fazer comparações com conhecimentos anteriores, a fim
de melhorar a compreensão) e utilizar exemplos, já que produzem melhores resultados do que
muitas explicações;
• Sumariar sempre que completar a exposição de um tópico de ensinamento;
• Tornar a explicação clara e objetiva, evitando frases complexas e rodeios desnecessários;
• Visualizar o máximo possível, através de recursos audiovisuais, de modo a facilitar a compreensão;
• Permitir a retenção do que foi ensinado, associando aos sentidos da visão e audição;
• Concatenar as informações transmitidas numa seqüência lógica, de forma a permitir a estruturação
constante em relação ao todo.
• Prender a atenção dos treinandos para a exposição. Assim, deve-se evitar tudo o que possa distraí-
los (recursos audiovisuais expostos sem estar sendo utilizados, conversas paralelas, interrupções,
etc)
1) VOZ
a) intensidade: se é adequada (nem alta demais, nem sussurrante)
b) inflexão: se é modulada (realça pontos, palavras ou aspectos importantes)
2) FALA
a) ritmo: se é adequado (nem rápido, nem lento)
b) articulação: se pronuncia toda a palavra, sem cortar sílabas ou letras, ou emite sons prejudiciais à
compreensão das palavras;
c) facilidade de expressão: se a linguagem é correta, precisa e clara
3) CONTROLE DO CORPO
a) movimentação: se caminha pela sala, deslocando-se de posição, com naturalidade;
b) contato visual: se olha para toda a turma e para cada um em particular;
c) gesticulação: se utiliza as mãos e os braços para realçar, com naturalidade.
4) LIDERANÇA
Se exerce uma liderança democrática, sem atitudes ou gestos autocráticos e impositivos. Se não
deixa gerar a desordem ou a indisciplina durante as atividades. Se exerce efetivo controle com
imparcialidade e autoconfiança na condução da turma.
5) CONHECIMENTO DO ASSUNTO
Se demonstra domínio e segurança na explanação do assunto, nas respostas às perguntas e na
formação dos exemplos e associações.
6) EXPLICAÇÃO
a) clareza: se a explanação é compreensível para o participante. Se não é complicada e confusa
(não confundir com a complexidade do próprio assunto).
b) concatenação: se as explicações se ajustam, partindo do simples para o complexo, com
encadeamento lógico do raciocínio, facilitando a compreensão do assunto;
c) exemplificando: se usa freqüentemente exemplos, se são esclarecidos e bem elaborados;
d) associação: se usa associações com conhecimentos anteriores, facilitando o entendimento e
solução de dúvidas;
7) VERIFICAÇÃO
Se abrange e avalia todos os pontos importantes do assunto ministrado. Se os objetivos foram
atingidos ou se limitou a aspectos de maior relevância.
8) SUMÁRIO
a) capacidade de síntese: se soube resumir o conteúdo da aula, recordando os pontos importantes e
não apenas lendo os nomes de tópicos e títulos apresentados;
b) apresentação: se foi apenas verbal ou se utilizou recursos audiovisuais
9) PERGUNTAS
Se utiliza corretamente a técnica, quanto aos tipos de perguntas, frequência e propriedade.
Num determinado país, regido pelo socialismo, havia um movimento favorável à natalidade. Criou-se,
como decorrência, uma lei que obrigava os casais a terem um determinado número de filhos. Previa,
também, uma tolerância de 5 anos e que consistia no seguinte fato : caso o casal, após cinco anos de
matrimônio, não constituísse pelo menos um filho, o Governo destacaria um "agente" para auxiliar na
fertilidade do casal.
Assim, tivemos um caso que merece a nossa atenção. Eis o diálogo inicial de um certo casal:
Alguns minutos após a saída do marido, batem à porta. A mulher, demonstrando grande nervosismo,
abre e depara-se com um homem bem apessoado, distintamente trajado, cavalheiro nos gestos, mas
que, por esses lapsos da vida, estava enganado de endereço.
A MULHER DESMAIOU!
O "fotógrafo", sem saber o que fazer, pegou sua pasta, colocou rapidamente a máquina, filmes, flash e
saiu apressadamente sem compreender o problema que havia gerado.
“Todos os dias eu observo os seus rostos e vejo algo indefinível em suas expressões. Sei lá, um misto de alegria
e tristeza... não sei se tristeza é a palavra certa, talvez apreensão.
Antigamente, eu não entendia o porquê. Hoje, um pouco mais velho, um pouco mais maduro, um pouco mais
vivido, um pouco mais sensível, acho que consigo compreender.
A matemática da vida não é simples. Cada soma é também uma subtração. Quando somamos mais um dia
aqueles que já vivemos, subtraímos um dia daqueles que nos restam para viver. Então, a felicidade de estarmos
aqui, hoje, vem acompanhada da melancólica percepção de que o tempo voa e a vida passa. Certas horas, mais
do que em outras, sentimos a urgência de viver. Teddy Kollek, o dinâmico Prefeito de Jerusalém, propõe em sua
autobiografia um décimo primeiro mandamento: “não serás paciente”. À primeira vista, tal conselho parece ir
contra uma das qualidades mais valorizadas pela humanidade – a paciência é uma virtude. No entanto, ao
refletirmos sobre as palavras de Kollek, percebemos que elas contêm uma grande sabedoria. A impaciência é
necessária para remediar nossa tendência tão humana de protelar. Pois a verdade é que, em muitas áreas vitais
de nossa existência, somos pacientes demais.
Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem
nenhuma garantia do amanhã. Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos a nossa
disposição um estoque inesgotável de tempo.
Esperamos demais para dizer as palavras de perdão que devem ser ditas, para pôr de lado os rancores que
devem ser expulsos, para expressar gratidão, para dar ânimo, para oferecer consolo.
Esperamos demais para sermos generosos, deixando que a demora diminua a alegria de dar espontaneamente.
Esperamos demais para sermos pais de nossos filhos pequenos, esquecendo quão curto é o tempo em que eles
são pequenos, quão depressa a vida os fez crescer e ir embora.
Esperamos demais para dar carinho aos nossos pais, irmãos e amigos. Quem sabe quão logo será tarde demais?
Esperamos demais para ler os livros, ouvir as músicas, ver os quadros que estão esperando para alargar nossa
mente, enriquecer nosso espírito e expandir nossa alma.
Esperamos demais para enunciar as preces que estão esperando para atravessar nossos lábios, para executar
as tarefas que estão esperando para serem cumpridas, para demonstrar o amor que talvez não seja mais
necessário amanhã.
Esperamos demais nos bastidores, quando a vida tem um papel para desempenharmos no palco. Meus AMIGOS:
É HORA DE VIVER!”
Henry Sobel (Rabino) pronunciou este sermão, de sua autoria, no ‘Yom Kipur’, o dia
do perdão que antecede a entrada do Ano Novo Judaico.