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Universidade de São Paulo

Departamento de Filosofia

Trabalho de conclusão da disciplina: Ética e Filosofia Politica II

Professora: Silvana Ramos

Tema: Tendo em vista o significado de revolução para Hannah Arendt,


apresentado no livro On Revolution, discuta a diferença entre questão
social e liberdade.

Estudante: Alan Rizério da Silva Oliveira


NUSP: 4940837

Agosto de2016
Tema: Tendo em vista o significado de revolução para Hannah Arendt,
apresentado no livro On Revolution, discuta a diferença entre questão
social e liberdade.

Introdução

Hannah Arendt, pensadora judia que viveu na Alemanha no período da ascensão


nazista. Foi muito impactada por este acontecimento político, tanto pessoalmente
quanto profissionalmente, tendo como foco de suas obras pensar as questões políticas de
sua época. Diferentemente de outros pensadores, filósofos e teóricos que trabalharam
sobre os temas da tirania, sociedade de massas e politica. Viveu na pele muitas das
agruras em que esses regimes foram responsáveis de trazer ao mundo. Enfatiza-se muito
isso, pois dava muita importância de um senso prático, tendo vivido as situações na
pele, para assim poder pensar em termos factíveis na construção de uma realidade
política, e evitando propor idealismos e absolutos que, segundo seu próprio
desenvolvimento teórico, traziam muitas mazelas ao mundo.
Arendt passou de um interesse de filosofia teológica para o interesse por
filosofia política.
Fascinada e abismada com o grau de violência perpetrado por regimes
revolucionários que pretendiam a emancipação do povo. Desenvolveu conceitos e
teorias para pensar a evolução política que desembocam e culminam nesses regimes e
os pensamentos e conceitos políticos e filosóficos que estão construindo os mesmos,
bem como as diferenças entre duas revoluções notadamente marcantes e fundadoras da
idade moderna, a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Este é resumidamente
o tema do livro em questão aqui neste trabalho, Da revolução, que tenta esmiuçar os
significados, representações e processos políticos envolvidos nisto que é um conceito e
um ato político tão presente a partir da modernidade, A REVOLUÇÃO.

A autoridade

Hannah Arendt afirma que a idade moderna nos trouxe uma característica civilizacional
que até então jamais esteve presente em outra época na história da humanidade. A perda
da autoridade. Segundo Hannah Arendt, a autoridade se esfacelou na modernidade.
Mas o que seria autoridade?
Segundo Arendt tanto todos os regimes, governos, impérios e civilizações, desde a mais
antiga era e nos primórdios das primeiras civilizações até a pré-modernidade,
mantiveram a autoridade no seu corpo social. Autoridade seria a experiência autêntica e
inconteste de validação de um determinado poder governante perante todo a população
sob o seu julgo ou comando. Essa experiência foi o que manteve a unidade das grandes
civilizações por toda a história, mas para que ela fosse efetiva, segundo Arendt, era
necessária uma experiência de absoluto transcendente que a validasse. Assim, os Deuses
Romanos cumpriam esse papel na Roma Antiga, da mesma forma como nos impérios
medievais posteriores à queda do império Romano, era a ligação dos governantes,
imperadores e reis ao Deus cristão que garantia a sua autoridade perante a população
sob seu governo. Tanto os Deuses Romanos quanto o Deus Cristão eram imediatamente
associados aos governos e regimes, e isso garantia uma ideia de que o governo tinha
uma ligação com o absoluto e o transcendente.
Hannah Arendt afirma que isso se perdeu na modernidade. Que a modernidade
inaugurou uma forma de pensar as ações humanas e políticas desvinculadas da ética e
da moral das instituições religiosas, ligadas ao absoluto e ao transcendente, e assim, os
governos perderam esse caráter de absoluto, o que os deixava vulneráveis perante a
representação que o conjunto populacional fazia dos governantes. Eles não eram mais
os representantes de Deus na Terra, eles eram como que pessoas comuns, e a partir daí a
possibilidade de questionamento e tomada do poder pelas pessoas do povo passou a ser
possível, coisa inédita antes da modernidade.
Interessante notar que a autoridade pode ser tentar se reestabelecer de algumas formas,
entre elas a violência e a argumentação. Mas ambas são completamente diferente s da
experiência de autoridade no conceito inicial dado por Arendt. Só pelo fato de você
precisar do uso da violência para se fazer valer o poder e a condição politica ou mesmo
da necessidade de argumentação, mostra que há contraditórios. A autoridade para
Arendt é uma força de coesão que não é necessário a violência nem a argumentação. Ela
por si só já garantiria essa coesão social por seus representantes estarem vinculados ao
Absoluto transcendente.

Significado de revolução.

Revolução foi estabelecida como significado político como sendo um processo


político em que rumos completamente novos para um determinado conjunto social
criasse uma forma completamente nova de viver e de fazer política. Este termo,
revolução, ganhou a conotação de desvinculação completa de tudo que já aconteceu na
história. Seria como se uma nova vida, um novo começo estivesse acontecendo, que
nunca antes na história teria sido dado a cabo. Tanto é assim que muitas revoluções
criaram o seu próprio calendário e colocaram a data da revolução como o inicio do novo
calendário. Tanto a revolução Francesa como Russa criaram este novo calendário, o
calendário revolucionário.
A revolução como entendida a partir das Grandes revoluções da modernidade
guardam estreita relação com a violência e a guerra. Quando falamos de revolução nos
vem à mente imediatamente imagens de levantes e revoltas populares e deposições de
governo baseados na força.
Arendt então afirma que a revolução guarda estreita ligação com a autoridade,
ou melhor, a perda da autoridade, como mencionado anteriormente. A revolução é uma
inauguração da idade moderna, e só foi possível haver o processo revolucionário porque
os governos se viram cada vez mais destituídos de autoridade em seu sentido
Arendtiano. Não mais a corte, governantes, reis e imperadores estavam salvaguardados
de sua posição como representantes divinos na Terra, e isso enfraqueceu a posição dos
mesmos. A questão não era que a antiguidade não via deposições de governo e violência
entre impérios, ou mesmo internamente...
“A Antiguidade estava bem familiarizada com a mudança política e com a
violência que a acompanhava, mas nenhuma delas parecia dar origem a algo
inteiramente novo. As mudanças não interrompiam o curso daquilo que a Idade
Moderna passou a chamar de História, na qual, longe de começar um novo principio,
apenas recaiu num estágio diferente do seu ciclo, seguindo um curso pré-ordenado pela
própria natureza dos acontecimentos humanos, e que era, portanto, imutável em si
mesmo.” (Arendt, 1990)
Assim, a antiguidade estava acostumada com mudanças, guerras, violência
política, mas dentro de uma forma de se organizar que era muito bem estabelecida,
estava dentro da conformidade do ciclo imutável da natureza, e a partir d o momento
que um regime ou governo se estabelecesse, ele estaria salvaguardado pelo absoluto
transcendente. Mas com a revolução a ideia de um novo completamente novo, em
ruptura com tudo que já foi conhecido foi inaugurado, e foi necessário essa perda de
autoridade na modernidade para que isso fosse possível.
Evolução do termo

O termo revolução, em seu sentido original e astronômico dito por Copérnico, tem
como significado o movimento cíclico, regular e sistemático das estrelas, e que não
dependiam da ação do homem, eram movimentos irresistíveis. A palavra indica então
uma recorrência, um movimento cíclico, o que difere muito do seu significado
posteriormente atribuído dentro da politica, como sendo algo de inteiramente novo.
Vamos tentar desenvolver rapidamente como foi esse processo de evolução da palavra e
com isso tentar esclarecer mais o significado do termo revolução.
Originalmente na Politica, a palavra revolução, assim como o seu significado
astronômico, significou restauração da ordem anterior. Assim como os astros tem um
movimento ordenado estabelecido, a revolução foi entendida na Revolução Gloriosa da
Inglaterra como o reestabelecimento da monarquia.
Tanto na revolução Americana como na Francesa, a ideia original era essa mesma, de
ser apenas restaurações da ordem, reinstaurar a liberdade com as bênçãos de Deus, mas
as condições de autoridade e o curso dos acontecimentos no processo revolucionário
mostraram que algo de novo estava acontecendo, e os revolucionários foram percebendo
isso ao longo do processo. Conceitos como “Necessidade histórica” foram
desenvolvidos para dar conta de todo um processo fora de controle que acabou
acontecendo na Revolução Francesa, em que a questão social se tornou o paradigma
revolucionário.

Liberdade para Hannah Arendt

Talvez o conceito de liberdade se já o conceito mais fundamental e mais caro na


obra de Hannah Arendt. É ele que apresenta o significado mais importante para o
desenvolvimento dos outros conceitos. Para Hannah Arendt, a grande diferença entre a
revolução Americana e a revolução Francesa, foi que a Americana formou um corpo
político fundado na liberdade e a Revolução Francesa promoveu a libertação do povo,
mas sem fundar um corpo politico baseado na liberdade.
Liberdade, para Hannah Arendt, é essencialmente política. Não existe liberdade
fora da política, liberdade é a ação de agir considerando o corpo social como um todo.
Quando Arendt afirma que um corpo politico deve ser fundado na liberdade
significa que os agentes serão considerados não em sua humanidade mais básica, em seu
estado de natureza e por conta de suas necessidades, mas que o essencial é a questão da
exploração do homem pelo homem, e de grupos perante grupos, o essencial é formar um
corpo politico em que todos possam ser agentes e ter participação ativa na vida política.
Assim como acontecia nos regimes de Isonomia da Grécia antiga ( Chamavam de
isonomia e não democracia como ficou para a posteridade pois a questão central era a
igualdade dos cidadãos de poder falar e decidir os rumos da cidade e não que a maioria
decidisse, como sugere o conceito de democracia, muitas das decisões eram realizadas
por consenso). Assim os cidadãos e os grupos políticos organizados sempre teriam voz
direta e participariam ativamente do governo
A revolução Americana, segundo Hannah Arendt, foi um bom exemplo de como
foi possível um processo revolucionário se basear na liberdade de seus cidadãos e com
isso formar um corpo possível estável e justo. As questões de necessidade biológica não
estavam em pauta. Não foi fundado um corpo político baseado também na vontade do
povo, pois a vontade do povo ela é mutável, e a pretensão da fundação do corpo político
é que ele fosse estável e justo para com os grupos e cidadãos da nova republica
americana.

Questão social para Hannah Arendt

Para Hannah Arendt há uma grande diferença entre a revolução Americana e a


Revolução Francesa. Enquanto a revolução Americana teve como principio formar um
corpo político baseado na liberdade, a revolução Francesa teve como ponto norteador de
sua revolução a questão social, e isso tornou a revolução Francesa u fracasso na
formação de um corpo politico.
Quando se deflagrou a queda da bastilha e o inicio da revolução Francesa, o que estava
por trás da revolta social que propiciou a revolução, muito antes da questão da
libertação do povo, era a ânsia do povo e de seus representantes revolucionários por
tornar o povo não mais miserável e pobre. O que estava permeando a revolução
Francesa era uma questão social, a de garantir as necessidades básicas de uma
população que não tinha garantias das suas necessidades básicas biológicas. Interessante
notar que sempre houve pobres e miseráveis no mundo, durante a antiguidade, durante a
idade média, mas era dada como condição da natureza a existência de ricos e pobres, era
a imutabilidade das condições da sociedade e uma revolta da população para a tomada
do poder não era possível antes d advento da idade moderna e a perda da autoridade de
seus representantes máximos.
Na revolução Americana não houve esta questão social. Os colonos apresentavam uma
vida digna, que apesar de alguns não serem exatamente ricos, a questão da necessidade
não era um problema na sociedade colonial Americana. A revolução tinha um sentido
estritamente de liberdade e de formação um corpo politico independente da matriz
inglesa.
Na revolução Francesa esta questão social deu um tom de uma revolução pelos mas
necessitados. O sentido, que inclusive Robespierre atribuía a esta qualidade da
revolução Francesa era baseada na suprema bondade dos homens. O ser humano não
poderia deixar que seus semelhantes vivessem tamanha injustiça e passassem
necessidade. O sentimento e não mais a razão para a formação de um corpo politico foi
o processo determinante para a forma como se desenrolaria a revolução Francesa, e o
sentimento que estava em evidencia era a compaixão. A luta revolucionária se
transformou na luta dos pobres e miseráveis contra os ricos. Havia a necessidade
histórica de uma reparação e de uma justiça divina que os Homens deveriam fazer valer
aqui na Terra. O sentimento de absoluto tomou forma nesse sentimento de bondade
absoluta derivado do Cristianismo.
O bem absoluto deveria ser procurado e com isso os homens deveriam buscar a bondade
extrema e sanar a pobreza. Esse afeto de absoluto bem que os revolucionários deveriam
cumprir, porém, criaria uma forma de subjetividade que degringolaria em violência.
Quando se tem um bem absoluto como ideal e parâmetro, o julgamento sobre si mesmo
nos faz ver face a face que somos falíveis e nos tornamos duros e percebemos todas as
nossas falhas morais, em pensamento, em intensão. As duvidas sobre as nossas
intensões, se são verdadeiramente nobres e buscando o bem estão sempre a voga quando
se tem um padrão de bem absoluto, ideal, inatingível. Assim o modo como julgamo-nos
a nós mesmos, vendo-nos como sempre falhos também se transfere para o conjunto das
outras pessoas, pois se necessariamente eu sou falho por mais bem intencionado e bom
que seja, porque os outros não haveriam de ser? E assim se cria uma forma de relação
politica em que o que fica em voga é a hipocrisia, e é ela que deve ser eliminada. Mas
como eliminá-la sendo que não temos acesso as verdadeiras intensões?
Pra Hannah Arendt, é esse o Estado que se seguiu na Revolução Francesa. A questão
social estar à frente da fundação de um corpo politico baseado na liberdade gerou uma
situação em que todos desconfiavam de todos. O bem supremo não pode resistira
falibilidade dos homens e invariavelmente acaba descambando em violência. Arendt
afirma que nenhum governo ou revolução que tinha em seu nome a questão social
conseguiu desenvolver um governo baseado na liberdade.
“A necessidade invadiu o domínio politico, o único domínio em que os homens podem
ser verdadeiramente livres.” (Arendt, 1990).
A necessidade não deixa a liberdade construir suas regras, e a paixão, o afeto de raiva,
de revolta desmedida, mantem o ciclo de violência, como aconteceu na Revolução
Francesa, e que acabou desembocando numa nova tirania.

Diferença entre questão social e liberdade

Já levantamos separadamente a liberdade e a questão social separadamente, liberdade


como uma forma de organização politica de participação e ato do conjunto politico
inteiro, do todo completo de um grupo, com poder, com ação. A liberdade é uma forma
de poder agir em sentido politico, não somente como proteção individual ou grupal do
poder do estado, mas em seu sentido positivo, de poder agir e determinar as ações e
direcionamentos de um governo junto com os seus pares. Poderemos dizer então que
um governante, um rei, um tirano, tem a liberdade no sentido Arendtiano? Não, a
liberdade para Arendt se dá na relação com seus pares, na construção coletiva do agir e
discutir a política e a forma de viver dentro do grupo. O tirano seria uma figura solitária,
não tendo relações politicas verdadeiras com os seus subordinados, ele estaria longe do
verdadeiro sentido da liberdade.
A liberdade não se relaciona diretamente com a justiça ou questão social. Como
mostrado anteriormente a questão social na revolução Francesa em específico se
baseava em afetos absolutos, derivados da cultura cristã. A busca desse bem absoluto
sem a formação de um corpo político baseado na liberdade acabou libertando
sentimentos de fúria das classes pobres perante as mais ricas que desembocaram em
violências tremendas. O homem se viu como que em estado de natureza, com todos os
seus sentimentos de amargura podendo ser extravasados, para Hannah Arendt isso
desvinculou todo o sentido de civilização até então criado. O homem se viu em seu
estado bruta, de animalidade, homem natural. A liberdade busca um continuo com o
passado em busca de um desenvolvimento futuro através dos poderes já estabelecidos.
São questões de natureza completamente diferentes. A liberdade busca uma comunhão e
a instituição de um poder que vise progresso. A questão social nutre a ânsia por
igualdade e justiça baseada em sentimentos que invariavelmente causam destruição
como a fúria e a raiva.
Arendt aposta na liberdade como caminho para o corpo politico. Mostra como a questão
social acabou se tornando a razão premente para a maioria das revoluções modernas,
sendo que as mesmas não foram possíveis de formar um corpo politico que baseava-se
na liberdade de seus cidadãos. Acabavam baseando-se na violência, física ou simbólica.
Bibliografia Utilizada:

Arendt, Hannah. On revolution. New York: Penguin, 1963.Da revolução. Trad. de Fernando
Dídimo Vieira. São Paulo: Editora Ática e UNB, 1990.

_____________. Entre o passado e o futuro. Trad. de Mauro Barbosa e outros. São Paulo:
Perspectiva, 2001.

Anotações de aula do curso de Ética e filosofia Política II, ministrada pela Professora Silvana
Ramos na FFLCH USP, 1º semestre 2016.

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