Luís Batista1, Elizabeth Alexandre2, Inês Costa3, Ana Paiva4, Luís Faísca5
1
a35262@ualg.pt; 2a35249@ualg.pt; 3a31586@ualg.pt; 4apaiva@ualg.pt;
5
lfaisca@ualg.pt
Resumo
1.1Experiências Emocionais
Como foi referido anteriormente as emoções podem ser definidas como reacções de
curto tempo a eventos internos ou externos que são avaliados por exemplo, de acordo
com o grau de prazer, orientação de objectivo, habilidade para enfrentar, justiça, etc.
(e.g., Scherer, 1986; Frijda, 1986) (Kaszniak, 2001). Podemos considerar que o que
difere das emoções positivas para as negativas é o bem-estar que estas nos provocam ou
não. Assim sendo, pode-se considerar como emoções positivas a Excitação, Alegria,
Divertimento, Entusiasmo, Orgulho, Felicidade, Descontração, Paciência,
Tranquilidade, Esperança, Imaginação, Alívio, etc. Como emoções negativas entenda-se
a Culpa, Vergonha, Embaraço, Inveja, Agressividade, Ofensa, Impanciência,
Intimidação, Preocupação, Receio, Tristeza, Desânimo, Arrependimento, entre outras.
As emoções positivas são expressas ao mesmo nível tanto numa comunicação face a
face como numa comunicação mediada por computador, enquanto que as emoções
negativas são mais facilmente expressas numa comunicação mediada computador
(Derks et al., 2008).
Método
Participantes
A amostra é constituida por 128 participantes de Nacionalidade Portuguesa utilizadores
de Redes Sociais, recolhidos através do envio de um questionário disponibilizado
online, por meio de Redes Sociais como o Facebook, Hi5, MSN.
N %
Sexo
Masculino 39 30,5
Feminino 89 69,5
Idade
Menos de 30 anos 98 76,6
30 anos ou mais 27 21,1
Situação profissional
Estudantes 60 46,9
Não estudantes 68 53,1
Redes Sociais
Facebook 88 68,8
Hi5 10 7,8
MSN 27 21,1
Outros 3 2,3
É possível observar que a maioria dos participantes são do sexo feminimo (69,5%). No
que respeita à idade, esta situou-se entre os 18 e os 60 anos (média etária ± desvio-
padrão: 26.07±7.24 anos), situando-se a maioria dos sujeitos abaixo dos 30 anos. No
que respeita à Situação Profissional, a maioria exerce actividade profissional (53,1 %),
variando as suas profissões entre Psicólogos, Professores, Domésticas, Jornalistas entre
outros. Finalmente, a rede social mais utilizada é o Facebook (68,8 %), seguindo-se o
MSN (21,1%) com um fracção marcadamente inferior de adeptos na amostra.
Instrumento
Para avaliar a percepção e o reconhecimento de emoções na Comunicação mediada por
computador e na comunicação face a face foi elaborado um questionário com 22
proposições sobre as quais os sujeitos tinham de assinalar o seu grau de concordância
numa escala de sete níveis, em que 1 correspondia a Discordo Totalmente e 7 a
Concordo Totalmente.
As proposições foram redigidas de forma a abordar diversos aspectos que a literatura
tem relacionado com as diferenças e especificidades da comunicação face a face e da
comunicação mediada por computador, respectivamente a facilidade na expressão
emocional, a facilidade no reconhecimento de emoções, a confiança na veracidade da
informação transmitida e no interlocutor.
Um exemplo disso é a inserção de preposições que avaliam as diferenças entre as
emoções positivas e negativas (Exprimo mais facilmente emoções positivas na
comunicação face a face do que na comunicação mediada por computador; Exprimo
mais facilmente emoções negativas na comunicação mediada por computador do que
numa comunicação face a face).
Com o objectivo de proceder a uma avaliação prévia do questionário, foi pedido a dez
consultores de formação universitária de diversas áreas (tais como: Psicologia, Biologia,
Marketing, Turismo) que o preenchessem e comentassem tendo-se procedido
posteriormente às reformulações necessárias.
O questionário foi enviado por meio de mensagem pessoal via online através de redes
sociais como o Facebook e Hi5. Os sujeitos eram informados acerca da
confidencialidade e colaboração voluntária para o preenchimento do mesmo. Foram
enviadas mensagens tanto a sujeitos conhecidos como a sujeitos que não conheciamos.
Instrumento
Para avaliar a percepção e o reconhecimento de emoções na Comunicação mediada por
computador e na comunicação face a face foi elaborado um questionário com 22
proposições sobre as quais os sujeitos tinham de assinalar o seu grau de concordância.
Para avaliar a concordância dos sujeitos com as proposições foi utilizada uma escala de
Likert tipo 7, em que 1 correspondia a Discordo Totalmente e 7 a Concordo Totalmente.
As proposições usadas pertenciam a diversas categorias, respectivamente: Facilidade de
expressão, Perceber Emoções , Confiar na pessoa; Veracidade da Informação.
A formulação do questionário foi baseada na literatura existente sobre o tema, através
da recolha dos principais resultados encontrados noutros artigos. Ou seja, de acordo
com as evidências mostradas da importância de determinados temas relativos à temática
da comuniação mediada por computador vs comunicação face a face, assim construimos
preposições para o questionário. Um exemplo disso é a inserção de preposições que
avaliam as diferenças entre as emoções positivas e negativas (Exprimo mais facilmente
emoções positivas na comunicação face a face do que na comunicação mediada por
computador; Exprimo mais facilmente emoções negativas na comunicação mediada por
computador do que numa comunicação face a face). Visto termos encontrado na
literatura estudos que referem diferenças entre a percepção de emoções positivas e
negativas na comunicação mediada por computador e na comunicação face a face
consideramos que essa seria uma àrea importante a explorar.
Com o objectivo de verificar a consistência interna do questionário, foi pedido a 10
consultores de formação universitária de diversas áreas (tais como: Psicologia, Biologia,
Marketing, Turismo), que o preenchessem e dessem depois um feedback.
Procedimentos
Os dados foram recolhidos através do envio do questionário por meio das Redes Sociais
Facebook, Hi5 e MSN, tendo sido depois inseridos numa base de dados efectuada no
programa de análise estatistica SPSS (Statistic Program for Social Sciences).
Posteriormente procedeu-se à sua análise estatistica para obtenção dos resultados.
Resultados
Relativamente à tabela 9, pode dizer-se que não existe acordo quanto à necessidade de
se aceder às redes sociais e que as pessoas convivem mais com outras em contexto FaF.
Os resultados revelam que os sujeitos concordam com a afirmação “Sinto necessidade
de aceder às minhas redes sociais”, no entanto, são os homens (4.23±1.65) que mostram
a ter mais necessidade em relação às mulheres (4.09±1.89). Em relação ao convívio, as
mulheres (5.57±1.76) dizem conviver mais frequentemente com pessoas em contexto
FaF do que em contexto online em comparação com os homens (5.33±1.64).
A análise das respostas em função do grupo etário dos inquiridos permitiu identificar
apenas duas diferenças estatisticamente significativas relativamente aos diversos
aspectos da percepção e reconhecimento de emoções tanto num tipo de comunicação
face a face como numa comunicação mediada por computador. Quanto à intensidade
das experiências emocionais, tanto os jovens (menos de 30 anos) como os adultos (mais
de 30 anos) não estão de acordo com o facto destas serem mais intensas numa CMC,
mas ainda assim existem diferenças entre os dois grupos etários, não estando os Adultos
tão em desacordo quanto os Jovens quanto à vantagem da CMC (t=-2.008, 123gl,
p=0.047). ). Já no que concerne ao aspecto de se fazerem confidências acerca da própria
vida, os resultados indicam-nos que apesar de todos os participantes discordarem no que
se refere ao ser mais fácil fazer confidências numa CMC, existem diferenças entre os
dois grupos etários, situando-se mais os Adultos em desacordo que os Jovens (t=0.711,
123gl, p=0.478). relativamente ao considerarem-se as pessoas que se conhecem num
dos contextos de comunicação como mais verdadeiras, tantos os Jovens como os
Adultos discordam quanto às pessoas que se conhecem numa CMC serem mais
verdadeiras, no entanto existe uma ligeira diferença, sendo que os Jovens estão em mais
desacordo que os Adultos (t=-2.097, 123gl, p=0.038). No que se refere à percepção de
emoções nos outros, tanto os Jovens como os Adultos estão de acordo que é mais fácil a
percepção numa CFaF, no entanto os Jovens ainda apresentam um grau de concordância
superior aos Adultos (t=0.809, 123gl, p=0.420). Quanto ao ser-se menos verdadeiro
numa CFaF os participantes discordam da afirmação, sendo que os Adultos discordam
mais desta afirmação do que os Jovens (t=1.394, 123gl, p=0.166). No que concerne à
maior facilidade de expressão de emoções negativas, numa CMC os Jovens estão em
desacordo enquanto que os Adultos não estão em desacordo nem de acordo (t=-1.409,
123gl, p=0.161). Quanto ao aspecto de se confiar mais facilmente em alguém que se
conhece em determinado contexto de comunicação, no que se refere à CMC, tantos os
Jovens como os Adultos estão em desacordo com a proposição, no entanto são os
Jovens que estão mais em desacordo (t=-0.868, 123gl, p=0.387). Relativamente à
dificuldade em exprimir emoções, tanto os Jovens como os Adultos discordam com a
proposição quando esta se refere ao contexto CFaF (t=1.452, 123gl, p=0.149), apesar
dos Adultos estarem mais em desacordo que os Jovens.
O facto de se conviver com mais frequência com pessoas em contexto FaF do que em
contexto online correlaciona-se com as proposições que se seguem: exprime-se mais
facilmente emoções positivas na CFaF (r = 0,196*; sig = 0,027); exprime-se emoções
negativas mais facilmente na CFaF (r = 0,375**; sig = 0,00); faz-se confidências acerca
da vida pessoal com mais facilidade numa CFaF (r = 0,276**; sig = 0,002); as pessoas
que se conhece numa CFaF, são mais verdadeiras (r = 0,175*; sig = 0,049); é fácil
perceber emoções nos outros numa CFaF (r = 0,279**; sig = 0,001); faz-se amigos mais
facilmente numa CFaF (r = 0,323**; sig = 0,000); e experiências emocionais que se
exprimem numa CFaF são mais intensas (r = 0,235**; sig = 0,008).
Discussão
No que respeita à discussão de resultados é possivel referir o facto de ter sido inseridas
no questionário preposições que avaliam as diferenças entre emoções positivas e
negativas (Exprimo mais facilmente emoções positivas na CFaF do que na CMC;
Exprimo mais facilmente emoções negativas na CMC do que numa CFaF). Visto termos
encontrado na literatura estudos que revelam diferenças entre a percepção de emoções
positivas e negativas na CMC e na CFaF consideramos que essa seria uma àrea
importante a explorar (Derks et al., 2008).
• Derks, D.; Fischer, A.; & Bos, A.; (2008) The role of emotion in computer-
mediated communication: A review; Computers in Human Behavior 24: 766–785;
• Figueiredo, O.; (2006) Les Émotions dans les Interactions. Lyon: Presses
Universitaires de Lyon. 2000. 329 pp.; Revista de Estudos Linguísticos da Universidade
do Porto 1: 145-151;
• Hardie, E; & Tee, M.; (2007) Excessive Internet Use: The Role of Personality,
Loneliness and Social Support Networks in Internet Addiction; Australian Journal of
Emerging Technologies and Society, Vol. 5, 1: 34-47;
• Leyens, J. – P., Paladino, P. M., Rodriguez-Torres, R., Vaes, J., Demoulin, S.,
Rodriguez-Perez, A. & Gaunt, R. (2000). The Emotional Side of Prejudice: The
Attribution of Secondary Emotions to Ingroups and Outgroups. In Personality and
Social Psychology Review, vol. 4 (2), pp. 186-197;
• Matsumoto, D., Yoo, S. H., & LeRoux, J. A. (in press). Emotion and
intercultural adjustment. In Helga Kotthoff and Helen Spencer-Oatley (eds.), Handbook
of Applied Linguistics, Volume 7: Intercultural Communication. Mouton – de Gruyter
Publishers;
• Reeve, J. (2005); Understanding motivation and emotion,4ª ed. Hoboken,
NJ:Wiley;
• Zembylas, M.; Vrasidas, C.; (2004) Emotion, Reason, and Information and
Communication Technologies in Education: some issues in a post-emotional society; E–
Learning, Volume 1, -umber 1