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ANATOMIA côndilos femorais.

Estes platôs estão separados


na linha média pela eminência intercondiliana,
O joelho é uma das articulações mais com suas tuberosidades intercondilianas medial
comumente lesionadas em decorrência de sua e lateral. Anterior e posteriormente à eminência
estrutura anatômica, sua exposição a forças intercondiliana, existem as áreas que servem
externas, e das demandas funcionais a que está como pontos de fixação para os ligamentos
sujeita. Básico para uma compreensão das lesões cruzados e meniscos. O lábio posterior do
do joelho é o conhecimento da anatomia normal côndilo tibial lateral é arredondado onde o
do joelho. Grande ênfase tem sido dado aos li- menisco desliza posteriormente, durante a flexão
gamentos do joelho, mas apenas os ligamentos, do joelho.
sem a ação de sustentação dos músculos e As superfícies articulares do joelho não são
tendões associados, não são suficientes para congruentes. No lado medial, o fêmur encontra a
manutenção da estabilidade do joelho. Larson e tíbia como uma roda numa superfície plana,
James têm uma classificação operacional e enquanto que no lado lateral, é como uma roda
prática das estruturas da região do joelho. Há sobre um domo. Apenas os ligamentos, atuando
três grandes categorias: em concerto com as outras estruturas de tecido
1. Estruturas ósseas mole, dão ao joelho sua necessária estabilidade.
2. Estruturas extra-articulares A patela é um osso sesamóide com uma
3. Estruturas intra-articulares forma aproximadamente triangular, mais amplo
no pólo proximal do que no pólo distal. A
Estruturas Ósseas superfície articular da patela está dividida por
As estruturas ósseas do joelho consistem de uma crista vertical que cria uma faceta ou
três componentes: (1) patela, (2) côndilos superfície articular medial menor, e uma lateral
femorais distais e (3) platôs ou côndilos tibiais maior Com o joelho em extensão, a patela
proximais. O joelho é considerado uma “monta” a margem articular superior do sulco
articulação em charneira (gínglimo), mas na femoral. Em extensão, a parte distal da faceta
verdade é mais complexa porque, além da flexão patelar lateral articula-se como côndilo femoral
e extensão, seu movimento tem um componente lateral, mas a faceta patelar medial quase não se
rotacional. Os côndilos femorais são duas articula com o côndilo femoral medial até que o
protuberâncias arredondadas que são joelho se aproxime de uma flexão completa, A
excentricamente encurvadas: a porção anterior é 45º de flexão, o contato se desloca proxi-
constituída de parte de um oval, e a parte malmente para a parte média das superfícies
posterior é uma secção de esfera. Assim, os articulares. Em flexão completa, as partes
côndilos são mais encurvados anteriormente, do proximais de ambas as facetas estão em contato
que posteriormente. Anteriormente os côndilos com o fêmur, e durante a flexão e a extensão, a
são um tanto achatados, o que proporciona uma patela desloca-se 7 a 8cm em relação aos
superfície maior para contato e transmissão do côndilos femorais. Com a flexão completa,
peso. Os côndilos se projetam muito pouco em maior pressão é aplicada à faceta medial.
frente à diáfise femoral, mas o fazem de modo O trauma que afeta estas estruturas ósseas e
acentuado por detrás. O sulco existente suas inter-relações frequentemente provoca
anteriormente entre os côndilos é o sulco ou distúrbios da articulação. A restauração destas
tróclea patelofemoral, que acomoda a patela. estruturas é essencial para a restauração do
Posteriormente, os côndilos estão separados pela funcionamento do joelho.
incisura intercondiliana. A superfície articular
do côndilo medial é mais comprida que a Estruturas Extra-articulares Tendinosas
superfície articular do côndilo lateral, mas o
côndilo lateral é mais largo. O eixo longitudinal As importantes estruturas extra-articulares
do côndilo lateral está orientado essencialmente que sustentam e influenciam o funcionamento
ao longo do plano sagital, enquanto que o desta articulação são a sinovial, cápsula,
côndilo medial está comumente num ângulo de ligamentos colaterais, e unidades
22º com o plano sagital. musculotendinosas que revestem a articulação.
A extremidade proximal expandida da tíbia As unidades musculotendinosas são principal-
forma duas superfícies, côndilos, ou platôs mente o mecanismo do quadríceps, o
bastante planos, que se articulam com os gastrocnêmio, os grupos isquiotibiais medial e
lateral, o poplíteo e a banda iliotibial. primários do joelho têm uma influência
O tendão do quadríceps insere-se no pólo rotacional interna secundária sobre a tíbia. Estes
proximal da patela. Os quatro componentes do músculos ajudam na proteção do joelho contra
mecanismo do quadríceps formam um tendão estresses tanto rotacional, como também contra
trilaminar do quadríceps que se insere na patela. estresse em valgo. Seu correspondente no lado
O tendão do reto femoral se achata lateral do joelho é a forte inserção do bíceps
imediatamente acima da patela e se transforma femoral na cabeça fibular, tibia lateral e
na lâmina anterior, que se insere na borda estruturas capsulares póstero-laterais. Este é um
anterior do pólo proximal. O tendão do vasto flexor vigoroso do joelho, com uma simultânea
intermédio tem continuidade inferiormente, (e forte) rotação externa da tíbia. Esta estrutura
como a lâmina mais profunda do tendão do fornece estabilidade rotacional, impedindo o
quadríceps e se insere na borda posterior do pólo deslocamento anterior da tíbia sobre o fêmur,
proximal. A lâmina média é formada pelas durante a flexão. Suas contribuições para o
bordas confluentes do vasto lateral e do vasto complexo do ligamento arqueado no canto
medial. As fibras do retináculo medial formadas póstero-lateral do joelho também proporcionam
a partir da aponeurose do vasto medial inserem- uma estabilidade em varo, e também rotacional.
se diretamente no lado da patela, auxiliando a O trato iliotibial, o terço posterior da banda
evitar o deslocamento lateral deste sesamóide iliotibial, insere-se proximalmente no epicôndilo
durante a flexão. O tendão patelar tem sua lateral do fêmur, e distalmente na tuberosidade
origem no ápice do pólo distal da patela e se tibial lateral (tuberosidade de Gerdy). Assim,
insere diretamente na tuberosidade tibial. esta estrutura forma um ligamento adicional que
O gastrocnêmio, o músculo mais poderoso da está contíguo anteriormente com o vasto lateral
panturrilha, abrange o aspecto posterior do e, posteriormente, com o bíceps. A banda
joelho, em íntima relação com a cápsula iliotibial desloca-se para adiante em extensão e
posterior, indo inserir-se no aspecto posterior para trás em flexão, mas fica tensa em qualquer
dos côndilos femorais medial e lateral. das posições. Durante a flexão a banda tibial, o
“Pes anserinus” ou “pata de ganso” é o termo tendão do poplíteo e o ligamento colateral
que denomina a inserção conjunta dos músculos fibular se entrecruzam, enquanto que a banda
sartório, grácil e semitendinoso ao longo do tibial e o tendão do bíceps permanecem
aspecto medial proximal da tíbia. Estes flexores paralelos entre si como em extensão, todos
contribuindo para o reforço da estabilidade O músculo semimembranoso é especialmente
lateral (Fig. 33-1). importante como estrutura estabilizadora em
O músculo poplíteo tem três origens, e a mais torno dos aspectos posterior e póstero-medial do
forte é o côndilo femoral lateral. Outras origens joelho. Este músculo tem cinco expansões
importantes são a fíbula e o corno posterior do distais (Fig. 33-3). O primeiro é o ligamento
menisco lateral. As origens femoral e fibular poplíteo oblíquo, que avança desde a inserção do
formam os braços de um ligamento oblíquo em semimembranoso no aspecto póstero-medial da
forma de Y, o ligamento arqueado. Os braços se tíhia obliquamente e lateralmente numa direção
unem com a cápsula e com a origem meniscal. O superior, buscando a inserção da cabeça lateral
ligamento arqueado não é um ligamento distinto, do gastrocnêmio (Fig. 33-4,A). Este ligamento
mas uma condensação das fibras de origem do atua como uma importante estrutura
poplíteo (Fig. 33-2). Através de estudos estabilizadora no aspecto posterior do joelho. O
eletromiográficos, Basmajian e Lovejoy semimembranoso ajuda a esticar esta estrutura,
verificaram que o músculo poplíteo é um rotador durante a sua contração (Fig. 33-4, B). Quando o
medial primário da tíbia durante os estágios ligamento poplíteo oblíquo é tracionado
iniciais da flexão, atuando também no medialmente e anteriormente, ele tensiona a
recolhimento do menisco durante a flexão. Além cápsula posterior do joelho. Esta manobra pode
disto, este músculo empresta estabilidade ser utilizada para tensionar a cápsula posterior
rotatória ao fêmur sobre a tíbia, e auxilia o no canto pósteromedial do joelho, durante um
ligamento cruzado posterior na prevenção da reparo cirúrgico. Uma segunda inserção
luxação anterior do fêmur sobre a tíbia. tendinosa se faz à cápsula posterior e corno
posterior do menisco medial. Esta tira tendinosa A expansão extensora medial, ou retináculo
funciona auxiliando no retesamento da cápsula medial, é uma expansão distal da aponeurose do
posterior, e na tração do menisco medial vasto medial. Ela tem fixação ao longo da
posteriormente, durante a flexão do joelho. A margem medial da patela e do tendão patelar e,
cabeça anterior ou profunda tem continuidade distalmente, insere-se na tíbia. Este retináculo
medialmente ao longo da expansão do côndilo funciona como elemento estabilizador medial da
tibial, inserindo-se por debaixo do ligamento patela no sentido de mantê-la no sulco
colateral tibial superficial, num ponto ime- patelofemoral. O retináculo reveste e pode
diatamente distal à linha da articulação. A fundir-se ao ligamento capsular póstero-medial.
cabeça direta do semimembranoso fixa-se à A contração do vasto medial auxilia a retesar a
tuberosidade existente no aspecto posterior do parte anterior do ligamento capsular medial.
côndilo medial da tíbia, imediatamente abaixo A expansão extensora lateral, ou retináculo
da linha da articulação. Esta fixação tendinosa lateral, é uma extensão do vasto lateral que se
proporciona um firme ponto em que suturas fixa à banda iliotibial, o que ajuda no

podem ser ancoradas, durante um reparo tensionamento desta faixa durante a extensão do
capsular póstero-medial. A parte distal do tendão joelho, e quando a banda iliotibial se desloca
semimembranoso continua distalmente, indo para adiante. Frequentemente está presente um
formar uma expansão fibrosa sobre o poplíteo, desequilíbrio entre as estruturas retinaculares
fundindo-se com o periósteo da tíbia medial. O lateral e medial nas subluxações e luxações
semimembranoso, através de sua contração patelares.
muscular, tensiona a cápsula posterior e Além destas unidades musculotendíneas que
estruturas capsulares póstero-mediais, pro- revestem diretamente o joelho, anormalidades na
porcionando uma estabilidade significativa. orientação e alinhamento do pé, bem como
Funcionalmente, esta estrutura atua como um deficiências nos flexores e abdutores dos
flexor do joelho, e rotador interno da tíbia. quadris, podem influenciar o alinhamento e
funcionamento do joelho, devendo receber
atenção na avaliação e reabilitação desta
articulação.

Estruturas Extra-articulares Ligamentares

A cápsula e os ligamentos colaterais são as


principais estruturas estabilizantes estáticas
extra-articulares. A cápsula é uma “manga” de
tecido fibroso estendendo-se desde a patela e
tendão patelar anteriormente ao nível das
expansões medial, lateral e patelar da ar-
ticulação. Os meniscos estão firmados
firmemente na periferia desta cápsula,
especialmente medialmente, e menos um pouco
lateralmente. Lateralmente, a passagem do
tendão poplíteo pelo hiato poplíteo até sua
origem no côndilo femoral produz urna fixação
meniscal menos segura do que a presente
medialmente. A cápsula meniscal é mais
composto pelo ligamento colateral tibial,
diferenciada e bem definida que sua correlata
semimembranoso, tendões do “pes anserinus” e
lateral. As estruturas capsulares, juntamente com
a parte do ligamento poplíteo oblíquo da cápsula
as expansões extensoras medial e lateral da
posterior O complexo quádruplo lateral é ainda
poderosa musculatura do quadrfceps, são as
descrito por Nicholas como composto da banda
principais estruturas estabilizadoras anteriores
iliotibial, ligamento colateral flbular, tendão do
ao eixo transversal da articulação. A cápsula é
poplíteo e bíceps femoral. Posteriormente, a
especialmente reforçada pelos ligamentos
cápsula é reforçada pelo ligamento poplíteo
colaterais e os músculos do “pes anserinus”
oblíquo, no canto pósteromedial pelas
medial e lateral, bem como o músculo poplíteo e
ramificações do semimembranoso e, póstero-
a banda iliotibial posterior ao eixo transversal.
lateralmente, pelas estruturas que contribuem
Nicholas referiu-se aos “complexos quádruplos”
pelo complexo arciforme.
medial e lateral como sendo estabilizadores
As cápsulas ântero-medial e ântero-lateral são
fundamentais do joelho (Fig. 33-5). O complexo
estruturas relativamente delgadas, mas são
quádruplo medial é descrito por este autor como
reforçadas pelas expansões retinaculares tendão do semimembranoso (Figs. 33-7 a 33-
patelares medial e lateral, e também lateralmente 10).
pela banda iliotibial e medialmente por faixas de A parte central é o ramo mais espesso e
reforço que se estendem desde a patela, como os provavelmente mais importante do ligamento,
ligamentos pateloepicondiliano e patelotibial. As originando-se na região da tuberosidade do
cápsulas ântero-medial e ântero-lateral são adutor, avançando posteriormente e
significativas, na proteção dos aspectos ântero- obliquamente até inserir-se no canto póstero-
medial e ântero-lateral do joelho contra a medial da tíbia, nas proximidades da inserção da
subluxação e os excessos rotacionais. cabeça direta do tendão semimembranoso. O
A cápsula medial foi dividida em três regiões ramo superior ou mais proximal do ligamento
distintas: a cápsula ântero-medial, conforme foi oblíquo posterior avança posteriormente,
discutido acima, a cápsula médio-medial e a fundindo-se com a cápsula posterior e ligamento
cápsula pósteromedial. poplíteo oblíquo, ao se separar do tendão do
A cápsula médio-medial é reforçada e semimernbranoso. Os grupos inferior e distal das
espessada por fibras verticalmente orientadas, fibras avançam superficialmente sobre a
tendo frequentemente sido referida como a inserção do tendão semimembranoso, fixam-se à
camada profunda do ligamento colateral tibial tíbia e à fáscia inferiormente, e provavelmente
ou medial. Esta cápsula origina-se do côndilo e têm pouca importância funcional.
epicôndilo femorais e se insere imediatamente A parte póstero-medial do complexo capsular
abaixo da margem da articulação tibial. Ela está e ligamentar medial é especialmente importante
dividida numa parte meniscofemoral, que se por emprestar uma estabilidade em valgo e
estende desde a fixação meniscal até à origem rotacional ao joelho. A cápsula póstero-medial e
femoral, e uma parte meniscotibial, que se os ligamentos oblíquos posteriores ficam
estende como o ligamento coronário do menisco, progressivamente relaxados à medida que o
até sua inserção tibial. A parte meniscofemoral é joelho flexiona; entretanto, no caso de uma
muito mais longa e forte que a outra divisão contração ativa do músculo semimembranoso,
(Fig. 33-6). A cápsula médio-medial resiste às todos os três ramos do ligamento oblíquo
pressões em valgo e rotatórias. posterior ficarão retesados. Portanto, são obtidos
A região póstero-medial da cápsula medial é efeitos estabilizadores cinéticos e estáticos pela
definida como a estrutura que se estende desde a ação desta parte do ligamento capsular medial,
borda posterior do ligamento colateral tibial mesmo com o joelho na posição flexionada. Na
posteriormente, até a inserção da cabeça direta reconstrução de ligamentos do joelho, esta
do semimembranoso. Frequentemente esta importante parte do complexo pósteromedial é
estrutura é referida pelos anatomistas como as tão essencial quanto qualquer outra estrutura que
“fibras oblíquas superiores do ligamento exija atenção, caso se pretenda a restauração da
colateral tibial”, mas foi definida e descrita por estabilidade, Há necessidade de uma
Hughston como o ligamento oblíquo posterior. compreensão precisa da anatomia e
Hughston descreve o ligamento oblíquo funcionamento do joelho, para que seja possível
posterior como um espessamento do ligamento o reparo ou reconstrução deste complexo
capsular medial fixado proximalmente à póstero-medial. (As técnicas de reparo e recons-
tuberosidade adutora do fêmur, e distalmente à trução estão detalhadas em seções
tíbia e aspecto posterior da cápsula. A fixação subsequentes.) É essencial que o ramo central do
distal está composta de três ramos: (1) o ramo ligamento oblíquo posterior esteja retesado no
central ou tibial, proeminente, que se liga à reparo ou reconstrução cirúrgica. Se este
borda da superficie posterior da tibia, junto à procedimento não for efetuado, não poderá ser
margem da superfície articular, e centralmente à obtida uma estabilidade passiva, independente
borda superior do tendão semimembranoso, (2) de qualquer outro procedimento cirúrgico.
o ramo superior ou capsular, que tem O ligamento colateral tibial é uma estrutura
continuidade com a cápsula posterior e parte longa, bastante estreita e bem delineada que se
proximal do ligamento poplíteo oblíquo e (3) o situa superficialmente à cápsula medial e
ramo inferior ou distal pouco definido, que se ligamentos capsulares, originando-se no
fixa distalmente tanto à bainha que reveste o epicôndilo medial e inserindo-se cerca de 7 a
tendão do semimembranoso, quanto à tíbia, num 10cm abaixo da linha da articulação na metade
ponto imediatamente distal à inserção direta do posterior da superfície medial da metáfise tibial,
profundamente aos tendões do pes anserinus. definido pelas fibras paralelas do ligamento
Frequentemente esta estrutura tem sido colateral tibial superficial. A medida que a
denominada “ligamento colateral tibial lateral” segunda camada é acompanhada posteriormente
ou “parte superficial do ligamento colateral”. desde a borda anterior deste ligamento, as fibras
Estudos biomecânicos realizados por Noyes e que unem o fêmur à tíbia assumem uma
cols., Warren e cols., e outros demonstraram que orientação mais oblíqua (Fig. 33-16). No canto
este ligamento proporciona a principal póstero-medial do joelho, a segunda camada
estabilidade contra as pressões em valgo. Ele funde-se à terceira camada, e com a bainha
desliza para adiante sobre o lado do cõndilo tendinosa do semimembranoso (Figs. 83-15, 33-
femoral em extensão e posteriormente em flexão 17 e 38-18). A estrutura conjunta formada pela
(Fig. 33-11). As fibras longas do ligamento segunda e terceira camadas estende-se
colateral são os estabilizadores primários do posteriormente, indo formar a cápsula póstero-
lado medial do joelho contra as pressões em medial que envolve o côndilo medial do fêmur
valgo e rotatórias externas. As fibras anteriores Esta cápsula póstero-medial é reforçada por
do ligamento retesam-se, à medida que o joelho fibras provenientes da bainha do tendão do
flexiona, e as fibras mais posteriores ficam semimembranoso.
relaxadas (Fig. 33-12). Quase todo o tendão do semimembranoso
Na tentativa de esclarecer alguns dos termos fixa-se ao osso, através da inserção direta no
anatomicamente confusos ligados ao lado medial canto póstero-medial da tíbia, logo abaixo da
do joelho, Warren e Marshall propuseram um linha da articulação (Fig. 38-17). Uma inserção
conceito trilaminar, após terem dissecado 154 mais anterior, que é uma extensão da inserção
espécimes dejoelhos in natura. Alguns dos direta, prossegue em torno do lado medial da
termos introduzidos por estes pesquisadores tíbia, imediatamente abaixo da linha da articula-
vieram a ser comumente utilizados como termos ção. Esta inserção anterior situa-se
anatómicos cirúrgicos ou clínicos, diferindo da profundamente ao ligamento colateral tibial
nomenclatura padronizada. superficial e à segunda camada, e distalmente à
A primeira camada se compõe da fáscia margem tibial da cápsula, ou terceira camada
profunda, ou fáscia crural; a segunda camada se (Figs. 33-15, C e 38-17). Estas duas inserções
compõe do ligamento colateral tibial superficial, não participam de qualquer das três camadas,
várias estruturas anteriores a este ligamento e os visto que prosseguem diretamente ao osso. A
ligamentos do canto póstero-medial; e a terceira bainha do tendão do semimembranoso remete
camada se compõe da cápsula da articulação do extensões fibrosas superiormente e
joelho e ligamento colateral tibial profundo. A inferiormente até à segunda camada (Figs. 83-16
primeira camada é o primeiro plano fascial a 33-18). Os mais claramente definidos destes
encontrado após uma incisão cutânea. Seu plano tratos de fibras são os que se estendem
é definido pela fáscia que reveste o músculo diretamente na direção superior, sobre o côndilo
sartório (Fig. 33-13). Prosseguindo femoral medial e através da parte posterior do
posteriormente, a primeira camada é um folheto joelho até o côndilo lateral, formando o
delgado que se sobrepõe às duas cabeças do ligamento poplíteo oblíquo (Fig. 33-17). Uma
gastrocnêmio e às estruturas da fossa poplítea. terceira (e menor) extensão da bainha do
Se é praticada uma incisão vertical na primeira semimembranoso avança distalmente, indo in-
camada, posteriorrnente às fibras paralelas do serir-se na tíbia, posteriormente à parte oblíqua
ligamento colateral tibial, e se a porção anterior inferior do ligamento colateral tibial superficial,
da primeira camada é rebatida para adiante, todo e fundindo-se, em grau variável, com as fibras
o ligamento colateral tibial superficial ficará oblíquas daquele ligamento. A julgar por sua
exposto (Fig. 33-14). Inferiormente, os tendões morfologia, estas fibras não parecem ter muito
do grácil e setnitendinoso poderão ser significado funcional.
observados como estruturas distintas que podem Anteriormente ao ligamento colateral tibial
ser separadas da primeira camada superficial, a segunda camada é variável.
superficialmente, e da segunda camada Enquanto se constitui numa camada simples
subjacentemente (Fig. 33-15). A primeira e a posteriormente, ela se combina anteriormente
segunda camadas são separadas por estes com a primeira camada, formando as fibras
tendões, ao cruzarem até suas inserções na tíbia. retinaculares parapatelares e com os ligamentos
O plano da segunda camada fica claramente patelofemorais.
A terceira camada é a verdadeira cápsula da bíceps femoral, indo inserir-se na tuberosidade
articulação do joelho, inserida acima e abaixo da tibial lateral (tuberosidade de Gerdy).
articulação, nas margens das superficies Assim, esta banda atua como um ligamento
articulares (Fig. 33-19). A parte anterior da complementar através do aspecto lateral da
cápsula é delgada. Aparentemente ela não articulação. A banda desloca-se anteriormente, à
funciona como ligamento estabilizador e medida que o joelho entra em extensão, e desliza
simplesmente envolve o coxim adiposo. Por posteriormente quando o joelho flexiona, mas
baixo do ligamento colateral tibial superficial, a permanece tensa em todas as posições do joelho.
terceira camada se torna mais espessa e forma Com a flexão, a banda iliotibial, o tendão do
uma faixa verticalmente orientada de fibras poplíteo e o ligamento colateral fibular
curtas, variavelmente conhecida como ligamento entrecruzam-se, deste modo aumentando
colateral tibial profundo, camada profunda do consideravelmente a estabilidade lateral. O
ligamento colateral tibial, ou ligamento capsular tendão do bíceps funciona como estabilizador
medial (Figs. 33-15, A e E e 83-18). Este lateral, ao contribuir para o complexo arciforme,
ligamento profundo estende-se desde o fêmur e por funcionar como um poderoso flexor e
até à parte média da margem periférica do como rotador externo da tíbia sobre o fêmur. O
menisco e tíbia (flg. 83-18). Em outros locais, a tendão do poplíteo avança desde o aspecto
cápsula é delgada. Os ligamentos profundo e posterior da tíbia, através do hiato poplíteo, e
superficial são prontamente separados onde fixa-se profundamente (e um pouco
entram em contato direto, mas mais anteriormente) à inserção femoral do ligamento
posteriormente, 1 a 2 cm por debaixo da borda colateral fibular.
anterior do ligamento colateral tibial superficial, Seebacher, Inglis, Marshall e Warren definem
a segunda e terceira camadas se fundem. O três camadas distintas das estruturas laterais do
resultado é que a parte menisco-femoral do joelho. A camada mais superficial, ou primeira
ligamento profundo tende a fundir-se com o camada, tem duas partes: (1) o trato iliotibial e
ligamento superficial suprajacente, nas sua expansão anteriormente e (2) a parte
proximidades da sua inserção rostral (Figs 33- superficial do bíceps femoral e sua expansão
15, A a C e 83-18). Consistentemente, o posteriormente (Figs. 33-20 e 33-21). O nervo
ligamento meniscotibial (ligamento coronário) é fibular situa-se no lado profundo da primeira
logo separado do ligamento superficial camada, numa situação imediatamente posterior
suprajacente. Mais posteriormente, a terceira ao tendão do bíceps. A segunda camada é
camada funde-se com a segunda camada (Fig. formada pelo retináculo do quadríceps; a maior
33-15, A a e), e suas fibras combinadas parte evolui ântero-lateral e adjacentemente à
envolvem o canto pósteromedial da articulação, patela.
formando uma estrutura composta. Posteriormente, a segunda camada está
O Ligamento colateral fibular ou ligamento incompleta, sendo representada pelos dois
lateral liga-se ao epicôndilo femoral lateral ligamentos patelofemorais. O ligamento
proximalmente, e à cabeça fibular distalmente. proximal une-se às fibras terminais do septo
Esta é mais uma estrutura tendinosa, do que uma intermuscular lateral; o ligamento distal termina
banda ligamentar ampla. Esta estrutura é da posteriormente ao nível da fabela, ou nas
maior importância na estabilização do joelho inserções dos reforços capsulares péstero-
contra a pressão em varo, com o joelho em laterais e da cabeça lateral do gastrocnêmio, no
extensão. A medida que o joelho entra em côndilo femoral (Figs. 33-20 e 33-21). O
flexão, o ligamento colateral fibular toma-se ligamento patelomeniscal faz também parte da
menos influente como estrutura estabilizadora segunda camada. Este ligamento se estende
em varo. obliquamente desde a patela, fixa-se à margem
Além dos ligamentos laterais e estruturas do menisco lateral e termina inferiormente na
capsulares laterais, a estabilidade é tuberosidade tibial lateral (tuberosidade de
significativamente dependente da banda Gerdy), profundamente ao trato iliotibial. A
iliotibial, do tendão do bíceps e do tendão do primeira e segunda camadas estão aderidas entre
poplíteo. A banda iliotibial insere-se no si numa linha vertical na margem lateral da
epicôndilo lateral do fêmur, em seguida evolui, patela. Fixações discretas das fibras mais
em sua expansão ampla, entre o aspecto lateral elevadas do ligamento patelofemoral ao trato
da patela e a localização mais posterior do iliotibial suprajacente ocorrem imediatamente
abaixo do término do septo intermuscular lateral, Estruturas Intra-articulares
no epicôndilo femoral lateral.
A terceira camada, a mais profunda, é a parte As principais estruturas intra-articulares de
lateral da cápsula articular. Esta estrutura está importância são os meniscos medial e lateral e
fixada às bordas da tíbia e fêmur os ligamentos cruzados anterior e posterior
circunferencialmente em planos horizontais nas Numerosas funções foram imputadas aos
extremidades proximal e distal da articulação meniscos, algumas conhecidas e algumas
dojoelho. A fixação capsular à borda externa do hipotéticas. Entre estas funções, estão a dis-
menisco lateral é denominada “ligamento tribuição do líquido articular, a absorção do
coronário”. O tendão do poplíteo passa através choque, o aprofundamento da articulação, a
de um hiato no ligamento coronário, indo se estabilização da articulação e, mais
fixar ao fêmur. Numa posição imediatamente recentemente, uma função de sustentação do
posterior ao trato iliotibial suprajacente, a peso e de transmissão de cargas.
cápsula se divide em duas camadas. Ela engloba Os ligamentos cruzados funcionam como
o ligamento colateral fibular e termina estabilizadores da articulação e como eixos, em
posteriormente no ligamento fabelofibular (li- torno dos quais pode ocorrer um movimento
gamento externo curto), de dimensões variáveis rotacional, tanto normal quanto anormal. Estes
(Figs. 33-20 e 33-22, A). A lâmina profunda da ligamentos restringem os movimentos
parte pósterolateral da cápsula passa ao longo da retrógrados e anterógrados da tíbia sobre o
borda do menisco lateral. A lâmina interna fêmur, e auxiliam no controle da rotação medial
termina posteriormente no ligamento arqueado, e lateral da tíbia sobre o fêmur. A rotação
que tem uma forma de Y. Estas duas lâminas externa da títia produz um “desenrolamento” dos
capsulares sempre estão separadas pelos vasos ligamentos, e a rotação interna produz um
geniculares ínfero-laterais em seu avanço “enrolamento” dos ligamentos cruzados (Fig.
anterógrado. Seebacher e cols. observaram três 33-24). Uma discussão mais aprofundada de
variantes anatômicas em suas dissecçôes: (1) suas funções específicas é apresentada na seção
apenas o ligamento arqueado reforçava a cápsula sobre o reparo dos ligamentos cruzados (pág.
em 13% dos joelhos; (2) apenas o ligamento 1670).
fabelofibular reforçava a cápsula em 20%; e (3)
estes dois ligamentos reforçavam o aspecto MECÂNICA
póstero-lateral da cápsula em 67%. Estas
variantes estavam associadas a variações nas di- O eixo mecânico do fêmur não coincide com
mensões da fabela cartilaginosa-óssea na cabeça seu eixo anatômico, visto que uma linha que
lateral do gastrocnêmio. Mais comumente, atravessa o centro da articulação do quadril e o
ambos os ligamentos, fabelofibular e arqueado, centro do joelho forma um ângulo de 6 a 90 com
estavam presentes, e tinham dimensões o eixo da diáfise do fêmur O eixo mecânico
modestas. Quando a fabela era grande, não havia geralmente passa nas proximidades do centro da
ligamento arqueado e o ligamento fabelofibular articulação normal do joelho. Desvios signi-
era robusto. Por outro lado, quando a fabela ou ficativos deste eixo mecânico podem estar
seu remanescente cartilaginoso estava ausente, o presentes em casos de deformidades de joelho
ligamento fabelofibular também estava ausente, em varo ou joelho em valgo. Na posição ereta, o
e apenas o ligamento arqueado estava presente eixo transversal através da articulação do joelho
(Figs. 33-20, 33-22 e 33-23). Tanto o ligamento situa-se no plano horizontal verdadeiro, ou em
arqueado quanto o ligamento fabelofibular suas proximidades. Devido à disparidade entre
inserem-se no ápice do processo estilóide os comprimentos das superfícies articulares dos
fibular. Estes ligamentos ascendem côndilos femorais e dos côndilos tibiais, são
verticalmente pelas bordas livres de suas respec- produzidos dois tipos de movimento durante a
tivas lâminas capsulares, até à cabeça lateral do flexão e extensão. Assim, o joelho possui
gastrocnêmio, onde recebem a terminação aspectos característicos tanto da articulação do
posterior do ligamento poplíteo oblíquo. Quando tipo gínglimo (em dobradiça), quanto da
presente, a fabela era atravessada por todos estes articulação trocóidea (em pivô). A articulação
ligamentos. permite a flexão e extensão no plano sagital, e
algum grau de rotação interna e externa, quando
a articulação é flexionada. Não é possível qual-
quer rotação, quando o joelho se encontra em passagem do rolamento para o deslizamento não
extensão completa. O movimento complexo de permanece constante em todos os graus de
flexão-extensão é uma combinação de oscilação flexão. Esta relação é de aproximadamente 1:2
e deslizamento. O movimente oscilatório é no início da flexão, e de cerca de 1:4 ao final da
demonstrável nos primeiros 20º de flexão, após o flexão (Fig. 33-25).
que o movimento se torna predominantemente A configuração das estruturas óssea e a tensão
do tipo de deslizamento. Esta transição, de uma dos ligamentos de sustentação e meniscos não
forma de movimento para a outra, é gradual, permitem um movimento de rotação na posição
mas progressiva. O movimento oscilatório nos de completa extensão. Ao ser iniciada a flexão, a
primeiros 20º de flexão atende melhor as cápsula e ligamentos colaterais, bem como os
exigências de estabilidade do joelho na posição ligamentos cruzados, ficam menos tensos,
relativamente estendida, enquanto que o permitindo movimentos rotatórios que
movimento de deslizamento, à medida que a progridem crescentemente, à medida que a
articulação “se desdobra”, permite maior flexão evolui de 0 até 90º • A rotação varia de 5
movimento para a rotação. a 25º , havendo variação individual; a rotação
A natural deflexão numa direção externa da interna sempre é maior que a rotação externa.
tíbia com relação à articulação do joelho produz Ambos os meniscos ficam deslocados
maiores pressões de sustentação do peso sobre o ligeiramente para a frente em extensão completa,
côndilo femoral lateral, do que sobre o côndilo e se deslocam para trás, à medida que prossegue
medial; mas, visto que o côndilo medial do a flexão. A firme fixação do menisco medial
fêmur está prolongado mais anterogradamente permite menor mobilidade que o menisco
que o côndilo lateral, o eixo vertical de rotação lateral; por causa disto, atribui-se o fato de que
cai num plano próximo ao côndilo medial. as lesões ao menisco medial são mais comuns
Durante os movimentos de rotação, o côndilo que as lesões ao menisco lateral. A ação do
medial descreve um arco menor que o lateral. músculo poplíteo lateralmente e do
Uma plotagem acurada dos pontos de contato semimembranoso medialmente (de retração dos
entre o fêmur e a tíbia revela que a relação de meniscos posteriormente) também ajuda a evitar
que os meniscos fiquem retidos durante os características individuais, mas não deverá
movimentos do joelho. exceder os 6 a 8º. Na posição hiperestendida, não
Os meniscos se movem com os côndilos há movimento lateral. Na posição de flexão, é
femorais durante a flexão e extensão, mas se possível um movimento mais lateral, mas nunca
movem com a tíbia durante os movimentos de deverá exceder os 15º.
rotação. Podem ocorrer alterações nos eixos vertical e
Os côndilos femorais medial e lateral têm transversal no caso de ruturas e transtornos da
configurações diferentes. O cõndilo lateral é articulação do joelho. Quando os ligamentos
mais largo nos planos ântero-posterior e mediais sofreram rutura, o eixo vertical de
transversal, em comparação ao côndilo medial, e rotação desvia-se lateralmente, e vice-versa. Isto
este côndilo (medial) projeta-se distalmente até é discutido com maiores detalhes na seção que
um nível ligeiramente mais baixo que o côndilo trata de instabilidades simples e combinadas do
lateral. Esta projeção distal ajuda a compensar a joelho (pág. 1649). Devido à excentricidade dos
inclinação do eixo mecânico na posição ereta, de côndilos femorais, o eixo transversal de rotação
modo que o eixo transversal situa-se nas constantemente muda de posição (centro
proximidades da horizontal. A superfície instantâneo de rotação), durante a progressão do
articular do côndilo medial está prolongada joelho, da extensão até a flexão. Após ter
anteriormente e, à medida que o joelho atinge a estudado as complexidades dos movimentos
posição de extensão completa, o fêmur rotaciona oscilatórios e de deslizamento no joelho,
internamente, até que a superfície articular Frankel, Burstein e Brooks verificaram que as
restante do côndilo medial faça contato. A parte alterações no “centro instantâneo de rotação”
posterior do côndilo lateral rotaciona para a são frequentemente detectáveis
frente lateralmente, produzindo assim um cinematicamente, sendo responsáveis (na
movimento de “aparafusamento”, e travando o opinião destes pesquisadores) por muitos dos
joelho na posição de extensão completa. Quando transtornos degenerativos observados nesta
a flexão é iniciada, o “desaparafusamento” da articulação. Estes autores propõem um útil
articulação ocorre por meio de uma rotação esquema, que mostra a inter-relação entre as
externa do fêmur com relação à tíbia. Conforme alterações mecânicas e a resposta biológica no
mencionamos anteriormente, o movimento interior da articulação (Fig. 33-26).
rotatório responsável pelo “aparafusamento” e
“desaparafusamento” da articulação do joelho MENISCOS
ocorre em torno de um eixo que passa nas
proximidades do côndilo medial do fêmur, sendo Função e Anatomia
grandemente influenciado pelo ligamento Os meniscos atingiram o mais elevado nível
cruzado posterior. de desenvolvimento nos humanos. Seu
A flexão e extensão normais variam de 0 a funcionamento é essencial para as funções
140º, mas frequentemente é possível uma normais da articulação do joelho. Conforme
hiperextensão de 5 a 10º. Com o joelho em afirmamos na seção sobre anatomia (pág. 1601),
flexão de 90º, uma rotação passiva da tíbia sobre várias funções são atribuídas aos meniscos, al-
o fêmur pode ser demonstrada em até 25 ou 30º; gumas das quais são sabidas ou estão
esta rotação passiva varia em cada indivíduo. A comprovadas, e outras, teorizadas. Os meniscos
extensão da rotação interna sempre excede a atuam como enchimento para a articulação,
extensão da rotação externa, não sendo possível compensando a visível incongruência entre as
qualquer rotação com o joelho em extensão superfícies articulares femorais e tibiais (Figs.
completa. O deslocamento sagital da tíbia com 33-27 e 33-28). Da maneira como estão
relação ao fêmur fixo é detectável tanto na localizados, os meniscos impedem o
direção anterior, quanto na direção posterior, impingimento capsular e sinovial durante os
quando o joelho se encontra na posição de movimentos de flexão-extensão. Foi atribuida
flexão. Sob condições normais, a extensão da aos meniscos uma função de lubrificação da
excursão não deverá exceder os 3 a 5 mm. articulação, de ajuda na distribuição do líquido
Quando o joelho se encontra na posição de sinovial por toda a articulação. Isto ajuda a
extensão, o movimento lateral (abdução-adução) nutrição da cartilagem articular.
na articulação do joelho ocorre em extensão Indubitavelmente, os meniscos contribuem para
limitada; este movimento varia com as a estabilidade em todos os planos, mas são
especialmente estabilizadores rotacionais efeito sobre o afrouxamento articular depende
importantes, sendo provavelmente essenciais do estado dos ligamentos do joelho, se intactos
para a transmissão suave de um movimento pu- ou não, e se a articulação está sustentando peso.
ramente de dobradiça, para um movimento de Em presença de estruturas ligamentares intactas,
deslizamento ou rotatório, à medida que o joelho a excisão dos meniscos produz pouco aumento
se desloca da flexão até a extensão. no afrouxamento articular. Quando, entretanto,
Fairbank relatou, em 1948, que as alterações combinada a uma insuficiência ligamentar, a
radiográficas, em seguida a uma meniscectomia, maior instabilidade provocada pela
são: (1) o pinçamento do espaço articular, (2) meniscectomia fica consideravelmente aumenta-
achatamento do côndilo femoral e (3) formação da.
de osteófitos. O estreitamento do espaço Levy e cols. (1989) verificaram que as
articular é inicialmente causado pela remoção do translações primárias, anterior e posterior, não
efeito de espaçador do menisco eram afetadas pela meniscectomia lateral.
(aproximadamente 1 mm); mais tarde, este Quando uma meniscectomia lateral era realizada
estreitamento fica ainda maior por uma redução em conjunto com a ressecção do ligamento
na área de contato na ausência do menisco. cruzado anterior, a translação anterior não
Quando o menisco medial é removido, a área de aumentava, em comparação com a translação
contato fica reduzida em aproximadamente 40%; medida após a secção isolada do ligamento
em outras palavras, a área de contato é 2,5 vezes cruzado anterior. Entretanto, quando foram
maior, quando o menisco está presente. A maior comparadas as médias das diferenças pareadas
área de contato proporcionada pelo menisco na translação anterior, foi detectado um aumento
reduz o estresse de contato médio exercido entre significativo. Isto diferia dos resultados
os ossos. Assim, os meniscos são importantes subsequentes à excisão do menisco medial e da
pela redução do estresse sobre a cartilagem secção do ligamento cruzado anterior; nesta
articular; eles impedem danos mecânicos aos situação, a meniscectomia medial resultava
condrócitos e à matriz extracelular. O aumento numa translação anterior significativamente
da pressão por contato, resultando da redução da aumentada. Anatomicamente, os componentes
área de contato, poderá gerar uma remodelagem capsulares que fixam o menisco lateral à tíbia
óssea que segue a lei de Wolff, formando-se, em não afixam este menisco tão firmemente como o
decorrência, um achatamento do côndilo menisco medial. Estes resultados indicam que,
femoral. O amolecimento da cartilagem articular em contraste com o menisco medial, o menisco
também irá resultar em maior pinçamento do lateral não funciona como uma cunha posterior
espaço articular e em maior formação de eficiente, para resistir à translação anterior da tí-
osteófitos. bia com relação ao fêmur. Portanto, em joelhos
De longa data, assume-se que os meniscos que não têm o ligamento cruzado anterior, o
exercem funções de absorção de choques ou de menisco lateral fica submetido a forças
energia. Shrive, Seedhom e cols., Cox e cols., e diferentes das que ocorrem no lado medial. Isto
Walker e Erkman demonstraram que forças pode explicar os diferentes padrões de lesão dos
significativas de sustentação de peso e meniscos lateral e medial em joelhos com
transmissão de cargas são suportadas pelos deficiência do ligamento cruzado anterior. Estes
meniscos; cerca de 40 a 60% da descarga do estudos foram realizados no joelho não
peso na posição ereta. Assim, se os meniscos submetido a carga, podendo, ou não, refletir com
contribuem para que a cartilagem articular seja precisão os efeitos da aplicação/transmissão de
poupada de cargas compressivas e tendem a cargas.
proteger a articulação contra alterações Gear, e Shoemaker e Markolf, demonstraram
osteoartríticas quando as estruturas meniscais se que o menisco medial contribui
encontram intactas ou normais, então talvez tais substancialmente para a restrição da translação
contribuições possam explicar parcialmente a anterior primária da tíbia.
elevada incidência de artrose do joelho, em Walker e Erkman observaram em seu estudo
seguida à remoção dos meniscos. que, sob cargas de até 150 kg, aparentemente o
Os efeitos da meniscectomia no menisco lateral suportava a maior parte da carga
afrouxamento articular foram estudados para os neste lado da articulação, enquanto que, no lado
movimentos ântero-posterior e em varo-valgo, e medial, a carga era partilhada em partes
para a rotação. Estes estudos indicam que o aproximadamente iguais pelo menisco e pela
cartilagem articular exposta. Os achados destes centrífuga ou radial, Estas forças “de arco” são
pesquisadores também confirmaram os efeitos transmitidas até à tíbia através das fortes
estabilizadores dos meniscos sob condições de inserções anteriores e posteriores dos meniscos.
carga. Presume-se que os meniscos Shrive demonstrou que a pressão de arco se
proporcionam uma estabilidade mediolateral, perde, quando apenas um corte ou laceração
onde a carga seja sustentada por toda a radial se estende até à margem capsular e que,
amplitude da superfície da articulação tibial. em termos de sustentação/transmissão de cargas,
Sem os meniscos, a carga é sustentada central- um único corte através do menisco é equivalente
mente em cada platô, diminuindo o braço de a uma meniscectomia.
alavanca da sustentação da carga. As bordas periféricas dos meniscos são
Os meniscos têm forma de crescente, sua convexas, estão fixas e ligadas à superfície
secção transversal é grosseiramente triangular, e interna da cápsula da articulação do joelho,
cobrem cerca de metade a dois terços da exceto onde o poplíteo está interposto
superfície do platô tibial correspondente. Estas lateralmente; estas bordas periféricas também
estruturas se compõem de fibras colágenas estão frouxamente ligadas às bordas dos platôs
densas, compactamente trançadas, arranjadas tibiais pelos ligamentos coronários. As bordas
num padrão que proporciona grande elasticidade internas são côncavas, delgadas, e não estão
e capacidade de sustentação da compressão. fixas. Os meniscos são corpos amplamente
HullougIi e Goodfellow demonstraram, pela avascularizados, exceto nas proximidades de sua
microscopia de luz polarizada, que a principal inserção periférica aos ligamentos coronários
orientação das fibras colágenas nos meniscos é periféricos. A superfície inferior de cada
circunferencial; também estão presentes fibras menisco é plana, enquanto que a superfície
radiais e perfurantes. O arranjo destas fibras de superior é côncava, correspondendo ao contorno
colágeno determina, até certo ponto, os padrões do platô tibial subjacente e do côndilo femoral
característicos das lacerações dos meniscos suprajacente.
(Figs. 33-29 a 33-3 1). Quando amostras de O menisco medial é uma estrutura em forma
menisco são testadas pela aplicação de uma de C com um raio maior que o menisco lateral, e
força perpendicular à direção das fibras, a força com o corno posterior mais largo que o anterior.
diminui para menos de 10%, porque as fibras O como anterior está firmemente fixado à tibia,
colágenas funcionam basicamente resistindo às anteriormente à eminência intercondiliana, e ao
forças tênseis ao longo da direção das libras. As ligamento cruzado anterior. O corno posterior
fibras circunferenciais atuam de modo bastante está firmemente fixado num ponto
parecido aos arcos colocados em torno de um imediatamente diante das inserções do ligamento
barril de madeira pressurizado. A pressão sobre cruzado posterior, posteriormente à eminência
os arcos mantém as tábuas no lugar (Figs. 33-32 intercondiliana. Toda a sua margem periférica
e 33-38). A compressão dos meniscos pela tíbia está firmemente aderida à cápsula medial e,
e fêmur gera forças centrífugas, que empurram através do ligamento coronário, à borda superior
os meniscos para fora, entre os ossos. A pressão da tíbia.
circunferencial nos meniscos equilibra esta força O menisco lateral tem forma mais circular,
abrangendo até dois terços da superficie articular lesão deste menisco durante a rotação.
do platô tibial subjacente. O corno anterior está Entretanto, o menisco lateral, por estar
fixado à tibia medialmente em frente à firmemente fixado ao músculo poplíteo e ao
eminência intercondiliana, enquanto que o corno ligamento de Wrisberg ou de Humphry,
posterior insere-se no aspecto posterior da acompanha o côndilo femoral lateral durante a
eminência intercondiliana e em frente à inserção rotação, tendo assim menor probabilidade de
posterior do menisco medial. Frequentemente o sofrer uma lesão. Além disto, quando a tíbia
como posterior apresenta uma fixação também sofre uma rotação interna e o joelho é
ao fêmur, através dos ligamentos de Wrisberg e flexionado, o músculo poplíteo, através do
de Humphry, e da fáscia que reveste o músculo ligamento arqueado, arrasta para trás o segmento
poplíteo e o complexo arciforme no canto posterior do menisco lateral, e deste modo evita
póstero-lateral do joelho. A borda interna, como que este menisco sofra retenção, sendo apanhado
a do menisco medial, é delgada, cóncava e livre, entre o côndilo do fêmur e o platô da titia.
O tendão do músculo poplíteo separa a periferia Arnoczky e Warren demonstraram que a
póstero-lateral do menisco lateral da cápsula irrigação vascular aos meniscos medial e lateral
articular e do ligamento colateral fibular O origina-se predominantemente dos vasos
tendão do popliteo está envolvido por uma geniculares laterais e mediais (tanto inferiores
membrana sinovial, formando um sulco oblíquo quanto superiores). Ramos destes vasos
na margem lateral do menisco. originam um plexo capilar pré-meniscal dentro
Brantigan e Voshell descreveram a anatomia dos tecidos sinovial e capsular. O plexo é uma
dos meniscos de uma forma que sugere o porquê rede arborizante de vasos que irriga a borda
do menisco lateral ser lesionado com uma periférica do menisco através de sua inserção à
frequência tão menor que o menisco medial; o cápsula articular (Fig. 33-34). Estes vasos estão
menisco lateral tem menor diâmetro, é mais orientados num padrão predominantemente
espesso em sua periferia, com um corpo mais circunferencial, com ramos radiais direcionados
largo e é mais móvel. Este menisco está fixado para o centro da articulação (Fig. 33-35).
por ambos os ligamentos cruzados e, Arnockzy e cols. demonstraram por meio de
posteriormente ao côndilo femoral medial, pelo técnicas de microinjeção, que a profundidade da
ligamento de Humphry ou de Wrisberg, penetração vascular periférica é de 10 a 30% da
dependendo de qual destas estruturas esteja largura do menisco medial, e de 10 a 25% da
presente; o menisco também está ligado largura do menisco lateral. A artéria genicular
posteriormente ao músculo poplíteo (veja as medial, juntamente com alguns ramos terminais
Figs. 33-27 e 33-28). O menisco lateral está das artérias geniculares lateral e medial, também
separado do ligamento colateral fibular pelo fornece vasos para os meniscos através do
tendão do poplíteo. Em contraste, o menisco revestimento sinovial vascular das inserções dos
medial tem diâmetro muito maior, sua periferia é cornos anteriores e posteriores. Uma pequena
mais delgada e seu corpo mais estreito, e não se reflexão de tecido sinovial vascular está também
liga a qualquer dos ligamentos cruzados. Este presente ao longo de toda a fixação periférica de
menisco está frouxamente aderido aos ambos os meniscos, tanto nas superfícies
ligamentos capsulares mediais, segundo articulares femorais, quanto tibiais. Esta franja
Brantigan e Voshell. sinovial estende-se por uma curta distância (1 a
Nossa compreensão do fato de que o menisco 3 mm) por sobre a superfície articular.
lateral é lesionado com menor frequência, foi
ampliada pela observação de Last, de que o
músculo poplíteo apresenta uma inserção
aponeurótica à parte posterior deste menisco.
Segundo Last, os meniscos acompanham os
côndilos tibiais durante a flexão e extensão, mas
durante a rotação, estas estruturas acompanham
o fêmur e se deslocam sobre a tíbia;
consequentemente, o menisco medial sofre
distorção. Suas inserções anteriores e posteriores
acompanham a tíbia, mas sua parte interveniente
segue o fêmur; assim, há probabilidade de uma

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