I. O texto em verso não ocupa toda a extensão da linha, como o texto em prosa; é vertido para a linha
seguinte sempre que completa um determinado modelo de ritmo, definido por rimas, métrica e
alternância de sílabas fortes e fracas. (O texto poético tem, portanto, musicalidade; é uma música feita
com palavras, motivo pelo qual deve ser lido oralmente.) Veja como se dá a marcação do ritmo no
poema seguinte:
RIMAS:
Rimas são sons iguais ou semelhantes no final das palavras (ver / doer).
Servem para dar ritmo ao poema.
Podem ser externas (no fim do verso: sente/contente) ou internas (no interior do verso: andar/
cuidar).
O esquema rímico (ou de rimas) mostra com que regularidade as rimas se distribuem ao longo
do poema. No poema abaixo, o esquema é ABBA ABBA CDC DCD.
( Camões)
Classificação das rimas:
quanto à posição que a rima ocupa ao longo do poema:
ABBA – rimas interpoladas ou intercaladas
AABB – rimas paralelas ou emparelhadas
ABAB – cruzadas intercaladas ou alternadas
Quando todos os versos do poema têm a mesma medida, diz-se que a métrica é perfeita, e os
versos são isométricos.
Quando os versos têm número variado de sílabas poéticas são chamados de versos livres.
a onda anda
Na porta aonde anda
a varredeira varre o cisco a onda?
varre o cisco a onda ainda
varre o cisco (...) ainda onda
II. A função do texto poético é estética, ou seja, provocar o efeito do belo, como as demais formas de
arte. Porém, a ele podem se associar funções secundárias, como por exemplo, a narrativa. Pode-se
contar uma história, discutir uma idéia ou descrever um objeto em forma de poema.
III. A linguagem usada no texto poético é a conotativa, a figurada. Às palavras são atribuídos novos
significados, não aqueles que fazem parte do dicionário. O poeta chega a esses novos significados
fazendo uso de analogias, principalmente. Mas o que, exatamente, significa o termo “figura”? É
quando o poeta cria uma forma concreta (=figura) para representar algo, até mesmo uma abstração.
Linguagem denotativa:
O porquinho-da-índia possui uma alimentação bastante variada: ração, frutas,
vegetais, verduras, capim, feno etc.
Se você consultar um dicionário e procurar o sentido da palavra porquinho-da-índia irá
encontrar “cobaia”, “ animal mamífero da classe dos roedores”, “preá” etc. Foi exatamente com esse
sentido que a palavra foi usada na frase anterior. Trata-se de linguagem denotativa, cuja função é
referencial, ou seja, informativa. Nessa frase, as palavras foram todas empregadas em sentido literal,
concreto.
Linguagem conotativa:
Ao poeta, cabe criar novos sentidos para as palavras. Quanto mais novo é o sentido que ele
atribui a uma palavra, mais original é a sua poesia. No exemplo abaixo, o termo porquinho-da-índia
foi usado para representar a primeira namorada do eu-lírico (o “eu” que expressa os seus sentimentos
no poema). O que pode haver em comum entre esse animalzinho e uma namorada? A namorada,
assim como o bichinho de estimação, vivia fugindo do garoto, embora por motivos diferentes. A
namorada, ainda insegura com o primeiro relacionamento amoroso, fugia das carícias do eu-lírico.
Porquinho-da-Índia
Manuel Bandeira