BLANK, A.F.1*; FONTES, S.M.1; CARVALHO FILHO, J.L.S.1; ALVES, P.B.2; SILVA-MANN, R.1; MENDONÇA,
M.C.1; ARRIGONI-BLANK, M.F.1; RODRIGUES, M.O.2
1
Universidade Federal de Sergipe (UFS) - Departamento de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon s/n,
Bairro Jardim Rosa Elze, São Cristóvão-SE, CEP 49100-000 (email: afblank@ufs.br); 2UFS - Departamento de
Química. * Autor para correspondência.
ABSTRACT: Influence of harvest times and drying of leaves on the essential oil of Melissa
officinalis L. cultivated in two environments. The objective of this work was to evaluate the
influence of harvest times and drying of leaves on content and chemical composition of essential
oil of Melissa officinalis L. cultivated in greenhouse and field. The assay was conducted at the
Research Station “Campus Rural da UFS”, located at the Sao Cristovao city, Sergipe state,
Brazil. M. officinalis was cultivated in using black plastic mulch on beds with dimensions of 1.20
m width. The completely randomized experimental design was used, in a 2 x 2 factorial scheme
for the first trial and 4 x 2 factorial scheme for the second trial, with six replications. The treatments
of the first trial were: two harvest times (9 am. and 3 pm.) and drying of leaves (fresh and dried at
40oC). At the second trial four harvest times (8 am., 11 am., 2 pm. and 5 pm.) and drying of leaves
(fresh and dried at 40oC) were tested. Each replication consisted of four plants. The plants were
chosen randomly to harvest three months after transplantation. Drying leaves of M. officinalis
cultivated in greenhouse resulted in essential oil with traces of nerol and gerianol. Harvest times
and drying of leaves influenced the chemical composition of the essential oil. Highest essential oil
content in M. officinalis cultivated in field conditions was obtained from fresh leaves harvested at
5 p.m.
Key words: Lamiaceae, Melissa officinalis, oils volatile, harvest, food preservation
TABELA 2 - Composição química do óleo essencial de melissa (M. officinalis) cultivada em estufa agrícola, em função do
beneficiamento das folhas e horário de colheita. São Cristóvão-SE, UFS, 2002.
Folha fresca Folha seca
Composto químico IRR* 9h 15 h 9h 15 h
Teor no óleo essencial (%)
6-Metil 5-hepten-2-ona 985 1,41 0,65 1,10 0,86
Linalol 1098 0,78 0,55 0,83 0,72
Cis-Crisantenol 1162 1,22 0,75 1,81 1,13
Isomentol 1182 1,80 1,36 2,91 1,97
Nerol (cis-Geraniol) 1128 2,20 1,85 tr tr
Neral (β-citral) 1240 48,97 34,12 39,28 45,65
Geraniol (trans-Geraniol) 1255 5,16 6,13 tr tr
Geranial (α-citral) 1270 34,37 50,82 47,32 45,34
Geraniato de metila 1323 1,02 0,57 0,50 0,41
Acetato de Geranila 1383 1,36 1,28 1,51 1,11
β-Cariofileno 1418 tr 0,51 0,94 1,41
Óxido de cariofileno 1581 tr 0,78 1,17 0,96
Total identificado 98,29 99,37 97,37 99,56
* IRR = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool & Kratz (1963).
tr = traços.
beneficiamento, nota-se diferenças entre os TABELA 3 - Valores médios do teor de óleo essencial
(mL 100g-1 de folha seca) nas folhas de melissa (M.
tratamentos (Tabela 2). O padrão de qualidade dos
officinalis L.) cultivada em campo, em função do
óleos essenciais é uma das exigências do mercado beneficiamento das folhas e horário de colheita. São
consumidor e para tal devem ser atendidas. No caso Cristóvão-SE, UFS, 2002.*
de M. officinalis o óleo essencial mais valorizado Beneficiamento Horário
apresenta em sua composição química o β-citral e pós-colheita 8h 11 h 14 h 17 h
α-citral como majoritários, e de preferência a ausência Folha fresca
Folha seca
0,545 a C
0,795 a A
1,653 a B
1,398 a A
0,452 b C
0,975 a A
2,370 a A
1,399 b A
de álcoois terpênicos tais como o nerol e geraniol. CV (%) 21,833
Neste trabalho, esses constituintes majoritários * Valores com letras minúsculas iguais, nas colunas, e letras maiúsculas,
nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
alcançaram valores acima de 86%, em ambos os CV = Coeficiente de Variação
horários de colheita, quando as folhas foram secas
(Tabela 2). Entretanto, Hollá et al. (1997) obtiveram Cymbopogon winterianus ao serem testados seis
na Slovakia, a partir de uma produção comercial, horários de colheita, sendo o melhor teor às 9 horas
teores menores de β-citral (22,8%) e α-citral (33,6%). e os piores as 7 e 17 horas (Borges et al., 2002).
Desta forma esses dados mostram e validam o cultivo Quanto aos constituintes presentes no óleo
da espécie no Nordeste brasileiro. essencial, o β-citral e α-citral foram os majoritários
em todos os horários de colheita, independente do
Segundo Ensaio beneficiamento (Tabela 4). Esses constituintes
Folhas secas de melissa não apresentaram apresentaram valores médios de 36,13% e 49,14%
diferenças significativas para o teor de óleo essencial, para o β-citral e α-citral, respectivamente (Tabela 4).
entre os diferentes horários de colheita, o mesmo Resultados inferiores foram obtidos por Hollá et al.
não ocorrendo para folhas frescas. O melhor horário (1997) na Slovakia onde as porcentagens foram de
de colheita para folhas frescas se deu às 17 horas 22,8% (β-citral) e 33,6% (α-citral).
(Tabela 3). Estudos realizados no Ceará com a Nota-se que as quatro extrações realizadas
espécie Cymbopogon flexuosos (capim-limão), com folhas frescas contêm os álcoois terpênicos cis-
demonstraram que o melhor horário de colheita para geraniol (nerol) e trans-geraniol (geraniol) na sua
essa espécie é às 7 h e que para os demais horários constituição, o que acontece em menor teor nas
testados (9, 11, 13, 15 e 17 horas) não houve extrações com folhas secas. No primeiro ensaio,
diferenças significativas para o teor de óleo essencial realizando-se o cultivo de M. officinalis em estufa
(Silva et. al., 2002). agrícola, observa-se que a secagem das folhas a 40oC,
Colheitas realizadas as 14 e 17 horas diminuiu os teores de nerol e gerianol a traços.
apresentaram diferenças significativas nos teores de
óleo essencial em relação ao beneficiamento. Folhas CONCLUSÃO
colhidas às 14 horas tiveram maior teor de óleo quando A secagem a 40 o C das folhas de M.
secas. Entretanto quando colhidas às 17 horas, o officinalis, cultivada em estufa agrícola resultou em
maior teor foi obtido com folhas frescas (Tabela 3). óleo essencial com traços somente de nerol e
Resultados diferentes foram obtidos para a espécie gerianol.
TABELA 4 - Constituintes químicos do óleo essencial de melissa (Melissa officinalis L.) cultivada em campo, em função
do beneficiamento das folhas e horário de colheita. São Cristóvão-SE, UFS, 2002.
Folhas frescas Folhas secas
Composto IRR* 8h 11h 14h 17h 8h 11h 14h 17h
--- % no óleo essencial ---
6-Metil – 5-heten-2-ona 985 0,91 tr 0,33 0,74 0,53 0,23 tr 1,24
Linalol 1098 tr tr 0,40 0,47 0,38 0,30 0,26 0,69
Citronelal 1153 1,03 0,54 0,62 1,22 1,53 1,61 1,38 0,31
cis- Crisantenol 1162 tr tr 0,40 0,90 1,96 0,80 0,75 tr
4,5- Epóxi careno 1179** 1,70 1,08 0,92 2,01 0,29 1,81 1,55 1,84
Nerol (cis-Geraniol) 1228 2,38 2,29 2,87 1,71 0,91 0,54 0,53 tr
Neral (β-citral) 1240 35,90 34,81 34,02 35,76 37,59 37,19 36,03 37,74
Geraniol (trans-Geraniol) 1255 3,54 4,04 5,05 3,05 1,21 0,70 0,94 0,69
Geranial (α-citral) 1270 49,06 50,72 49,26 48,21 45,69 49,85 52,29 48,04
Geraniato de metila 1323 0,77 0,57 0,57 0,84 0,83 0,91 0,58 0,62
Ácido Gerânico 1354 tr 0,65 0,48 0,56 0,21 0,80 0,60 0,54
Acetato de Geranila 1383 0,87 1,05 1,35 1,68 1,46 1,34 0,79 3,65
β-Cariofileno 1418 0,76 tr 0,28 0,85 1,59 0,82 0,60 2,27
Óxido de Cariofileno 1581 1,67 1,25 1,01 0,85 1,03 1,34 1,32 0,60
Total identificado 98,59 97,00 97,56 98,85 95,21 98,24 97,62 98,23
* IRR = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool & Kratz (1963).
tr = traços.
O horário de colheita e a secagem das folhas CARVALHO FILHO, J.L.S. Horário de colheita,
de M. officinalis, cultivados em estufa agrícola e temperatura e tempo de secagem no óleo
campo, influenciam qualitativamente no óleo essencial. essencial de manjericão (Ocimum basilicum L.).
O maior teor de óleo essencial, em cultivo 2004. 36p. Monografia (Graduação em Engenharia
de campo, foi obtido de folhas frescas colhidas às Agronômica) - Universidade Federal de Sergipe, São
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AGRADECIMENTO harvest handling on artemisinin content in the leaves
Os autores agradecem a FUNDECI/ETENE/ of Artemisia annua L. In: JANICK, J.; SIMON, J.E.
BN pelo suporte financeiro e o CNPq pela bolsa de (Eds.). New Crops. New York: Wiley, 1993. p.628-
DCR de R. Silva-Mann e M.C. Mendonça, de 31.
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