DIREITO AMBIENTAL
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – 9º PERÍODO
ZENILDO BODNAR
ANO: 2007
1. Meio ambiente.
• Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
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DESTEFENNI, Marcos. A Responsabilidade Civil Ambiental e as Formas de Reparação do Dano
Ambiental: aspectos teóricos e práticos. Campinas: Bookseller, 2005.
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Luiz Edson Fachin salienta que “A solidariedade adquire valor jurídico. A preocupação do jurista não
se dirige apenas ao indivíduo, mas à pessoa tomada em relação, inserida no contexto social” [FACHIN,
2001, p. 50].
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2.6 Princípio da participação: Princípio 10 (Eco 92): A melhor maneira de tratar questões
ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações
relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações
sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de
participar em processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a
conscientização e a participação pública, colocando a informação à disposição de todos.
Deve ser propiciado acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no
que diz respeito a compensação e reparação de danos. Ver decisão, no processo sobre a
criação do Parque Nacional Campo dos Padres, Autos n. 2007.72.00.001075-4.
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ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, 7. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,
2004. p.33.
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Para alguns autores este princípio também é conhecido como princípio da prudência
ou da cautela. Corresponde à segunda dimensão do direito fundamental difuso ao meio
ambiente sadio e equilibrado. E preconiza que na interpretação deve ter prevalência o
princípio in dúbio pró natureza. Para prevenir ameaças em relação às quais não se tem
certeza científica, cujas conseqüências podem ser drásticas e por estas razões exigem
medidas preventivas.
Encontra fundamento também nos artigos 225 e 170 da Constituição. Significa que
todas as externalidades negativas decorrentes dos processos produtivos ou de outros
comportamentos humanos devem ser devidamente internalizados nos custos e devidamente
reparados/compensados.
do poder de polícia ambiental, prevenir e danos ao meio ambiente, bem como exigir a
devida restauração do equilíbrio ecológico.
Art. 70 Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
5
A Lei de Recursos Hídricos 9.433/97, também prevê infrações administrativas e respectivas sanções,
dentre outras normas.
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§ 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de
registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar com a
administração Pública, pelo período de até três anos.
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 567.
8
CAVALIERI FILHO, Sergio. Responsabilidade civil no novo Código Civil. Revista do Direito do
Consumidor, ano 12, n. 48, p. 69-84, São Paulo, out./dez. 2003, p. 71-72.
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Afirma-se na doutrina que não basta a ocorrência de um dano para que surja o dever
de indenizar, sendo sempre indispensável a relação entre a conduta contrária ao direito e o
dano experimentado pela vítima. Entretanto a tendência moderna da responsabilidade civil
que caminha para a regra da responsabilização pelo risco da atividade independentemente de
culpa infirma parcialmente a assertiva anterior na medida em que a conduta injurídica não será
elemento primordial da responsabilidade, pois o responsável por atividades de risco assume
de certa maneira o risco pelos danos independente de qualquer culpa ou conduta contrária ao
direito, tão somente como um garantidor legal dos interesses de terceiros.
Pela teoria da responsabilidade objetiva, toda pessoa que exerce alguma atividade cria
um risco de dano para terceiros, devendo conseqüentemente ser obrigada a repará-lo, ainda
que sua conduta seja isenta de culpa, tendo em vista que essa atividade de risco lhe
proporciona um benefício.
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MIGUEL, Alexandre. A Responsabilidade Civil no novo Código Civil: algumas considerações. Revista
dos Tribunais, ano 92, v. 809, p. 11-27, São Paulo, março 2003, p. 12-13.
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a) Prevenção geral: “está numa melhor posição para enfrentar os riscos ambientais,
atuando na fase do perigo, antes que a degradação ocorra”10 . Exemplo de tipificação
do perigo: artigo 56 da Lei 9605/98 que criminaliza “produzir, processar, embalar,
importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
10
Benjamin, Antonio Herman, Crimes contra o meio ambiente: uma visão geral, em Ministério Público e
Democracia, Livro de Teses, Tomo II, p.393).
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Responsabilidade dos dirigentes: Regra geral: artigo 29, caput, do Código Penal do
Brasil. Especial: primeira parte do artigo 2º da Lei nº 9605. Pode ser responsabilizado
por autoria, co-autoria ou participação. O artigo 2º também criou uma criou mais uma
hipótese de relevância da omissão, além daquelas já previstas no Código Penal, artigo
13, parágrafo 2º. Esta nova hipótese legal de garantidor exige conduta positiva
daquele “que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la”.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social12;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território,
plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
exploração.
§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e
utilização serão reguladas em lei.
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS
Art. 21. Compete à União:
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação
do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos
medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
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Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização
adequada os recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as
Relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
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I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
e minerais em seus territórios;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.
TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.