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HERÓIS DO JENIPAPO: UMA ANALISE DO SEU VALOR

ARQUITETÔNICO E HISTÓRICO

CARVALHO, MARIA JOSÉ. (1); GALENO, KELSON. (2); RAFAELLA, LARISSA


(3); NEGREIROS, ANA. (4)
1. Universidade Federal do Piaui. Aluna da graduação do Curso de arquitetura e Urbanismo.
Pesquisadora voluntaria do grupo de extensão Inventários dos Bens Culturais em Teresina.
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, s/n- Ininga, Teresina-PI, 64049-550.
mariabc2521@gmail.com.

2. Universidade Federal do Piaui. Aluno da graduação do Curso de arquitetura e Urbanismo.


Pesquisador e voluntario do grupo de extensão Inventários dos Bens Culturais em Teresina.
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, s/n- Ininga, Teresina-PI, 64049-550.
Kelson_pinheiro89@hotmail.com.

3. Universidade Federal do Piaui. Aluna da graduação do Curso de arquitetura e Urbanismo.


Pesquisadora voluntaria do grupo de extensão Inventários dos Bens Culturais em Teresina.
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, s/n- Ininga, Teresina-PI, 64049-550.
laryssarafaella@gmail.com.

4. Universidade Federal do Piaui. Universidade Federal do Piaui. Professora (orientadora) Mestre do


Curso de Arquitetura e Urbanismo. Coordenadora do Grupo de extensão “Inventario dos Bens Culturais
de Teresina”. Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, s/n- Ininga, Teresina-PI, 64049-550.
ananegreiros@gmail.com.

RESUMO
Para este artigo, tomou-se como referência o eixo temático (2) deste seminário – Arquitetura
e documentação: a pesquisa na área da história da Arquitetura e do Urbanismo, o edifício
como documento. O mesmo tem por objetivo discutir sobre o valor arquitetônico do
memorial do Jenipapo e sua relação direta com a valorização da história que ele representa
para o país e para os moradores da região no qual ele está inserido. Esse trabalho justifica-
se pela clara necessidade de preservar o patrimônio material, no caso a própria edificação e
sua importância como expressão de obra moderna no estado, e imaterial, que é seu
significado como monumento que tem por função recordar fatos marcantes para a história
do país e do local onde se encontra o memorial. A metodologia segue os métodos do grupo
de extensão Amigos do Patrimônio, que se trata da Modernidade no Estado do Piauí
desenvolvendo pesquisas na área de preservação e levantando informações sobre os
arquitetos e suas obras com o objetivo de divulgar para a sociedade a importância das
mesmas. Os dados produzidos são baseados na coleta de informações em arquivos
públicos e privados, entrevistas, visitas às obras, análises fotográficas e redesenho do
projeto para melhor compreensão. O grupo foi idealizado pela professora Alcilia Afonso

4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação


Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
Albuquerque, vinculado ao curso de arquitetura e urbanismo, do departamento de
construção civil e arquitetura/ DCCA, do Centro de Tecnologia/ CT da UFPI/ Universidade
Federal do Piauí e CNPQ e é atualmente, através da pesquisa do inventário dos Bens
Culturais de Teresina, orientado pela arquiteta professora Ana Negreiros. Ao analisar o
monumento, não só como edificação, mas também como documento histórico, percebe-se
sua importância no cenário cultural da região como símbolo de modernidade e recordação
de acontecimentos emblemáticos para a história. Desse modo, esse trabalho torna-se
coerente como forma de divulgação, valorização e incentivo a preservação de bens
materiais e imateriais da cultura e da arquitetura.

Palavras chave: História; Patrimônio; Preservação.

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1. Introdução
A arquitetura torna-se uma ferramenta fundamental na preservação de um determinado
momento ao materializá-lo, por meio de uma edificação ou uma simples escultura, e,
consequentemente, permitir que a importância daquele período transcenda gerações.

Neste sentido, o Memorial Heróis do Jenipapo é uma edificação que propõe recordar um
acontecimento expressivo no processo de luta pela independência do país e é uma
importante expressão de obra moderna no estado do Piauí. Por tais motivos que o mesmo
foi escolhido como objeto de estudo, porém, apesar de ser um exemplo da identidade
cultural local, muitos piauienses ainda não foram ao local do monumento ou tampouco
conhecem a historia por trás dessa edificação.

Quanto ao período que ele representa, trata-se da Batalha do Jenipapo. Nela, os


experientes componentes da tropa do major João José da Cunha Fidié, enviado para conter
possíveis grupos com anseios de independência em diversas regiões do Brasil, lutaram com
o exercito amador compostos por combatentes do Piauí, do Ceará e do Maranhão, nas
margens do rio Jenipapo. Este trabalho pretende, também, contribuir para a valorização
desses acontecimentos, imortalizado pelo Monumento Heróis do Jenipapo.

Este se localiza a 12 km da cidade de Campo Maior, no Piauí e foi projetado por Raul Cirne,
arquiteto mineiro graduado na Universidade Federal de Minas Gerais, que durante a década
de 70 teve contato com o então governador Alberto Silva. Ele deixou no Estado sua marca
com duas importantes obras de caráter brutalista: o Estádio de futebol Albertão, em
Teresina, e o referido Memorial. Este foi inaugurado em 1974, durante esse período o Brasil
havia passado pela intolerante e dominadora ditadura militar e, economicamente,
atravessava o período conhecido de milagre econômico, caracterizado pela rápida e
significativa ascensão da economia brasileira em um relativo breve período.

Neste cenário, a arquitetura foi também, de certa forma, beneficiada visto que muitas
edificações de grandes proporções foram construídas devido a financiamentos
internacionais. O conjunto de obras desse período, no estado do Piauí durante o governo de
Alberto Tavares silva, era predominantemente caracterizado por uma linguagem brutalista,
inclusive o Memorial do jenipapo.

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2. CONTEXTO

Em primeiro lugar se faz necessário a construção de um aporte para a melhor compreensão


do trabalho. Para tal base, se faz necessário conhecer a localidade em que se situa o
memorial, os recortes históricos que marcam sua construção e seu significado e por último,
definições acerca de patrimônio histórico e monumento.

Campo Maior, com uma população estimada em 45.971 e ocupa uma área de 1.675,713
km², encontra-se localizada no estado do Piauí, e este por sua vez, se situa no meio-norte
do país, região de transição entre a Amazônia e o sertão semi-árido do Nordeste (IBGE,
2015).

A cidade foi criada por meio de uma Carta Régia em 19 de Junho de 1761 e um ano depois,
instalada com o mesmo nome sendo na data de 18 de Dezembro de 1889 elevada a
categoria de cidade. Nesse lapso temporal, de vila à cidade, mesmo sendo uma
transformação lenta e gradual, a cidade se desenvolveu (GADELHA, 2012).

De início, faz-se necessário dois recortes históricos para a construção deste artigo. O
primeiro a ser feito é acerca da Batalha do Jenipapo, evento histórico que nomeia o
monumento em estudo, em seguida, o segundo recorte que refere-se a situação política e
econômica do Estado do Piauí na época da construção da obra.

No dia 7 de Setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I declara


oficialmente a independência do Brasil. No entanto, a declaração não abrangeu todas as
províncias do país, restando algumas suscetíveis a ataques ou focos de resistência por
parte da coroa portuguesa. Com o intuito de resistir, evitar a propagação do movimento
separatista e estabelecer junto com as províncias do Maranhão e do Grão-Pará uma área de
domínio lusitano, em 1821 o governo português envia para o Piauí, o experiente major João
José da Cunha Fidié, veterano das guerras napoleônicas. Em 19 de Outubro de 1822,
chega em Parnaíba a notícia da declaração de independência do país. Em 13 de Novembro
do mesmo ano o major e sua tropa partem de Oeiras rumo a Parnaíba com o intuito de
suprimir o movimento separatista. Em 13 de Outubro de 1823 na cidade de Campo Maior, à
beira do rio Jenipapo, tem início uma das batalhas mais ferrenhas pela independência. O
exército português, bem armando e composto por soldados treinados, luta contra uma tropa
munida de facões, porretes e outras armas de menor potencial ofensivo sem treinamento
algum, integrada por lavradores, artesãos, vaqueiros e escravos vindos também das
províncias do Maranhão e Ceará. Embora as forças portuguesas tenham vencido a batalha,
esta veio a um alto custo. Enfraquecidos, dirigem-se à Caxias no Maranhão, onde são de
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vez subjugados no dia 31 de Julho de 1831. A derrota dessa força remanescente foi
decisiva e de suma importância para a consolidação da independência e da unidade
territorial do país (CARVALHO, 2003).

Para a apresentação do segundo recorte é importante relembrar o cenário político pouco


antes e na própria década de 1970. Dos anos de 1950 à 1980 o país viveu sob forte
instabilidade política, de Vargas até Kubistcheck e ao conturbado governo de João Goulart,
que abriu as portas para o golpe militar de 1964, essa instabilidade era clara. Outro ponto
comum entre esses governos, tanto Vargas à Goulart, e os governos militares posteriores,
responsáveis pelo período conhecido como “Milagre Econômico”, era a política
desenvolvimentista, apoiada sob frágeis bases e que mais tarde, mostrariam seu alto custo
(ALVES, 2004).

Em 1971 tem início o primeiro mandato de Alberto Tavares Silva, nascido em Parnaíba,
cidade ao norte do Piauí, no dia 10 de Novembro de 1918 faleceu e, Brasília no dia 28 de
Setembro de 2009. Em sua trajetória profissional, graduou-se em engenharia mecânica,
elétrica e civil. Como político, em 1948 foi eleito prefeito de Parnaíba, em 1950 ganhou as
eleições para o cargo de deputado estadual, renunciando ao cargo em virtude de uma
nomeação para diretor da Estrada de Ferro de Parnaíba, cargo que ocupou entre os anos
de 1951 e 1953 e no ano seguinte ocupa novamente a cadeira de prefeito de Parnaíba. Em
1971, como falado anteriormente, tem início seu primeiro mandato como governador que vai
até 1975 e que é o alvo específico desse recorte histórico. Durante esse período o governo
de Alberto Silva não se furtou do momento de desenvolvimento acelerado pelo qual o país
passava, denominado de “Milagre Econômico” no qual, vultuosos investimentos eram
aplicados em obras com finalidades práticas e também com a função de aparentar o
sucesso do atual governo e o desenvolvimento proporcionado, que no entanto era custeado
por enormes empréstimos estrangeiros. Foi uma época de prosperidade em diversas áreas
que, no entanto, gerou reflexos negativos na economia nacional por mais de 20 anos.Foi
nessa época em que obras como o estádio Alberto Silva, popularmente conhecido como
Albertão (1973), o Tribunal de Justiça (1972), a Companhia Energética do Piauí, conhecida
como CEPISA (1973) e mo Memorial Heróis do Jenipapo (1973) foram concebidas. Todas
elas carregadas de valor simbólico, como forma de expressão do dito “Milagre Econômico”.
A última em especial é símbolo de poder militar e alvo deste estudo (AFONSO, 2012).

De acordo com a Constituição Federal de 1988 no art.216

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira (p. 120).
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De acordo com a definição fornecida pela própria carta legislativa, é possível estabelecer bases
gerais para a classificação do que é um patrimônio histórico e cultural, definição essa que será
explorada mais adiante por meio de definições de outros autores.

Quanto ao que se define como monumento a definição usada por Françoise Choay (1925) encaixa-se
bem no artigo. Segundo o autor:
A natureza afetiva do seu propósito é essencial: não se trata de apresentar,
de dar uma informação neutra, mas de tocar, pela emoção, uma memória
viva. [...] A especificidade do monumento deve-se precisamente ao seu
modo de atuação sobre a memória. Não apenas ele a trabalha e a mobiliza
pela mediação da afetividade, de forma que lembre o passado fazendo-o
vibrar como se fosse presente. Mas esse passado invocado, convocado, de
certa forma encantado, não é um passado qualquer: ele é localizado e
selecionado para fins vitais, na medida em que pode, de forma direta,
contribuir para manter e preservar a identidade de uma comunidade étnica
ou religiosa, nacional, tribal ou familiar (p.18).

Apresentado o histórico e as definições pertinentes, está pronto o aporte teórico que se tem
necessidade para maior compreensão do artigo.

Figura 1: Monumento Como Arquitetura Brutalista


Fonte: Portal Campo Maior.

3. Análise arquitetônica
O Monumento Heróis Do Jenipapo foi projetado pelo arquiteto Raul Cirne, também autor do
Estádio Governador Alberto Tavares Silva, ambos localizados no Piauí. O memorial foi
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solicitado pelo Exército Brasileiro em parceria com o Governo de Alberto Silva, A obra está
localizada na BR 343 a 60 km de Campo Maior, mesmo lugar onde ocorreu a Batalha de
Jenipapo em março de 1823, próximo ao cemitério dos que lutaram pela independência do
Brasil naquela localidade.

Depois de 150 anos do épico combate, mais precisamente em 1973, o grande monumento
foi erguido. A construção é de fato grandiosa em comparação com a localidade, pois, as
construções mais próximas são de pequeno porte, basicamente residências. Com
aproximadamente 50 metros de extensão e entre 25 e 45 metros de altura do seu volume
vertical, a construção impressiona pelo seu tamanho e pela sua arquitetura, claramente
inspirada no Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro, obra també de Raul Cirne. A
grandiosidade da edificação justifica-se pela função emocional de um monumento. Em
virtude do fato histórico ocorrido no local nada mais justo que o esplendor. Em seguida um
breve comentário sobre a volumetria do monumento:

Nota-se na volumetria, o predomínio da horizontalidade, na qual o grande


plano de cobertura marca o edifício, que é arrematado por pilares
trapezoidais em concreto aparente, que parecem flutuar, pois possuem suas
terminações inseridas em espelho de água. Um volume posterior prismático
também em concreto aparente, quebra a simetria das escadarias de acesso
à praça/mirante (AFONSO, 2013, p. 16).

Figura 2: maquete virtual do monumento Figura 3: planta baixa


Fonte: ambas da pesquisa inventario de bens culturais de Teresina

Ainda quanto a sua análise, segundo Afonso (2013) o arquiteto também preocupou-se com
o conforto da obra, por isso projetou a obra idealizando uma série de soluções a fim de
gerar um microclima para superar os problemas climáticos da região. Para solucionar a
insolação o volume inferior foi recuado em relação à laje de cobertura, possibilitando a
criação de beirais, inviabilizando a entrada de sol no ambiente interno. Completando a
proteção da incidência dos raios solares, os pilares em formato trapezoidal foram projetados
para funcionar como brises. Os espelhos d’água possuem a função de colaborar com a
manutenção da umidade, ajudando na estadia agradável no local.

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Essa preocupação com o bem-estar dos visitantes é crucial, por seu porte nota-se a sua
capacidade de ocupação. O monumento recebe um grande número de visitantes no
aniversario da batalha, dia 13 de março e também no dia dos finados quando o local é alvo
de romarias em direção ao cemitério, localizado pouco depois do memorial. As pessoas vêm
de todos os lugares para apreciar a obra, aprender mais sobre o episódio no processo de
independência do Brasil e para prestar homenagem aos heróis da batalha. Além do conforto
a obra apresenta uma estrutura estável e resistente o suficiente para suportar a quantidade
de pessoas reunidas para as solenidades do dia da batalha.

Figura 3: inauguração do monumento


Fonte: FUNDAC

4. Monumento Histórico E Memorial


Foi diante da necessidade de preservação daquele momento histórico que se iniciou a
construção do Memorial Heróis do Jenipapo. Logo, faz-se necessário uma abordagem sobre
o conceito e o desenvolvimento da ideia de monumento histórico e memorial no decorrer do
tempo.

Segundo Francois Choay, em sua obra Alegoria do Patrimônio:

O sentido original do termo é o do latim monumentum, que por sua vez


deriva de monere, (‘’advertir’, “lembrar’’), aquilo que traz à lembrança
alguma coisa. A natureza afetiva de seu propósito é essencial: não se trata
de apresentar, de dar uma informação neutra, mas de tocar, pela emoção,
uma memória viva (CHOAY, 2006, p. 17).

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Sabe-se que a necessidade de proteger o patrimônio histórico e cultural de um povo não é
algo novo. Durante a Revolução Industrial teve-se uma expansão dos conhecimentos
históricos e arqueológicos, iniciou-se, também, a primeira ideia do que hoje é conhecida
como globalização. A partir de então, o monumento histórico deixou de ser um marco
isolado, favorecendo o desenvolvimento de medidas para proteção e preservação dos
mesmos.

Já depois da segunda Guerra Mundial os trabalhos relacionados à proteção dos


monumentos históricos tiveram um avanço significativo com a Carta de Veneza, que teve
um público internacional amplo e, consequentemente, deu uma maior visibilidade ao tema. A
mesma foi apresentada durante o segundo Congresso Internacional de Arquitetos e
Técnicos dos Monumentos Históricos, no ano de 1964 em Veneza. Nela, além de descrever
sobre o conceito de monumento, também inclui informações que contribuem na proteção e
no estudo do patrimônio, incluindo artigos específicos para a restauração e a conservação
dos mesmos. Dentre os principais tópicos expostos, apresentam:

ART. 1
A noção de monumento histórico engloba a criação arquitetônica isolada
bem como o sitio rural ou urbano que testemunhe uma civilização particular,
uma evolução significativa ou um acontecimento histórico. Esta noção
estende-se não só às grandes criações mas também às obras modestas
que adquiriram com o tempo um significado cultural.
ART. 2
A conservação e o restauro dos monumentos constituem uma disciplina que
apela à colaboração de todas as ciências e de todas as técnicas que
possam contribuir para o estudo e salvaguarda do patrimônio monumental
(CARTA DE VENEZA, 1964).

Nesse cenário, após a apresentação da ideia de memorial e monumento histórico, percebe-


se claramente o papel fundamental que a arquitetura representa para a preservação da
identidade de um povo, ou mesmo de toda uma sociedade. A respeito desse tema, Jonh
Ruskin citou em sua obra The Seven Lamps of Architecture, o seguinte: “Nós podemos viver
sem [arquitetura], adorar nosso Deus sem ela, mas sem ela não podemos lembrar”
(RUSKIN, 1956 apud CHOAY, 2006, p. 139).

Sabe-se que ao visitar locais como O Memorial Heróis Do Jenipapo ao percorrer seus
corredores e ao visitar o museu lá existente faz-se uma viagem no tempo, e torna-se mais
próximo da cultura e da história daquele povo, o qual seus ancestrais lutaram bravamente
pelo ideal de independência do país. A imagem a seguir representa uma das placas
presentes no Monumento, que demonstra a homenagem feita para estas pessoas, citando-
as pelo nome, para que a historia feita por eles não se perca pelo tempo.

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IMAGEM 4
FOTÓGRAFO: ANA ROSA NEGREIROS.

Não obstante, as pessoas prezem pela transcendência de seus valores culturais e de suas
história através de gerações, poucas ainda trabalham na conservação dos mesmos. Um fato
que demonstra essa carência de cuidado aconteceu no ano de 2008, quando um incêndio
de proporções consideráveis, que começou no cemitério dos Heróis do Jenipapo (tombado
em 1938) provavelmente devido a uma vela, colocaram em risco as estruturas e o acervo
cultural presente no local. Além disso, percebe-se a falta de um número adequado de
segurança especializada, visto que muitos objetos do museu que deveriam ser
salvaguardados foram desaparecendo com o tempo. Só o fato de está exposto a tais
incidentes já merece um olhar mais cauteloso dos responsáveis quanto à segurança do
local, pois se percebe que apenas o tombamento não é o bastante para garantir sua
permanência através do tempo.

Desse modo, a preservação do patrimônio, seja ele material, representado pela arquitetura,
ou imaterial, no que diz respeito à cultura daquele povo, é tão essencial quanto sua própria
existência. Portanto, cabe não só ao poder publico, mas também a cada cidadão, a
responsabilidade da preservação e da garantia de que a história desse povo continue por
muitas gerações.

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5. CONCLUSÃO:
A arquitetura tem o papel de transformadora do ambiente, seja ele rural ou urbano. Além
dessa importante função dentro da sociedade, a mesma também tem um caráter de
documento histórico, ao passo que muitas edificações são representantes de um
determinado tempo, no passado. Ademais, algumas ainda são responsáveis por imortalizar
passagens importantes da historia de um povo.

Essa é a real contribuição do Memorial Herois do Jenipapo, objeto desta pesquisa. Pois é
sabido que ao ser exposto ao conhecimento das próprias raízes históricas as pessoas
tendem a adquirir um sentimento de pertencimento aquele local. Isso contribui
significativamente para a preservação da referida edificação, e tendem a tomar as devidas
providencias em casos de descuido de seu patrimônio.

Por isso que foi fundamental a descrição histórica da Batalha do Jenipapo. Esta, por muito
tempo, passou despercebida na historia do país. Mas em 1973, como já citado
anteriormente, a mesma foi merecidamente homenageada, durante o governo de Alberto
Silva (1971-1975), com a construção do Memorial. Além dessa função, ela foi usada
também como meio de propaganda, publicidade para o regime militar que comandava o país
na época, reforçando a ideia de desenvolvimento, modernidade e sucesso das ações do
estado, revelando também a estreita relação das obras de arquitetura com a simbologia e o
governo.

Tais obras foram predominantemente no estilo brutalista, que tem como principal
característica o uso dos próprios materiais como componentes do design, com suas
estruturas aparentes. O arquiteto, Raul Cirne, preocupou-se com o clima quente da região,
elaborando uma serie de adaptações estruturais para amenizar essa característica marcante
do local.

Apesar de se tratar de um local projetado para atender confortavelmente seus visitantes que
procuram por conhecimento e que, provavelmente, interessam-se por história ou
arqueologia, o local, sobretudo o museu lá presente, não possui um número adequado de
pessoas especializadas no cuidado e na segurança das peças expostas.

Portanto, por ser um local de grande valor histórico, devido a importante participação no
processo de independência do país, e arquitetônico, pelo caráter de memorial que o mesmo
possui, deve-se dá uma maior atenção aos aspectos no que diz respeito à segurança da
integridade desse local. Tal responsabilidade não é apenas do Estado, mas de toda a

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comunidade, que ao conhecer seus direitos e a importância do local, poderá cobrar de
maneira mais eficaz aquele.

Referências
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AFONSO, Alcília. Arquitetura Milagrosa: A Adoção Do Brutalismo Como Linguagem Do


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