Anda di halaman 1dari 4

Ramiro ‘Cabeça de Papel’

Angela Sánchez

http://www.cronopios.com.br/cronopinhos/ineditos.asp?id=132
• Este é o Ramiro ‘Cabeça de Papel’. Um garoto de sete anos.
• -E por que ele é chamado ‘Cabeça de Papel’? Por acaso é porque ele
não tem nada na cabeça?
• -Não! Nada disso! Pelo contrario, ele é um cara superlegal e bastante
diferente das crianças da sua idade. O nome dele tem uma história.
Você quer escutá-la?
• Quando Ramiro nasceu, contam que uma coisa muito estranha
aconteceu. Pelo tubo da chaminé começaram a cair, bem devagarinho,
folhas de papel em branco, bem branquinhas, sem nenhum traço,
nenhuma mancha, nem um rabisco sequer. Estavam impecavelmente
brancas, prontas para serem preenchidas com palavras ou... desenhos
ou qualquer coisa que tivesse a coragem de empanar tamanha
brancura.
• Era lindo descobrir aquele neném no berço, com os olhinhos abertos e
quase imóveis, fixos na parede e na janela que lhe mostrava, como se
fosse num filme, as ramas do ficus no quintal, uma ou outra borboleta
passeando na tarde, um pedaço de papel que voava levado pela brisa
inquieta e os passarinhos que desciam para beber água na bacia do
cachorro.
• Mais tarde, quando ensaiava seus primeiros passos e perseguia o gato,
de repente detinha-se e sentava-se perto da biblioteca, dando a
impressão até de que sabia ler os títulos ou contar os livros ali
empilhados.
• Ramiro cresceu que nem qualquer criança, só que ele prestava muita
atenção, uma atenção exagerada para tudo o que via. Passava horas
compenetrado. Olhava sentindo-se atraído, mas também fazendo um
grande esforço para decorar os mínimos detalhes: as formas, as cores,
as nuances, as sombras e luminosidades das coisas, com a única
intenção de capturar e reter cada um dentro de si.
• -Parecia que estava tomando nota de tudo quanto vê, que fazia listas
do que ia descobrindo a cada dia, pensou sua madrinha.
• -Será que em lugar de cabeça, ele tem páginas onde escreve sem
parar?, perguntou a mulher uma tarde de domingo quando estava
visitando a família.
• -Eu acho que Ramiro tem uma caderneta em lugar de cabeça,
concluiu.
• E pronto, Delfina, a irmã mais velha de Ramiro, teve a feliz idéia
de inventar-lhe o nome.
• -Meu irmãozinho é ‘Cabeça de Papel’.
• E o nome pegou que nem grude. Mas, o que era que Ramiro
tanto anotava?
• Primeiro eram imagens, quando ainda não sabia os nomes. E as
folhas da sua mente iam se enchendo de figuras de bolos, sois,
cachorros, borboletas,bananas, maçãs, passarinhos.
• Até que começou a ir à escola. Então aquelas imagens acharam
seus nomes e, como era bom quando Ramiro as escrevia! Não
apenas dentro de sua cabeça, mas, no caderno de forro colorido.
E separá-las em sílabas? Foi o que ele fez com maior entusiasmo!
Porque se deu conta de que as palavras têm, além de som...
ritmo.
• -São como pancadinhas na garganta e na cabeça.
• Dizia,
• -ÁR... VO ...RE, três pancadinhas, BOR... BO... LE... TA, quatro
pancadinhas, SOL, una pancadinha bem forte.
• E tanto gostava de pronunciá-las em voz alta, que quando fazia
isto batia com as palmas das mãos, como se estivesse cantando
uma cancão.
• O que deixou mais encantado Ramiro foi aprender que cada uma
daquelas palavras pode ir acompanhada de outras que explicam
como elas são. E saber disso abriu para ele um mundo imenso
porque já não seria ÁRVORE apenas, mas poderia dizer:
ÁRVORE GRANDE, ROBUSTA, ALTA, e até poderia compará-la
com algo que também conhecia, por exemplo: seu papai. Foi
assim que começou a escrever,
• borboleta azul da cor do céu
• sol amarelo da cor dos cabelos de Delfina
• maçã doce que nem os beijos de mamãe
• Foi então que sua professora falou para ele que existem as
poesias e que são palavras combinadas de maneira a dizer coisas
bonitas e soar bem.
• Desde aquele dia, Ramiro nunca mais parou de escrever sobre
tudo o que via, sentia, e o que o fazia feliz. Seus colegas da
escola o apreciam muito porque reconhecem nele esse enorme
mundo interior e a sua capacidade de ver nos outros o que há de
melhor e mais lindo.
• Agora é chamado de Ramiro ‘O Poeta’, menos pela Delfina que
ainda não se acostuma.
Ramiro ‘Cabeça de Papel’

• Ramiro era uma criança que tinha ‘Cabeça de Papel’,

• porque nela escrevia todo quanto é bonito de se ver.

• O céu, as nuvens brancas, os pássaros que voam e o sol;

• no quintal, as plantas verdes, o gato preto e o rouxinol.

Angela Sánchez, nasceu em Casilda (Santa Fe, Argentina) Viveu 20 anos no Brasil,
atualmente mora em San Luis (Argentina). É professora de Portugués (U.N.C.) Membro
da S.A.D.E, Sociedad Argentina de Escritores, delegación Córdoba, desde 2006.
Algumas publicações: Delirios floridos (antología poética. Buenos Aires) El sol viaja
rápido (novela. Córdoba) Ramiro cabeza de papel (conto. Córdoba) Hombres opacos
(novela. Buenos Aires, 2008) Expõe alguns de seus textos nos sites:
www.autores.com.br www.yoescribo.com recantodasletras.uol.com.br
E-mail: angela.manilkara@gmail.com e sanchez_angela@hotmail.com

Anda mungkin juga menyukai