A filosofia é radical
Diz-se que a filosofia é radical, em primeiro lugar, pela intenção do sador
pen prosseguir
até ao fundamento das questões, atingindo a raiz dos problemas. Neste sentido, o qu
lhe interessa é a descoberta das primeiras causas, dos primeiros princípios, da razão de
ser das coisas. Em segundo lugar , a radicalidad e sig ca
nifia não aceitação de posições
que não sejam devidamente fundamentadas. Para que uma afirmação seja credível
deve possuir, na base, argumentos racionais que a sustentem de modo consistente.
A filosofia é universal
Diz-se que a filosofia é universal por várias razões:
1. Porque possui um objecto total ou integral, não haven
do nenhum assunto que,à
partida, possa ser excluído da sua reflexão.
2. Porque é uma actividade susceptível de ser desenvolvida por todo o ser humano.
3. Porque as questões que levanta e as soluções que apresenta, escapam aos aspec
concretos e particulares do pensador, atingindo um nível de generalidade e -de abs
tracção que abrangem a humanida de inteira.
A filosofia é autónoma
A filosofia é autónoma porque procura furtar-se a todo o tipo de cons
trangimentos ou de
tutelas.É uma actividade exclusivamente racional, procurando exercer-se na maior
isenção relativamente a ideias feitas, simpatias, conveniências pessoais, opiniões
correntes, interesses parti
culares, preconceitos ou paixões par
tidárias. A razão torna-se
livre, exerc endo-se independentemente de qualquer interesse que não seja a
compreensão lógica das coisas.
Filosofia e religião
Religião não é filosofia . E, isto, por várias razões:
1. A religião diz respei
to a uma adesão afectiva do homem ao sobrenatural, mantida
essencialmente pela fé. Já a filosofia é autó
noma em relaçãoà afectividade,
manifestando-se exclusivamente pelo exercício da razão.
2. Ser religioso é ser dogmático, ou seja, aceitar,
à partida, um corpo doutrinário de
afirmações reveladas, tidas por verda deiras, sem reclamar qualquer tipo de prova. Ser
filósofo é ser antidog
mático, é ser crítico, é rejeitar tudo o que é ideia feita, ou seja,
estabelecida sem o sustentáculo lógico de pre missas verdadeiras.
3. Na religião, as verdades são o ponto de partida e todo o seu desenvolvimento- se p
cessa sem as discutir ou pôr em causa. Na filosofia, a verdade é o possível ponto de
chegada, é o objectivo a atingir, e este objectivo é mais facilmente alcançável se não
existirem pressupostos ou precon ceitos de base.
de
Um outro olhar sobre o mundo (livro do professor), Maria Antónia
Abrunhosa e Miguel Leitão
(com adaptações)