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As diferentes trajetórias percorridas por dois países periféricos de

industrialização tardia: Brasil e Coréia

Tiago Nery1

Resumo
O presente artigo realiza uma comparação entre as trajetórias de industrialização
tardia percorridas por Brasil e Coréia, apoiando-se em dois eixos centrais. O primeiro
destaca a importância dos fatores externos, sobretudo da geopolítica, na determinação
do desempenho dos países periféricos. O segundo analisa a centralidade do papel do
Estado nesse processo.
Ao analisar a importância do Estado, o trabalho busca compreender os distintos
padrões de financiamento adotados por cada país; a capacidade de planejamento de
cada Estado; o modo como os governos implementaram suas políticas tecnológicas,
de subsídios, e em relação ao capital estrangeiro; e, o impacto diferenciado da crise
da dívida sobre os padrões de financiamento e as estruturas produtivas de cada país.
A conclusão enfatiza as diferentes inserções internacionais de Brasil e Coréia ao
longo da década de 1990.

Palavras-chave
Brasil, Coréia do Sul, desenvolvimento

Abstract
The present article compares the late-industrialization trajectories taken by
Brazil and Korea, and it has two main focal points. The first stresses the importance
of foreign elements, especially geoplitical ones, in the determination of the
performance of these countries. The second analyses the respective
governments´central role in this process.
Using this comparison regarding the state´s importance, the article seeks an
understanding of different patterns of financing adopted by each country; the
planning capacity of each state; the way these governments have implemented
policies relating to technologies, subsidies and foreign capital; and the different
impacts of the debt crisis on the financing patterns and the economic structure of each
country.
The conclusion emphasizes the contrasting international standings of Brazil and
Korea during the 1990´s.

Keywords
Brazil, South Korea, development

1
Tiago Nery é bacharel em direito pela UCSal (Universidade Católica do Salvador) e mestre pelo
Instituto de Relações Internacionais –IRI- da PUC-RJ.
Introdução

“Em nenhum momento de nossa história foi tão grande a


distância entre o que somos e o que esperávamos ser”.
CELSO FURTADO

A comparação com a Coréia do Sul é muito útil para a compreensão do processo


de industrialização brasileiro. Afinal, a Coréia é um país periférico e dependente que,
nas últimas três décadas, conseguiu dar um salto, modificando substancialmente os
tradicionais laços de dependência e atingindo uma interação dinâmica com os países
mais avançados.
Em meados dos anos 1990, enquanto o Brasil ainda enfrentava a crise de
hiperinflação, alguns analistas passaram a comparar os processos de industrialização
do Leste asiático, até então pouco conhecidos, com o modelo de industrialização
brasileiro. Entretanto, muitas dessas análises estavam marcadas por equívocos em
relação ao nosso processo de industrialização e pela mistificação da experiência
coreana.
Em relação à industrialização brasileira, alguns analistas apontavam erroneamente
que o Brasil, diferentemente dos “tigres asiáticos”, teria descuidado das exportações,
protegido demasiadamente seu mercado interno, além de haver promovido grande
intervenção estatal na economia. Para os críticos mais radicais, o grau de intervenção
estatal era tanto que a economia brasileira seria caracterizada como autárquica. Não
fossem esses “excessos” e o Brasil poderia, como os NICs asiáticos, estar em uma
situação econômica melhor.
A mistificação da experiência coreana advinha de análises que atribuíam o
sucesso da Coréia à adoção de uma política “correta”, entenda-se liberal. Tal política
incluiria a liberalização das importações, a adoção de taxas de câmbio “realistas”,
incentivos à exportação, entre outras medidas. A economia teria crescido alinhada
com suas vantagens comparativas, confiança nas forças de mercado e integração à
economia mundial, ao contrário da experiência brasileira, caracterizada pelo
protecionismo e pela dissociação do mercado internacional. Porém, estudos mais

2
críticos e menos comprometidos com a necessidade de comprovar a eficácia do
receituário liberal revelaram que o processo de industrialização coreano está muito
distante desse receituário. Se depender da experiência coreana, a utopia liberal ainda
está para ser provada.
O presente artigo procura compreender como a Coréia do Sul, país que tinha um
nível de desenvolvimento claramente inferior ao do Brasil nos anos 1960, conseguiu
elaborar uma estratégia nacional de desenvolvimento a partir de sua competitividade
exportadora, além da capacidade de consumo do mercado interno. Essa compreensão
será feita por meio de dois eixos centrais: (1) a importância dos fatores externos na
determinação do desempenho dos países periféricos; e (2) a centralidade do papel do
Estado neste processo.
A primeira parte busca demonstrar a relevância da questão geopolítica na
elaboração do projeto de desenvolvimento coreano, o que permitiu à Coréia certa
autonomia externa, maior coesão social interna e elevado grau de intervenção estatal.
O mesmo não ocorreu com o Brasil e a América Latina, periferia antiga que não
mereceu tratamento diferenciado do centro hegemônico. A segunda parte analisa os
diferentes papéis desempenhados pelos Estados coreano e brasileiro. Divide-se em
quatro seções que procuram compreender os distintos padrões de financiamento
adotados por cada país; as estratégias de planejamento de cada Estado; a maneira
como cada Estado implementou suas políticas tecnológicas, de subsídios, e de relação
com o capital estrangeiro; e o impacto da crise da dívida sobre os padrões de
financiamento e as estruturas produtivas de cada país. As considerações finais
destacam as diferentes inserções internacionais da Coréia e do Brasil ao longo dos
anos 1990.
1. Fatores Externos: a influência da questão geopolítica
Durante a Guerra Fria e a vigência do padrão-dólar era possível verificar dois
tipos bem sucedidos de desenvolvimento nacional: o desenvolvimento a convite, e o
dependente e associado. O primeiro caso incluiu a reconstrução européia, japonesa e
o advento dos “tigres-asiáticos”, que tiveram a questão geopolítica como fator
determinante. O segundo foi experimentado por alguns países latino-americanos, que
se encontravam mais distantes dos principais conflitos geopolíticos e muito próximos

3
dos EUA. Em relação a esse último tipo, os dois casos mais duradouros e de maior
sucesso, do ponto de vista industrializante, ocorreram no México e no Brasil (Fiori,
2001).
Desde o começo da Guerra Fria, a Coréia do Sul esteve no centro dos conflitos
Leste-Oeste. A divisão do país, com a porção norte tornando-se comunista, e a
proximidade com a China revolucionária, tornaram a Coréia um país extremamente
relevante para a geopolítica americana. Graças à Guerra Fria, a Coréia (juntamente
com Taiwan) recebeu uma ajuda per capita maior que qualquer país em
desenvolvimento no mundo. Entre 1953 e 1962, por exemplo, essa ajuda pode ser
estimada em 80% da formação bruta de capital fixo do país2. A importância desses
recursos foi crucial para o financiamento do déficit produzido pelas importações
coreanas, que, nos anos 1950, atingiam um nível dez vezes maior que as exportações.
As condições geopolíticas iniciais garantiram o acesso ao mercado doméstico
americano, amplificadas mais tarde pelo déficit comercial da economia americana,
que permitiu não só a manutenção como também a ampliação do escoamento da
produção coreana (Goldenstein, 1994).
Além de ajudar com recursos, os EUA fizeram interferências diretas na
reorganização do país, com profundos impactos políticos que mais tarde seriam
fundamentais para explicar a atuação do Estado coreano na orientação do processo
econômico. O contexto geopolítico combinado com a falta de laços prévios com as
elites rurais tradicionais levaram os EUA a apoiar uma reforma agrária radical. Não
se pode deixar de observar as condições sociais internas que possibilitaram a
realização da reforma: parte das terras estava nas mãos dos japoneses e parte era de
propriedade de agricultores que os haviam apoiado. Assim, dadas essas condições,
viabilizou-se a reforma agrária que, para as forças de ocupação americanas,
significava a garantia do estabelecimento de um campesinato moderado, de “centro”
(Goldenstein, 1994).

2
Outros números que expressam a magnitude da ajuda média anual dos EUA para a Coréia:
entre 1956 e 1958, US$ 325 milhões; entre 1959 e 1961, US$ 222 milhões; e entre 1962 e
1964, US$ 199 milhões, representando, respectivamente, em torno de 14%, 8% e 6% do PNB
coreano (Goldenstein, 1994, p.140).

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A revolução educacional da Coréia seria impensável sem a reforma agrária
realizada com a ajuda norte-americana nos anos 19503. A reforma da estrutura
fundiária foi responsável por uma melhor distribuição de renda que, por sua vez,
viabilizou a qualificação de sua mão-de-obra, sem o que o desenvolvimento da
indústria com base em alta tecnologia teria sido impossível. Tal qualificação teve
como requisito prévio uma mínima distribuição de renda inicial, condição sine qua
non para qualquer tentativa de educação da força de trabalho. O papel da reforma
agrária foi também crucial na manutenção da população no campo, o que,
consequentemente, permitiu o retardo na difusão do consumo interno, viabilizando as
altas taxas de poupança internas (Goldenstein, 1994).
A eliminação da elite rural, a existência de uma burguesia fraca e a ajuda
americana permitiram o fortalecimento do Estado, abrindo caminho para o que alguns
intelectuais chamam de “capitalismo burocrático”, no qual o aparato estatal se torna a
arena central onde os ganhos e as perdas do capital privado são decididos. A
convergência desses fatores fez que o Estado coreano tivesse capacidade de intervir
em todo o processo, financiando, dirigindo e controlando o setor privado em um nível
tal somente comparável a economias centralizadas, só que com uma eficiência muito
superior (Goldenstein, 1994).
A situação do Brasil e dos países latino-americanos foi diferente. Em nada
resultaram as tentativas dos países latino-americanos em conseguir a aprovação de
um programa de assistência semelhante ao Plano Marshall ou à ajuda dada para a
Ásia. O Plano Marshall simplesmente desconsiderava o problema do
desenvolvimento dos países latino-americanos. Roberto Simonsen, o maior líder
industrial brasileiro nas décadas de 1930 e 1940, e um dos principais ideólogos do
desenvolvimentismo, criticou a ausência de um plano internacional que atendesse às
nações menos desenvolvidas, além de ter denunciado o caráter unilateral do Plano
Marshall, favorável apenas aos europeus (Bielschowsky, 2000).

3
Os dados quantitativos e qualitativos da Coréia são impressionantes, mesmo quando
comparados aos de várias economias desenvolvidas. Em 1965, a educação primária universal
já havia sido implantada e em 1987 o percentual da população em idade correspondente ao
secundário havia passado de 35% para 88%. (Goldenstein, 1994, p.157).

5
Após a eleição de Eisenhower, em 1952, os EUA deixaram claro que não se
esperasse por um novo Plano Marshall. A estratégia de desenvolvimento, na visão do
novo mandatário estadunidense, passaria pelo investimento privado das grandes
corporações americanas e européias e não pela ajuda oficial. Juscelino Kubitchek
compreendeu o espírito da época e remanejou a estratégia, atraindo para o Brasil
algumas das principais multinacionais do setor automobilístico.
A América Latina só alcançaria alguma relevância geopolítica no início dos anos
1960, devido ao impacto causado pela Revolução Cubana de 1959. Na reunião da
OEA, realizada em Punta del Este, em 1961, o governo Kennedy lançou a Aliança
para o Progresso e passou a patrocinar formas mais ativas de cooperação
internacional, através do recém-criado Banco Interamericano de Desenvolvimento-
BID. O pacote de ajuda do tesouro americano legitimou alguns temas antes
indiscutíveis, como os da reforma agrária e fiscal, ao mesmo tempo em desviava a
atenção de questões estruturais, como a deterioração dos termos de intercâmbio, a
disparidade do progresso técnico e outras assimetrias contidas na relação centro-
periferia.
2. Fatores internos: o papel do Estado na Coréia e no Brasil
A análise do papel do Estado não pode ser feita sem levar em conta suas
articulações com o sistema internacional. A questão geopolítica e o contexto
internacional são fundamentais, mas não suficientes, para compreender os distintos
padrões de financiamento e as diferentes estratégias de desenvolvimento adotadas por
Brasil e Coréia. Tanto no caso dos países asiáticos como no dos latino-americanos, as
funções desempenhadas pelo Estado resultaram de suas relações específicas com o
capitalismo internacional constitutivas de sua própria natureza.
Um padrão de financiamento é fruto de relações de poder entre o Estado e o setor
privado nacional, o Estado e o resto do mundo, o empresariado nacional e o
internacional, e entre os diferentes segmentos (bancário, produtivo e agrário) da
iniciativa privada doméstica entre si. Há ainda as relações destes três agentes -
Estado, capital nacional e capital internacional - com os diferentes setores da classe
trabalhadora. Desse modo, a dinâmica e o fôlego da industrialização dos países

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periféricos dependem dessa complexa rede de relações externas e internas que gira
em torno do padrão de financiamento (Goldenstein, 1994).
2.1 Os distintos padrões de financiamento
O padrão de financiamento é questão decisiva em qualquer economia,
especialmente em países retardatários, nos quais a acumulação de capital é
insuficiente frente às necessidades impostas por um padrão tecnológico internacional,
fora do qual sua indústria nascente estaria fadada ao fracasso. O padrão adotado tem
implicações na estratégia de planejamento adotada, nas políticas de subsídios e de
tecnologia e nas relações do Estado com o capital estrangeiro.
Na Coréia, a questão do financiamento foi equacionada, em um primeiro
momento, pelos aportes maciços de recursos oriundos dos EUA. A partir de 1961, o
sistema bancário coreano foi estatizado, permanecendo assim até 1981-83, quando
uma reforma financeira o reprivatizou. O Estado manteve, ainda assim, seu arbítrio
não só sobre as taxas de depósito e empréstimo, mantidas especialmente baixas, mas
também sobre suas taxas de expansão. Nesse período, o Estado coreano teve
comando quase absoluto sobre o crédito interno e externo, controlando, por meio de
cinco bancos comerciais de sua propriedade que centralizavam os fundos de
investimento, mais de 2/3 dos recursos investidos no país, decidindo para que setores
iam os recursos e, dentro dos setores, em quais grupos e a que taxas (Goldenstein,
1994).
Na década de 1970, o Korean Development Bank concentrou sozinho a média de
1/3 de todos os empréstimos. Junto com os bancos comerciais e alguns bancos de
investimento, se diferenciava pela capacidade de avaliar e monitorar os projetos que
financiavam, mantendo critérios comerciais mesmo quando se tratava de projetos
prioritários do governo, o que permitia um alto nível de repagamentos e um baixo
nível de perdas. Além disso, o Estado manteve estrito controle do mercado de
capitais, especialmente em relação à fuga de capitais (Goldenstein, 1994).
Os empréstimos externos eram também totalmente regulados pelo governo. Ao
regular o acesso ao mercado externo de crédito, o Estado controlava a destinação dos
recursos e dos projetos de investimento. Além de controlar o acesso ao
endividamento externo, o governo obrigava, na maioria dos projetos, a que uma parte

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do financiamento fosse realizada com recursos domésticos, por ele cedidos, de modo
a aumentar seu poder de controle. Esse quadro demonstra que, ao contrário dos
preceitos neoclássicos, houve uma política de forte intervenção estatal na economia.
Como resultado das políticas implementadas, e das especificidades de sua
interação tanto com o Japão quanto com os EUA, a Coréia e alguns outros NICs
asiáticos tornaram-se, na segunda metade dos anos 1960 e meados dos 1970,
plataformas de exportação com base em atividades intensivas em mão de obra não
qualificada e, a partir de 1973, trilharam caminhos rumo à industrialização pesada,
modificando sua inserção na divisão internacional do trabalho. A partir de 1979, o
esforço concentrou-se em um enorme processo de reestruturação, com o foco voltado
para a exportação de produtos mais dinâmicos (Goldenstein, 1994).
No Brasil, não se construiu uma base sólida de financiamento capaz de sustentar a
atuação do Estado, que só foi viabilizada graças à conexão internacional estabelecida.
O país apostou no movimento do capital internacional em dois momentos: primeiro,
nos anos 1950, em sua fase de expansão por meio das grandes corporações
multinacionais; depois, nos anos 1970, por intermédio dos empréstimos bancários, a
juros internacionais flutuantes. Desse modo, aprofundaram-se os laços de
dependência externa na medida em que esses recursos, na maioria das vezes, não
eram utilizados para mudar as estruturas preexistentes, mas para sancioná-las
(Goldenstein, 1994).
Em 1979, a elevação abrupta e unilateral das taxas de juros americanas pelo então
presidente do Fed, Paul Volker, teve impactos diferenciados sobre os Estados
brasileiro e coreano. A Coréia foi surpreendida em meio a um processo de
reestruturação de sua base produtiva que lhe permitiria uma inserção internacional
dinâmica, garantindo um fluxo comercial não só maior em termos de volume como
bem mais estável, na medida em que passou a apoiar-se em produtos cujos termos de
intercâmbio melhoraram após o segundo choque de petróleo, ficando, portanto, bem
menos suscetível às oscilações do comércio internacional.
Apesar dos desperdícios e da corrupção, os principais países da América Latina
conseguiram, via endividamento externo, realizar parte dos projetos nacionais de
então (agroindústria, petróleo, infra-estrutura, etc), alterando suas estruturas

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produtivas, bem como sua pauta exportadora, com crescente participação de produtos
industrializados. Sem dúvida alguma, o Brasil foi o país que melhor aproveitou as
chances desse momento, ao fim do qual exibia-graças ao II PND- a indústria mais
integrada da América Latina (Cano, 1999).
No entanto, uma característica determinante na diferenciação das duas trajetórias
de industrialização tardia foi o momento em que os processos ocorreram: enquanto o
processo de substituição de importações da América Latina, que havia começado na
década de 1930, dava seu “último suspiro” nos final dos anos 1970, no Sudeste
Asiático ele estava em plena expansão.
2.1.2. Planejamento
Na Coréia, foram implementados cinco planos qüinqüenais que,
independentemente de alguns desvios de rota, foram aplicados rigidamente. O Estado
não só estabelecia metas como também financiava, controlava, punia e premiava. O
Estado era responsável pela concessão de licenças e subsídios, definindo quem
produzia o que e quanto e até mesmo a estruturação patrimonial das empresas.
Ademais, as políticas fiscal, financeira, salarial e cambial eram coerentes com a
industrial. Esta, por sua vez, era sensível à superação de fases e flexível na
determinação de novas metas, que eram rigidamente perseguidas e controladas
(Goldenstein, 1994).
Os enormes conglomerados industriais (chaebols) praticamente foram criados
pelo Estado, que os mantinha sob controle estrito. As empresas estavam sujeitas a
vários outros controles gerais em troca do apoio governamental:
• com a propriedade e/ou o controle de todos os bancos comerciais e da
Bolsa de Valores, o governo ajudou a orientar os chaebols em direção à
acumulação de capital ao invés de procurar aplicações financeiras;
• controle de preços negociados anualmente;
• controle de fuga de capital para o exterior4.

4
O próprio Banco Mundial reconhecia que a rigorosa legislação quanto à fuga de capitais, se
não a impediu, pelo menos reduziu bastante seu montante. Para se ter uma idéia do rigor, a
legislação estipulava, em 1960, que qualquer transferência acima de US$ 1 milhão seria
punível com sentença mínima de dez anos de prisão ou máxima de pena de morte
(Goldenstein, 1994).

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Um Estado fortemente regulador comandou um processo em que, por exemplo, a
indústria automobilística – altamente competitiva em termos internacionais- é
totalmente coreana, metade estatal e metade privada. Além desse setor, a estratégia
coreana concentrou os seus esforços em outros ramos de ponta, como a informática, a
telefonia e a produção de televisores, para os quais o governo liberou grande
quantidade de recursos em troca de capacidade competitiva internacional, que, se não
cumprida, levava a fortes condenações por parte do Estado (Sader, 2000).
No Brasil, a “força” do Estado foi bastante efetiva na arbitragem dos conflitos
entre capital e trabalho em favor do primeiro. No entanto, apesar dos longos períodos
ditatoriais, o Estado brasileiro não conseguiu arbitrar os diferentes interesses
intraburguesia. Todas as tentativas de implementar determinada orientação de
desenvolvimento, a exemplo do Plano de Metas ou do II PND, apesar de terem sido
levadas adiante, só o foram às custas do comprometimento da capacidade financeira
do Estado. No Brasil, o setor privado nunca assumiu riscos, jamais teve seu
desempenho cobrado, e, sobretudo, jamais permitiu que o arbítrio do Estado
comprometesse sua capacidade de acumulação. Quaisquer tentativas de introduzir
novos planos ou revisar velhas políticas só foram adiante na medida em que não
atrapalharam velhos interesses.
A situação de fragilidade macroeconômica, de investimento insuficiente e de
instabilidade permanente de taxas de juros e de câmbio preparou mal as economias
latino-americanas para o “choque de competição” decorrente da liberalização
comercial e financeira simultânea ao processo de ajuste. Inúmeros setores,
especialmente na indústria manufatureira, não foram capazes, devido ao estado crítico
em que se encontravam, de reagir à concorrência de produtos importados no
momento em que perderam a proteção.
De acordo com o embaixador Rubens Ricupero (2005), houve uma verdadeira
“destruição não criadora” na América Latina. Durante os ajustes pós-crise da dívida,
estima-se que cerca de 7.000 firmas chilenas desapareceram, a maioria de porte
médio. Na Argentina, esse número foi de 15.000. Algo similar ocorreu no Brasil, com
a aquisição por firmas estrangeiras de boa parte do setor de autopeças (a exemplo da

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Cofap e da Metal Leve) e do setor eletrônico e de equipamento de telecomunicações
sediado em Campinas.
O processo de abertura contrasta com o das economias asiáticas, muito mais
gradual, progressivo e seguro, realizado a partir de posição de força, por economias
capazes de investir 30% ou mais do PIB anualmente e bafejadas por juros
extremamente baixos, frequentemente subsidiados, por taxa de câmbio desvalorizada,
carga tributária pequena e mínimos encargos trabalhistas e previdenciários (Ricupero,
2005).
Dessa forma, observa-se que houve uma deterioração da capacidade de
planejamento e investimento dos Estados latino-americanos em relação aos do leste
asiático. A rápida liberalização comercial e financeira, aliada à estreita integração aos
mercados financeiros globais, levou à perda de autonomia dos países latino-
americanos sobre suas políticas macroeconômicas. A fragilização da capacidade de
intervenção estatal fez que as forças de mercado tendessem a manter as taxas de juros
e de câmbio em níveis que impediam a rápida acumulação de capital e a mudança
tecnológica.
2.1.3. Política de subsídios, tecnológica e de relação com o capital estrangeiro
É importante observar as diferenças na forma de distribuição dos subsídios pelos
Estados coreano e brasileiro. Na Coréia, existia uma política de distribuição baseada
no princípio da reciprocidade, em troca de padrões concretos de desempenho no
tocante à produção, exportação e até P&D. As grandes empresas coreanas
consolidaram seu poder em resposta aos incentivos governamentais, ao contrário da
experiência brasileira e de outros países latino-americanos, onde os governos não
impuseram o cumprimento de metas rígidas de desempenho (Goldenstein, 1994).
No Brasil, a política de distribuição de subsídios foi feita, na maioria das vezes,
de forma indiscriminada. Ademais, os planos econômicos jamais tiveram um
acompanhamento rigoroso; as proteções a setores eleitos como prioritários raramente
eram retiradas, tornando-se direito adquirido, mesmo quando as prioridades eram
revistas; os lobbies e os favores especiais para políticos ou grupos econômicos
chegaram a tal monta que passaram a minar as decisões de longo prazo e corroer a
capacidade de financiamento da economia.

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O acesso à tecnologia japonesa foi uma vantagem coreana em relação ao Brasil e
aos demais processos de industrialização tardia, especialmente aqueles ocorridos na
América Latina. Entre 1962 e 1984, a Coréia celebrou com o Japão a maioria (55%)
de seus contratos tecnológicos. Além da possibilidade de incorporação do conteúdo
tecnológico japonês em equipamentos, partes e componentes, os coreanos
participaram do aprendizado coletivo japonês em função da proximidade geográfica e
do conhecimento lingüístico, contando, entre outras coisas, com o translado de
empregados qualificados de firmas japonesas em fins de semana. Os EUA também
venderam tecnologia, porém com menor participação (23%). Além disso, o Estado
coreano aproveitou com maestria os espaços abertos pela disputa dos EUA com o
Japão (Goldenstein, 1994).
A facilidade de acesso à tecnologia teria impactos profundos nas estruturas
produtivas dos dois países. Ao contrário da Coréia e dos outros NICs asiáticos, a
estrutura produtiva do Brasil e da maioria dos países da América Latina ficou
defasada diante da consolidação do novo paradigma tecnológico-organizacional no
início dos anos 1980. Quando o novo paradigma emergiu, aquelas nações asiáticas já
possuíam tanto estrutura interna quanto relações privilegiadas com o sistema
internacional, o que lhes permitiu uma inserção competitiva na nova realidade
mundial.
O processo unilateral e sem critério de abertura econômica do Brasil e dos demais
países da América Latina reduziu o setor de pesquisa ou alterou sua natureza. O setor
passou a ocupar-se apenas da adaptação da tecnologia da matriz a condições locais, o
que se chama no jargão de “tropicalização da tecnologia”. Engenheiros de pesquisa
foram reciclados em gerentes de venda. De acordo com Ricupero,

“O problema foi agravado por algumas das privatizações de empresas estatais que, em
certos países, eram responsáveis, juntamente com universidades e instituições públicas, por
80% dos gastos em pesquisa tecnológica, em áreas como as telecomunicações e energia,
como era o caso do Brasil. Frequentemente, repetiu-se aqui o padrão de muita destruição e
pouca criação. O balanço líquido foi um retrocesso na geração local de tecnologia e o
aumento de uma dispendiosa dependência tecnológica em relação ao estrangeiro. Essa foi
uma das razões que levaram a uma mudança na composição da produção e das exportações
de países da região, que se concentraram mais ainda do que no passado nos produtos
oriundos de recursos naturais, distanciando-se dos setores com maior potencial de aumento
da produtividade” (Ricupero, 2005, p.6).

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Em relação ao tratamento dispensado ao capital estrangeiro cabe ressaltar
algumas diferenças fundamentais entre os dois países. O Estado coreano submeteu o
capital externo, seja enquanto tecnologia seja enquanto fluxos de investimento, a
controle muito mais detalhado, extensivo e restritivo, em termos de acesso ao
mercado local, composição acionária, transferência de tecnologia, entre outros
fatores, do que qualquer país latino-americano. A Coréia não incentivou os
investimentos diretos estrangeiros, preferindo comprar tecnologia e bens de capital.
Com a tecnologia, conseguiu desenvolver seu próprio capital e construir sua própria
estrutura industrial, adaptando tecnologia importada. Com isso, a Coréia logrou um
desenvolvimento tecnológico vedado aos países que importaram capitais, situação em
que a tecnologia fica concentrada nas matrizes das empresas, exportando-a pronta, na
medida de suas estratégias internacionais como corporações, deixando em geral os
países que são objeto de seus investimentos sem nenhuma autonomia tecnológica.
Esse modelo transfere as escolhas estratégicas de investimento para as grandes
corporações, influindo decisivamente no estilo de consumo de nossas sociedades
Com raras exceções, a propriedade majoritária de estrangeiros foi proibida na Coréia,
de modo que somente 6% das empresas multinacionais possuíam a íntegra do capital
próprio. Enquanto isso, no Brasil e no México, esses índices chegavam,
respectivamente, a 60% e a 50% (Goldenstein, 1994; Sader, 2000).
Na América Latina e no Brasil, os investimentos diretos foram decisivos no
processo de industrialização, resultando em maior grau de controle externo sobre o
aparato produtivo interno. Diferentemente dos países asiáticos, a industrialização de
Brasil, México e Argentina foi baseada no seguinte tripé: associação entre o capital
privado, o internacional e o Estado, mas onde o investimento direto externo e a
instalação das grandes corporações em um mercado interno protegido eram uma
marca absolutamente decisiva e própria. A conseqüência dessa estratégia fez que, por
exemplo, completado aquele ciclo de industrialização, aproximadamente 40% do
produto industrial brasileiro fosse produzido pelas grandes corporações
multinacionais, que lideravam a produção de quase todos os setores dinâmicos da
economia brasileira (Fiori, 1996).

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Do ponto de vista puramente econômico, a Coréia seguiu um caminho muito
parecido com o do Brasil até 1980, passando por momentos e etapas formalmente
muito parecidos. Ocorre que lá, não só foi menor a presença das empresas
estrangeiras, mas também foi muito maior a integração orgânica e estratégica do
Estado com o empresariado. Não havia ambigüidades nem resistência e se houve
foram esmagadas (Fiori, 1996).
O dirigismo econômico coreano só foi possível porque existia uma estrutura
produtiva altamente concentrada (vide os chaebols) e uma reduzida
internacionalização da estrutura produtiva. Além disso, a Coréia do Sul adotou uma
estrutura tarifária racional, inspirada no princípio da proteção seletiva e temporária.
2.1.4. A crise da dívida e o impacto sobre os padrões de financiamento
Quando a crise da dívida foi detonada em 1982, com a moratória mexicana, a
Coréia já havia realizado uma série de ajustes em sua estrutura produtiva e financeira,
estando apta, conseqüentemente, a ocupar espaços no mercado internacional. Após
1985, o país atraiu capitais do sistema financeiro internacional que, por meio de
inovações financeiras, estavam em busca de valorização, fugindo dos países mais
endividados da América Latina, cujas dívidas possuíam um perfil completamente
distinto da coreana.
A dívida externa coreana, apesar de garantida pelo governo em cerca de 80%, não
era estatal. Já no Brasil, a participação direta do setor público na dívida externa total
ascendeu de 52%, em 1973, para 63%, em 1978, e 76%, em 1984. Em razão disso, o
nível de ajuste a que o Estado coreano teve que se submeter foi incomparavelmente
menor que o necessário em outras economias. O padrão de financiamento da
economia não entrou em colapso, como no caso brasileiro. A capacidade de poupança
interna e de investimento não só foram preservados, mas também aprimorados. Isto
significou uma enorme diferença, na medida em que a capacidade financeira do
Estado ficou preservada e, conseqüentemente, ele pôde manter sua capacidade de
intervenção na economia (Goldenstein, 1994).
No Brasil, o padrão de financiamento entrou em colapso e, junto com ele, a
capacidade de intervenção e de investimento do Estado. Diferentemente da Coréia, o
processo de industrialização brasileiro ocorreu sem graves rupturas, com o
acomodamento de diferentes interesses por meio da atuação do Estado. A sustentação

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dos setores atrasados, eliminados sumariamente em outros países (como na Coréia e
no Japão), só foi possível graças ao momento de expansão do capitalismo
internacional (a chamada ‘Era de Ouro’, entre 1945 e 1973), e teve um limite claro no
momento de ruptura do sistema econômico internacional, nos anos 1970, quando os
acordos de Bretton Woods cederam lugar a um ‘non-system’ que perdura até hoje.
Os investimentos públicos tiveram um comportamento diferenciado nos dois
casos. Até o início dos anos 1980, tais investimentos chegavam a 25% do total, na
Coréia, e 22%, no Brasil. Após a crise daquela década, as reformas e ajustes
realizados na América Latina não foram capazes de fazer que o nível de investimento
retornasse à fase pré-crise. De modo geral, os países latino-americanos estabilizaram
seu nível de formação de capital em torno do investimento de apenas 20% por ano ou
menos do PIB, significativamente inferior aos 25% considerados como o ideal para
economias em estágio intermediário de desenvolvimento e igualmente muito abaixo
da média do investimento anterior à crise (Ricupero, 2005).
Os processos de renegociação da dívida foram muito diversos nos dois casos. A
postura do Japão possibilitou um tipo de negociação diferente da que os EUA fizeram
com sua periferia. Ao comentar o fato, Fiori observa que

“certamente, o pior choque foi o nosso afastamento do sistema financeiro internacional,


porque já estávamos internacionalizados financeiramente. Isso nos arrebentou, pois tínhamos
um padrão de financiamento que, a partir dos anos 70, envolvia pesadamente o sistema
financeiro privado internacional. Mas, a forma com que enfrentamos este desafio esteve
decididamente constrangida pela natureza, pela ideologia, pelos interesses e pela estratégia
ambígua de nossa coalizão desenvolvimentista permanentemente esquizofrenizada pelo seu
liberal-conservadorismo” (Fiori, 1996).

É dentro desse quadro, radical e estruturalmente diferente das economias latino-


americanas, que a Coréia enfrentaria as transformações que ocorreram no sistema
capitalista mundial nos anos 1980. A ruptura do mercado financeiro internacional de
crédito predominante nas décadas de 1960 e 1970, e o advento de um novo paradigma
tecnológico (molecular-digital) atingiram a Coréia em um momento radicalmente
diferente daquele em que se encontravam as economias do Brasil e do restante da
América Latina. O padrão de financiamento adotado por nações como Brasil e

15
México, que havia se gestado a partir dos anos 1930, entrou em colapso na década de
1980.
Considerações Finais
O presente artigo procurou compreender como um país que tinha um grau de
desenvolvimento inferior ao do Brasil há trinta anos conseguiu ultrapassá-lo para
tornar-se um dos países em desenvolvimento de maior destaque. A Coréia do Sul foi,
na virada do século XX para o XXI, o único país da periferia capitalista que chegou a
competir em igualdade de condições com os países mais desenvolvidos, em vários
setores avançados tecnologicamente.
Segundo Ricupero (2005), recente estudo da UNCTAD5 colocou economias em
desenvolvimento como a da Coréia e a do Brasil em grupos diferentes. O grupo da
Coréia, do qual também fazem parte Taiwan, Cingapura e Honk Kong, caracteriza-se
por economias cuja porcentagem da produção industrial no PIB é bem superior à dos
velhos países industrializados, mas o ritmo da expansão da capacidade produtiva e da
produção no setor industrial desacelerou-se muito em comparação ao que ocorria em
décadas passadas. No grupo do Brasil e da Argentina, onde tem sido pobre o
desempenho do investimento, a indústria vem perdendo importância relativa no
emprego total e no valor adicionado (deve-se observar que em graus diferenciados em
cada país). Nesses países, o crescimento da produtividade resultou mais da redução
da mão-de-obra do que da acumulação rápida e do progresso técnico, o upgrading
industrial é ainda limitado e as exportações continuam dominadas por produtos
primários e manufaturas de baixo valor agregado. Mesmo o avanço em certas
indústrias, como a da aeronáutica e de automóveis, não teve a profundidade e o vigor
necessários para disseminar-se pelo restante do tecido industrial e para estabelecer um
processo dinâmico e de alta tecnologia na indústria como um todo.
O contraste entre a Ásia do Leste e a América Latina é marcante. Os principais
países latino-americanos (Argentina, Brasil e México) situam-se em grupos sem

5
Este artigo de Rubens Ricupero está baseado no Trade and Development Report da
UNCTAD, de 2003, época em que o embaixador desempenhava a função de secretário-geral
da organização. O artigo analisa as principais teses e demonstrações do relatório, com ênfase
nos capítulos IV (Economic Growth and Capital Accumulation), V (Industrialization, Trade
and Structural Change) e VI (Policy Reforms and Economic Performance: the Latin
American Experience).

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dinamismo industrial, mudança estrutural e aumento da produtividade, enquanto a
maioria das economias do leste-asiático encontra-se em estágios mais avançados de
industrialização. As “reformas estruturais” implementadas pelos sucessivos governos
latino-americanos, a partir dos anos 1980, não conseguiram criar as condições
necessárias para iniciar um rápido processo de acumulação de capital e de
transformação tecnológica, capaz de reestruturar as economias da região com vistas a
enfrentar os desafios de integração no sistema globalizado de comércio. Cada vez
mais, há fortes indícios de que existe uma relação nítida entre o prosseguimento e
adensamento da industrialização e a criação dessas condições.
Em 1997, a crise asiática atingiu a Coréia pelo fato do país haver cedido às
pressões externas - do FMI e do Banco Mundial - e liberalizado seu sistema bancário.
Apesar disso, a Coréia do Sul foi o primeiro país a se recuperar, retomando o ritmo de
crescimento, recuperando suas reservas e a competitividade externa. Tal recuperação
foi possível porque o país manteve sua estrutura produtiva, não seguiu as orientações
do FMI e se valeu do seu Estado para tomar as medidas de reativação, que levou à
superação da recessão no prazo de um ano (Sader, 2000).
O Brasil foi o país com as mais elevadas taxas de crescimento no período
compreendido entre 1930 e 1980. A partir daí começou a crescer a distância do Brasil
em relação à Coréia e a outros países em desenvolvimento, pois, na década de 1990, o
País abraçou tardiamente (comparado a outros países da América Latina) os preceitos
do Consenso de Washington, agravando sua vulnerabilidade externa e aumentando o
processo de desintegração do tecido social.
Poucos anos após a perda do grande mestre Celso Furtado, não se pode esquecer
que ele e a escola estruturalista da Cepal formularam uma das teorias mais originais
do século XX. Mais que isso: ofereceram aos povos da periferia do capitalismo
instrumentos valiosos para compreender sua situação nacional e sua capacidade
crítica para guiar e informar a luta social e política.
Sem dúvida, para retomar ‘a construção interrompida’, o Brasil está condenado a
inventar sua estratégia de desenvolvimento. Caso contrário, entregará seu destino aos
processos de reiteração e reprodução das condições que geram a dependência e o
atraso.

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Referências Bibliográficas:
BIELSCHOWSKY, R. Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico do
desenvolvimentismo. 4a ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000. 480p.

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(Org.). Estados e moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
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FIORI, J.L. Entrevista. Revista Teoria e Debate, São Paulo: Fundação Perseu Abramo, n.
33, nov. 1996. Disponível em: http://www.fpa.org.br/td/td33/td33_entrevista.htm. Acesso
em: 07 de dez. 2005.

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C. (Orgs.). Polarização mundial e crescimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p.9-35.
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RICUPERO, R. Desindustrialização precoce: futuro ou presente do Brasil?. Mimeo,


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SADER, E. Século XX-Uma biografia não-autorizada: o século do imperialismo. São


Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000. 143p.

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