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A história das máquinas


Categoria : MECÂNICA
Publicado por Robert em 01/1/2010

Os Filósofos e as Máquinas

A desconfiança da presença das máquinas e suas funções não partiu, como muitos pensam, de
trabalhadores ignorantes ou de gente do campo.

A fobia à maquina e ao que ela representa, como a racionalização da produção e demais


implicações, foi também muito comum entre pensadores e outros consagrados homens de letras.

Platão contra a Calculadora

"Não sentir entusiasmo pela ciência e pela tecnologia não é apenas tolice - é suicídio." - Carl Sagan,
1996

Consta que Platão, certa vez, advertiu seriamente dois dos seus discípulos por terem se socorrido
de um aparelho que lhes permitira realizar, em pouco tempo, um cálculo geométrico.

Advertiu-os de que recorrendo a um artificio técnico - a utilização de algo mecânico - "rompiam e


deterioravam a dignidade de tudo o que existia de excelente na geometria", rebaixando-a do sublime
abstrato às coisas sensíveis e materiais. Recorrer à técnica era associar-se ao vulgar, ao comezinho
e ao banal.

Esse é um clássico exemplo do misoneísmo, do enorme preconceito que os homens sábios de


então moviam contra as coisas novas e práticas, contra o que poderia se identificar com o trabalho
manual e aplicação tecnológica.

Segundo Pierre-Maxime Schul, que historiou a relação dos filósofos com as máquinas, esse
bloqueio contra a tecnologia foi um poderoso inibidor psicológico, além, naturalmente, da difusão da
escravidão, que fez com que a economia daqueles tempos pouco conseguisse ir mais além da
estagnação permanente.

Mas as possibilidades da máquina, ou de um engenho tecnológico qualquer, vir a mudar o mundo já


estava subentendido no dito de Arquimedes "dai-me uma alavanca que eu erguerei o mundo".

Preconceito contra o Trabalho

A existência da escravidão, praticada em todo o mundo antigo e depois estendida às Américas,


tornava o trabalho indigno aos olhos dos homens livres, daí todas as tarefas a ela associadas
parecerem-lhes degradantes.

Mentalidade essa que, na cultura ocidental, só começou a se desfazer nos princípios do


Renascimento, quando a vida ativa - apreciada pelos mercadores, descobridores e aventureiros -

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começou a ofuscar a vida contemplativa, tão a gosto de Aristóteles como dos monges cristãos.

O homem verdadeiramente livre vivia para o ócio, enquanto o negócio era entregue à gente inferior,
aos comerciantes ou aos escravos.

Logo nenhum homem livre poderia atentar seriamente em dedicar-se às maquinas ou as melhorias
produtivas em geral.

Arquimedes, morto em 212 a.C., foi uma honrosa exceção em todo o mundo antigo.

Francis Bacon e Renè Descartes, os Pioneiros

O real deslumbramento com as máquinas data dos tempos recentes.

Mesmo os desenhos dos aparelhos de Leonardo da Vinci foram vistos por muitos como projetos de
um visionário, sem nenhuma aplicação ao mundo prático, nada mais do que "sonhos tecnológicos".

A aceitação delas, das máquinas, iniciou-se a partir do século XVII, quando sir Francis Bacon, o
homem que disse ter tornado todo o conhecimento uma província sua, vislumbrou-lhe as
desmedidas potencialidades para obter a soberania humana sobre a natureza em geral. Ambição
resultante da dilatação dos horizontes do homem europeu, provocado pelos descobrimentos e pelo
intenso contato com outras culturas espalhadas pelos mundo.

O que o levou a concluir que "saber é poder", porque eram as máquinas, especialmente as militares,
que permitiam aos escassos homens brancos que navegavam pelos oceanos naqueles tempos
dominar rapidamente continentes inteiros.

Logo, seguiu-o Descartes. Impressionado pela multiplicação dos aparelhos, das fontes e grotas
artificiais, relógios, e artefatos mecânicos, deduziu que, em breve, utilizando-se deles em larga
escala, o Homem tornar-se-ia "senhor e possuidor da Natureza".

A Ambigüidade dos Pensadores Sociais

Mas tal entusiasmo arrefeceu, pelo menos entre os pensadores do século XIX.

Com a proliferação do sistema fabril que tornou o mundo urbano mais feio, com sua estética
cinzenta, da fumaça e da chaminé, juntou-se no mesmo espaço citadino uma enorme capacidade
produtiva e uma miséria assombrosa, ativando um intensa luta de classes e uma continua tensão
social daí decorrente.

Como reação a isso, geraram-se os primeiros projetos socio-utópicos de Saint-Simon, de Charles


Fourier e de Robert Owen, extremamente críticos à extensão das máquinas a todos os ramos da
produção. Eles viram na máquina um inimigo capaz de extrair o sangue dos operários industriais, ao
mesmo tempo em que os atava a um sistema produtivo que não distanciava-se muito das condições
sociais existentes na escravidão.

Posição que foi largamente assumida por Karl Marx e Frederico Engels, os pais fundadores do
socialismo moderno.

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A Oposição Reacionária à Máquina

A derradeira oposição furiosa, já no nosso século, contra a máquina e sua aplicação maciça, foi
desencadeada pelos pensadores alemães, especialmente Oswald Spengler e Martin Heidegger.
Legítimos sobreviventes do romantismo alemão, encararam-na como um demônio moderno
corroendo as entranhas da Gemeinschaft, a sociedade comunitária, aviltando-nos com sua
materialidade, sua racionalidade e regulamentação produtiva, tornando o Homem "de seu criador
em seu escravo".

A máquina era o grilhão do escravo moderno e o trabalho fabril sua condenação às galés.
Imaginaram-no, o mundo da técnica, convertido num novo Leviatã, impondo ao Homem a dura
tarefa de transformar-se ou morrer. Heidegger viu em Hitler, em certo momento, como o único capaz
de fazer a Alemanha reverter ao mundo idílico da sociedade pastoril, ao bucolismo da vida rural, ao
sangue e ao solo.

Kafka, por sua vez, outro assombrado por ela, descreveu-a como um instrumento de tortura,
apresentando-a, no conto A Colônia Penal, como uma espécie de robô-canibal.

A Aclimatação à Tecnologia e à Máquina

Somente após a II Guerra Mundial que esses acessos fóbicos contra a tecnologia e a máquina
começaram enfim a ceder.

As maravilhas que foram propiciadas pelas técnicas, em quase todos os campos, foram calando as
temerosas e agourentas vozes de protesto.

É certo que ainda existem rumores rancorosos e assombrados, especialmente entre a atual
intelectualidade francesa (que vê o universo da tecnologia e da máquina como sendo
essencialmente uma expressão norte-americana), mas ninguém ousa defender uma política ludita,
pretendendo destruí-las.

O mundo da ação, representado pelo ininterrupto funcionamento dos engenhos, suplantou


definitivamente o mundo abstrato da contemplação.

O reino deste mundo é o reino das máquinas, e elas vieram para ficar.

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